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Introdução - Histórico
A agricultura no Brasil gerou um crescimento econômico de notória relevância ao longo
de sua história e possibilitou ao país destacar-se como um dos maiores produtores de alimentos
do mundo. No entanto, verifica-se que muitos impactos sócio-ambientais foram desencadeados
durante esse processo e entre os principais impactos estão o alto índice de desmatamento da
Mata Atlântica, do Cerrado e da Floresta Amazônica em prol do estabelecimento de
commodities agrícolas, a perda da biodiversidade faunística e florística, a contaminação e
degradação dos recursos hídricos pelo constante uso dos agroquímicos e destruição das matas,
intoxicações e mortes de trabalhadores ocasionadas pelos agrotóxicos. Além de propiciar o
aumento do êxodo rural e a formação de complexos de favelas nos centros urbanos.
A agricultura mundial foi impulsionada significativamente nos anos 60 e 70 com a
chamada "Revolução Verde", em que as práticas de mecanização, correção e fertilização do
solo, assim como a utilização de agrotóxicos contra pragas e doenças, impulsionaram a
produção mundial de alimentos para patamares nunca antes experimentados.
A inserção dos animais aos sistemas agrícolas que, antigamente, era definida pela
disponibilidade de alimentos e pelo clima, passou, na produção intensiva, a ser feita a partir do
manejo das instalações e o nicho alimentar, substituído pela ração industrialmente formulada
(KATHOUNIAN, 1998; MOURA, 2000). Ainda nos anos 70, reflexos negativos destas
práticas, como a erosão e a contaminação de solos e mananciais começaram a ser notados e, já
nos anos 80, práticas menos agressivas ao ambiente passaram a ser experimentadas e adotadas
(NEVES, 2001).
As mudanças no nível de produtividade e na genética dos animais preconizadas na
revolução verde também foram enormes, contribuindo para o aparecimento de muitas doenças
que implicam no uso intensivo de medicamentos e condições artificiais de criação, tornando os
animais verdadeiras máquinas de produção. Sofrem primeiro os animais, depois o homem por
estar sendo impelido a consumir alimentos de qualidade duvidosa quanto à função de
gerar/manter a saúde humana. Os problemas de ordem de segurança alimentar, como o mal da
vaca louca, invocam a importância do uso da rastreabilidade como forma de garantir uma
qualidade superior ao consumidor (FONSECA, 2000).
A partir daí, foi evidenciada a necessidade de mudar os paradigmas de desenvolvimento
através da conferência das nações unidas para o meio ambiente e desenvolvimento ficando
assim reconhecida a importância de se caminhar para a sustentabilidade no desenvolvimento das
Nações.
Até hoje são sentidos os efeitos da Revolução Verde como o êxodo rural, produção
voltada a exportação, aumento da fome, dependência da importação e do sistema bancário,
exigência de maiores especializações e escalas de produção, aumento das pragas e doenças,
controle das grandes empresas sobre os agricultores, concentrando renda, patrimônio e poder
para a classe dominante e deixou problemas, sofrimento e miséria para a maioria da população.
Além disso, ocasionou problemas como ar mais poluído, águas contaminadas, solo degradado e
alimentos contaminados por agrotóxicos.
Agroecologia
Agroecologia é a ciência que estuda as relações entre o ambiente e as atividades
produtivas no meio rural, enfatizando princípios que proporcionam a sustentabilidade dos
agroecossistemas e o bem estar animal e das pessoas. Por outro lado, a produção orgânica,
biológica, natural e regenerativa são formas ou sistemas de produção. Cada uma com suas
particularidades, porém todas seguindo os princípios e orientações agroecológicas.
A Agroecologia vem como uma nova forma de abordar a agricultura, onde a natureza, o
homem e todas as suas relações são entendidas de forma integrada fazendo com que técnicos e
agricultores tomem novas posturas e adquiram novos valores. Surgiu em 1930 e se fortaleceu a
partir da década de 70 e incorpora elementos de diversas ciências como a ecologia, a sociologia,
a antropologia, a geografia e a pedagogia. Além disso, tem suas raízes na prática tradicional de
agricultores e comunidades rurais. Seria uma combinação de todas essas comunidades.
Para a agroecologia a natureza não é uma apanhado de recursos que se possa utilizar
indiscriminadamente e nem uma máquina de serviço do homem. Ela é vista de forma integrada,
buscando-se a interação entre vários elementos que existem no ambiente. O solo, as plantas, os
animais, a água e tudo que está a nossa volta, devem ser manejados respeitando-se os limites da
natureza e as características da cultura dos agricultores. Neste sentido, o ser humano é parte da
natureza e depende dela.
A agroecologia se adéqua mais à pequena produção da agricultura familiar e camponesa e
tende a ser mais diversificada e atrelada ao comércio local de alimentos básicos para a
população. Além disso, ajuda a fortalecer a vida rural das comunidades de agricultores
familiares, pois reforça a importância da cooperação, do trabalho associativo na produção e
comercialização dos produtos e dos movimentos sociais do campo.
Outro aspecto que merece destaque é o fato de que a Agroecologia e a agricultura familiar
e camponesa estão baseadas em uma filosofia profundamente diferente da agricultura de
monocultivos em grande escala. A agricultura convencional (que utiliza produtos químicos e
maquinário pesado), infelizmente preocupa-se principalmente com a produtividade por área e
por cultivo, não importando os impactos sobre a natureza. A agricultura familiar, ao contrário,
valoriza o futuro das próximas gerações e tende a produzir de forma harmoniosa com a
natureza. Os agricultores familiares são mais receptivos à ideia de se respeitar o tempo e os
ciclos naturais, a capacidade da terra em dar frutos e sua necessidade de descanso.
A agricultura familiar é acompanhada de algumas características que fazem dela um
agente ideal para o desenvolvimento de agriculturas de base ecológica, como:
Pequenas propriedades
Produção para o consumo familiar e para o mercado local e regional
Produção diversificada, incluindo criação de animais
Mão-de-obra familiar
Tecnologias e equipamentos adaptados à sua realidade
Conhecimento elevado sobre os ciclos agrícolas e especificidades da natureza
Produção da própria semente e outros insumos
Autonomia de gestão da família sobre a produção e a comercialização