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Koehler, por outro lado, foi mais além: não se limitou a utilizar a
simples analogia na sua investigação da natureza dos processos intelectuais
dos chimpanzés. Mostrou também, por meio de uma análise experimental
rigorosa, que o êxito das ações dos animais dependia do fato de eles
poderem ver todos os elementos da situação simultaneamente – este fator
era decisivo para o seu comportamento. Se o pau que utilizavam para
chegar a um fruto colocado para lá das barras fosse ligeiramente deslocado
de forma que o utensílio (o pau) e o objetivo (o fruto) deixassem de ser
visíveis num só relance, a resolução do problema tornar-se-ia muito difícil,
freqüentemente impossível até (especialmente durante as primeiras
experiências). Os macacos tinham aprendido a alongar os seus utensílios,
inserindo um pau no orifício praticado noutro pau. Se por acaso os dois
paus se cruzassem nas suas mãos formando um X, tornavam-se incapazes
de realizar a operação familiar muito praticada de alongar o utensílio.
Poderiam citar-se dúzias de exemplos destes extraídos das experiências de
Koehler.
Este método ainda não foi posto à prova e não podemos ter a certeza
dos resultados que daria, mas tudo o que conhecemos do comportamento
dos chimpanzés, incluindo os dados de Yerkes. nos obriga a arredar a
esperança de que pudessem aprender a linguagem funcional. Nunca
ouvimos falar de que houvesse qualquer indício de utilização sua dos
signos. A única coisa que sabemos com certeza objetiva e, não que
possuem “ideação”, mas que, em determinadas circunstâncias são capazes
de executar utensílios muito simples e recorrer a “desvios” e que estas
circunstâncias exigem uma situação global perfeitamente visível e clara.
Em todos os problemas em que não se verificava a existência de estruturas
visuais imediatamente perceptíveis, e que se centravam num outro tipo de
estrutura diferente, – um tipo de estrutura mecânica, por exemplo – os
chimpanzés abandonavam o comportamento de tipo intuitivo para
adotarem muito pura e simplesmente o método de tentativas e erros.
Deve dizer-se que Koehler nunca define Einsicht, nem explicita a sua
teoria. Na ausência de interpretações teóricas, o termo é algo ambíguo na
sua aplicação: por vezes, designa as características específicas da própria
operação, a estrutura das ações dos chimpanzés e por vezes o processo
psicológico que precede e prepara tais ações; como que um plano interno
de operações. Koehler não avança qualquer hipótese acerca do mecanismo
de reação intelectual, mas é claro que, funcione o intelecto como funcionar,
e seja qual for a localização que lhe atribuirmos, – nas próprias ações dos
chimpanzés ou em qualquer processo preparatório interno (cerebral ou
neuro-muscular) – a tese mantém-se válida, a tese de que esta reação não é
determinada por traços de memória, mas pela situação tal como se
apresenta visualmente. O chimpanzé desperdiçará até o melhor dos
instrumentos para determinado problema se não o vir ao mesmo tempo ou
quase ao mesmo tempo que o objetivo (1*). Assim, a tomada em
consideração da Einsicht não altera em nada a nossa conclusão de que o
chimpanzé, mesmo que possuísse as qualidades do papagaio, seria com
certeza sobremaneira incapaz de dominar a linguagem.
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Notas: