Contents
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
PERIGOSAS ACHERON
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Capítulo 01
a porta.
— Desculpa, linda, a Nove de julho está
completamente parada. Saí tarde do estúdio
também – respondeu Bruna ao puxar seu rosto para
um beijo em seus lábios.
As mãos de Isadora envolveram o pescoço da
produtora, enquanto a puxava para dentro do
apartamento. Bruna deixou a bolsa cair no chão
para usar as mãos livres para envolver o corpo da
mulher. Estava com Isadora há três anos, mas cada
uma tinha sua própria casa, apesar de serem
casadas no papel. Tanto ela, como Isadora, curtia
ter seu próprio espaço e o casamento moderno
também contribuía para que não tivessem desgastes
desnecessários.
— Como foi o dia com Alana? – perguntou a
esposa puxando-a para a sala de jantar onde a mesa
já estava posta para as duas.
— Proveitoso. Finalizamos Razão, amanhã já
mando para o maestro. Mais duas semanas e
finalizamos o disco.
— Que maravilha! Quer vinho?
— Quero.
Bruna deu mais um beijo na esposa e saiu até o
lavabo para lavar as mãos e o rosto. De volta a sala,
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mais é só falar.
— Você também, meu querido. Se quiser mais,
já sabe o caminho – respondeu a mulher ao,
finalmente, desgrudar os olhos da tela da televisão.
Rafaela não conseguiu conter a careta de nojo
ao ver o homem se debruçando sobre a mãe para
dar um beijo nela. Não queria nem imaginar a cena
grotesca do que tinha acontecido ali, naquela noite.
Torcia para que não tivesse sido na sua cama.
— Trouxe o que da rua? – perguntou a mãe se
virando para ela.
— Nada. Não consegui fazer dinheiro –
respondeu encarando a mãe.
Simone era uma mulher de trinta e quatro anos.
Havia tido Rafaela com dezoito anos, que jamais
tivera contato com o pai. Por um tempo havia
trabalhado como doméstica para alimentar a filha,
mas depois descobrira que era muito mais fácil
ficar com os homens que conhecia nos forrós que
frequentava. Todos eles sempre estavam dispostos
a pagar alguma conta sua, desde que estivesse
disposta a dar uma noite de prazer a eles. Simone
nunca negava. Por toda a favela era conhecida
como uma puta barata. Com trinta e quatro anos, já
aparentava ter seus quarenta e cinco anos,
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Capítulo 02
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Capítulo 03
— Aqui? Assim?
— É. Só arruma sua postura. Estica sua coluna
para que seu abdômen fique bem posicionado e
sem pressão sobre o diafragma.
Rafaela concordou com a cabeça e fechou os
olhos para não ficar tão tímida ao cantar. Bruna se
segurou ao máximo para não demonstrar nenhuma
reação enquanto a garota cantava a música. Se
virou para Victor e deu um discreto sorriso, antes
de voltar a encara-la. Se ela tivesse bons
profissionais auxiliando-a, poderia se tornar uma
grande cantora. Tinha a idade certa para ser
moldada para o estrelato.
A música acabou e Rafaela abriu apenas um
olho, com uma careta para enxergar Bruna a sua
frente. A produtora não conseguiu mais segurar o
sorriso diante da brincadeira da garota.
— Seguinte, Rafa, creio que sabe que sou uma
produtora musical, sei reconhecer um talento
quando estou na frente de um. Você já parou para
pensar que tem um dom? Que pode se tornar uma
cantora de sucesso?
— De vez em quando eu tenho esses delírios.
Depois a realidade me dá alguns tapas na cara e
acordo.
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— Por que?
— Eu não tenho como me tornar cantora. Não
tenho dinheiro pra isso. É tudo caro demais.
— Sua família não te apoiaria?
— Não tenho família. Tenho uma mãe que é
quase um castigo.
Bruna pensou, por um momento, nas palavras
da garota. Era uma pena que um talento como o
dela se perdesse. Ponderou suas possibilidades, mas
dada a primeira impressão que ela havia passado,
roubando seu carro, não podia ter nenhum
envolvimento.
— Bom, caso tenha algum interesse no futuro,
me procure. Ficarei feliz em te produzir.
— Obrigada. Já posso ir?
— Pode. Deixe seu telefone com a Camila na
recepção, caso queira.
Bruna levantou-se e se despediu da garota à sua
frente. Ficou observando-a sair da sala
acompanhada por Victor. Passou as mãos nos
cabelos e deu um longo suspiro. Era, realmente,
uma pena. Pegou o celular no bolso e verificou sua
agenda, saindo da sala. Iria trabalhar em algumas
melodias para outra letra que Alana tinha lhe
enviado e no final do dia iria para o Rio,
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Capítulo 04
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Capítulo 05
não gostem...
— Digamos que estamos em um investimento
de risco. Se a mídia e crítica te abraçar, vou ganhar
muito dinheiro, caso contrário, perco. É como
investir em ações.
— Tá bom.
— Outra coisa, você terá que fazer aulas de
inglês. É fundamental que saiba uma nova língua
também. Tanto para cantar alguma música em
inglês quanto para estar preparada, caso o aceite
seja também internacional.
— Mas terá divulgação internacional também?
— Não, mas há muitos brasileiros espalhados
pelo mundo, assim como gringos que escutam
música brasileira. Estar preparado para qualquer
surpresa é importante.
— Certo.
— Você dança?
— Danço. Quer dizer.... Mais ou menos. Eu
danço imitando as coreografias que vejo no
Youtube.
— Se sente confortavel para dançar pra mim
agora?
— Ai... Assim?
— Sim. Finge que eu sou uma porta. Escolhe
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Capítulo 06
Entrem, sentem-se.
Rafaela concordou com um aceno, olhando ao
redor para conhecer o lugar lindamente decorado.
Não conteve a curiosidade de ir até o vidro para
enxergar a cidade do alto.
— Que vista! – sorriu enquanto voltava para a
mesa e se sentava ao lado de Bruna.
— Lindo mesmo – concordou Tanessa. –
Mesmo trabalhando aqui há dez anos, não consigo
deixar de admirar essa paisagem. Mas me conte,
Bruna, como podemos ajuda-la?
— Qual o procedimento devemos tomar para
fazer a emancipação da Rafaela? – perguntou ao
dispensar o celular sobre a mesa. – Eu preciso
produzir essa garota, mas a mãe dela é reticente
quanto a assinatura dos documentos.
— E vai fazer mesmo à revelia? – perguntou
Tanessa tomando nota.
— Sim.
— Pode te trazer um problema. Ela pode entrar
com algum tipo de processo, dizer que está
induzindo a filha.
— Provavelmente não o fará. Não quero entrar
em detalhes, mas tenho quase certeza de que ela
não irá em um cartório de livre e espontânea
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vontade.
— Pode ser feita a emancipação judicial, mas
preciso saber desses detalhes. É onde mora o
perigo, nos detalhes.
Bruna olhou para Rafaela e deixou que ela
tomasse a decisão. A adolescente entendeu o seu
recado e deu ombros.
— Minha mãe é uma bêbada. Nasci de uma
gravidez indesejada e ela me culpa até hoje por ter
estragado sua vida.
— E seu pai?
— Não o conheci. Não tem nem o nome dele no
meu registro.
— Já sofreu algum tipo de agressão ou
violência por parte da sua mãe?
Rafaela se calou por um momento. Não tinha
porquê mentir e nem esconder nada. Se queria a
confiança de Bruna, tinha que ser totalmente
transparente.
— Sim. Algumas vezes. Ela... Ela não se
controla.
— Você tem que idade?
— Dezesseis anos. Faço dezessete em Maio.
— Certo. Você já sofreu algum tipo de abuso
sexual dentro da sua casa com o consentimento da
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sua mãe?
Rafaela deu um sorriso amarelo ao se lembrar
de todos os caras que a mãe havia apresentado
quando ainda tinha só treze anos. Não se recordava
dos rostos porque sempre fechava os olhos,
torcendo para acabar rápido.
— Você quer que eu saia? – perguntou Bruna
ao perceber a hesitação de Rafaela. – É importante
que fale tudo a Tanessa.
— Não precisa – respondeu a adolescente que
brincava com as pontas dos dedos. – Quando tinha
treze anos, minha mãe levava uns caras lá pra casa.
Ela dizia que eu tinha que pagar a conta de luz.
Quando entendi a situação, quando completei
quinze anos, eu dei um basta.
— Sua mãe não interferia em nada?
— Às vezes ela me segurava quando tentava
fugir – respondeu com o rosto queimando, sentindo
uma lágrima escorrer até a boca.
— Isso já é o suficiente, não é? – perguntou
Bruna tensa.
— Isso é crime, Bruna. Você ainda pode
denuncia-la, Rafaela.
— Eu só tenho ela. Se for presa ou se fizer
alguma coisa, ela me põe pra fora e fico sem onde
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morar.
— Um mal necessário – suspirou Bruna. –
Você não tem mais nenhum familiar a quem
recorrer?
— Tenho um tio que mora em Minas. Meus
avós já morreram.
— Uma emancipação significa que ela não terá
mais nenhuma obrigatoriedade de te sustentar –
falou Tanessa preocupada. Não achava que Bruna
Spagnatto lhe traria um problema como aquele.
— Acho que se eu falar isso, ela vai até
concordar em ir no cartório.
— Você pode explicar a ela que vai fazer o
pedido para fechar o contrato com a Spagnatto, ela
pode assinar uma procuração para nós e damos
entrada em todo o processo. Não precisa partir para
um embate direto, uma vez que não tem como se
sustentar agora.
— Eu posso arrumar um emprego de meio
período. Tem algumas empresas de telemarketing
que contratam pessoas com dezesseis anos.
— Você não terá tempo – suspirou Bruna. –
Você pode esperar lá fora por um momento, Rafa?
A adolescente concordou com um aceno e saiu
da sala em seguida. Bruna se virou para Tanessa
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Capítulo 07
— Ta bom.
— Como foi seu fim de semana?
— Foi bom. Aprendi um monte de música –
respondeu empolgada ao entrar no carro de Bruna.
— E andou escutando o quê? – perguntou
Bruna já imaginando que a resposta iria variar entre
funk e sertanejo.
— Elis Regina. Que cantora incrível que ela foi.
As letras das músicas dela são tão diferentes!
— Uau! Me surpreendeu! – exclamou ao sair
com o carro para a avenida. – Ela teve excelentes
compositores. Belchior, Chico Buarque. Canta uma
pra mim? A que mais gostou.
— Águas de Março.
— Essa música é de Tom Jobim. Muitas vezes
associada a ela. Se lembra da letra?
Rafaela não respondeu, ao contrário, sua voz
invadiu o espaço enquanto ia batucando nas pernas
acompanhando a música, gesto que não passou
despercebido pela produtora.
— Sensacional – falou Bruna quando Rafaela
terminou a canção. – Você toca algum
instrumento?
