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PREPARANDO-SE PARA O III MILÊNIO 9.

Mediunidade e fenômenos mediúnicos 1

FRATERNIDADE RAMATÍS DE CURITIBA


CURSO “PREPARANDO-SE PARA O TERCEIRO MILÊNIO”
1º módulo: Introdução ao estudo das obras de Ramatís

MEDIUNIDADE E FENÔMENOS MEDIÚNICOS


Certas pessoas consideram, sem razão, a mediunidade um fenômeno peculiar aos tempos atuais, outras
acreditam ter sido inventada pelo Espiritismo. A fenomenologia mediúnica, entretanto, é de todos os tempos
e de todos os países e religiões, pois, desde as idades mais remotas, existiram relações entre a
humanidade terrena e o mundo dos Espíritos.

1. A ANTIGUIDADE DOS FENÔMENOS MEDIÚNICOS


A história da paranormalidade pertence à própria história da humanidade, pois em todas as épocas as
faculdades paranormais do homem, registradas pela História, tiveram vigência e se apresentaram de forma
significativa, estabelecendo a linha direcional do comportamento da sociedade, na busca do seu progresso
e da sua afirmação.

A faculdade mediúnica, apesar de parecer ter atingido seu clímax nos dias atuais, sempre existiu
desde o surgimento do homem na face da Terra, porque se trata de uma faculdade inerente ao seu
espírito, e não oriunda da matéria.

A mediunidade, como fenômeno peculiar ao ser humano, portanto, existe desde quando a primeira criatura
surgiu na Terra, porque o primeiro homem também era um espírito encarnado; naturalmente, a sua
manifestação mais nítida dependeu do apuro dos centros nervosos de seu corpo físico e do aguçamento da
sensibilidade dos seus sentidos.

Ao longo de seu processo evolutivo, o homem primitivo se transformou num instrumento que, pouco a
pouco, apurou as suas faculdades, que o ajustaram para servir de traço de união, de instrumento de
ligação, entre o mundo oculto e o mundo das formas, pois é evidente que a sensibilização do seu sistema
nervoso contribuiu para que as entidades do mundo invisível o utilizassem como veículo de intercâmbio
entre esses dois planos cósmicos.

A humanidade têm sido guiada, desde sua origem, por leis do mundo oculto, já comprovadas na face do
orbe, graças à faculdade mediúnica, inata no primeiro espírito aqui encarnado. Embora as criaturas o
ignorem, o seu próprio aperfeiçoamento psicofísico ao longo da história dependeu muitíssimo da assistência
e da pedagogia proveniente do mundo espiritual, e foi justamente através da faculdade mediúnica que os
espíritos diretores da humanidade puderam intervir no seu processo evolutivo, orientando-o e transferindo
para os homens os conhecimentos necessários ao seu progresso.

Apesar do fenômeno mediúnico constituir manifestação intrínseca do mundo espiritual invisível, ele sempre
se manifestou entre os homens de acordo com a sua sensibilidade, cultura, moral, capacidade nervosa, e
em função da dependência de compromissos previamente assumidos pelos médiuns no mundo
oculto, antes de se encarnarem.

1.1 A MEDIUNIDADE NOS PRIMÓRDIOS DA CIVILIZAÇÃO

As manifestações mediúnicas nos primórdios da civilização humana não eram muito bem conhecidas e
tampouco generalizadas, tal como se verifica na atualidade, mas, nem por isso, deixaram de ser admitidas
pelos povos antigos, que, dentro de suas limitadas possibilidades, as praticaram, estudaram e utilizaram em
benefício individual e coletivo.

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Os fenômenos mediúnicos, atualmente um dos fundamentos do Espiritismo (ou seja, a possibilidade das
comunicações entre os “vivos” e os “mortos”), no passado remoto eram tidos como maravilhosos,
sobrenaturais, sob a feição fantasiosa dos milagres que lhe eram atribuídos, em razão do
desconhecimento das leis que os regem, e os indivíduos que podiam manter o intercâmbio com o mundo
invisível eram considerados privilegiados.

Curiosamente, a mediunidade, enquanto faculdade extrasensorial, quase não se modificou com o passar
dos milênios, mantendo praticamente inalterados os seus diversos aspectos e pouco variando as suas
manifestações, pois os bons médiuns de hoje dominam os mesmos fenômenos que antigamente exaltavam
os profetas, os oráculos, as pitonisas, os astrólogos, as sibilas e os magos, o que demonstra a lentidão da
ascensão espiritual do homem nesse terreno.

Ao se interrogar os Vedas da Índia, os templos do Egito, os mistérios da Grécia, os recintos de pedra da


Gália, os livros sagrados de todos os povos por toda parte, nos documentos escritos, nos monumentos e
nas tradições antigas da humanidade, se encontra a crença universal nas manifestações das almas
libertas de seus corpos terrestres, associados de um modo íntimo e constante à evolução das raças
humanas, a tal ponto que se tornaram inseparáveis da História, e que têm permanecido através das
vicissitudes dos tempos.

Essas manifestações mediúnicas surgiram como conseqüência do culto dos antepassados entre os povos
primitivos, nas homenagens prestadas aos manes (“espíritos”) dos heróis e, nos lares, aos gênios tutelares
da família, que lhes erigiam altares e dirigiam evocações, culto que foi posteriormente estendido a todas as
almas amadas, ao esposo, ao filho, ao amigo falecido.

Nos primórdios das civilizações antigas da humanidade, as sombras dos mortos


sempre se misturaram com os vivos, quer em vigília durante as manifestações
mediúnicas, quer durante o sono, revelando o futuro, aparecendo nas
materializações de fantasmas ou através da telepatia, da premonição, da psicografia,
de forma abundante, pois em toda a parte e em todos os tempos a vida interrogou a
morte, e dela obteve respostas.

Sem dúvida, os abusos, as superstições pueris, os sacrifícios supérfluos se misturaram com o culto das
almas invisíveis, mas esse íntimo intercâmbio propiciava aos homens que haurissem novas forças, pois
sabiam poder contar com a presença e o amparo dos seus antepassados amados, e esta certeza os tornou
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mais firmes em suas provações, aprendendo a não mais temer a morte. Com isso os laços de família se
fortaleceram intimamente, principalmente no Oriente.
Na China, na Índia e no território céltico havia reuniões, em dias fixos, na “câmara dos antepassados”, com
a presença de numerosos médiuns de fé ardente e com faculdades paranormais poderosas e variadas,
onde os fenômenos obtidos ultrapassavam em intensidade tudo aquilo que se pode observar atualmente.

1.2 A PRESENÇA DE FENÔMENOS MEDIÚNICOS NAS TRADIÇÕES FOLCLÓRICAS E


RELIGIOSAS DOS POVOS DA ANTIGUIDADE

A humanidade tem sido dirigida, desde sua origem, por leis do mundo oculto, que atuam com profunda
influência nas criaturas, pois todas as suas histórias, lendas e narrativas de tradição milenária estão repletas
de acontecimentos, revelações, fenômenos e manifestações extrafísica que confirmam a existência da
mediunidade entre os homens das raças mais primitivas.

A história das religiões desses povos é caracterizada pela presença dos chamados demônios, gênios e
deuses, sempre por trás de fenômenos sobrenaturais, hoje entendidos como da esfera mediúnica; nada
mais do que espíritos desencarnados a se manifestarem entre os chamados “vivos”, através da faculdade
da mediunidade em seus múltiplos aspectos.

Qualquer tribo, clã, raça ou povo ou mesmo civilização, do presente ou do passado, ainda conserva em seu
folclore a tradição vivida por magos, fadas, gnomos, duendes, silfos, bruxas, ondinas, nereidas,
salamandras, ou seres exóticos, que se divertiam no mundo invisível, tanto ajudando quanto hostilizando a
vida dos homens encarnados.

As civilizações do passado, com as da Atlântida, Lemúria, China, Índia, Hebréia, Egito, Persa, Caldéia,
Cartago, Assíria, Babilônia, Grécia, Germânia, Escandinávia ou da Arábia, comprovam, pela história, pelas
lendas e pelo seu folclore, que os fenômenos mediúnicos surgiram em todos os recantos do orbe terráqueo
quase ao mesmo tempo e sem privilégios especiais, manifestando-se igualmente em todos os
agrupamentos humanos.

Por exemplo, versão suméria do Dilúvio conta que, cheios de inveja do homem, os deuses resolveram
destruir completamente a raça dos mortais, afogando-os impiedosamente. Um deles, no entanto, revelou o
segredo a um habitante da Terra, seu favorito, ensinando-lhe a construir uma arca para a sua salvação e da
sua espécie quando da inundação, que imperou durante sete dias seguidos até que toda a superfície ficou
coberta pela água.

Finalmente, quando o turbilhão sossegou e as águas baixaram, o homem favorito e seus irmãos saíram da
arca e ofereceram um sacrifício aos deuses em ação de graças. Esfomeados, devido à longa privação dos
alimentos, os deuses “aspiraram o doce cheiro e se juntaram como moscas sobre o sacrifício”, segundo a
narrativa, decidindo nunca mais tentarem a destruição do homem, revelando assim se tratarem de espíritos
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desencarnados, ávidos das emanações etéricas do animal sacrificado, num processo atualmente
designado por “vampirismo”.

Os fenômenos mediúnicos são comuns a todas as raças terrícolas. A fenomenologia mediúnica tem sido
acontecimento comprovado por todos os povos e civilizações e ficou evidenciada até mesmo nos objetos e
nos propósitos guerreiros desses povos primitivos, tendo-os influenciado seriamente, embora velada pelo
simbolismo das tradições lendárias. Comprova-se isto pela sua história, lendas ou pelo seu folclore.

Os escandinavos, principalmente os “vikings”, narram seus encontros com bruxas, sereias e entidades
fascinadoras, que surgiam das brumas misteriosas, perseguindo-os durante as noites de lua cheia.

As histórias e as lendas musicadas por Wagner em suas peças sinfônicas ou óperas magistrais, confirmam
o espírito de religiosidade e a crença no mundo invisível por parte dos povos germânicos e anglo-saxãos.
Eles rendiam sua homenagem aos deuses, numes, gênios e os consideravam habitantes de um mundo
estranho, muito diferente do que é habitado pelos homens.

