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LEGISLAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL

ASPECTOS HISTÓRICOS DA ÉTICA


Pedro Victor Vilela de Aguiar

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Olá!
Você está na unidade Aspectos históricos da ética. Conheça aqui o conceito de ética, suas diferenças em relação

à moral, bem como a relação complementar entre ambas. Entenda, ainda, como surgiu a ética como conhecemos

hoje, desde os filósofos da antiguidade até os dias atuais.

Conheça também as reflexões filosóficas por trás da concepção de ética, que se modificou ao longo do tempo por

meio de diversas correntes de pensamento, transformando-a em uma disciplina da filosofia.

Bons estudos!

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1 Etimologia e conceito da palavra ética
Ao observarmos a palavra ética, veremos que, etimologicamente, ela deriva do grego ethos, que, ao ser traduzido

para o português, apresenta duas formas distintas de tradução, cada uma com um significado. Se o termo ‘ethos’

é escrito com a letra grega ‘épsilon’ (ε), a palavra passa a significar costume, enquanto que, se for escrito com a

letra grega ‘eta’ (η), significa caráter, índole natural, conjunto das disposições físicas e psíquicas de uma

pessoa. De forma similar, quando buscamos o significado da palavra ética em latim, veremos que o termo que

mais se assemelha ao conceito é o termo ‘mos’ ou ‘moris’ (origem da palavra moral em português), referindo-se

a costumes, de acordo com Chauí (2016, p. 321).

Dessa forma, já podemos perceber uma semelhança entre os conceitos de ética e moral. Juntos, ambos os

termos se referem, segundo Chauí (2016, p. 321), ao “conjunto de costumes de uma sociedade, considerados

como valores e obrigações para seus membros”.

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1.1 Diferenciando ética e moral

Como vimos, os conceitos de ética e moral podem referir-se aos costumes de uma sociedade. No entanto,

apesar de semelhantes, ambas as palavras precisam ser diferenciadas conceitualmente, pois apresentam uma

relação complementar entre elas.

Segundo Porfírio (2020), o termo moral refere-se ao “costume ou hábito de um povo, de uma sociedade, em

tempos determinados”. Assim sendo, “a moral muda constantemente, pois os hábitos sociais são renovados

periodicamente e de acordo com o local em que são observados”, de acordo com Porfírio (2020). A ética, por sua

vez, diz respeito ao “comportamento individual e refletido de uma pessoa com base em um código de conduta

que deve ter aplicabilidade geral”, conforme Porfírio (2020). Dessa forma, a ética se dedica a entender e a refletir

as ações humanas e a classificá-las enquanto certas ou erradas.

Figura 1 - Bem versus mal


Fonte: Snygggpix, Shutterstock, 2020.

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#PraCegoVer: a imagem mostra um boneco azul no centro, com símbolos de interrogação acima de sua cabeça,

sendo puxado, por um lado por um anjo amarelo e, por outro lado, por um demônio vermelho. É a ilustração do

dilema moral, isto é, a constante dúvida com a qual nos deparamos, que é ou optar pelo que é bom, apesar de ser

menos prazeroso em muitas das vezes, ou optar pelo mal, que, muitas vezes, parece mais prazeroso.

A moral é moldada social e culturalmente, o que envolve diretamente a influência sofrida por aspectos como a

religião, por exemplo. A fim de compreendermos melhor o conceito de moral e entendê-la como um conjunto de

normas de conduta próprio de uma sociedade, podemos refletir sobre o fato de que, em muitas ocasiões, o que

faz parte da moral de um povo não necessariamente faz parte da moral de outro. Um exemplo disso são as

questões relacionadas ao sexo e à sexualidade. Em sociedades politeístas antigas, como a grega e a romana, o

celibato aos homens não era estimulado tal qual nas sociedades ocidentais cristãs, que se formaram a partir do

crescimento do cristianismo na Idade Média, por exemplo. Porém, como a religião cristã é baseada na ideia de

afastamento do pecado, a moral incorporou a proibição do sexo fora do matrimônio como norma, segundo

Porfírio (2020).

Fique de olho
Celibato refere-se ao estado em que determinada pessoa se compromete em não se casar ou
manter relações sexuais com outra. Por norma, o celibato é uma prática comum entre alguns
religiosos, que abdicam os "prazeres mundanos" para se dedicar exclusivamente a servir a
Deus.

O fato de a moral estar inserida não somente em um contexto social, mas também histórico (temporal), se refere

aos valores sociais mudarem constantemente, pois, de repente, aquilo que era considerado correto há tempos

atrás para um determinado povo, hoje em dia, para esse mesmo povo, pode ser considerado incorreto e vice-

versa. Como exemplo, tem-se o tratamento com relação à mulher que, até a década de 1930 não tinha direito ao

voto na maioria dos países republicanos. Hoje, apesar de ainda existir uma série de direitos que são negados às

mulheres, além do preconceito presente em muitas ocasiões, existe a necessidade de desmascarar e derrubar

esse domínio patriarcal e machista que as subjuga e as trata com inferioridade, de acordo com Porfírio (2020).

