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Introdução

Quando um material aparentemente deformado, recupera totalmente ou


parcialmente a sua forma quando aquecido a uma temperatura certa, diz-se que esse
material possui memória de forma. O efeito memória de forma é um aspecto que
resulta de uma transformação cristalina denominada por, transformação martensítica.

Numa liga de Ni-Ti, existem duas fases cristalinas presentes de acordo com a
temperatura do material, são elas austenite e martensite. A austenite possui estrutura
cúbica de corpo centrado (CCC ou B2), onde os átomos ocupam as posições dos
vértices e do centro de um cubo, já a martensite nas ligas Ni-Ti é monoclínica uma
distorção da estrutura denominada B19’, em que o maior lado é inclinado em relação à
base da célula.

Fig.1- Estrutura B2 Fig.2- Estrutura B19'

A transformação de austenite em martensite, ou transformação martensítica, começa


quando a liga passa no arrefecimento por uma temperatura crítica, designada por M S
(martensite start), e acaba em MF (martensite finish), quando o material é totalmente
martensítico. No sentido oposto a transformação austenítica, começa no aquecimento
na temperatura AS (austenite start) e termina em AF (austenite finish), quando o
material é totalmente austenínico.

Uma outra fase além da martensite e da austenite que pode estar presente nas ligas
Ni-Ti, dependendo do teor de níquel e do histórico térmico da liga é a chamada fase-R.
Esta fase é considerada uma fase intermédia entre a austenite e a martensite e
apresenta uma célula unitária romboédrica, dai ela ser denominada por fase-R (que
mais a frente, podemos observar que se encontra presente no nosso trabalho). As suas
temperaturas de inicio e fim de transformação, durante o arrefecimento e o
aquecimento são designadas respectivamente por RS ,RF e R’S , R’F.
O efeito memória de forma pode desenvolver-se por, crescimento de placas de
martensite, maclagem no interior das placas de martensite e transformação para uma
nova estrutura martensítica.

"two-way shape memory effect"


Um material que tenha sido deformado para uma certa temperatura, que seja capaz
de recuperar a sua forma original quando é aquecido, e também consegue retomar a
sua forma deformada quando arrefecido, ou seja a recuperação de forma dá-se em
dois sentidos, no aquecimento e no arrefecimento. (nosso material em estudo
apresentava estas características)

Ensaios utilizados no processo


Uma das preocupações, quando se trabalha com ligas de memória forma é conhecer
as temperaturas de transformação (MS,MF,AS e AF e da fase-R).

Uma das maneiras para a determinação das temperaturas de transformação é a


medida da resistividade eléctrica da liga ou então a realização de um ensaio DSC, não
podemos dizer qual o ensaio mais adequado, pois cada um nos dá uma determinada
informação, que nos pode ser útil consoante as finalidades do estudo. Os dois ensaios
não podem ser comparados entre si pois não fornecem temperaturas de
transformação coincidentes devido a resolução dos ensaios.

O DSC mede a quantidade de calor emitida ou absorvida durante a mudança de fase. A


martensite forma-se no arrefecimento com emissão de calor (reacção exotérmica) vai
assinalar um pico (concavidade) na curva de arrefecimento.
Fig.3- Ensaio DSC para uma liga NI-Ti 1

As temperaturas de transformação das ligas Ni-Ti estão fortemente ligadas á


composição da liga e aos tratamentos térmicos sofridos durante o processo de
“educação” (no estudo do nosso trabalho vamos observar que após vários tratamentos
térmicos as temperaturas de transformação irão alterar)

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