— Alguma coisa no violão. Eu aprendi quando
tinha quatorze anos, mas sem violão não tive como
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Capítulo 08
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Capítulo 09
mulher se aproximando
para dar um beijo no seu rosto. – Seja bem-
vinda a Spagnatto, Rafa.
— Obrigada.
— Está tudo certo no Jacques? – perguntou
Bruna para Amanda.
— Sim, está marcado para as duas da tarde.
— Sem problemas. Obrigada, Amanda.
A assistente de Bruna saiu da sala e Rafaela
concentrou sua atenção na produtora. Ainda era
onze horas da manhã. Teria que esperar um tempo.
— Enquanto não dá a hora de sairmos, vai para
o estúdio treinar os ouvidos ou treinar os exercícios
que Gilson te passou. Eu tenho uma reunião daqui a
pouco e assim que terminar nós vamos para o
Jacques. Almoçamos pelo caminho.
— Tá bom – concordou a jovem se levantando
para sair em seguida.
Bruna ficou assistindo Rafaela sair da sua sala e
voltou sua atenção para o computador à sua frente,
com alivio. Pelo menos uma parte havia sido
resolvida. Quinze minutos depois, seguiu com
Victor para a sala de reuniões onde receberia o
empresário de Lucca e dois advogados para
finalizar o contrato com a Spagnatto.
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segurança.
— Entendi – respondeu Rafaela entrando no
carro de Bruna. – Eu vou passar lá quando tiver
tempo. Acho que a secretária fica aberta até as sete
da noite.
— Essa semana tiraremos um dia para ir mais
cedo pra casa.
Bruna desviou o assunto do colégio para a aula
de canto que a adolescente tinha tido no dia
anterior. Rafaela contou, em uma narrativa
empolgada, quase tudo o que Gilson tinha lhe
passado no dia anterior. Bruna aproveitou para dar
algumas dicas que ela mesma havia utilizado
quando fizera as mesmas aulas que a garota. O
almoço transcorreu enquanto explicava sobre todo
o processo de criação de um álbum e, no caso dela,
a criação de um artista. Bruna foi transparente ao
relatar o cunho comercial envolvido: Rafaela tinha
um talento único e estava trabalhando para que ela
se tornasse rentável.
Exatamente às duas da tarde chegaram ao salão
que Amanda havia marcado. Rafaela não conteve
uma cara de deslumbre ao ver o espaço: parecia ter
saído de uma cena de novela. Paredes beges e
marrons davam um tom sofisticado ao salão
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Capítulo 10
bem, amiga?
— Tudo Jessi.
— Tudo bem Nicolas?
— Tudo certo. Fica esperta, Rafaela – alertou
Nicolas mais uma vez antes de solta-la e se afastar.
Rafaela suspirou fundo ao ver o garoto se
afastar de volta ao grupo. Se virou para a amiga
com um sorriso amarelo.
— Obrigada por isso. Esse moleque é um
babaca. Não sei aonde tava com a cabeça quando
fiquei com ele.
— Ele vai ficar te aporrinhando.
— Não será por muito tempo. Logo ele
encontra outra garota para encher o saco.
— E como foi o seu dia hoje? Cantou muito?
— Um pouco só. Escolhemos alguns músicos
para a minha banda. Eu tenho uma banda! – riu
empolgada, esquecendo-se automaticamente de
Nicolas. – Amanhã, talvez, grave com eles.
— Que bacana, amiga! – falou Jessica,
genuinamente feliz. – Quando você fizer seu
primeiro show, quero estar lá, na primeira fila!
— Ih, vai demorar. Bruna me disse que
primeiro temos que trabalhar minha imagem, me
divulgar primeiro antes de ter publico para um
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— Obrigada amiga.
Rafaela se despediu de Jessica e desceu
algumas casas até parar na frente do portão de
madeira. Respirou fundo e entrou. Caminhou
devagar para a porta da frente testou a fechadura.
Com alivio a descobriu aberta. Dentro de casa, não
encontrou a mãe na cozinha. Caminhou para o
quarto e entrou para enxerga-la ajoelhada na frente
de um cara. Deu meia volta e saiu para o quintal,
sem conter as lágrimas. Por que não tinha uma mãe
como todas as outras meninas que conhecia? Se
acalmou depois de minutos e secou o rosto. Foi até
a casa da amiga e pegou algumas roupas antes de
voltar. Ainda ficou sentada no quintal, ouvindo
músicas, por mais uma hora, até que o homem
aparecesse na porta.
— Na próxima semana eu volto, Simone – se
despediu com um beijo. – Quero você gostosa
como hoje.
Se a escuridão não estivesse ocultando Rafaela,
veriam a cara de nojo que a garota fez ao escuta-lo.
Assim que sumiu no portão, se levantou e entrou na
cozinha.
— Oi mãe – falou ao vê-la ainda nua, rente a
pia.
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Capítulo 11
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de um comercial, certo?
— Sim. Fiz a base de baixo.
— Ok. Como anda a banda? Tocam em
barzinhos?
— Sim. Quase todo fim de semana.
— Vinte e sete anos, certo?
— Isso.
— Obrigada Rafael. O próximo é Gustavo. A
mesma coisa Gustavo. Está trabalhando com
música?
— Sou professor de guitarra, baixo e percussão.
Trabalho em uma escola no Campos Elyseos.
Tenho trinta anos.
— Você trabalhou um tempo como
percussionista para o Lucca, no começo de sua
carreira, certo?
— Sim. Fiz o trabalho do primeiro álbum.
— Ok. Melanie, sua vez.
— Só Mel. Tenho vinte e dois anos. Só estudo
no momento. Estou concluindo faculdade de
música. Bateria, guitarra, baixo, violão, percussão.
— Mas o principal é bateria, certo?
— Isso.
— Você tinha uma banda formada apenas de
garotas, chegaram a mandar material pra nós.
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oportunidade...
— Ela ficou preocupada quando liguei, não
vai fazer nada disso – contemporizou ao abraça-la.
– Não precisa chorar. Vamos, lá em casa você me
conta, se quiser.
Rafaela assentiu com a cabeça e saiu ao
lado do professor, sem conter o medo que havia
tomado conta do seu corpo com a ciência de que
Bruna estava indo busca-la. Optou por não falar
para o seu professor o que tinha acontecido, mas
uma lágrima sempre rolava pela face ao pensar na
cara que Bruna faria. Depois de vinte minutos,
escutou o carro parando na frente da casa. Gilson
foi recebe-la e Rafaela abaixou a cabeça, chorando
baixinho de medo e vergonha.
— Rafa! O que você estava pensando,
Rafa?! – perguntou Bruna nervosa ao entrar na sala.
— Eu não queria te incomodar com os meus
problemas – respondeu ainda de cabeça baixa.
— Está tudo bem – amenizou a produtora
ao ver suas lágrimas. – Vamos pra casa, no
caminho você me conta o que aconteceu.
Rafaela concordou com um aceno e se
despediu de Gilson, para sair para a rua. Entrou no
carro da produtora e se abaixou sobre o banco.
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— Absoluta.
— Então, vem.
Bruna subiu as escadas para o segundo piso
com Rafaela a acompanhando. Indicou o quarto
para a adolescente e saiu para o próprio aposento
para buscar alguma roupa de Isadora.
Rafaela fechou a porta e olhou ao redor,
espantada com o espaço. Nunca antes tinha entrado
em uma casa tão grande e tão bonita como aquela.
Seguiu até outra porta que descobriu ser o banheiro.
Com um sorriso de orelha a orelha, enxergou uma
banheira. Voltou para o quarto ao escutar a batida
na porta.
— Aqui tem umas roupas que são da
Isadora, escolha uma que te sirva. No armário do
banheiro tem toalhas.
— Obrigada! Eu posso usar a banheira?
— Pode. Vou te mostrar como funciona.
Bruna foi até o banheiro e mostrou para a
adolescente o funcionamento da hidro.
— Quando chegar no limite ela para o
enchimento sozinha. Não vai ficar a noite inteira
dentro dessa banheira. Vá descansar um pouco
depois.
— Pode deixar – concordou Rafaela. –
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Obrigada Bruna.
A produtora deu uma piscadinha na sua
direção e saiu do quarto em seguida. Rafaela abriu
um sorriso satisfeita: iria dormir dentro da agua.
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Capítulo 12
— Obrigada.
— Rafaela é uma menina boa, dona Bruna. Não
teve muita sorte com a mãe que teve, mas é uma
menina boa. A senhora está sendo a salvação na
vida dela. Deus sabe o que aconteceria com ela se
não tivesse aparecido.
— Tive o desprazer de conhecer Simone. É
uma mulher bem difícil.
— Rafaela ia acabar se prostituindo igual a mãe
ou pior, cair em uma cadeia com os marginais que
andava por aqui.
Bruna concordou. Tinha certeza daquilo.
— Ela tem um talento incrível. Tem tudo para
se tornar uma excelente artista da música.
— Tem sim. Cuida bem dela. Ela não é minha
filha, mas vi ela crescer aqui pela rua, brincando
com a Jessica. Não deixa ela regredir, só crescer.
— No que depender da Spagnatto, o céu será o
limite para ela – falou Bruna com sinceridade. –
Tomei para mim a responsabilidade de torna-la
grande e vou fazer isso.
— Não se esquece que ela é uma menina ainda,
sozinha nesse mundo, sem uma família para apoia-
la.
— Ela terá todo o apoio necessário, somos uma
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Capítulo 13
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Paolo Bianco.
Rafaela se virou para dar de cara com Isadora
Maranes, a atriz que sempre vira na tv e agora
estava em pé, na sua frente.
— Uau! Isadora Maranes! – exclamou feliz.
— Caramba, amor! Você não tinha me dito que
essa garota é tão linda desse jeito! – falou
abraçando Rafaela. – É um prazer te conhecer
pessoalmente. Já ouvi muito seu nome. Rafaela,
Lumia. Alias, bela escolha de nome. Lumia.
— Obrigada! O prazer é meu de te conhecer!
Sempre te vi na tv, nossa, é um sonho que esteja na
minha frente!
— Ainda vamos nos encontrar muito.
— Com certeza! Obrigada por tudo o que está
fazendo por mim. Sei que a principal iniciativa
disso tudo partiu de você. Obrigada mesmo!
— Me agradeça se tornando essa estrela que a
Bruh está projetando em você.
— Vou fazer. Prometo!
— Então já vamos começar por hoje. Aproveite
Paolo Bianco. Já fui fotografada por ele e o cara
manda bem demais!
— Pode deixar – concordou a adolescente,
animada.
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Capítulo 14
Lumia.
— O prazer é meu – respondeu Rafaela
colocando o refrigerante de lado para limpar a boca
com um guardanapo. – Você é...
— Cibele. Diretora do escritório da Spagnatto
no Rio. Se precisar de qualquer coisa, pode falar
comigo.
— Obrigada.
— Vou te mostrar as roupas que trouxe. Espero
que a numeração seja a certa. Me disseram que
você usa manequim trinta e oito.
— Isso. Só que minhas calças ficam um pouco
apertadas nas pernas e bunda.
