Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Alex Campos
Filipe Silva
Henrique
Leonard
1 - Introdução
O entrelaçamento histórico entre os processos térmicos de manufatura e a tecnologia
dos refratários começa com a descoberta do fogo. A natureza forneceu os primeiros
refratários, cadinhos de rocha onde metais eram amolecidos para a confecção das
primeiras ferramentas primitivas. Quando o homem começou a dominar o fogo logo
descobriu que a queima de argilas permitia que formas estáveis fossem obtidas com essa
matéria-prima, caracterizada por elevada resistência mecânica. Objetos de formas
variadas com diversas finalidades foram obtidos. Estava-se registrando o nascimento
dos ancestrais dos refratários.
Estes materiais realmente nasceram com a metalurgia, tendo acompanhado passo a
passo a evolução do seu ramo siderúrgico. Hoje, cinco mil anos mais tarde, os
refratários são manufaturados a partir de variado elenco de matérias-primas, em
centenas de formatos e composições químicas, viabilizando desta forma os processos de
manufatura que utilizam altas temperaturas como os que praticamente envolvem a
produção de todos os tipos de metais, aços, vidros, químicos, petroquímicos e
cerâmicos.
2
Figura 1. Tijolos e blocos de concretos refratários de fornos e churrasqueiras.
Refratário de semi-sílica
Refratário de Sílica Argilas agalmatolito,
Refratário argiloso
Alumina - SiO2 > 93% pirofilita, bauxito, caulim
Refratário Sílico-Aluminoso
3
Alumina bayer, alumina tabular,
Refratário de Alumina alumina eletrofundida,
Refratário de alumina-carbono
Carbono coríndon, grafita, negro de
fumo, piche, resina
Além disso, os refratários podem ser classificados quanto a forma como são
utilizados, podendo ser classificados em:
Granulados;
4
3 - Propriedades dos Materiais Refratários
5
corrigir este problema, a massa do material refratário a ser submetido à modelagem é
preparada a seco, misturando pequenas quantidades de massas ligantes com o conhecido
chamote. A massa é depois ligeiramente umidificada e submetida à modelagem com
forte compressão e sucessiva queima. Em linha geral, um refratário utilizado para o
revestimento de fornos onde são atingidas altas temperaturas por longos períodos, ou
onde pode existir contato com metais em fusão, deve ter uma granulometria finíssima,
alta densidade e consistência plástica.
3.2 – Refratariedade
6
sintéticos em sua formulação para adequar a vida do revestimento como um todo.
Refratários posicionados em zonas próximas de sistemas de carregamento de matérias
primas e sistemas de controle ambiental (topo de alto-forno, cone superior de
convertedores de oxigênio) estão mais sujeitos ao ataque abrasivo das partículas
contidas nos fluxos de gases, em elevadas temperaturas.
Os materiais refratários, via de regra, estão em contato com metais e escorias liquidas
durante etapas de transformação e refino metalúrgico. O ataque químico ao
revestimento refratário (corrosão) é uma das principais causas de afastamento para a
manutenção dos reatores metalúrgicos. Uma das maneiras de se inferir sobre a
resistência dos materiais refratários a corrosão é a realização de testes em escala
laboratorial, que podem ser estáticos ou dinâmicos, com ou sem controle da atmosfera
gasosa.
As variações de temperatura podem causar severos danos aos refratários como micro e
macrotrincamento da face quente (termoclase térmica). A extensão do dano causado
depende de uma série de fatores tanto intrínsecos aos refratários (composição química
porosidade, resistência mecânica, espessura do revestimento, dilatação diferencial dos
componentes, etc), como fatores extrínsecos (ciclo térmico, encharcamento térmico do
revestimento, tipo de aquecimento inicialmente realizado etc.) De maneira geral, a
resistência ao choque térmico depende de como este defeitos evoluem ao longo do
tempo (interação/propagação das trincas ), causando falhas mais ou menos catastróficas
de acordo com a velocidade de crescimento destas trincas no material.
