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Andrew Lang

O F a b u l o s o

Livro Vermelho
Os F abu l o s os L i v r os Colori dos · Vol. I I
O Fabuloso Livro Vermelho
A História de Sigurd

Esta é uma história muito antiga: os dinamarqueses que costumavam lutar


com os ingleses no tempo do rei Alfredo conheciam a história. Talharam em
figuras de pedra algumas das coisas que aconteceram na narrativa, e essas
esculturas ainda podem ser vistas. Por ser muito antiga e bela, a história é
contada novamente aqui, mas tem um final triste – realmente muito triste,
sobre lutas e mortes, como era de esperar dos dinamarqueses.

á muito tempo houve um rei no Norte que ganhou


muitas guerras, mas agora estava velho. No entanto,
casou-se com uma nova mulher e, então, outro prín-
cipe, que gostaria de ter-se casado com ela, bateu-se
contra ele com um grande exército. O velho rei reagiu
e lutou bravamente, mas ao fimsua espada se partiu, ele
foi ferido e seus homens debandaram. À noite, contudo, quando a batalha
estava terminada, a jovem esposa saiu a procurá-lo entre os feridos e, enfim,
encontrou-o e perguntou se ele poderia ser curado. Ele, entretanto, disse
“não”: sua sorte acabara, a espada se partira e ele deveria morrer. Disse-lhe
que ela teria um filho e este seria um grande guerreiro e o vingaria do outro
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rei, seu inimigo. Exigiu que guardasse as partes da espada para fazer um
novo gládio para o filho e a lâmina se chamaria Gram.
Depois disso, morreu. A mulher chamou a criada e disse-lhe:
— Troquemos nossas roupas e serás chamada pelo meu nome e eu,
pelo teu, para que o inimigo não nos encontre.
Assim foi feito. Esconderam-se em um bosque, mas alguns foras-
teiros encontraram-nas e levaram-nas consigo em um navio para a Di-
namarca. Quando chegaram à presença do rei, ele achou que a criada
parecia uma rainha, e a rainha, uma criada. Então, perguntou à rainha:
— Como sabes, na escuridão da noite, as horas que faltam para a manhã?
E ela disse:
— Sei porque, quando era mais jovem, costumava levantar para
acender as fogueiras e ainda acordo no mesmo horário.
“É uma rainha curiosa esta que acende fogueiras”, pensou o rei.
Então perguntou à rainha, que estava vestida como criada:
— Como sabes, na escuridão da noite, que a alvorada se aproxima?
— Meu pai deu-me um anel de ouro – disse ela –, e sempre, antes do
alvorecer, ele gelava em meu dedo.
— Uma casa rica, onde criadas usam ouro – declarou o rei. – Na
verdade, não és uma criada, mas a filha do rei!
Deste modo, tratou-a com realeza e, com o passar do tempo, ela teve
um filho chamado Sigurd, um menino belo e muito forte. Tinha consigo
um preceptor e, certa vez, este ordenou-lhe que fosse ao rei e pedisse um
cavalo.
— Escolhe para ti um cavalo – disse o rei. Sigurd foi para o bosque e
lá encontrou um ancião de barba branca e ordenou:
— Vem! Ajuda-me a escolher um cavalo.
O velho homem aconselhou:
— Guia todos os cavalos para o rio e escolhe aquele que o cruzar a nado.
Assim, Sigurd conduziu-os, e somente um cruzou o rio. Sigurd esco-
lheu-o: seu nome era Grani e provinha da linhagem de Sleipnir; era o
melhor cavalo do mundo, pois Sleipnir era o cavalo de Odin, o deus do
Norte, rápido como o vento.

