Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autos n. 0502018-74.2020.4.05.8401
CONSTITUCIONAL. TUTELA ESPECÍFICA DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER. DIREITO
FUNDAMENTAL À SAÚDE. FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTOS. AVASTIN. MEMBRANA
NEOVASCULAR SUB-RETINIANA EM ATIVIDADE
EM OLHO ESQUERDO. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA PARCIAL. RESSARCIMENTO DE
VALORES PAGOS. RECURSO INOMINADO
IMPROVIDO.
1. Recurso da parte autora contra sentença que
determinou o ressarcimento, pelos meios adequados
ao pagamento dos créditos da Fazenda Pública, do
valor gasto com a aquisição e aplicação do
medicamento AVASTIN, para a patologia que
acomete a parte autora (MEMBRANA
NEOVASCULAR SUB-RETINIANA EM ATIVIDADE
EM OLHO ESQUERDO). Requer o imediato
ressarcimento do valor gasto, sem a necessidade da
expedição de RPV, no montante de R$ 1.500,00.
2. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo (art.
927 do CC). Bem se sabe que pela teoria do risco
administrativo (teoria objetiva da responsabilidade
civil), em sendo o réu prestador de serviço público,
sua responsabilidade é objetiva, nos termos do art.
37, § 6º da Constituição Federal. Portanto,
necessária somente a prova da ação, do dano e do
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE
JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU
TURMA RECURSAL
fornecimento de medicamento/produto/tratamento
não incluído(s) na política de saúde do SUS, sem
suficiente/provável reconhecimento pelos meios
científicos competentes no Brasil; d) ausência de
fornecimento de medicamento/produto/tratamento
não previsto(s) na política de saúde do SUS, com
reconhecimento exclusivamente pelos meios
científicos estrangeiros.
9. Ocorre que este Colegiado, em sessão de
27.05.2015, numa série de processos envolvendo o
tema saúde, readequou o seu entendimento, à vista
da melhor apreciação da diversidade de demandas a
ele submetido, no que pode ser resumido ao
seguinte, com excepcionalidades a depender do
caso: a) em princípio, não há direito a tutela
jurisdicional positiva para antecipação de
procedimentos cirúrgicos, em desordem ao princípio
da igualdade, ainda que sob alegação de urgência,
mormente por não se poder levar em conta as
especificidades de outros usuários do sistema
público de saúde, insindicáveis e imponderáveis na
demanda individual; b) não há direito a tutela
jurisdicional positiva para fornecimento de
medicamentos/tratamentos/produtos diversos tidos
por mais eficientes, quando o sistema público de
saúde já fornece tratamento suficientemente
eficiente; c) não há direito a tutela jurisdicional
positiva para fornecimento de
medicamentos/tratamentos/produtos off label; d) não
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE
JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU
TURMA RECURSAL
há direito a prescrição de
medicamentos/tratamentos/produtos por médico
particular, não contidos no Sistema de Saúde e não
reconhecidos pelos meios públicos de saúde (como
a listagem da ANVISA), sem comprovação científica
de eficácia; e) em qualquer caso, devem ser
consideradas as orientações do Fórum Judiciário
para a Saúde e a Recomendação CNJ n. 31/2010,
que traça diretrizes aos magistrados quanto às
demandas judiciais que envolvem a assistência à
saúde, notadamente os Núcleos de Apoio Técnico
(notas técnicas elaboradas pelo Núcleo de Avaliação
de Tecnologia em Saúde do Hospital das
Clínicas/UFMG, em resposta a questionamento feito
por Juízes para subsidiar demandas judiciais
envolvendo questões de saúde) bem como os
Enunciados pertinentes e outras fontes de
informações técnicas.
10. Penso que as notas técnicas devem prevalecer
no caso concreto, como regra, por razões que a
jurisprudência superior e o Fórum Nacional de
Saúde do CNJ já bem frisaram:
“Não comprovada a ineficácia, inefetividade
ou insegurança para o paciente dos
medicamentos ou tratamentos fornecidos pela
rede de saúde pública ou rol da Agência
Nacional de Saúde Suplementar - ANS, deve
ser indeferido o pedido (STJ – Recurso
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE
JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU
TURMA RECURSAL