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Ações e Análise de Estruturas

AÇÕES E FORÇAS DEVIDAS AO


VENTO

Professor: Mateus Zimmer Dietrich


Conteúdo
1- Classificação das ações:
Permanentes, variáveis e excepcionais;
2- Carregamentos:
Forças concentradas e distribuídas;
Momento;
3- Forças devido ao vento em edificações.
1- Ações em Estruturas
(I) DEFINIÇÃO
Qualquer influência ou conjunto de influências capaz de produzir
estados de tensão, deformação ou movimento de corpo rígido
de uma estrutura.

(II) CLASSIFICAÇÃO
No projeto estrutural, as ações são classificadas em:
 Permanentes;
 Variáveis;
 Excepcionais.
1- Ações em Estruturas
(II) CLASSIFICAÇÃO
 Permanentes: praticamente invariáveis ao longo da vida útil da
estrutura e se subdividem em: diretas e indiretas.
1- Ações em Estruturas
(II) CLASSIFICAÇÃO
 Permanentes:
• Diretas: o peso próprio da estrutura e de todos os elementos
componentes da construção (pisos, paredes permanentes,
revestimentos etc.);
1- Ações em Estruturas
(II) CLASSIFICAÇÃO
 Permanentes:
• Indiretas: a protensão, os recalques de apoio e a retração dos
materiais.
1- Ações em Estruturas
(II) CLASSIFICAÇÃO
 Variáveis: variam com o tempo, podendo ter natureza e
intensidade normais (uso regular, cotidiano e permanente) ou
especiais (transporte de grande peso ou abalo sísmico, portanto
ocasionais/transitórias).

Normais: sobrecargas em pisos e estruturas, equipamentos e divisórias móveis, vento usual,


variação de temperatura (causada pelo clima e equipamento).
1- Ações em Estruturas
(II) CLASSIFICAÇÃO
 Variáveis: variam com o tempo, podendo ter natureza e
intensidade normais ou especiais.
1- Ações em Estruturas
(II) CLASSIFICAÇÃO
 Excepcionais: variam com o tempo, mas assumem valores
significativos apenas durante uma fração muito pequena da vida
útil da estrutura e, além disso, têm baixa probabilidade de
ocorrência (como explosões, choques de veículos ou embarcações,
furacões, incêndio etc.). Não é possível anular os efeitos deste tipo
de ação.
1- Ações em Estruturas
(II) CLASSIFICAÇÃO
 Excepcionais:
1- Ações em Estruturas
(II) CLASSIFICAÇÃO
As ações variáveis especiais e as ações excepcionais não são
abordadas nesta disciplina, tendo em vista as condições
climáticas e de subsolo do Brasil não proporcionarem a
ocorrência de ventos extraordinários e de efeitos sísmicos
significativos.
Além disso, as ações decorrentes de transporte eventual de
equipamentos de grande peso, de explosão e de choque de
veículos e embarcações dificilmente precisam ser levadas em
conta nas edificações usuais.
2- Carregamentos
(I) FORÇAS CONCENTRADAS E DISTRIBUÍDAS
As forças podem ser classificadas em:
 Concentradas (ou pontuais);
 Distribuídas:
• Uniformemente;
• Variáveis.

Tais forças podem ser estáticas ou dinâmicas. Neste curso, serão


abordadas apenas as estáticas.
2- Carregamentos
(I) FORÇAS CONCENTRADAS E DISTRIBUÍDAS
 Concentradas (ou pontuais): quando a área de aplicação da
ação é pequena em comparação com a dimensão da
estrutura.

Exemplo: reação de uma viga


que se apoia em outra; reação
de uma viga que se apoia no
pilar.
Fonte: Borja (2017)
2- Carregamentos
(I) FORÇAS CONCENTRADAS E DISTRIBUÍDAS
 Distribuídas uniformemente: são forças constantes ao longo
da estrutura, ou em trechos da estrutura.
Reação de uma laje sobre as
vigas de apoio
(Força linear)
Ação do vento sobre
uma placa de outdoor
(Força superficial)

Fonte: Borja (2017) Fonte: Borja (2017)


2- Carregamentos
(I) FORÇAS CONCENTRADAS E DISTRIBUÍDAS
 Distribuídas uniformemente: são forças constantes ao longo
da estrutura, ou em trechos da estrutura.