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A História de Sigurd

Entretanto, passados um ou dois dias, o preceptor disse a Sigurd:


— Há uma enorme reserva de ouro escondida não muito longe daqui
e tu deves resgatá-la.
No entanto, Sigurd respondeu:
— Ouvi histórias a respeito desse tesouro. Sei que o dragão Fáf-
nir o protege e ele é tão imenso e perverso que nenhum homem ousa
aproximar-se dele.
— Não é maior que os outros dragões – afirmou o preceptor –, e, se
és tão valente quanto teu pai, não o temerás.
— Não sou covarde – afirmou Sigurd. – Por que queres que lute com
esse dragão?
Então o preceptor, cujo nome era Regin, contou-lhe que toda essa
grande reserva de ouro acobreado outrora pertencera ao pai dele. O pai
tivera três filhos: o primeiro era Fáfnir, o dragão; o segundo era Otr, que
podia transformar-se em lontra quando quisesse, e o outro era ele mes-
mo, Regin, que era um grande ferreiro e forjador de espadas.
Ora, naquele tempo havia um anão chamado Andvari, que vivia
em uma lagoa debaixo de uma cascata e lá escondera uma grande
quantidade de ouro. Um dia, Otr estivera pescando por lá, abatera
um salmão, comera-o, e estava dormindo, na forma de lontra, em
uma pedra. Foi quando alguém apareceu, arremessou uma pedra na
lontra e matou-a. Tirou-lhe a pele e levou-a para a casa do pai de
Otr. Este soube, então, que o filho estava morto e, para punir a pessoa
que o assassinara, disse-lhe que a pele de Otr deveria ser recheada de
ouro e recoberta de ouro vermelho ou as coisas piorariam para ele.
Em seguida, a pessoa que matou Otr saiu, capturou o anão dono do
tesouro e tomou-lhe tudo.
Restou somente um anel, que o anão usava, e mesmo este lhe foi tirado.
Nessa altura, o pobre anão estava muito zangado e rogou que aquele
ouro nunca trouxesse nada senão má sorte ao homem que o possuísse,
para sempre.
Então, a pele da lontra foi toda recheada e recoberta de ouro, exceto
por um pelo, e este foi recoberto com o último anel do pobre anão.

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Entretanto, o ouro não trouxe boa sorte a ninguém. Primeiro, Fáfnir,


o dragão, matou o próprio pai, partiu, chafurdou-se no ouro, não deixan-
do nada para o irmão e nenhum homem ousou aproximar-se.
Quando Sigurd ouviu a história, disse a Regin:
— Faça-me uma boa espada que matarei esse dragão.
Desta feita, Regin fez uma espada, e Sigurd testou-a com um golpe
em uma bigorna.A espada partiu-se.
Outra espada foi confeccionada, e Sigurd a partiu também.
Então, Sigurd foi ter com a mãe e pediu os pedaços da espada do pai
e lhos deu a Regin. Ele os malhou e forjou uma nova espada, tão afiada
que o fogo parecia arder ao longo dos bordos.
Sigurd testou essa lâmina no pedaço de ferro e ela não quebrou, mas
partiu a bigorna em duas. Lançou, a seguir, um fardo de lã no rio e,
quando este boiou contra a espada, foi cortado em duas partes. Assim,
Sigurd disse que a espada serviria, mas, antes de partir contra o dragão,
levou um exército para lutar contra os homens que mataram seu pai,
assassinou o rei deles, tomou-lhes todas as riquezas e voltou para casa.
Já estava em casa há alguns dias quando cavalgou com Regin, em uma
manhã, para o urzal onde o dragão costumava repousar. Então, viu o rastro
que o dragão deixou quando subiu em uma colina para beber. O rastro era
como se um grande rio tivesse fluído e criado um vale profundo.
Nessa ocasião, Sigurd entrou naquele local fundo, cavou muitas covas
e em uma delas escondeu-se com a espada em punho. Lá aguardou e,
pouco tempo depois, a terra começou a estremecer com o peso do dra-
gão a rastejar até a água. Uma nuvem de veneno pairava adiante enquan-
to bufava e rugia, de modo que seria a morte ficar diante dele.
No entanto, Sigurd aguardou até que metade do dragão rastejasse
por sobre a cova; então, cravou a espada Gram direto em seu coração.
Em seguida, o dragão moveu a cauda como um chicote até que as
pedras se quebrassem e as árvores caíssem sobre ele. Então, enquanto
morria, declarou:
— Quem quer que tenha me matado, este ouro será a tua ruína e a
ruína de todos que o possuírem.

