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CONCEITOS ECONOMICOS BASICOS Economia: surgimento, defini¢io, problemas principais, objectos, principios, objectivos, técnicas ¢ métodos de analise. As questées bisicas da economia e os sistemas econdmicos. Factores de produgao, Escassez, escolha e custo de Oportunidade: Fronteira | das possibilidades de producio. OBJECTIVOS Objectivo geral © Definir economia como cigncia social ¢ descrever a dimensio dos fen6menos econsmicos, métodos, técnicas e ramos da ciéncia econémica: Objective especifico Y Analisar a eseassez como motor da economia: - Definir economia como cigncia: Y Categorizar os fenémenos econdmicos por ramos € por sectores: Y Identificar com destreza 0s métodos aplicados no estudo dos fenomenos econémicos e as falcias comuns; Esbosar e interpretar a fronteira de possibilidade de produsio: Caleular e interpretar a taxa marginal de transformagao; Definir e aplicar o conceito de custo de oportunidade; Definir e aplicar o conceito de trade-off nS Estas sto notas para direcionar o estudante, no substituem a leitura das obras recomendadas nos planos temitico e aualitico. Estas notas nao constituem uma publicacdo. E expressamente protbida sua reproducio, venda, citagao, referenciagao e plagiar estas notas. A ECONOMIA E VIDA HUMANA, A vida humana processa-se em quatro dimensdes que podem ser sumarizados em duas acepsdes: © espago e 0 tempo. No espaco esto contidas as trés dimensdes que sto comprimento, largura e altura. Toda a vida materializa-se nessas quatro dimensbes. © espaga e tempo de que o Homem dispte sAo finitos. isto é. acabam. As inovagaes cientificas, teenicas ¢ teenologicas nao retiram esta caracteristica do espago ¢ o tempo. A sociedade utiliza 0 espaco e 0 tempo de que dispdem para realizar as suas actividades & neste processo resulta uma dindmica que pode ser social (beneficiam a sociedade) ou indivicnal (beneficiam o individuo), A razio da uilizasdo do espaso e do tempo é a existéncia de sensagdes desagradveis (mal- estar) na vida das pessoas que & preciso atenti-las ou suprimiclas. Essas sensagdes so designadas de necessidades hmmanas. © homem procura suprimir ow atenuar as sensagdes desagradaveis, buscando formas de satisfazer as suas necessidades, Para obter um maior grau de satisfagao ele usa os recursos que estio a sua disposigao, Os recursos (fitctores de produgdo) so bens ou servigos que sao utilizados para produzir outros bens ¢ servigos com 0 uso de uma determinada combinaglo técnica, ou seja, a unt dado nivel de tecnologia, Estes recursos existem ¢ estio no espago e no tempo que € finito, isto é, que acabam. Sendo assim os recursos também sero escassos (poucos). ¢ isso implica que a produgio de bens € também limitada aos recursos existentes conforme sravura em baiso. {nee Peton < => Recursos escassos > ProdugSo Limitada Tempo Portanto, como sao finitos 0 espago e 0 tempo, entio os recursos so escassos, & consequentemente, a producto também é limitada, A uttlizagao dos bens e servigos, produzidos ow nao, satisfazem as necessidades bumanas, Estas necessidades ao serem satisfeitas, atenvam ou suprimem as sensagdes desagradaveis, ‘Segundo Maslow. as necessidades mans podem ser classificadas em cinco nives i, Fisiolégicas — referentes a fome, a sede, ao sono: ii, Seguranga —referentes ao conforto ¢ a estabilidade de uma familia, de um lar; iii, Sociais — referentes afeigdo de um amigo, convivio € associativismo, ser elemento patticipativo on activo em eventos sociais; iv. Estima —referentes ao desejo de ser reconhecido pelo grupo. ¢: ¥. Antorealizagio — isto é ser mais do actualmente é (possibilidade de ser mais do que 6 actualmente, singrar ou progredir na vida — academicamente, profissionalmente € economicamente, A hierarquia das necessidades pode ser representada na piramide de Maslow (1957) onde © topo representa a mais alta aspiragao nas necessidades humanas, ‘As necessidades impulsionam o comportamento das pessoas e da sociedade. Este ‘comportamenta sera diferente consoante a intensidade de cada necessidade insatisfeita, Pode-se afirmar que as necessidades so infinitas e zozam dum poder multiplicative. A insatisfagao resulta da dindmica entre os recursos escassos ¢ as necessidades infinitas. A insatisfagio desenvolve 0 empenho dos homens. Se as necessidades forem maiores que as disponibilidades, implica a existéncia de insatisfagao que pode ser medida pelo ricio ‘Numa situagio em que a necessidade & maior que a disponibilidade resulta a insatisfagto. Este por sua vez impulsiona o homem a produzir. Dado que um homem em sociedade produz mais bens e servigos para satisfazer mais necessidades. E os recursos para produzir ‘esses bens € servigos so eseassos, Em todas as sociedades hnmanas ~ passadas, presentes on firturas — precisam pensar om investigar a melhor forma de usar esses recursos para satisfazer cada vez maiores necessidades humanas. Assim, na histéria da humanidade o estudo da economia sempre {foi presente. A sistematizagao do conhecimento econémico de varia ordem e assuntos se fez sempre presente na vida das sociedades. Os registos que se tem da sistematizacio do conhecimento sobre a economia antes da economia como ciéncia modema datam dos, escritos gregos, romanos, arabes, entre outros, RELEVANCIA DE APRENDER ECONOMIA Existe uma razao fundamental para aprender as ligGes basicas da economia: durante toda a sua vida — desde o bergo a sepultura — iri confiontar-se com as verdades crugis da economia, Como o estudante, iri tomar decisbes sobre questées que niio poderio ser compreendidas até que tenha dominado os rudimentos desta matéria, Escolher sta profissio sera a decisio econémica mais importante que ira tomar. O seu futuro depende indo s6 suas capacidaces, mas também da forma como as forgas econémicas que estio fora do seu controlo afectam seus salarios, A economia podera ajuda-lo também a investir 0 que poupou dos seus rendimentos. Claro que o estudo da economia nao fard de sium génio, ‘Mas sem economia os dados da vida estartio mareados contra si. Nim nmndo em que vida econémica é cada vez mais complexa dada a revolugio das tecnologias de informagao e de transporte, a complexa colmeia de actividades, com as pessoas a comprar. a vender. a negociar, a investir, @ a