— Fica em pé um pouco – pediu Cibele.
A adolescente obedeceu e ficou em pé, se
virando quando de costas quando a loira pegou sua
mão e a girou.
— Pra que uma bunda desse tamanho?! Só pra
esfregar na cara da sociedade? Um exagero, não é,
Bruna?
— Minha área é a música – respondeu a
produtora desviando o olhar do corpo de Rafaela. –
Em questões de medidas de corpo feminino só
conheço as de Isadora. Por palmo.
— Descarada! – riu Cibele. – Bom, vamos
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Capítulo 15
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certeira.
Meia hora depois, o dj voltou às pick—ups
colocando música eletrônica para tocar. Ficou
próxima a adolescente, vendo ela dançar e interagir
com algumas pessoas. Conversou com vários
amigos, mas seus olhos sempre voltavam para onde
Rafaela estava. O mc voltou a dançar com ela e,
por um momento, ficou incomodada com a forma
com que ele a abraçava.
— Ficam bonitos juntos, não ficam? –
perguntou Paulo parando ao seu lado, mais uma
vez. – Um casal jovem, talentoso!
— Ela tem dezesseis anos! Não tem idade para
fazer casal com alguém – rebateu Bruna.
— Ele tem dezenove. Francamente, Bruna!
Acha que essa garotada é como nossa geração?
Com quatorze anos já sabem mais do que nós.
— Ela tem que se focar na carreira, não
inventar de arrumar namoro por aí – respondeu, se
virando para o produtor. – A vida dela já está
virando de cabeça para baixo! Um envolvimento
com alguém da mídia não é a melhor coisa pra ela
agora.
— Então vai lá avisa-la disso – respondeu
Paulo com um riso.
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Capítulo 16
com Rafaela.
— É um prazer conhece-la, Viviane – falou
ao esticar a mão.
— O prazer é meu, senhora Bruna.
— Apenas Bruna, por favor. Esta é Rafaela, é
desta garota que terá que tomar conta.
— Ai Bruna! Até parece! – brincou. – To feliz
em ter você aqui, Viviane, vamos fazer altas
maratonas de séries!
— Espero que tenha energia para aguenta-la –
riu Bruna. – Ficou alguma coisa em duvida que
meus funcionários não lhe passaram?
— Não, está tudo certo. Obrigada pela
oportunidade.
— Bom, então estou indo. Caso tenha algum
problema, meus telefones são esses – falou
entregando um cartão. – Tem o numero da
produtora ai e o meu numero direto. Depois Rafaela
passa o contato dela.
— Pode deixar.
— Vamos Rute? Vou passar em casa tomar um
banho e depois tenho um compromisso.
— Vamos. Fiquem bem meninas.
Rafaela foi até a porta para abrir para a
passagem de Bruna e Rute, antes de voltar sua
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documentos.
— São duas contas?
— Sim. A conta de Lumia é separada da conta
da Rafaela. Acredito que terá orientação da
produtora quando estiver com o jurídico acertado,
mas já lhe digo, em todos os aspectos, é bom que
separe Lumia da Rafaela.
— Certo.
— Eu vi seu vídeo cantando na festa da Alana.
Que voz incrível você tem!
— Você viu?!
— Vi. Adoro Sia, a propósito.
— Uma das melhores cantoras do mundo!
Rafaela não viu o tempo passar com Gisele
enquanto conversavam sobre música e finanças.
Assinou os documentos que ela passou e depois de
vinte minutos estavam finalizando todo o processo.
— Esse são meus números de contato. Se
precisar de alguma coisa, basta entrar em contato
comigo.
— Você é minha gerente – concluiu Rafaela ao
olhar o cartão.
— Isso mesmo.
A garota abriu um sorriso e se despediu da
gerente para sair para a rua. Era mudança demais
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— Trezentos.
— Você quer uma new face baseado na OMB*,
é isso? – perguntou Bruna com um riso. – Você me
quebra desse jeito!
— Me ajuda, Bruna!
— Não, vamos falar sério. Você quer uma
música, um artista e uma viagem ao Atacama, com
minha equipe, por trezentos mil?
— Você é difícil, hein, Bruna!
— Posso te dar uma excelente artista com esse
valor, mas não será ninguém de renome, ainda.
— O cliente quer um nome conhecido do
grande público – explicou Michelle. – Alguém que
venha agregar a marca.
— Então ele terá que colocar a mão no bolso.
Só o cachê de um artista médio está rolando entre
cento e cinquenta e duzentos mil. Qual o tempo de
veiculação? – perguntou Fabrício.
— Quatro meses.
— Eis minha proposta – falou Bruna ao olhar
para os contratantes. – Eu faço a música, entrego
uma artista muito boa, mas não será ninguém
conhecido ainda. Isso sem mexer no valor do
orçamento. Se insistirem em um rosto nacional, por
esse valor, a Spagnatto está fora.
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a pouco.
— Está com algum problema de saúde?
— Não, Bruna quer que eu tenha um
acompanhamento psicológico. É muita coisa que
mudou na minha vida de uma hora para outra,
minha infância também não foi das mais legais para
me dar suporte hoje. Aí tenho que conversar com
um profissional para não entrar em parafuso,
segundo as palavras de Bruna.
— É bom cuidar do corpo e mente. Que horas
você volta? Já deixo o jantar preparado.
— Umas oito e meia já estou de volta. Talvez
até antes. O consultório é aqui perto.
— Tá bom. Já vou deixar tudo pronto.
Rafaela concordou com um aceno e saiu para o
quarto, tomar um banho e depois se arrumar. Com
meia hora saiu do apartamento em direção ao
consultório. Assim que chegou, foi recebida pelo
psicólogo que faria sua avaliação.
— Boa noite, Rafaela. Meu nome é Marcos,
tudo bem com você?
— Isso quem vai me dizer é você – riu a
adolescente ao apertar a mão do homem à sua
frente. Dava uns trinta e cinco anos a ele. Bem
vestido, barba bem aparada exibindo um
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prato.
— Você já jantou? – perguntou a adolescente
ao aparecer na porta da cozinha.
— Vou jantar aqui.
— Tá bom – concordou Rafaela indo até a sala
de jantar. Pegou o prato e os talheres e os levou
para a cozinha, colocando na mesa. Foi até as
panelas, sentindo o delicioso aroma.
— O cheiro está bom! Estou morrendo de
fome!
Viviane sorriu ao ver a garota se servindo e
indo se sentar a mesa. Pegou um prato e também se
serviu, sentando-se ao lado da adolescente. Era uma
menina simples. Esperava que a fama não tirasse
isso dela.
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Capítulo 17
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abraço apertado.
— Eu vou acompanhar absolutamente tudo, não
se preocupe. Vou te orientar, corrigir o que for para
ser corrigido, só seja você mesma. É um ensaio
com mais pessoas, só isso.
— Tem bem mais pessoas que aquela primeira
vez – observou Rafaela.
— Sim, é uma gravação oficial. Uma gravação
com a produção da Spagnatto, logo não será nada
mediano.
— Tá bom! To nervosa, mas vou me acalmar –
respondeu a adolescente acariciando as costas de
Bruna lentamente.
— Você vai tirar de letra, Lumia! Seus ensaios
foram ótimos, você sabe que manda bem – falou
Carla ao se aproximar. – Larga Bruna e vamos te
arrumar.
— Vão lá. Eu vou terminar de ver os últimos
ajustes – respondeu Bruna tirando os braços do
corpo da adolescente. – Eu não quero gravar
separado, quero que seja como um acústico, porém
se não funcionar, vamos gravar primeiro a base e,
depois, o vocal. Vamos experimentar tudo isso
agora a tarde.
— Tá bom.
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Capítulo 18
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— Eu tenho certeza!
Às sete da noite, Rafaela recebeu os dois
profissionais que iriam arruma-la para aquela noite.
Duas horas depois, e já prontas, Bruna chegou para
busca-las. Isadora também estava presente e o
pequeno grupo seguiu para a casa de espetáculos
que estava recebendo o show de Lucca. Foram
conduzidas até a área onde ficariam e assistiram,
extasiadas, a apresentação do cantor que Rafaela
tanto gostava. Assim que foi finalizado, seguiram
para o camarim, cumprimenta-lo.
Rafaela não conteve o enorme sorriso no rosto
assim que viu o cantor. O cumprimentou, tentando
não transparecer sua empolgação de tiete naquele
momento, mas estava louca para pular em seu
pescoço e agarra-lo com força.
— Lumia, é um prazer te conhecer –
cumprimentou Lucca. – Eu vi seu vídeo, que
talento, hein?!
— Ela é muito boa, não é Lucca? – falou Bruna
se aproximando. – Que show, cara, sensacional! A
turnê está muito linda, parabéns!
— Bruna! Obrigado! É bom ter você aqui!
— Foi muito bom ter vindo!
O cantor também cumprimentou Isadora e
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Capítulo 19
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amiga de infância.
— Bem-vinda, Jéssica. O pessoal já está
esperando para te arrumar.
— Ela já vai subir – informou Bruna. – O seu
lugar de gravação será aqui – explicou puxando
Rafaela para o meio do estúdio, todo forrado em
verde. – Lembra das câmeras que Isadora falou que
vai te filmar do alto? São essas. Por esse trilho vai
correr uma câmera que vai te filmar em trezentos e
sessenta graus. Eles ainda estão terminando de
montar tudo, e depois nós vamos gravar com o
áudio original de Próprias mentiras. No final do
dia, vou gravar o áudio com a sua voz. Temos
muito, muito trabalho hoje.
— Vamos fazer! To preparada!
— Isso ai! Vai se arrumar, começamos a
gravação em quarenta minutos.
Rafaela assentiu com um aceno e seguiu Carla
para o andar superior. Bianca estava ali com duas
mulheres e um rapaz, que iriam arruma-la.
— Que bom que já chegou, Lumia! Vamos te
produzir para a gravação. Já separei a roupa que vai
usar hoje. Como vamos fazer uma produção mais
rustica, vai usar essa bota, esse short com esse
colete e o top por baixo. O cabelo vai ficar bem
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gravação.
As três horas seguintes foram dedicadas a
repassar a música inúmeras vezes, interrupções
para ajustar sua postura, movimentação das
câmeras, ajeitar o cabelo e retoque da maquiagem.
Fizeram uma pausa para o almoço e retomaram em
seguida, fazendo mais três tomadas antes que o
diretor desse por encerrada a gravação. Rafaela
agradeceu a todos junto com Bruna, antes de
seguirem para o outro estúdio, para gravar o áudio.
— Eu achei que primeiro gravava o áudio e
depois o clipe – comentou Jessica ao lado de
Bruna.
— E é realmente, mas hoje temos a questão de
tempo. A edição dessa gravação é demorada e os
meninos já vão começar de hoje, só farão a
inclusão do áudio amanhã.
— Por causa dos efeitos? – perguntou a
adolescente curiosa.
— Isso. Você gosta desse mundo de produção?
— Eu acho legal. Não entendo nada, mas é
interessante de ver e aprender.