As próprias lendas brasileiras são também férteis de fenômenos mediúnicos. No cenário das matas
enluaradas surge o “boitatá” lançando fogo pelas narinas; nas encruzilhadas escuras aparece o
fantasmagórico “saci-pererê”, saltitando numa perna só e despedindo fulgores dos olhos embraseados; na
pradaria sem fim, corre loucamente a “mula-sem-cabeça”, ou na penumbra das madrugadas nevoentas, os
mais crédulos dizem ouvir os gemidos tristes da alma do “negrinho do pastoreio”.

Nas épocas em que a humanidade viveu sob regime patriarcal, circunscrito a clãs ou tribos, a mediunidade
era atribuída a poucos, que exerciam um verdadeiro reinado espiritual sobre os demais, em conseqüência
do exercício dos seus supostos “poderes mágicos”, geralmente atribuídos a origem divina ou sobrenatural.

As práticas mediúnicas se transferiram posteriormente para os círculos fechados dos colégios sacerdotais
formados por castas privilegiadas de inspirados e, aos poucos, foram se difundindo entre o povo, dando
nascimento aos videntes, profetas, adivinhos e pitonisas que, por sua vez, passaram a exercer inegável
influência nos meios em que atuaram.

No passado, a comunhão com as almas dos mortos foi, sobretudo, privilégio dos
santuários, preocupação de alguns limitados grupos de iniciados. Fora desses círculos
esclarecidos, asilos da verdadeira sabedoria antiga, as manifestações de além-túmulo
eram, muitas vezes, consideradas sobrenaturais e associadas a práticas supersticiosas

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que lhes deturpavam o sentido. Ao homem comum, ignorante das leis da Vida e da
Natureza, era vedado aprender os ensinamentos que se ocultavam sob os fenômenos
mediúnicos.

1.3 A MEDIUNIDADE NA HISTÓRIA SECRETA DAS RELIGIÕES ANTIGAS

A história religiosa dos povos da antiguidade mostra que, desde épocas remotíssimas na História, a
evocação de espíritos dos “mortos” era praticada por categorias de homens que faziam disso sua
especialidade.

Desde os escritos religiosos mais antigos, como os Vedas (cerca de 5.000 a.C.), já se tem notícia do
intercâmbio espiritual com os chamados “mortos”.

Tal atividade, porém, era somente exercida por homens e mulheres dedicados especialmente ao mister
religioso, eram os “iniciados”, que às vezes levavam dezenas de anos se preparando para poderem,
depois de desenvolvidas as suas faculdades mediúnicas, exercitar o seu poder sobre o povo e seus
governantes, sendo, por isso, pessoas temidas e respeitadas por todos, pois formavam os círculos
sacerdotais responsáveis pela orientação da massa.

Contrariamente ao que ocorre hoje em dia entre os praticantes do Espiritismo, por exemplo, as atividades
que possibilitavam entrar-se em contato com as almas desencarnadas eram apanágio exclusivo da classe
sacerdotal, que monopolizara essas cerimônias, não só para delas fazerem fonte lucrativa de renda,
mantendo o povo em absoluta ignorância quanto ao verdadeiro estado da alma depois da morte, como
também para revestirem, aos seus olhos, um caráter sagrado, dado que somente eles detinham os
segredos da morte.

Com o passar do tempo, e em conseqüência das guerras e invasões que forçaram parte da população
primitiva hindu a emigrar, o segredo das evocações dos espíritos dos mortos nas práticas mediúnicas se
espalhou em toda a Ásia, encontrando-se posteriormente entre os egípcios e ainda entre os hebreus, essa
tradição proveniente da Índia.
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Nas antigas civilizações de expressão, como as do Egito, da Grécia, da Pérsia ou em Roma, o mediunismo
passou então a ser utilizado como fonte de poder e de dominação, razão porque era concedido somente a
poucos indivíduos, sob as mais rigorosas condições de mistério e formalismo, dando nascimento a seitas e
fraternidades que funcionavam baseadas em longas e difíceis iniciações, cujo objetivo era estabelecer um
certo espírito de disciplina e seleção.
A mediunidade passou, assim, a exercer papel preponderante sobre a administração pública e na vida
política das nações de então, pois os seus dirigentes jamais aventuravam qualquer passo importante sem
prévia consulta aos oráculos, astrólogos e videntes. Mesmo na Roma imperial, caracterizada pela visceral
amoralidade, os Césares não dispensavam essas consultas, submetendo-se de bom grado às inspirações e
conselhos dos “deuses”.

Todas as formas materiais exteriores, as cerimônias extravagantes dos cultos das


religiões desaparecidas, das crenças extintas, que se realizavam nos templos e
criptas sagrados, tinham por fim chocar a imaginação do povo, sob o qual fora
estendido um “véu exterior e brilhante”, com a intenção de ocultar das massas os
grandes mistérios das realidades do mundo espiritual.

Por trás desses véus, as religiões antigas apareciam sob aspecto diverso, revestindo-se de caráter grave e
elevado, simultaneamente científico e filosófico. Seu ensino era duplo: de um lado, exterior e público,
propagando os ensinamentos ditos “exotéricos”, a saber, as informações e instruções liberadas aos leigos
ou profanos; de outro lado era interior e secreto, reservando os ensinamentos e conhecimentos
“esotéricos” somente aos iniciados nos antigos mistérios.

Um exemplo disso foi a transmissão de conhecimentos sobre Magia, entendida como arte de empregar
conscientemente poderes invisíveis para obter efeitos visíveis. Tais recursos, empregados para fins
benéficos, significam “magia branca”, mas quem os empregar para o mal então pratica “magia negra”.

Em conseqüência, desde a antiguidade das civilizações existiram homens poderosos que desenvolveram
suas forças ocultas e as empregaram na magia branca, a serviço do próximo, enquanto os malfeitores
praticaram a magia negra visando aos seus exclusivos interesses e domínio nefandos.

Para evitar que esses conhecimentos ocultos fossem franqueados a criaturas mal intencionadas ou
despreparadas, que deles fariam mau uso, eles foram revestidos de símbolos e alegorias inofensivas, e
ocultos na liturgia e alegoria religiosas.

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Todas as grandes religiões do passado tiveram, portanto, duas faces: uma aparente, a “forma ou a letra”, e
outra oculta, encerrando o seu “espírito”. O Bramanismo na Índia, o Hermetismo no Egito, o Politeísmo na
Grécia, e o próprio Cristianismo em suas origens apresentaram esse duplo aspecto.

Seus adeptos eram escolhidos, preparados desde a infância para a carreira que deveriam preencher e
depois eram gradualmente levados à plenitude intelectual, de onde podiam dominar e julgar a vida. Os
princípios da ciência secreta lhes eram comunicados na proporção relativa ao desenvolvimento de suas
inteligências e qualidades morais.

O processo de iniciação, no lado oculto das religiões antigas, constituía para os seus adeptos uma
refundição completa do caráter e um acordar das faculdades latentes da alma, entre as quais se destacava
a mediunidade.

Somente quando tinha conseguido extinguir em si próprio o fogo das paixões,


suprimir os desejos impuros e orientar os impulsos do seu ser para o Bem e para o
Belo, é que o adepto podia participar dos grandes mistérios, passando então a obter
certos poderes sobre as forças da natureza e a se comunicar com as potências
ocultas do Universo.

Os iniciados passavam então a conhecer os segredos das forças fluídicas e magnéticas, pois que a ciência
oriental dos santuários havia explorado o domínio dos fenômenos do sonambulismo e da sugestão.

Neles encontravam meios de ação incompreensíveis para o vulgo, mas facilmente hoje explicáveis pelo
Espiritismo, pois nada havia de sobrenatural nesse mundo oculto, conhecido dos antigos e regido por leis
exatas e que, justamente ao contrário, constituíam uma manifestação das forças sutis, face então
ignorada da Natureza.

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Os ensinamentos secretos abriam ao pensamento dos iniciados perspectivas suscetíveis de


causarem desequilíbrios aos espíritos mal preparados que, ao vislumbrarem o infinito, ficavam
perturbados e desvairados, sendo, portanto, vedados às almas mais débeis e somente reservados
aos mais fortes e valentes; daí a necessidade de passarem pelos processos de iniciação.

Os iniciados, após adquirirem o conhecimento das leis superiores do espírito, praticavam uma fé
esclarecida, com serena confiança no futuro e tolerância para com todas as demais crenças religiosas, por
inferirem que a verdadeira religião se eleva acima de todas as crenças.
Todos os ensinamentos religiosos do passado na verdade se ligam, porque em sua base se encontra uma
só e mesma doutrina, transmitida de idade em idade a uma série ininterrupta de sábios e pensadores.

Essa doutrina secreta da antiguidade, mãe das religiões e das filosofias, revestiu-se de aparências diversas
no decorrer das idades, mas sua base permaneceu imutável em toda parte. Nascida simultaneamente na
Índia e no Egito, daí passou ao ocidente acompanhando as ondas migratórias, espalhando-se por todos os
países ocupados pelos celtas e difundindo em seu esteio as práticas mediúnicas entre os seus iniciados.

Por toda parte, através da sucessão dos tempos, em diferentes povos se verificou a existência e a
perpetuidade de um ensino secreto que se encontra no fundo de todas as grandes concepções religiosas ou
filosóficas do passado.

Os sábios, os pensadores, os profetas dos templos, dos mais diversos países nele acharam a energia e a
inspiração, que os fizeram empreender grandes coisas e transformar almas e sociedades, sempre as
impelindo para frente no estado evolutivo do progresso, revelando uma grande e misteriosa corrente
espiritual saída do mundo invisível que a tudo domina e envolve, onde vivem e atuam os grandes Espíritos
que têm servido de guias à humanidade terrena, e que com ela jamais cessaram de se comunicar.

1.3.1. A MEDIUNIDADE NOS PRÓDROMOS DO HINDUISMO

O hinduísmo, também chamado bramanismo, é considerado a mais antiga religião do mundo. Seus livros
sagrados são os Vedas e, posteriormente, os Upanishads, palavra sânscrita que significa “sentar-se ao
lado”, (isto é, “lição oral”), tidos como conclusão dos Vedas.