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A História de Sigurd

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Sigurd disse:
— Não tocarei em nada se, ao abrir mão de tudo, jamais morrer.
Contudo, todos os homens morrem e não há homem valente que
deixe a morte intimidar seu desejo. Morre, Fáfnir! – e logo Fáfnir
morreu.
Depois disso, Sigurd foi chamado de “a perdição de Fáfnir” e de o
matador de dragão.
Nessa altura, Sigurd voltou e encontrou-se com Regin, e Regin pediu
que assasse o coração de Fáfnir e o deixasse prová-lo.
Assim, Sigurd colocou o coração de Fáfnir em um espeto e assou-o,
mas aconteceu de tocá-lo com o dedo e se queimar. Então, pôs o dedo
na boca e acabou por provar o coração de Fáfnir.
Aí, imediatamente, compreendeu a língua dos pássaros e ouviu os
pica-paus falarem:
— Lá está Sigurd assando o coração de Fáfnir para outra pessoa,
quando ele mesmo deveria experimentá-lo e sorver toda a sabedoria.
O outro pássaro disse:
— Lá está Regin, pronto para trair Sigurd, que nele confia.
O terceiro pássaro declarou:
— Deixemos que corte a cabeça de Regin e fique com todo o ouro
para si.
O quarto pássaro afirmou:
— Deixemos que o faça e, aí, vá até Hindarfell, o lugar onde dorme
Brynhild.
Quando Sigurd ouviu isso e como Regin conspirava para traí-lo, cor-
tou a cabeça de Regin com um só golpe da espada Gram.
Nessa altura, todos os pássaros começaram a cantar:

Conhecemos uma bela dama, uma bela dama adormecida;


Não temas, Sigurd, conquista o que aguarda tua sina.
Acima de Hindarfell arde rubra chama, lá habita a dama
Ela, que muito te amará, domina.
Dormirá até que chegues para despertá-la

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A História de Sigurd

Levanta-te e vai, pois certamente fará, destemida,


A promessa que não será rompida.

Foi então que Sigurd recordou-se da história de que em algum lugar


bem distante havia uma bela donzela encantada. Estava sob um feitiço,
de modo quepermanecia adormecida em um castelo cercado por um
fogo flamejante; ali deveria dormir até que viesse um cavaleiro que galo-
passe com ela através do fogo e a despertasse. Estava decidido a ir, mas,
primeiro, desceu pela horrenda trilha de Fáfnir. O dragão vivera em uma
caverna com portas de ferro, uma furna escavada bem no meio da terra,
cheia de braceletes de ouro, coroas, anéis e ali, também, Sigurd encon-
trou o Elmo do Ódio, um capacete dourado que tornaria invisível quem
o usasse. Empilhou todas essas coisas no lombo do bom corcel, Grani, e
então rumou para o Sul, para Hindarfell.
Era de noite e, no alto da colina, Sigurd viu um fogo rubro ardendo
rumo aos céus e, dentro das chamas, um castelo e uma flâmula na tor-
re mais alta. Lançou o cavalo Grani em direção ao fogo e este saltou
com facilidade, como se estivesse transpondo uma urze. Assim, Sigurd
cruzou a porta do castelo e, aí, viu alguém a dormir, trajando armadura
completa. Tirou, então, o elmo da cabeça da pessoa adormecida e eis que
era a mais bela dama. Ela acordou e disse:
— Ah! És Sigurd, filho de Sigmund, que quebraste o encanto e final-
mente vieste me despertar?
O feitiço recaíra sobre ela quando um espinho da árvore do sono ar-
ranhou sua mão, havia muito tempo, como punição por ter desagradado
Odin, o deus. Havia muito tempo, também, ela jurara nunca se casar
com um homem que temesse e não ousasse cavalgar por sobre o cerco de
chamas ardentes. Ela mesma fora uma guerreira e saía armada para a ba-
talha como um homem, mas agora ela e Sigurd se amavam, prometeram
ser verdadeiros um com o outro e ele deu-lhe um anel, o último anel ti-
rado do anão Andvari. Então, Sigurd partiu e foi até a casa de um rei que
tinha uma bela filha. O nome da moça era Gudrun, e sua mãe era uma
feiticeira. Ora, Gudrun apaixonou-se por Sigurd, mas este sempre falava

