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necessidade da operação. A figura 35 apresenta uma comparação


entre estes óleos segundo a faixa de temperatura.

Figura 35 – Comparação entre a temperatura de trabalho de fluidos


sintéticos e óleos minerais.

Ainda em relação aos fluidos sintéticos, a figura abaixo


apresenta uma correlação entre as características principais
de cada fluido e sua aplicação.

Figura 36 – Aplicação dos fluidos sintéticos.


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5.1.2. Lubrificantes Pastosos


Graxas são lubrificantes pastosos, feitos de uma mistura
de óleo mineral ou sintético, espessantes e aditivos. A grande
vantagem das graxas em relação aos óleos é o não escorrimento
do lugar onde foram colocadas. Possuem ainda uma função
adicional, ao vedar contra o ingresso de impurezas ou água.
Contrapõe-se a essas vantagens a sua menor capacidade de
resfriamento em relação aos óleos. O fato de permanecerem no
lugar aplicado, sem escorrer, contribui também para o
barateamento considerável da máquina ou elemento de máquina
lubrificado. Dispensam-se selos e vedações dispendiosas. Por
este motivo a grande maioria dos mancais de rolamento é
lubrificada com graxa, excluindo-se em geral aqueles que fazem
parte de mecanismos que, por outras razões, necessitam de
resfriamento mais vigoroso do que o proporcionado pelas graxas.
As graxas têm como função reduzir o atrito, o desgaste,
o aquecimento e ainda a função adicional de proteger contra a
corrosão. Pela exclusão de impurezas e líquidos, o uso da graxa
aumenta a vida útil dos mancais. Temperaturas altas ou baixas,
cargas elevadas e altas velocidades não constituem mais
limitações à utilização das graxas. Tipos especiais atendem
isoladamente ou em conjunto a essas exigências.
As graxas são em geral empregadas nos pontos onde os
óleos não são eficazes e quando for conveniente formar um selo
protetor. Elas amolecem em serviço, mas se recuperam quando
deixadas em repouso. O consumo de graxa representa apenas de
5 a 10% do gasto dos óleos lubrificantes. Os seus espessantes
não diferem dos sabões de lavar roupa, obtidos pela reação
química entre ácidos graxos (sebo) e um produto alcalino tipo:
cal virgem (sabão de cálcio), soda cáustica (sabão de sódio)
ou hidróxido de lítio (sabão de lítio).

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Basicamente o equipamento para manufaturar graxa


consiste de: Autoclave, com aquecimento por circulação de óleo,
onde é fabricado o sabão; tacho aberto, com agitadores
mecânicos, onde se mistura o sabão com óleo; homogeneizador,
em geral do tipo moinho ou o mais eficiente anel de impacto,
onde é homogeneizado o produto final. Acessórios: filtros
moedores e o desaerador (torre de vácuo).
Composição das Graxas:
a) Espessante
 90%, são sabões metálicos.
 5%, é argila modificada (bentonita).
 5%, aerogel de sílica, tintas, pigmentos, negro-de-
fumo, fibras, gomas, resinas, sais orgânicos e
inorgânicos.

b) Fluidos Lubrificantes
 70%, são óleos minerais lubrificantes de viscosidade
superior a 100 SUS4 a 100°F, podendo ser maior que 125
SUS a 210°F.
 10%, são óleos minerais leves, como "spindle oil",
"signal oil", "transformer oil", e querosene, diesel
e “gasoil”.
 10%, são constituintes fluidos, de asfalto, petrolatos
ou ceras minerais.
 10%, são constituídos por óleos sintéticos, como:
- 20%, óleos de silicone.
- 30%, ésteres de ácidos dibásicos.
- 50%, polialquileno glicol, éster de fosfato,
fluorocarbono, difenil, difenil clorado, silicone
clorado e éter polialquifenil.
As graxas podem ser subdivididas em:

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 Graxas de sabão metálico;