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Considerado o código religioso mais antigo que se conhece, os Vedas remontam a datas muito recuadas na
História, admitindo-se ter o mais antigo e o mais importante desses textos sagrados, o Rig-Veda, surgido há
cerca de 10.000 a.C.

Esses escritos antiqüíssimos, cuja idade correta ainda não pôde ser fixada, constituem o molde em que se
formou a religião primitiva da Índia e são os primeiros livros em que se encontra exposta a doutrina secreta,
fundo de todas as religiões e dos livros de todos os povos.

Durante a época védica, anacoretas “rishis” (sábios videntes) passavam o dia em retiro na vasta solidão dos
bosques e às margens de rios e lagos; como intérpretes da ciência oculta, a doutrina secreta dos Vedas,
eles possuíram misteriosos poderes que, transmitidos de século em século, exercem ainda hoje os
chamados “faquires” e “iogues”.

Desde tempos imemoriais, os sacerdotes brâmanes, iniciados nos mistérios sagrados, preparavam
indivíduos chamados “faquires” para a obtenção dos mais notáveis fenômenos mediúnicos, tais como a
levitação, o estado sonambúlico até o nível de êxtase, a insensibilidade hipnótica a dor, entre outros, além
do treino para a evocação dos “pitris” (espíritos que vivem no Espaço, depois da morte do corpo), cujos
segredos eram reservados somente àqueles que “apresentassem quarenta anos de noviciado e de
obediência passiva”.

Os Vedas trazem referências às comunicações mediúnicas, por exemplo, através do grande legislador
Manu: “Os espíritos dos antepassados, no estado invisível, acompanham certos brâmanes convidados para
as cerimônias em comemoração aos mortos, sob uma forma aérea, seguem-nos e tomam lugar ao seu lado
quando eles se assentam”.

O antigo texto sagrado hindu “Bagavatta” declara: “Muito tempo antes de se despojarem do envoltório
mortal, as almas que só praticaram o bem, como as que habitam o corpo dos “sannyassis” e dos
“vanaprastha” (anacoretas e cenobitas) adquirem a faculdade de conversar com as almas que as
precederam no “swarga” (mundo espiritual); é sinal que para essas almas, a série de transmigrações sobre
a Terra terminou”.

Krishna, educado pelos ascetas no seio das florestas de cedros no sopé da Himalaia, apareceu na História
como o primeiro dos reformadores religiosos dos missionários divinos, renovou as doutrinas védicas, e
afirmava no livro sagrado “Mahabhârata”: “Muito tempo antes de se despojarem de seu envoltório mortal, as
almas que só praticaram o bem adquirem a faculdade de conversar com as almas que as precederam
na vida espiritual”. E isso ainda hoje é afirmado pelos brâmanes na doutrina dos “Pitris”, pois, em todos os
tempos a evocação dos mortos tem sido uma de suas formas de liturgia.

1.3.2 A MEDIUNIDADE NA RELIGIÃO DO ANTIGO EGITO.


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A religião desempenhou um papel predominante na vida dos antigos egípcios, deixando sua marca em
quase todos os setores de sua civilização, a ponto de sua arte ser uma expressão de simbolismo religioso, e
de sua literatura e filosofia estarem embebidas de ensinamentos religiosos.

As concepções filosófico-religiosas no antigo Egito propagavam a idéia de um universo eterno regido por
uma inteligência suprema, a noção de ciclos de acontecimentos que se reproduziam constantemente, e a
doutrina das causas naturais, lastreados num idealismo moral e ético.

Seus adeptos criam na consciência inalterável de Deus como o Arquiteto do destino humano, na
imortalidade da alma, na providência divina, no perdão dos pecados e nas recompensas e punições depois
da morte.
Contudo, a verdadeira alma do Egito, o segredo de sua vitalidade e do seu papel histórico, reside na
doutrina secreta dos seus sacerdotes, cuidadosamente velada sob os mistérios de Ísis e Osíris, e
experimentalmente analisada, no fundo dos templos, por iniciados de todas as classes e de todos os países.

O culto popular de Ísis e de Osíris não era senão uma brilhante miragem oferecida à multidão. Debaixo da
pompa dos espetáculos e das cerimônias públicas, ocultava-se o verdadeiro ensino dos pequenos e
grandes mistérios.

Sob formas austeras, os princípios dessa doutrina secreta foram, posteriormente, expressos nos livros
secretos de autoria de Hermes, identificação feita pelos gregos ao deus egípcio Toth, cujo conteúdo incluía
o conhecimento da teologia e da filosofia (Hermetismo erudito), da astrologia, alquimia e magia,
(Hermetismo popular), apelidado “Trismegisto” (três vezes grande), autor ou inspirador de 42 livros: 36
conteriam a ciência dos egípcios e os restantes, os conhecimentos da medicina, constituindo assim uma
vasta enciclopédia; mas nem todos chegaram até os tempos atuais.

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De forma idêntica às práticas religiosas da antiga Índia, as faculdades mediúnicas no Egito foram
desenvolvidas e praticadas no silêncio dos templos sagrados sob o mais profundo mistério, e
rigorosamente vedadas à população leiga.

Hermes Trismegisto afirmava, em relação aos conhecimentos ocultos, entre os quais se achava o
mediunismo: “O véu do mistério cobre a grande verdade, pois o conhecimento total desta só pode ser
revelado àqueles que atravessarem as mesmas provas que nós (“provas iniciáticas”). É preciso medir a
verdade segundo as inteligências, velá-la aos maus, que dela fariam arma de destruição”.

A iniciação nos templos egípcios era cercada de numerosos obstáculos e de reais perigos, cujas provas
físicas e morais eram longas e múltiplas, passando, entre outras, pelas provas da morte, do fogo, da água e
da escravidão dos sentidos. Exigia-se o juramento de sigilo, e a menor indiscrição era punida com a morte.
Essa temível disciplina dava forma e autoridade incomparáveis à iniciação e à religião secreta. À medida
que o adepto avançava em seu curso, descortinavam-se-lhes os véus, fazia-se mais brilhante a luz e se
tornavam mais vivos e animados os símbolos. O alvo mais elevado a que um iniciado podia aspirar era a
conquista dos poderes sobrenaturais, cujo emblema era a coroa dos magos.

Saídos de todas as classes sociais, mesmo das mais ínfimas, os sacerdotes eram os verdadeiros senhores
do Egito; os reis, por eles escolhidos e iniciados, só governavam a nação a título de mandatários.

Todos os historiadores estão de acordo em atribuir aos sacerdotes do Antigo Egito poderes que pareciam
sobrenaturais e misteriosos. Os magos dos faraós realizavam todos esses prodígios que são referidos na
Bíblia; mas, deixando de lado o que pode haver de lendário nessas narrações, é bem certo que eles
evocavam os mortos, pois Moisés, seu discípulo, proibiu formalmente que os hebreus se entregassem a
essas práticas.

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Portanto a comunicação com os espíritos sempre existiu e é tão velha quanto o mundo. Se o próprio Moisés
proibiu o intercâmbio do povo hebreu com os mortos, é porque isso era razoavelmente possível.

Os sacerdotes do antigo Egito eram tidos como pessoas sobrenaturais, em face dos
poderes mediúnicos, que eram misturados maliciosamente com práticas mágicas e de
prestidigitação. A ciência dos sacerdotes do Egito antigo ultrapassava em muito a
ciência atual, pois conheciam o magnetismo, o sonambulismo, curavam pelo sono
provocado, praticavam largamente a sugestão, provocavam a clarividência com fins
terapêuticos e eram célebres pelas práticas de curas hipnóticas.

2. A FALCULDADE MEDIÚNICA E O ESPIRITISMO


É evidente que o despertamento do “homem interno” pela disciplina esotérica e a exigência moral
superior, que formam as bases da iniciação nos templos iniciáticos, são dignas de acatamento. Mas,
embora louvando a iniciação tradicional que, desde épocas remotas, gradua o discípulo estudioso e
disciplinado para receber o seu mestre ou “guru” no momento de seu despertamento espiritual, deve-se
advertir que a humanidade terrena atingiu atualmente o período do seu mais grave e doloroso reajuste
cármico.

Os tempos apocalípticos atuais e a época profética de “Fim dos Tempos” reclamam abertura de todas as
portas dos templos iniciáticos, pois o fenômeno mediúnico generaliza-se à luz do dia e se manifesta
quotidianamente a todos os homens, independente de raça, casta, cultura ou situação financeira.

Quando o Alto convocou o espírito hábil, genial e laborioso de Allan Kardec para codificar a Doutrina Espírita
e disciplinar a prática mediúnica, já tencionava livrar a humanidade dos sortilégios, das invocações
lúgubres, das posturas melodramáticas, dos compromissos ridículos, da magia exaustiva e dos ritos
extravagantes.

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Ainda no século XIX, só os iniciados mais felizes sabiam manipular os ingredientes mágicos e promover o
clima de “suspense”, destinados a proporcionar o ambiente favorável para se manifestarem as entidades do
outro mundo.
Depois de exaustivos rituais e cantilenas cabalísticas, longo desperdício de tempo, emprego de drogas
misteriosas e uso de instrumentos exóticos, eles então conseguiram algumas fugazes materializações de
“larvas” ou entes do astral inferior, que se moviam à guisa de fenômenos importantes e assustadores.

Sem dúvida, houve magos que também puderam vislumbrar algumas almas elevadas e seres
resplandecentes, mas isso não lhes aconteceu por força dos ritos ou das práticas extravagantes, porém
devido ao seu próprio caráter nobre e à sua melhor graduação espiritual.

Embora o fenômeno mediúnico seja manifestação intrínseca do mundo espiritual invisível, ele
se manifesta entre os homens de acordo com a sensibilidade, a cultura, a moral, a capacidade
nervosa e a dependência do compromisso assumido pelos médiuns antes de se encarnarem.

