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10/11/2020 TEXTOS LONGOS

Do texto de Aldous Huxley, o que entrou na linguagem corrente, traduzido para todas as línguas, foi o
sobretudo o título: "admirável mundo novo". A expressão é utilizada em toda a parte mesmo por quem
nunca leu a obra: das mesas dos cafés aos blogues, das crónicas dos jornais aos debates nos media. Do
texto de Orwell, toda a gente utiliza, própria ou impropriamente, expressões como Big
Brother, newspeak (que até teve, em português, honras de tradução: "novilíngua"), ou
ainda doublethink. Uma coisa é certa: nenhuma destas expressões se teria conservado até hoje no uso
corrente se não tivesse referentes no real quotidiano.
A mesma sorte não teve 1985, de Anthony Burgess, publicado em 1978. Um texto anterior de Burgess,
também ele distópico, é de longe mais conhecido, talvez pela versão filmada que dele fez Stanley
Kubrik: A Clockwork Orange. 1985 recupera alguns temas e tropos deste texto e apresenta-se como
um balanço crítico de Nineteen Eighty-Four. Divide-se em duas partes: um ensaio sobre o texto de
Orwell e a construção duma distopia alternativa, imaginada por Burgess 29 anos mais tarde. A frase
final da primeira parte do livro é: 1984 is not going to be like that at all. Frase corajosa, vinda dum
escritor que admirava e respeitava o objecto da sua crítica. E é com ela que Burgess nos autoriza a
fazermos nós também o balanço crítico da sua alternativa, decorridos mais que outros tantos anos
desde a sua publicação

leiturasapoio.blogspot.com 1/1

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