A partir dessa ideia de conceber a moral com um “conjunto de normas”, entendemos a ética como um

comportamento individual adotado a partir de uma reflexão desse indivíduo sobre esse mesmo conjunto de

normas (moral). Dessa forma, o sujeito (indivíduo) passa a julgar o que seria agir de forma correta (ético) ou agir

de forma incorreta (antiético). Segundo Porfírio (2020), “[a] ética se apresenta como uma disciplina da Filosofia

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que se dedica a entender e a refletir as ações humanas (ações morais) e a classificá-las enquanto certas ou

erradas. Por isso, podemos dizer que ética é uma espécie de ‘filosofia moral’”.

De acordo com Chauí (2016, p. 321),

[a] ética como disciplina filosófica ou filosofia moral nasce quando se passa a indagar o que são, de

onde vêm e o que valem os costumes. Ao nascer, ela também busca compreender o caráter de cada

pessoa, isto é, as características pessoais de cada um, que determinam quais virtudes e quais vícios

cada indivíduo é capaz de praticar. Ou seja, busca compreender o senso moral e a consciência moral

individuais.

Sendo assim, a ética se mostra como uma reflexão sobre a moral, conforme Neme e Santos (2014), preocupando-

se, então, com o certo e com o errado, porém, sem se tornar um conjunto simples de normas de conduta como a

moral. Ao invés disso, ela promove um estilo de ação que procura refletir sobre o melhor modo de agir, segundo

Porfírio (2020). Ao indivíduo ético cabe a responsabilidade de fazer o que é correto em um contexto moral. Logo,

“a ética garante correção moral às ações das pessoas, sendo que, muitas vezes, uma ação moralmente ética pode

não se enquadrar na moral de uma determinada sociedade”, de acordo com Porfírio (2020).

Um exemplo disso é a questão do adultério cometido por uma mulher na religião islâmica. Para essa religião, a

mulher pode ser condenada à morte em público por apedrejamento se flagrada em adultério. Ou seja, esse tipo

de punição faz parte da moral (normas) daquele povo. Entretanto, se colocarmos essa mesma situação diante de

povos ocidentais (cristãos, por exemplo), ela seria considerada como uma violação dos princípios (normas

/moral) humanos, ou seja, seria uma ação antiética, pois se configuraria como um atentado à vida de alguém,

conforme Porfírio (2020).

Assista aí

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2 Surgimento da ética
A ética, como ela é conhecida hoje em dia, não teve um início repentino. Os preceitos de conduta e do “agir bem”

são observados desde os filósofos mais antigos como Pitágoras, Tales de Mileto, Heráclito, Demócrito e, ainda, os

pensadores sofistas, de acordo com Passei Direto (2014). A concepção de ética teve seu embrião originado no

período chamado pré-socrático (veremos porque Sócrates foi tão importante para a ética a ponto de dividir

períodos na história da filosofia), porém não se podia chamar propriamente de “ética”, pois as reflexões

baseavam-se em pensamentos não científicos e detinham-se às observações do cotidiano, da natureza e do

sobrenatural, conforme Passei Direto (2014). A seguir, faremos um panorama histórico sobre o surgimento da

ética como a conhecemos hoje, passando pela Antiguidade, o período Medieval, a Idade Moderna e finalmente, a

Idade Contemporânea até os dias atuais.

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2.1 “Ética” pré-socrática

Se repararmos as aspas em torno do termo ética no título deste tópico, logo nos indagaremos sobre o motivo de

elas aparecerem nesse momento. Isso se deu, pois, no período anterior a Sócrates (que foi um verdadeiro

“divisor de águas”) e, até mesmo, contemporâneo a Sócrates, ainda não se podia chamar as reflexões sobre a

conduta e o bem-estar humanos como “ética”. Por isso, por mera formalidade, por enquanto vamos tratar a ética

como “ética” até que chegue o momento em que ela definitivamente se torne uma disciplina da filosofia.

Como citado anteriormente, o período pré-socrático foi marcado por reflexões sobre a existência humana nos

mais diversos aspectos. No que concerne à “ética”, pensadores como Tales de Mileto não definem nenhuma

teoria sobre a moral, entretanto observa-se neste autor, especificamente, uma sabedoria prática presente na

reflexão sobre as ações cotidianas. Se considerarmos outro grande pensador pré-socrático, Pitágoras, veremos

que ele se destaca por ser o fundador de escolas e seitas (ordens) comprometidas com uma regra de vida que

exigia uma conexão mais estreita entre a moral e a metafísica. A doutrina dos pitagóricos de que a essência da

justiça (concebida como uma espécie de retribuição) era um número quadrado indicava uma tentativa séria de

estender à conduta sua concepção matemática do universo. O mesmo pode-se dizer de sua classificação do bem

relacionado à unidade e à reta e a outros elementos semelhantes. Do mesmo modo, relacionava-se o mal a

elementos matemáticos que não apresentassem tais características. Ainda assim, o pronunciamento de preceitos

morais por Pitágoras apresentava características dogmáticas, ou mesmo proféticas, ao invés de filosóficas, de

acordo com Passei Direto (2014).