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de Brynhild, de como era bela e querida. Assim, um dia, a mãe-feiticeira


de Gudrun pôs papoula e drogas de esquecimento em uma taça mágica
e mandou Sigurd brindar à sua saúde. Instantaneamente esqueceu-se da
pobre Brynhild, amou Gudrun, e casaram-se com muitos festejos.
Ora, a feiticeira, mãe de Gudrun, queria que seu filho Gunnar se
casasse com Brynhild, e ordenou que saísse a cavalo com Sigurd, fos-
se até lá e a cortejasse. Então,dirigiram-seaté a casa do pai da moça.
Brynhild já havia saído dos pensamentos de Sigurd por causa do vi-
nho da feiticeira, mas ela ainda se lembrava dele e ainda o amava.
Nessa altura, o pai de Brynhild contou a Gunnar que ela não se ca-
saria com ninguém, senão com aquele que pudesse cruzar a cavalo as
chamas dianteda torre encantada, e para lá galoparam. Gunnar lan-
çou o cavalo às chamas, mas o animal não as enfrentou. Em seguida
Gunnar testou o cavalo de Sigurd, Grani, mas, montado por Gunnar,
ele não se moveu. Foi aí que Gunnar recordou o feitiço que a mãe lhe
ensinara e fez, por mágica, que Sigurd ficasse com a sua aparência e
ele ficou exatamente como Gunnar. Nesse momento, Sigurd, com a
forma de Gunnar e com a sua armadura, montou em Grani e o cavalo
saltou o cerco de fogo. Sigurd entrou e encontrou Brynhild, mas ain-
da não se lembrava dela por conta da poção do esquecimento na taça
de vinho da feiticeira.
Agora Brynhild não tinha saída senão prometer que seria sua mulher,
a esposa de Gunnar, como supunha, pois Sigurd trazia a forma de Gun-
nar e ela prometera casar-secom quem quer que cavalgasse por entre as
chamas. Ele lhe deu um anel e ela devolveu o anel que lhe fora oferecido
antes, quando trazia a forma de Sigurd, o último anel do pobre anão
Andvari. Sigurd saiu, mudou de forma com Gunnar e cada um voltou a
ser quem era. Foram para casa, para a rainha-feiticeira, e Sigurd deu o
anel do anão para sua mulher, Gudrun.
Brynhild foi até o pai e disse que um rei chamado Gunnar fora até
ela, cruzara o fogo e ela teria de casar-se com ele.
— Acredito, porém – afirmou –, que homem algum, a não ser Si-
gurd, “a perdição de Fáfnir”, poderia realizar esse feito; ele que é o meu

