JORNAL DA REGIÃO CENTRO DE ANGOLA

Coordenação: Editoria dos Títulos Regionais • 16 de Outubro de 2019 • Ano 1 • Número 7 Publicação mensal. Preço: 100,00 Kz

SETE ANOS DEPOIS

DOENÇA MISTERIOSA

GOVERNADORA
JOANA LINA SOLIDÁRIA Hospital regional do Cuemba
COM OS JAMBALIMA
A governadora do Huambo, Joana Lina des-
locou-se ao bairro São José, na zona Este do
Huambo, para demonstrar a sua solidarie-
entra em funcionamento
dade a família Jambalima que, há mais de
seis anos, vive uma profunda angústia em Sete anos depois, estão concluídas as obras de construção do Hospital Regional do
decorrência da “morte pré-anunciada”, de
um membro masculino da sua prole. p. 04
Cuemba, a 162 quilómetros a Leste da cidade do Cuito. As obras da unidade hos-
pitalar, a ser inaugurada em breve, estão orçadas em nove milhões de dólares. A
unidade hospitalar, que vai atender também as províncias da Lunda-Sul, Malanje
e Moxico, possui quatro blocos operatórios, uma morgue, salas de imagiologia,
apoio técnico e comunicação, emergências médicas, entre outros. p. 10

PRÍNCIPE HARRY NO HUAMBO

UM DIA PARA
RECORDAR
NA HISTÓRIA
A cidade do Huambo fervilhou de afectuo-
sidade, emoções e nostalgia com a visita
marcante, a 27 de Setembro, do Príncipe
Harry. O frenesim, no aeroporto Albano
Machado, começou nas primeiras horas da
manhã, com a comissão de recepção a
acertar os tratos protocolares de boas-vin-
das ao Príncipe Harry. O dístico, com a ban-
deira dos dois países, reportava este
sentimento de “acolhimento” do filho de
uma das melhores amigas de Angola no
combate às minas. p. 05

POLÍCIA NACIONAL NO BIÉ

CRIMES DE HOMICÍDIOS
E VIOLAÇÕES SEXUAIS
SÃO FREQUENTES
Os crimes de homicídio por crença na
superstição e violação de menores são,
a par de roubos e furtos, os mais fre-
UNIDADE PRISIONAL DO CAPOLO
quentes na província do Bié, revelou ao
jornal Planalto o porta-voz da Corpora-
ção, superintendente-chefe António CRIANÇAS APRENDEM
Hossi. Sem avançar dados, defendeu
que o combate a esses crimes não deve A LER E A ESCREVER
passar apenas pela captura dos seus au-
Por falta de salas de aula, na aldeia Capolo,
tores, mas também pela sensibilização comuna da Chicala, no Cuito, um total de 293
da população, principalmente as autori- crianças, que se encontravam fora do sistema de
dades tradicionais e igrejas, que devem ensino, e se dedicavam a actividade agrícola e à
denunciar todos os casos que ocorre- caça, aprendem, no presente ano lectivo, a ler e a
rem na sua comunidade. p. 09 escrever, no estabelecimento prisional local. p. 08
 2

OPINIÃO
Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 PLANALTO

ESIPULULO Click do Planalto

Escreva-nos por e-mail para: opiniao@jornal-planalto.co.ao

FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO

A palavra ao leitor
B
S
A
FERNANDO CUNHA o
H
r
c
DO PIIM AOS 107 c
c
ANOS DA CIDADE A
G

1
– Na Semana passada entrou e
em marcha, por todo o País, as
acções enquadradas no Plano M
Integrado de Intervenção nos Mu- b
nicípios (PIIM), que chega com a in-
tenção de alterar definitivamente a
realidade dos 164 municípios que J
compõem o país. Mas o povo, o tal
que merece melhor explicação so- R
bre “as coisas” contidas no PIIM, a e
exemplo do que se verificou com o q
lançamento do IVA, continua sem t
perceber nada. c
2 – Foi lindo ver a governadora Joa- c
na Lina em missão de solidarieda- p
de na casa da família Jambalima, no A
bairro São José. Foi a única gover- E
nante da província a demonstrar a
determinação, carinho e amor pelo h
próximo, já que o anterior gover- A
nador ignorou todos os apelos e sú- q
plicas da pobre família. Os Jamba- d
lima precisam do carinho e afecto
de todos para contornar a enfermi- M
dade que se abate sobre eles. B
3 - A Cidade Vida recebeu efusiva-
mente, a 27 de Setembro, a visita do
Príncipe Harry, o filho mais novo A
da idolatrada “Princesa do Povo” S
ou simplesmente Lady Di. As pou- C
cas horas passadas por Harry no c
Huambo – um rapaz simples e pou- p
co dado à protocolos -, permitiu a c
ele seguir a mesma trilha percorri- s
da pela mãe e assegurar apoios pa- e
ra os trabalhos de desminagem na a
província do Huambo. t
4 – Não foi a comemoração espera- g
da, mas a possível. O município do a
Huambo comemorou, a 21 de Se-
tembro passado, o 107º aniversário A
desde que foi elevada a categoria C
de cidade por José Mendes Ribeiro
Norton de Matos. Huambo já se de-
bate com problemas de cidade gran-
de, facto que leva os seus habitan-
tes a reflectirem sobre o futuro ime-
diato. Quem mora neste estratégico PEQUENOS GESTOS QUE FAZEM A DIFERENÇA “sangue azul” mostrou para os angolanos que, independente da sua
município do país há a crença de Um gesto de carinho, de amizade, não tem hora nem momento para condição de “Sua Alteza”, é o mais puro dos humanos e, furando o rí-
que…melhores dias hão-de chegar. ser protagonizado, principalmente quando ele vem da alma. Do cora- gido protocolo, trocou um “cool”, como se diz por aí, com uma criança
Todos nós auguramos para que as- ção! Apesar do forte dispositivo de segurança montado em torno da em recuperação física no centro ortopédico baptizado com o de sua
sim seja! visita do Príncipe Harry, de pouco valeu o aperto, porque o rapaz de mãe, a princesa Diana.

Cartas dos leitores

Sem água nas torneiras Ruas do Kavongue
JORNAL DA REGIÃO CENTRO DE ANGOLA às escuras
Caro director, melhores cumprimen-
Coordenação: Editoria de TíTulOS REgiOnAiS tos. Escrevo-lhe estas linhas para lhe O martírio no nosso bairro Kavongue
Editor: Domingos dos Santos
dar a conhecer, que os bairros Bom soma e segue. Apesar de nos terem
Sub-Editores: José Bule e Adalberto Ceita
Jornalistas (Huambo): Fernando Cunha, Justino Victorino, Marcelino Wambo, Victória Quintas, Estácio
Pastor, Académico e grande parte do garantido que teríamos a situação
Camassete, Tatiana Marta, Mário Clemente, Adolfo Mundombe, Juliana Domingos, Domiana n'jila, Adelina popular São João, encontram-se energética resolvida, com a entrada
Paulo e Filipe da Silva. privados de abastecimento de água em funcionamento de centenas de
Jornalistas (Bié): João Constantino, Matias da Costa, Mário de Carvalho, José Chaves e Delfina Victorino. Presidente do Conselho de potável há mais de 22 dias. megawat’s provenientes de Laúca, a
Fotógrafos: Francisco lopes e Alfredo Kutabiala (Huambo) e Edson Fabrízio (Bié) Administração: Víctor Silva Procuramos por esclarecimentos da verdade é que nada foi feito, não há
Morada: Rua imaculada da Conceição - Cidade Alta - Huambo Administradores Executivos: parte da entidade responsável, a energia nas residências e muito
Telefone: 912329792 Caetano Pedro da Conceição Júnior,
José Alberto Domingos, Carlos Alberto Empresa de Águas e Saneamento do menos iluminação pública na via
Mail: planalto.huambo@gmail.com - jornal_planalto@hotmail.com
da Costa Faro Molares D’Abril, Huambo, mas não obtivemos principal que dá acesso a centralidade
Departamento de paginação Mateus Francisco João dos
irineu Caldeira (Chefe), Adilson Santos (Chefe-adjunto), Adilson R. Félix, Waldemar Jorge & Jorge de Sousa Santos Júnior
resposta convincente e nem quando do Lossambo, causando tal facto,
Publicidade: (+244) 926 40 69 29/923 40 27 00 Administradores não Executivos:
a situação retorna a sua normalidade. vários acidentes.
MAIL: antonio.goncalves@edicoesnovembro.co.ao Olímpio de Sousa e Silva, Oliveira Marta Lino N’djogolima
Catarina Vieira Dias da Cunha
Académico Kavongue de Baixo
 HUAMBO
PLANALTO Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 3

DR

EKOLELO

ENCHEM-NOS
DE ORGULHO!
O Huambo, no percurso histórico do
país, é uma província profícua em
gerar, tal qual sementes lançadas à
terra, prodigiosos talentos nas mais
variadas vertentes da sapiência e do
virtuosismo, que contribuem para o
erguer de uma nação. Dentro da
ética e harmonia social.
Há, nesta saga de habilidades, da
docência à política ou desporto à
cultura, uma legião de denodados
filhos que colocam a província do
Huambo no caminho da excelência,
quando a capacidade humana é
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO CANCRO desafiada, em prol do bem-estar
colectivo.