Fique de olho
Metafísica é uma das disciplinas fundamentais da filosofia que examina a natureza
fundamental da realidade, incluindo a relação entre mente e matéria, entre substância e
atributo e entre potencialidade e atualidade.

O elemento ético do ponto de vista de Heráclito é mais profundo, mas ainda menos sistemático. Apenas em

Demócrito, um contemporâneo de Sócrates e o último dos pensadores classificados como pré-socráticos,

encontra-se algo que se pode chamar de “sistema ético”. Os fragmentos que permaneceram dos tratados morais

de Demócrito são, talvez, suficientes para nos convencer de que a reviravolta da filosofia grega em direção à

conduta, que se deveu, de fato, a Sócrates, teria ocorrido mesmo sem ele, ainda que de uma forma menos

decidida. Porém, ao comparar-se a “ética” de Demócrito com o sistema pós-socrático, percebe-se que ela exibe

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uma apreensão bem rudimentar das condições formais que o ensinamento moral deve atender antes que possa

reivindicar o tratamento dedicado às ciências, conforme Passei Direto (2014).

2.2 “Ética” sofista

A reação natural contra o dogmatismo metafísico e ético dos antigos pensadores havia alcançado o seu clímax

com os sofistas. Górgias e Protágoras são apenas dois representantes do que, na verdade, foi uma tendência

universal de abandonar a teorização dogmática e estritamente ontológica e de se refugiar nas questões práticas

– especialmente, como era natural na cidade-estado grega, nas relações cívicas do cidadão, segundo Passei Direto

(2014).

Fique de olho
Ontologia é a parte da metafísica que trata da natureza, realidade e existência dos entes. A
ontologia trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum
que é inerente a todos e a cada um dos seres objeto de seu estudo.

A educação oferecida pelos sofistas não tinha por objetivo nenhuma teoria geral da vida, mas propunha-se a

ensinar a arte de lidar com os assuntos mundanos e a administrar negócios públicos. Com relação às virtudes do

cidadão, os sofistas apontaram o caráter prudencial da justiça como meio de obter prazer e evitar a dor. Não se

considerava a virtude/excelência como uma qualidade única, dotada de valor intrínseco, mas como virtude do

cidadão. Percebe-se aqui, assim como em outras atividades da época, a determinação em adquirir conhecimento

técnico e de aplicá-lo diretamente a assuntos práticos, de acordo com Passei Direto (2014).

No fim das contas, os sofistas não dispunham de um sistema ético, nem fizeram contribuições substanciais,

porém especularam sobre o que mais tarde seria chamado de “ética”, segundo Passei Direto (2014).

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2.3 “Ética” socrática

Durante a Antiguidade, quando o filósofo grego antigo Sócrates iniciou a sua jornada filosófica, que deu origem

ao chamado período antropológico ou socrático da filosofia grega, as atenções filosóficas saíram da natureza

e da cosmologia e passaram a centrar-se nas ações humanas e no que resulta delas. Após Sócrates, a filosofia

passou a interessar-se por temas relacionados à vida em sociedade, à política e à moral, conforme Porfírio

(2020). Isso se mostrou como um grande marco na história da filosofia, revelando-se com um “divisor de águas”.

Sócrates, como bom perguntador, indagava as pessoas em Atenas sobre o que seriam as virtudes ou os valores

que orientavam as suas ações. Ao fim, observava-se uma vagueza das respostas dos atenienses, pois eles apenas

repetiam os costumes que lhes eram ensinados desde a infância e não conseguiam refletir de forma mais

profunda sobre a origem de tais costumes, segundo Chauí (2016). Dessa forma, Sócrates provocava uma reflexão

simultânea sobre a sociedade e seus valores, transmitidos ao longo do tempo, e sobre o indivíduo, expresso

pelo seu caráter (características pessoais, sentimentos, atitudes, condutas individuais) que levavam alguém a

respeitar ou não esses valores e por qual razão, de acordo com Chauí (2016).

Conforme Chauí (2016, p. 321), “[a]s questões socráticas inauguraram a ética como parte da filosofia por que

definiram o ponto no qual valores e obrigações morais podem ser estabelecidos: a consciência do agente ético ou

moral”. Com base nisso, o sujeito ético é o conhecedor das causas e dos efeitos de sua ação. É aquele que

conhece o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores éticos (moral). Para Sócrates,

“apenas o ignorante é vicioso ou incapaz de virtude, pois quem sabe o que é o bem não poderá deixar de agir

virtuosamente”, segundo Chauí (2016, p.321).