Ação de uma parede sobre


uma viga
(Força linear)
2- Carregamentos
(I) FORÇAS CONCENTRADAS E DISTRIBUÍDAS
 Distribuídas variáveis: são forças não constantes ao longo da
estrutura, ou em trechos da estrutura.
Ação de líquidos nas paredes
Ação de uma parede sobre uma viga
do reservatório
(Força linear)
(Força superficial)

Fonte: Borja (2017)


2- Carregamentos
(II) MOMENTOS
Tendência que uma força possui de provocar rotação em um
corpo rígido, dependendo de sua intensidade e de sua linha de
ação em relação ao eixo de rotação.

Momento de uma força F de linha de ação


que passa por um ponto A, em relação a um
ponto ou polo O:
Fonte: Soriano (2014)
2- Carregamentos
(II) MOMENTOS
O momento é um produto vetorial:
𝑴𝑂 = 𝒓𝑂𝐴 × 𝑭
𝒓𝑂𝐴 : vetor posição; localiza o ponto A em
relação ao polo;
𝑴𝑂 : vetor momento, livre e perpendicular
em relação ao plano definido pela força F e o
polo. É usual que seja representado no eixo
que passa pelo polo. Fonte: Soriano (2014)
2- Carregamentos
(II) MOMENTOS
Sendo 𝛼 o ângulo entre as linhas de ação de
𝒓𝑂𝐴 e 𝑭 , o vetor tem sua intensidade
determinada por:
𝑀𝑂 = 𝑟𝑂𝐴 𝐹 sin 𝛼
No SI, a unidade de força é N.m. Pode-se
escrever de forma mais simples o momento:
𝑀𝑂 = 𝐹𝑑
Em que 𝑑 é a distância perpendicular da linha
Fonte: Soriano (2014)
de ação da força ao polo, denominada braço de
alavanca da força.
2- Carregamentos
(II) MOMENTOS
Numericamente, 𝑀𝑂 é igual à área do
paralelogramo de lados consecutivos 𝒓𝑂𝐴 e 𝑭.
O momento 𝑴𝑂 é um vetor representado por
uma seta retilínea envolvida por outra
semicircular ou representado por uma seta
dupla.
A identificação do vetor se dá pela regra da
mão direita ou regra de Fleming.
Fonte: Soriano (2014)
2- Carregamentos
(II) MOMENTOS
Regra da mão direita ou regra de Fleming.

Fonte: Soriano (2014)


2- Carregamentos
(II) MOMENTOS
No sistema xyz o momento 𝑴𝑂 é
calculado como:
𝑴𝑂 = 𝑋𝐴 𝐢 + 𝑌𝐴 𝐣 + 𝑍𝐴 𝐤
× 𝐹𝑋 𝐢 + 𝐹𝑌 𝐣 + 𝐹𝑍 𝐤
Cujo resultado pode ser escrito na forma
de terminante:
𝐢 𝐣 𝐤
𝑴𝑂 = 𝑑𝑒𝑡 𝑋𝐴 𝑌𝐴 𝑍𝐴
Fonte: Soriano (2014)
𝐹𝑋 𝐹𝑌 𝐹𝑍
2- Carregamentos
(II) MOMENTOS
Logo:
𝑴𝑂 = 𝑀𝑂𝑋 𝐢 + 𝑀𝑂𝑌 𝐣 + 𝑀𝑂𝑍 𝐤
Sendo
𝑀𝑂𝑋 = 𝑌𝐴 𝐹𝑍 − 𝑍𝐴 𝐹𝑌
𝑀𝑂𝑌 = 𝑍𝐴 𝐹𝑋 − 𝑋𝐴 𝐹𝑍
𝑀𝑂𝑍 = 𝑋𝐴 𝐹𝑌 − 𝑌𝐴 𝐹𝑋