— Bacana. Agora vamos gravar Lumia.
Rafaela entrou no estúdio e Bruna passou a
orientação do que queria da adolescente e em
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Capítulo 20
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e Isadora.
— Vocês querem me matar do coração?! –
exclamou feliz.
Não teve tempo de resposta, pois todos
começaram a cantar parabéns. Amanda entrou no
espaço, empurrando um carrinho com um bolo em
cima enquanto Victor colocava um colar florido no
seu pescoço e um chapeuzinho de aniversário.
— Ai gente! Obrigada! – agradeceu quando
conseguiu falar. – Vocês são incríveis! Jessi! –
finalizou para ir agarrar a amiga de infância.
— Parabéns amiga!
— Caramba! Que bom ter você aqui!
— Minha linda! – falou Isadora se
aproximando. – Parabéns! Sucesso na sua jornada!
Espero que goste da surpresa!
— Eu amei! Vocês são demais!
— Parabéns, Rafa – falou Bruna se
aproximando. – Muito sucesso!
Rafaela se desviou dos braços de Isadora
para dar um abraço apertado em Bruna. Externou
no abraço a falta que havia sentido dela naqueles
dias em que tinha passado afastada, assim como
todo o agradecimento por estar ali, naquele dia. Se
não fosse por ela, nada daquilo seria possível.
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passa rápido.
— Não vamos contar apenas um ano. Tenho
certeza que assim que estrear já irão fechar contrato
para mais uma temporada.
— Mas as gravações não serão grudadas
uma na outra.
— Tem a divulgação, outros trabalhos que
pode aparecer por lá e eu sei que não vai recusar.
Não entenda isso como uma crítica, pelo contrário,
quero te ver grande, mas eu sei que esse é o
momento em que eu tenho que deixar você ir.
— Meu lugar é aqui, com você. Eu posso ir,
mas eu sempre vou voltar.
— Não vamos nos torturar antes do tempo.
Saiba que tem meu apoio para tudo que fizer. Você
vai longe, minha linda. E com o empresário que
tem, o céu é o limite pra você.
— Você está falando como se fosse uma
despedida...
— É uma despedida. Momentânea, mas é
uma despedida. Uma coisa é ficarmos separadas
por dias, semanas, mas meses e com um continente
inteiro no meio, é um pouco mais complicado.
— Podia ter me falado isso antes de aceitar
o papel.
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— Eu te amo...
Bruna abraçou Isadora com força enquanto
suas próprias lágrimas banhavam seu rosto. Havia
pensado durante uma semana no que diria naquele
momento e era tão irreal que aquilo estivesse
acontecendo, algo que julgou que nunca
aconteceria, mas tinha que começar a ver sua vida
sem Isadora. A amava demais para prendê-la.
— Eu te amo...
Isadora se afastou para secar as lágrimas e
fez o mesmo no rosto de Bruna, antes de puxa-la
para um beijo cheio de carinho, externando no ato,
o sentimento dito em palavras. Se amaram com
intensidade, uma despedida momentânea.
Passaram a noite inteira acordadas,
conversando, rindo, chorando, se amando. Quando
o sol despontou, Isadora se levantou para se
arrumar. Bruna tomou um banho e se vestiu, para
encontrar a esposa sentada na beirada da cama.
— Quero te pedir duas coisas – falou
Isadora secando as lágrimas. – Não vamos anunciar
nada ainda. Pode não ser definitivo. Eu não quero
que seja definitivo. Por enquanto vamos manter
como está.
— Não vou divulgar nada.
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Capítulo 21
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produtora fazia.
Bruna se afastou do teclado e passou as
mãos no cabelo, antes de se virar para Victor.
— Onde está a gravação?
Victor se afastou para ir buscar o
computador, ao passo que Rafaela e Carla trocaram
um olhar.
— Você pode deixar eu e a Bruna sozinhas
um pouco, Carla? – pediu Rafaela para a ruiva.
A jovem apenas concordou com um aceno,
enquanto Bruna a encarava.
— Me desculpa, Rafa, eu estou um pouco
aérea com a mudança da Isa.
— Normal que esteja. Eu pedi pra Carla sair
porque quero conversar com você. Não precisamos
fazer isso hoje. Vai curtir sua bad em casa, amanhã
podemos fazer essa gravação.
— Curtir minha bad?
— É. Está bem claro isso. Isadora só está
viajando, Bruna. Não é o fim do mundo. Em um
mês ela volta, ou você pode ir encontrar com ela.
— É o fim.
— Como se não estivesse acostumada com
as viagens dela. Passa rapidinho! Você vai ver.
— Essa não é só uma viagem, é uma
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detalhes da parceria.
— Pronta, Lumia? – perguntou Bruna, já
sorrindo, ao se sentar no teclado novamente.
— Pronta! – respondeu a adolescente animada.
Bruna escutou a melodia mais uma vez antes de
começar a tocar para que Rafaela cantasse.
Interrompeu a primeira vez antes de chegar no
refrão, corrigindo sua voz.
— Você pode colocar uma forte entonação aqui
– falou Bruna para cantalorar em seguida. –
Ligados no mesmo caminho, podemos dançar a
noite inteira... Podemos fazer esse tom mais forte,
porque aqui vai entrar as batidas eletrônicas.
— Certo.
Rafaela repetiu mais uma vez, antes que Bruna
interrompesse em outro ponto.
— Voz de peito, Rafa. Esse é o momento de
mostrar a todos a que veio. É nesse refrão que todos
irão sentir os pelinhos dos braços se arrepiarem.
A adolescente concordou mais uma vez, e fez
como solicitado. Depois de cinco passagens, Bruna
pediu que fosse para o estúdio e começaram, de
fato, a gravação.
Durante as duas horas seguintes, Bruna se
dedicou a gravar Rafaela, junto com Victor e
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— Massa!
— Bruna – chamou Amanda ao entrar no
estúdio. – Lucca já chegou com a equipe.
— Obrigada, Amanda. Quero que acompanhe a
reunião, por favor. Victor também. Fernando, reúna
tudo o que gravamos hoje, já compacta e descarta
as partes que não achar bacana. Vamos, Rafa? Sua
primeira reunião de negócios.
A adolescente apenas sorriu ao aceitar a mão
estendida na sua direção. Sua primeira reunião de
negócios.
Bruna entrou na sala de reuniões e
cumprimentou Lucca, Matheus e Nathalia,
assessora do cantor. Rafaela fez o mesmo, antes de
escolher uma cadeira para se sentar com Amanda
ao seu lado.
— Bom, vamos tratar do novo hit do verão do
próximo ano – falou Bruna ao dispensar o celular
sobre a mesa.
— Opa! Já quero gravar amanhã! – respondeu
Lucca com um sorriso.
— Não vejo a hora! – concordou Rafaela.
— Como já havia lhe passado no e-mail,
Matheus, curtimos Enquanto Estiver Aqui, música
que acredito que explora bem a voz de ambos e dá
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tempo todo.
— Está certo, Bruna.
— Linda, não fique chateada, só não quero ficar
me lamentando toda vez que vier trocar de roupa.
— Tudo bem. Eu... Eu entendo. Também não
tenho um guarda-roupas seu aqui me
acompanhando. Vê se a Rafaela não quer alguma
coisa.
— Não quero que ela também fique me
lembrando você.
— Uau... Está mesmo decidida...
— Estou e peço que entenda meu lado.
— Vou tentar. Vou vender o apartamento do
Leblon e o do Jardim Europa para comprar um
aqui. Quer ficar com algum dos dois? Ou os dois?
— Não. Aquele apartamento do Rio deve estar
valendo uns quarenta milhões. Não tenho dinheiro
para isso.
— Eu te vendo ele parcelado. Duas vezes.
— Grande ajuda – riu Bruna. – Não, não vou
ficar com ele.
— Estou com saudade...
— Eu também.
— Tirou a aliança?
— Não. Ela não vai sair do meu dedo. Nem
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Capítulo 22
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— Tá bom.
— Escute muitas músicas em inglês, veja
filmes e séries legendados, isso ajuda muito, tanto
sua pronuncia como seu entendimento, mais pra
frente.
— Pode deixar.
Rafaela se despediu da professora e seguiu
para o quarto, trocar de roupa. Quando o relógio
marcou onze e quarenta da manhã, já estava na
produtora e foi informada que Bruna estava
gravando a banda, naquele momento. Seguiu para o
estúdio e entrou em silêncio, enxergando-a absorta
na mesa de som, enquanto Mel estava dentro do
aquário, tocando. Cumprimentou os colegas que
estava ali, antes de observar a produtora
concentrada no que estava fazendo, usando os
fones de ouvido. Naquele dia ela vestia um terninho
preto, com uma camisa igualmente preta por baixo
e o cabelo preso em um coque. Estava descalça,
mas enxergou o scarpin de salto alto ao lado. Não
entendeu o motivo de ela estar tão elegante daquele
jeito, mas aprovou o visual de Bruna com um
sorrisinho.
— Boa, Mel! Tá ótimo! Ficou sensacional!
Rafaela aproveitou a interrupção da
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sorriso.
— Sua admiradora é bem direta.
— Não sei nem o que falar... – respondeu
Rafaela. – Será que foi isso mesmo?
— Qual é Rafa? Não sabe quando um
garoto tá afim de você?
— Garotos sim, mas ela...
— A mesma coisa. Ou você nunca percebeu
que a Mel é lésbica?
— Claro que já, mas...
— Acho que sei bem o violão que ela quer
tocar...
Rafaela deu um meio sorriso para Carla,
antes de colocar o top e depois a jaqueta. Ajeitou os
cabelos lisos e saiu da sala para encontrar a
produtora.
O restaurante escolhido para a reunião, foi o
Cantaloup, no Itaim Bibi. Assim que chegaram,
uma hostess guiou-as até o local onde seus
acompanhantes já aguardavam. Das várias pessoas
na mesa, Rafaela reconheceu apenas Fabricio e
Bianca. Além dos conhecidos da Spagnatto, ainda
enxergou mais quatro homens.
— Boa tarde – cumprimentou Bruna dando a
volta na mesa, cumprimentando todos os
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pra você.
— Eu gosto de quando é você que acompanha
as gravações e tudo o mais. Me sinto mais
confortável – respondeu Rafaela com sinceridade.
— Bom, então vamos. Amanhã à noite poderá
descansar. Sei que estou te forçando bastante essa
semana.
— Amanhã eu vou ver com a Mel, ela vai me
ensinar a tocar.
— Mel?
— É, ela disse que pode me ensinar. Achei
bacana, assim podemos gravar alguma coisa
comigo só tocando.
— Sim.
Bruna olhou para a adolescente à sua frente e,
depois, para a baterista que conversava com
Gustavo mais afastados. Voltou a sorrir para
Rafaela e se despediu das pessoas ainda presentes
na produtora, antes de saírem.
Durante o caminho até a casa da produtora,
foram conversando sobre a assinatura do contrato
com a Lovatus que havia acontecido naquela tarde
e a gravação do terceiro vídeo do Youtube. Bruna
informou que iria terminar sua música no dia
seguinte e já iria passar para a coreografa. Na
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Capítulo 23
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no estúdio.
