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O F a b u l o s o
Livro Vermelho
Os F abu l o s os L i v r os Colori dos · Vol. I I
O Fabuloso Livro Vermelho
A História de Sigurd
rei, seu inimigo. Exigiu que guardasse as partes da espada para fazer um
novo gládio para o filho e a lâmina se chamaria Gram.
Depois disso, morreu. A mulher chamou a criada e disse-lhe:
— Troquemos nossas roupas e serás chamada pelo meu nome e eu,
pelo teu, para que o inimigo não nos encontre.
Assim foi feito. Esconderam-se em um bosque, mas alguns foras-
teiros encontraram-nas e levaram-nas consigo em um navio para a Di-
namarca. Quando chegaram à presença do rei, ele achou que a criada
parecia uma rainha, e a rainha, uma criada. Então, perguntou à rainha:
— Como sabes, na escuridão da noite, as horas que faltam para a manhã?
E ela disse:
— Sei porque, quando era mais jovem, costumava levantar para
acender as fogueiras e ainda acordo no mesmo horário.
“É uma rainha curiosa esta que acende fogueiras”, pensou o rei.
Então perguntou à rainha, que estava vestida como criada:
— Como sabes, na escuridão da noite, que a alvorada se aproxima?
— Meu pai deu-me um anel de ouro – disse ela –, e sempre, antes do
alvorecer, ele gelava em meu dedo.
— Uma casa rica, onde criadas usam ouro – declarou o rei. – Na
verdade, não és uma criada, mas a filha do rei!
Deste modo, tratou-a com realeza e, com o passar do tempo, ela teve
um filho chamado Sigurd, um menino belo e muito forte. Tinha consigo
um preceptor e, certa vez, este ordenou-lhe que fosse ao rei e pedisse um
cavalo.
— Escolhe para ti um cavalo – disse o rei. Sigurd foi para o bosque e
lá encontrou um ancião de barba branca e ordenou:
— Vem! Ajuda-me a escolher um cavalo.
O velho homem aconselhou:
— Guia todos os cavalos para o rio e escolhe aquele que o cruzar a nado.
Assim, Sigurd conduziu-os, e somente um cruzou o rio. Sigurd esco-
lheu-o: seu nome era Grani e provinha da linhagem de Sleipnir; era o
melhor cavalo do mundo, pois Sleipnir era o cavalo de Odin, o deus do
Norte, rápido como o vento.
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Sigurd disse:
— Não tocarei em nada se, ao abrir mão de tudo, jamais morrer.
Contudo, todos os homens morrem e não há homem valente que
deixe a morte intimidar seu desejo. Morre, Fáfnir! – e logo Fáfnir
morreu.
Depois disso, Sigurd foi chamado de “a perdição de Fáfnir” e de o
matador de dragão.
Nessa altura, Sigurd voltou e encontrou-se com Regin, e Regin pediu
que assasse o coração de Fáfnir e o deixasse prová-lo.
Assim, Sigurd colocou o coração de Fáfnir em um espeto e assou-o,
mas aconteceu de tocá-lo com o dedo e se queimar. Então, pôs o dedo
na boca e acabou por provar o coração de Fáfnir.
Aí, imediatamente, compreendeu a língua dos pássaros e ouviu os
pica-paus falarem:
— Lá está Sigurd assando o coração de Fáfnir para outra pessoa,
quando ele mesmo deveria experimentá-lo e sorver toda a sabedoria.
O outro pássaro disse:
— Lá está Regin, pronto para trair Sigurd, que nele confia.
O terceiro pássaro declarou:
— Deixemos que corte a cabeça de Regin e fique com todo o ouro
para si.
O quarto pássaro afirmou:
— Deixemos que o faça e, aí, vá até Hindarfell, o lugar onde dorme
Brynhild.
Quando Sigurd ouviu isso e como Regin conspirava para traí-lo, cor-
tou a cabeça de Regin com um só golpe da espada Gram.
Nessa altura, todos os pássaros começaram a cantar:
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* A saga de Völsung.
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