1 ADOÇÃO INTERNACIONAL - INTRODUÇÃO...............................................................................................
02 2 CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS.................................................................................... 02 3 CRITÉRIOS PARA A ADOÇÃO INTERNACIONAL.......................................................................................... 04 4 SANÇÕES NO DIREITO INTERNACIONAL................................................................................................... 05 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................ 06 2
1- ADOÇÃO INTERNACIONAL
Como é sabido, o Brasil ratificou, juntamente com
outros 196 países, a Convenção sobre os Direitos da Criança, que é o instrumento de direitos humanos mais aceito na história universal. Somente os Estados Unidos não ratificaram a Convenção, mas sinalizaram sua intenção de ratificar a Convenção ao assinar formalmente o documento.
2- CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS
O Brasil, ao ratificar a Convenção sobre os Direitos da
Criança, tem a obrigação de prevenir e coibir todos os crimes que envolvem a adoção internacional bem como a saída ilegal de crianças e adolescentes para o exterior.
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.
...
§ 10. A adoção internacional somente será deferida se, após
consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no §5º deste artigo, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil.
A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a
Convenção sobre os Direitos da Criança – Carta Magna para as crianças de todo o mundo – em 20 de novembro de 1989, e, no ano seguinte, o documento foi oficializado como lei internacional.
Em 1990, buscando adequar-se à Convenção sobre os
Direitos da Criança, o Brasil cria a Lei nº 8.069, que regulamentou o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que passou a regulamentar a adoção de menores de idade. Essa legislação específica adotou o princípio da proteção integral às crianças e adolescentes, priorizando sempre o seu melhor interesse. Preceituou-se em seu art. 3º:
“A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, 3
por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”.
O referido Estatuto criou um sistema de proteção à
criança e ao adolescente, considerando-os como pessoas em desenvolvimento e por esta condição, detentores de direitos e prioridade absoluta.
O legislador brasileiro incorporou ao Estatuto da
Criança e do Adolescente os dispositivos legais que contém regras e condições para a realização da adoção internacional estabelecidas na Convenção de Haia como se pode observar nos artigos art. 51 a 52-D.
O art. 51 do Estatuto da Criança e do Adolescente
estabelece o que vem a ser uma adoção internacional:
Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa
ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no art. 2º da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto 3.087, de 21 de junho de 1999.
Nosso Congresso Nacional aprovou a Convenção de
Haia, que começou a vigorar em Abril do ano de 1995, contendo em seus artigos - 1 e 5, o objetivo e os elementos necessários para adoção internacional.
Esta convenção tem o intuito de que a adoção
internacional venha apresentar real vantagem para crianças e adolescentes que não conseguem uma família substituta no seu próprio país, atuando de forma preventiva e repressiva ao tráfico, assegurando acima de tudo a preservação dos direitos fundamentais e respeitando o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente.
Nota-se também a preocupação como deve ser feita tal
adoção, como bem observada no artigo 8 da Convenção que estabelece:
“As Autoridades Centrais tomarão, diretamente ou com
cooperação de autoridades públicas, todas as medidas apropriadas para prevenir benefícios materiais induzidos por ocasião de uma adoção e para impedir qualquer prática contrária aos objetivos da Convenção”.
O Brasil, mesmo ratificando tratados internacionais e
permitindo em caráter excepcional a adoção de crianças e adolescentes a estrangeiros, possui instrumentos legais que acabam burocratizando ainda mais este tipo de adoção para se tentar evitar o máximo possível o tráfico. 4
3- CRITÉRIOS PARA A ADOÇÃO INTERNACIONAL
Para melhor viabilizar a Convenção de Haia, o Decreto
de nº 3.174/99, estabeleceu como autoridade central brasileira a secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, com a finalidade de credenciar as organizações que cuidam da adoção internacional, para realizar a intermediação no processo de adoção.
A adoção internacional requer a realização de duas
fases, uma preparatória e de habilitação, onde há a concretização das providências perante às autoridades centrais, com a emissão de relatórios e a fase do procedimento judicial, referente ao processo judicial propriamente dito
Já mais recentemente, no ano de 2009, é criada a Lei
Nacional de Adoção nº 12.010, ratificando ainda mais o tratado já ora estabelecido em nosso ordenamento jurídico, passando a reger no ordenamento jurídico brasileiro, a adoção de crianças e adolescentes, bem como de adultos que já estivessem sob a guarda ou tutela dos adotantes. Essa Lei veio tutelar o fortalecimento dos vínculos familiares originais, possibilitando que a criança e o adolescente permaneçam no seio de sua família natural, ampliando os deveres do Estado, inclusive com a implementação de políticas públicas assistenciais à família, permitindo a adoção apenas em caráter excepcional.
