Este documento trata de uma apelação contra uma sentença que homologou uma partilha amigável de bens sem comprovação prévia de quitação de tributos. Em três frases:
1) A sentença homologou uma partilha amigável sem que os tributos tivessem sido pagos antecipadamente, conforme permite o novo CPC.
2) O apelante alega que a expedição dos documentos da partilha depende da quitação tributária, mas o acórdão entende que a lei processual pode derrogar essa ex
Descrição original:
Título original
Arrolamento Sumário e desnecessidade de pagamento de tributos para a Homologação da Partilha
Este documento trata de uma apelação contra uma sentença que homologou uma partilha amigável de bens sem comprovação prévia de quitação de tributos. Em três frases:
1) A sentença homologou uma partilha amigável sem que os tributos tivessem sido pagos antecipadamente, conforme permite o novo CPC.
2) O apelante alega que a expedição dos documentos da partilha depende da quitação tributária, mas o acórdão entende que a lei processual pode derrogar essa ex
Este documento trata de uma apelação contra uma sentença que homologou uma partilha amigável de bens sem comprovação prévia de quitação de tributos. Em três frases:
1) A sentença homologou uma partilha amigável sem que os tributos tivessem sido pagos antecipadamente, conforme permite o novo CPC.
2) O apelante alega que a expedição dos documentos da partilha depende da quitação tributária, mas o acórdão entende que a lei processual pode derrogar essa ex
_____ TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS
Órgão : 2ª TURMA CÍVEL
Classe : APELAÇÃO CÍVEL N. Processo : 20160710150948APC (0014355-66.2016.8.07.0007) Apelante(s) : DISTRITO FEDERAL Apelado(s) : ESPOLIO DE NICOLA DE BRITO E OUTROS Relator : Desembargador JOÃO EGMONT Acórdão N. : 1068932
EMENTA
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO.
ARROLAMENTO SUMÁRIO. IMPOSTO DE TRANSMISSÂO CAUSA MORTIS. ITCD. PARTILHA AMIGÁVEL. FORMAL DE PARTILHA. PRÉVIA QUITAÇÃO DOS TRIBUTOS. DESNECESSIDADE. INOVAÇÃO DO CPC DE 2015. RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR. ART. 146, III, CF. MATÉRIA PROCESSUAL. RECURSO IMPROVIDO. 1. Apelação Cível contra sentença proferida no procedimento de arrolamento sumário. 1.1. Expedição de formal de partilha de imóvel e de veículo à meeira e à herdeira do autor da herança, sem prova de quitação do ITCD. 2. É fato incontroverso a aplicação do arrolamento sumário ao caso, pois as partes são maiores, capazes e há consenso na partilha na partilha dos bens. 2.1. O legislador, ao prever o procedimento sumário, quis dar celeridade ao processo de inventário, com o intuito de amenizar a dor da família e realizar a divisão dos bens do de cujus da forma mais célere possível. 2.2. Em face dessa peculiaridade do arrolamento sumário, o art. 662, § 2º, do CPC dispõe que no referido instituto não serão apreciadas questões relativas à quitação de tributos cabíveis. 3.3 Eventuais diferenças apuradas pelo Fisco em sede administrativa poderão ser cobradas por execução fiscal. 3. Aobrigatoriedade de recolhimento de todos os tributos Código de Verificação :2017ACOFYNUE5NTERRYFIPIR3KK
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previamente ao julgamento da partilha (art. 664, §5º, CPC) foi
afastada pelo próprio art. 659, ao prever sua aplicação apenas ao arrolamento comum. 3.1. A inovação trazida pelo Novo Código de Processo Civil de 2015, em seu art. 659, §2º, com foco na celeridade processual, permite que a partilha amigável seja homologada anteriormente ao recolhimento do imposto de transmissão causa mortis, e somente após a expedição do formal de partilha ou da carta de adjudicação é que a Fazenda Pública será intimada para providenciar o lançamento administrativo do imposto, supostamente devido. 3.2. Precedente desta Turma: "(...) 2. O Novo Código de Processo Civil de 2015 não condicionou a homologação da partilha à quitação dos tributos cabíveis, limitando-se, apenas, a determinar, após o trânsito em julgado, a intimação da Fazenda Publica para o lançamento administrativo do tributo cabível. (...)" (20150710123720APC, Relator: Gislene Pinheiro, 2ª Turma Cível, DJE: 15/08/2016). 4. Tal regra excepcionou o art. 192 do Código Tributário Nacional ("nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas"), haja vista que, tendo por base o rol elencado no art. 146 da Constituição Federal, o conteúdo do supracitado artigo não é de natureza tributária, e sim processual, sendo o mesmo entendimento aplicado ao art. 31 da Lei de Execução Fiscal. 4.1. Desse modo, não sendo os dispositivos de reserva de Lei Complementar, entende-se que o mencionado artigo do CTN poderá ser derrogado por Lei Ordinária mais recente. 5. Em suma: diante da nova sistemática processual civil, não há se proceder em tais casos (arrolamento sumário) à verificação da regularidade tributária por parte do Fisco antes da homologação da partilha, devendo tal matéria ser tratada na esfera administrativa, após o trânsito em julgado da homologação da partilha. 6. Apelação improvida.
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ACÓRDÃO
Acordam os Senhores Desembargadores da 2ª TURMA CÍVEL do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, JOÃO EGMONT - Relator, CARMELITA BRASIL - 1º Vogal, CESAR LOYOLA - 2º Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador CESAR LOYOLA, em proferir a seguinte decisão: NEGAR PROVIMENTO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasilia(DF), 13 de Dezembro de 2017.
Documento Assinado Eletronicamente
JOÃO EGMONT Relator
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RELATÓRIO
Cuida-se de apelação interposta pelo DISTRITO FEDERAL contra
a sentença de fl. 36, que homologou partilha de fl. 2/5, nos autos do inventário nº 2016.07.1.015094-8 (arrolamento sumário), ajuizado por MARIA DE NAZARÉ DE SOUZA BRITO E MARIA ADRIANA DE SOUZA BRITO SILVA, herdeiras de Nicola de Brito. Na inicial, as autoras pedem a homologação da partilha dos bens deixados por Nicola de Brito, falecido em 11/4/2016, esposo e pai das autoras. O falecido possuía um imóvel localizado na QSF 12, Casa 206, Taguatinga Sul/DF, CEP: 72.025-620, no valor de R$ 132.092,71, e de um automóvel FIAT UNO Mille Eletronic, ano 1993, avaliado em R$ 6.108,00. As autoras acordaram que os bens seriam partilhados 50% para cada uma das partes e esclarecem que não havia qualquer débito com a Fazenda Pública Federal (fls. 2/5). Por meio da sentença, foi homologada a partilha, ressalvando os direitos de terceiros, determinando-se a expedição de formal de partilha e demais documentos. Também foi determinada a intimação da “Fazendo Pública para lançamento administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação tributária, consoante o §2º do art. 622”(fl. 36). Em sua apelação, o Distrito Federal pugna pela reforma da sentença na parte em que determinou a expedição de formal de partilha sem prova da quitação do ITCD incidente sobre os bens transmitidos, condicionando-se tal expedição à prévia comprovação do pagamento do referido tributo e de outros que eventualmente incidam. Sustenta que não houve prévia comprovação de quitação do ITCD e dos demais débitos tributários eventualmente devidos pelo espólio, tendo sido intimada a Fazenda para lançamento administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos por ventura incidentes. Alega que há risco de grave dano ao Distrito Federal, porquanto, pode haver a expedição dos formais de partilha e demais documentos som a prova da quitação dos tributos devidos. Assevera que nem no Código de Processo Civil de 1973 e nem no atual é permitido o encerramento do arrolamento sem a prévia comprovação de quitação dos tributos. Alega que o não pagamento de tributos não impede a homologação da partilha, mas impede a expedição dos formais e alvarás (fls. 44/61). Contrarrazões pelo improvimento do apelo (fls. 75/84). É o relatório.