persuadir. Sendo o objectivo da cigncia econémica compreender esta complexidade, nao dispor de conhecimentos econémicos nidimentares é colocar-se alheio as estatisticas. politicas e fenémenos que Ihe rodeiam no seu dia-a-dia. E colocar-se alheio a Iégica do raciocinio econémico para compreender por exemplo porque certos acontecimentos podem ser benéficos se aplicados isoladamente a um agente econémico, mas a conjunto dos agentes econémicos seria catastréfico. ‘A importincia de estudar a cigncia econémica reside no facto de que os fenémenos econémicos afctam a nossa vida pessoal, vida profissional e vida em sociedade. Portanto, devemos nos munir de couhecimentos basicos de economia de forma a percebermos como certas decisdes pessoais ou politicas afectam ou afectario a nossa vida privada e vida profissional. Ou seja, estudamos Economia para compreender nao sé o mundo em que vvivemos, mas também as propostas de alteragao do mundo em que vivemos. MARCOS DA CIENCIA ECONOMICA Apesar das diseussdes sobre produsao e distribuigao terem uma longa historia, a cigneia econémica no seu sentido modemo como uma disciplina separada e convencionalmente datada a partir da publicagao de A Riqueza das Nagdes de Adam Smith em 1776. Dois livros revolucionaram o estudo da ciéncia economica, como nentnum outro livro 0 fez, pese embora a cigncia econdmica tenha avangado bastante. A primeira foi de Adam Smith, considerado por muitos como o“Pai da Economia” coma sua obra “Um ingquétito a riqueza «das nagdes” publicado em 1776 ¢a seatinda foi John Keynes, considerado por muitos como © “fundador da macroeconomia modema” com a sua obra “A Teoria Geral do Emprego. dos Juros e da Moeda” em 1936. Adam Smith, na obra A Riqueza das Nagdes (1776), analisou como cada prego era estabelecide, estudou a determinagao dos pregos da tema, do trabalho ¢ do capital ¢ investigou os pontos fortes fracos do funcionamento do mercado, Mais importante ainda, le identificou as propriedades notaveis de eficiéneia dos mercados e observou que 0 beneficio econémico deriva das actividades egoistas dos individuos. Actualmente todas, estas matérias permanecem importantes e ainda que o estudo da economia tenha avangado muito desde a sua época, A, Smith ainda continua a ser citado tanto por politicos como por economistas. ‘A macroeconomiia nem sequer existia na sta formulagao modema antes de 1936 quando John Maynard Keynes publicow a sua obra revolucionatia, Nessa época, a Inglaterra e 08, UA ainda se debatiam com a Grande Depressio dos anos 30 e mais de um quarto da populagio activa norte-americana estava no desemprego. Na sta nova teoria, Keynes desenvolveu uma anilise das causas dos ciclos econémicos com periodos altemados de desemprego ¢ elevada inflagio, Actualmente a macrocconomia examina uma grande variedade de assuntos tais como investimento ¢ do consumo globais. como os bancos centrais fazem a gestio da moeda e das taxas de juros, 0 que causa as erises finaneeiras € por que razio alguns paises se desenvolvem rapidamente enquanto outros estagnam. Embora a macroeconomia tenha progredide imenso desde as anilises de Keynes, as questdes abordadas por Keynes ainda continuam a delimitar o estudo actual da _ALGUNS TEMAS ESTUDADOS NA CIENCIA ECONOMICA Antes de passarmos a definigao da economia, arrolemos alguns temas tratados nesta fascinante cigncia para ajudar a perceber o que é economia, Tais temas so: ‘+ Explora 0 comportamento dos mereados finaneeiros, incluindo taxas de juros € cotages de acsoes; ‘* Analisa as razdes por que algnmas pessoas ou paises tém rendimentos elevados enquanto outros sao pobres, ¢ sugere formas para o aumento dos rendimentos dos pobres sem prejudicar a economia: '* Estuda os ciclos econdmicos — os altos ¢ baixos do desemprego e da inflago— assim ‘como as politicas para os moderar: '* Estuda o comércio ¢ as finangas intemacionais ¢ os impactos a globalizagao: © Observa o crescimento nos paises em desenvolvimento € prope medidas para melhorar o uso eficiente de recursos: © Questiona como as politicas governamentais podem ser usadas para atingir abjectivos importantes tais como um rapide crescimento econémica. 0 uso eficiente de recursos, o pleno emprezo, a estabilidade dos pregos e uma repartigio justa do rendimento. CONCEITOS DE ECONOMIA A palavra economia surge primordialmente como contracgao de dois termos oiko = casa e rnomie = governo © que significa govemo da casa (escritos de Xenofonte do século VIT ame). Nessa época a casa era tida como mais de que apenas um local de habitagio. A casa incluia outras actividades produtivas nos terrenos circunvizinhos com utilizagao ou nao dos ‘Ao longo da histéria, grandes economistas apresentaram varios conceitos para a economia. inflnenciados pelo tempo em que viviam e pelos tépicos econémicos do sen interesse, © A economia estuda a origem e as causas da riqueza das nagdes (Adam Smith) © A economia ¢ a cigneia empirica que estuda a produgdo ea distribuigdo da riqueza (Stuart Mill). ‘© Objecto da economia é a estrutura social da produgao (Leonild Lentiev) © A economia estuda os assuntos da vida e do bem-estar (Alfred Marshall). ‘© A economia tem por objecto os pregos e as leis do mercado (C.Pigow). ‘© Oproblema da aplicagao dos recursos escassos ¢ emprego altemativo em finalidades de desigual importincia é © que constitui o objecto da economia (L. Robins) © A economia politica é a cigncia das leis sociais que regem a producio a distribuigdo dos meios materiais requetidos para satisfazer as necessidades humanas (©. Lange). © A economia politica € a ciéncia da administragao dos recursos escassos: muma sociedade humana: estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na ‘ordenagao onerosa do mundo extemo em decorréncia da tensio existente entre os desejos ilimitados ¢ os meios limitados dos agentes econdmicos (R. Barre). Ontras definigaes: A economia analisa quais os bens que sto produzidos, como sto produzidos e para quem sao produzidos. A cigneia econémica analisa os movimentos globais da economia ~ tendéncias de presos da produsao, do desemprezo ¢ do coméreio extemo, Uma vez conhecidas essas tendéncias, a ciéncia econdmica ajuda os govemos a desenvolver politicas com os quais 0s governos podem melhorar 0 fiancionamento da economia, A economia é 0 