 Graxas sintéticas;
 Graxas a base de argila;
 Graxas betuminosas;
 Graxas para processo.
As graxas de sabão metálico são as mais comumente
utilizadas. São constituídas de óleos minerais puros e sabões
metálicos (espessantes), que são a derivados de um óleo graxo
e de uma substância básica de algum metal, (cálcio, sódio,
lítio, etc.). Como os óleos, estas graxas podem ser aditivadas
para se alcançarem determinadas características.
 Graxas de Cálcio: são usadas em processo de
lubrificação que requerem resistência à água, mas não
suportam altas temperaturas (maiores que 70º C).
 Graxas de Lítio: possuem boa resistência à água e ao
calor, podendo ser utilizadas até 150º C.
 Graxas de Sódio: resistem bem ao calor até 120º C,
porém não resistem à umidade.
As graxas sintéticas são as mais modernas. Tanto os óleos
minerais, como o sabão, podem ser substituídos por óleos e
sabões sintéticos. Como os óleos sintéticos, devido ao seu
elevado custo, estas graxas têm sua aplicação limitada aos
locais onde os tipos convencionais não podem ser utilizados.
As graxas a base de argila são constituídas de óleos
minerais puros e argilas especiais de granulação finíssima
(espessantes). As argilas modificadas (bentonita tratada) ou
sílica gel são os espessantes empregados normalmente. As graxas
bentoníticas possuem excelente resistência à água, ótima
proteção ao desgaste e uma boa resistência ao calor. As graxas
de sílica gel possuem boas características antidesgaste e
resistência a altas temperaturas de até 250º C, porém não
resistem à água.
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As graxas betuminosas, formuladas à base de asfalto e


óleos minerais puros, são lubrificantes de grande adesividade.
Algumas, devido à sua alta viscosidade, devem ser aquecidas
para serem aplicadas. Outras, são diluídas em solventes que se
evaporam após sua aplicação.
As graxas para processo são graxas especiais, fabricadas
para atenderem a processos industriais como a estampagem, a
moldagem etc. Algumas contêm materiais sólidos como aditivos.

5.1.3. Lubrificantes Sólidos


Os lubrificantes sólidos são usados geralmente como
aditivos de lubrificantes líquidos ou pastosos. Algumas vezes,
são aplicados em suspensão, em líquidos que se evaporam após
a sua aplicação. Os lubrificantes sólidos geralmente
apresentam grande resistência a elevadas pressões e
temperaturas. Os exemplos mais comuns são:
 A grafite;
 O molibdênio;
 O talco;
 PTFE – Politetrafluoretileno3;
 A mica.
3
(PTFE) é um polímero conhecido mundialmente pelo nome comercial teflon,
marca registrada de propriedade da empresa DuPont.

5.1.4. Lubrificantes gasosos


Os lubrificantes gasosos são empregados em casos
especiais, quando não é possível a aplicação dos tipos
convencionais. São normalmente usados o ar, o nitrogênio, gases
nobres2 e os gases halogenados1.
1
Halogênios: flúor, cloro, bromo, iodo, astato e Ununséptio.
2
Gases Nobres: hélio (He), neônio (Ne), argônio (Ar), criptônio (Kr),
xenônio (Xe) e radônio (Rb).

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Sua aplicação é restrita, devido à vedação exigida e às


elevadas pressões necessárias para mantê-los entre as
superfícies.

5.2. Características
Como foi anteriormente mencionado, no passado os óleos
básicos foram utilizados como lubrificantes puros, ou seja,
sem aditivos ou tratamentos. A capacidade de oxidação e
formação de depósitos de um óleo lubrificante estão
relacionados com a composição do óleo básico. As propriedades
dos óleos básicos podem ser melhoradas através da aplicação de
aditivos. Estes produtos químicos são utilizados para
proporcionar, ou reforçar características físico-químicas
desejáveis no óleo básico e eliminar ou diminuir alguns efeitos
indesejáveis na lubrificação. A adição de aditivos aos óleos
básicos deve-se ao avanço tecnológico dos equipamentos que
passaram a requerer uma evolução também na lubrificação. As
novas exigências fizeram com que as propriedades do óleo
mineral puro fossem insuficientes para lubrificar as máquinas
mais sofisticadas. Para alcançar as propriedades desejadas aos
lubrificantes os aditivos podem ser aplicados individualmente
ou em conjunto ao óleo básico.
A elaboração dos óleos lubrificantes faz-se através da
mistura adequada de diferentes óleos básicos acabados, obtidos
após os processos de refinação. A formulação de um óleo
lubrificante é um trabalho complexo, em que o técnico deve
estudar a compatibilidade entre os diversos tipos de óleos
minerais puros (chamados óleos básicos), entre os diversos
tipos de aditivos e entre os óleos minerais puros e os aditivos,
de acordo com sua finalidade. Estas misturas, feitas em
proporções exatas para obtenção de propriedades determinadas,
são completadas com outros tratamentos e aditivos, a fim de