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VOTOS
O Senhor Desembargador JOÃO EGMONT - Relator
Conheço do recurso, porquanto presentes os pressupostos de admissibilidade. Cuida-se de apelação interposta pelo DISTRITO FEDERAL contra a sentença de fl. 36, que homologou partilha de fl. 2/5, nos autos do inventário nº 2016.07.1.015094-8 (arrolamento sumário), ajuizado por MARIA DE NAZARÉ DE SOUZA BRITO E MARIA ADRIANA DE SOUZA BRITO SILVA, meeira e herdeira de Nicola de Brito. Em sua apelação, o Distrito Federal pugna pela reforma da sentença na parte em que determinou a expedição de formal de partilha sem prova da quitação do ITCD incidente sobre os bens transmitidos, condicionando-se tal expedição à prévia comprovação do pagamento do referido tributo e de outros que eventualmente incidam. Sustenta que não houve prévia comprovação de quitação do ITCD e dos demais débitos tributários eventualmente devidos pelo espólio, tendo sido intimada a Fazenda para lançamento administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos por ventura incidentes. Alega que há risco de grave dano ao Distrito Federal, porquanto, pode haver a expedição dos formais de partilha e demais documentos som a prova da quitação dos tributos devidos. Assevera que nem no Código de Processo Civil de 1973 e nem no atual é permitido o encerramento do arrolamento sem a prévia comprovação de quitação dos tributos. Alega que o não pagamento de tributos não impede a homologação da partilha, mas impede a expedição dos formais e alvarás (fls. 44/61). No caso dos autos, discute-se se é possível a expedição de formal de partilha sem prova da quitação do ITCD incidente sobre os bens transmitidos. O tema tratado nos autos (arrolamento sumário) sofreu alteração com o advento do Novo Código de Processo Civil de 2015, que modificou sua forma de tramitação. Vale frisar que há no ordenamento jurídico três procedimentos para instrumentalizar a sucessão: a) o inventário sob o rito comum, ou arrolamento comum, atualmente disciplinado nos artigos 664, 665 e 667 do Código de Processo Civil, considerado como regra geral; b) o arrolamento sumário, previsto nos artigos 659 a 663 do Código de Processo Civil, utilizado nos casos de partilha amigável, como é o caso dos autos; c) o inventário extrajudicial, previsto no artigo 610, §§ 1º e 2º, do mesmo diploma legal.
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É fato incontroverso a aplicação do arrolamento sumário ao caso,
pois as partes são todas capazes e há consenso na partilha dos bens do autor da herança. O legislador, ao prever o procedimento sumário, quis dar celeridade ao processo de inventário, com o intuito de amenizar a dor da família e realizar a divisão dos bens do de cujus da forma mais célere possível. A respeito do tema arrolamento sumário, o docente Marcus Vinícius Rios Gonçalves tece as seguintes considerações (Direito Processual Civil Esquematizado, São Paulo: Saraiva, 2016, p. 624), in verbis:
"(...) este constitui forma ainda mais simplificada, a ser
observada quando todos os herdeiros forem maiores e capazes, e estiverem de acordo. A rigor, não haveria necessidade de ingresso em juízo, já que preenchidos tais requisitos, o inventário e a partilha podem ser feitos por escritura pública. Mas os interessados podem preferir a via judicial, caso em que se valerão do arrolamento sumário. O valor dos bens é irrelevante, bastando que haja acordo entre os herdeiros, e que eles sejam todos capazes." (grifo do autor).
Em face dessa peculiaridade do arrolamento sumário, os art. 659, §
2º, e art. 662, § 2º, do CPC dispõem que no referido instituto não serão apreciadas questões relativas à quitação de tributos cabíveis, nos seguintes termos:
"Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes,
nos termos da lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a 663. § 1o O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação, quando houver herdeiro único. § 2o Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de adjudicação, será lavrado o formal de partilha ou elaborada a carta de adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás referentes aos bens e às rendas por ele
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abrangidos,intimando-se o fisco para lançamento
administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação tributária, nos termos do § 2 o do art. 662. [...] Art. 662. No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e de tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio. § 1o A taxa judiciária, se devida, será calculada com base no valor atribuído pelos herdeiros, cabendo ao fisco, se apurar em processo administrativo valor diverso do estimado, exigir a eventual diferença pelos meios adequados ao lançamento de créditos tributários em geral. § 2o O imposto de transmissão será objeto de lançamento administrativo, conforme dispuser a legislação tributária, não ficando as autoridades fazendárias adstritas aos valores dos bens do espólio atribuídos pelos herdeiros."