No entanto, a sua técnica nas relações entre os “vivos” e os “mortos” poderá melhorar consideravelmente,
assim que houver maior cooperação da própria ciência terrena, ajudando a eliminar as excrescências
mórbidas e os fatores nocivos e ridículos do falso mediunismo. Aliás, inúmeros cientistas e homens de
letras, desde o aparecimento do Espiritismo, já contribuíram salutarmente para livrá-lo de superstições e
ritos indesejáveis.

É certo que atualmente já não existem as fogueiras da Idade Média, quando as autoridades eclesiásticas
torravam os médiuns por considerá-los feiticeiros mancomunados com o Diabo; mas, infelizmente, ainda
permanecem acesas as chamas do sarcasmo, da calúnia, do despeito e da injúria!

Num extremo, os cientistas envaidecidos pelos seus pruridos acadêmicos atacam os médiuns e clamam
contra o perigo de uma psicose espirítica coletiva; noutro lado, o sacerdócio organizado os excomunga de
seus púlpitos, injuriando-os diante da imagem do próprio Jesus, que foi um defensor do amor incondicional!

Mas ninguém poderá deter a marcha evolutiva do Espiritismo, pois os bons médiuns de hoje já dominam os
mesmos fenômenos que antigamente exaltavam os profetas, os oráculos, as pitonisas, os astrólogos, as
sibilas e os magos.
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2º módulo: Estudo da mediunidade baseado nas obras de Ramatís
PREPARANDO-SE PARA O III MILÊNIO 9. Mediunidade e fenômenos mediúnicos 14

Graças ao espírito sensato e inteligente de Allan Kardec, as relações mediúnicas entre os encarnados e os
desencarnados já se efetuam desembaraçadas das complicações, das verborragias e dos desperdícios de
tempo, que eram essenciais à velha magia, pois as práticas mediúnicas sadias nos seio do Espiritismo
ocorrem sem ritos exaustivos ou práticas misteriosas.

Quer os médiuns kardecistas de “mesa”, durante as comunicações copiem os notáveis tribunos, expondo
em linguagem culta e castiça o pensamento dos desencarnados; quer os “cavalos” de Umbanda cuidem dos
filhos do terreiro, transmitindo os conselhos dos “pais de terreiro” em linguagem simples ou arrevesada;
quer os esoteristas, em suas “sessões brancas”, se digam inspirados para as prédicas doutrinárias; e os
teosofistas confiem unicamente nos seus mestres tradicionais, ou os discípulos iniciáticos aguardem o seu
“mestre” no momento de sua maturidade espiritual, isso tudo enfim não passa de fenômenos mediúnicos,
embora varie o ambiente de sua manifestação e seja diferente o rótulo de cada conjunto religioso ou
espiritualista.

Foi o Alto, e não o homem terreno, quem atribuiu ao Espiritismo a vigilância e o controle da
manifestação mediúnica na Terra, além da divulgação dos seus postulados de esclarecimento
da Vida Imortal e de renovação moral do homem.

Os fenômenos de materializações e as mais diversas manifestações mediúnicas de comunicação entre


vivos e mortos já foram perquiridos, analisados e concluídos pelos mais avançados homens de ciência.
Assim, médicos, filósofos, químicos, escritores e estudiosos, como Gabriel Delanne, Leon Denis, Aksakoff,
Paul Gibier, William Crookes, Césare Lombroso, Bozzano, Carl Duprel, Gonzáles Soriano, Oliver Lodge,
Conan Doyle, Dennis Bradley e outros, recorreram aos mais avançados aparelhamentos de laboratório e de
investigações precisas, concluindo pela realidade dos fenômenos mediúnicos e pela lógica dos postulados
espiritistas.

Não importa se os adversários do Espiritismo alegam que tais cientistas foram ingênuas cobaias nas mãos
de hábeis prestidigitadores! Os aparelhos de precisão e máquinas fotográficas que registraram as
experiências não mentem nem distorcem os fenômenos!

Só depois do advento do Espiritismo é que realmente surgiu um corpo organizado, um sistema competente,
filosófico, religioso e científico, com o intuito de disciplinar e controlar as experiências com os
desencarnados. Os espíritos então preencheram as necessidades dos indagadores; e, além de
comprovarem a imortalidade da alma, ainda ofereceram diretrizes para o melhor comportamento do homem
no intercâmbio com os “falecidos”.

Antes da codificação espírita, os magos, feiticeiros e iniciados mantinham intercâmbio com os


desencarnados, mas só o conseguiam através de práticas absurdas e complexas, para lograr um breve e
confuso contato com o mundo oculto.

A codificação espírita é a responsável pela prática mediúnica mais sadia e sensata nas relações entre os
“mortos” e os “vivos”, atendendo a promessa de Jesus de que enviaria o “Consolador” para derramar-se
pela humanidade.

Desde que o Espiritismo não é uma iniciativa destinada exclusivamente à especulação filosófica
“extraterrena”, mas ainda deve zelar pelo exercício eficiente e sensato da mediunidade entre os homens,
então realmente lhe cabe vulgarizar o intercâmbio com os “mortos”, para melhor esclarecimento dos “vivos”.

O médium difere do tradicional adepto filiado aos templos iniciáticos, porque deve enfrentar
as suas provas e tentações à luz do dia, entre as atividades e vicissitudes cotidianas.

O discípulo da iniciação oculta deve provar suas virtudes e vontade através de símbolos e das reações
provocadas pelos “testes” iniciáticos, ao passo que o médium enfrenta as mais duras provas no convívio da
família, no ambiente de trabalho, nas suas relações cotidianas, nas obrigações sociais e durante as
deficiências da saúde.
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PREPARANDO-SE PARA O III MILÊNIO 9. Mediunidade e fenômenos mediúnicos 15

O Espiritismo foi inspirado pelo próprio Mestre Jesus para esclarecer os homens, cabendo-lhe atender
desde os cérebros mais cultos até os mais pobres de entendimento intelectual. Assim como o Divino Amigo
desceu à Terra para servir a “todos” os homens, o Espiritismo também assumiu a responsabilidade crítica de
atender toda a humanidade, sem qualquer exceção de seita religiosa, casta social ou privilégio de cultura.

Alguns críticos afirmam que a fenomenologia mediúnica, sob os auspícios do Espiritismo, só atende a um
sentido espetacular, uma vez que os fenômenos do mundo oculto impressionam os sentidos físicos do
homem, mas não contribuem para despertar a sua natureza Angélica.

De fato, a fenomenologia mediúnica, considerada exclusivamente como espetáculo incomum aos sentidos
humanos, não é suficiente para modificar o raciocínio do homem impertinente.

Os fenômenos mediúnicos podem “convencer” o homem de sua imortalidade sem, no entanto, o


“converter” à vida moral superior, pregada pelos mais abalizados instrutores do reino angélico.

É justamente por isso que o Evangelho é a base ou o cimento indestrutível da Codificação Espírita, porque
o homem, além de reconhecer-se imortal, deve também angelizar-se através da mensagem do Cristo.
Assim, pois, que vale a convicção salutar de sua imortalidade, se ele não se prepara para usufruir a ventura
espiritual depois da morte física?

Evidentemente, o Espiritismo não é culpado por muitos de seus adeptos não lhe seguirem os princípios de
libertação espiritual e renovação moral, preferindo apenas usufruir-lhe os fenômenos que só afetam os
sentidos físicos.
A despeito de muitos afirmarem que a generalização da prática mediúnica sensibiliza prematuramente o
homem, colocando-o em relação e contato desvantajoso com o astral inferior, quando ele ainda não
desvendou os meios de defesa psíquica contra o assédio perigoso dos espíritos perversos e mistificadores,
vale lembrar que nenhuma criatura precisa “desenvolver” sua mediunidade, para depois se ligar ao mundo
oculto inferior!

Os asilos de loucos estão repletos de indivíduos egressos de todas as religiões e condições humanas, que
de algum modo exercitaram sua mediunidade ou participaram de algum movimento espiritualista. Eles se
arruinaram pela índole moral deficiente, pelo vício, pela fraqueza moral e espiritual ou pelo débito cármico
do passado, e não por qualquer “exercício mediúnico” !

O contato perigoso com espíritos inferiores não é fruto exclusivo da freqüência dos trabalhos
mediúnicos de mesa ou de terreiro, mas depende muitíssimo da natureza dos pensamentos e
das emoções do homem.

São atitudes desfavoráveis que sensibilizam mediunicamente qualquer pessoa para ligá-la às entidades das
sombras:

• a corrupção moral

• o vício degradante

• a paixão inferior

• a lascívia mental ou verbal

Enquanto Rasputin, sem freqüentar qualquer trabalho de desenvolvimento mediúnico, punha-se em contato
diário com os espíritos diabólicos, Francisco de Assis, atuando noutra faixa vibratória, podia comunicar-se
com Jesus!

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O Espiritismo pesquisa, estuda, controla e divulga o fenômeno mediúnico e as relações com os


desencarnados, pois isso realmente lhe constitui a base prática dos seus princípios doutrinários em conexão
com a Lei do Carma e da Reencarnação.

Tratando-se de doutrina que não depende de rituais, compromissos religiosos ou iniciáticos, e não firma sua
divulgação nos ingredientes da magia terrena, mas sim na elevação moral na vida prática, o Espiritismo é
realmente o mais credenciado movimento espiritualista para popularizar os fenômenos de contato com o
Além.

Embora concordando em que todos os homens são espíritos encarnados, e conseqüentemente médiuns
potencialmente inatos, não é preciso que o homem seja necessariamente espírita para só então ser
considerado médium; o importante é que ele seja bom e digno a fim de cercar-se de boas influências e
atrair os bons espíritos.

O Catolicismo o e Protestantismo não admitem a mediunidade com a denominação específica que lhe dá o
Espiritismo, mas consideram-na uma “graça” extemporânea que Deus só concede às almas santificadas. No
entanto, a interpretação diferente ou a denominação do fenômeno mediúnico não lhe muda o caráter só
porque se revela noutro ambiente espiritualista ou ocorre num seio religioso adverso aos postulados
espíritas.

Tanto a Bíblia como as histórias das religiões católicas e protestantes estão repletas de relatos de visões e
outros fenômenos mediúnicos, malgrado os explicarem à conta de “milagres” ou “graças” inesperadas
outorgadas por Deus.