Huambo vai ter centro

A lista de nomes inspiradores, forjados
por estas paragens, é vasta, reflectida,
recentemente, na conquista, por Bessa
Teixeira, do segundo lugar no Top dos
Mais Queridos da Rádio Nacional, com

de Oncologia em 2020 a suculenta música “Polombutão”, que

de Pública e Controlo de ende-
Justino Victorino
mias, Lurdes Mayeco. O centro
planalto.huambo@gmail.com
de Oncologia, explicou, será cons-
truído no âmbito do Programa de
Investimentos Públicos e quando
província do Huambo vai
sa vir a ter em funcionamento
um centro especializado na pre-
venção e tratamento de qualquer
tipo de cancro”, disse.
Enquanto isso não sucede, diz a
Mayeco reconhece que os casos
têm vindo a aumentar nos últimos
anos. Há uma semana, numa ac-
tividade que contou com a pre-
sença da governadora do Huam-
deixou milhares de ouvidos rendidos
pela rítmica contagiante.
Bessa Teixeira, à semelhança de
Justino Handanga, Pérola, Bela
Chicola, Zé da Nvunda, Edna
Mateia, dos saudosos Vinevine e
Chissica Artz, entre outros, é
espelho de que o Huambo tem, na
vertente musical, marca e passos
solidificados. Os outros talentos,

A
concluído vai acabar com as idas
contar, até primeiro se- permanentes de doentes para
mestre de 2020, com um Luanda em tratamento.
centro de Oncologia, revelou a “Esforços estão a ser feito pa-
chefe de Departamento de Saú- ra que, em 2020, a província pos-
ONDAKA
Nos dias que correm, qualquer cidadão -
dentro das suas faculdades mentais -, ques-
tionar-se sobre o aumento de armas nas
ruas, que, presumivelmente, terão sido re-
cuperadas pela Polícia Nacional, em inú-
meras micro-operações, em posse de me-
liantes, muitos deles civis.
Com estupefacção, em função da “pro-
liferação” desses meios letais, o pacato ci-
dadão questiona-se: Quem fornece as ar-
mas de fogo aos civis? O questionamento
faz, em defesa da segurança pública, sen-
tido e merece uma resposta de quem de di-
reito.
É que, com o fim do conflito armado, a
entrega voluntária de armas e engenhos
explosivos não detonados, preocupa ou-
vir, diariamente, relatos de mortes provo-
cadas por uso de armas de fogo, na sua
maioria praticadas por indivíduos sem
qualquer ligação ao ramo castrense, reve-
lando uma certa vulnerabilidade de fisca-
lização dos órgãos afins.
Em Luanda, a morte de um recém-nas-
cido, de cinco meses, é um exemplo que
assusta a sociedade pela maneira como ci-
vis “brincam” com arma de fogo.
responsável, o sector da saúde na
província vai realizar campanhas
de rastreio para acautelar o au-
mento da propagação da doença.
Sem avançar números, Lurdes
Quem dá armas aos civis?
Quem fornece as armas de fogo (às ve-
zes novas) aos civis? Uma resposta preci-
sa-se!
Enquanto a resposta à pergunta, que não
se quer calar, não chega, as consequências
das acções dos “amigos do alheio” andam
à solta nos municípios e comunas do país:
furtos, violações, roubos qualificados, em
residências, na via pública, homicídios vo-
luntários, entre outros. Um dado intrigan-
te: 90% com recurso a armas de fogo.
O que mais inquieta a sociedade, é o fac-
to de muitos desses crimes serem cometi-
dos, maioritariamente, por adolescentes,
que em função das idades, a lei não lhe
permite o uso e porte de arma, ou alguma
passagem pelo serviço militar obrigatório.
O mais velho Julião Pambassangue, de
74 anos, é assertivo na sua avaliação: “mes-
mo alguém que foi militar, nada justifica
possuir uma arma de forma ilegal e fazê-
la como instrumento de fonte de receitas
para o seu sustento”, vitimando inocentes.
As autoridades policiais devem manter
a ordem e a tranquilidade públicas, tra-
balhando, incansavelmente, para garan-
tir o controlo da segurança das popula-
ções e a preservação dos bens públicos,
que constituem, do modo geral, o patri-
mónio do Estado.
É louvável a adopção de novos “modus
bo, Joana Lina, as pessoas que pa-
decem de cancro questionaram o
horizonte temporal para a cons-
trução de um centro de oncologia
para amenizar a sua situação.
operandi”, para o combate do fenómeno de
delinquência e crimes, com uso da arma de
fogo, a ser implementado nas 18 províncias
do país. É que não se pode continuar a vi-
ver com medo por culpa desses meliantes.
As autoridades têm de justificar, com
coerência e integridade, a origem verda-
deira dessas armas de fogo, algumas são
recuperadas, semanalmente, em mãos dos
marginais.
No Huambo, muitos desses grupos de
malfeitores estão identificados: Os Tre-
zentos, Staff de Sangue, os Mais Chega-
dos, Man Pá e Man Kila.
A cultura de denúncia é importante. O
medo de denunciar é maior. Os malfeito-
res são filhos da comunidade. Quando são
surpreendidos, autuados e detidos pela
Polícia Nacional, não tarda são soltos. A
barbaridade continua com ameaças a quem
suspeitam de os ter denunciado.
A expressão “não temos medo da polí-
cia e nem da cadeia, por ser nossa casa”,
anima o íntimo dos delinquentes, quando
estão à caça das presas com armas de ca-
nos serrados.
O povo clama pelo rigor na tramitação
de processos para se apurar quem, afinal,
fornece armas aos bandidos.
A vida e bem-estar dos angolanos me-
rece respeito e segurança.
como génese natural, existem, mas
a falta de investimentos
(produtoras e produtores), eclipsa o
brilho de alguns.
Se a música transforma a alma, o
futebol desperta paixões e une
multidões. Os futebolistas do Huambo
já espalharam, em tempos idos,
talentos de encher os olhos, com
refinada e aprimorada técnica. Arlindo
Leitão, Mona, Manecas, Saavedra,
Zacarias, Carlos Pedro, Picas, Lutukuta,
Bolingó, o pequeno Maria, Luís Bento,
Carnaval, enfim, inúmeros nomes que
já foram a excelência da perfeição da
arte de jogar futebol.
É preciso que, ao serem
mencionados estes nomes, de
nostalgia futebolística, se reverta a
condição de escombro em que se
transformou o estádio das Cacilhas.
Os novos talentos do Huambo, do
desporto no geral, almejam brilhar
para conquistarem o país e o mundo.
Exaltar estas qualidades natas, dos
rebentos do Huambo, é somente um
abanão à actual geração para sair da
zona de conforto e encarar os desafios
da vida com galhardia, puxando pela
massa cinzenta para, como no
passado, nos encherem de orgulho.
Bessa Teixeira, à
semelhança de Justino
Handanga, Pérola, Bela
Chicola, Zé da Nvunda,
Edna Mateia, dos
saudosos Vinevine e
Chissica Artz, entre
outros, é espelho de que
o Huambo tem, na
vertente musical, marca
e passos solidificados.
 4
HUAMBO
O RESGATAR DA ESPERANÇA
Joana Lina foi ao São José
viver de perto o calvário
da família Jambalima
Fernando Cunha
planalto.huambo@gmail.com
afecto pelo próximo é das for-
O
mas mais marcantes do amor
vinda do ser humano. Tal
gesto, por mais simples que seja,
além de deixar marcas, pode, num
ápice, alterar o rumo de vida da-
queles que mais necessitam.
Na primeira segunda-feira do
mês de Outubro, a governadora
do Huambo, Joana Lina, abando-
nou, por largas horas, a candura
do seu gabinete de trabalho, no
centro da cidade, para deslocar-se
até a humilde choupana dos Jam-
balima, no pobre bairro do São Jo-
sé, na zona Este da urbe huam-
buense, para ali demonstrar a sua
solidariedade a família que, há
mais de seis anos, vive uma pro-
funda angústia em decorrência da
“morte pré-anunciada”, de um
membro masculino da sua prole.
Até Setembro passado, Joana
Lina, que chegou a liderança do
governo do Huambo precisa-
mente um ano antes, nunca ti-
nha sido informada de tal facto
Quando tomou
contacto com esta
triste realidade, via
jornal Planalto –
que sempre buscou
por uma solução
para o caso dos
membros
masculinos desta
família -, a
governadora não se
fez rogada
pelo seu Gabinete Provincial de
Saúde, conhecedor do drama vi-
vido pelos Jambalima.
Quando tomou contacto com
esta triste realidade, via jornal
Planalto – que sempre buscou por
uma solução para o caso dos
membros masculinos desta fa-
mília -, a governadora não se fez
rogada, palmilhou os becos do
bairro São José e alcançou a hu-
milde residência de João Baptis-
FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO
ta Jambalima, o patriarca, de 45
anos de idade, que não conteve
a emoção quando esbarrou com
a pessoa da primeira “figura do
Huambo”, ao abrir a porta de
acesso ao quintal de sua casa.
“Deus é bom, Deus é justo. Ele
ouviu o nosso clamor”, foi com
tais palavras que o patriarca dos
Jambalima “abençoou” a chegada
de Joana Lina ao quintal da casa
onde reside. “No hospital nunca
conseguimos ajuda. Nunca recei-
taram qualquer medicação, nun-
ca nos apresentaram qualquer
diagnóstico. A doença dá-lhes ca-
bo lentamente”, lembrou.
Em Julho passado, Ilídio Jam-
balima deixou este mundo com
apenas 18 anos de idade. Tinha o
sonho de ser médico, mas a doen-
ça estranha tolheu-lhe a vontade
de um dia vestir uma bata branca
e franquear as portas de qualquer
hospital deste país.
Hoje por Hoje, as autoridades
sanitárias agora apontam que os
membros masculinos da família
Jambalima padecem de uma doen-
ça genética rara de nome “Dis-
trofia Muscular Progressiva”. A
directora do Gabinete Provincial
Quarta-feira, 16 de Outubro de 2018
Bens
e tratamento
desafogam
o dia-a-dia
da família
visita da governadora Joa-
A na Lina a família Jambali-
ma foi marcada pela entre-
ga, da parte do governo, de bens
que vão ajudar a desafogar algu-
mas questões do seu dia-a-dia.
Além de orientar o Gabinete
Provincial da Saúde a acompa-
nhar de perto o desenrolar do
tratamento de José e Mauro Jam-
balima quer no Hospital Cen-
tral quer no centro de recupe-
ração física da Bomba Alta, a go-
vernadora ofereceu alguns
meios para sustento da família.
O patriarca João Baptista Jam-
balima, de 45 anos, agradeceu
o gesto. Antigo quadro do Mi-
Para ter algum e sustentar a sua
família, João dedica-se a actividades de
alfaiataria, costurando roupas para
bebés e adolescentes.
Os membros da famí- lia ficaram felizes com
da Saúde, Jovita André, no car-
go desde 2016, disse, por altura
da visita de Joana Lina, que o
diagnóstico clínico dos Jamaba-
lima “já foi feito mesmo na pro-
víncia e a situação é do domínio
do Ministério da Saúde”.
Avança mesmo que, neste
momento, “o Instituto Nacio-
nal de Saúde Pública está a rea-
lizar estudos genéticos de ou-
tros membros da família para
se determinar a real causa”. Diz
um adágio popular “que mais
vale tarde, do que nunca” e, in-
dependentemente de existirem
muitas pessoas a padecerem de
PLANALTO
nistério do Interior, colocado na
Unidade de Protecção de Ob-
jectivos Estratégicos (UPOE),
de onde foi afastado por exce-
der o número de faltas permi-
tido pela lei, porque teve pri-
meiro de tudo velar pela saúde
dos seus filhos. Para ter algum
e sustentar a sua família, João
dedica-se a actividades de al-
faiataria, costurando roupas pa-
ra bebés e adolescentes.
Agradeceu o gesto da gover-
nadora Joana Lina, e espera os
apoios possam criar soluções pa-
ra que a patologia que enferma
José e Mauro Jambalima seja de-
finitivamente debelada.
FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO
o apoio do Governo
várias enfermidades, e a ne-
cessitarem de uma mão solidá-
ria como a de Joana Lina, a
mais forte das verdades é que
os Jambalima agradecem o ges-
to da governadora.
“Já não tínhamos esperança.
Mas hoje a solidariedade veio
de cima e com a graça primei-
ramente do senhor que trouxe
cá mãe Joana Lina, o Zé Bambi
já recebe assistência perma-
nente no hospital geral, e o
Mauro faz tratamentos de fi-
sioterapia na Bomba Alta, além
de outros apoios”, aponta João
Baptista Jambalima.

