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“ Os soldados hospitalares, que renunciaram à sua própria vontade, e

aos demais, que servem por tempo assinalado-lhes mandamos com


todo encarecimento, que, sem Licença do Mestre, se não atrevam a sair
do lugar, salvo para ir ao Santo Sepulcro, e aos Santos Lugares, que se
visitam dentro dos muros da cidade.”
Regra 35 – Regula pauperum Commilitonum Templi in Sancta Civitae.
( Regra dos Cavaleiros Templários).
OS CRUZADOS - No ano de 1099 o exército cruzado
conquistou Jerusalém e um reino cristão foi fundado na Terra
Santa. A Europa estava mergulhada na miséria e na
ignorância. Aventureiros de todos os cantos da cristandade
passaram a ver no Oriente Médio uma oportunidade para
uma vida melhor. Uma multidão de peregrinos cristãos
desembarca na Palestina, provocando nos habitantes locais,
muçulmanos em sua esmagadora maioria, uma onde de
protesto e violência sem paralelo na história. Os doentes e os
feridos se amontoavam nas cidades. Para resolver a questão
da proteção aos peregrinos que buscavam a terra santa para
viver, ou mesmo somente para visitar os lugares santos, foi
fundada a Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de
Salomão, mais conhecida como Ordem dos Templários. E
para tratar dos doentes e dos feridos, foi fundada a Ordem
dos Cavaleiros do Hospital de São João, conhecida
popularmente como Ordem dos Hospitálários.
Ao Lado Brasão da ORDEM DE MALTA.
Os Cavaleiros Templários estabeleceram sua sede nas ruínas do antigo Templo, os
hospitalários montaram a sua num mosteiro pertencente à Ordem dos Beneditinos, essa
ordem que prestava, já desde o início das Cruzadas, serviços médicos á multidão de
cristãos que se deslocaram para a Terra Santa por causa desse movimento.
Esse mosteiro, conhecido como Hospital cruzado, foi fundado pelo monge beneditino,
João, O Esmoleiro, filho do rei de Rodes, que havia chegado junto com os primeiros
cruzados a Jerusalém. Esse hospital recebeu o nome de Hospital dos Cavaleiros de São
João Batista, e pode-se dizer que foi o primeiro hospital filantrópico do mundo.

Foto de um antigo mosteiro Beneditino utilizado pelos Hospitalários – Portugal – Vila Real
(data 22/07/2007)
Com a fundação da Ordem dos Hospitalários, a direção desse hospital passou para
esses irmãos. Á semelhança da Ordem dos Templários, os irmãos hospitalários também
cresceram e se tornaram muito poderosos, tanto política quanto economicamente. Mas
diferentemente dos seus congêneres templários, os cavaleiros do Hospital de São João
se mantiveram fiéis aos seus propósitos e nunca se desviaram da sua missão
institucional, que era a construção e a manutenção de hospitais e proporcionar asilo e
abrigo à pobreza necessitada.

Com o fim das Cruzadas, os Irmãos do Hospital de São João deixaram a Terra Santa e se
estabeleceram em Rodes. A partir dessa ilha se espalharam por todo o mundo cristão,
fundando asilos e hospitais, tornando-se a principal referência em serviços médicos e
filantropia em toda a Europa Ocidental. Em razão disso jamais foram incomodados pela
Igreja, que, ao contrário dos cavaleiros templários, que sofreu feroz perseguição em
princípios do século XIV, que ocasionou, inclusive, a extinção da Ordem em 1314 e à
morte na fogueira dos seus principais lideres, inclusive o seu Grão-Mestre, Jacques de
Molay.
OS TEMPLÁRIOS E HOSPITALÁRIOS EM PORTUGAL
Muitos cavaleiros templários, para escapar da perseguição que lhes movia a Igreja, se
filiaram aos hospitalários. O recém criado reino de Portugal foi um dos territórios onde esses
proscritos cavaleiros se homiziaram. Em terras portuguesas, o jovem rei Afonso Henriques
lhes deu asilo e proteção. Em troca, os Cavaleiros do Hospital de São João lhe prestaram
uma preciosa ajuda na campanha de reconquista que o primeiro monarca português
empreendeu contra os mouros, recuperando para a cristandade esse importante território
que hoje abriga a pátria portuguesa.