7
também de promover mudanças de fases irreversíveis ou metaestáveis. O método usual
par a determinação da expansão dos materiais é através do ensaio de dilatometria que
registra a expansão linear do corpo de prova com elevação da temperatura.
O conhecimento destas mudanças dimensionais e um parâmetro muito importante no
projeto/aplicação dos materiais refratários, que, via de regra, estão sujeitos a graus de
liberdade mais restritivos (reatores fechados, de construção complexa e de elevada
rigidez). Todos os cálculos de engenharia, para a definição de juntas de dilatação,
ancoramento de refratários não-moldados e estruturas pré-moldadas conjugadas
(carcaça metálica + refratários ), utilizam dados de dilatação térmica, para a
determinação das expansões e estresse termomecânico do conjunto refratário. A figura 4
apresenta o gráfico da dilatação térmica linear em função da elevação da temperatura
para alguns dos principais óxidos e carbetos refratários.
8
Já a resistência a flexão e um ensaio mais sensível e bastante útil para o
desenvolvimento e especificações de aplicação dos refatarios sujeitos a carregamentos
de esforços mais complexo, como os que ocorrem em munhoes de convertedores a
oxigênio LD; panelas de aço; regiões próximas a boca dos carros torpedos etc. A figura
3 apresenta os diagramas esquematiocs destes testes mecânicos que podem ser
realizados a temperatura ambiente ou em elevadas temperaturas.
A determinação de resistência mecânica em elevadas temperaturas sob efeito de uma
carga constante é um parâmetro de controle e de engenharia muito importante,
especialmente para os materiais refratários de uso prolongado em condições de
carregamento termomecânico, como em fornos de queima tipo túnel, fornos de fusão de
vidro etc.
A deformação observada nos materiais refratários (escoamento) em elevadas
temperaturas sob efeito de um carregamento estático e decorrente de formação de fase
liquida e consequente escoamento plástico do material refratário. Atmosferas em
contato com os materiais refratários possuem/transportam agentes formadores de fase
liquida, que podem interferir nos mecanismos de deformação plástica ao longo do
tempo, como a presença cumulativa de álcalis (Na2O e K2O) em atmosferas oxidantes
ou SiO(g) em atmosferas redutoras.
4 - Refratários em Altos-Fornos
Os altos-fornos são reatores que operam em regime de contra corrente para redução dos
óxidos de ferro e produção de gusa líquido saturado em carbono. Estes reatores
industriais são de dimensões diversas, podendo operar a coque ou carvão vegetal. Em
virtude do projeto próprio dos altos-fornos, a ascensão do fluxo gasoso e o descimento
da carga instalam perfis de temperatura, capacidade redutora ou oxidante do fluxo
gasoso; mudança na mineralogia e estrutura da carga descendente; formação de escória
e gusa líquido.
9
construção mais recente, é instalado um sistema de refrigeração com circulação de agua
por pecas metálicas entre as camadas de revestimento refratário cerâmico e a chaparia
metálica ou aspersão direta da agua externamente sobre a chaparia metálica. Estes
sistemas reduzem ou regularizam a carga térmica nas paredes do forno, permitindo
assim aumentar a vida do revestimento refratário, contribuindo decisivamente para o
prolongamento da campanha do alto-forno.
10
solicitações menos intensas a frio do que a quente, os produtos considerados bons
condutores resfriam-se mais rapidamente.
11
Granulometria, composição e espessura das camadas do combustível solido
carregado no topo do forno;
12
Alta resistência à abrasão devido ao descimento de carga sólida;
13
Figura 7. Visão esquemática da distribuição dos refratários no alto-forno.
Os revestimentos refratários das varias regiões dos altos-fornos , nas ultimas décadas,
tem sofrido fortes transformações quanto à diversidade de tipos e composição dos
materiais refratários, modo de instalações, estratégias de reparos, redução da espessura
das paredes do revestimento por causa da necessidade de aumento da capacidade
14
produtiva e maiores severidades térmicas, químicas e mecânicas. A figura mostra
desgastes típicos de cada região do alto-forno.