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3 Ética como disciplina filosófica
A ética tem como uma das suas funções propiciar uma boa organização nas diversas sociedades para que os seus

indivíduos possam viver bem. Para isso, não basta constatar como são as ações dos indivíduos, mas tratar de

como eles devem agir para que a sociedade se mantenha organizada e, com isso, possa promover uma boa vida

para os indivíduos. Logo, é necessário que se reflita mais profundamente sobre a ética, isto é, que se encare a

ética como uma disciplina filosófica, e, a partir de então, definir o que seriam comportamentos éticos (corretos)

e comportamentos antiéticos (incorretos). Essa reflexão mais profunda sobre os costumes (reflexão da ética

sobre a moral) revela uma nova concepção de ética, uma concepção sistematizada, e tem início com Aristóteles

(e aqui finalmente retiramos as aspas ao tratarmos do termo ética).

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3.1 Eudaimonismo e ética aristotélica

Em Aristóteles, percebemos peculiaridades muito interessantes que esboçam o contorno geral de sua filosofia

moral, a saber: primeiramente a introdução da práxis (prática), que se distingue dos estudos anteriores pelo

fato de não estar ligada apenas a um plano racional, mas também por recorrer à ação prática humana, sendo que

tais características são observadas tanto na ética como na política. Em segundo lugar, pelo fato de seu sistema

ético ser teleológico, o que abre as portas para que utilizemos a noção de eudaimonia para caracterizar sua

obra moral. Eudaimonismo ou eudeimonismo, deriva do grego ‘eudaimonia’ (palavra formada a partir do

vocábulo ‘Daemon’, que significa ‘deus’ ou ‘gênio’, ‘intermediário entre os homens e as divindades superiores e

que deveria guiar o caminho dos homens’) e diz respeito a uma doutrina que prega a felicidade como fim último

da vida humana, segundo Porfírio (2020).

Fique de olho
Teleológico refere-se a telos, palavra de origem grega que significa fim, finalidade. Nesse caso,
podemos dizer que a ética aristotélica propõe ações práticas que apontam para uma finalidade
da ação moral.

Segundo Aristóteles, a felicidade é um princípio e é visando à felicidade que agimos. A busca pela felicidade,

porém, não dá ao homem a plena liberdade de ação, pois esta deve estar em conformidade com a felicidade dos

outros e, por isso, para sermos precisos, devemos entender o que o filósofo entende por felicidade, conforme

Porfírio (2020).

Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, afirma que a felicidade (‘eudemonia’) não consiste nos prazeres ou

nas riquezas, e, tampouco, nas honras, mas numa vida virtuosa. A virtude (‘aretê’), por sua vez, se encontra num

justo meio entre os extremos, que será encontrada por aquele dotado de prudência (‘phronesis’) e educado pelo

hábito no seu exercício, conforme Passei Direto (2014).

A felicidade, então, deve estar em conformidade com a boa vida e esta nada mais é do que a vida contemplativa,

ou a vida do filósofo. Não somente para Aristóteles, mas para todos os gregos, o trabalho não era considerado

algo bom, por isso, na organização social grega, ele era reservado aos não cidadãos (mulheres e escravos) e aos

cidadãos de menor importância (artesãos), de acordo com Porfírio (2020).

Nessa hierarquia, logo acima dos que trabalhavam, estavam os soldados; depois, os políticos e, finalmente, acima

de todos, estava o filósofo, que deveria concentrar toda a sua energia nas atividades de contemplação do

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intelecto, do espírito humano, ou seja, deveria concentrar-se no conhecimento. Por isso, podemos chamar o

eudaimonismo aristotélico de intelectualista, pois colocou como finalidade da vida humana a busca pela

contemplação do conhecimento, segundo Porfírio (2020).

Assista aí

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3.2 Ética segundo outros filósofos antigos

Paralelamente a Aristóteles, os filósofos helenistas, como epicuristas e estoicos, também apresentaram visões

de vida que podem ser reconhecidas como modelos éticos, porém são modelos de ética prática, pois tais teóricos

ultrapassaram a especulação intelectual da filosofia e partiram para uma visão prática da ética, voltada para as

ações cotidianas, de acordo com Porfírio (2020).

Os epicuristas tinham por base a corrente de pensamento do filósofo Epicuro, que considerava a felicidade

como a busca do prazer, que ele definia como um estado de tranquilidade e de libertação da superstição e do

medo (‘ataraxia’), assim como a ausência de sofrimento (‘aponia’). Para ele, a felicidade não é a busca

desenfreada de bens e prazeres corporais, mas o prazer obtido pelo conhecimento, pela amizade e através de

uma vida simples.

Assim, a finalidade da ética epicurista consiste em propiciar a felicidade aos homens, de modo que essa possa

libertá-los das mazelas que os atormentam, quer advenham de circunstâncias políticas e sociais, quer sejam

causadas por motivos religiosos, segundo Neto (2019).

Os estoicos, por sua vez, diziam que a felicidade consistia em viver de acordo com a lei racional da natureza e

aconselhavam a indiferença (‘apathea’) em relação a tudo que é externo. O homem sábio deveria obedecer à lei

natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e no propósito do universo, devendo, assim, manter a

serenidade e a indiferença perante as tragédias e alegrias, conforme Passei Direto (2014).

