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ISSN: 0104-8775
variahis@gmail.com
Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
VARIA HISTORIA, Belo Horizonte, vol. 23, nº 37: p.51-69, Jan/Jun 2007 51
Mário Clemente Ferreira
1 Carta de Tomás da Silva Teles para o Secretário de Estado Marco António de Azevedo Coutinho, Madrid, 11-1-1749,
apud CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. Rio de Janeiro: Ministério das Relações
Exteriores – Instituto Rio Branco, 1953, parte IV, tomo I, doc. LXXVIII, p. 303.
2 Ver GODLEWSKA, Anne. Commentary: the fascination of jesuit cartography. Joseph A. Gagliano e Charles E. Ronan.
Jesuit Encounters in the New World: jesuit chroniclers, geographers, educators and missionaries in the Americas,
1549-1767. Roma: Institutum Historicum S. I., 1997, pp. 100-102.
3 Carta de Tomás da Silva Teles para M. A. de Azevedo Coutinho, Aranjuez, 8-5-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXXVIII, p. 303.
4 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 14-12-1748, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LX, p. 251.
5 Ver GUEDES, Max Justo. A cartografia da delimitação das fronteiras do Brasil no século XVIII. Cartografia e diplo-
macia no Brasil do século XVIII. Lisboa: C.N.C.D.P., 1997, p. 32.
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O Mapa das Cortes e o Tratado de Madrid
6 CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. Lisboa: Livros Horizonte, 1984, vol. II, p. 489.
7 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 14-12-1748, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LX, p. 252.
8 CORTESÃO, Jaime. História do Brasil nos Velhos Mapas. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores – Ins-
tituto Rio-Branco, 1971, vol. 2, p. 251.
9 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 14-12-1748, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LX, p. 252.
10 Carta de Tomás da Silva Teles para Sebastião José de Carvalho e Melo, Aranjuez, 24-6-1751, apud CORTESÃO,
Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores – Instituto
Rio Branco, 1960, parte IV, tomo II, doc. XCIV, p. 253.
11 Sobre os principais exemplares do Mapa das Cortes, ver FERREIRA, Mário Clemente. O Tratado de Madrid e o
Brasil Meridional. Os trabalhos demarcadores das partidas do sul e a sua produção cartográfica (1749-1761). Lisboa:
C.N.C.D.P., 2001, pp. 60-67. Um dos dois originais elaborados em Lisboa e remetidos para Madrid foi localizado
em Paris, no Depôt Géographique du Ministère des Affaires Etrangères, pelo Barão do Rio-Branco.
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12 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 8-2-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXV, pp. 262-264. Existe a minuta desta carta
com letra de Alexandre de Gusmão e apenas com a assinatura do Secretário de Estado.
13 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 8-2-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXV, p. 262.
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14 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 14-12-1748, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LX, pp. 251-252.
15 Esta carta foi publicada em Lettres Edifiantes et Curieuses, Ecrites des Missions Etrangeres, par quelques Missio-
naires de la Compagnie de Jesus. Paris: Chez Nicolas Le Clerc, 1717, vol. XII, entre pp. XXVIII-1.
16 Carta de Tomás da Silva Teles para M. A. de Azevedo Coutinho, Madrid, 2-4-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXXII, p. 279.
17 Carta de Tomás da Silva Teles para M. A. de Azevedo Coutinho, Madrid, 13-5-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXXIX, p. 306.
18 Cartas de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 14-12-1748 e 8-2-1749, apud CORTESÃO,
Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, respectivamente doc. LX, p. 251 e doc. LXV,
p. 262.
19 Publicada em Lettres Edifiantes et Curieuses, Ecrites des Missions Etrangeres, par quelques Missionaires de la
Compagnie de Jesus. Paris: Chez Nicolas Le Clerc, 1734, vol. XXI, entre pp. 280-281. A indicação do tomo 22
na carta de Azevedo Coutinho é um lapso, na medida em que a carta de D’Anville aparece no tomo 21 daquela
obra.
20 Ver FERREIRA, Mário Clemente. O Tratado de Madrid e o Brasil Meridional. Os trabalhos demarcadores das partidas
do sul e a sua produção cartográfica (1749-1761), pp. 68-71.
21 Ver CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. Lisboa: Livros Horizonte, 1984, vol. IV, pp.
861-909.