estudo do comércio entre os paises. Ajuda a explicar como uns paises exportam uns bens e importam outros ¢ analisa 0 efeito da imposigao das barreiras econdmicas nas fronteiras nacionais. ‘A economia é a ciéncia da escolha. Estuda como os individuos decidem usar os recursos produtivos escassos ou limitados (traballio, equipamento ¢ conhecimentos tecnolégicos) para produzir diversas mercadorias (tais como cereais, roupa, espetaculos e armamento) ¢ distribui para consumo, ‘A economia é 0 estudo do dinheiro, da banca, do capital e da riqueza. Todas estas definigbes sto de extrema importineia para compreender como ao longo dos tempos foi entendida a economia pelas diversas geragdes. Entretanto, a definigao mais usual na actualidade ¢ a seguinte, apresentada em duas vers6es: A economia € o estudo da forma como as sociedades utilizam os recursos escassos para produzir bens de valor e como os distribuem entre os seus diferentes membros. A economia é a cigncia que estuda a forma como as pessoas ¢ a sociedade utilizam os recursos escassos com Usos altemativos para produzir, distribuir, trocar e consumir bens materiais ¢ servigos no presente e no firturo. 10 DESMEMBRANDO O CONCEITO MAIS USUAL DE ECONOMIA, Da definis20 mais comum de economia na actualidade sobressaem cinco ideias-chave sobre a cigncia evondmica, 1, Recursos escassos. Pensemos num mundo sem escassez, Se pudessem ser produzidas quantidades infinitas de qualquer bem, ou se os desejos humanos fossem, completamente satisfeitos, quais seriam as consequéncias? As pessoas nao se preocupariam em ampliar os seus rendimentos limitados porque teriam tudo 0 que ‘quisessem, As empresas nao necessitariam de se preoenpar com o custo do trabalho, ‘ou com 0s cuidados de satde: os governos nao necessitariam de se preocupar com impostos. despesas ou poluigo porque ninguém se importaria. Além disso, dado ‘que cada um poderia ter tanto quanto Ihe apetecesse, ninguuém se preocuparia com arepartigio do rendimento entre os diferentes individuos ou classes, Num tal paraiso de abundancia, todos os bens seriam livres, tal como a areia do deserto ou data do mar na praia. Todos os pregos seriam zero ¢ 0s mercados desnecessaios. De facto, a economia deixaria d ser um assunto com interesse. Mas nenhuma sociedade atingiu a utopia das possibilidades ilimitadas. © nosso mundo ¢ um mundo de ‘escassez, repleto de bens econémicos. Numa situagio de escassez, os bens sto limitados relativamente aos desejos. ‘Uso altemativo (eficiéncia). O uso altemative atras a tona que a economia é uma cigneia que estuda escolhas, Entao os recursos devem ter usos altemativos, deve ‘existir a opsio de aplicagao altemativa dos recursos, pois somente desde modo toma-se relevante para a ciéncia econdmica investigar qual é 0 melhor uso a ‘eupregar a tais recursos. Dada a existéncia de desejos ilimitados, ¢ importante que Juma economia faga o melhor uso dos seus recursos limitados. Efectivamente. a ‘economia ¢ uma matéria importante devido a existéncia da escassez ¢ a0 desejo de eficiéncia, re 3. Cigneia social, Outro elemento que extraimos ¢ a economia pertence a0 grupo das cigneias sociais porque ocupa-se do estudo do comportamento das pessoas ea sociedade. Dai que a economia possui a caracteristicas tipicas de uma cigncia social. 4. Actividade economica, Nao obstante ser uma ciéncia social, seu estudo difere de ‘outras cigucias sociais como a sociologia, antropologia, geografia, entre outras, pois por mais que seja uma cigncia do comportamento humano, seu objecto de estudo prende-se actividade econdmica (produeao. distribuigao. troca e consumo). visando a eficiéncia no uso dos recurses. 5. Presente versus Futuro, A economia nao estuda somente as escolhas eficientes de uso das recursos escassos na sta aplicagao no presente, ela também compara essas ‘escolhas no tempo, entre aplicar agora on aplicar futuramente, Por exemplo, quanto das receitas dos recursos naturais do 24s. petréleo devemos usar hoje e quanto devemos guardar para o futuro? Fazer nm investimento de estudo de 4 anos de licencianura em gestao de empresas ou contabilidade sem receber nenhuma remuneragio monetéria ow ir trabalhar com uma remumeragio baixa? CONCEITOS ASSOCIADOS A DEFINICAO DA ECONOMIA A definisdo mais usual de economia traz-nos alguns conceitos valiosos que melhor definirmes. Tal leva-nes & nosao fimdamental de eficigncia. Eficiéncia corresponde & utilizasao mais efectiva dos recursos de uma sociedade na satisfaga0 dos desejos e das necessidades da populasao. Eficiéneia produtiva verifica-se quando uma economia nao pode produzir mais de tum bem sem que produza menos de um outro bem, Eficiéncia alocativa comresponde a situagao em os recursos esti alocados de tal forma que nao se pode alterar essa alocasio de recursos com vista a anmentar 0 bem-estar econémico de um indivicno sem prejudicar ou reduzir o bem-estar econdmico de um outro inclividuo, Ha que distinguir dois tipos de eficigncia, eficiencia técnica e eficiéncia econdmica, A eficiencia técnica comesponde a0 R 1uso de recursos para obter a maxima produgao possivel, enquanto que a eficigncia ‘econémica corresponde a prodgao maxima obtida com 0 minimo custo no emprego dos Em economia os recursos sto designaclos por factares de produgao (insumos on inputs. Os factores de produgio (ou recursos) sto bens ou servigos que sto utilizados para produzir ‘outros bens e servigos com uso de uma determinada combinagio téeniea, ou seja, a um dado nivel de tecnologia. 0s factores de produgio sto classificados em categorias, muitos autores sintetizam em trés ‘grandes categorias (terra, trabalho e capital) e alguns incrementam um quarto factor. As categorias sto: ‘© Recursos naturais (por vezes referido como Terra) — representam aqueles recursos que a natureza nos oferece. Representa a didiva da natureza para os nossos processos produtivos, Exemplo: terra, petréleo, gas, ferro, carvio, ouro, ros, mares, lagos, florestas, fama e outros. '* Trabalho ~ esta relacionado com a habilidade fisica (do mineiro, do pedreiro. do carpinteiro, do camponés, etc) ¢ habilidade intelectual (médico, do enfermeiro, do professor, do contabilista, etc). Em termnos precisos, factor trabalho consiste no ‘tempo dispendido pelos individuos na produgao. Exemplo: a trabalhar nas linhas ferreas, a lavrar a terra, ensinar nas universidades. consiste no tempo despendido pelos individuos na produgdo — a trabalhar nas fabricas de auromoveis, a lavrar a ‘terra, a ensinar nas escolas ota cozinhar pizzas. ‘© Capital — representa os bens duréveis de uma economia, prodnzidos com vista a roduzirem outros bens. Sao os instrumentos produzidos pelo homem para tomar mais facile eficiente 0 processo de producto, Exemplo: os bens de capital inclem: computadores, fabrieas, maquinas industriais, martelos, equipamento, maquinétia, Em economia, falamos de capital em tenmos fisicos € nto de capital financeiro (moeda, contas bancétias. dividendos. etc). 