A família, a sociedade e o Estado são responsáveis
pelas crianças e adolescentes e precisam trabalhar em conjunto para proporcionar o cumprimento da proteção integral e bem como da prioridade absoluta dessas pessoas.
A adoção internacional se apresenta como exceção da
exceção e para realização desse processo há de se observar alguns critérios. Inicialmente as pessoas interessados em adotar devem se habilitar perante a autoridade central em matéria de adoção internacional no seu país de origem, conforme estabelecido na Convenção de Haia.
Pode-se observar o maior rigor da adoção internacional,
pois os adotantes precisam se habilitar em seu país, que deve está aderido à Convenção, para só após se habilitar no país onde irá adotar. Essa é uma forma de proteger a saída do país de crianças e de adolescentes adotados apenas de forma regular, inviabilizando a ocorrência de fim diverso do previsto na lei.
São dois países envolvidos, um de origem e outro de
acolhida, onde há um acordo de cooperação ratificado através da convenção. 5
Conforme estabelece o § 3º do art. 51 do ECA: “A
adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional.”
4- SANÇÕES NO DIREITO INTERNACIONAL
Caso o Brasil venha a violar estas normas de direito
internacional, gerando perturbação na sociedade internacional, aplicar-se-á sanções ao Estado soberano, tendo como função a repressão à antijuridicidade da violação; garantia de que o Direito Internacional será respeitado (eficácia das normas) e a reparação e submissão do transgressor a uma penalidade.
A ONU, por meio da atuação conjunta entre Assembléia
Geral e o Conselho de Segurança, tentou organizar um sistema coletivo de sanções a ser por ela aplicado sobre os Estados, que serve de parâmetro para o estudo das sanções do Direito Internacional.
Salienta-se que há uma maior dificuldade de aplicação
das sanções aos Estados do que aos particulares, tendo em vista os seguintes fatores:
(a) Unidade estatal maior;
(b) Sentimento nacional que possibilita a constituição
de força policial única;
(c) Aplicação de punições como multas, indenizações ou
perda de parcela do território tem efeitos destrutivos à economia interna, o que culmina em acarretar prejuízo para as demais nações;
(d) A responsabilidade moral não pode ser atribuída
apenas a uma nação e muito menos para toda a população que a integra.
Sistema Sancionador previsto pela ONU: Rompimento
das relações diplomáticas: os agentes diplomáticos saem do Estado em litígio com o seu Estado de origem, havendo interrupção das relações diplomáticas entre ambos; Retorsão: é a aplicação da lei de Talião ou, em Direito Internacional, da aplicação do princípio da reciprocidade. Se o Estado ofensor aplicou uma medida ofensiva, o ofendido pode, igualmente, aplicar a mesma medida e Represália ou retaliação: que é a “medida empregada por um Estado contra aquele que haja violado seus direitos internacionais. 6
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Conselho Nacional de Justiça. CNJ Serviço: entenda como funciona
a adoção internacional. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/81164-cnj-servico-entenda-como- funciona-a-adocao-internacional. Acesso em 22 mar 2017
BRASIL, Ministério da Justiça e Cidadania. Adoção e Sequestro
Internacional. Disponível em: http://www.sdh.gov.br/assuntos/adocao-e- sequestro-internacional/adocao-internacional/procedimentos-de-adocao. Acesso em 22 mar 2017
CARVALHO, Adriana Pereira Dantas. Adoção internacional no ordenamento
jurídico brasileiro e a possibilidade de tráfico de crianças e adolescentes. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/? n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13706. Acesso em 22 mar 2017
GUTIER, Murillo Sapia. Introdução ao Direito Internacional Público.
Disponível em: http://murillogutier.com.br/wp- content/uploads/2012/02/INTRODU%C3%87%C3%83O-AO-DIREITO- INTERNACIONAL-MURILLO-SAPIA-GUTIER.pdf. Acesso em 21 mar 2017
PORTAL PLANALTO, Presidência da República. Lei nº 8.069 de 13 de julho
de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm. Acesso em 21 mar 2017
PORTAL PLANALTO, Presidência da República. Decreto nº 99.710 de 21 de
novembro de 1990. Promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990- 1994/d99710.htm. Acesso em 21 mar 2017
PORTAL PLANALTO, Presidência da República. Decreto nº 3.087 de 21 de
junho de 1999. Promulga a Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, concluída na Haia, em 29 de maio de 1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm. Acesso em 21 mar 2017 7
REZEK, Francisco. Direito internacional público. Curso Elementar - 15ª Ed.