E isso se comprova pelas visões proféticas de Dom Bosco, Francisco de Assis, Antônio de Pádua, Papa Pio
XII, Tereza de Jesus e outros, inclusive pelas aparições de Lourdes e Fátima, que também não passam de
fenômenos mediúnicos registrados por crianças e por pessoas “médiuns”.

Muito embora certas instituições espiritualistas procurem sublimar ou aristocratizar os acontecimentos


incomuns do intercâmbio de seus adeptos com o mundo oculto, esses foram médiuns na acepção exata e
vulgar da palavra, apesar de tentarem disfarçar os fenômenos mediúnicos com uma terminologia iniciática.

A diferença é que o Espiritismo trata o assunto da mediunidade às claras, sem “tabus” iniciáticos ou
nomenclaturas complexas; ele os expõe à luz do dia e os examina sem quaisquer ritualismos complicados.

O homem que é beneficiado pelo Alto com o “acréscimo” da faculdade mediúnica, através
da Doutrina Espírita, conhece quais são os seus deveres para com o mundo físico e a sua
responsabilidade para com a própria alma!

Mas, acima de tudo, quer o médium seja beneficiado pela riqueza ou senhor de um cérebro genial,
glorificado pelo academicismo do mundo, ou então apenas criatura paupérrima e ainda onerada pelo fardo
da família, o seu dever é servir na medida de suas forças, pois isso é também a tarefa de sua própria
redenção espiritual.

Desprezando-se todas as interpretações sibilinas, as nomenclaturas afidalgadas e as graduações


excepcionais dos acontecimentos iniciáticos de muitas instituições espiritualistas, em essência elas são
puro fenômeno mediúnico.

Como exemplo, pode-se citar a Sociedade Teosófica, em que Helena Blavatsky, o bispo anglicano
Leadbeater, Geoffrey Hodson, Elsa Barker e outros filiados eram médiuns que receberam comunicações
diretas ou indiretas do mundo oculto, apesar de lhes darem uma procedência completamente oposta ao
fenômeno propriamente mediúnico e o modo como o encara a Doutrina Espírita.

Embora tais movimentos espiritualistas ou religiosos não usem em seus domínios o vocábulo “médium” na
sua expressão espiritista, nem por isso os seus medianeiros deixaram de se enquadrar na técnica sideral da
manifestação mediúnica, quando captavam mensagens diretamente de seus Mestres, ou o faziam por
intuição.

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As escolas Teosóficas, Rosa-Cruz, Esotéricas e Yogas sempre evitaram em seus ensinamentos e práticas o
contato mediúnico com as regiões inferiores do mundo invisível, assegurando que: “assim que o discípulo
está pronto, o Mestre também aparece”. Louvavelmente, propõe que os seus adeptos se modifiquem
primeiramente em sua intimidade espiritual, para só depois tentarem as relações com os seres etéreos do
mundo invisível.

Não há dúvida de que se trata de uma disposição sadia, meritória e sensata em relação ao mediunismo,
mas nesse campo o Espiritismo revela-se movimento popular e de amplitude geral, destinado a todos os
homens.

Muito antes de atender somente àqueles que já se colocam no “Caminho da Verdade”, ele se destina a
amparar principalmente os homens incrédulos, desajustados e torturados pela eclosão de sua mediunidade
de prova.

O despertamento da faculdade mediúnica nos médiuns de prova exige cuidados urgentes e


roteiro seguro, a fim de se evitar o fracasso do programa delineado pelos mentores no Astral.

A manifestação mediúnica não depende da crença ou poderio religioso, nem de convicções pessoais do
homem ou do ambiente onde vive, mas é conseqüência inalterável do compromisso que o espírito assumiu
antes de se reencarnar, cujo mandato ele requereu em seu próprio benefício e deve ser cumprido na hora
aprazada.

Quer então seja ateu, participe do ambiente espírita, devote-se a qualquer seita religiosa ou tenha se
comprometido com alguma instituição iniciática, a faculdade mediúnica de “prova” eclode no momento exato
em que se deve realmente iniciar a sua tarefa sacrificial.

Ignoram muitos teósofos, esoteristas, rosa-cruzes e alguns outros fraternistas filiados a cursos iniciáticos
que, embora se deva louvar o método ideal de o homem desenvolver conscientemente suas faculdades
ocultas, independentemente do intercâmbio espiritual sadio com as almas superiores, desde que reencarne
na matéria comprometido em exercer a “mediunidade de prova”, tem ele que se submeter ao processo
gradativo e disciplinado pela técnica espírita de desenvolvimento, preconizada por Allan Kardec.

No entanto, os homens que, devido ao seu elevado aprimoramento espiritual, são médiuns naturais, já
usufruindo o dom espontâneo da intuição pura, é fora de dúvida que sempre apresentarão as condições
psíquicas incomuns e satisfatórias para lograrem graduação destacada em qualquer doutrina ou
instituição iniciática, sem precisar exercer a função passiva de médium em serviço com os espíritos do
astral inferior.

Já aqueles que, em vidas pretéritas, abusaram do seu comando mental e serviram-se de sua inteligência
lúcida para tripudiar sobre os menos agraciados pela sorte, que pela cupidez, egoísmo, avareza ou calúnia
usufruíram os bens alheios, semeando prejuízos irreparáveis, hão de cumprir o seu mandato mediúnico
na condição humilhante de ceder sua organização carnal para que velhos adversários, comparsas ou
vítimas do passado possam reajustar-se mais brevemente aos preceitos do Cristo.

2.1 ESPIRITISMO x MEDIUNISMO

É conveniente, de início, distinguir-se o que é Espiritismo e o que significa Mediunismo. Espiritismo é


doutrina disciplinada por um conjunto de leis, princípios e regras, que tanto orientam as relações entre os
espíritos encarnados e os desencarnados, como também promove a renovação filosófica e moral dos seus
adeptos. No entanto, a faculdade mediúnica pode existir independentemente de a criatura ser espírita ou
mesmo indiferente aos fenômenos mediúnicos.

Há médiuns que operam em vários setores espiritualistas, mas não aceitam nenhum dos postulados
básicos do Espiritismo, assim como também existem espíritas que são alérgicos às sessões mediúnicas e
se interessam exclusivamente pelo conteúdo filosófico da doutrina.

Aliás, muitas vezes é preferível admitir unicamente os conceitos lógicos e sensatos com que Allan Kardec
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integrou a codificação espírita, antes mesmo de se buscarem provas e coligirem os princípios doutrinários
do Espiritismo por intermédio de alguns médiuns manhosos, tolos, anímicos e preguiçosos, que nem
sempre mantém conduta regular no mundo profano.

Só pelo fato de se verificar a atuação de espíritos em qualquer gênero de trabalhos mediúnicos, não se
infere disso que ali se pratique Espiritismo. A Doutrina Espírita só é realmente confirmada em sua prática
quando, independentemente dos fenômenos mediúnicos, os seus adeptos aceitam e cultuam as suas
regras e os seus princípios morais elevados no trato da vida material.

É necessário que os adeptos da Doutrina Espírita, muito além de assíduos espectadores das reuniões
mediúnicas e pedintes contumazes e incorrigíveis dos benefícios doados pelo Além, se integrem, também,
ao cumprimento incondicional dos seus postulados morais que, acima de tudo, devem melhorar a conduta
do homem.

Antes da Codificação Espírita, já existiam espíritos sofredores que eram doutrinados no Espaço, e
dispensavam os trabalhos mediúnicos na Terra, pois isso é tarefa comum no Astral, e dispensa mesmo a
interferência dos encarnados.

Mas, em face da época profética de “fim de tempos” e seleção espiritual, além da carga magnética inferior
que satura todo o orbe, os Mestres Siderais autorizaram a eclosão da mediunidade entre os homens, a fim
de cooperarem espiritualmente na redenção dos seus irmãos infelizes desencarnados.

Em conseqüência, o Espiritismo é o movimento espiritualista mais eficiente e sensato para disciplinar os


médiuns e orientar-lhes as relações perigosas entre “vivos” e “mortos”, dando-lhes a garantia e segurança
contra as investidas malfeitoras do mundo oculto; por isso, é doutrina sem mistérios, tabus ou
compromissos religiosos.

3. A MEDIUNIDADE NOS TEMPOS ATUAIS E O CONSOLADOR PROMETIDO


Assim se manifestou o Divino Amigo, com suas palavras inesquecíveis: “Se me amais, guardai os meus
mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente
convosco o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e absolutamente não o
conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador,
que é o Santo Espírito que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar
tudo o que vos tenho dito”. (João, capítulo XIV, versículos 15, 16, 17 e 26).

Procurando-se o sentido exato da figura que Jesus enunciou na promessa referida, verifica-se que ele
aludiu em particular a espíritos desencarnados de ordem superior, ou seja, às equipes de estirpe Angélica.

Sob a alegoria do “Espírito Santo”, ou o “Consolador” prometido, não é difícil se identificar as cortes, as
falanges ou os exércitos angélicos que já operam atualmente através de médiuns dignos e desinteressados
dos tesouros do mundo ilusório da carne.

Explicando que o Consolador seria o Espírito Santo capaz de ensinar aos homens “todas as coisas e ainda
recordar suas próprias palavras”, não há dúvida de que Jesus se referiu aos Espíritos Benfeitores
Angélicos, desde que só estes é que, realmente, por intermédio da faculdade mediúnica do homem,
poderiam ensinar “essas coisas, pregar o Evangelho e recordar suas próprias máximas”.

É evidente que, pelo fato de Jesus haver se referido a “outro” Consolador, em sua promessa profética, ele
quis advertir de que na Terra já havia se manifestado anteriormente “um” Consolador, que seria Ele mesmo,
com a missão de salvar o homem da animalidade inferior.

Desde que o Mestre foi realmente um salvador da humanidade, deve-se considerá-lo como esse primeiro
Consolador que, através do Evangelho, sintetizou aos homens as próprias Leis regentes da Vida Cósmica.
Mas, o “outro” Consolador, portanto o Espírito Santo, ainda por vir e a derramar-se sobre a carne, em todas
as criaturas, traria o ensinamento “salvador” diretamente do mundo espiritual, servindo-se das vozes dos
próprios espíritos desencarnados e imortais. É muitíssimo claro que só um espírito imortal é que,
evidentemente, poderia ficar eternamente com os terráqueos.