PLANALTO Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
VISITA DO PRÍNCIPE HARRY AO HUAMBO
Um dia para recordar na história
Miguel Ângelo
planalto.huambo@gmail.com
cidade do Huambo fervi-
A
lhou de afectuosidade, emo-
ções e nostalgia com a pas-
sagem marcante do filho de uma
das mulheres – Princesa Diana -,
que colocou o drama das minas
terrestres em Angola na agenda
dos líderes das grandes potências
mundiais, o Príncipe Harry, o Du-
que de Sussex, membro da famí-
lia Real Britânica.
O distante ano de 1997, mais pre-
cisamente a 15 de Janeiro, dia em
Huambo, a cidade idealizada pelo
engenheiro Ferreira Vicente e fun-
dada, há 107, por José Mendes Ri-
beiro Norton de Matos, conheceu
transformações urbanísticas gigan-
tescas. Mas na actual Avenida 28 de
Maio, anteriormente um verdadeiro
campo minado, está conservada,
apesar das transformações, a árvo-
re que serviu, há 22 anos, de cená-
rio para uma conversa entre a Prin-
cesa Diana, com Sandra Tijica Olem-
be e outros jovens afectados pelas
minas. A imagem da menina, na al-
tura com 16 anos, com um pé cal-
çado, no colo de “Lady Di”, correu o
mundo e contínua impactante.
No local, de dez metros quadrados,
em que a Princesa Diana colocou
Angola nas manchetes dos mais fa-
mosos jornais do mundo, foram re-
colhidos e destruídos - conforme re-
zam aos dados apresentados -, mais
de 28 minas anti-pessoais e 313 uxos
(explosivos não detonados).
É por esta razão e de justiça senti-
mental, que o Príncipe -fez o mesmo
percurso efectuado por sua mãe em
1997- resumiu, em poucas palavras, a
importância e o impacto daquele lo-
cal e do momento protagonizado por
que a Princesa Diana foi fotogra-
fada com alguns jovens angolanos
afectados pelas minas, mexeu cons-
ciências - em particular a dos ho-
mens -, que a partir de sumptuo-
sos prédios de vidros fumados des-
ses países tidos como potências
mundiais, controlavam o mercado
de meios bélicos.
A Princesa do Povo, como fica-
ra conhecida a mãe de Harry, fez
ver ao mundo, na escuridão da ga-
nância, que o que se passava, na
época em Angola, era um genuí-
no atentado à humanidade, numa
altura em que se multiplicavam as
vítimas inocentes de accionamen-
AVENIDA, ÁRVORE E UM JARDIM CHAMADO DIANA
sua mãe, que despertou o mundo pa-
ra o drama das minas em Angola.
“Gostaria que a minha mãe estives-
se viva, pois tenho a certeza que gos-
taria de testemunhar esta realidade,
que se vive hoje neste lugar. O po-
vo angolano é um exemplo a seguir,
pelo compromisso de querer ter es-
te país livre de minas até 2025”. De
1997 a 2019, passam-se exactos 22
anos. O cenário de conflito armado
to de minas. A violência, gratui-
dade, desumanidade e facilidade
com que as pessoas perdiam a vi-
da ou os membros do corpo.
Os danos do drama estão re-
gistados na história: mais de 99
mil minas diversas foram, ao lon-
go dos últimos 25 anos, removi-
das e destruídas em território na-
cional. No Huambo, indica uma
organização não-governamental,
foram removidos e destruídos 85
mil artefactos, com a desactiva-
ção de 670 campos, o equivalen-
te a 25 milhões de metros qua-
drados de áreas clarificadas.
Mas, regressamos ao Huambo,
ficou no passado. Porém, reconhe-
ce o membro da Casa Real Britâni-
ca, há muito trabalho e acções a se-
rem desenvolvidas. Muito desse tra-
balho, de cura de traumas e mazelas
provocadas pelas minas, passam pe-
lo Centro de Medicina Física e Rea-
bilitação. Na visita ao centro, agora
baptizado de “Princesa Diana”, o fi-
lho mais novo do príncipe Carlos
Windsor deixou palavras de conforto
HUAMBO
27 de Setembro de 2019. O frene-
sim, no aeroporto Albano Ma-
chado, começou nas primeiras
horas da manhã, com a comissão
de recepção, liderada pela mi-
nistra de Estado, Carolina Cer-
queira, coadjuvada pela gover-
nadora Joana Lina, a acertar os
tratos protocolares de boas-vin-
das ao Príncipe Harry. O dístico,
com a bandeira dos dois países,
reportava este sentimento de
“acolhimento” do filho de uma
das melhores amigas de Angola
no combate às minas.
Quando Harry desembarcou da
avioneta, que o transportou do
FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO
e renovação de esperança por dias
menos sinuosos, sobretudo às pes-
soas que, nas encruzilhadas da vi-
da, viram-se afectadas pelo flagelo
das minas terrestres e de outras al-
terações psico-motoras.
“Honrado pelo trabalho e compro-
misso da Princesa Diana com a des-
minagem, que ainda hoje continua
a inspirar outras pessoas. Daí que o
seu legado seja reconhecido e co-
5
FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO
Dírico à Cidade Vida, tudo esta-
va montado como mandam os
costumes da terra: cânticos reli-
giosos, ensaiados pelo grupo co-
ral da Igreja Protestante, e músi-
ca e dança tradicional, exibidos
pelo grupo Katyavala do Bailun-
do, constituído na sua maioria
por mulheres. Na galeria do aero-
porto, centenas de pessoas ace-
navam, sinal de carinho e felici-
dades em ter, nas terras de Wam-
bo Kalinga e também Buila e
Katiavala, a registar alguns lai-
vos de clima do “velho Conti-
nente”, um Príncipe que defende
causas nobres.
memorado com a nomeação des-
te centro em sua homenagem”, Dis-
se Harry, ao descerrar a placa que
baptiza o nome do centro com o no-
me da sua mãe. Na plateia, em ges-
to de mesuras, alguém sussurrou: “Nós,
aqui no Huambo, sabemos reconhe-
cer quem nos faz bem. A sua presença
trouxe-nos, também, mais ruas asfal-
tadas. Volte sempre, Príncipe Harry!”.
No dia 27 de Setembro, na cidade
do Huambo, o Príncipe desejou que
Angola se torne “um quotidiano se-
guro e a construir comunidades di-
nâmicas e prósperas”.
A chuva registada, à saída do cen-
tro de reabilitação, simbolizou um
gesto de “agradecimento dos céus”
à presença de tão ilustre visitante,
que tem estado a ajudar a cons-
ciencializar o mundo sobre os ma-
les causados pelas minas e a ne-
cessidade de elas serem banidas
completamente da face terrestre.
O Huambo, em nome de Angola, re-
gistou esta data para um dia recor-
dar, com nostalgia, a exemplo do
que aconteceu com o da passagem
da Princesa do Povo.
Twapandula, Príncipe Harry!
MIGUEL ÂNGELO
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 BIÉ
PLANALTO Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 7

EDSON FABRÍZIO | EDIÇÕES NOVEMBRO

LOCALIDADE DA SEDE PROVINCIAL

Falta quase tudo no bairro Chafarizes

nos bairros
Santo António A reportagem do Planalto
contactou o administrador
Na localidade, há uma ravina em progressão. A situação é do conhecimento das municipal do Cuito, Avis Viei-
entidades competentes, que nada fazem para estancar o fenómeno, transforma- ra, que disse conhecer a reali-
dade dos moradores dos bair-
do num autêntico depósito de lixo. Os moradores, que vivem ao longo do ros periféricos. Segundo o res-
valado, sofrem com o mau cheiro. ponsável, as localidades que
não possuem sistemas de
abastecimento de água vão,
EDSON FABRÍZIO | EDIÇÕES NOVEMBRO nos próximos meses, benefi-
Delfina Victorino dir a circulação normal de viatu- ciar da instalação de chafari-
planalto.huambo@gmail.com ras e bens e, quando chove, o mau zes, para facilitar a distribuição
cheiro invade as nossas residên- do líquido precioso.
cias”, lamenta Justina, que, por “Mas é preciso que a popula-
oradores de um dos mais