15
Fatores de desgaste Tipo de refrigeração Tipo de material
Região
predominantes ou proteção refratário utilizado
Sílico-aluminoso.
Impacto. Abrasão. Placas de desgaste de
Goela Concreto refratário com
Choque térmico. ferro fundido ou aço.
ancoras metálicas.
Impacto. Abrasão e
Sílico-aluminoso
choque térmico.
(carvão vegetal).
Cuba Superior - Carbeto de silício ou
Corrosão por CO.
sílico-aluminoso
Condensação de
(coque)
vapores de Zn.
Abrasão e choque
térmico. Corrosão por
CO ou vapor d’água. Spray (forno a carvão Silico-aluminoso
Condensação de vegetal). ( Carvão Vegetal).
vapores alcalinos.
Rampa
Ataque por escoria. Placa ou Stave de ferro Carbeto de silício
termomecânicas. Altas
temperaturas.
16
(Carvão Vegetal).
Concreto ou blocos à
vegetal).
base de andaluzita,
Altas Temperaturas
Stave de ferro fundido mulita, silimanita ou
(forno a coque) carbeto de silício
ligagado ou não a
nitreto (coque).
17
Figura 9. Regiões do alto forno e tipos de refratários comumente usados.
18
Variações bruscas de temperatura e de pressões;
19
injeção de ar de combustão, se for utilizado um refratário de carbono tradicional, o
mesmo sofreria infiltração pelo ferro gusa líquido. Por esse motivo, são empregados
blocos de carbono do tipo microporoso (dimensão de poros < 1 µm). A composição
química dos blocos de carbono, o tipo de ligante utilizado e o método de fabricação
variam muito de fabricante para fabricante e está em constante evolução. Atualmente é
comum a utilização de grafita sintética, com adições de Al2O3 e Si, resina como ligante
e fabricação por pesagem, gerando microporos com dimensão abaixo de 0,2µm e
elevada condutividade térmica (acima de 33W/m.K). A espessura do revestimento
refratário do cadinho deve aumentar em direção à base do forno, o que é possível
através de utilização de uma inclinação da carga metálica.
Fatores de desgaste
Região Tipo de material Refratário
predominantes
Tijolos de Sílico-Aluminoso
Atua como revestimento de
Subsola (carvão vegetal). Bllocos de
proteção.
grafita (coque).
Sílico-Aluminoso ou Alumina-
Cadinho (Ceramic cup Erosão pelo gusa liquido. Ataque
Sialon (carvão Vegetal). Sílico-
Structure) por escória
Aluminoso (coque)
20
A aproximadamente 1m acima do nível original da sola do cadinho situa-se o furo de
corrida de gusa liquido. O diâmetro do furo de corrida cresce de dentro pra fora e o furo
pode ser ligeiramente inclinado. Este formato é utilizado para permitir a realização de
perfurações em diferentes ângulos. Observa-se que, em altos-fornos de maiores
dimensões, podem ser utilizados de 2 a 4 furos distribuídos de forma aproximadamente
simétrica em relação à circunferência do alto-forno com variações para atender ao
escoamento de gusa líquido e da escória pelos canais de corrida até os carros torpedo ou
panelas ou máquinas de moldar gusa. Variações da distribuição simétrica podem ocorrer
para compatibilizar o escoamenteo dos líquidos com a disposição das linhas férreas para
deslocamento dos carros torpedo ou panelas.
Pode-se considerar que atualmente existem duas linhas básicas de projetos de cadinho: o
revestimento com blocos de carbono de alta condutividade (solução térmica) e o
revestimento com os blocos de carbono coberto com copo cerâmico (solução refrataria).