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22 Carta de Tomás da Silva Teles para M. A. de Azevedo Coutinho, Madrid, 2-4-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXXII, p. 279.
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23 Lettres Edifiantes et Curieuses, Ecrites des Missions Etrangeres, par quelques Missionaires de la Compagnie de
Jesus, vol. XXI, pp. 429-431. Ver CARDIFF, G. Furlong. Cartografía Jesuítica del Rio de la Plata. Buenos Aires:
Talleres S. A., Casa Jacobo Peuser, Ltda., 1936, vol. I, pp. 45-46.
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24 «Descubrimento do Rio Topajós athe o Cuyabá e Matto grosso, 1747», Biblioteca Pública de Évora, Códice CXV/2-
13, fols. 329, 332 e 340 vº.
25 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 8-2-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXV, p. 262.
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31 Ver CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. Lisboa: Livros Horizonte, 1984, vol. III, p.
654; carta de Alexandre de Gusmão para Tomás Robi de Barros Barreto, Lisboa, 6-6-1743, apud CORTESÃO,
Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores – Instituto
Rio Branco, 1950, parte II, tomo I, doc. LXXXIII, p. 375.
32 «Papel del Señor Regente de Buenos Aires sobre asunto de Línea divisoria de los Reynos de España y Portugal»,
Real Academia de la Historia, Madrid, Colecção Mata Linares, tomo VIII, f. 49.
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33 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 14-12-1748, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LX, p. 251.
34 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 8-2-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXV, p. 262.
35 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 14-12-1748, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LX, p. 251.
36 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 28-12-1748, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXI, p. 253.
37 Casa da Ínsua, Penalva do Castelo, nº A 13. Este mapa encontra-se reproduzido em GARCIA, João Carlos (coord.).
A Mais Dilatada Vista do Mundo. Inventário da Colecção Cartográfica da Casa da Ínsua. Lisboa: C.N.C.D.P., 2002,
p. 326, com o nº 102.
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38 Carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 8-2-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXV, p. 262.
39 As informações recolhidas pelo Ouvidor encontram-se no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, e foram
publicadas por CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. Rio de Janeiro: Ministério das
Relações Exteriores – Instituto Rio Branco, 1951, parte III, tomo II, docs. VII a IX, pp. 52-80. Sobre estas viagens,
ver MAGALHÃES, Basílio de. Expansão Geográfica do Brasil Colonial. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1978 (4ª ed.), pp. 188-193; DAVIDSON, David Michael. How the Brazilian West was won: Freelance and State on the
Mato Grosso Frontier, 1732-1752. ALDEN, Dauril. Colonial Roots of Modern Brazil. Berkeley/Los Angeles/Londres:
University of California Press, 1973, pp. 91-93 e SOUTHEY, Robert. História do Brasil. Rio de Janeiro: Livraria de
B. L. Garnier, 1862, tomo V, pp. 398-426 e 439-444.
40 [Parte do curso dos rios Guaporé e Mamoré], Arquivo Histórico Ultramarino, Cartografia Manuscrita, Mato Grosso,
nº 850.
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no Mapa das Cortes, verifica-se que elas são idênticas, faltando no último
o topónimo da missão de Exaltação da Santa Cruz, apesar de contar com
a indicação de uma missão no local que lhe corresponde.
Azevedo Coutinho comunicou a Tomás da Silva Teles que “a situação
das nossas Missões do Rio da Madeira e do Rio dos Tapajós, e suas ad-
jacencias he tirada de mapas, e relações vindas do Pará”. Esses mapas
e relações foram solicitados por Alexandre de Gusmão ao Governador do
Estado do Grão-Pará e Maranhão. Francisco Pedro de Mendonça Gorjão
escreveu ao Cardeal da Mota que
41 Ofício de Francisco Pedro de Mendonça Gorjão ao Cardeal da Mota, Belém, 3-11-1747, Arquivo Histórico do
Itamaraty, Arquivo Barão Duarte da Ponte Ribeiro, lata 288, maço 8.
42 A utilização por Gonçalves da Fonseca dos resultados das viagens de Melo Palheta e Félix de Lima depreende-se
da explicação do próprio mapa. Ver [Mapa do rio Madeira desde as nascentes dos rios Beni e Mamoré até a foz,
no rio Amazonas], Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro, nº 771.3ª – 1722/1747. Sobre o emprego de um mapa
«feito rusticamente por João de Souza de Azevedo» ver carta de Francisco Xavier de Mendonça Furtado para
António Rolim de Moura, Pará, 28-5-1754, apud CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid.
Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores – Instituto Rio Branco, 1963, parte V, doc. XCI, p. 214.
43 Foi publicado na obra de CONDAMINE, Charles Marie de La. Relation abrégée d’un voyage fait dans l’intérieur de
l’Amerique Méridionale. Paris: Chez la Veuve Pissot, 1745.
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O Mapa das Cortes e o Tratado de Madrid
se ao traçado do rio Negro que no mapa das negociações foi alterado para
oriente, desvio que chega a atingir cerca de 2º e 30’. Porém, esta alteração
deveu-se a uma informação recolhida por Alexandre de Gusmão junto do
carmelita Frei André da Piedade, visitador das missões portuguesas dos
rios Negro e Amazonas, que durante a sua presença em Lisboa, em 1746
e 1747, se encontrara por diversas vezes com aquele conselheiro.44 Prova-
velmente, Frei André da Piedade também terá prestado informações para a
representação do território situado entre os rios Amazonas e Orinoco, pois
Azevedo Coutinho informou Silva Teles que “o paiz que medeia entre hum, e
outro destes rios he deliniado conforme algumas noções imperfeitas dadas
por missionarios Carmelitas do Rio Negro”.
Finalmente, uma das situações em que a fonte utilizada foi mais respei-
tada pelo autor do Mapa das Cortes refere-se à utilização da carta de 1741
do Padre José Gumilla, Mapa de la Provincia y Missiones de la Compañia
de IHS del Nuevo Reyno de Granada.45 Na representação do baixo Orinoco
e do seu delta, não se verificaram alterações significativas dessa matriz no
mapa português de 1749.
Podemos então concluir que o Mapa das Cortes é verdadeiramente
uma construção cartográfica com claras finalidades diplomáticas. Ele en-
gendra o espaço, não se limitando a representá-lo apenas virtualmente.46
Esta construção fez-se com a viciação ou ocultação de conhecimentos já
então disponíveis. Se muitos erros presentes no mapa são justificados pela
cartografia mais corrente da época, como a distensão da costa nordeste,
o desvio para leste do alto Paraguai e o encurtamento do Amazonas, a
verdade é que Alexandre de Gusmão conhecia com bastante aproximação
o traçado do meridiano de Tordesilhas e a latitude e longitude de Vila Boa
de Goiás, calculadas apenas com um erro aproximado de 1º pela missão
dos padres matemáticos, o que lhe permitiria concluir que o Paraguai nos
mapas jesuítas estava demasiadamente desviado para leste. Conhecia ain-
da, desde a sua elaboração, a Carte de l’Amérique méridionale, de D’Anville
que, embora apresente a data de 1748, apenas foi publicada em 1750, já
após a assinatura do Tratado de Madrid, e que traçava e localizava os rios
Tocantins-Araguaia, Xingu e Madeira de forma muito mais perfeita. O desvio
para leste do sul do Brasil em mais de 3º de longitude ilustra claramente a
intencionalidade de Alexandre de Gusmão em colocar esta região tão de-
sejada pelos portugueses próxima ao meridiano de Tordesilhas. Igualmente
44 Carta de Alexandre de Gusmão para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 24-2-1749, apud Anais da Biblioteca Nacional
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1938, vol. LII, p. 41.
45 Este mapa foi publicado pela primeira vez em 1741, como ilustração do livro de GUMILLA, Padre José. El Orinoco
Ilustrado, historia natural, civil, y geographica, de este gran río, e de sus caudalosas vertientes. Madrid: Imprenta y
Libreria de Manuel Fernández, 1741.
46 Ver CONDURU, Robert. Geometria Bélica: cartografia e fortificação no Rio de Janeiro setecentista. CARITA, Hélder, e
ARAÚJO, Renata (coord.). Universo Urbanístico Português, 1415-1822. Colectânea de Estudos. Lisboa: C.N.C.D.P.,
1998, p. 137.
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47 Carta de Tomás da Silva Teles para M. A. de Azevedo Coutinho, Madrid, 2-4-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXXII, p. 281.
48 Carta de Tomás da Silva Teles para M. A. de Azevedo Coutinho, 9-5-1750, apud CORTESÃO, Jaime. Alexandre de
Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo II, doc. XCI, p. 249.