13 © Capacidade Empresarial (Capacidade Organizacional) ~ significa a actividade do Homem que Ihe permite organizar e combinar racionalmente 0s recursos disponiveis com vista 4 producto de forma eficiente e eficaz. Muitos autores incluem este factor no Trabalho, mas na actuslidade a tendéncia é consideri-lo separadamente. 0s factores de produgto sto utilizados para produzir bens, mas nem todos os bens so produzidos. Bens so tudo aquilo que serve para satisfazer as necessidades humanas e se revestem de forma material. Os bens podem ser livres e Economicos: Bens livres sio os que se encontram disponiveis na natureza € que no necessitam de esforgo humano para seu consume, Por exemplo: ar, tera, gua do mar, luz solar, paisagem e chuva (Os bens econdmicos sao aqueles que para sua utilizagao carecem (precisam) de intervenga0 ¢ transformagao humana por exemplo: equipamentos, roupa e tinta, ete. ‘Uma categoria importante na economia sio as mercadorias ou produtos que so bens econémicos que tendo uma certa utilizagao, sao produzidos para serem vendidos no mercadlo e passam pelo processo de compra e venda antes de serem consumidos e revestem- se das seguintes caracteristicas: Valor de uso que se refere 4 sua capacidade de satisfazer as necessidades humanas ¢ & ‘valido para 0 consumo. ‘Valor de troca que é a propriedade de ser aceite para no cambio com outras mereadorias, por exemplo o dinheiro, 0s bens economiicos podem ser de consumo ¢ de capital. Os bens de capital sao destinados a produgdo de outros bens, isto é, sfo reincorporados nos novos produtos ou bens, 4 Os bens de consumo se destinam 4 satisfacao directa das necessidades do homem: por exemplo, o queijo, fiambre, hamburger e ou pio com pasteis de feijao nhemba vulgo bbagias. Os bens de consumo caracterizam-se por serem bens sucedineos (ou substitutes), bens complementares e bens independents. Bens sucediineos (ou substirutos) quando tendem a satisfazer a mesma necessidade, ou seja, ‘na auséncia de um bem o outro pode servir e vice-versa, por exemplo: margarina emanteiga ou agncar e sacarina ou mel: Bens complementares quando podem e devem ser utilizados sinmltaneamente. isto €, nto padem ser utilizados separadamente por exemplo: sapatos e atadores. cha com asucar. ‘Bens independentes quando nao existe uma relagao directa préxima entre os bens como & © caso sumos e pneus de um carro ou camisola com cimento, Os factores de produgao também sto usados para produzir servigos. Os servigos sao a outra forma de satisfagdo das necessidades. Os servigos — sto tudo aquilo que serve para a satisfagao das necessidades humanas e se revestem de uma forma imaterial como por exemplo: fomecimento de energia eléetrica, uma consulta médica Conforme foi visto anteriormente, os produtos so varios bens on servigos titeis que resultam do processo de produgao e que tanto podem ser consumidos (produtos de consumo final) como utilizados noutros processos produtivos (produtos de consumo intermédio). Por exemplo: para a fabricagao do pao que nos chega mesa todos os dias, a farinha de trigo.o fermento, o sal, o foro e o traballie qualificade do padeiro sio factores de produgao € 0 pio €a produgio destinado ao consumo final. Outro exemplo: na MOZAL, o aluminio, os potes, o calor enersético que cheza a ultrapassar os 2,000 graus centigrados juntamente com 0 operirio-fomeiro so também factores de produsio — e, as barras (on lingotes) de aluminio sao produto intermédio que servirio como factores para prochigao de componentes para avides on fabrico de recipientes ‘ais como panelas, copos e baldes. etc as A actividade econdmica é o processo de produao, distribuigao, troca e consumo. realizado pelos homens para satisfazerem as suas necessidades em bens ¢ servigos. A produsio ¢ a actividade hnmana consciente¢ intencional desenvolvida com objective de ctiar bens e servigos, adaptando e dando uso aos recursos em presenga Produgéo (outputs) — sto 0s varios bens ou servigos titeis que resultam do processo de produsao e que ou so consumidos ou utilizados numa produgao posterior. © surgimento de uma organizagio, instituigdes sociais resulta da demasiada complexidade do processo da satisfagio das necessidades. Assim o homem entende que a cooperagao na produgio Implica uma dependéncia mnita da qual vai resultar a distribuicao da producio entre os elementos que cooperam. Assim, a cooperasdo na produgdo e dependéncia mutua determinada a distribuigao, A distribuigao é a forma como se reparte o resultado da produgao, Coma divisto social de trabalho que se consistiu na produgio de bens distintos por grupos. sociais diferentes levou a necessidade de troca de produtos. A.troca é forma de obter 0 que foi produzido por outrem a eusta do que foi produzido por A intensidade das trocas distingue as sociedades monetizadas ¢ niéo monetizadas. As sociedades monetizadas tém uma dinmica muito grande nas suas trocas. Finalmente como resultado das trocas entre os produtores verifica-se 0 feémeno que € 0 constuno, © consumo é o acto de atenuar ou suprimir as necessidades. revitalizanda as energias & gerando novas necessidades. 