M
antigos bairros do muni-
cípio do Cuito, o Santo An-
tónio, lamentam da falta de água
e do mau estado das vias de aces-
so à localidade, onde a antiga cap-
tação e a Igreja Católica de Nossa
Senhora de Fátima são as estrutu-
ras de referência.
Com mais de 20 anos de exis-
tência, a localidade faz fronteira
com os bairros da Castanheira,
São José, Cantíflas e com o bairro
Piloto. Santo António possui inú-
meras residências construídas
de forma anárquica, acção que
resulta da apatia funcional dos
efectivos dos serviços de fiscali-
zação da Administração Muni-
cipal do Cuito.
Devidos às obras ilegais, exe-
cutadas em ruelas e becos, vários
acessos ficaram interditos no bair-
ro, onde vive milhares de pessoas
de vários estratos sociais, que an-
seiam ver instalados, na locali-
dade, os principais serviços so-
ciais básicos. Juliana Avindo, 33
anos, que mora há 15 no bairro e
trabalha como professora do en-
sino primário, no município do
Cuemba, disse que a falta de água
O bairro possui inúmeras casas construídas de forma anárquica
é um dos principais problemas,
que afectam no bem-estar social
dos cidadãos.
“Colocaram a canalização há
mais de três anos, mas até agora
a água não jorra. Somos obriga-
dos a pagar 50 kwanzas na com-
pra de 20 litros de água”, disse.
No bairro Santo António, os mo-
radores correm perigo de vida.
Há uma ravina em progressão,
que já impede a circulação auto-
móvel. A situação, segundo os mo-
radores, é do conhecimento das
entidades competentes, que nada
fazem, para estancar o progresso
do valado, que ficou transforma-
do num autêntico depósito de li-
xo. Os moradores, que vivem ao
longo da ravina, sofrem com o
mau cheiro.
Justina Tchitetossi, 26 anos, que
vive próximo da ravina, disse que
os moradores já se cansaram de
levar o assunto à administração
local do Estado. A jovem lamen-
ta o silêncio das entidades com-
petentes. “A ravina está a impe-
causa da falta de saneamento bá- ção cuide dos equipamentos
sico e de água potável, prepara- colocados a sua disposição.
se para alugar uma casa em ou- Os chafarizes, que até a bem
tro bairro mais desenvolvido. pouco tempo ainda funciona-
“Fui militar. Por causa da mi- vam nos bairros Azul 1 e 2, fo-
nha deficiência na perna esquer- ram vandalizados”, apelou.
da, fui desmobilizado. Todos os Sobre o bairro Santo António,
meus filhos nasceram aqui. Co- o administrador do Cuito ga-
nheço este bairro como a palma rantiu que, os moradores da
da minha mão. As do Santo An- localidade vão beneficiar de
tónio nunca receberam obras de água potável, logo depois da
reabilitação. Só fazem promessas entrada em funcionamento da
e, mais nada”, disse João Lum- nova estação de captação, tra-
bungululo, 48 anos, morador na tamento e distribuição.
localidade há mais de 20 anos.
Visivelmente triste, Lumbun-
gululo disse à reportagem do jor-
nal Planalto que dificilmente fal-
ta energia no bairro. Quanto à
água, a população é obrigada a
comprar, para assegurar a higie-
ne pessoal e habitacional. “Os
que têm tanques de água adqui-
rem o precioso líquido a partir
dos camiões cisternas, e depois
revendem em baldes, bidões e ba-
nheiras”. “As nossas latrinas co-
locam a vida das crianças em ris-
co. Mas não temos outra forma
de viver, enquanto as condições
financeiras do país não favorece-
rem”, disse o morador.
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BIÉ
Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 PLANALTO

EDSON FABRÍZIO | EDIÇÕES NOVEMBRO rem mais úteis à sociedade”, disse

a autoridade tradicional.
No estabelecimento prisional do
Capolo funciona, também, um cen-
tro de saúde, que garante a assis-
tência médica e medicamentosa
aos reclusos e a centenas de famí-
lias da localidade. De acordo com
o regedor, os serviços de Saúde e
Educação estão concentrados ape-
nas na sede comunal da Chicala,
a 10 quilómetros do Capolo, onde
os táxis não chegam, devido as pés-
simas condições das vias.

“O estabelecimento
prisional do Capolo
é dotado de
imponentes infra-
estruturas, que
datam desde 1959,
altura da sua
fundação”

“O estabelecimento prisional do
Capolo é dotado de imponentes in-
fra-estruturas, que datam desde
1959, altura da sua fundação, e até
hoje oferecem condições para al-
bergar serviços mínimos de apoio
aos sectores da Educação e da Saú-
de”, afirma o director Sabino Ca-
tumbela. Segundo o responsável,
para dar resposta aos grandes pro-
blemas da comunidade, a direc-
ção da cadeia do Capolo solicitou
o apoio das entidades compe-
INSERÇÃO ESCOLAR tentes. “Depois de responderem
positivamente ao nosso pedido,

Crianças aprendem a ler e escrever abrimos, há cerca de um ano, as

portas à comunidade, e hoje aten-
demos mais de três mil habitan-
tes de quatro aldeias”, disse.

na unidade prisional do Capolo O posto médico da cadeia do Ca-

polo funciona com cinco técnicos
médios de enfermagem e um de
nível superior. Sabino Catumbela
Dotado de imponentes infra-estruturas, que datam desde 1959, altura da sua avança que a grande dificuldade
fundação, o estabelecimento prisional oferece condições mínimas de saúde e de que a unidade enfrenta é a falta de
uma ambulância para levar os pa-
ensino e aprendizagem à população local. cientes em estado grave, quando
recebem ordem de transferência
estabelecimento prisional local. por isso não têm como perturbar servem de solução para a inserção para o hospital central do Bié.
Matias da Costa Na cadeia do Capolo, as aulas os meninos que vêm das aldeias. das crianças do Capolo no sistema Esclarece que os medicamentos
planalto.huambo@gmail.com da Iniciação à 6ª classe são asse- Estudam separados”, explica o di- do ensino. O regedor da Chicala, que deviam servir apenas os re-
guradas por cinco professores efec- rector da cadeia, Sabino Catum- João António, felicitou a direcção clusos, também são distribuídos,
or falta de salas de aula, na tivos e dois colaboradores, que se bela, que acredita que os serviços da cadeia do Capolo, pelo gesto. gratuitamente, à população. Sabi-

P aldeia Capolo, comuna da

Chicala, no Cuito, um total
de 293 crianças, que se encontra-
vam fora do sistema de ensino e
se dedicavam à actividade agrícola
e à caça, aprendem, no presente
ano lectivo, a ler e a escrever, no
encontram a cumprir penas de pri-
são. A dar suporte ao ensino, o es-
tabelecimento prisional conta com
uma biblioteca com 354 livros (cien-
tíficos e técnicos).
“Temos cinco salas. Os reclusos
recebem aulas de alfabetização e,
prestados à comunidade vão faci-
litar no processo gradual de de-
senvolvimento da Chicala.
Uma aluna da 4ª classe, Inês Cu-
mandala, de 13 anos, disse que na
localidade não há escolas e, por es-
sa razão, as salas de aula da cadeia
“Desde 2013 que aquelas crianças
não vestiam batas para ir à escola.
Agora, com esta acção, crianças e
adolescentes foram retiradas dos
campos agrícolas para as salas de
aula, onde exercitam e aprendem
conhecimentos a fim de se torna-
no Catumbela realça que o pro-
cesso de inclusão social da comu-
nidade do Capolo, que envolve as
famílias, líderes comunitários e au-
toridades tradicionais, teve a ini-
ciativa da direcção do estabeleci-
mento prisional local.

EDSON FABRÍZIO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Reclusos recuperam
dois mil hectares
Os reclusos internados na cadeia do Ca-
polo, comuna da Chicala, no Cuito, re-
cuperaram uma área de dois mil hecta-
res de terra, para assegurar a produção
agrícola e, consequentemente, melho-
rar a sua dieta alimentar.
O director da cadeia do Capolo disse
que, os reclusos apostam no cultivo do
maracujá, milho, melancia, mandioca,
batata-doce, repolho, alho, feijão, cebo-
la e tomate. “Face aos bons índices pro-
dutivos, está em curso a implementa-
ção de um projecto de produção de fa-
rinha de milho de marca Capolo”,
avançou o responsável.
Sabino Catumbela sublinhou que, a
zona prisional de Capolo tem uma po-
tente indústria transformadora, que per-
mite produzir grandes quantidades de
farinha de milho. “Aqui, a produção agrí-
cola tem contribuído para a estabilida-
de alimentar dos reclusos”, explicou.
Um dos reclusos, Soares Paulo, que
desempenha a função de coordenador
do grupo responsável pela produção de
vegetais, disse que, os níveis de produ-
ção agrícola podem aumentar nos pró-
ximos dias, a julgar pelas acções de vo-
luntarismo demonstrado pelos presos
e detidos na cadeia do Capolo, que são
maioritariamente jovens, com muita
vontade de aprender e trabalhar.
“Mas precisamos de mais meios de
trabalho, para elevar os níveis de pro-
dução”, disse o coordenador do grupo
responsável pela produção de vegetais,
no referido estabelecimento prisional.
MC