Assim, nota-se que no arrolamento sumário não há necessidade da
Fazenda Pública ser citada, sendo necessário apenas sua intimação da sentença homologatória. Nesse sentido, são válidas as lições do professor Humberto Theodoro Junior em sua obra "Curso de Direito Processual Civil", Volume II, 2016, p. 301 (versão e-book):
"A apuração, lançamento e cobrança do tributo sucessório
serão realizados totalmente pelas vias administrativas (art. 662, § 2º). Isto em nada diminui as garantias do Fisco, uma vez que, após a homologação da partilha, o seu registro não se poderá fazer no Registro de Imóveis sem o comprovante do recolhimento do tributo devido (art. 143 da Lei dos Registros Públicos). (...)
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Com isso, tornaram-se estranhas ao arrolamento todas as
questões relativas ao tributo incidente sobre a transmissão hereditária de bens. De tal sorte que, nesse procedimento especial, "não pode a Fazenda Pública impugnar a estimativa do valor dos bens do espólio feita pelo inventariante - valor atribuído tão somente para fins de partilha - e requerer nova avaliação para que se possa proceder ao cálculo do Imposto de Transmissão causa mortis, uma vez que este será sempre objeto de lançamento administrativo, conforme dispuser a legislação tributária, não podendo ser discutido nos autos de arrolamento". Em face dessa nova orientação legislativa, nem mesmo vista mais se abre à Fazenda Pública para falar sobre as declarações do inventariante. Como tem proclamado a jurisprudência, "a vista, que tinha a Fazenda no texto anterior (art. 1.033) [NCPC, art. 661], foi deliberadamente suprimida no texto novo, o que significa que a fiscalização se deslocou para a esfera administrativa".
Dessa forma, ao contrário do afirmado pelo apelante, a
obrigatoriedade de recolhimento de todos os tributos previamente ao julgamento da partilha (art. 664, §5º, CPC) foi afastada pelo próprio art. 659, ao prever sua aplicação apenas ao arrolamento comum. Observa-se que, ao contrário do art. 1.031, §2º do CPC de 1973, no qual o formal de partilha ou alvarás referentes aos bens, só eram expedidos mediante, verificação pela Fazenda Pública, do pagamento de todos os tributos, a inovação trazida pelo Novo Código de Processo Civil de 2015, em seu art. 659, §2º, com foco na celeridade processual, permite que a partilha amigável seja homologada anteriormente ao recolhimento do imposto de transmissão causa mortis , e somente após a expedição do formal de partilha ou da carta de adjudicação é que a Fazenda Pública será intimada para providenciar o lançamento administrativo do imposto, supostamente devido. Isso quer dizer que, após a lavratura do formal de partilha, e consequentemente às expedições de alvarás é que a Fazenda Pública toma ciência acerca de eventuais tributos devidos, e somente a partir daí possa se adotar as
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providências concernentes à cobrança dos tributos na seara administrativa.
Nesse sentido precedentes deste Tribunal:
"APELAÇÃO CÍVEL. PROCEDIMENTO SUCESSÓRIO SOB O
RITO DO ARROLAMENTO SUMÁRIO. REQUISITOS. EXPEDIÇÃO DOS FORMAIS DE PARTILHA ANTES DO RECOLHIMENTO DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO. POSSIBILIDADE. (...) Com a inovação trazida pelo art. 659 do CPC, a partilha amigável, no arrolamento sumário, será homologada antes do recolhimento do imposto de transmissão causa mortis e, somente após a expedição do formal de partilha e demais diligências pertinentes, é que a Fazenda Pública será intimada para providenciar o lançamento administrativo do imposto e outros tributos, excepcionando, assim, a regra contida no art. 192 do CTN, que estabelece que "nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas." (20140310141079APC, Relator: Carmelita Brasil, 2ª Turma Cível, DJE: 09/09/2016). "PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. INVENTÁRIO. CONVERSÃO. ARROLAMENTO SUMÁRIO. HOMOLOGAÇÃO DA PARTILHA. TRANSITADO EM JULGADO. ARTIGO 659, §2º, DO CPC DE 2015. COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO. NÃO CONDICIONADO. LANÇAMENTO ADMINISTRATIVO. ARTIGO 662 DO CPC DE 2015. ARTIGO 192 DO CTN. NATUREZA PROCESSUAL. SENTENÇA MANTIDA (...) 2. O Novo Código de Processo Civil de 2015 não condicionou a homologação da partilha à quitação dos tributos cabíveis, limitando-se, apenas, a determinar, após o trânsito em julgado, a intimação da Fazenda Publica para o lançamento administrativo do tributo cabível. 3. Nos termos do artigo 662 do CPC de 2015, "No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e de tributos
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incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens
do espólio." 4. Lei Ordinária mais recente poderá derrogar artigo de Lei Complementar quando o dispositivo desta não estiver elencado no rol do artigo 146 da Constituição Federal de 1988. 5. Recurso conhecido e não provido." (20150710123720APC, Relator: Gislene Pinheiro, 2ª Turma Cível, DJE: 15/08/2016) - g.n.