Fique de olho
Ao examinar a ética dos antigos, encontraremos três grandes princípios da vida moral (ética):
(i) por natureza, os humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só são alcançáveis pela
conduta virtuosa; (ii) a virtude é uma excelência alcançada pelo caráter, sendo que ela consiste
na consciência do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, que deve
controlar instintos e impulsos presentes na natureza do ser humano; (iii) a conduta ética é
aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em seu poder de realizar, referindo-se,
portanto, ao que é possível e desejável para um ser humano, segundo Chauí (2016, p. 323).

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3.3 Ética no período medieval

Enquanto, na Antiguidade, os filósofos entendiam a ética como o estudo dos meios de se alcançar a plenitude e

investigar o que significa felicidade, na Idade Média, a filosofia foi dominada pelo cristianismo (que trataremos

de forma destacada aqui), pelo islamismo e pelo judaísmo. Dessa forma, a ética centralizou-se na moral como

interpretação dos mandamentos e preceitos religiosos.

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3.4 Moral cristã

Diferentemente dos seguidores de outras religiões da Antiguidade, os primeiros adeptos do cristianismo não se

definiam por seu pertencimento a uma nação ou a um Estado, mas por sua fé em um único Deus. Assim, o

cristianismo introduziu duas diferenças primordiais na antiga concepção de ética, segundo Chauí (2016):

a ideia de que a virtude se define por nossa relação com Deus, e não com a cidade (polis para os gregos e civitas

para os romanos) ou com os outros, sendo que a última depende da qualidade da nossa relação com Deus, único

mediador entre cada indivíduo e os demais;

a afirmação de que somos dotados de livre-arbítrio e que, em decorrência do pecado original (queda do primeiro

homem e da primeira mulher), o impulso espontâneo de nossa liberdade dirige-se para o pecado, uma vez que

somos seres pecadores, divididos entre o bem e o mal e dotados de natureza fraca. Por isso, o cristianismo

afirma nossa incapacidade de realizarmos o bem e as virtudes apenas por um esforço de nossa vontade.

Desse modo, conforme Chauí (2016, p. 323)

enquanto para os filósofos antigos a vontade consciente era uma faculdade racional capaz de nos

tornar éticos ao dominar e controlar nossos apetites e desejos, o cristianismo considera que a

vontade humana está pervertida pelo pecado, sendo preciso auxílio divino para nos tornarmos

éticos. Esse auxílio é trazido pela lei divina revelada ou pelos mandamentos diretamente ordenados

por Deus aos humanos, que devem ser obedecidos sem exceção.

A concepção cristã introduziu também a ideia do dever, isto é, a ideia de que a virtude é a obrigação de cumprir o

que é ordenado pela lei divina. Para obedecer à lei divina, três virtudes são necessárias: fé, esperança e caridade.

São as virtudes teologais, isto é, aquelas referidas à nossa relação com Deus. Há, ainda, virtudes relacionadas

tanto à nossa força de alma (nossa relação conosco mesmos), chamadas virtudes cardeais (coragem, justiça,

temperança e prudência), como ao nosso comportamento exterior ou à nossa relação com os outros, as

chamadas virtudes morais (sobriedade, prodigalidade, trabalho, castidade, mansidão, modéstia e generosidade),

de acordo com Chauí (2016).

Com a concepção do ato moral como obrigação de obediência voluntária às leis e mandamentos divinos, o

cristianismo legou à ética, segundo Chauí (2016), a distinção entre três tipos fundamentais de conduta:

Conduta moral ou ética

Realiza-se de acordo com as normas e as regras impostas pelo dever.

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Conduta imoral ou antiética

Realiza-se contrariando as normas e as regras fixadas pelo dever.

Conduta indiferente à moral (amoral)

Realiza-se em situações que não são definidas pelo bem e pelo mal, e nas quais não se impõem as normas e as

regras do dever.

Com a ideia do dever, a moral cristã introduziu também a ideia de intenção. Antes da chegada do cristianismo, a

filosofia moral localizava a conduta ética nas ações e nas atitudes visíveis do agente moral. Essas condutas é que

eram julgadas virtuosas ou viciosas. O cristianismo, porém, é uma religião da interioridade. Como consequência,

está submetido ao julgamento ético tudo que, invisível para os olhos humanos, é visível para o espírito de Deus.

Assim, o dever não se refere apenas às ações visíveis, mas também às intenções invisíveis, de acordo com Chauí

(2016).

3.5 Ética na modernidade

Segundo Chauí (2016, p. 324), “[o] cristianismo introduz a ideia do dever para oferecer um caminho seguro para

nossa vontade, que, sendo livre, mas fraca, sente-se dividida entre o bem e o mal. No entanto, essa ideia cria

outro problema ético”. Além disso, de acordo com Chauí (2016, p. 324),

[s]e o sujeito moral é aquele que encontra em sua consciência as normas da conduta virtuosa,

submetendo-se apenas ao bem e jamais a poderes externos à consciência, como falar em

comportamento ético por dever? Este não seria a submissão ao poder externo de uma vontade

externa (Deus), que nos domina e nos impõe suas leis, forçando-nos a agir em conformidade com

regras vindas de fora de nossa consciência?