PLANALTO Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
Superintendente-chefe António Hossi
Mário de Carvalho
planalto.huambo@gmail.com
s crimes de homicídios por
O crença na superstição e vio-
lação de menores são, a par
de roubos e furtos, os mais fre-
quentes na província do Bié, re-
velou ao jornal Planalto o porta-
voz da Corporação, superinten-
dente-chefe António Hossi.
Sem avançar dados, aquele ofi-
cial superior da Policia Nacional
defende que o combate a esses cri-
mes não deve passar apenas pela
captura dos seus autores, mas tam-
bém pela sensibilização da popu-
lação, principalmente as autorida-
des tradicionais e igrejas, que de-
vem denunciar todos os casos que
ocorrerem na sua comunidade.
Os roubos de viatura, garantiu,
reduziram na província, embora
surjam um ou outro caso, com de-
núncias vindas de outras provín-
cias, cujo cerco envolve todo o país.
“O Bié não tem escapado.
Tem estado a fazer esse controlo
e a detenção desses indivíduos, que
presumivelmente roubam viaturas
numa determinada província e che-
gam a passar por aqui”, frisou.
O superintendente-chefe An-
tónio Hossi assegurou o empe-
nho de todos os órgãos do Mi-
nistério do Interior no Bié para
garantir a ordem e a tranquili-
dades públicas. “Estamos empe-
nhados no cerco a todas as for-
mas ilícitas de exploração de re-
cursos minerais e a rever a
situação dos estrangeiros ilegais,
principalmente nas áreas dia-
mantíferas. A Polícia Nacional e
o Serviço de Investigação Crimi-
SEGURANÇA
Novos meios reforçam
o patrulhamento
Mário de Carvalho
planalto.huambo@gmail.com
O Comando Provincial da
Polícia Nacional no Bié conta
com mais três viaturas para o
reforço do patrulhamento na
cidade do Cuito. O porta-voz
da Corporação, superinten-
dente-chefe António Hossi fri-
sou que, apesar de insufi-
cientes, os novos meios vão
atenuar naquilo que são as ne-
POLÍCIA NACIONAL
Crimes de homicídios
e violações de menores
são os mais frequentes
Polícia Nacional na província do Bié não dá tréguas aos marginas que insistem em tirar o sono ao pacato cidadão
nal continuam a não dar tréguas
aos marginais que tiram o sono
ao pacato cidadão”, destacou.
O porta-voz do Comando Pro-
vincial da Polícia Nacional ga-
rantiu que a operação “Resgate”,
continua a ser executada, estan-
do agora focada nos estabeleci-
mentos comerciais. Quanto a ven-
da ambulante, o porta-voz do Co-
mando Provincial da Polícia
cedades da Polícia Nacional.
“Estas são as primeiras, mas
com certeza havemos de re-
ceber outras”, afirmou.
As viaturas de pequeno
porte vão fazer patrulhamen-
to auto nas zonas urbanas da
cidade do Cuito. “Pensamos
que estas viaturas vão, em
grande medida, servir as ar-
térias da cidade do Cuito, bair-
ros críticos, tendo sempre em
atenção o cuidado na sua uti-
lização”, sublinhou.
Nacional no Bié disse que as ope-
rações têm sido realizadas com pon-
deração, tendo em conta o índice
elevado de pobreza no seio da po-
pulação. “A nossa acção tem sido
no sentido de impedir a ocorrência
de desordem naqueles locais onde
se aglomeram, como jardins e ven-
das no passeio”, ressaltou.
António Hossi adiantou que é
gratificante ver as ruas da cidade
BIÉ
DR
do Cuito sem aglomerados de li-
xo nem vendedores sentados a co-
mercializarem os seus produtos.
“Existe organização. Há regras de
convivência urbana. Tudo isso, de-
vemos reconhecer, graças também
a colaboração da própria popula-
ção, que pauta por uma conduta
digna e acata as orientações da Po-
lícia Nacional e da Administração
Municipal”, salientou.
9
DR
ESTRADA
NACIONAL 250
ACIDENTE DE VIAÇÃO
PROVOCA SEIS MORTOS
E UM FERIDO
Seis mortos e um ferido é o re-
sultado de um acidente de via-
ção, segunda-feira, na Estrada
Nacional 250, na localidade de
Cangala, município do Chinguar,
na província do Bié.
O ferido é o motorista da viatura
que capotou no troço rodoviário
entre a cidade do Cuito e o mu-
nicípio do Chinguar. O motorista
está em estado grave e recebe
cuidados médicos no hospital mu-
nicipal do Chinguar.
O director de comunicação ins-
titucional e imprensa do Co-
mando Provincial da Polícia Na-
cional no Bié, o superintendente-
chefe, António Hossi, referiu que
entre as vítimas está uma crian-
ça de nove meses de idade.
O oficial apontou como principal
causa do acidente o excesso de
velocidade e de lotação, bem co-
mo o mau estado técnico da via-
tura, pelo que apelou os auto-
mobilistas a pautarem pela pru-
dência durante a condução.
Sem avançar dados relativos aos
acidentes registados este ano,
deu a conhecer que a Polícia de
Viação e Trânsito e parceiros so-
ciais continuam a sensibilizar os
automobilistas e população em
geral para respeitarem o Códi-
go de Estrada.
EDIÇÕES NOVEMBRO
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BIÉ
Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 PLANALTO

JOSÉ CHAVES | EDIÇÕES NOVEMBRO

João Constantino
planalto.huambo@gmail.com

O
município do Cuemba tem
disponíveis cerca de quatro
mil milhões de kwanzas pa-
ra a implementação de 13 projectos,
no âmbito do Plano Integrado de
Intervenção nos Municípios (PIIM).
No município do Cuemba falta
alguns serviços, como um cartório
notarial, loja de registo, hotéis e si-
milares. No âmbito do PIIM, serão
construídas seis escolas, num total
de 63 novas salas de aula, um cen-
tro de saúde, com capacidade pa-
ra 30 camas, a aquisição de uma
ambulância, um clube comunitá-
rio e um complexo residencial ad-
ministrativo.
Cuemba terá uma nova imagem
com a conclusão das obras de as-
faltagem de 10 quilómetros de es-
tradas da sede municipal, a cons-
trução de quatro pontes em vias
terciárias de ligação às sedes co-
munais e a terraplanagem das vias
que ligam as comunas sede, do
Luando, do Munhango e do Sa-
chinemuna.

AGRICULTURA É O MAIOR MEIO

DE SUBSISTÊNCIA FAMILIAR
O município do Cuemba prevê co-
lher, na campanha agrícola
2019/2020, 30 toneladas de milho
e igual número para o arroz, fei-
jão e mandioca. Oito cooperativas
e 40 associações de camponeses
apoiam os agricultores na aquisi-
ção de instrumentos agrícolas. A
principal dificuldade reside na
aquisição de fertilizantes e se-
mentes. O administrador munici-
pal, João Baptista Mário, refere
que este facto tem reduzido os ní-
veis de produção na região.
O mau estado das vias de aces-
so tem dificultado o escoamento
da produção, por isso, disse ser
urgente a reabilitação da Estrada
Nacional 250. Enquanto a reabi-
litação tarda em chegar, João Bap-
tista Mário vê na chegada do
comboio do Caminho-de-Ferro
de Benguela a alternativa para o
transporte dos produtos do cam-
po.
No cargo há cerca de seis meses,
João Baptista Mário destaca que a
maior alegria da população foi a
chegada do comboio do Caminho-
de-Ferro de Benguela. “Com as es-
tradas por reabilitar, foi uma gran-
de alegria para a nossa população
testemunhar, diariamente, a che-
gada do Comboio. A frequência
diária já possibilita a população
viajar comodamente do Cuemba
ao Cuito, Huambo e mesmo ao
Moxico”, disse.
SAÚDE NO CUEMBA
PLANO INTEGRADO DE INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS
Cuemba tem cerca de quatro mil
milhões de kwanzas para obras
Administrador João Baptista Mário
ENERGIA E ÁGUA
A população do Cuemba beneficia
de água potável 24/24 com a cons-
trução, no âmbito do programa
“Água para Todos” de quatro sis-
temas de captação e tratamento de
água na sede municipal e nas co-
munas do Munhango, Luando e
Sachinemuna.
“Mais de 2.787 pessoas benefi-
ciam de água 24/24 horas nas
suas casas, desde Março. Os con-
tratos para as novas ligações do-
miciliares continuam, conforme
solicitação dos nossos muníci-
pes”, garantiu o administrador
municipal.
Em relação à energia eléctrica, o
município do Cuemba possui 15
grupos geradores distribuídos por
várias zonas e comunas. “Os ge-
radores já funcionam, falta apenas
os técnicos da ENDE fazerem as li-
gações domiciliares nas zonas ain-
da sem energia”, afirmou.
As ruas da sede municipal, de
terra batida e desniveladas, ainda
estão por asfaltar e algumas resi-
dências por reabilitar. Mas nem
por isso deixa de crescer. “Como
podem ver, o nosso município es-
tá a mudar. Já temos uma agência
bancária, o balcão BUÉ, serviços
de telefonia móvel e de dados e es-
colas do segundo ciclo. Os servi-
ços básicos funcionam dentro da
normalidade. Antes, era só difi-
culdades”, referiu, acrescentando
que o município já recebe sem pro-
blemas os sinais da Rádio Nacio-
nal de Angola (RNA) e da Televi-
são Pública de Angola (TPA).
DEMOGRAFIA.
Localizado a 162 quilómetros a les-
te da cidade do Cuito, o Cuemba
é tipicamente um município agrí-
cola, rodeado por rios, riachos e ri-
beiros. O clima é moderado, pró-
prio para o desenvolvimento da
agro-pecuária. A paisagem é com-
posta por chanas, montanhas e flo-
restas densas.
O milho, amendoim, arroz,
mandioca, feijão-frade, massan-
go e feijão são os principais pro-
dutos cultivados na região, onde
podemos encontrar onças, palan-
cas, chimpanzés, jiboias, macacos,
elefantes e cágados. Nos rios, en-
contramos crocodilos e hipopó-
tamos.
Dados do Censo Geral da Po-
pulação e Habitação, realizado em
2014, revelam que Cuemba possui
uma população estimada em
62.735 habitantes, dos grupos ét-
nico-linguístico Cokwes, Luimbys,
Songos, Umbundo e Lutchazes.
O município possui quatro co-
munas, a sede, o Munhango, que
dista a 62 quilómetros a leste da se-
de municipal, o Luando, a 105 qui-
lômetros, a nordeste, e Sachinemu-
na, a 75 quilómetros, a norte.
EM FASE EXPERIMENTAL
Cuito recebe
energia
de Laúca
O MUNICÍPIO DO CUITO re-
cebe, desde meados de Abril,
energia eléctrica proveniente da
barragem de Laúca, disse o go-
vernador do Bié, Pereira Alfredo.
O governante explicou que
foi reforçada a capacidade de
fornecimento de energia eléc-
trica com a chegada à cidade
do Cuito da linha de transporte

Concluídas as obras a partir da barragem de Laúca.

