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O que é crônica argumentativa ?
É um gênero textual cujos textos tratam de assuntos do cotidiano, a
partir de uma visão que vai além do simples ato de olhar e relatar. O cronista
observa os detalhes dos acontecimentos corriqueiros e, a partir desse seu olhar
subjetivo, escreve um texto normalmente curto, que faz uma abordagem crítica,
questionadora ou bem-humorada da situação observada.
Ela é muito utilizada pelos meios de comunicação, sobretudo os jornais e
as revistas. A crônica argumentativa funde aspectos da crônica e dos textos
argumentativos e se aproxima do artigo de opinião. Ela pode ser do gênero
narrativo, dissertativo ou descritivo. Os cronistas, autores que escrevem as
crônicas, expressam nesse tipo de texto um tema e sua posição, ponto de vista ou
juízo de valor sobre tal assunto.
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Características da crônica argumentativa
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Atente-se ao teor argumentativo!!!
Você deve se posicionar de acordo com a opinião que julga apropriada ao tema. Lembre-
-se de que deverá sustentá-la com argumentos coerentes e bem elaborados, caso
contrário seu ponto de vista poderá ser facilmente refutado.
Tipos de argumentos
◦ Argumento de autoridade - apresenta informação ou opinião de especialista no
campo de conhecimento em questão.
◦ Contra-argumentação - consiste em apresentar argumentos com posicionamentos
contrários, discorrer sobre os pontos de vista presentes para, por fim, fortalecer a
tese do autor do texto.
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Modalizadores discursivos
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EXEMPLO DE CRÔNICA ARGUMENTATIVA
Quando se trata de salvar a pele, o melhor mesmo é a astúcia
Moacyr Scliar
No interessante Onde Encontrar a Sabedoria? (Ed. Ponto de Leitura), o respeitado
crítico norte-americano Harold Bloom observa que, ao longo do tempo, as pessoas sempre
recorreram aos livros e aos autores famosos com o objetivo de se tornarem mais sábias. Leitura,
esse era o raciocínio, pode ser uma coisa difícil, mas o esforço valeria a pena se, como resultado, a
pessoa se tornasse mais sábia. Cabe, contudo, a pergunta: será que este é um sonho comum à
humanidade? Será que todos nós queremos a sabedoria? Será que no Brasil, em particular, é este
um ideal?
Tenho minhas dúvidas. Sabedoria é uma condição que resulta de uma profunda
compreensão do mundo e da condição humana. Nós não nascemos sábios, não nascemos com
esta compreensão; temos de adquiri-la através da vida, e isso se faz mediante conhecimento (daí
a necessidade da leitura) mas também graças ao “insight”, o “conhece-te a ti mesmo”, de
Sócrates, mediante o qual aprendemos a não nos deixarmos iludir por nossa arrogância, a
reconhecer nossas limitações e defeitos, a pensar e a agir de forma serena e desapaixonada. Agir,
sim; sabedoria não é só pensar bem, não é só ter conhecimento e entender as coisas. Sabedoria é
agir bem, resolvendo os problemas de forma eficaz, mas de forma ética, decente.
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Um componente importante da sabedoria é a inteligência, a palavra que vem do latim e
quer dizer entendimento. A pessoa inteligente entende, mediante o raciocínio e a experiência, as
coisas, mesmo complexas. É uma habilidade que, diferente da sabedoria, pode ser avaliada, e até
quantificada; daí os testes de inteligência, incluindo o famoso QI, quociente de inteligência, aliás
objeto de controvérsia nos últimos anos.
Ser inteligente não é ser sábio: na sabedoria o furo está mais acima. A pessoa
inteligente nem sempre age bem; a história da humanidade está cheia de vigaristas que
aplicavam e aplicam golpes inteligentíssimos (os hackers, por exemplo). No fim essas pessoas se
dão mal, exatamente porque lhes falta esse conhecimento maior que é a sabedoria.
Isso é ainda mais verdadeiro no caso da astúcia, que não é sabedoria nem inteligência. É
uma coisa menos sofisticada, mais primitiva, daí porque, nas fábulas, é simbolizada por um
animal, a raposa. A raposa não é sábia nem inteligente; a raposa é astuta. Astúcia é a habilidade
de enganar; astúcia é manha, esperteza. Zélia Duncan diz isso na letra de uma música: Astúcia,
astúcia/O que te faltou foi astúcia/Pra roubar meu coração faltou muito pouco/Era só ter
procurado no outro bolso. Astucioso é o cara que procura no outro bolso; é o cara que sabe como
roubar. Isso explica por que a astúcia é ainda tão valorizada no Brasil: porque representa uma
maneira fácil de conquistar as coisas, de subir na vida.
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Se vocês perguntarem a alguém como se ganha eleições, se com sabedoria, com
inteligência ou com astúcia, a pessoa certamente optará por esta última alternativa, atrás da qual
estão séculos de safadeza e de corrupção. Mas é que as duras condições da vida em nosso país, a
pobreza, a desigualdade, deixaram esta lição: para sobreviver é preciso ser astuto, esperto. É
muito glamouroso ser inteligente, é digna de admiração a pessoa sábia; mas, quando se trata de
salvar a pele, o melhor mesmo é a astúcia.
Compreensível. Mas não satisfatório. Nós só chegamos à verdadeira maturidade
quando a astúcia reconhece a importância da inteligência e quando esta é um recurso para
atingir a sabedoria. Um Brasil sábio deveria ser o nosso objetivo maior.
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PRODUÇÃO TEXTUAL
(UFSC 2017)
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