Bruna lançou um olhar demorado para a jovem
que ia dar um beijo em cada um. A adolescente
também deu um beijo em seu rosto, se afastando
com um sorriso.
— Camila me disse que estão terminando Ritmo
Perfeito. Eu vou poder escutar ela quando
terminarem?
— Se quiser, já pode escutar – falou Bruna
analisando Rafaela.
— Ah eu quero! To louca pra ver como ficou!
Bruna concordou com um aceno e colocou a
música para tocar. Rafaela acompanhou, cantando
baixinho, quase sem emitir som. Ao final da
canção, levantou a cabeça para os presentes.
— Uau! Ficou linda! – exclamou, feliz.
— Ficou muito boa mesmo. Já vou passar para
a coreografa na parte da tarde. Daqui a pouco te
mando ela.
— E Enquanto Estiver Aqui?
— Vou trabalhar a mixagem dela hoje a tarde.
Depois Vitória irá gravar, vou passar para você e
Lucca na próxima semana.
— Vamos repassar a música do comercial
novamente hoje à noite?
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problema.
— Ela tem dezessete anos.
— Caralho! Porra Bruna! Com tanta mulher no
mundo, quer logo uma novinha?! Você não tem
mais fôlego pra isso, que fique bem claro.
— Vai se ferrar, Paula! – riu Bruna. – É claro
que tenho!
— Tem nada! Essa garota vai te dar um baile.
Quando precisar destravar as costas, me procure.
Eu a coloco no lugar de novo.
— Idiota! Entende como isso é confuso?! Eu
fiquei com uma adolescente e estou me sentindo
uma idiota por conta disso, mas ao mesmo tempo...
— Não vem me dizer que está se sentindo
jovem, que eu esfrego sua cara no asfalto.
— Ela é uma adolescente, Paula. Uma garota
que nem pode entrar em um motel ainda.
— Ok, vamos parar de zueira. Me conta, como
aconteceu isso, desde o início.
Bruna entrou no restaurante com a amiga e
passou parte do tempo narrando tudo o que havia
acontecido, desde que Rafaela aparecera na sua
vida, ao assalta-la, a festa de Alana, dias antes,
quando tinha ficado com ciúmes do cantor que a
adolescente beijou, o clima que havia rolado no
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— Mas terminei.
— Tá, não vou entrar nessa questão agora.
Esquece essa garota, ok?! Seja profissional, você é
a adulta aqui, deixe tudo as claras e não fique mais
com ela.
Bruna assentiu com a cabeça, olhando para a
amiga a sua frente. Ela estava certa. Rafaela não
podia mexer tanto com sua cabeça daquela forma.
Ela era a adulta ali, mais vivida, com mais
experiência de vida. Iria tomar as rédeas da
situação.
De volta a produtora, seguiu para sua sala,
deixar a bolsa e pegar o notebook, antes de ir para o
estúdio. Antes de entrar, escutou a música que saia
dele, The Hills do The weeknd. Abriu um sorriso ao
imaginar que deviam estar fazendo uma pausa no
trabalho.
Assim que entrou no espaço, Bruna enxergou
Rafaela ensinando Carla a fazer uma dança
extremamente sensual. As duas estavam entretidas
dentro do aquário e nem a viram chegar. A mente
esqueceu tudo o que havia conversado com Paula
ao ver que a jovem cantora ensinava uma
coreografia com cadeiras, um claro lap dance.
Colocou o computador em cima da mesa e apoiou
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Capítulo 24
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ela.
— Ela é casada.
— E?
— Como assim?! Ela... Isadora é uma mulher
linda e uma pessoa incrível! Foi por causa dela que
estamos fazendo esse trabalho hoje. Eu não... Não
tenho coragem de fazer qualquer coisa para quebrar
a confiança que ela tem em mim, sem contar que
Bruna me vê como... Sei lá, como, mas sei que não
é...
— Não se explique tanto. Vocês já ficaram, não
é?
— Tá tão na cara assim?
— Eu sei reconhecer uma sapa quando está
cheia de tesão por outra.
— Ela... Ela é uma mulher incrível, eu...
— Ela é casada, Rafa. Cilada brava. Você vai
sobrar nessa equação.
Rafaela olhou para Mel que mantinha a atenção
no trânsito. Não podia dizer a ela que Bruna já não
era mais casada, visto que a produtora havia pedido
sigilo sobre o rompimento com Isadora. Suspirou
fundo e tirou uma mecha de cabelo que caia sobre
seu rosto, antes de voltar a fitar a baterista.
— Eu nunca fiquei com uma mulher. Não...
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— Certeza?
— Absoluta. Você tem dezessete anos, tem que
curtir mesmo, está na idade para isso,
principalmente se forem garotas solteiras, jovens e
sem um histórico tão grande nas costas. Você não
tem idade para ficar arrumando problemas nesse
sentido.
Rafaela olhou para Viviane por um longo
minuto. Ficou com receio de perguntar se ela se
referia a Bruna, mas resolveu não questionar O
melhor era deixar quieto.
— Está certa – concordou. – Pode ir para casa
hoje. Já está tudo certo por aqui, não é?
— Sim, a não ser que queira que faça algo.
— Não, pode deixar. Eu me viro. Toma café e
depois vai aproveitar o fim de semana com sua
mãe.
Viviane agradeceu e terminou de ajeitar o café
para as duas garotas, antes de sair para o aposento,
se arrumar para ir para casa. Rafa voltou para o
quarto e encontrou Mel encostada contra o
travesseiro, mexendo no celular. Observou-a por
um segundo, antes de se aproximar e subir na cama,
montando em seu colo.
— Bom dia!
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Capítulo 25
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aquilo.
Rute a chamou para conversar no fim do
domingo e relatou a ela o que estava acontecendo,
como havia chegado ao fim do casamento com
Isadora e o desejo que havia sentido por Rafaela.
Da mesma forma que Paula, ela havia dito para
manter o profissionalismo, mas não alimentar mais
nada com a adolescente. Não era bom que
misturasse as coisas, pois Rafaela poderia estar
apenas encantada com ela, logo poderia colocar
todo o trabalho em risco.
Na segunda-feira, novamente decidida, foi para
a produtora. Passou primeiro na sede no Pacaembu
para resolver algumas pendencias e no final do dia,
seguiu para o prédio em Pinheiros. Já na produtora,
Amanda informou que Rafaela estava ensaiando
com a banda e Victor finalizando os arranjos de
Enquanto Estiver Aqui. Deixou a bolsa com o
computador na sua sala e seguiu para o estúdio
onde Lumia ensaiava.
— Boa tarde pessoal! – cumprimentou com um
sorriso. – O que estão ensaiando?
— Vamos tocar Eu Quero Sempre Mais, do Ira
com a Pitty – respondeu Gustavo.
— Boa! É uma bela música – respondeu a
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desse lançamento.
— O Paulo ficou louco por ela desde que a viu
cantar.
— É uma opção.
— Não quero entregar a produção dela para
outra pessoa. Ela confia em mim.
— Mas deixe como uma porta aberta, caso esse
lance de vocês dê merda no final. E, pelo amor da
Deusa, vai transar com a novinha e me deixa
trabalhar!
Bruna concordou com um sorriso e deu um
beijo no rosto da amiga, antes de sair do
consultório. Pegou o carro e guiou para a
produtora. Assim que estacionou o veículo, o
celular tocou com uma chamada de Nicole Lima.
— Oi Bruna! Como você está?
— Vou bem e você?
— Ótima! Estou ligando para confirmar sua
presença hoje no meu aniversário. Não se esqueceu,
não é? Falei com Lumia há pouco e ela confirmou
que virá.
— É hoje? Putz, me desculpe! Estou com tanta
coisa na cabeça que esqueci completamente!
— Me diga que virá, já é o suficiente.
— Eu vou sim.
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Capítulo 26
a festa!
Bruna agradeceu e se despediu do repórter,
seguida de Rafaela. Entraram no espaço e a
produtora informou o nome na lista para a
segurança, antes de serem liberadas para dentro da
casa noturna.
— Você está tremendo – comentou Bruna, ao
perceber o estado da jovem.
— Minha primeira entrevista! Tem noção do
que é isso?!
— Você se saiu super bem! Não se preocupe.
— Mesmo?
— Mesmo! Se eu visse que ainda não estava
pronta, não teria permitido.
— Caraca! E vai passar na tv!
— Vai. O programa vai ao ar no domingo.
— Uau! Que demais isso!
— Me desculpe pela minha cena. Foi...
Patético.
— Está tudo bem – respondeu Rafaela
abraçando-a. – Não fica grilada com a Mel, tá? Ela
é só uma amiga mesmo.
— Não vou. Como disse, foi uma besteira
minha. Me desculpe.
Rafaela envolveu os braços no pescoço da
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— E imaginou?
— Bati umas pensando em você me pegando
gostoso.
— Safada – sorriu Bruna ao ver a adolescente
soltar o cabelo.
Rafaela saiu de cima de Bruna, o suficiente para
tirar a calcinha que ainda usava e dispensa-la ao
lado da cama. Fez o mesmo na produtora e voltou a
se sentar no seu quadril, agora de costas a ela,
exibindo seu bumbum.
— Você gosta dessa visão, não gosta? Já
percebi que tem uma tara na minha bunda.
— Ela é perfeita! Grudada em mim é melhor
ainda.
Rafaela voltou a rebolar, erguendo os cabelos e
virando o rosto para ver o olhar de desejo que
Bruna mantinha sobre o seu corpo. As mãos da
morena seguraram seu quadril, acompanhando seus
movimentos. Se abaixou para apoiar as mãos em
suas pernas, ficando ainda mais empinada para ela.
Voltou a gemer quando aumentou mais os
movimentos e não demorou para que Bruna
estivesse sentada na cama, com o corpo todo
encaixado no seu, enquanto sua boca dava
mordidas e chupões em sua costa. Dedos voltaram
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Capítulo 27
em todos!
— Ótimo! – falou Carla ao pegar o celular. –
Vou acompanhar as reações.
Bruna concordou com um aceno, antes de se
aproximar de Rafaela e pousar as mãos na sua
cintura, dando um beijo na sua testa.
— Me desculpe por toda essa confusão.
— Vai ficar tudo bem. Me desculpe também.
Bruna deu um beijo no seu rosto, antes de sair
para o quarto. Rafaela pegou a roupa que havia
usado no dia anterior e entregou para que Carla
pudesse guardar, antes de sair do quarto em direção
ao elevador. Seguiram direto para o estacionamento
e andou até o carro indicado por Carla. Notou os
vidros escuros e entrou no banco detrás ao lado da
ruiva, enquanto o motorista ocupava o banco da
frente.
— Já, já vamos sair. Só esperar o ok da Bianca
– comentou Carla.
— Estou me sentindo aquelas crianças pega
com a boca na botija.
— Estava com a boca em outro canto, ne?!