Sem revelar a capacidade de

do hospital regional energia proveniente de Laúca,

Sete anos depois, estão con-
cluídas as obras de construção do
Hospital Regional do Cuemba, a
162 quilómetros a Leste da cidade
do Cuito. As obras da unidade hos-
pitalar, a ser inaugurada em bre-
ve, estão orçadas em nove milhões
de dólares.
O hospital regional, que vai tam-
bém atender as províncias da Lun-
da Sul, Malanje e Moxico, tem qua-
tro blocos operatórios, uma mor-
gue, salas de imagiologia, apoio
técnico e comunicação, emergên-
cias médicas e outros serviços.
O director do Gabinete provin-
cial da Saúde no Bié, João Campos,
garantiu que cinco médicos cuba-
nos irão prestar assistência médi-
ca e medicamentosa aos pacientes.
No Cuemba, os munícipes es-
tão expectantes com a inaugura-
ção do hospital. Adriano Sapalo,
de 26 anos, defende que, com a
conclusão das obras do hospital
regional, o Executivo deve agora
reabilitar a Estrada Nacional 250.
“Se a estrada não for reabilitada, o
hospital não irá corresponder às
espectativas”, afirmou.
O administrador do Cuemba,
João Baptista Mário, sublinha o fac-
to de o hospital regional dispor de
serviços inexistentes em algumas
províncias do país. “Estamos satis-
feitos com a conclusão desta obra.
O gesto demonstra o trabalho e o
compromisso do Executivo em sa-
tisfazer as necessidades da popu-
lação”, disse. O município do Cuem-
ba tem cerca de 62.735 habitantes,
na sua maioria camponesa e é rico
na produção do arroz, batata-doce,
mandioca, feijão e milho. JC
de forma experimental, Pereira
Alfredo salientou que, de Outu-
bro de 2018 a Março do ano em
curso, foram realizados traba-
lhos de melhorias da rede de ilu-
minação pública, principalmen-
te nas zonas periféricas do mu-
nicípio do Cuito. O
melhoramento do saneamen-
to básico da cidade do Cuito
consta da agenda de trabalho
do Governo da Província. “É ne-
cessário o envolvimento de to-
dos cidadãos nas acções de
limpeza e acondicionamento
dos resíduos sólidos produzidos”,
exortou. Delfina Victorino
 BIÉ
PLANALTO Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 11

Matias da Costa
planalto.huambo@gmail.com
INVESTIMENTO PRIVADO NO CUNJE
om mais de dois mil hectares

C de área livre de minas, a infra-

estruturação do Pólo Indus-
trial do Cunje, município do Cui-
Infra-estruturação
to, província do Bié, aguarda pelo
resultado final do concurso públi-
co, realizado em Dezembro do ano
passado, para a devida avaliação
das propostas de investimentos a
do pólo industrial
ser implementados no local, infor-
mou a coordenadora do projecto.
Elvira Chicambe disse que a fu-
tura zona industrial do Cuito, que
aguarda pelos
faz parte de um total de oito pólos
industriais criados, em todo o país,
já cumpriu com os trâmites admi-
nistrativos, cujos trabalhos foram
resultados do concurso
efectivados pela comissão inter-
ministerial, que dirigiu o concurso.
A localização estratégica do local
onde deverá funcionar o pólo,
A coordenadora
do projecto próximo da estação do Caminho-de-
acrescentou que, no Ferro de Benguela (CFB), que sai do
Pólo Industrial do Lobito (Benguela) ao Luena (Moxi-
Cunje, um grupo de co), se afigura como uma mais-valia
investidore para as acções de escoamento
s americanos da dos bens produzidos localmente.
AEON, candidatou-
se para investir nos
sectores da energia
e águas

Segundo a responsável, termi-

nada a fase de avaliação das pro-
postas dos potenciais investidores,
a comissão remeteu o relatório ao
Ministério da Indústria. “Dos gru-
pos nacionais com projectos de in-
vestimentos definidos e viáveis,
destaca-se a inscrição das empre-
sas Caneth, Jocose, Orquídea e An-
gopri, que continuam predispos-
tos a dinamizar o sector industrial
no Bié”, disse Elvira Chicambe.
A coordenadora do projecto
acrescentou que, no Pólo Indus-
trial do Cunje, um grupo de in-
vestidores americanos da AEON,
candidatou-se para investir nos trial do Cunje ressaltou que a fal- cia dos potenciais investidores. tor do grupo empresarial em cau- necer o gás à região centro e leste
sectores da energia e águas. Elvi- ta de garantias dos investidores, sa, Sandro Miguel, avança que do país, que há muito carece de as-
ra Chicambe sublinhou que, den- junto das instituições bancárias, GÁS DE COZINHA o projecto é viável, por se regis- sistência neste particular”, referiu.
tro das plataformas criadas, a coor- impossibilita o acesso a financia- O grupo Orquídea, no âmbito do tar na região um grande défice Sandro Miguel sustenta que a
denação do pólo industrial pro- mentos. Os promotores de inves- seu plano de investimento, apos- de oferta do produto. localização estratégica do pólo,
cedeu o loteamento de 610 timentos, de acordo com a res- ta na montagem de uma linha “O projecto está sem data de ar- próximo da estação do Caminho-
hectares, numa extensa área com ponsável, consideram absurdas as de enchimento de gás de cozi- ranque prevista. Mas, uma vez em de-Ferro de Benguela (CFB), fa-
cerca de 1.800 hectares. contrapartidas ditadas pelos ban- nha, com capacidade para qua- execução, vai reduzir a procura do vorece o investimento que o gru-
A coordenadora do Pólo Indus- cos, facto que provoca a desistên- tro mil garrafas, por dia. O ges- gás butano. O nosso objectivo é for- po tenciona fazer.

Máquina para descasque

de arroz instalada na Cambâdua
Uma unidade industrial, com
capacidade de descasque para
mais de duas mil quilogramas de
arroz por dia, foi instalada na co-
muna de Cambâdua, no Cuito, pa-
ra acudir as necessidades dos agri-
cultores da região, disse ao jornal
Planalto o director municipal da
Agricultura.
Francisco Dumbo explicou que
o projecto orçado em mais de 13
milhões de Kwanzas é uma ini-
ciativa do Governo Provincial do
Bié. Segundo o responsável, a fá-
brica de descasque entrará em fun-
cionamento apenas depois de apri-
morados os aspectos técnicos e de
gestão administrativa. “Os agri-
cultores associados poderão be-
neficiar deste investimento do go-
verno nos próximos dias”, garan-
tiu Francisco Dumbo.
O director municipal da Agri-
cultura do Cuito avançou que a
unidade industrial vai atender,
também, as necessidades dos agri-
cultores das comunas de Ringoma
e Umpulo, no município de Ca-
macupa, e da localidade de Chiu-
ca, em Catabola.
“A unidade industrial de des-
casque de arroz vai garantir o mí-
nimo de condições de que os pro-
dutores do cereal, na província,
tanto necessitam”, disse o res-
ponsável.
Francisco Dumbo referiu que os
camponeses dos municípios do
Cuito, Cuemba, Camacupa e Ca-
tabola estão cada vez mais apos-
tados na produção do milho.
“A instalação deste equipamen-
to poderá impulsioná-los no sen-
tido de produzirem mais arroz”,
perspectivou.
A província do Bié possuía apenas
uma unidade industrial de des-
casque de arroz, localizada no mu-
nicípio de Camacupa.
MATIAS DA COSTA
 12

BIÉ
Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 PLANALTO

EDSON FABRÍZIO | EDIÇÕES NOVEMBRO

CAMPANHA AGRÍCOLA 2019/2020

Banco Mundial
disponibiliza
mais de 800
milhões
de Kwanzas
Esse valor será utilizado para a
implementação de vários projectos
agrícolas nos municípios do Andulo,
Camacupa, Catabola, Chinguar,
Chitembo, Cuito e Nharêa, onde 1.375
hectares já foram preparados para a
produção de milho, feijão, batata-rena,
mandioca, arroz e tomate

Delfina Victorino
planalto.huambo@gmail.com
Banco Mundial vai disponi-
ve municípios do Bié, nomeada-
mente, Andulo, Camacupa, Cata-
bola, Chinguar, Chitembo, Cuito e
Nharea. Devido a sua reduzida den-
sidade populacional, os municípios
panha agrícola no Bié. O coordena- Cuito alegam que a falta de se-
dor Nacional do Projecto de De- mentes e instrumentos agrícola
senvolvimento de Agricultura Fa- tem impossibilitado o aumento da
miliar e Comercialização (MOSAP produção. António Sambundo, de
II), no Bié, disse estarem assegura- 52 anos, possui um hectare na lo-

O
bilizar mais de 800 milhões
de Kwanzas para a campanha
agrícola 2019/2020 na província do
Bié, com o objectivo de aumentar a
produção e reduzir a pobreza no seio
da população, assegurou o coorde-
nador Nacional do Projecto de De-
senvolvimento de Agricultura Fa-
miliar e Comercialização (MOSAP
II), no Bié, Romeu Santa Rosa.
Esse valor, explicou, será utiliza-
do para a implementação de vários
projectos agrícolas em sete dos no-
do Cuemba e Cunhinga estão fora
do projecto MOSAP II.
Nesta altura, disse, 1.375 hecta-
res foram preparados para a nova
campanha agrícola, cuja meta é
atingir 2.225 hectares nos sete mu-
nicípios acima referidos. Romeu
Santa Rosa acrescentou que a fal-
ta de alguns meios de trabalho, co-
mo tractores, tem criado dificul-
dades na preparação de terra.
Produtos como o milho, feijão, ba-
tata-rena, mandioca, arroz e o to-
mate são a aposta para a nova cam-
das as sementes para época agríco-
la, designadamente, 15 toneladas de
milho, 214 toneladas de adubo BK,
107 toneladas de Ureia, 29 a 35 to-
neladas de semente de milho e 12
milhões e 125 tacas de mandioca
Nos sete municípios foram re-
servados 75 hectares para o culti-
vo de feijão e o apoio na multipli-
cação da semente de batata-rena e
87 hectares para o cultivo da ba-
tata-rena, tomate e repolho.
À reportagem do Planalto, al-
guns agricultores no município no
calidade de Jimba-Nsilili há cinco
anos. Para ele, o principal proble-
ma é a falta de fertilizantes.
“Produzo o milho, a mandioca, va-
riedades de frutas e legumes, mas
quando tarda em chover, fica difícil
ter uma boa produção porque não
existe sistema de irrigação”, disse.
O Bié possui vários rios e tem
terrenos férteis para produzir ali-
mentos suficientes para as pro-
víncias vizinhas do Moxico, Ma-
Coordenador do MOSAP II lanje, Lunda-Norte, Lunda-Sul e
Romeu Santa Rosa Cuanza-Sul.