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4 Tradição racionalista na ética
A tradição filosófica que examinamos até aqui constitui o racionalismo ético, pois atribui à razão humana o lugar

central da vida ética. Duas correntes principais formam a sua tradição: a intelectualista, que prioriza a

inteligência ou intelecto, e a voluntarista, que prioriza a vontade, de acordo com Chauí (2016).

Para a concepção intelectualista, a vida ética ou virtuosa depende do conhecimento, pois é somente por

ignorância que fazemos o mal e nos deixamos arrastar por impulsos e paixões contrários à virtude e ao bem. O

ser humano, sendo essencialmente racional, deve fazer com que sua razão ou inteligência (o intelecto) conheça

os fins e os meios morais e a diferença entre bem e mal, de modo a conduzir a vontade no momento da

deliberação e da decisão. A vida ética depende, portanto, do desenvolvimento da inteligência ou razão, sem a

qual a vontade não poderá atuar, conforme Chauí (2016).

Para a concepção voluntarista, a vida ética ou moral depende da nossa vontade, porque dela depende nosso

agir e porque ela pode querer ou não querer o que a inteligência lhe mostra. Se a vontade for boa, seremos

virtuosos; se for má, seremos viciosos. A vontade boa orienta nossa inteligência no momento da escolha de uma

ação, enquanto a vontade má desvia nossa razão da boa escolha. A vida ética depende, portanto, da qualidade de

nossa vontade e da disciplina para forçá-la rumo ao bem, segundo Chauí (2016).

Essas duas correntes do racionalismo ético definem a tarefa da educação moral e da conduta ética como poderio

da razão para nos impedir de perder a liberdade sob os efeitos de paixões desmedidas e incontroláveis. Para

alcançar esse objetivo, a ética racionalista distingue necessidade, desejo e vontade, de acordo com Chauí

(2016).

Fique de olho
No LP Jesus não tem dentes no país dos banguelas (1987) do grupo Titãs, consta uma canção
brilhantemente composta por Arnaldo Antunes, Sérgio Britto e Marcelo Frommer, chamada
Comida. Nessa composição, vemos os termos “Desejo, necessidade e vontade”, sintetizando o
questionamento abordado em toda a canção sobre o que é necessário ou desejável para o ser
humano, segundo Chauí (2016, p. 328).

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5 Ética contemporânea
Outras teorias éticas surgiram no século XIX, no período que chamamos de Idade Contemporânea ou pós-

moderno, vindo logo após a Revolução Francesa no final do século XVIII. Essas teorias surgiram para explicar a

questão da moral e da ética e, dentre muitas, podemos citar o utilitarismo, criado pelo filósofo e jurista inglês

Jeremy Bentham e, finalizado pelo filósofo inglês John Stuart Mill, o emotivismo ético, o antirracionalismo, o

racionalismo humanista e a psicanálise, de acordo com Porfírio (2020).

5.1 Utilitarismo

O utilitarismo afirma que a moralidade de uma ação não está na ação em si, mas em sua finalidade e nos

resultados dela. Nesse sentido, ações que, a princípio, são moralmente condenáveis, como a mentira e o furto,

podem ser consideradas moralmente aceitas se forem praticadas visando um bem maior, segundo Porfírio

(2020).

“Agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar” é a principal máxima utilitarista. Como

doutrina ética, o utilitarismo propõe um significado inteiramente prático para a ética, no sentido de que, antes de

agir, o autor de uma ação moral deve analisar a situação e desenvolver uma espécie de cálculo utilitário. Tal

cálculo visa a fornecer ao agente uma resposta para a seguinte pergunta: qual ação provocará o maior benefício

ao maior número de pessoas e o menor prejuízo ao menor número de pessoas? A resposta a essa pergunta deve,

então, guiar a ação moral, tornando o utilitarismo uma ética consequencialista, ou seja, que foca nas

consequências das ações, e não nas próprias ações. O utilitarismo, enquanto ética das consequências, rejeita a

noção kantiana de ética baseada no imperativo categórico e visa apenas ao fim, à consequência de uma ação

moral, conforme Porfírio (2020).

5.2 Emotivismo ético

Outra concepção, o emotivismo ético, entende que o fundamento da vida ética não é a razão, mas a emoção.

Inspirando-se em Rousseau, emotivistas, como os ingleses Bertrand Russell e George Moore, afirmam que nossos

sentimentos e nossas paixões expressam uma bondade natural. Eles são a forma e o conteúdo da existência

moral como relação intrassubjetiva (de nós conosco mesmos) e intersubjetiva (de nós com os outros). Dessa

forma, caberia à ética orientar a utilidade das emoções de modo a impedir a violência e garantir relações justas

entre os seres humanos, segundo Chauí (2016).

