ELABORAÇÃO
Conteúdo:
Tipos de Identidade: Pessoal, Social e Profissional; Formação de uma
Identidade Profissional; Aspectos socioculturais da Identidade Policial Militar
(Honras militares, Canções institucionais, Cerimonial militar, etc.), Cultura
Organizacional dentro da Instituição.
Natal/RN
2020
SUMÁRIO
3. A ERA VARGAS
3.1. REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA (1932)
3.2. A INTENTONA COMUNISTA (1935)
DENOMINAÇÕES
SEDES
Quartel da Salgadeira;
PATRONO
3. A ERA VARGAS
A música faz parte da cultura dos países, estando presente nas ocasiões
mais significativas da vida. Ela contribui para que fatos históricos sejam
lembrados, revoluciona e marca momentos especiais, motiva as ações
diversas, bem como contribui para moldar ideias e a conduta das pessoas. No
universo militar, a utilização da música remonta aos primórdios da antiguidade
clássica. A sua função nesse contexto estava diretamente associada à
sinalização das atividades no campo de batalha e no quartel, contribuindo para
marcha e movimentação de tropas, ou como elemento de representação
simbólica do poder do Estado. Para o historiador Ernesto Vieira, a música
parece ter um papel decisivo na vida militar, pois “(...) tanto no quartel como no
campo é ela que dá alegria ao soldado, animando-o na marcha,
entusiasmando-o no combate, distraindo-o nos ócios, tornando mais brilhante o
seu desfilar, contribuindo com a parte mais importante nas festas e
solenidades” (1899 p. 80-81).
Para que o funcionamento das instituições militares ocorra em perfeita
harmonia, o quartel adota uma constelação de símbolos que remetem à
manutenção da ordem social dos seus membros e, a música exerce uma
função decisiva para a concretização desses atos, cito como exemplo: os
toques indicativos de ações ou de informação como o toque da alvorada
executado todos os dias às 5h da manhã que indica que todos militares devem
levantar, o toque que anuncia a chegada do comandante geral, o do início e
término do expediente, entre outros.
Conforme David Kertzer (1988), os símbolos podem ser slogans,
canções, gritos, gestos expressivos e uniformes. Estes símbolos adquirem um
significado sentimental no contexto militar, produzindo uma espécie de
sentimento de pertença dos indivíduos ao grupo, exaltando a ação coletiva.
Seu uso serve como um reviver constante e reforço desses sentimentos
mútuos. Tal é sua importância para a vida militar que é quotidianamente
reforçada através das ações, comportamentos e discursos.
O Antropólogo Thomas Turino apresenta o papel da música na
sociedade como parte importante da experiência humana no âmbito social,
quando mostra a “música como vida social”, com seu alerta de que “a música
não é uma forma de arte unitária, pelo contrário, este termo se refere a tipos de
atividade fundamentalmente distintos que atendem a diferentes necessidades e
maneiras de ser humano (2008 p. 1). Esta afirmação leva o referido autor a
propor que a música é um recurso fundamental para conectar pessoas,
comunidades e meio ambiente, bem como, para os “povos compreenderem de
si mesmos e de suas identidades” (ibidem). Esta visão proposta por Thomas
Turino é particularmente útil para a compreensão do ambiente social da PMRN,
uma vez que as canções e hinos da instituição apresentam em suas narrativas
particularidades que definem o universo policial e militar.
Quando se trata de hinos e canções dentro do contexto da PMRN, esses
são regulamentados por decreto. Entre as canções e hinos, foi selecionado
para esta apostila, a análise da marcha da Polícia militar do Estado do Rio
Grande do Norte, da autoria do Major José Victoriano de Medeiro. A marcha foi
instituída em 1952 pelo decreto nº 2.227, que a torna oficial.
Segundo historiador Rômulo Wanderley, o Major Vitoriano de Medeiros
era poeta e compositor. São de sua inspiração a letra e a música da Polícia
Militar do RN. Ainda conforme esse autor, a canção da PMRN (conhecida
também como os pioneiros), “(...) trata-se de um canto de exaltação à briosa
Força Pública, defensora da Legalidade, do litoral ao sertão. É uma evocação
dos feitos do passado e um estímulo ao cumprimento do dever nos largos dias
do futuro da Pátria” (WANDERLEY, 1969, p. 144).
A marcha da PMRN caracteriza a corporação representando-a
simbolicamente, sendo executada durante os atos cerimoniais. Além de ser
cantada como símbolo da corporação, é também utilizada nos desfiles, como
forma de unificação do passo dos policiais, possibilitando que todos se
transformam em um só corpo, em um só gesto, em um só uniforme e, desse
modo, personificado no grupo, em um só ideal de pertencimento.
Nesse sentido, todos os integrantes da corporação têm o dever de saber
cantar a marcha nos eventos em que é executada. Esta é uma forma de
imposição por parte da corporação para que seus membros conheçam através
do canto as particularidades, significados e dados históricos da PMRN.
Coro
Marchemos, na paz e na guerra.
Neste garbo varonil
Defendamos nossa terra.
Para glória do Brasil!
II
Nossos peitos com vigor.
Afeitos à luta agreste;
Traduzem nosso valor
Neste rincão do Nordeste
Somos contra o despotismo,
Que traz a revolução;
Infeliz do extremismo,
Que rouba a paz da Nação!
III
Se a Pátria for ultrajada.
Não nos afronta o perigo,
Vamos fazê-la vingada,
Combatendo o inimigo,
Nosso valor militar,
De guarda fiel do Estado
Saberemos conservar
O juramento sagrado.
Coro
CFAP, CFAP e como é belo o seu alvorecer
Eu levo saudosa lembrança
Do que eu aprendi com você (2X).
II
Preparando bem os seus alunos
Capacitados e fortes
Pra defender com bravura
O nosso amado Rio Grande do Norte
CEFAP os seus soldados
Sabem manejar o fuzil
Estão prontos para lutar
E até morrer em defesa do Brasil
III
Os raios de sol que iluminam
O nosso rincão potiguar
Mostra o caminho que leva
A esta escola de homens sem pá
Nós modernos centuriões
Mantendedores da paz
CFAP podemos jurar
Que não iremos ti esquecer jamais