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO

Dois milhões de famílias

Matias da Costa
planalto.huambo@gmail.com
erca de dois milhões de fa-
escolas de campo, decorrido no
Centro Técnico agrário do Won-
go, comuna da Chipeta, muni-
cípio de Catabola, disse que 900
exercem agricultura
precária
de multicultivadoras, vão dotar extensivas aos camponeses de
os camponeses de melhores ca- todo o país.
pacidades de produção. O IDA necessita de um total de
O director do IDA sublinhou 1.400 técnicos para prestar assis-
O objectivo agora é a revitali-
zação dos seis centros de forma-
ção agrícola existentes no país,
para que estes possam albergar

C
mílias em todo o país exer-
cem actividade agrícola pre-
cária, revelou o director geral do
Instituto de Desenvolvimento
Agrário (IDA), David Tunga.
O responsável, que falava no ac-
to de encerramento de mais um ci-
clo de formação de 73 mestres das
mil famílias já recebem apoio téc-
nico, social e organizacional pa-
ra aumentar os níveis de pro-
dução e melhorar a segurança
alimentar.
David Tunga frisou que a in-
trodução de tecnologias de regas
movidas a pedal, semeadores de
rodas manual e ainda unidades
que os pequenos camponeses es-
tão a ganhar valências com os
novos métodos adquiridos nas
escolas de campo e a reduzir o
crescimento assimétrico das pes-
soas. Ele reconhece que o nú-
mero de famílias assistidas ain-
da não satisfaz, por isso as no-
vas técnicas de produção serão
tência técnica às comunidades ru-
rais, no sentido de se desenvolver
a agricultura. David Tunga reve-
lou que o país tem disponíveis ape-
nas 170 mestres para as escolas de
campo. Este ano, garantiu, o IDA
prevê receber 442 novos técnicos
e, dentro de três anos, atingir o nú-
mero satisfatório.
cursos de capacitação. A forma-
ção de mestres de campo que de-
correu no centro do Wongo teve
uma duração de cinco meses em
quatro módulos, respectiva-
mente criação de escola de cam-
po, gestão integrada das pragas
e dos solos, cadeia produtiva e
mudanças climáticas.

PLANALTO Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
DEPOIS DOS INVESTIMENTOS PÚBLICOS NOS TRANSPORTES
Bié quer atrair
investidores
privados para
o sector
Matias da Costa
planalto.huambo@gmail.com
OS últimos 11 anos, o sec-
N dos Transportes,
tor dos transportes conhe-
ceu avanços com a reinau-
guração do Aeroporto Joaquim Ka-
pango, a construção do ramal
ferroviário do CFB e o reforço da
frota de autocarros públicos.
Os comboios dos Caminhos
de Ferro de Benguela (CFB) in-
terligam seis dos nove muni-
cípios do Bié. Com cinco fre-
quências semanais, sem inter-
rupção, os Comboios do CFB
transportaram, durante o pri-
meiro semestre do ano em cur-
so, 29 mil 185 passageiros e 49
mil 348 toneladas de merca-
dorias diversas.
Abertas e melhoradas que es-
tão as vias primárias e secundá-
rias, a província recebe diaria-
mente pessoas de diferentes re-
giões com hábitos peculiares,
tornando-a numa placa giratória
onde convergem interesses co-
merciais e se alargam volumes
de negócios. O Bié possui seis ei-
xos de ligação rodoviária, desig-
nadamente a Sul com Cuando
Cubango, a Sudeste com o
Huambo, ao Leste com o Moxi-
co, a Norte com Malange e Lun-
da Sul e a Nordeste o Cuanza Sul,
No âmbito do reforço dos
transportes rodoviários, a pro-
víncia foi contemplada com 30
autocarros, em 2017, e este ano
conta com mais 15, perfazendo
um total de 45 autocarros.
A directora do Gabinete Pro-
vincial dos Transportes, Tráfe-
go e Mobilidade Urbana avan-
ça que são autocarros para a
circulação interurbana, muni-
cipal e provincial. Adélia
Directora do Gabinete Provincial dos Transportes Adélia Ndovaca
Eduardo Ndovaca disse que,
com o processo de requalifica-
ção dos troços rodoviários e a
construção de outros, a popu-
lação ganha mais um instru-
mento facilitador para a mobi-
lidade comercial.
O Governo do Bié está adop-
tar políticas para atrair investi-
dores com vista a rentabilizar o
sector dos Transportes, Tráfego
e Mobilidade Urbana. Adélia
Eduardo Ndovaca disse que es-
sas políticas passam pela re-
EDSON FABRÍZIO | EDIÇÕES NOVEMBRO
A directora do
Gabinete Provincial
Tráfego e
Mobilidade Urbana
avança que são
autocarros para a
circulação
interurbana,
municipal e
provincial.
qualificação das estradas e opor-
tunidades de investimentos na
área dos transportes. “Vamos
potenciar o ramo dos trans-
portes, para maior captação de
recursos”, sublinhou.O aero-
porto Joaquim Kapango conta
com uma aerogare com uma ca-
pacidade para embarque e de-
sembarque para 300 passagei-
ros. Os voos da TAAG escalam
duas vez por semana a cidade
do Cuito, ou seja, as segunda e
sextas-feiras, e a companhia
área privada SJL voa para o Cui-
to três por semana, as segun-
das, quartas e sextas.
BIÉ
13
TURISMO
BIÉ CONVIDA
A DESFRUTAR
AS BELEZAS
NATURAIS
A província do Bié possui 24 centros
turísticos, com destaque para o Centro
Geodésico de Angola, a nascente do
rio Kwanza, as quedas de águas,
barragens, grutas, águas termais, entre
outros, localizados nos municípios do
Cuito, Andulo, Chinguar, Camacupa,
Catabola e Cuemba.
As quedas do Cuemba, a nascente do
rio Kwanza, no Chitembo, e o Centro
Geodésico de Angola, em Camacupa,
são os locais mais visitados
actualmente pelos turistas nacionais e
estrangeiros. Apesar disso, ainda não
são fontes de receitas para o Estado
por estarem abandonados.
O rio Kwanza, o maior de Angola,
nasce no município do Chitembo e
possui um percurso de 960
quilómetros. O Kwanza é navegável
por 258 quilómetros, desde a foz até
ao Dondo, e a sua bacia hidrográfica é
de 147.690 quilómetros quadrados. O
rio Kwanza foi o berço do antigo Reino
do Ndongo.
Os centros turísticos de Sangongolo,
Essonda, Cilunga, o campo de tiro aos
pratos, as águas termais do Chicota, a
barragem hidroeléctrica do
Quessongo, despertam a curiosidade
de quem se desloca aos municípios do
Cuito e Andulo. As águas termais, na
comuna de Cassumbe, estão
localizadas há 50 quilómetros da sede
do Andulo.
Ainda em Camacupa, Chinguar e
Cuemba, os turistas tem a
oportunidade de desfrutar das belas
grutas de Kalifongo e Lungundua, a
ponte sob o Rio Kwanza, a Ilha do
Chimbango e as quedas do Cuemba.
O roteiro reserva visitas ao centro
turístico da Chicava e às cascatas do
município de Catabola, a queda do
Leibi e às zonas verdes do município
do Cunhinga, às quedas do Kuquema,
o centro da Chissamba, as quedas do
rio Luando, as florestas do Munhango,
as quedas do Mutumbo.
O estado das vias de acesso para o
interior de algumas localidades têm
impossibilitado a implementação de
projectos turísticos por parte dos
empresários nacionais e estrangeiros
em diversos municípios da província
do Bié.
JOÃO CONSTANTINO
E DELFINA VICTORINO
EDSON FABRIZIO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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PUBLICIDADE Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019 PLANALTO

(700.091)

PLANALTO Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
Combate cerrado à corrupção
e à impunidade reduz roubos
Matias da Costa
planalto.huambo@gmail.com
A
s autoridades tradicio-
nais do Bié saúdam as
medidas de combate à
corrupção e à impunidade le-
vadas a cabo pelo Executivo an-
golano. O regedor do municí-
pio do Cuito, Afonso Viti, vê no
programa político, económico
e social do Executivo um ins-
trumento eficaz para o comba-
te à corrupção e à impunidade
que ainda enferma a sociedade.
Aquela autoridade tradicional
reconheceu que as políticas tra-
çadas vão mudar o actual cenário
económico do país, no sentido de
melhorar a vida da população.
“Ao longo de vários anos, assisti-
mos uma gestão danosa da coisa
pública, sem que os gestores fos-
sem responsabilizados civil r cri-
minalmente”, disse o regedor.
Afonso Viti salientou que ho-
je é visível a mudança na go-
vernação, antes viciada em men-
tiras e roubos, que só prejudi-
caram a vida de milhares de
angolanos. O regedor apontou
a recuperação dos inúmeros pro-
jectos socioeconómicos da pro-
víncia, o que reflecte rigor e nor-
malidade na gestão pública.
As autoridades tradicionais
no Cuito defendem a constru-
ção de uma regedoria para a rea-
AUTORIDADES TRADICIONAIS
lização de reuniões e ausculta-
ção a comunidade. Afonso Viti
avança ser um caso que já foi
abordado com o Governo da
província, mas que até o mo-
mento não se indica um local
para a construção de uma re-
gedoria municipal.
“É um assunto que se arras-
ta há mais de dois anos e con-
diciona o verdadeiro objecto so-
cial das autoridades tradicio-
nais no Cuito”, sublinhou,
acrescentando que com isso per-
dem a sua autoridade.
O regedor disse que o Go-
Regedor do município do Cuito Afonso Viti
verno da província manifestou
a intenção de reabilitar a embala
do Ecovongo, arredor da capi-
tal do Bié, para a realização de
reuniões das autoridades tra-
dicionais, mas devido a distân-
cia do mesmo, os regedores pro-
puseram a construção de uma
regedoria na sede municipal.
Afonso Viti referiu que a cons-
trução de uma regedoria será
abordada no encontro entre o
Presidente da República, João
Lourenço, e as autoridades tra-
dicionais, durante a sua visita
à província do Bié.
PEQUENOS NEGÓCIOS
Ex-militares recebem
apoios no Chitembo
Cinquenta e dois ex-militares
no município do Chitembo, pro-
víncia do Bié, receberam bens ali-
mentares e instrumentos agríco-
las para a sua integração socioe-
conómica e actividade comercial.
Os bens alimentares, entregues
pela direcção provincial do Insti-
tuto Nacional de Reintegração dos
Ex- militares (IRSEM), são arroz,
açúcar, óleo vegetal, leite, fuba de
milho, massa de tomate, refrige-
rantes e bolachas de água e sal.
Constam, igualmente, catanas, en-
xadas e limas, para o incremento
da produção agrícola e outros bens
como detergentes (sabão).
O director provincial do IRSEM
no Bié, António Amaral, disse que
a intenção é colmatar algumas di-
ficuldades dos associados, atra-
vés da criação de pequenos ne-
gócios, tais como cantinas.
Segundo o responsável, os bens
estão orçados em 21 milhões e 409
mil e 308 Kwanzas. Em face dis-
so, apelou aos beneficiários à uma
gestão responsável, por forma a
BIÉ
15
rentabilizarem as suas vendas.
Por sua vez, a administradora
municipal do Chitembo, Emília
Panjimba, salientou que a entre-
ga destes bens demonstra a aten-
ção e o reconhecimento do Go-
verno aos antigos militares, pelo
contributo prestado na libertação
e defesa da integridade territo-
rial do país.
A responsável exortou o enga-
jamento de toda sociedade na mo-
bilização de mais recursos, para
impulsionar actividade comercial
dos ex-militares.
Em Agosto deste ano, 56 ex-mi-
litares no município do Andulo
receberam duas moagens, mate-
rial de serralharia e de alfaiataria,
para desenvolverem negócios, em
prol do seu auto-sustento e de
suas famílias.
No Bié, o IRSEM controla mais
de 23 mil ex-militares, 80 por cen-
to dos quais escolheram projec-
tos relacionados com a agricul-
tura, pecuária, indústrias moa-
geiras, serralharia e carpintaria.