Afonso Henriques era Cavaleiro Templário, como ele próprio afirma, em carta que assinou
em 1129, doando à Ordem do Templo, entre outros bens, uma possessão no condado de
Soure, próximo à cidade de Guimarães. A presença templária no território português é um
episódio bastante marcante na história daquele país e sua participação na expulsão dos
mouros foi deveras relevante, como registram os historiadores portugueses.
Com a extinção da sua ordem, os sobreviventes templários se refugiaram em reinos onde os
soberanos concordaram em lhes dar abrigo e proteção. Esses países foram justamente
aqueles que estavam em guerra com os muculmanos – caso de Espanha, Portugal, e Escócia
– principalmente, esta última em razão da guerra pela independência, que aquele país
travava contra os ingleses. Em Portugal, os cavaleiros Templários e Hospitalários foram
reunidos em uma única Ordem, fundada por Afonso Henriques, denominada Ordem dos
Cavaleiros de Cristo, da mesma forma que na Escócia eles receberam o nome de Ordem dos
Cavaleiros de Santo André.
Bastante conhecida é a participação dos cavaleiros templários e hospitalários na formação
do reino de Portugal. Sabe-se, inclusive, que boa parte das riquezas dos templários serviu
para o financiamento das grandes navegações iniciadas no século XVI, e que fez de
Portugal a maior potência marítima da época. E também os conhecimentos de navegação
trazidos pelos irmãos templários e hospitalários foram de extrema utilidade para os
portugueses, fazendo com que o pequeno reino luzitano cumprisse um papel tão
importante no descobrimento e colonização do novo mundo .
A grande maioria dos navegadores portugueses, ( Pedro Álvares Cabral, Vasco da
Gama, Diogo Cão, entre outros), pertenciam à Ordem dos Cavaleiros de Cristo, sucessora
dos Templários e Hospitalários em Portugal. As próprias naus portuguesas singravam os
mares sobre a proteção da cruz templária ( que era também o simbolo da Ordem dos
Hospitalários).
Quanto à Ordem dos Hospitalários propriamente dita, em face da conquista daquela
ilha pelos turcos otomanos, em 1530, ela deixou sua sede em Rodes e se estabeleceu na
ilha de Malta, mudando seu nome para Ordem dos Cavaleiros de Malta, com o qual
sobrevive ainda hoje.
No âmbito do Grande Oriente do Brasil
funciona o GRANDE PRIORADO DO BRASIL –
GOB cujo titulo completo é Unificadas
Ordens Religiosas, Militares e Maçônicas do
Templo e de São João de Jerusalém,
Palestina, Rhodes e Malta do Brasil.

Hoje o Grão Mestre dos Templários é o


Irmão Manoel de Oliveira Leite, e o Senescal
o Irmão Mario Sergio Nunes da Costa.

São Past Grãos Mestres Francis McCormick,


Marcos José da Silva e Santiago Ansaldo de
Aróstegui de Lerin y de Contreras.

O Grande Priorado do Brasil parcipou em


setembro de 2009 da Conferência Trienal
dos Cavaleiros Templários que foi realizada
em Winchester, antiga capital da Inglaterra.
A Ordem tem tido franco progresso com a
consagração de inúmeros Preceptórios pelo
Brasil.
A Ilustre Ordem da Cruz Vermelha (Ordem da Cruz
Vermelha)
Ordem que enfatiza a lição da verdade. Elementos desta
Ordem eram praticados nas Lojas antigas antes de a forma
final do Grau de Mestre Maçom entrar em uso. Ainda é
praticada no formulário completo cerimonial pelos
maçons Cavaleiros da Irlanda e pelos Cavaleiros Maçons
dos Estados Unidos, assim como pela Cruz Vermelha da
Babilônia na Ordem Inglesa dos Graus Maçônicos Aliados.

Assim sendo, os Cavaleiros Templários podem existir


tanto como parte do Rito de York como também como
uma organização independente. Na Inglaterra e País de
Gales, a Maçonaria afirma possuir 30.000 membros
Templários dentre os seus 250.000 maçons.
Em 1798 a ilha de Malta foi capturada pelos soldados de Napoleão. Os Cavaleiros de Malta
foram praticamente absorvidos pelos maçons franceses. Quando Napoleão foi derrotado e
os ingleses ocuparam a ilha, a Ordem foi dissolvida e a maioria dos seus membros
encarcerados. Os que conseguiram escapar fugiram para a Itália onde refundaram a Ordem
de Malta e estabeleceram sua nova sede em 1834.

Hoje a Ordem dos Cavaleiros de Malta, sucessora dos Irmãos Hospitalários, está
estabelecida em Roma e o prédio onde ela está sediada tem status de estado livre,
semelhante ao Vaticano.

Os Irmãos Hospitalários continuam até hoje cumprindo a finalidade pela qual a Ordem foi
fundada:

“Cuidar dos doentes e oferecer asilo aos necessitados. Comandam a Cruz Vermelha e
diversos hospitais por todo o mundo, principalmente Santas Casas de Misericórdia. Sua
principal atuação está centrada em Portugal, França e Itália, onde uma grande parte dos
hospitais filantrópicos está sob sua direção.”

1 - Símbolo Internacional da Cruz Vermelha.