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Jesus também esclareceu que os povos de sua época messiânica ainda não podiam “ver” ou “conhecer” o
Espírito de Verdade porque, é fora de dúvida, não estavam mentalmente capacitados e mediunicamente
sensibilizados para compreender e recepcionar com êxito a mensagem dos espíritos elevados.

Na primeira revelação do Consolador aos homens, Jesus foi o único representante direto do Santo Espírito,
pois só Ele conversava, ouvia e confabulava com os “anjos” sobre a salvação do homem. Mas, de
conformidade com o seu vaticínio, esse mesmo Espírito Santo, em sua segunda vinda, ensinaria aos
homens todas as coisas, comprovando a glória e a justeza dos ensinamentos do Evangelho.

Há ainda na enunciação do Mestre um tópico indiscutível e que confirma plenamente a sua referência sobre
a faculdade mediúnica a derramar-se entre os homens nos tempos atuais: é justamente quando ele
menciona que o Consolador, o Santo Espírito, faria os homens recordarem-se de tudo o que Ele, Jesus,
dissera anteriormente.

Na verdade, graças ao intercâmbio mediúnico, que progride gradativamente, familiarizando os espíritos


desencarnados com os homens, pouco a pouco também se restabelece corretamente a identidade do
Mestre em sua pregação terrena.

Algumas obras psicografadas por médiuns ajuizados e competentes já revelaram com mais nitidez o porte
exato de Jesus, naquela época, e o distanciam das obras milagrosas e das contradições psicológicas no
seu tipo espiritual, quando a história religiosa lhe atribui a função de mago de feira deslumbrando multidões
no cenário bíblico da milenária Judéia.

Os espíritos de responsabilidade, em suas comunicações mediúnicas, isentam cada vez mais o Mestre das
prendas tolas com que o adornou a ignorância humana, assim como desfazem o mito religioso do seu
nascimento contrário às leis respeitáveis da genética humana.

Em verdade, o Santo Espírito ou o Consolador prometido é o “conjunto” dos espíritos sábios,


benfazejos e angélicos que, através dos médiuns, ensinam aos homens as coisas que só o atual
progresso da mente humana permite avaliar e conhecer.

4. MEDIUNIDADE E CIÊNCIA
Os fenômenos mediúnicos já se generalizam de tal forma, no século atual, que se manifestam tanto aos
homens que os desejam ou procuram, como entre aqueles que os detestam ou os temem, acreditando
serem manifestações diabólicas.

Malgrado o prestígio da Ciência acadêmica no mundo atual, os cientistas terrenos já não podem fugir à
contingência imperiosa de estudarem a mediunidade, cada vez mais atuante no seio da humanidade
terrena.

Em países mais cultos, se efetuam pesquisas e estudos sérios no gênero, embora ainda sob o rótulo de
“parapsicologia”, nomenclatura que atende aos superficialismos da vaidade acadêmica. O cientista, no
entanto, só em raros casos se acha liberto da prerrogativa religiosa ou do preconceito acadêmico,
geralmente desinteressado de submeter o fenômeno mediúnico ao estudo das faculdades superiores.

Mas a verdade é que a ciência do mundo não poderá fugir a sua própria missão de sanear a prática da
fenomenologia mediúnica no futuro, quando os laboratórios também ajudarão a selecionar os médiuns
verdadeiros dos charlatões, dos histéricos, mercenários ou enfermiços que, por vezes, militam no
espiritismo sem possuir as credenciais exigidas para a tarefa.

Considerando-se que o Criador permanece integrado em toda a Sua Obra, é evidente que Ele também
opera através da ciência do mundo material, como um dos recursos benfeitores para a mais breve felicidade
de seus filhos.

E quando o fenômeno mediúnico se impuser definitivamente à ciência profana, os médiuns também se


livrarão da tradicional excomunhão dos próprios sacerdotes que, irritados pela mensagem sensata do
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Espiritismo, ainda confundem o século atual com a época sombria da Inquisição, quando queimavam
ciganos, bruxos e esoteristas à guisa de afilhados do demônio!

5. NATUREZA DA FACULDADE MEDIÚNICA


A mediunidade é um patrimônio do espírito: é faculdade que se engrandece em sua percepção psíquica,
tanto quanto evolui e se moraliza o espírito do homem.

A sua origem é essencialmente espiritual e não material. Ela não provém do metabolismo do sistema
nervoso, como alegam alguns cientistas terrenos, mas enraíza-se na própria alma, onde a mente, à
semelhança de eficiente usina, organiza e se responsabiliza por todos os fenômenos da vida orgânica, que
se iniciam no berço físico e terminam no túmulo.

A mediunidade é faculdade extraterrena e intrinsecamente espiritual; em sua manifestação no campo de


força da vida material, ela pode se tornar o elemento receptivo das energias sublimes e construtivas
provindas das altas esferas da vida Angélica. Quando é bem aplicada, transforma-se no serviço legítimo da
angelitude, operando em favor do progresso humano.

No entanto, como recurso que faculta o intercâmbio entre os “vivos” da Terra e os “mortos” do Além,
também pode servir como ponte de ligação para os espíritos das sombras atuarem com mais êxito sobre o
mundo material.

Muitos médiuns que abusam de sua faculdade mediúnica e se entregam a um serviço mercenário em favor
exclusivo dos seus interesses particulares, não demoram em se ligar imprudentemente às entidades
malfeitoras dos planos inferiores, de cuja companhia dificilmente depois eles conseguem se libertar.

A mediunidade não é apenas um fenômeno orgânico, fruto da carne transitória, nem provém de
qualquer sensibilidade ou anomalia do sistema nervoso; é manifestação característica do espírito
imortal.

É percepção espiritual ou sensibilidade psíquica, cuja totalidade varia de indivíduo para indivíduo, pois, em
essência, ela depende também do tipo psíquico ou do grau espiritual do ser.

Embora os homens se originem da mesma fonte criadora, que é Deus, eles diferenciam-se entre si porque
são consciências individualizadas no Cosmo, conservando as características particulares que variam
conforme a sua maior ou menor idade sideral. Há um tom espiritual próprio e específico em cada alma, e
que se manifesta por uma tonalidade particular durante a manifestação mediúnica.

6. A GENERALIDADE ATUAL DO FENÔMENO MEDIÚNICO


A mediunidade atualmente generaliza-se e recrudesce entre os homens de modo ostensivo e tal fenômeno
resulta da hipersensibilidade psíquica que presentemente sobressai entre as criaturas, em concomitância
com o “fim de tempos” ou “juízo final”, tanta vezes já profetizado.

Os tempos atuais são o remate final da “Era da Matéria”, que até o momento tem sido regida pela
belicosidade, cobiça, astúcia, cólera, egoísmo e crueldade, paixões mais próprias do instinto animal
predominando sobre a centelha espiritual.

A humanidade se encontra no limiar da “Era do Espírito”, em que se sentirá impulsionada para o estudo e
o cultivo dos bens da vida eterna, com acentuado desejo de solucionar os problemas de origem espiritual,
quando então as comprovações científicas da imortalidade da alma, através do progresso da fenomenologia
mediúnica, reduzirão bastante a fanática veneração do homem pela existência transitória do corpo físico.

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Assim como o organismo carnal do homem em certo tempo verticalizou-se para servi-lo em nível biológico
superior, o seu espírito também há de se erguer da horizontalidade dos fenômenos e dos interesses
prosaicos da vida física provisória, para atuar definitivamente na freqüência vibratória do mundo Crístico.

Na época profética que atualmente vive, sob a emersão coletiva do instinto animal simbolizado na “Besta do
Apocalipse”, que tenta subverter o espírito do homem ainda escravo das formas terrenas, a humanidade
pressente que já chegou a sua hora angustiosa de seleção espiritual e consolidação planetária, em que a
criatura terá de se decidir definitivamente para a “direita” ou para a “esquerda” do Cristo, conforme reza a
profecia, pois serão separados os lobos das ovelhas e o joio do trigo.

O magnetismo do ser humano freme à periferia do seu psiquismo exaltado pela energia animal, a qual
emerge em sua desesperada tentativa de subverter os costumes, as tradições e a disciplina do espírito
imortal.

Os homens se encontram confusos no limiar de duas épocas extremamente antagônicas, pois, justamente
com o reiterado apelo do Alto para a Cristificação humana, recrudesce também a efervescência do
automatismo instintivo da vida animal.

Os hospitais estão abarrotados de criaturas alienadas ou obsediadas, que provêm desde as favelas até as
altas esferas sociais, cuja maioria é torturada pelas crises financeiras ou morais. Nessa miséria espiritual,
abrangendo tanto os ateus como os seres egressos das mais variadas doutrinas e religiões, fica
comprovado que o sacerdócio organizado das religiões oficiais realmente fracassou em sua missão
salvadora.

O pior é que, durante essa eclosão incontrolável do instinto inferior, os espíritos desencarnados e
malfeitores firmam o seu alicerce na carne e executam também o seu programa diabólico contra os
terrícolas que, tolamente, são apáticos aos sublimes ensinamento salvadores do Cristo-Jesus.

Atuado pelas mais contraditórias circunstâncias, vivendo em minutos o que os seus antepassados não
viveram em alguns anos, o homem do presente século acaba por destrambelhar os seus nervos e
superexcitar o seu psiquismo, perdendo terreno no seu controle espiritual e tornando-se um instrumento
dócil nas mãos dos espíritos desencarnados malévolos.

Essa constante relação dos “vivos” com os “mortos”, embora os primeiros sejam inconscientes do que
acontece, termina por sensibilizar cada vez mais a criatura humana, com o agravante de que se efetua nela
um verdadeiro desenvolvimento mediúnico de qualidade inferior. Daí, pois, a necessidade inadiável de o
homem prudente e bem intencionado integrar-se definitivamente nos preceitos salvadores do Cristo e vivê-
los incessantemente à luz do dia.