Cara... Você vai me dar muito trabalho. Nem bem
lançou uma música e já está causando por aí.
— Fomos irresponsáveis.
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Capítulo 28
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— Tudo bem.
— Vamos tentar voltar a normalidade.
— É o que nos resta, não é?
— Sim.
Rafaela concordou com um aceno e saiu da sala
da produtora. Estava desanimada e isso estava
evidente em sua postura. Seguiu para o estúdio,
onde a banda estava reunida e, de imediato, Mel
puxou seu braço, arrastando-a para um canto.
— Caralho, Rafa! Que porcaria foi essa?!
— Nem me fala! Só queria saber quem foi o
filho da puta que soltou isso. — Pode ter
sido qualquer um da festa. Como ficou com você e
Bruna?
— Ah, ela disse que nunca mais encosta em
mim – riu sem graça. – Arriscado demais.
— Eu concordo com ela, mas logo todo mundo
esquece. As pessoas se esquecem rápido demais
das coisas.
— Nem quero ficar pensando nisso. Passa lá em
casa hoje para conversarmos?
— Passo sim. Daqui eu te levo para casa.
Rafaela concordou com a baterista, assistindo
Victor entrar no estúdio. Se todo o resto que lhe
sobrava era o trabalho, resolveu se concentrar
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totalmente nele.
Bruna saiu da produtora depois de alguns
minutos, seguindo para a reunião com Ramon e
Eduardo. Os cumprimentou, antes de se sentar na
cadeira e dispensar o celular sobre a mesa.
— Bom, pedi a reunião para esclarecer
qualquer dúvida que tenham sobre esses rumores
que saiu na mídia esse final de semana.
— É arriscado para a marca ter seu nome
vinculado a uma cantora que tenha um histórico de
escândalos... – falou Eduardo, a observando.
— Não terá. O que aconteceu nesse fim de
semana foi um mal—entendido. Pegaram uma foto
minha e de Lumia, tirada totalmente fora de
contexto e pintaram como se ela fosse minha
namorada ou amante. Rafaela e eu não temos
absolutamente nada.
— Não pegou aquela novinha nenhuma vez? –
perguntou Ramon com malícia. – Ela é toda
gostosinha!
— Não lhe dei esse tipo de liberdade, Ramon –
respondeu Bruna séria. – O nome dela é Lumia, não
novinha. Um pouco mais de respeito ao se dirigir a
uma contratada minha.
— Desculpa! Esqueci que ninguém mexe com
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suas pupilas.
— Bom, por parte da Lovatus não temos
problemas quanto a isso. Como já foi esclarecido,
principalmente na mídia, não vamos criar caso, mas
se ela se envolver em novos escândalos, o
cancelamento é quase certeza de acontecer –
interviu Eduardo.
— Não terá. Tem minha palavra.
— Excelente. Em oito dias viajamos. Até o
lançamento da campanha, no dia vinte e cinco de
Agosto, mantenha ela longe de qualquer fofoca.
— Será feito.
Bruna ainda ficou um tempo conversando com
seus contratantes, antes de sair do prédio e seguir
para o prédio, no Pacaembu. Desta vez, a reunião
foi com sua diretoria, reafirmando o que já havia
dito na mídia, que ela e Lumia não tinham
absolutamente nada.
O relógio marcava duas e quinze da tarde,
quando retornou para a produtora, onde Rafaela já
estava com Lucca e sua equipe, passando a música
e aguardando sua chegada. Um grupo de filmagem
estava presente para gravar todo o trabalho que
iriam fazer e os cumprimentou, antes de ir para a
mesa de som, dando inicio a gravação de ambos.
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— E Isadora?
— Está bem, também. Vivendo a vida dela.
— E essa menina, Lumia?
— Minha contratada. Estou produzindo-a.
— E quantas vezes você ficou com ela, antes de
tudo isso sair na mídia?
— É sério, mãe?
— Sim, é sério, Bruna. Nessa altura da sua
vida, com trinta e quatro anos, está começando a
sair com adolescentes?!
— Eu não saí com ela...
— Bruna, você pode enrolar a mídia, seus
funcionários, qualquer pessoa, a mim não. Eu tenho
certeza absoluta que sim, você ficou com essa
menina. Só quero saber o que está acontecendo
com você! Ela pode muito bem ser uma caça
níquel, aproveitando seu momento de relembrar a
juventude, que chegou um pouco cedo, devo dizer.
Geralmente essa necessidade de jovens vem um
pouco mais tarde, com cinquenta, quarenta e cinco
em diante...
— Mãe, boa noite – falou Bruna indo até a
porta para abri-la em seguida. – Se você não sabe
nem minha idade, quem dirá vai saber alguma coisa
da minha vida!
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mãe.
Bruna andou até a porta e a fechou, depois da
saída da mãe. Sabia que reencontra-la não seria
uma boa coisa, mas não imaginava que a discussão
já começaria no mesmo dia de sua chegada. Tomou
um banho demorado e tomou um comprimido para
dormir, antes de se acomodar na cama, com o
celular, procurando o Instagram de Lumia.
No dia seguinte, saiu de casa de manhã para
não encontrar com a mãe no café da manhã. Na
produtora se dedicou totalmente ao trabalho e a
manhã passou rapidamente. Lumia havia ido até o
estúdio de dança e só chegaria na produtora depois
do almoço, para continuar os ensaios.
— Bruna, a Paula está aqui para vê-la –
anunciou Camila no telefone.
— Pede para ela vir até minha sala. Obrigada.
Bruna se levantou e foi até a porta receber a
amiga. Em minutos ela apareceu no corredor,
sorrindo na sua direção.
— Você é uma filha da puta, né?! Me procura
quando está perdida e quando a bomba explode
nem vai me atualizar dos babados!
— Bom dia, Paula! Como você está? – falou
Bruna com ironia.
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Capítulo 29
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carreira em foco.
— Eu sei, mas isso não impede de deseja-la,
não é? Principalmente depois de tudo o que
aconteceu... Ela...
— Não me diga que ela foi o melhor sexo da
sua vida. É humilhante pra mim.
— Besta! – riu Rafaela. – Não vou fazer
comparações. São pessoas diferentes.
— Tá, pode falar. Eu acho que Bruna deve ter
uma pegada sensacional. Ela tem cara de quem
sabe fazer qualquer mulher revirar os olhos.
— Posso concordar agora?
— Não.
— Eu quero ela! Nunca fiquei assim, tão louca
por uma mulher como eu estou por ela!
— Bora lá, minha passivinha, é isso mesmo que
quer? Você sabe que pode colocar sua carreira em
risco por causa disso.
— Eu sei. Mas não existe uma carreira sem ela,
entende?
— Sim. Você tem certeza mesmo? É isso que
quer, independente do que possa vir no futuro?
— É.
— Bom, vou te dar alguns conselhos. Não
quero te sexualizar, mas você sabe que Bruna é
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lá.
Rafaela concordou com a amiga e, depois de
um banho, saíram em direção ao local indicado por
Mel. Desceu na frente do bar e ficou esperando a
baterista pegar o ticket do estacionamento, antes de
adentrarem o estabelecimento. De cara, já viu
algumas pessoas olhando na direção de ambas,
apontando discretamente.
— Boa noite, Lumia, seja bem vinda à casa –
cumprimentou a hostess. —Mesa para duas?
— Por favor – respondeu com uma caretinha
para Mel. – Ela já sabe meu nome – cochichou.
A cantora entrou no restaurante, notando alguns
clientes olhando na sua direção. Uma carta de
bebidas foi deixada em suas mãos pelo solicito
garçom e, antes que pudesse fazer o pedido do
suco, uma adolescente, mais ou menos sua idade,
parou ao lado da mesa.
— Com licença – pediu com um enorme
sorriso, olhando na sua direção. – Podemos tirar
uma foto, Lumia? Eu já decorei todos os vídeos que
fez para o Youtube, não me canso de escutar Ritmo
Perfeito. É uma música linda!
Rafaela sorriu para Mel que tomou a dianteira
para pegar o celular da menina e tirar a foto
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Capítulo 30
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shows.
— Você vai me buscar na porta da escola? Com
uniforme de sainha e camiseta branca?
Bruna deu um sorriso e desviou a atenção para
o computador, enquanto coçava a cabeça, que
sempre fazia questão de idealizar qualquer cena
sugerida por Lumia. Amanda e Carla se limitaram a
dar risinhos.
— Brincadeira, gente!
— Me engana que eu gosto, Rafaela –
respondeu Carla olhando para a amiga. – Não me
apareçam com nada na frente de um colégio. Não
saberia como te tirar de uma enrascada dessas!
— Vamos manter o foco no trabalho – pediu
Bruna voltando a encara-las. – Começamos a
gravação do videoclipe no sábado de manhã e
provavelmente finalizamos no domingo. De acordo
com a aceitação do feat com Lucca, vamos
diminuir os vídeos do Youtube para um a cada
quinze dias para que tenha tempo de trabalhar suas
músicas. Quero ter seu álbum completo no final de
Setembro, coincidindo com o lançamento da
propaganda da Lovatus.
— Depois disso não demora para surgir shows,
não é?
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— Tem ou não?
— Só o caseiro, um senhor de sessenta anos
que não se mete na vida de quem vai até lá. Já quer
fazer um contrato vitalício?
— Não, Paula, quero aluga-la para amanhã à
noite.
— É sua, Bruna. Passa em casa para pegar a
chave. Já vou deixar uma cópia com você. Só me
avise quando for, para não pegar as duas nuas na
minha cama.
Bruna finalizou o dia de trabalho e seguiu para
casa, preparando os nervos para a conversa que
teria com a mãe. Assim que chegou, a encontrou na
sua sala de música, tocando piano para Guilhermo.
— Buonasera Guilhermo – cumprimentou o
padrasto. – Quando puder, me encontre no quarto,
mãe.
— Já vou subir – concordou sem tirar os olhos
da partitura.
A produtora subiu os degraus em direção ao
aposento e deixou suas coisas de lado, indo para
um banho rápido. Assim que saiu, enxergou a mãe
sentada na sua cama, mexendo no celular.
— Você quer me explicar o que foi aquilo com
Rafaela na produtora? – perguntou Bruna ao secar
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os cabelos.
— Te falei o que foi. Estava apenas me
certificando de que ela não é uma golpista
qualquer.
Bruna respirou fundo, tentando conter a
irritação.
— Pode não parecer, mas eu já sou bem
grandinha para tomar minhas próprias decisões. O
que você fez com Rafaela foi indesculpável! Como
você constrange uma contratada da produtora com
ideias absurdas como essa?!
— Não é absurda, Bruna e você sabe bem
disso! Você sabe que carrega um nome forte!
— Hum, então tenho que pedir sua aprovação
para qualquer mulher que resolver me envolver, é
isso? Você acha que, com trinta e três anos, não
consigo identificar quando vejo alguém que só quer
tirar vantagens?! Principalmente nesse meio
musical que vivo?!