16 CLASSIFICACAO DA ECONOMIA Quanto ao ambito a economia classifica-se em dois grandes ramos: microeconomia ¢ A microeconomia trata do comportamento de entidades individuais como mercados. empresas e familias, A microeconomia estuda 0 comportamento das tnidades econémicas basicas: consumidores. produtores € © mercado no qual interagem. Preocupa-se com a determinagao dos pregos e quantidades em mercados especificos. A nacroeconomia observa o desempentio da economia como um todo. A macroeconomia estuda a determinago © © comportamento dos grandes agregados como PIB, consumo nacional, investimento agregado, exportagao, nivel geral dos pregos, ete, com objectivo de delinear uma politica econémica. Trata de questoes conjunturais (inflagao, desemprego) ¢ questoes estruturais (elevagao do padrao de vida — bem-estar da sociedade).. Quantos aos sectores ou aplic: io a economia classifica-se a saber: economia agraria, economia monetiria. economia do meio ambiente. finangas publicas, economia internacional, economia industrial, entre muitas outras, Ao raciocinar sobre questoes econémicas devemos distingnir as questoes de facto das questdes de juizo de valor, Quanto aos resultados a economia classifica-se emt: economia positiva ¢ economia nommativa Economia Positiva — preocupa-se em deserever os factos tais como eles silo; preoeuparse com a anilise dos factos ¢ dos comportamentos da realidade econémica, utilizando a anilise matematica. estatistica ou econométrica, para o efeito, por exemplo: Como esta actualmente o nivel do desemprego. a taxa de inflagao. 0 nivel dos salérios por ai fora sem emiitirjuizo de valores. A economia positiva trata de questoes do seguinte tipo: Por que razio os médicos ganham mais do qne 0s porteiros? O comércio livre faz anmentar ot diminuir os salirios da maior parte dos mocambicanos? Qual € 0 impacto dos compntadores na produtividade? Embora sejam dificeis de responder, todas estas questoes 7 podem ser resolvidas com recurso @ anzlise ¢ a dados empiricos. Isto colocasas no ambito da economia positiv Economia Normativa —envolve preceitos éticos e nommas de equidade; utiliza 0s resultados a economia positiva para fazer uma andlise critica e sugerindo melhores priticas para resolver ou melhorar a sittagao prevalecente, Faz julgamentos, emite juizos de valor, stitica, Por exemplo, o Govemo deveria reduzir os impostos para atrair os empresarios na Jirea do turismo: deve ser exigido aos pobres que traballiem para que possam receber ajuda do Estado? Deve o desemprego aumentar para assegurar que a inflagao nao acelere? Deve ‘© Govemo unificar a MCEL e a TDM? Nao existem respostas certas on erraclas para estas _questdes porque, em ve7 de factos, envolve principios éticos e valores. Apenas podem ser resolvidas com debate e decisdes politicas, nao unicamente pela andlise econémica, 1s PRINCIPIOS DE ECONOMIA. (Os Dez Prineipios de Economia sao: 1. As pessoas enfientam trade-offs (0 custo de alenma coisa € aquilo de que vocé desiste para obté-la: As pessoas racionais pensam na margem: As pessoas reagem a incentivos: (0 coméreio pode ser bom para todos: ‘Osmercados sto geralmente uma boa maneira de organizar a actividade economica; As vezes 0s govemnos podem melhorar os resultados dos mercados: ‘O padrio de vida de um pais depende de sua capacidade de produzir bens e servigos; (0s pregos sobem quando o governo emite moedas demais:, 10. sociedade enfienta um trade-off de curto prazo entre inflagao e desemprego: (Os dez principios mostram como as pessoas tomam as decisdes, como as pessoas interagem entre si e como fimciona a economia como um todo, Do Principio 1 a 4 mostram como as pessoas tomam as decisdes, As ligées fundamentais sobre a tomada de decisdes individuais sao: * (1) As pessoas enfientam irade-offs entre objectivos altemativos (as pessoas enfientam tomada de decisoes mutuamente exclusivas). nada ¢ de graga. Para cobtermos o que precisamos temos de abrir mao de alguma coisa que gostamos — uso altemativo dos recursos). Por exemplo, entre usar a manha ou tarde de domingo para resolver a aula prtica ou usé-la para passear. assistir novelas. filmes? * (2) O custo de alguma coisa é aquilo de que vocé desiste para obté-la (0 custo de qualquer acsao & medido em termos de oportunidade abandonadas). © estudante tem dois uuil meticais que pode usar para comprar sapatilhas novas ou um livro de economia, o estudante compra o livro de economia, entdo o custo da compra do livro de economia € de nao ter 0 par de sapatilhas novas, + Veja o conceita de rade-off no capitulo sobre FPP. 19 © (3) As pessoas racionais pensam na margem (limite) — que as pessoas racionais tomam decisoes comparando custos marginais ¢ beneficios marginais. Alteragdes marginais ou mudangas marginais sio pequenos ajustes incrementais a um plano de acgio, © @) As pessoas reazem a incentivos — elas mudam de comportamento em fitngao dos custos on beneficios (as pessoas mudam seu comportamento em fimga0 dos incentivos com que se deparam). Por exemplo: mudanga de pregos — aumento ou redusao da procura: comportamentos adversos dos motoristas — uso dos cintos de seguranga (maior eonforto e seguranga dos motoristas); aumento de casos de HIV- SIDA e gravidezes indesejadas — aumento de uso de preservativo, Do principio 5 7 mostram como as pessoas interagem entre si. As ligdes fimdamentais a respeito das interagbes entre pessoas sto: * (5) O coméreio pode ser bom para todos. © comércio pode melhorar a situagao de todos — permite a especializagao de cada um naquilo que melhor sabe fazer. O comércio pode ser nmituamente benéfico, Por exemplo, a troca da producto de alimentos, roupa, medicamentos, ete * (© Os mercados sto geralmente uma boa maneira de organizar a actividade ‘evondmica; A economia que aloca os recursos através das devises descentralizadas de muitas empresas e familias quando interage na troca de bens e servigos (O prego € interesse proprio orientam as decisdes) ¢ trazem 0 bem estar para todos ~ mao invisivel * (7) As vezes 0s govenos potlem melhorar os resultados dos mercados. © govemno pode potencialmente melhorar os resultados do mercado quando a falhas de mercado, extemalidade ou poder de mereado (quando o resultado do mercado nao & equilibrado). Falha do mercado — situagtio na qual por si mesmo o mereado fracassa em alocar recursos de forma eficiente. Extemalidade — impacto das aces de alguém sobre o benmestar dos outros em seu redor. Poder de mercado — capacidade de um tinico actor (ou pequeno srupo de actores) tem de influenciar significativamente os pregos de mercado. Do principio § a 10 mostram como funciona a economia como um todo. As lisdes fimdamentais sobre como funciona a economia como um todo sao: * (8) O padrio de vida de um pais depende de sua capacidade de produzir