A segunda solução é uma evolução do projeto de cadinhos com blocos de carbono e
uma camada de tijolos cerâmicos na base para proteger o fundo e reduzir a perda de
calor. N solução térmica procura-se trabalhar com uma camada de gusa solidificado na
superfície do refratário da sola e mesmo na parte da parede do cadinho. Esta camada
solidificada impede o contato do gusa liquido com os blocos de carbono e evita o
desgaste. A espessura desta camada é determinada pelo equilíbrio entre as condições
destrutivas do interior do cadinho e a eficiência do sistema de refrigeração. A utilização
de materiais refratários de alta condutividade auxilia na formação desta camada
solidificada. Também pode ser feito o uso de um sistema de refrigeração mais eficiente
na soleira do cadinho, o que pode ser feito através da aplicação de umspray externo de
agua na carcaça, staves internos entre a carcaça e o refratário ou através da utilização
de uma serie de tubulações instalada sob a chapa de vedação, técnica conhecida como
21
double shell. Existem alguns altos-fornos já daptando a separação dos tubos em setores,
de modo a refrigerar de forma individualizada regiões diferentes do forno de acordo
com indicações dos termopares dos blocos de carbono. Os fornos a carvão vegetal
normalmente utilizam os sprays, enquanto os fornos a coque podem utilizar as três
alternativas apresentadas. Esta refrigeração também é importante para evitar uma
sobrecarga térmica sobre a fundação de concreto sobre a qual se assenta o alto-forno.
Também pode ser utilizado o resfriamento através de passagem forçada de ar através de
um duto de tijolos ou de uma série de tubos instalados na parte inferior do cadinho.
22
Outra alternativa para reduzir o desgaste do revestimento do cadinho é a adição de
minério de titânio na carga no topo do alto-forno, ou através das ventaneiras como tem
sido sugerido ultimamente, para que ocorra a incorporação do elemento titânio, que em
contato com o carbono e nitrogênio do gusa e com o oxido de cálcio da escoria, provoca
a formação de uma camada de proteção do revestimento refratário.
Ressalta-se por fim que deve-se evitar a redução da permeabilidade da região do homem
morto de modo a não gerar um fluxo de anular ou periférico de gusa líquido durante o
vazamento, o que provocaria uma maior erosão das paredes do cadinho. Para tal é
importante garantir uma marcha central com recursos citados anteriormente. O
comprimento do furo de corrida também deve ser ajustado para evitar uma marcha
periférica. Neste caso, um furo longo mantém o fluxo de gusa líquido longe da parede
do cadinho, diminuindo o fluxo periférico.
6 – Conclusões
A indústria de refratários é uma extensão de diversas indústrias de base, mas
destacadamente está vinculada a indústria siderúrgica. A projeção da economia a médio
e longo prazo considerando os mercados emergentes é positiva. O processo de
urbanização e industrialização nos mercados emergentes continuará a exigir grande
demanda de matérias-primas e aço em especial. O Brasil apresenta boa atratividade para
a indústria de refratários, tanto pela disponibilidade de matérias-primas minerais para
produção local tanto pela dinâmica positiva dos mercados consumidores.
Estruturalmente a indústria sofre com o fato de ser um setor em que o consumo
específico tende a decair com o tempo, reduzindo a necessidade de investimentos e o
crescimento da indústria. Por isso a busca para integração das cadeias produtivas do
setor de refratários com seus principais segmentos consumidores através do reforço das
áreas de assistência técnica e pesquisa é imperativa.
7 - Bibliografia
23
RIZZO, E. M. S. Processo de Fabricação de Ferro Gusa em Alto Forno. São
Paulo: Associação Brasileira de Metalurgia Materiais e Mineração, 2009, 278p.
LOBATO, E. Relatório técnico 71-Refratários. Ministério de Minas e Energia,
2009.
http://www.ifba.edu.br/metalografia/arq/mat_refra.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Materiais_refrat%C3%A1rios
http://www.cmdmc.com.br/pesquisa/refratarios/
http://www.mme.gov.br/sgm/galerias/arquivos/plano_duo_decenal/a_transforma
cao_mineral_no_brasil/P45_RT71_Perfil_dos_Refratxrios.pdf
24