O próprio progresso científico atual também contribui para essa hipersensibilização humana, em que o
homem cada vez mais se sintoniza com as forças do mundo oculto. O cientificismo avançado dos tempos
atuais, as pesquisas corajosas dos velhos “tabus” e segredos da mente humana, sem dúvida são
importantes contribuições que não só aceleram a dinâmica de pensar e aumentam a área da consciência,
como também sensibilizam a emotividade do ser.

O homem, atualmente, vive em algumas horas, e de modo simultâneo, os raciocínios,


as conjecturas e as mutações mentais e emotivas que os seus antepassados não
chegavam a experimentar em dezenas de anos.

O cidadão atual defronta e resiste obrigatoriamente a uma multiplicidade de fenômenos “psicofísicos” tão
eqüidistantes em suas manifestações variadas, que isso seria suficiente para endoidecer a maioria dos
habitantes terrenos de alguns séculos atrás.

Cresce assim a sensibilidade psíquica entre os homens terrícolas; acentua-se-lhes a eclosão da


mediunidade em comum, porque também vivem sob o incessante acicate dos espíritos desencarnados, que
assim exploram essa oportunidade cada vez mais favorável para agirem sobre a matéria.

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O próprio Jesus preconizou a vinda do “Consolador” a derramar-se pela carne de todos os homens e
facultando a profecia e o dom de curar às crianças, aos moços e velhos, focalizando assim o advento da
mediunidade generalizada. O Mestre previu que, no decorrer do século atual, a humanidade estaria cada
vez mais neurótica, aflita e desesperada, ante a emersão do instinto animal inferior tentando romper o temor
religioso e as convenções sociais do mundo. Por isso, João Evangelista profetizara que “no fim dos tempos”
a Besta do Apocalipse tentaria o seu domínio sobre os homens pela prática das sensações inferiores,
sedução do luxo e da fortuna!

Em verdade, cresce a perturbação no seio da humanidade terrícola, pois foram abertas as comportas do
astral inferior e descem para a carne a multiplicidade de espíritos trevosos, que viviam estagnados no caldo
de cultura dos pântanos infernais. Assim, aumenta a fauna dos desregrados, rebeldes, viciados, tiranos,
perversos e inescrupulosos, revelando taras estranhas e cometendo crimes aviltantes! Segundo o Livro da
Apocalipse, “Satanás seria solto depois de mil anos, e teria pouco tempo para agir”, pois Satanás, na
verdade, é o símbolo da escória espiritual atuando sobre a face do orbe.

Indiscutivelmente, confirmam-se os vaticínios de Jesus, de que no “fim dos tempos” os velhos, os moços e
as crianças teriam visões, ouviriam vozes estranhas e profetizariam, isso logo em seguida ao advento do
Espírito de Verdade.

O Mestre indicou claramente os tempos atuais, quando predisse os acontecimentos materiais


incomuns dos dias de hoje e a eclosão simultânea da mediunidade se generalizando entre os
homens, simbolizando o “Consolador” prometido a se derramar pela carne das criaturas.

A mediunidade, portanto, é um recurso de emergência, espécie de “óleo canforado” para erguer a vitalidade
espiritual do terrícola e mantê-lo desperto para a severa argüição do Juízo Final.

7. EVOLUÇÃO DA MEDIUNIDADE
A mediunidade evolui tanto quanto evolui o psiquismo do homem, pois ela é correlata com seu progresso e
a sua evolução espiritual, mas é necessário distinguir que o padrão evolutivo da mediunidade não deve ser
aferido pela produção mais ostensiva dos fenômenos incomuns do mundo material.

Assim é que o médium de fenômenos físicos, embora possa produzir uma fenomenologia espetacular e
surpreendente aos sentidos carnais, nem por isso se sobrepõe ao médium altamente intuitivo, como fruto de
elevado grau espiritual do homem.

Enquanto os fenômenos físicos dependem fundamentalmente da maior ou da menor cota de ectoplasma


produzido pelo médium a fim de permitir a materialização dos desencarnados no cenário físico, o médium
intuitivo é de alto nível espiritual, capaz de transmitir mensagens que ultrapassam a craveira comum da vida
humana.

Embora não surpreenda, nem satisfaça os sentidos físicos com suas comunicações de caráter puramente
espiritual, ele pode traçar roteiros definitivos para o progresso sideral dos homens.

No primeiro caso, a mediunidade de fenômenos físicos se manifesta de modo espetacular ao operar no


mundo das formas, mas é acontecimento transitório que, embora a muitos convença da realidade espiritual,
nem sempre os converte para o reino amoroso do Cristo.

No caso da intuição pura e elevada, o ser descortina a realidade crística dos planos superiores,
despreocupado de provar se a alma é imortal, pois “sente” em si mesmo que a sua ventura lhe acena além
das formas perecíveis do mundo fenomênico da matéria.

A mediunidade de Francisco de Assis era para si mesmo a faculdade divina que o fazia deslumbrar a
paisagem do mundo angélico de Jesus, sem necessidade de qualquer demonstração espetacular e
fenomênica de materializações, levitações ou voz direta dos desencarnados.

Em conseqüência, a mediunidade intuitiva ou mais propriamente, a “mediunidade espiritual”, é faculdade


superior a qualquer outra mediunidade que ainda dependa da fenomenologia do mundo terreno e
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transitório, para então se provar a realidade do espírito imortal.

Embora seja louvável a preocupação de muitos estudiosos do Espiritismo com a maior produção de
fenômenos mediúnicos destinados a convencer as criaturas sistematicamente incrédulas, a mais evolvida
mediunidade ainda é a Intuição Pura, porque auxilia o homem a relacionar-se diretamente com fonte real
de sua origem divina.

8. A TEOSOFIA FACE À MEDIUNIDADE


Baseados nas explicações de Helena P. Blavatski, é crença de todos os teosofistas que, em verdade, são
“cascões astrais” com certa inteligência instintiva, herdada após a morte dos seus donos, que se
comunicam nas sessões mediúnicas, em vez de espíritos desencarnados, conforme preceitua o Espiritismo.
No entanto, o próprio Coronel Olcoot, um dos mais íntimos colaboradores de Blavatski, admitiu que ela
havia se equivocado.

Em razão disso, os teosofistas não aceitam a mediunidade, nem a comunicação dos espíritos, tal como
acontece com os espíritas, pois o seu modo de trabalhar é diferente. Eles se reúnem em grupos de estudo,
argüições e pesquisas de filosofia espiritual, e o fazem mais pela intuição, em vez de comunicações
mediúnicas diretas.

É óbvio que também se relacionam com os espíritos desencarnados, embora o neguem fazê-lo diretamente
pelos recursos mais ostensivos da mediunidade.

Todos os homens estão cercados de espíritos desencarnados que os assistem, tentam, protegem, ajudam
ou exploram, quer sejam teosofistas, rosa-cruzes, yogas, espíritas ou católicos.

Os encarnados atraem espíritos de conformidade com suas idéias,


paixões ou intenções, pouco importando a sua crença ou religião.

Ninguém se livra de comunicações mediúnicas, conscientes ou inconscientes, boas ou más, quer seja
espírita, teosofista, yoga ou católico, apenas por rejeitá-las. De nada vale tentar resistir desde o início à
influência oculta dos desencarnados, pois estes espíritos “rodeiam os homens”, no dizer de Paulo de Tarso
em suas epístolas, e acionam as criaturas encarnadas de conformidade com a sua receptividade moral.

Que adianta o teosofista condenar o médium espírita, quando ele também é antena viva, capaz de
recepcionar os desencarnados, variando a qualidade dos comunicantes conforme o seu modo de agir e
pensar?

Os teosofistas dizem que é contraproducente o exercício da mediunidade passiva, conforme proclama a


doutrina espírita, alegando que o médium, ao receber espíritos perturbados, torna-se vítima de
enfermidades orgânicas ou alienações mentais.

O risco de fluidos enfermiços dos espíritos inferiores provocarem transtornos nos médiuns depende do
estado psíquico e das condições morais do próprio médium.

O homem só se resguarda dos fluidos perniciosos dos maus


espíritos quando se integra no critério moral superior.

Os espíritos obsessores e malfeitores vivem aderidos ao pó do mundo e perambulam pela crosta terráquea
alimentando-se com os eflúvios pecaminosos, frutos das paixões e dos vícios detestáveis da humanidade.
Eles só entendem a natureza do mundo terráqueo, onde já viveram conturbados, e simpatizam-se à
linguagem dos homens fesceninos e inescrupulosos.

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São almas prenhes de ressentimentos e revoltados contra qualquer empreendimento conciliador que lhes
exija modificações íntimas. Mas, rasteando com os homens, elas terminam envolvidas pelos pensamentos e
sentimentos de bons trabalhadores do Cristo, até se submeterem aos serviços mediúnicos, cujos médiuns
serão os intérpretes de suas próprias aflições e problemas atrozes.

Jamais o Criador perderá uma só ovelha; e, por isso, os próprios


“satanases” também serão salvos no momento oportuno!

No entanto, a criatura não está completamente indefesa a certas influências do mundo oculto, pois o
perispírito, através de milênios de adaptações e atividade no seio das energias dos mundos planetários,
também desenvolveu a sua capacidade de defesa contra as investidas maléficas.

Assim como acontece com o organismo físico, ele consegue regenerar as zonas ofendidas e corrigir as
lesões da hostilidade do mundo inferior. Evidentemente, sendo a matriz fisiológica ou astral da organização
humana, é óbvio que também supera as investidas malfeitoras dos espíritos das sombras.

O perispírito dispõe de recursos maravilhosos para a sua sobrevivência e proteção no seio das energias
inferiores, tal qual o corpo físico mobiliza recursos para defender-se de quaisquer reações nocivas ao seu
equilíbrio vital.

A simples picada de um inseto no corpo físico faz o mesmo carrear água em torno da zona ofendida ou
afetada, para enfraquecer o veneno ali injetado. Igualmente, o perispírito enfraquece ou desintegra os
fluidos malfazejos que lhe penetram pela aura desguarnecida, ante a invigilância espiritual do seu dono.
Sem dúvida, essa defesa também será de tal êxito, quanto seja a contribuição espiritual do próprio ser.

Os “fótons” perispirituais projetados pela Luz que é intrínseca do


próprio homem, têm ação profilática, e desintegram os maus fluidos.