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A História de Sigurd

verdadeiro amor. No entanto, ele esqueceu-se de mim e devo ser fiel a


minha promessa.
Assim, Gunnar e Brynhild se casaram, embora não fosse Gunnar,
mas Sigurd na forma de Gunnar, quem cruzara o fogo.
E, quando terminou o casamento e toda a festança, aí, a mágica do
vinho da feiticeira esvaiu-se da mente de Sigurd e ele recordou-se de tudo.
Lembrou-se de como tinha libertado Brynhild do feitiço, de como ela era
o seu verdadeiro amor, de como esquecera e se casara com outra mulher e
de como conquistara Brynhild para ser a mulher de outro homem.
Entretanto, era corajoso, não disse uma só palavra a respeito disso
com outras pessoas para não as deixar infelizes. Ainda assim, não podia
afastar-se da maldição que recairia sobre todo aquele que possuísse o
tesouro do anão Andvari e seu funesto anel de ouro.
E a maldição logo recaiu sobre todos eles. Um dia, quando Brynhild
e Gudrun estavam se banhando, Brynhild nadou para um ponto mais
distante do rio e disse ter feito isso para mostrar como era melhor que
Gudrun, visto que seu marido, afirmou, cavalgara através das chamas
quando nenhum outro homem ousara fazê-lo.
Nessa altura, Gudrun ficou muito aborrecida e disse que foi Sigurd,
e não Gunnar, quem cruzara as chamas e recebera de Brynhild o anel
fatal, o anel do anão Andvari. Então, Brynhild viu o anel que Sigurd
dera para Gudrun, reconheceu-o e compreendeu tudo; ficou pálida
como um cadáver e voltou para casa. Não falou durante toda a noite.
No dia seguinte, disse a Gunnar, seu marido, que era um covarde e um
mentiroso, pois nunca cruzara as chamas, mas mandara Sigurd fazê-
-lo em seu lugar, fingindo que ele mesmo o tinha feito. Disse que ele
nunca mais a veria feliz no salão do palácio real, nunca mais beberia
vinho, nunca mais jogaria xadrez, nunca mais bordaria com fios dou-
rados, nunca mais pronunciaria palavras gentis. Pôs de lado o bordado
e caiu em prantos, de modo que todos na casa ouviram-na. Estava
de coração partido e seu brio se ferira no mesmo momento. Perdera
o verdadeiro amor, Sigurd, o assassino de Fáfnir, e se casara com um
homem mentiroso.

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Sigurd chegou, em seguida, e tentou confortá-la, mas ela não o ouvia e


disse que desejava que a espada transpassasse rapidamente o coração dele.
— Não tardes por esperar – disse ele –, até que a espada pungente
cruze, veloz, o meu coração e não viverás muito quando eu estiver morto.
No entanto, querida Brynhild, vive e conforta-te, ama Gunnar, teu ma-
rido, e dar-te-ei todo o ouro, o tesouro do dragão Fáfnir.
Disse Brynhild:
— Tarde demais.
Então Sigurd ficou tão entristecido e seu coração tão inchado no
peito,que rompeu os elos de metal de sua cota de malha.
Sigurd retirou-se e Brynhild decidiu assassiná-lo. Misturou veneno
de serpente e carne de lobo e serviu um prato disso ao irmão caçula
de seu marido. Ao provar, o rapaz enlouqueceu. Dirigiu-se ao quarto
de Sigurd enquanto este dormia e cravou-o na cama com uma espada.
Sigurd, contudo, acordou, empunhou a espada Gram, arremessou-a no
rapaz em fuga e a espada cortou-o em dois. Assim morreu Sigurd, “a
perdição de Fáfnir”, a quem nem dez homens poderiam ter matado em
uma luta justa. Nessa altura, Gudrun acordou, o viu morto e lamentou-
-se aos brados. Brynhild ouviu-a e gargalhou; mas o bondoso corcel,
Grani, deitou-se e morreu de desgosto. Então, Brynhild caiu em prantos
até que seu coração se rompeu. Vestiram Sigurd em uma armadura dou-
rada, construíram uma grande fogueira a bordo de um barco e, durante
a noite, lançaram-lhe os corpos sem vida de Sigurd, Brynhild e do bom
cavalo, Grani, ateando-lhes fogo. O vento os levou, ardendo em chamas,
para o mar alto, flamejando na escuridão. Assim, Sigurd e Brynhild fo-
ram cremados juntos e cumpriu-se a maldição do anão Andvari.*

* A saga de Völsung.

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