bens & servigos. Produtividade — quantidade de bens ¢ servigos produzidas por cada unidade de tempo. * (9) Os pregos sobem quando o govemo emite moedas demais; A inflagio refere-se am aumento no ni 1 geral de pregos da economia * (10) A sociedade enfirenta decisdes mutuamente exclusivas de curto prazo entre a inflagao ¢ desemprego, A sociedade enffenta um Trade-off de curto prazo entre inflagao ¢ desemprego, Uma das formas de combate a inflagao ¢ 0 aumento, temporirio de desemprego isso se explica porque 0s pregos sfo lentos (rigidos) a ajustarse. METODOS GERAIS DA ECONOMIA, A realidade social tem uma casacteristica peculiar: ela é una. No sentido de que nio € divisivel, isto é, nto é possivel separar a realidade de si prépria, pelo que a economia tem de analisar os fendmenos como um todo, mas procurando encontrar os elementos € as relagdes mais gerais, ‘Da realidade retiram-se os elementos mais gerais e de maior importincia e estudam-se as, relagdes entre eles, com vista a formular principios, categorias, leis, teorias ¢ modelos econsmicos, A este processo chamamos de abstracgao. que &a apreciagao dos elementos mais gerais de maior importincia. Os métodos que se ocupam desse processo de abstragao sao chamados de métodos gerais ou métodos de abordagem. Os métodos gerais (ou métodos de abordagem) esclarecem acerca dos procedimentos légicos que deverio ser seguidos no processo de investigagao cientfica dos factos da natureza e da sociedade. Sao. pois, métodos desenvolvidos com base em elevado gra de abstragao. que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigagao, das reuras de explicagio dos factos e da validade de suas eneralizagdes, Incluem-se nesse grupo os métocos dedntivo. indutivo. dialético e hipotético-dedutivo. Método dedutivo — é 0 método que parte do geral para o particular e. a seguir, desce a0 particular. Parte dos prineipios reconhecidos como verdadeiros e indiscutiveis e possibilita chegar a conclusdes de maneira puramente formal, isto ¢, em virtude de sua logica, Por exemplo: Todo homem ¢ mortal; Pedro é homem: Logo. Pedro é mortal, ‘Método indutivo ~ procede inversamente a0 dedutivo: parte do particular e coloca a zeneralizagao como um produto posterior do trabalho de colecta de dados particulares, E uum proceso de generalizagio de factos deseritos na base do conhecimento exacto da realidade. Por exemplo: Antonio é mortal: Benedito é mortal: € mortal: Ora, Anténio, Benedito, Carlos e Zésimo s4o homens: Logo, (todos) os homens so morta, ‘arlos é mortal: ...: Zésimo Método dialético — baseia-se na ideia de conciliagao de contririos. Esse processo de conciliago comportatrés momentos: rese (realidade original), antitese (negagao) ¢ sintese. {Isso significa que a realidade é negada ou destruida em sua forma original, mas a0 mesmo ‘tempo ¢ conservada ou aproveitada ¢ assume nova forma, O método dialético vé os mais dliversos aspectos da realidade entrelagados e dependentes uns dos outros. exigindo. ‘consequentemente, que os factas econémicos sejam investigados nao isoladamente, mas, em conexio com as iiltiplas circunstincias que os envolvem: politicas, juridicas, cculturais, ete. O métolo dialético é verdadeiramente um método histérico. que vai além da deserigdo cronolégica dos factos, jd que ressalta a necessidade de estudar como as forgas produtivas ¢ as relagdes que elas condicionam determinam a historia da sociedade humana, Método hipotético-dedutivo — © método hipotético dedutivo envolve as etapas: i, Formnlagao do problema para o qual se deseja uma resposta: i, Construgo de hipoteses supostamente capazes de responder ao problema; Dedugao de consequéncias particulares da hipétese proposta: Tentativa de refutagao ou falseamento das consequéncias deduzidas, por meio da observagio e experimentagio: ¥. Comoboragao da hipétese, no caso de nao ser possivel seu falseamento ourefutagao. PRODUTOS DOS METODOS 4) Principios - emeiados verbais on mateméticos de wna certa ideia, Ao formilarmos essa ideia, todo o raciocinio que se segue teré de ser coerente com cesses principios (também desisnados de premissas).. b) Categorias — sto conceitos gerais e abstractos que organizam idleias. elementos. processos e fenémenos diferentes na aparéneia, mas com tragos fandamentais ©) Leis econdmicas — definem as relagdes entre categorias econémicas, Sto interconexdes objectivas, das relagdes causalefeito que persistem nos processos 23 fenémenos econdmicos sem as quais no ¢ possivel compreender o funcionamento da actividade evonémica. 4) Teoria econémica —entende-se como um sistema de ideias, principios, concepsdes, ¢ leis que, estando sistematicamente organizado ¢ sendo coerente entre si, fomece uma certa explicagao sobre a realidade econémica. €) Modelo —é um quadro simplificado da realidade, uma generalizagao sobre como 0s processos sio verificaveis, apresentando os elementos mais importantes que os provocam e com os quais se relacionam, 1) Concretizagao progressiva—é a sequéncia natural da abstracgao, Nas situagoes mais proximas da realidade, testa-se a validade da teoria e podem-se estabelecer novos conceitos ¢ leis, embora de validade restrita, Assim, se consegue explicar a realidade ppela teoria, ainda que a teoria nio expresse a realidade em si mesma. ALGUMAS TECNICAS DE ANALISE ECONOMICA Observagio — esta técnica consiste na anslise dos registos histéricos e de outros fenémenos econdmicos do passado de modo a tirar conclusdes que beneficiem o desenvolvimento econémico ou evitar erros que se pociem repetir. A observagio deve ser sistematica através de inguéritos, questiondrios, entre outros, a partir dos quais se procuram descobrir as regularidades Andlise econémica ~ ¢ uma abordagem que parte de um conjunto de pressupostos ¢ depois dednz logicamente algumas previsdes acerea do comportamento econémico dos individuos, das empresas ou da globalidade da economia. Andlise estatistica — trata-se de recolha de dados econémicos para um tratamento dessa informagio com o uso de técnicas diversas. E também comum o uso de amostras para determinar as caracteristicas de um fenomeno, Por amostra entende-se como uma parte representativa de um todo que € recolhida para o efeito de estudos econémicos. Anilise econométrica — faz uso da conjugagao da teoria econémica, das