Fonte: Soriano (2014)


2- Carregamentos
(II) MOMENTOS
Para o caso plano, situação bastante
corriqueira, tem que:
𝑴𝑂 = 𝑀𝑂𝑍 𝐤
Sendo
𝑀𝑂𝑍 = 𝑋𝐴 𝐹𝑌 − 𝑌𝐴 𝐹𝑋 .
Uma vez que o vetor é perpendicular ao
plano do papel, há uma motivação por
representá-lo por uma seta semicircular
Fonte: Soriano (2014)
no sentido anti-horário (sentido
positivo).
3- Forças devidas ao vento
A norma brasileira que trata do assunto é a NBR 6123:1988.

A força do vento, embora seja uma ação dinâmica, é determinada e


analisada na estrutura como uma ação estática.

Procedimentos para sua determinação (item 4.2 da norma):


• Velocidade básica do vento (V0);
• Velocidade característica do vento (Vk);
• Pressão dinâmica do vento (q);
• Coeficiente de pressão (cp);
• Pressão de vento (Dp).
3- Forças devidas ao vento
VELOCIDADE BÁSICA DO VENTO
(Item 5.1 da norma NBR 6123)

𝑽𝒌 = 𝑽𝟎 ∙ 𝑺𝟏 ∙ 𝑺𝟐 ∙ 𝑺𝟑
VELOCIDADE
FATOR ESTATÍSTICO
CARACTERÍSTICA
DO VENTO
FATOR RUGOSIDADE

𝒒 = 𝟎, 𝟔𝟏𝟑 ∙ 𝑽𝒌 𝟐 FATOR TOPOGRÁFICO


(Itens 5.2, 5.3 e 5.4 da norma
PRESSÃO DINÂMICA NBR 6123, respectivamente)
3- Forças devidas ao vento
COEFICIENTE DE PRESSÃO EXTERNA

COEFICIENTE DE PRESSÃO INTERNA

(Item 6 da norma NBR 6123)

𝚫𝒑 = 𝒄𝒑𝒆 − 𝒄𝒑𝒊 ∙ 𝒒

PRESSÃO DINÂMICA
PRESSÃO DE VENTO
[+] SOBREPRESSÃO EXTERNA
[–] SUCÇÃO EXTERNA

UNIDADE: N/m²
3- Forças devidas ao vento
5.1) Velocidade básica do vento, V0

Velocidade de uma rajada de 3 s, excedida


em média uma vez a cada 50 anos, a 10 m
acima do terreno, em campo aberto e
plano.
Unidade em m/s.
3- Forças devidas ao vento
5.2) Fator topográfico, S1

Leva em consideração as variações do relevo do terreno e é


determinado da seguinte forma:
a) Terreno plano ou fracamente acidentado: S1 = 1,0;
b) Taludes e morros: [...];
c) Vales profundos, protegidos de ventos de qualquer direção: S1 =
0,9.
3- Forças devidas ao vento
5.3) Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre
o terreno: Fator S2
5.3.1) Rugosidade do terreno:
• Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de
extensão, medida na direção e sentido do vento incidente;
• Categoria II: Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com
poucos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas;
• Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes e
muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas;
• Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados,
em zona florestal, industrial ou urbanizada;
• Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco
espaçados.
3- Forças devidas ao vento
5.3) Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre
o terreno: Fator S2
5.3.2) Dimensões da edificação:
• Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças
individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão
horizontal ou vertical não exceda 20 m;
• Classe B: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 m e 50 m;
• Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m.