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5.3 Antirracionalismo

Há, ainda, uma outra concepção ética contrária ao racionalismo ético, chamada antirracionalista, que contesta o

poder e o direito da razão de intervir sobre o desejo e as paixões, além de identificar a liberdade com a plena

manifestação do desejante e do passional. Essa concepção encontra-se, principalmente, em Friedrich Nietzsche e

em vários outros filósofos contemporâneos, de acordo com Chauí (2016).

Tendo como referência a obra nietzschiana A genealogia da moral, é possível resumir a concepção

antirracionalista nos seguintes pontos, segundo Chauí (2016):

a moral racionalista foi erguida com finalidade repressora, e não para garantir o exercício da liberdade;

a moral racionalista transformou tudo o que é natural e espontâneo nos seres humanos em vício e tudo o que

oprime a natureza em virtude;

paixões, desejos e vontade referem-se à vida e à expansão de nossa força vital. Portanto, não se referem ao bem e

ao mal, pois estes são uma invenção da moral racionalista;

a moral racionalista foi inventada pelos fracos ou ressentidos para controlar e dominar os fortes, cujos desejos,

paixões e vontade afirmam a vida, mesmo que estes sejam cruéis e agressivos;

é preciso manter os fortes, dizendo-lhes que o bem é tudo o que fortalece o desejo da vida e o mal é tudo o que

contraria esse desejo;

transgredir normas e regras estabelecidas é a verdadeira expressão da liberdade e somente os fortes são capazes

dessa ousadia;

a força vital se manifesta como saúde do corpo e da alma, como força da imaginação criadora;

a moral dos ressentidos, baseada no medo e no ódio à vida, inventa outra vida, futura, eterna, incorpórea, que

será dada como recompensa aos que sacrificarem seus impulsos vitais;

a sociedade, governada por ressentidos hipócritas, impõe aos fortes modelos éticos a fim de enfraquecê-los e

torná-los prisioneiros dóceis da hipocrisia da moral vigente.

Para os filósofos antirracionalistas, a moral racional é a moral dos escravos, dos que renunciam a verdadeira

liberdade ética. Contra essa moral, afirma-se a moral dos senhores ou a ética dos melhores, a moral aristocrática,

fundada nos instintos vitais, nos desejos e naquilo que Nietzsche chama de vontade de potência, conforme Chauí

(2016).

- 20 -
5.4 Racionalismo humanista

Karl Marx, por sua vez, apresentou uma crítica ao racionalismo sem, no entanto, adotar uma posição

antirracionalista. Afirmava, segundo Chauí (2016), que os valores da moral vigente ou moral burguesa –

liberdade, felicidade, racionalidade, respeito à subjetividade e à humanidade de cada um etc. – eram hipócritas

não em si mesmos, conforme Nietzsche, mas porque eram irrealizáveis numa sociedade violenta, baseada na

exploração do trabalho, na desigualdade social e econômica e na exclusão de uma parte da sociedade dos direitos

políticos e culturais.

De acordo com Chauí (2016, p. 330),

[a] moral burguesa, dizia Marx, pretende ser um racionalismo humanista, mas as condições

materiais concretas em que vive a maioria da sociedade impedem que o ser humano realize os

valores éticos. Era preciso, portanto, mudar a sociedade para que a ética pudesse concretizar-se.

- 21 -
5.5 Ética e psicanálise

A psicanálise introduziu o novo conceito de inconsciente, que limitava o poder da razão e da consciência. No

campo da ética, a descoberta do inconsciente trouxe consequências graves, uma vez que alguns questionamentos

surgiram a partir desse conceito. Segundo Chauí (2016, p. 330),

[d]e fato, se somos nossos impulsos e desejos inconscientes e se estes desconhecem barreiras e

limites para a busca da satisfação – e, sobretudo, se alcançam a satisfação burlando e enganando a

consciência -, como manter a ideia de vontade livre guiada pela razão e que age por dever? Se o que

se passa em nossa consciência é simples efeito disfarçado de causas inconscientes escondidas, como

falar em consciência responsável? Como a consciência poderia responsabilizar-se pelo que

desconhece e sempre desconhecerá?

Assim, ao invés de expressar finalidades propostas por uma vontade boa e virtuosa que deseja o bem, os valores

e fins éticos se transformam em regras repressivas que controlam nossos desejos e impulsos inconscientes. A

partir disso, surgem dois impasses éticos: como falar em autonomia moral se o dever, os valores e os fins são

impostos ao sujeito por uma razão oposta ao inconsciente? Outro impasse, de acordo com Chauí (2016), ainda

nos faz refletir: visto que os desejos inconscientes se manifestam por disfarces, como a razão poderia controlá-

los se não tem acesso a eles?

A psicanálise mostra que somos resultado e expressão de nossa história de vida, marcada pela sexualidade

insatisfeita, que busca satisfações imaginárias sem jamais poder satisfazer-se plenamente. Dito isso, nossos atos

são realizações inconscientes de motivações sexuais que desconhecemos e que repetimos vida afora. Logo, o

inconsciente desconhece valores morais.

