Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
POSSIBILIDADES
Resumo
Introdução
subsidiaram a discussão sobre a inclusão foram Franco e Dias (2005), Carvalho (2004) e os
que balizaram o diálogo sobre a avaliação escolar foram Esteban (2000), Luckesi (1998) e
Patto (1996).
Afastar estigmas ou atitudes que reafirmam um olhar discriminatório às crianças e
jovens que fogem do padrão, historicamente construído de aluno adequado, é um grande
desafio, talvez, o maior de todos. Incluir todas as crianças na escola é considerar a diversidade
humana como ferramenta essencial no desenvolvimento de todos os sujeitos. Nessa
perspectiva, esperamos que esse artigo contribua para ampliar as discussões e reflexões sobre
a avaliação e inclusão das pessoas com deficiência no ensino regular e possa esclarecer sobre
o conceito avaliativo hoje presente em nossas escolas e, desta forma, proporcionar
questionamentos que se configurem em novas propostas para uma avaliação condizente com o
processo inclusivo.
3
O conceito atualmente elaborado sobre a deficiência a define como sendo a representação de qualquer perda ou
anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. (MANUAL DE LEGISLAÇÃO,
2006).
19113
surgir a partir de projetos elaborados por pessoas que se espelhavam nas experiências
educacionais dos países Europeus e da América do Norte, mas a expansão do atendimento
educacional em nosso país só ocorreu a partir de 1957 com a assistência técnica e financeira
do MEC às instituições especializadas e com a criação de campanhas nacionais para a
educação das pessoas com deficiência. (MAZZOTTA, 2011)
No século XX surge no cenário mundial, um movimento conhecido como integração
social, onde se propunha ensinar as pessoas com deficiência e alunos sem deficiência na
escola pública. Segundo Franco e Dias (2005) essa proposta surgiu na Europa e ocorreu
devido a três fatores: (i) as duas guerras mundiais, onde se deveria inserir novamente os
soldados nas sociedades, (ii) ao avanço científico e (iii) o fortalecimento legal dos direitos
humanos.
A partir desse movimento integracionista, percebe-se uma nova atitude dos
governantes para com a deficiência e conseqüentemente uma nova avaliação para as pessoas
com deficiência. A deficiência, agora também adquirida nas guerras começa a ser pouco
menosprezada. A reinserção dos soldados mutilados na sociedade era uma forma de se dizer
que a deficiência poderia ser aceita, ainda que essa, não fosse uma atitude aceitação, e sim um
sentimento de piedade da sociedade para com os deficientes.
Um fato marcante em nossa história ocorreu no século XX, com o fortalecimento dos
direitos humanos e a ascensão dos meios de comunicação, que contribuíram para que as
pessoas com e sem deficiência pudessem conhecer mais sobre os seus direitos e sobre os
deveres do estado.
Nas décadas de 60 e 70 surgem leis e programas de atendimento educacional,
favorecendo a integração das pessoas com deficiência na escola e no mercado de trabalho. Na
década de 80, o ano de 1981 é intitulado como sendo o ano internacional das pessoas com
deficiência. Segundo Junior (2010), o início de todo esse processo se deu em 1976, quando a
ONU (Organização das Nações Unidas) o proclamou, durante a 31ª sessão da Assembléia
Geral. O principal objetivo do (AIPD) Ano Internacional das Pessoas com Deficiência em
relação às pessoas com deficiência era o de promover esforços, nacional e internacionalmente
para a plena integração dessas pessoas na sociedade.
Na década de 90, foram elaborados importantes documentos tais como: a Declaração
Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), documentos
que objetivavam proteger e assegurar os direitos das pessoas com deficiência.