Para toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal
ou vertical da superfície frontal exceda 80 m, ver as indicações do Anexo A.
3- Forças devidas ao vento
5.3) Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre
o terreno: Fator S2
5.3.3) Altura sobre o terreno:
O fator S2 usado no cálculo da velocidade do vento em uma altura z acima do
nível geral do terreno é obtido pela expressão:
𝑧 𝑝
𝑆2 = 𝑏𝐹𝑟
10
Os valores dos parâmetros da equação estão descritos na Tabela 1 da norma,
contudo os valores para S2 para as diversas categorias de rugosidade do
terreno e classes de dimensões das edificações são dados pela Tabela 2.
3- Forças devidas ao vento
3- Forças devidas ao vento
5.4) Fator estatístico S3
Leva em conta conceitos estatísticos, considera grau de segurança requerido e a vida
útil da edificação.
3- Forças devidas ao vento
6.1) Coeficiente de pressão externa, cpe

Os valores dos coeficientes de pressão externos para diversos tipos de


edificações e para direções críticas do vento são dados nas Tabelas 4 a
8 e em Figuras e Tabelas dos Anexos E e F.
Nas zonas de altas sucções, utilizam-se os valores médios de
coeficientes de pressão externas para cálculo de dimensionamento
dos elementos estruturais.
3- Forças devidas ao vento
6.1) Coeficiente de pressão externa, cpe

PAREDES COBERTURA COBERTURA

ELEMENTOS VERTICAIS DUAS ÁGUAS UMA ÁGUA


DE VEDAÇÃO

TABELA 4 TABELA 6
TABELA 5
3- Forças devidas ao vento
6.1) Coeficiente de pressão
externa, cpe

PAREDES

ELEMENTOS VERTICAIS
DE VEDAÇÃO

TABELA 4
3- Forças devidas ao vento
6.1) Coeficiente de pressão
externa, cpe
COBERTURA

DUAS ÁGUAS

TABELA 5
3- Forças devidas ao vento
6.2) Coeficiente de pressão interna, cpi

6.2.2: Elementos construtivos e vedações considerados


impermeáveis;
6.2.3: Índice de permeabilidade de uma parte da edificação limitada a
30%;
6.2.4: Definição de abertura dominante;
6.2.5: Apresentação de diversos valores de cpi para edificações com
paredes internas permeáveis.
3- Forças devidas ao vento
Exercício de Aplicação:
A figura abaixo mostra um galpão industrial para armazenamento. A partir das
informações fornecidas e da norma NBR 6123:1988, determine os esforços de vento
que atuam nas faces desse galpão.
DADOS:
Largura: 20 m;
Comprimento: 72 m;
Altura livre: 6 m;
Inclinação da cobertura (duas águas): 10%;
Distância entre pórticos: 6 m;
Abertura frontal: 8x5 m;
As demais faces possuem venezianas industriais cuja altura é de 1,5 m;
Localização: Polo Industrial de Linhares/ES.
*Utilizar o programa VisualVentos para verificar respostas.
4- Referências
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6123:
Força devido ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.
BORJA, E. Estabilidade das construções. Tecnologia em
construção de edifícios. Apostila. Instituto Federal do Rio Grande
do Norte, 2017.
SORIANO, H.L. Estáticas das estruturas. 3ª ed. Rio de Janeiro,
Ciência Moderna Ltda., 2014.
5- Exercício
Exercício para entrega:
A prefeitura de Nova Venécia deseja construir um galpão para abrigar parte de seus
veículos. Para tanto, a Prefeitura contratou um Projeto Executivo da edificação, que
será construída em aço. Supondo que você será o engenheiro calculista responsável
pelo projeto, determine as ações do vento sobre a estrutura, como parte de uma das
etapas do dimensionamento.

Observações:
• Localização: Bairro São Cristovão (Planalto em Nova Venécia);
• Analisar as situações para os ventos de 0° e +90°;
• Adotar a média ponderada quando na análise do coeficiente de pressão interna
para o vento a 0°;
• Determinar os esforços no primeiro pórtico interno da edificação, para os ventos
de 0° e +90°, para os maiores carregamentos.
5- Exercício
Exercício para entrega:
5- Exercício
Exercício para entrega:
5- Exercício
Exercício para entrega:
5- Exercício
Exercício para entrega:

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