Em conseqüência, os médiuns também são protegidos naturalmente pela sua segurança perispiritual,
embora essa resistência varie conforme sua estrutura moral.

Assim como os fluidos perniciosos agem de modo coercivo, adensando a aura perispiritual das criaturas e
favorecendo a nutrição de miasmas ou bacilos do astral inferior, os fluidos luminosos ministrados pelos
espíritos angélicos são recursos profiláticos que ajudam a dissolver a carga dos fluidos infectos.

É evidente que não depende da criatura ser médium ou espírita para se expor aos perigos dos espíritos
inferiores, pois os encarnados também são espíritos e podem causar prejuízos tão nefastos como os
próprios desencarnados.

As próprias sugestões, os convites e os conluios para o vício, o pecado e atos condenáveis ainda são mais
perigosos quando feitos pelos vivos do que pelos mortos!

Ademais, o exercício perigoso da mediunidade passiva não se efetiva tão somente em torno de mesas
espíritas ou dos terreiros de Umbanda. Isto acontece a qualquer momento e conforme as “invocações” boas
ou más que os vivos fazem aos mortos em seus projetos de vingança, disposições maledicentes, desejos
lúbricos, ressentimentos, excesso de orgulho e de amor próprio!

Sem dúvida, seria ideal que o homem pudesse alcançar os grandes desideratos da mediunidade somente
através da intuição ou da inspiração dos espíritos superiores. Seria um desenvolvimento sadio e consciente,
sem espasmos e sofrimentos próprios da presença de espíritos inferiores e conturbados.

Os teosofistas afirmam que o médium espírita é prejudicado pela sua passividade perigosa às entidades
sofredoras ou malévolas, e que os médiuns que se desenvolvem junto à mesa espírita ou nos terreiros de
Umbanda, não passam de “bengalas vivas”, submissas à vontade boa ou má dos desencarnados.

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Indubitavelmente há certo exagero nessa conceituação, pois as criaturas de má qualidade espiritual,


embora não sejam médiuns espíritas ou “cavalos” de Umbanda, também na passam de “bengalas vivas” de
espíritos malfeitores, ainda que invoquem as suas credenciais de teosofistas!

O homem não consegue fugir do contato com o mundo invisível, nem se livrar facilmente da horda de almas
sedentas de prazer, de vingança e de paixão, que se debruçam avidamente sobre a humanidade.

Não é o homem que busca a sensibilidade mediúnica; esta, porém, é que surge em sua vida, malgrado
qualquer descrença ou rebeldia aos postulados espiritistas ou umbandistas. Nem a Teosofia, mormente a
sua aversão à mediunidade ostensiva, poderá resguardar seus adeptos da possibilidade de serem
“bengalas vivas” dos desencarnados!

Não é a doutrina, crença ou religião, a simpatia ou participação em confrarias


iniciáticas que imunizam o homem dos maus espíritos, porém essa defesa depende
exclusivamente de sua conduta moral.

Os teosofistas afirmam que a libertação espiritual só é possível através da “autotransformação” ou


“autoconhecimento”, e não pela prática mediúnica. Inegavelmente, é o aprimoramento iniciático espiritual, a
abdicação consciente das ilusões da vida carnal, ou o treino mental de libertação dos instintos inferiores, o
que realmente gradua o espírito para sua ascese angélica.

Enquanto as confrarias iniciáticas do passado resguardavam os valores do espírito somente aos eleitos, o
Espiritismo, embora seja doutrina vulgarizando os segredos iniciáticos à luz do dia, é a clareira que se abre
na escuridão do ceticismo humano, para mostrar a todos os homens a estrada larga da vida imortal.

Não importa se os ensinamentos e segredos das confrarias iniciáticas foram vulgarizados pelo Espiritismo e
traído o sigilo dos templos, mas a verdade é que o Alto assim proporciona os recursos de salvação para
todos os homens! Então, salve-se quem quiser, mas o Senhor tudo fez para “não se perder uma só ovelha!”

As velhas escolas espiritualistas só puderam iniciar os homens que já revelavam qualidades ou tendências
para o conhecimento superior. Admitiam exclusivamente os discípulos de capacidade psíquica e
adestramento mental que já pudessem corresponder aos “testes” severos e às argüições complexas
exigidas pelos Mestres dessas confrarias.

Os candidatos eram selecionados através de provas que lhes identificavam as qualidades superiores, mas
os céticos, os curiosos e os menos aquinhoados em espiritualidade, isto é, os que mais precisavam de
esclarecimentos espirituais, esses ficavam à margem, reprovados pela sua insuficiência! Enfim, eram
admitidos os mais esclarecidos e desaprovados os mais necessitados.

Por isso, o Alto então optou pela prática mediúnica, embora reconhecesse tratar-se de um evento ainda
imaturo para os homens escravos das paixões inferiores, aguilhoados aos postulados separativistas de
pátria, raça e religiões, que servem de combustível às guerras fratricidas.

É verdade que as confrarias iniciáticas do passado proibiam o desenvolvimento da faculdade mediúnica


passiva, assim como o “sujet” se deixa hipnotizar à vontade estranha de outrem. Os seus adeptos não
deviam se submeter ao comando do mundo oculto e à interferência mental de qualquer outro ser fora da
influência dos seus mestres e guias consagrados.

Antigamente sustentava-se que o desenvolvimento das forças ocultas, latentes em todos os homens, só
devia ser tentado depois do aprimoramento moral e discernimento mental do discípulo sobre as coisas do
mundo. Nos templos iniciáticos ocultistas, ensinava-se que o metabolismo psicofísico do homem dependia
fundamentalmente do seu nível espiritual.

O perispírito, o controle dos chacras ou centros de forças etéreas eram objetos de estudos meticulosos.
Exigia-se a disciplina sexual, pois o fluido que circula pela coluna vertebral em coesão com o “fogo
serpentino” dos eflúvios telúricos da Terra, a energia kundalini, fertiliza a mente quando é endereçado para
fins superiores, e dispensado do mecanismo sexual.
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O discípulo era vegetariano e frugal em sua alimentação; dominava os vícios e superava os desejos
inferiores. Mesmo assediado pela dor, era avesso a entorpecentes, mas habituado à oração e às
invocações sublimes.

Isso o ajudava a se imunizar contra a investida de entidades inferiores, carnívoras, viciadas, luxuriosas e
alcoólatras, que desistiam de agir sobre quem não lhes daria o mínimo prazer ou gozo sensual na prática
desregrada.

É certo que a maioria dos médiuns espíritas ingere álcool, fuma, empanturra-se nas mesas carnívoras,
discute, irrita-se e acende desejos lúbricos ante o primeiro corpo feminino ondulante! Isso os torna mais
vulneráveis às penetrações do astral inferior e justifica, em parte, o temor e a crítica dos teosofistas.

Embora louvando as considerações prudentes dos teosofistas e outras escolas espiritualistas sobre os
perigos de mediunidade, convém distinguir-se a época atual comparada ao tempo das confrarias ocultas e
da rigorosa exigência nas práticas espirituais.

Não é o desenvolvimento mediúnico ao gênero kardecista ou umbandista o que


realmente pode trazer perigo ao homem! Indubitavelmente, se Jesus de Nazaré ou
Francisco de Assis tentassem o desenvolvimento mediúnico, só poderiam transmitir
comunicações angélicas!

O próprio Allan Kardec, em suas obras, advertiu que o êxito do intercâmbio mediúnico reside principalmente
nas condições espirituais dos médiuns, resultando êxitos ou prejuízos, de acordo com a intenção e a sua
pose moral. Assim, os médiuns ficam mais desprotegidos e suscetíveis à influência oculta dos
desencarnados quando se despreocupam da higiene física, moral e espiritual.

Malgrado o julgamento exagerado dos teosofistas contra a prática mediúnica, alguns deles têm encontrado
em suas famílias dolorosos problemas de obsessões e vinganças do mundo invisível, independentemente
de qualquer intercâmbio propositado com o mundo oculto.

E muitos deles só puderam solucionar tais problemas aflitivos através de trabalhos espíritas de tratamentos
desobsessivos, falhando as invocações aos mestres e os recursos intelectuais da Loja Teosófica.

Não se olvide que Jesus permaneceu trinta e três anos na crosta terráquea, em permanente contato com o
mundo oculto, e, no entanto, jamais algo lhe contaminou a alma sublime!

Os teosofistas alegam que o homem pode lograr a sua redenção espiritual dispensando a prática da
mediunidade. Contudo, a humanidade só poderia dispensar o complexo processo da mediunidade,
desenvolvida com espíritos sofredores e rebeldes, que às vezes conturbam, desde que cumprisse
integralmente os ensinamentos ministrados em todas as latitudes geográficas por instrutores espirituais
como Hermes, Orfeu, Moisés, Krishna, Zoroastro, Fo-Hi, Confúcio, Buda ou Jesus!

Então a humanidade desenvolveria a sua mediunidade somente no plano da Intuição Pura, tal qual
acontecia a Jesus, que podia conversar com os anjos, embora o seu espírito estivesse enclausurado na
carne!

Fontes bibliográficas:

1. Mediunismo – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 5ª ed. Rio de Janeiro, RJ.
Ed. Freitas Bastos, 1987, 244p.

2. Mediunidade de Cura – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 7ª ed. Rio de
Janeiro, RJ. Ed. Freitas Bastos, 1989, 240p.

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3. Missão do Espiritismo – Maes, Hercílio. Obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís. 5ª ed. S. Paulo,
SP. Ed. Freitas Bastos, 1988, 225p.

4. História da Civilização Ocidental – Burns, Edward McNall. Porto Alegre, RS. 2ª ed. Editora Globo,
1970. Vol. I - 581p.

5. Mediunidade - seus aspectos, desenvolvimento e utilização – Armond, Edgard. São Paulo, SP. 28ª
ed. Editora Aliança, 1992. 295p.

6. O Fenômeno Espírita – Delanne, Gabriel. Brasília, DF. 6ª ed. Editora FEB, 1992. 227p.

7. Depois da Morte – Denis, Leon. Brasília, DF. 18ª ed. Editora FEB, 1994. 329p.

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