Sobre o assunto, confira o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - ARROLAMENTO
SUMÁRIO - DISCUSSÃO RELATIVA A IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS - INADMISSIBILIDADE - TESE PELO SOBRESTAMENTO DO FEITO - SUPOSTA AFRONTA A LEI ESTADUAL - SÚMULA 280 DO STF. 1. O caput do art. 1034 do Código de Processo Civil dispõe que, "no arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e de tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio". 2. É inadmissível, no âmbito do arrolamento sumário, a apreciação de pretensões fazendárias que envolvam o imposto sobre transmissão causa mortis. 3. O pedido de suspensão do andamento do feito, até que a Fazenda Estadual investigue a correção dos pagamentos realizados pelo espólio, não tem respaldo em lei federal. 4. Examinar a tese relativa à Lei Estadual Paulista 10.705/00 dependeria de expediente inviável nesta via, nos termos da Súmula 280 do STF: "Por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário". 5. Recurso especial não provido. (REsp 1246791/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 25/04/2013) - g.n.
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Deve-se ressaltar que tal regra excepcionou o art. 192 do Código
Tributário Nacional ("nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas"), haja vista que, tendo por base o rol elencado no art. 146 da Constituição Federal, o conteúdo do supracitado artigo não é de natureza tributária, e sim processual, sendo o mesmo entendimento aplicado ao art. 31 da Lei de Execução Fiscal. Desse modo, não sendo os dispositivos de reserva de Lei Complementar, entende-se que o mencionado artigo do CTN poderá ser derrogado por Lei Ordinária mais recente. Nessa lógica, podemos citar o professor Daniel Amorim Assumpção Neves, em sua obra "Manual de Direito Processual Civil", volume único, 8ª edição, 2016, p. 1629 (versão e-book):
"Nos termos do § 2º do art. 659 do Novo CPC, o fisco será
intimado para lançamento administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação tributária, somente depois de transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de adjudicação e da lavratura do formal de partilha ou da elaboração de carta de adjudicação. O dispositivo dá a entender que a partilha amigável poderá ser realizada mesmo sem a apresentação da quitação dos tributos incidentes sobre os bens objeto da partilha ou da adjudicação, com o que se estaria modificando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça a respeito do tema 34, que exige para homologação do juiz a prova de quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas. Há, entretanto, corrente doutrinária que defende que mesmo diante da opção legislativa consagrada pelo § 2º do art. 659 do Novo CPC, a homologação da partilha ou de adjudicação continua a depender de prova anterior de pagamento de todos os tributos referentes aos bens do espólio pela aplicação ao
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caso do art. 192 do CTN. É inegável o conflito entre o art. 659,
§ 2º, do Novo CPC e o art. 192 do CTN, mas nesse caso entende-se que a norma mais recente, presente no diploma processual, deve prevalecer."
Diante da nova sistemática processual civil, não há que se proceder
em tais casos (arrolamento sumário) à verificação da regularidade tributária por parte do Fisco antes da homologação da partilha, devendo a matéria ser tratada na esfera administrativa, após o trânsito em julgado da homologação da partilha. NEGO PROVIMENTOao apelo, É como voto.
A Senhora Desembargadora CARMELITA BRASIL - Vogal
Com o relator
O Senhor Desembargador CESAR LOYOLA - Vogal
Com o relator
DECISÃO
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