49 Ver carta de M. A. de Azevedo Coutinho para Tomás da Silva Teles, Lisboa, 18-4-1750, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo II, doc. XC, pp. 247-248.
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O Mapa das Cortes e o Tratado de Madrid
Figura 4. [América del Sur], 1759, Archivo General de Simancas, M. P. y D., IV – 36.
50 Carta de Tomás da Silva Teles para M. A. de Azevedo Coutinho, Madrid, 2-4-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXXII, p. 285. A este propósito, é importante
também recordar o relevante papel desta rainha em todo o processo negocial que conduziu à assinatura do
tratado. Acompanhou pessoalmente as negociações e foi através dela que a coroa espanhola havia manifes-
tado disponibilidade para negociar a questão da Colónia do Sacramento (Sobre o papel de Maria Bárbara de
Bragança, ver CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. Rio de Janeiro: Ministério das
Relações Exteriores – Instituto Rio Branco, 1956, parte I, tomo II, p. 266; MOLINA CORTÓN, Juan. Reformismo y
Neutralidad. José de Carvajal y la diplomacia de la España Ilustrada. Badajoz: Editora Regional de Extremadura,
2003, pp. 124-126).
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Por outro lado, a comparação que Carvajal efetuou entre o Mapa das
Cortes e o do Padre José Quiroga, entretanto publicado já no ano de 1749,
levou o negociador espanhol a ceder na sua última resistência e aceitar a
entrega do território dos Sete Povos das Missões por troca com a Colônia
do Sacramento. É que com os erros presentes no mapa jesuíta, aquele
território surgia nele muito menor que no mapa português.
Confirma-se, desta forma, uma superioridade portuguesa na preparação
das negociações e no conhecimento cartográfico das regiões em disputa.
Carvajal e Lancaster, como ele próprio se havia lamentado, não possuía
suficientes mapas e informações geográficas dessas regiões. Segundo
Silva Teles, o negociador espanhol nem dispunha de uma obra jesuíta com
grande circulação na Europa desde o início do século XVIII como as Lettres
Edifiantes et Curieuses, Ecrites des Missions Etrangeres, par quelques Mis-
sionaires de la Compagnie de Jesus, onde se encontravam reproduzidas
algumas cartas dos territórios em causa. Mas o negociador português
duvidava, inclusivamente, que Carvajal e Lancaster possuíssem a relação
de La Condamine publicada em 1745, em que este geógrafo, para além de
descrever a viagem que efetuara pelo Amazonas, publicou a sua célebre
carta do curso deste rio.51
Uma outra evidente manifestação do avanço português no conhe-
cimento cartográfico foi a ausência de mapas elaborados em Espanha,
anteriores à assinatura do tratado, onde se discutissem os limites territo-
riais propostos pelos portugueses, contrariando as pretensões de Lisboa.
Apenas conhecemos dois mapas elaborados com essa finalidade, contudo
traçados após Janeiro de 1750 e, provavelmente, não em Espanha, mas na
América do Sul. Um deles, com o título Mapa de los dominios de España, y
Portugal en la America Meridional, de data desconhecida, representa muito
toscamente o território sul-americano. Aparecem desenhadas as ilhas de
Cabo Verde e está traçado, a partir delas, o meridiano de Tordesilhas. Apre-
senta também a linha de limites acordada em Madrid. Parecendo tratar-se
de origem jesuíta, ordem religiosa ferida pelo fato de ter cedido o território
dos Sete Povos das Missões a Portugal, este é claramente um mapa com
finalidades políticas, ou seja, alertar para os prejuízos territoriais permitidos
pela corte espanhola na América do Sul.52 De 1759 existe um outro mapa,
sem título, em que também a América do Sul aparece traçada de forma
incorreta em muitas das suas regiões. Assinala a linha do Tratado de Tor-
desilhas, surgindo as terras que segundo este acordo pertenceriam aos
portugueses pintadas a vermelho. Traça ainda a linha divisória do Tratado
51 Carta de Tomás da Silva Teles para M. A. de Azevedo Coutinho, Madrid, 2-4-1749, apud CORTESÃO, Jaime.
Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte IV, tomo I, doc. LXXII, p. 285.
52 Mapa de los dominios de España, y Portugal en la America Meridional, post. a 1750, Servicio Geográfico del Ejercito,
Madrid.
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