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dotar o produto final com as características especiais, que


permitirão aos óleos satisfazerem todas as exigências nos casos
para que são recomendados.
As propriedades desejadas aos óleos lubrificantes são
avaliadas por características medidas que buscam avaliar seu
comportamento durante a utilização, ou características que nos
permitem associá-las a um possível fenômeno observável quando
em utilização. Para tal, realizam-se análises físico-químicas,
que permitem fazer uma pré-avaliação do desempenho do óleo.
Algumas destas análises não refletem as condições encontradas
na prática, mas são métodos empíricos que fornecem resultados
comparativos de grande valia quando associado aos métodos
científicos desenvolvidos em laboratórios. As análises são
padronizadas e regidas por órgãos normalizadores como a ASTM
(American Society for Testing and Materials), ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), IBP (Instituto Brasileiro do
Petróleo), API (American Petroleum Institute), dentre outras.
Certamente que os lubrificantes não líquidos, também,
apresentam misturas e aditivos, como os lubrificantes pastosos
principalmente (graxas). Estas propriedades serão destacadas
quando for o caso.

Figura 37: Produzindo um lubrificante líquido.

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Os principais ensaios realizados nos lubrificantes estão


apresentados como segue:
 Densidade;
 Viscosidade;
 Índice de viscosidade;
 Ponto de fulgor (ou de lampejo) e ponto de inflamação (ou
de combustão);
 Pontos de fluidez e névoa;
 Água por destilação;
 Água e sedimentos;
 Demulsibilidade;
 Extrema pressão;
 Diluição;
 Cor;
 Cinzas oxidadas;
 Cinzas sulfatadas;
 Corrosão em lâmina de cobre;
 Consistência de graxas lubrificantes;
 Ponto de gota.

5.2.1. Densidade
A maior parte dos produtos líquidos do petróleo são
manipulados e vendidos com base no volume, porém, em alguns
casos, é necessário conhecer o peso do produto. O petróleo e
seus derivados expandem-se quando aquecidos. Por esta razão,
a densidade é medida a uma temperatura padrão ou, então,
convertida para esta temperatura por meio de tabelas. A
densidade é um número que define o peso de um certo volume de
uma substância quando submetida a uma determinada temperatura.
A densidade relativa de uma substância é a relação entre
o peso do volume dessa substância, medido a uma determinada
temperatura e o peso de igual volume de outra substância padrão
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(água destilada), medido na mesma temperatura (sistema inglês:


60ºF / 60ºF) ou em outra temperatura (sistema métrico: 20ºC /
20ºC).
No Brasil, a temperatura normal de referência dos
produtos de petróleo é 20ºC, podendo em alguns casos ser
expressa a 15ºC ou 25ºC. Conhecendo a densidade de cada produto,
é possível diferenciar imediatamente quais os produtos de maior
ou menor peso.
O densímetro graduado com escala normal e com escala API
são alguns dos aparelhos usados para se medir a densidade.

Figura 38: Conceituando densidade – Densímetro manual.

A escala API é uma forma de classificação de derivados


do petróleo criada pelo American Petroleum Institute, também,
referida como grau API (ºAPI). Esta medida apresenta a
densidade do derivado de petróleo em relação a densidade da
água e em uma escala própria.
A densidade da água em ºAPI teria o valor 10. Assim, calculamos
a densidade API para outros produtos da seguinte forma:

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
   
    

Onde:

   

E
ρ = densidade em kg/m3.

Deste modo, para um óleo cuja densidade é 850 kg/m3, assumindo


que a densidade da água é 1000 kg/m3, sua densidade relativa
DR vale:

   


Logo, a densidade API para este óleo é:


       


Em referência a densidade API, quanto maior o ºAPI menos


denso é o óleo e quanto menor o ºAPI mais denso é o óleo. Em
outras palavras o grau API é inversamente proporcional a
densidade convencional.

Figura 39: Grau API aproximado para alguns produtos conhecidos.

Com base na densidade API do petróleo ele pode ser


classificado. Esta classificação é importante também, porque

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