— Não seja irônica! Como você acha que fiquei
lá na Itália, seu nome em uma manchete de uma
separação, seguido do envolvimento com uma
menor que ainda está despontando na música?!
— No mínimo muito perturbada em saber que
sua filhinha inocente estava sendo enrolada por
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Capítulo 31
tudo!
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Capítulo 32
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comigo...
— Tá se achando importante, né?! O
pessoal tava me mostrando suas fotos que está
saindo por aí, os lugares chiques que anda indo, os
famosos com quem tem andado, entrevista na
televisão. Até aquela fofoca de que está mesmo
saindo com a sapatão. Depois vem com esse
papinho...
— Eu já disse que eu não tenho nada com
Bruna. Não vou repetir isso. Eu estou em um lugar
muito bom, trabalhando e ganhando bem. Depois
de amanhã vou viajar para o Chile, vou gravar um
comercial lá. Vem fazer parte disso comigo, de
uma forma boa, sem esse maldito vício!
— Eu quero que vá à merda, Rafaela! Se
estivesse tão preocupada assim, me daria dinheiro,
não tentaria me enfiar em uma clínica de malucos!
— Eu não vou te dar dinheiro, mãe, não do
jeito que está! Tenho certeza que nem um pacote de
arroz fechado você possui aqui – falou indo para o
armário conferir. – Olha só! Nada de despesa
porque você gasta tudo em bebida!
— Sai da minha casa, Rafaela! Se não vai
liberar grana, veio fazer o que aqui?! Me encher o
saco? Tentar me trancafiar em um hospital?! Eu
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eu durmo.
Rafaela concordou com um aceno e
começou a narrar tudo o que havia feito, desde a
vez que tinham se encontrado. Antes que chegasse
no prédio, passaram em um shopping, pois queria
dar outro aparelho celular para a amiga. Enquanto
caminhavam pelos corredores, foi abordada duas
vezes e tirou fotos com seus novos fãs. Jéssica, ao
seu lado, atentava para ela não fosse exposta de
maneira errada, sempre cuidadosa, como era
quando andavam juntas na favela.
Foi naquele momento que Rafaela viu que
precisava de uma assistente e não havia ninguém
mais perfeito para a função que sua melhor amiga.
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Capítulo 33
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isso.
— Já conversei com ele algumas vezes...
Enfim, ainda não posso fazer nada.
— Tem mais alguma coisa importante para
me falar?
— Não, era isso da Jéssica. Quero tirar elas
de lá quando puder. Está perigoso viver no morro.
Quero dar uma vida bacana pra Palmira. É uma
mulher que merece.
— Em breve você vai conseguir fazer isso.
Não vai demorar para que tenha um retorno
expressivo do seu trabalho. E como não precisar
gastar com nenhum procedimento estético, vai
economizar bastante nessa parte.
— Plástica? Tenho horror de pensar em
operar sem necessidade!
— Você não precisa de nada – respondeu
Bruna ajeitando-a em seu colo. – Tem um nariz
perfeito, lábios perfeitos, seios perfeitos...
Rafaela sorriu enquanto sentia Bruna beijar
cada parte citada. Enfiou as mãos nos seus cabelos
e a puxou para beijar seus lábios lentamente se
deliciando com os movimentos perfeitos junto aos
seus. As mãos da produtora percorreram todo seu
corpo em uma caricia, mas se afastou quando
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— É o pedido do divórcio.
Bruna arqueou uma sobrancelha ao respirar
fundo e pegar o envelope. Isadora já havia pedido o
divórcio. Haviam casado com separação total de
bens, e não teriam nenhum desgaste. Com sua
assinatura, os advogados dariam continuidade, sem
que precisassem se envolver diretamente.
— Amanhã eu vou pedir para o escritório
vir retirar – falou pegando uma caneta dentro da
bolsa.
— Você não vai fazer nada?
— Fazer o que? Estamos de acordo com o
divórcio.
— Vocês eram tão apaixonadas! Não
entendo isso! Não entendo!
— Foi bom enquanto durou e isso que é
importante. Não precisa terminar com brigas.
— Duvido que se não estivesse saindo com
aquela menina, não voltaria com Isadora. Rafaela
está...
— Para, Rute – cortou Bruna. – Rafaela não
tem nada a ver com isso.
— Não digo é mais nada! Deixa em cima da
mesa que entrego para quem vier retirar. Seu jantar
está no micro-ondas.
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Capítulo 34
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Capítulo 35
se fechou.
— É desse tipo de provocação que está
falando? – perguntou Rafaela, nervosa, se virando
para Bruna. – Te chamando de canto, segurando
sua mão?
— Não iria ser indelicada, mas eu disse para ela
que não estou disponível.
— Uma loira monumental daquela?! Quem não
está disponível para uma mulher daquelas?! –
tornou a perguntar ao sair no elevador.
— Eu não estou. Não adianta beleza quando
não se tem nada para oferecer além de aparência.
— Você não é do tipo de quer discutir teoria
política enquanto está transando! Não acho que isso
seria...
Rafaela não terminou sua frase, pois Bruna
tomou sua boca em um beijo, ao mesmo tempo em
que enlaçava a cintura com uma mão e a outra
encaixava na sua nuca.
— Para, perigosa. É você que eu quero!
A cantora fitou os olhos de Bruna antes de
ataca-la, virando-a contra a parede. A produtora a
beijou com veemência, enquanto procurava o
cartão do quarto no bolso da calça. Entraram
trôpegas e a morena tirou as roupas da jovem com
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vai se atrasar.
Rafaela anuiu e a beijou uma última vez, antes
de abrir a porta parcialmente e colocar a cabeça
para fora, se certificando de que o corredor estava
vazio. Seguiu em direção ao elevador e esperou
poucos segundos até que ele se abrisse. Se xingou
internamente quando viu Larissa sair dele, junto
com outra modelo da campanha.
— Bom dia, Lumia – cumprimentou a loira
com um sorriso. – A noite foi longa pelo visto,
nem trocou a roupa do jantar.
A adolescente sorriu, pensando se devia
responder a provocação.
— Não precisei delas – respondeu com uma
piscadinha, entrando no elevador.
Assim que a porta se fechou, revirou os olhos,
junto com um suspiro. Aquela mulher seria uma
tormenta.
Como haviam combinado, Bruna chegou no
restaurante meia hora depois, para o café da manhã,
encontrando Fernando e Victor. Logo Rafaela
apareceu junto com Carla e com a equipe unida,
conversaram sobre o que fariam naquele dia.
Já era oito e meia da manhã quando
embarcaram nas vans que os levaria até o local da
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Capítulo 36
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— Foi sim.
— Pedi para Rute preparar uma refeição
para você, não sei se já comeu por aí.
— Comi. Passei no apartamento antes de vir
– a cantora entrou na sala ao lado de Bruna e a
puxou para um beijo. Tirou o casaco e colocou
sobre a poltrona – Trouxe algo especial pra gente
hoje.
— O que é, perigosa?
— Vem para o quarto. Eu te mostro.
Bruna aceitou a mão estendida na sua
direção e subiu as escadas apreciando seu bumbum
bem desenhado na calça que a jovem usava. Assim
que entraram no quarto, voltaram a se beijar,
lentamente, se acariciando mutuamente. Bruna fez
menção de deita-la, mas foi detida pela jovem.
— Você fica aí – falou empurrando-a sobre
o edredom. Foi até a poltrona e a puxou para ficar
de frente a cama.
— O que está fazendo, linda?
— Hoje faremos algo diferente...
— Não sei se gosto ou se me preocupo –
respondeu Bruna se sentando na ponta da cama.
— Você vai gostar, tenho certeza.
Bruna ficou observando Rafaela pegar a
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Capítulo 37
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lábios.
— Eu estou agindo como produtora dela agora.
Ela está abalada, à noite tem uma participação em
um programa ao vivo, não quero nenhuma pressão
sobre ela nesse momento. Depois vocês conversam.
— Está certo Bruna. Eu vou voltar para os
Estados Unidos na segunda à noite. Quero falar
com ela antes de ir embora.
— Você vai.
Isadora se levantou da poltrona e pegou a bolsa
que havia deixado de canto. Olhou uma ultima vez
para Bruna, sabendo que aquela era a última vez
que a veria de maneira tão intima; aquele era o
derradeiro fim para ambas.
— Adeus, Bruna.
— Adeus, Isa.
Jéssica entrou no quarto junto com Rute e viu
Rafaela terminando de se colocar o sapato. O rosto
vermelho e os olhos inchados, lhe diziam o tanto
que ela já havia chorado. Não fazia ideia do tempo,
mas devia ser muito.
— Amiga! – exclamou a cantora correndo para
a abraça-la. – Eu fiz tudo errado, tudo! Eu não sei o
que...
— Calma, Rafa! – pediu Jéssica se afastando
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com ela...
— Melhor você esperar um pouco. Do jeito que
está nervosa não é bom, você...
Jéssica parou de falar ao ver a porta abrir e
Bruna entrar. A adolescente deu um beijo nos
cabelos da amiga, antes de se afastar para a
produtora se aproximar da cantora.
— Isadora já foi embora – falou a produtora se
abaixando na sua frente. – Se acalme.
— Ela está muito brava? – perguntou Rafaela
deixando novas lágrimas rolar pelo seu rosto.
— Decepcionada pela mentira – Bruna foi
sincera. – Por outras pessoas ter falado para ela e
não nós.
Rafaela voltou a chorar e Bruna a abraçou,
acariciando seus cabelos.
— Nos deixe a sós um pouco – pediu Bruna
para Jéssica. A assessora concordou com um aceno,
saindo do quarto. – Olha pra mim, Rafa, não se
martirize desse jeito. Agimos errado em manter a
relação que temos em sigilo, mas não traímos.
— Ela confiou em mim, acreditou em mim e
olha só como eu pago!
— Vem aqui.
Bruna se sentou no chão, aninhando a cantora
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decepcionar alguém.
— É. Eu vou tentar conversar com ela –
suspirou a adolescente. – Estou mais calma.
Obrigada.
— Vocês marcam para segunda de manhã ou
amanhã à noite.
— Tá bom.
— Você me ama?
— Bom, você não sai da minha cabeça, vinte e
quatro horas por dia. Cada minuto com você é
único. Sou capaz de qualquer coisa para ficar com
você... Deve ser amor – sorriu a adolescente.
— Dever ser – Bruna deu um discreto riso. –
Vamos dar um nome ao que temos?
— Hum... Que tal uma pegação sem limites?
— Que tal você ser minha namorada?
— Namoro? – perguntou Rafaela encarando a
produtora.
— Quer namorar comigo?
— Eu... Eu...
— Eu sei que o momento é totalmente
inapropriado, mas...
— Eu quero – interrompeu Rafaela. – É claro
que quero!
— Até que complete dezoito anos, ainda vamos
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carreira.
— E ela está certa. Pode dar alguma merda no
caminho. E a respeito de Isadora?
— Ah, a gente errou, fato, mas como você
mesma disse, não traímos. Meu problema foi se
apaixonar pela ex mulher dela, mas isso não
podemos controlar e nem é errado, não é? Não
podemos mandar no coração.