2 - Cruz de Malta
A ORDEM DOS CAVALEIROS DE SÃO JOÃO E AS SANTAS CASAS DE MISERICÓRDIA
Foram os cavaleiros hospitalários que fundaram as primeiras Santas Casas de Misericórdia
que se tem notícia. Evidentemente não com esse nome, mas com o mesmo propósito que
norteia essas entidades até os dias de hoje: oferecer abrigo aos pobres e cuidados
médicos à população carente em geral.

(Templário após uma batalha agradecendo a Deus)


Foi, aliás, com esse propósito que João, o Esmoler, fundou o Hospital de Jerusalém, na época
da Primeira Cruzada, e deu origem à Ordem dos Cavaleiros de São João do Hospital, hoje
conhecida como Ordem dos Cavaleiros de Malta.

Muitas das atuais Santas Casas de Misericórdia, especialmente em Portugal, tiveram sua
origem em hospitais fundados pelos cavaleiros templários e hospitalários. Entre elas podemos
citar as Santas Casas de Braga, Évora, Santa Maria da Vitória na Batalha e Proença Velha, entre
tantas outras que ainda hoje servem à população de Portugal.

Foi o Rei Dom Manuel I, o Venturoso, que também pertencia à Ordem dos Cavaleiros de
Cristo, que mudou o nome dos antigos hospitais filantrópicos para Santas Casas de
Misericódia. Em seu governo muitas Misericórdias foram fundadas, inclusive nos territórios
ultramarinos, para onde elas foram levadas pelas mãos, principalmente dos jesuitas e
beneditinos.

Hoje elas respondem por cerca de 60 % dos serviços médicos e hospitalares prestados pelo
estado português e no Brasil esse percentual está próximo de 58%, segundo a Confederação
Brasileira das Santas Casas de Misericórdia.
Logo em seguida, em 1560, foi fundada a Santa Casa de São
Paulo. Durante o período colonial, as Misericórdias, sempre
ligadas à Igreja, eram os únicos hospitais existentes nas
povoações brasileiras.
No Brasil, a primeira Misericórdia foi fundada em 1534, na então vila de Santos, por
Tomé de Souza.
Era a esses irmãos que o Cavaleiro André Michel de Ransay se referia em seu famoso
discurso de 26 de dezembro de 1736.

Disse ele que “nossos antepassados, os Cruzados, reunidos de todas as partes da


Cristandade na Terra Santa quiseram reunir assim, numa só Confraria, os indivíduos de
todas as nações (....). Certo tempo depois, (a) Ordem se uniu aos Cavaleiros de São João
de Jerusalém. Desde então nossas Lojas trouxeram todas o nome de Lojas de São João.
Essa união foi feita a exemplo dos israelitas, quando construíram o Segundo Templo.

Enquanto manejavam a trolha e a argamassa com uma mão, traziam na outra a espada
e o escudo.(....)

(fonte 1) Jean Palou- Maçonaria Simbólica e Iniciática- Ed. Pensamento, 1968


Eis aí, portanto, a razão das Lojas maçônicas, até hoje, serem
conhecidas como Lojas de São João.Vem desses irmãos
cavaleiros, não só a tradição arquitetônica, propriamente dita,
aplicada especialmente na construção de asilos, hospitais,
mosteiros e outras obras públicas, mas principalmente a atuação
filantrópica que se observa na Ordem maçônica. Tanto que Lojas
de hoje ainda se mantém a tradição de nomear um irmão
“hospitaleiro” para recolher as contribuições dos irmãos para o
“hospital”. (2)

(fonte 2) Hospital, na maçonaria,se refere às obras filantrópicas praticadas pela Loja.


Assim, a história dos hospitais filantrópicos está intimamente ligado as
origens e ás tradições da Maçonaria. Podemos dizer, sem nenhum
constrangimento, que foi o braço filantrópico e piedoso dos irmãos
cavaleiros que deram origem a esse importante equipamento de saúde,
que ainda hoje responde por uma boa parte dos serviços médicos e
assistenciais que servem à população carente do mundo ocidental.

Destarte, embora as Santas Casas de Misericórdias sejam,


inegavelmente, uma concepção da Igreja Católica, delas não se pode
isolar a valiosa contribuição maçônica. Principalmente nos dias de hoje,
há uma grande participação da Ordem na gestão dessas entidades. Na
grande maioria das cidades brasileiras são maçons os dirigentes das
Misericórdias.
Esse é um trabalho que engrandece a maçonaria e enche os maçons de
todo o mundo de justo orgulho.

Referências bibliográficas
Burman, Edwuard- Templários, os Cavaleiros de Deus- Ed Nova Era-1998
Gomes, Saul Antonio- Livro do Compromisso da Confraria e Hospital de Santa Maria da
Vitória- Ed. Ícone - Portugal- 2002
Palou, Jean-A Maçonaria Simbólica e Iniciática- Ed. Pensamento 1964

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