19115
Avaliação e Inclusão
19116
Luckesi (1998) propõe uma nova perspectiva sobre a avaliação: olhar o erro como
uma fonte de virtude. Segundo o autor os educadores devem observar antes de julgar, pois o
erro se constitui a partir de um julgamento, de um preconceito, e estes não permite enxergar o
fato como ele realmente é. Por isso, para que possamos ter uma prática avaliativa que objetive
incluir ao invés de excluir os alunos, precisamos fazer do erro uma constante aprendizagem e
não um fim em si mesmo, onde o que se obtém é apenas uma forma de se classificar os
conhecimentos para a aprovação ou não de determinado aluno.
19119
Entretanto, para que haja a inclusão e a garantia de uma avaliação dos conhecimentos
adquiridos pelas pessoas com deficiência, à avaliação cabe também a tarefa de ultrapassar os
limites da técnica que prevê o exame, incorporando a esta uma dimensão ética.
De acordo com Esteban (2000), estamos vivenciando um momento que propõe
mudanças no cotidiano escolar, dentre elas as alternativas se oscilam em: uma avaliação
quantitativa, onde se verifica a qualidade da educação, por meio de quantificação do
desempenho cognitivo e habilidades adquiridas. Forma pela qual a avaliação se revela como
um mecanismo de controle, condizente com o apoio de provas governamentais como SAEB
(Sistema de Avaliação da Educação Básica - 2008), provões e outros; e o modelo hibrido de
avaliação, proposta que afirma uma ruptura com a avaliação quantitativa que considera os
alunos como sujeitos históricos e sociais, acreditando que o tempo e o ritmo de cada um
devam ser respeitados.
Este último modelo avaliativo, o modelo hibrido vem sendo questionado por Esteban
(2000), por ser um modelo que oscila entre um mecanismo de controle da avaliação, que visa
o lugar do aluno na hierarquia social, e ao mesmo passo romper com a segregação e o sistema
de controle que a avaliação dispõe.
O modelo atualmente vivenciado pelo estado de Minas Gerais, a proposta dos Ciclos
de Formação discutia pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE, 2005) passa
por esse paradigma, uma vez que têm como finalidade fazer com que a avaliação assuma um
caráter processual e investigativo onde as informações advindas dessa prática sejam
instrumentos para melhor intervir no processo de ensino aprendizagem, mas que em outra
perspectiva também se apresenta como sendo o modelo pelo qual se utiliza de práticas
avaliativas classificatórias para identificar os níveis de conhecimento e habilidades que cada
aluno possui.
Relacionar a avaliação á inclusão é uma das formas de se utilizar os processos
avaliativos como potencializadores de aprendizagens, é fazer com que a avaliação possibilite
a somatória das diferenças como sendo algo construtivo para a sociedade. Para que isso
aconteça, é necessário que a avaliação se transforme em uma atividade democrática.
Esteban (2000) conceitua como sendo uma avaliação democrática imersa numa
pedagogia da inclusão, prática ainda não estabelecida, aquela que visa fazer da avaliação, uma
tarefa que englobe a construção de uma pedagogia multicultural, onde se possa substituir a
homogeneidade presente em nossas escolas pela heterogeneidade.
19120
Segundo Luckesi (1998), para contemplar a inclusão, a avaliação deve ser uma
atividade que mereça melhor atenção da sociedade, só assim ela terá em vista o avanço e o
crescimento das pessoas ao invés da estagnação. O autor chama a atenção ao dizer que essa
avaliação só se tornará possível quando a sociedade se conscientizar de que apenas o desejo
de se mudar algo não basta, é preciso que se pratiquem as ações para proporcionar a mudança.
Considerações Finais:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para satisfazer
as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, Jomtiem/Tailândia, 1990.
CARVALHO, Edler R. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre:
Mediação, 2004.
ESTEBAN, Maria T. (org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de
Janeiro: DP & A, 2000.
PATTO, Maria. H.S. A Produção do Fracasso Escolar. São Paulo: T.A. Queiroz, 1996.
SASSAKI, K. R. Inclusão: Construindo uma Sociedade para Todos. Rio de Janeiro: WVA,
1997.