— Não. Cuidado para não se machucar, tá?
— Pode deixar! Eu estou tão feliz!
— Sua rapariga! Conseguindo tudo o que quer!
Estou feliz por você amiga!
— Está tudo perfeito! Tirando essa agora da
Isadora, quero conversar com ela ainda, mas de
resto... Ah! Incrível!
— Incrível você tem que estar no palco hoje,
não se esqueça disso! Carla me mandou mensagem,
já está nos esperando no apartamento.
— Tá bom. Na segunda faz outro favor pra
mim? Vou alugar outro lugar pra gente. Não tem
como permanecer no apartamento da Isadora
depois de tudo. Vê com a Amanda um lugar que ela
ache bacana para me instalar e veja um ap. Três
quartos.
— Não tem nem graça você permanecer na casa
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Capítulo 38
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manhã é madrugada.
— Exagerada! Quero curtir a praia um
pouquinho. Podemos?
— Podemos! Mas você quer ir aqui mesmo?
Melhor ir para a Barra ou Recreio.
— Aqui em Copacabana é ruim? Por quê?
— Porque você é famosinha — sorriu. – Tem
que ir para um lugar menos popular.
— Pode ser. É perto, não é?
— É sim – respondeu Bruna se posicionando
sobre a adolescente. Encarou seus olhos e, depois
de perscrutar todo o seu rosto, abriu um sorriso. –
Como pode ser tão linda? Seu pai deve ser um
gato!
— Provavelmente – concordou Rafaela com um
riso. – Não tenho nada da minha mãe.
— Nada mesmo. Você toda é uma delícia!
Rafaela sorriu contra a pele da produtora e se
entregou às suas caricias, antes que ela se
levantasse e fosse para o banheiro. Se jogou nos
lençóis, rememorando os últimos acontecimentos e
já planejando o dia que teriam. Pegou o celular ao
lado da cama e mandou uma mensagem para
Isadora, pedindo para encontrar com ela na
segunda, depois que chegasse da escola. O celular
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Capítulo 39
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acabasse.
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Capítulo 40
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fim.
Rafaela viu Bruna do outro lado do aquário e a
encarou por alguns segundos, antes de pedir para a
banda parar de tocar. Saiu para encontrar a
produtora, que secava uma lágrima discretamente.
— Algum problema, Bruna? – perguntou a
adolescente ao se aproximar.
— Talvez – a produtora deu um discreto
sorriso. – Vamos conversar na minha sala.
Rafaela anuiu e acenou para os membros da
banda, informando que voltaria depois. Seguiu
Bruna até seu escritório e entrou, se acomodando
em uma cadeira. Depois do sequestro de Isadora, a
empolgação que sentiam quando estavam sozinhas,
havia se esvaído.
— Eu conversei com Paulo hoje, eu... Eu acho
melhor fazer a transferência da sua produção para
ele, para a produtora Elizes, no Rio de Janeiro.
— Por que?
— Você não está rendendo bem, o trabalho que
começou foi incrível, mas a qualidade caiu
bastante. Eu conheço seu potencial, sei que pode
fazer muito mais que isso.
— Me desculpe. Eu fiquei muito perdida com
tudo o que aconteceu.
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novamente.
— Vai sim. E vai brilhar muito!
— É estranho isso, sabia? Ter você aqui e ao
mesmo tempo não ter. Eu sei que estraguei tudo,
eu...
— Para de se colocar culpa, Rafa. Você não é
culpada de nada.
— Posso te contar uma coisa? – perguntou sem
esperar a resposta. – Você foi meu primeiro amor.
É meu primeiro amor. Nunca senti nada por
ninguém como senti por você. Dizem que é
inesquecível, não é?
— É. É uma lembrança que sempre guardará
com carinho. Você não é meu primeiro amor,
obviamente, mas sempre vou te levar com muito
carinho junto a mim. Ainda não considero um fim.
Talvez, mais pra frente, a gente possa se encontrar
novamente. Quando eu voltar de viagem ou quando
todo esse pesadelo acabar.
— Eu queria tanto conseguir te tocar como
antes! – sussurrou Rafaela secando uma lágrima. –
Eu queria tanto poder voltar no tempo.
— Não se cobre tanto, Rafa. Você não pode
mudar o que passou, mas podemos fazer diferente
daqui pra frente.
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Capítulo 41
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— Por que?!
— Porque ele não é Bruna.
— A internet está shippando vocês como
casal teen do ano. Você e o Maicon ficam...
— Já tem dois meses que Bruna foi embora
e não consigo tirar ela da minha cabeça, toda vez
que estou com ele, é ela que imagino no lugar... Eu
to pirando amiga! Eu vou me concentrar só na
minha carreira, em tudo o que está vindo por aí.
Você viu minha agenda do próximo ano. Está uma
loucura! Chega de ficar engatando ficantes,
namoro. Preciso de um longo tempo pra mim.
— Você pode ficar com as pessoas sem se
apegar. É que você tem mania de já querer
namorar! Amiga, uns beijos e uma transa não quer
dizer amor eterno, viu?!
— Eu sou uma tonta, o que posso fazer? Me
apego fácil demais!
— É uma tonta mesmo! – concordou
Jéssica. – Bom, vamos parar de enrolar e vamos
nos arrumar. Você já descansou o Natal, arrase no
Ano novo!
O show da virada aconteceu em São Paulo,
na Paulista. Lumia era uma das artistas presentes no
line-up da programação e era sempre muito bom
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— Vem Rafa!
A adolescente saiu apressada atrás da
empresária, indo até uma sala onde Felipe e Jéssica
já estavam atônitos, em frente a uma televisão. Não
conteve as lágrimas de felicidade ao ver a cobertura
massiva que a imprensa fazia, mostrando imagens
da ruiva em uma delegacia.
— “... a atriz chegou à delegacia por volta
das duas horas dessa manhã, acompanhada de uma
mulher. A identidade ainda permanece em sigilo,
mas fontes apontam que se trata da meliante que a
mantinha em cativeiro. Imagens amadoras,
gravadas a partir de um celular, mostram o
momento exato em que elas chegaram ao DP.
Vamos conferir novamente...”
Rafaela foi direcionada a uma poltrona,
enquanto via o carro que estacionava no pátio da
delegacia. Era possível ver, nitidamente, a atriz
através do para-brisas, enquanto conversava com
uma loira. A atriz se debruçou sobre a mulher e seu
cabelo ocultou, o que aconteceu na sequência. Em
seguida, a mesma mulher desceu e caminhou na
direção da porta da delegacia, erguendo as mãos em
um ato de rendição, enquanto Isadora vinha atrás
dela com a cabeça baixa. Um policial se adiantou,
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Capítulo 42
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apertado.
— Obrigada por isso. Assim que meus bens
forem liberados eu te devolvo.
— Só espero não estar cometendo outro erro.
— Não está. Lhe garanto que não.
— O tempo dirá. Qualquer coisa, se essa
mulher levantar a voz pra você em algum
momento, eu quero que me ligue, me promete isso?
— Prometo. Eu vou ligar para o doutor Simões
já deixar tudo acertado.
— Já pede o número da conta, que já faço a
transferência direto.
— Bom, acho que isso firma nossa amizade,
não é?
— Ainda não está na minha lista de melhores
amigas, que fique claro.
— Você não tem uma lista de melhores amigas.
— Touché! Te espero na cozinha. Vamos
almoçar enquanto isso.
— Já vou.
Bruna deu uma piscada em direção à Isadora e
saiu do escritório, indo para a cozinha.
— Cadê Isadora? – perguntou Rute vendo
Bruna se aproximar de Rafaela e depositar um beijo
no seu pescoço.
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você.
— Não precisa, Bruna. Era só a parte da fiança
mesmo...
— Até seus bens serem liberados pode levar
alguns dias. Aceite.
— Obrigada por tudo. Eu vou indo agora, quero
estar lá quando ela for liberada. Eu vou pegar a
conta de Carol, ai já te mando de tarde.
— Cuidado, tá bom. Qualquer coisa me liga.
— Pode deixar. Obrigada mais uma vez.
Isadora se despediu de Bruna e saiu do
escritório, encontrando Rafaela, Jéssica e Rute
sentadas no sofá da sala. Se despediu delas, mas
deixou a jovem cantora por último.
— Eu tenho só uma coisa para te falar em
relação à tudo que aconteceu, você ter mentido pra
mim, se apaixonado pela minha ex mulher...
— Me desculpa, Isa, eu...
— Espera. O que eu tenho para te falar é o
seguinte: Bruna é uma mulher incrível e você não
tem nenhuma divida comigo.
Rafaela sorriu para a atriz e a viu sair pela
porta. Se virou para Bruna e encarou a produtora.
Era uma questão de tempo até tudo se ajeitar.
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Capítulo 43
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calça.
Rafaela se levantou e ficou de costas para a
tela, fazendo a calcinha deslizar por suas pernas, ao
mesmo tempo em que exibia todo o seu bumbum
para Bruna. A produtora não se conteve em deixar
a mão deslizar para dentro da calça.
— Que delícia, Rafa! Estou salivando para te
chupar inteira.
— Eu queria você aqui, me tocando como só
você sabe, me fazendo ter orgasmos que só você
consegue.
— Se penetra. Quero ver o tanto que está
molhada.
Rafaela voltou a se sentar na beira da cama com
as pernas abertas, se exibindo completamente para
a mulher por quem era alucinada. Se penetrou com
dois dedos e tirou para exibir para a câmera do
celular. Bruna continuou a instiga-la, enquanto a
jovem continuava a se masturbar intensamente.
Bruna a acompanhou na mesma excitação, se
tocando, afoita, em busca de prazer, incentivada
pelas palavras de Rafaela que desfiava uma série de
obscenidades que a deixou fora de órbita. Só
retornou a si depois de gozar e enxergar Rafaela
também chegando ao prazer.
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ir para Turim.
— Eu vou te mostrar que não sou essa garota
confusa que mostrei ser. Pode deixar – sorriu
Rafaela. – Bom, agora vai para o seu jantar, eu vou
dormir bem relaxada e sonhar com você.
— Tenha um bom descanso, perigosa.
— Você também, quando for dormir.
Bruna desligou o telefone e passou as mãos nos
cabelos, antes se levantar e fechar a calça. Procurou
pelo sutiã, embaixo da mesa e depois de colocá-lo,
foi atrás da camiseta e a vestiu, saindo do
escritório. Na sala, encontrou Paula entrando pela
porta da frente.
— Demorei? – perguntou a médica indo dar um
beijo no seu rosto.
— Tempo suficiente. Eu vou só fazer uma coisa
e já volto.
— Te espero aqui.
Bruna concordou com uma piscadinha e subiu
os degraus para o segundo andar. Saíram da
residência depois de dez minutos. A produtora
tomou a direção do restaurante escolhido por Paula.
— Me conta dessa história da Isadora?! Que
loucura isso!
— Nem me fala! E você só sabe o que saiu na
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Capítulo 44
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