téenicas ‘matematicas e estatisticas para estabelecer empiricamente através de um conjuunto de dados as relagdes causais entre as varidveis bem como o resultado da sinulagio de politica FALACIAS. s economistas principiantes devem também ser alertados para as falécias comuns do racicionio econémico, Dado que as relagdes econémicas sio muitas vezes complexas envolvendo muitas varidveis diferentes, ¢ fécil ficar confundido sobre a razto exacta que esté na origem dos acontecimentos ow sobre o impacto das politicas na economia. De seguida apresentam-se algumas falicias mais comms encontradas no raciocinio A falacia do post hoc — que tem a ver com a inferéncia da causalidade, A falacia do post hoe ocorre quando, pelo facto de um acontecimento ocorrer antes de outro acontecimento, adunitinos que o primeiro acontecimento ¢ a causa do segundo, Post hoe, ergo proper hoe. Traduzido do latim, a expressao completa significa “apés isto, portanto, necessariamente devido a isto”. Exemplo: aumento dos pregos — expansio econdmica, entao, pregos altos ‘causam expansao econémica. Falha em manter 0 resto constante (Hipétese Ceteris P: us) — uma segunda armaditha € 0 esquecimento de manter o resto constante quando se pensa numa questo, Manter 0 resto constante quando estiver a analisar o impacto de uma variavel sobre o sistema econémico, Exemplo: aumento de taxas de impostos ~ aumentar receitas fiscais reduzit © dafice orgamental. porque num certo periodo sucedeu, enquanto esqueceram de manter constante 0 rendimento total. Por isso, existe uma expresso que os economistas usam denominada da hipdtese ceteris paribus que significa manter 0 resto constante quando se pensa numa questo, Tratasse manter tudo o resto constante quando estiver a analisar 0 impacto de uma variavel sobre o sistema econémico, Por exemplo: uma queda de pregos de produtos da primeia necessidade aumenta a sua produca — coeteris paribus. Folicia da agregagao (sofisma de composiga0) ~ por vezes atimitimos que o que é verdade ppara uma parte de um sistema também é verdade para o conjunte, Em economia, contudo, ‘verificamos com frequéncia que o todo ¢ diferente da soma das partes. Quando aduitir que ‘0 que € verdade para uma parte também é verdade para o todo. esta a cair. O que € valido para a parte nio & necessariamente valido para o todo, E um erro conceptual de que o que & verdadeiro para um o é para todos. Exemplos: 1, Se um agricultor tiver uma colheita invulgar o seu rendimento sumentard: se todos 05 a recorde o rendimento agricola diminuira, icultores tiverem uma colheita 0 Erro nas solugdes — as leis econémicas tendo uma validade geral, s40 consideradas validas para 0 efeito da média e nfo para cada situasao especifica. Por exemplo: uma queda de pregos de produtos da primeira necessidade aumenta a sua procura em média para toda a mesma classe, mas pode no acontecer para toda a mesma classe, mas pode ndo acontecer para um ou mais individuos dessa mesma classe, Uma ‘queda de pregos de milhio pode reduzir a procura deste produto e aumentar a procura de anroz. Dominio sobre os conceitos A definigao dum conceito nao se pode fazer com recwsso ao préprio conceite, por exemplo ‘a economia é uma cigncia econémica que estuda os fenémenos econémicos da economia, Isto é tautologia, Um conceito deve delimitar a relagao do conceito com o fenémeno em analise ‘0S PROBLEMAS ECONOMICOS FUNDAMENTAIS, Qualquer sociedade humana — seja um pais industrial avangado, uma economia de planeamento central ou uma sociedade tribal isolada — tem de defrontar e resolver trés problemas economicos fundamentas, Qualquer sociedade tem de possuir um modo de determinar quais os bens a produzir, como sfo produzidos esses bens e para quem so distribuidos, De facto, estas trés questoes da organizago econdmica — 0 qué, como e para quem (produzis) — sto to cruciais actualmente quanto 0 foram no inicio da eivilizagao humana, © Que produzit? O que se refere quantidade e a qualidade de bens a serem produzidos. ‘Num leque mais vastos de altemativas de bens e servigos a sociedade deve direcionar a sua produgéo para aqueles bens ¢ servigos, em que quantidade e em qualidade que resolvam os seus problemas mais proeminentes da mesma sociedade com secursos disponiveis, Como produzir? Como produzir dados os recursos © conhecimentos tecnolégices em presenca? Usaremtos enxadas com eamponeses ou mquinas combinadoras com operadores especializados? Que recurso energético se deve usar? Carvao, lenha, petréleo, gis ou clectricidade? Quem vai para machamba, quem vai para a fibrica e quem mandamos para © estrangeiro para aumentar os conhecimentos para operar o equipamento sofisticado que aumentari a produsdo e produtividade? A sociedade tem um papel importante na escolha das melhores praticas de producao pois esta em causa a sua sobrevivéncia, Para quem produzir? © nosso produto final vai ser consumida por estrelas de cinema contemporaneo ou famosos cantores da misiea RAP. atletas do desporto rei ou sto simples espectadores, fis obsessivos e adeptos ferronhos? Sao ricos com alto poder de compra on sto. marginais? S20 avarentas com mio de “vaca” (curta) ou sto “folgados” (endinheirados) — grandes esbanjadores ¢ exibicionistas da praga?_ SISTEMAS ECONOMICOS Quais sto as diferentes formas de uma sociedade responder as quest6es de 0 que, como € para quem? As diferentes sociedades esto organizadas em sistemas economicos altemativos e a economia estuda os varios mecanismos que uma sociedade pode usar para aplicar os seus recursos escassos. Em geral distinguem-se trés formas findamentais de organizar uma economia — num, extremo 0 Govemo a tomar a maioria das decisdes (economia de mercado ou capitalista. noutro extremo as decisdes sao ditadas pelo mercado (economia centralizada, centralmente planificada ou socialista) e no ponto intermédio temos a economia mista. ‘Uma economia de mercado aquela em que os individuos e as empresas privadas tomam as decisdes mais importantes sobre a produsao 0 consumo. As decis6es s4o tomadas nos mercados, onde os indivicos ou as empresas ajustam voluntariamente a troca de bens e servigos, normalmente através de pagamentos em dinheiro, Um sistema de pregos. de mereados, de Incros, ¢ prejuizos, de incentivos ¢ prémios determina 0 qué, como e para quem. Econor