JORNAL DA REGIÃO CENTRO DE ANGOLA
ÚLTIMA
Fernando Cunha
planalto.huambo@gmail.com
inte novos autocarros da marca alemã
V Volkswagem reforçaram, no início do
mês de Outubro, a frota que serve o
sistema 5de transportes públicos da cidade
do Huambo e das rotas intermunicipais, fac-
to que veio aumentar a disponibilidade no
sector e proporcionar mais alternativas aos
utentes destes serviços.No primeiro dia de
funcionamento das novas rotas, que partem
do centro administrativo da cidade para os
bairros São João, Dango, Santa Iria, Kavon-
gue, Lossambo, São Pedro e Cruzeiro, as em-
presas envolvidas no processo, designada-
mente Sagilda, MD Freitas e RCH, chegaram
a transportar 520 pessoas, um número que as
autoridades acreditam que venha a crescer
até final do mês.“Foi um grande ganho para
as nossas comunidades, o que nos deixa bas-
tante satisfeitos, principalmente porque no
primeiro dia de actividades, as operadoras
envolvidas no processo, chegaram a trans-
portar mais de cinco centenas de utentes”,
afirma o director do Gabinete de Transportes
e Mobilidade Urbana. A estratégia governa-
mental passa por fazer crescer o número de
utentes destes meios de transportes públicos,
com o intuito de aumentá-los no próximo ano
e proporcionar a abertura de novas rotas pa-
ra o interior da província. Os meios que ago-
ra circulam pela cidade do Huambo e que al-
cançam também os municípios do Bailundo,
Mungo, Caála, Ekunha, Longonjo, Ukuma e
Tchinjenje, foram entregues aos operadores
Sagilda, MD Freitas e RCH, por via do me-
canismo de concurso público, para evitar o
oportunismo por parte de alguns agentes do
sector, que em distribuições anteriores, colo-
caram os meios a si alocados, a realizarem ser-
viços de transporte em outras províncias.Às
Miradouro
PODER TRADICIONAL
A proposta de Lei sobre as instituições do
poder tradicional, colocada a apreciação
pública pelo Ministério da Cultura, antes de
ser remetida ao Conselho de Ministros e por
conseguinte à Assembleia Nacional, recebeu
no Huambo, contribuições para o seu
melhoramento. A proposta de Lei, em fase
de consulta pública, surge da necessidade
de definir a natureza jurídica e o
enquadramento das instituições do Poder
Tradicional na materialização das suas
atribuições, as regras e limites de actuação.
“GANG” DE VIATURAS DE LUXO
O SIC no Huambo desmantelou um grupo de
marginais que se dedicava ao roubo de
viaturas em Luanda, e que depois enviava para
o Huambo, para alteração das suas
características. O êxito da operação resultou
de denúncias de populares que notaram a
movimentação de indivíduos, que se faziam
transportar em carros de luxo, num quintal no
bairro São João. O SIC recuperou durante a
operação cinco viaturas, nomeadamente um
Toyota Prado e quatro Hyundai.
TRANSPORTES PÚBLICOS
Novos autocarros
melhoram mobilidade
empresas beneficiárias, foi-lhes exigido se-
riedade na utilização dos meios, sendo que
as mesmas terão que, todos os meses, depo-
sitar 400 mil kwanzas na Conta Única do Te-
souro até completarem o valor dos autocar-
ros, para que o Estado atribua o título de pro-
DESDE JANEIRO
WORD VISION
DISPONIBILIZOU
MAIS DE 16 MILHÕES
DE KWANZAS
PARA PROJECTOS
SOCIAIS NO BIÉ
O A organização não-governamental
americana World Vision
disponibilizou, desde Janeiro do ano
em curso, 16 milhões e 800 mil
Kwanzas para sete projectos sociais
nos municípios do Chinguar e
Catabola, na província do Bié, revelou
à Angop a coordenadora pela
protecção da Criança da Word Vision
na província, Ângela Somanjolo.
Entre os projectos destacam-se um
de protecção à criança e à mulher,
contra a violência doméstica, um
denominado Todos Unidos Para a
Infância (TUPI), que consiste em
campanhas de sensibilização contra o
fenómeno e formação de agentes.
Consta ainda um de agro-
emprendedorismo, em parceria com a
União Nacional de Camponeses
(UNACA), voltado para o
fortalecimento das mulheres
camponesas e na distribuição de
insumos agrícolas e dois relacionados
com Jangos Comunitários.
Sem avançar o número de
beneficiários, Ângela Somanjolo
priedade definitivo às mesmas.Mediante as
propostas apresentadas pelas três empresas
envolvidas no novo mecanismo de transpor-
tes da província, o Governo entregou dez au-
tocarros à empresa MD Freitas, sete a RCH e
três a Sagilda Lda.
afirmou que a ideia é fortalecer a
sociedade civil, fundamentalmente,
na protecção da Criança contra a
violência doméstica, pelo facto de ser
o foco da Word Vision nesta parcela
do país.
A World Vision está presente em
Angola desde 1988. Tem como um
dos alvos a transformação humana,
trabalhando a favor de pobres e
oprimidos.
Fundada em 1951, por Robert Pierce,
um pastor americano da Igreja
Baptista, desenvolve projectos de
emergência em 100 países de
distintos continentes.
Quarta-feira, 16 de Outubro de 2019
Número 7 • Ano 1
OKWOYAKO...
O IVA, A ESPECULAÇÃO
E O CONCURSO PÚBLICO
A implementação do Imposto Sobre o
Valor Acrescentado (IVA) trouxe à nú as
debilidades dos órgãos de fiscalização. Se
olharmos para os preços dos bens e
serviços veremos um aumento que nada
tem a ver com a intensão real do
Executivo.
Aqui, no centro do país, até nas cantinas
os comerciantes implementaram o IVA,
cada um à sua maneira. O cidadão
comum, que esperava poder manter o
seu poder de compras, viu mais uma vez
o seu “parco” salário perder a capacidade
de compra de bens e serviços.
Uma semana antes, aqui no Bié registou-
se o aumento do preço do pão carcaça
(pequeno) de 25 para 33 kwanzas. Ou
seja, antes quatro pães custavam 100
kwanzas. Hoje com o mesmo valor
compra-se apenas três pães. Os
comerciantes culpam o preço do trigo,
subiu de nove para 15 mil kwanzas, o saco
de 50 quilogramas.
O mesmo aconteceu nas grandes
superfícies comerciais da cidade do Cuito.
Na ânsia do lucro fácil, até os produtos da
cesta básica sofrerem aumentos
consideráveis. O IVA, para alguns, foi
oportuno para “facturar” mais, pois antes
do dia 1 de Outubro, os produtos nas
prateleiras estavam isentos do IVA . Com
o INADEC e os órgãos de fiscalização
incapazes de travar a “grande
especulação”, o cidadão comum foi
obrigado a pagar os bens e serviços com
dupla tributação, IVA e imposto de
consumo.
Depois da “explosão” dos preços de bens
e serviços, a população jovem recebeu a
boa notícia: a abertura do concurso
público no sector da educação para o
preenchimento de mil novas vagas. Para
uns, realmente foi boa notícia, mas para
outros foi uma tristeza, porque antes
mesmo da inscrição foram excluídos. A
falta de formação ou agregação
pedagógica no curriculum escolar foi o
motivo.
Todos os jovens que terminaram a
formação nos Institutos Pre-Universitários,
foram impedidos de se candidatar ao
concurso, o que levantou a questão da
sua empregabilidade, pois o governo
emprega mais funcionários públicos no
sector da Educação e da Saúde.
As interrogações destes jovens, ecoa por
todo o país, e ainda paira no ar: “Onde
vão nos colocar, nós, que fizemos o
ensino pré-universitário?”. Angola tem
uma taxa de desemprego muito alta.
O facto de termos jovens e adultos a
trabalhar nas empresas de construção
civil no Bié, a ganharem mil kwanzas por
dia, espelha bem a necessidade urgente
de se criar mais postos de trabalho. Se
olhar que o emprego gera
desenvolvimento e é um pilar do
equilíbrio socioeconómico, então criar
emprego é uma tarefa urgente que
congrega todas as forças da nossa
sociedade.