Inúmeras vezes, comportamentos ditos imorais são realizados simplesmente como autodefesa do sujeito, que os

emprega para defender sua integridade psíquica ameaçada (por motivos reais ou fantasiosos). Se são atos

moralmente condenáveis, podem, porém, ser psicologicamente necessários. Nesse caso, conforme Chauí (2016),

como julgá-los e condená-los moralmente?

Nesse momento, surge outra descoberta fundamental da psicanálise, a definição de duas faces antagônicas no

inconsciente: o id ou libido sexual, que busca a satisfação, e o superego ou censura moral, interiorizada pelo

sujeito, que absorve os valores de sua sociedade. A batalha interior, então, só pode ser decidida em nosso

proveito por uma terceira instância, a consciência, de acordo com Chauí (2016).

- 22 -
Descobrir a existência do inconsciente não significa, portanto, esquecer a consciência e abandoná-la como algo

ilusório ou inútil. Pelo contrário, a psicanálise é, antes de tudo, uma terapia para auxiliar o sujeito no

autoconhecimento e um modo de evitar que ele se torne um joguete do id e do superego, conforme Chauí (2016).

De acordo com Chauí (2016), no caso específico da ética, a psicanálise mostrou que uma das fontes dos

sofrimentos psíquicos, causa de doenças e perturbações mentais e físicas, é o rigor excessivo do superego. Uma

moralidade rígida produz um ideal do ego (valores e fins éticos) irrealizável, torturando psiquicamente aqueles

que não conseguem alcançá-lo por terem sido educados na crença de que esse ideal seria realizável. Segundo

Chauí (2016, p. 332),

[q]uando uma sociedade reprime os desejos inconscientes de tal modo que eles não possam

encontrar meios de expressão, quando essa sociedade os censura e condena de tal forma que nunca

possam manifestar-se, prepara o caminho para duas alternativas igualmente distantes da ética: ou a

transgressão violenta de seus valores pelos sujeitos reprimidos ou a resignação de uma coletividade

neurótica, que confunde neurose e moralidade.

Desse modo, no lugar de ética, há violência: por um lado, violência da sociedade, que exige dos sujeitos padrões

de conduta impossíveis de serem seguidos e, por outro, violência dos sujeitos contra a sociedade, que somente

poderão sobreviver transgredindo e desprezando os valores estabelecidos, de acordo com Chauí (2016).

O que a psicanálise propõe, conforme Chauí (2016), é uma nova moral realizada pela consciência e pela vontade

livre, de sorte que a própria psicanálise possa fortalecê-las como instâncias moderadoras do id e do superego.

Segundo Chauí (2016, p. 332),

[s]omos eticamente livres e responsáveis não porque podemos fazer tudo aquilo que queremos, nem

porque queremos tudo o que podemos fazer, mas porque aprendemos a discriminar as fronteiras

entre o permitido e o proibido, tendo como critério ideal a ausência da violência interna e externa.

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Figura 2 - Consciência moderadora
Fonte: GoodIdeas, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: a imagem mostra duas bolas equilibradas sobre uma tábua de madeira, sendo uma delas o id e a

outra o superego. Com essa ilustração, vemos o que seria o equilíbrio proporcionado pela consciência entre o id

e o superego, conforme a psicanálise.

Assista aí

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é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conceituar o termo ética e diferenciá-lo do termo moral;
• compreender a relação entre a ética e a moral;
• identificar como surgiu a ética como conhecemos hoje, passando por importantes momentos da história;
• aprender sobre as diferentes correntes filosóficas que modificaram a concepção de ética ao longo do
tempo;
• perceber como a ética se manifesta de diversas formas na sociedade atual.

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Referências
CHAUI, M. Iniciação à filosofia. Volume único, ensino médio. 3 ed. São Paulo: Ática, 2016.

PASSEI DIRETO. Ética e cidadania. Apostila 2. São Paulo: Anhanguera, 2014. Disponível em https://www.

passeidireto.com/arquivo/67716102/etica-e-cidadania-apostila-2. Acesso em: 27 mar. 2020.

NEME, C. M. B.; SANTOS, M. A. P. Ética: conceitos e fundamentos. 1 ed. São Paulo: Unesp/Refefor II, 2014.

Disponível em: http://acervodigital.unesp.br/handle/unesp/155316. Acesso em: 27 mar. 2020.

NEME, C. M. B.; SANTOS, M. A. P. Ética. 2 ed. São Paulo: Unesp/Refefor I, 2011. Disponível em:

http://acervodigital.unesp.br/handle/unesp/155316. Acesso em: 27 mar. 2020.

NETO, J. de O. T. Ética: conceitos, aplicações, e seus desdobramentos atuais. Portal Educação. Disponível em:

https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/cotidiano/etica-conceitos-aplicacoes-e-seus-

desdobramentos-atuais/52298. Acesso em 26 de março de 2020.

PORFÍRIO, F. Diferença entre ética e moral. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia

/diferenca-entre-etica-moral.htm. Acesso em 26 de março de 2020a.

PORFÍRIO, F. Ética. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-etica.htm.

Acesso em 27 de março de 2020b.

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