decisies importantes acerca da producdo ¢ da distribuigao. Numa economia dirigida, 0 Govemo da a resposta as principais questoes econdmicas através da posse dos recursos € ja dirigida (economia centralizada) & aquela em que © Govemo toma todas as do seu poder de impor decisoes, Numa economia diriaida, tal como fancionow na Unito Sovidtica, o Estado possui a maior parte dos meios de produgdo (terra e capital); também, possui € ditige a actividade das empresas na maior parte dos ramos de actividade: € 0 decide como cempregador da maioria dos trabalhadores ¢ quem comanda a sua activida: a produsao da sociedade deve ser dividida pelos diversos bens ¢ servigos, ‘Nenhuma sociedade contemporinea se enquadra completamente numa destas categorias, extrema, Em vez disso, totlas as sociedades so economias mistas, com elementos de mereado e de direcgio central, Actualmente a maioria das decisbes ocorre nos mereados, Mas 0 Estado desempenha um papel importante na supervisio do funcionamento do mercado; © govemo publica leis que regulam a actividade econémica, promove 0 fancionamento dos servigos de edncasio, de policiamento ¢ de controlo da poluicto, Actualmente a maior parte das sociedades funciona numa economia mista. CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUCAO (CPP) OU FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUCAO (FPP) Fronteira de Possibilidades de Produgio (FPP) — representa as quantidades méximas de producao que podem ser obtidas por uma economia, dados o seu conhecimento tecnolégico ea quantidade de factores de produgao disponiveis. A FPP representa menu de escolhas disponivel para a sociedade, A anilise econdmica usa a FPP como uma aproximagao do problema de escassez. isto é. € uma forma de ilustrar © problema de escassez e 05 conceitos e consequéncias dai resultantes, Por exemplo, a FPP ilustza a propriedade da escassez. Os paises nao podem ter ‘ou produzir quantidades ilimitadas de todos os bens, Esti limitados pelos recursos e pela tecnologia que possuem. E também a FPP mostra outra propriedade, uso altemativo — os recursos podem ser aplicados para produzir diferentes bens em diferentes ocasides. Por exemplo os grdos de trigo podem servir para fazer a farinha e posteriomente confecionar © pio on semear para dar nova espiga. © principal pressuposto da FPP é que na economia representada apenas pode produzir dois bens, Considere os dados da seguinte economia: CombinagSes Bens de Capital Bens de Consumo A 300 0 e 280 15 c 7240) 30, D 180 a5 E 100 0 F oO 75. ‘Representando graficamente esta ecouomia por meio da FPP temos: 300 250 200 150 100 15 30 45 6 75 BCON ‘Nos extremos onde a producao de um bem ¢ maxima, embora a eficigncia prevalega nestas cireunstincias, a produgao de um outro bem seré minima, isto ¢ igual a zero, As posigies A.B, C. D, E F correspondem as combinagdes maximamente possiveis de produzir e sto parta dos pontos de eficiéncia produtiva. 30 Quando nos deslocamos de A para Be de B para C assim sucessivamente estamos a transferir os recursos de produgio de bens de capital para bens de consumo mantendo 0 ‘mesmo nivel de eficigncia, Estamos a alocar os recursos de produsao de bens de capital ppara prodngao dle bens de consumo — isto é, estamos apenas a substituir os bens que esto 4 ser prodnzidos. Nestas circuntancias de eficiéncia produtiva a sociedade nto pode ‘aumentar a produgao de um bem sem reduzir a produsao do outro. A FPP para além da ideia basica de substituisao (para aumentar a produg3o de um bem teremos de reduzir (substituir) a produsao de outro bem. A FPP também reflecte a ideia basica de limitagio, ou seja, a produeio nio € possivel fora da FPP (produgio impossivel ‘no ponto Z), E a FPP também reflecte a ideia basica de ineficigneia produtiva (eraficamente representada no ponto X), ‘Taxa Marginal de Transformacao (TMT) As diferentes combinagdes sho possiveis gragas ao pracesso de transformagio dos recursos para a produgao dos bens C em recursos para a produgao de bens A. A relagio dos recursos nese proceso ¢ designada de taxa marginal de transformagio, A taxa marginal de transformasdo (TMT) indica a quantidade da produsdo de um certo ‘bem que é necessinio sacrificar para a obtengio de uma unidade adicional do outro bem, Considerando que 0 bem Y sitia-se no eixo das ordenadas ¢ 0 bem X situa-se no eixo das abeissas, a formula de céleulo da TMTyx (Taxa marginal de transformagio do bem y pelo bem X, ou seja, da redugio necessiria na produgio do bem ¥ para aumentar a produgio de 1X) € dada por: Variagao da producao do bem ¥ Variacao da produgao do bem X ay ax . @interpretagao sera: para produzimos uma unidade adicional do bem X, precisamos saerifiear duas unidades do bem Y. Por exemple, se 0 valor de TMT) 31 Retomemos o grafico da FPP atris representado, A TMT da passagem do ponto A para B aBea TMT peateo ~~ ZBcq (280 — 300) TMTrcabeo = ——Gq5—p) 0 TMT gcqnco = Ue TMT cance = 1,33 A FPP pode softer deslocagdes para fora em fimgao das inovagdes tecnolégieas, novos produtos, novas matérias-primas, entre outros, Ou a FPP pode sofrer deslocagdes para dentro no caso de situagées calamitosas por exemplo: cheias, secas, fogo e guerras. Estas deslocagdes podem ser simultineas ou parciais, ATMT é designada de custo de oportunidade de cada unidade adicional, Lei de custos de oportunidade crescentes: A medida que vamos produzindo unidades adicionais de um bem X, teremos de sacrificar uma quantidade cada vez maior do outro bem Y. ow dito de outro modo: Cada unidade adicional que ser obtém na produgao de um, ‘bem resulta de um sactificio ou custa de oportunidade cada vez maior do outro bem. Casto de Oportunidade — corresponde ao custo da melhor alternativa sacrificada. E o custo dda melhor oportunicade perdida, Fo valor do bem on servigo de que se prescinde. E 0 valor do que de melhor deixamos de fazer para fazer 0 que fizemos, Trade-off — define uma situagio em que ha conflito de escolha. Caracteriza uma acco econdmica que visa & resolugio de problema, mas acarreta outro, obrigando uma escolha. corre quando se abre mio de algum bem ou servigo distinto para se obter outro bem ou servigo distinto por nfo poder dispor-se dos dois simultaneamente em certo grau de quantidade

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