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C. E.

Fé e Caridade
Data:28/06/2019
Tema: A Morte é um dia que vale a pena viver.

Introdução:
Ao olhar para esse tema, a maioria das pessoas deve estar pensando
“gente, mas como assim?”. Como assim vale a pena viver a morte? Ou como
pode ser bom a morte? E afinal o que é a morte?
Todo o nosso estudo foi baseado neste livro da Autora Ana Claudia
Quintana, médica especialista em cuidados Paliativos, e que conta um pouco
de sua trajetória e como auxilia o seus pacientes a morrerem. Interessante
né.
Pois bem, nossa reflexão na noite de hoje, se baseia nesse tema que é
um Tabu, quase ninguém gosta de falar sobre, algumas pessoas até batem na
madeira, com intuito de manda-la pra bem longe, e é um assunto é um
momento que corremos dele o máximo que a gente puder. Mas que na verdade
não adianta muita coisa, pois inevitavelmente iremos vivenciar e experimentar
isso um dia.
Mas sobre isso fala-se muito pouco, ou quase nada. Parece que se não
falarmos sobre isso não vai acontecer, fica mais longe, e se a gente falar vai
atrair.
Mas deixa eu contar um segredo, VAI ACONTECER INDEPENDENTE DE
FALARMOS OU NÃO SOBRE ISSO. O RUIM é que como não falamos, não
estamos preparados, e a morte sempre chega de uma forma muito dolorida, e
arrebatadora.
Sobre a arte de ganhar existem muitas lições, textos, e como vencer na
vida. Mas e sobre perder? Ninguem quer falar a respeito disso, mas a verdade
é que passamos muito tempo da vida em grande sofrimento, quando perdemos
bens, pessoas, realidades, sonhos.
Conversar sobre a morte é deixar vir reflexões sobre o sentido de morrer, é
entregar-se a sentimentos muito difíceis ainda para nós.
Todos vamos morrer um dia, mas durante toda a nossa experiência de vida nos
preparamos para as possibilidades que a vida pode nos proporcionar.
Sonhamos nosso futuro, vamos a luta! Sonhos tao humanos, e tao profundos,
de ter uma casa, uma carreira, uma família, de ser alguém na vida.
Mas quem garante tudo isso ?
Quem garante que vamos ter sucesso na carreira? Quem garante que vamos
ter uma família? Não há nenhuma garantia sobre essas possibilidades, e
mesmo assim insistimos e vamos a luta daquilo que queremos.
E a única garantia que temos, nós a deixamos de lado e preferimos ignorá-la.
Essa garantia é a QUE VAMOS MORRER!

Saber perder é arte de quem conseguiu viver plenamente o que ganhou


um dia!

O que deveria nos assustar não é a morte em si, mas a possibilidade de


chegarmos ao fim da vida sem aproveitá-la, de não usarmos nosso tempo da
maneira que gostaríamos.

A vida é feita de histórias, e o que eu fiz/ tenho feito com a minha?

Seja qual for a forma como a morte vai chegar, ela vai encontrar ali um
ser humano. Seja a partir de doenças, acidentes, ou motivos mais fúteis que
nos deixam abismados, mas ela está presente. As doenças por exemplo elas
se repetem no ser humano, mas o sofrimento não. Cada um vivencia
aquela doença, de uma forma diferente.

O sofrimento é único e cada um tem o seu.

E o sofrimento ele tem 5 tonalidades:


1. Físico
2. Emocional. Que é muito mais extenso, que vai abarcar toda a historia do
ser humano. Todo mundo aqui nesse momento já tem a certeza que de
vamos morrer um dia, isso não é surpresa pra ninguém. Mas ninguém pensa
que pode ser daqui a 2 semanas, daqui a algumas horas, e é nesse
momento que o emocional faz toda a diferença. Por que é quando acontece
que vamos buscar a entender, a questionar o porque está acontecendo isso.
3. Social/Familiar – A gente nunca fica doente sozinho, fazemos parte de
uma família de uma sociedade, depois nos tornamos o doente na família, e
depois a gente morre. E fica um buraco, na família e no meio social do qual
convivíamos.
5. Espiritual – esse buraco fica e precisa ser cuidado, e para isso a dimensão
espiritual é fundamental. Ela vai dar para nós a essência de sermos
humanos.
A espiritualidade não tem muito a ver com religiosidade. A
Religiosidade é só um caminho para você alcançar a espiritualidade. Você
encontra espiritualidade na forma como você se relaciona consigo mesmo
na forma como você se relaciona com o outro, na forma como você se
relaciona com a natureza e o universo e com Deus.

Buscamos sentidos na nossa existência.

Quando a gente fala em estatísticas sabemos que morrem 1 milhão e


100 mil pessoas por ano, e em algum momento faremos parte dessa
estatística, alguém que a gente ama muito fará parte dessa estatística,
Mas é nesse momento que passamos dar valor a vida.

Desejar ver a vida de outra forma, seguir outro caminho , a vida é breve
e precisa ter valor e significado, e a morte é um excelente motivo para buscar
um novo olhar para vida. Cada um de nós está presente na própria vida e na
vida de quem amamos, não apenas fisicamente, mas presente com o nosso
tempo, nosso movimento, e

é só nessa presença que a morte não é o fim.

Quase todo mundo pensa , que a norma é fugir da realidade da morte, mas a
verdade é que a

morte é uma ponte para vida.

Uma ponte tanto para quem partiu que vai viver uma vida , a VERDADEIRA
VIDA, quanto para quem ficou, e ainda encontra-se encarnado.
A morte anunciada, quando estamos doentes por exemplo, traz a possiblidade
de um encontro veloz com o sentido da vida, mas também a angustia de não
ter tempo suficiente para vivenciar esse encontro.

Os espíritos nos relatam que o maior arrependimento do homem quanto


desencarna é

“ a consciência do tempo perdido”

Quando estamos doentes, tomamos consciência da nossa mortalidade,


e essa consciência ela nos leva a busca do sentido de nossa existência. Diante
uma doença grave e de um caminho que não vemos outra saída se não a
morte, a família adoece junto, o contexto de desintegração ou de fortalecimento
dos laços afetivos permeia, e pode agravar ou dificultar esse momento de vida.

Durante todo esse processo, quando estamos de frente a possibilidade da


morte a dor e muitos outros sofrimentos se fazem muito presentes, não falo
apenas da dor física, mas a dor emocional que passa por todos, e a reflexão
que fica nesse momento é

“ O que o sofrimento tem a nos dizer antes de ir embora?”

Qualquer que seja o sofrimento pelo qual passemos, qualquer que seja a dor, a
dificuldade, a perda, o que ele tem a nos ensinar? E o quanto estamos
preparados para aprender? E quanto mais cedo a gente entende isso, mais
cedo ele vai embora.

As pessoas morrem, como viveram.

Se não viveram com sentido, dificilmente acharão sentido na morte, a no que


nos aguarda depois de atraversamos a ponte.

O medo da morte não salva ninguém do fim, a coragem também não, mas o
respeito pela morte traz equilíbrio e harmonia nas nossas escolhas.
Quanto tomamos consciência de que sim vamos morrer, e essa é a única
certeza que temos, passamos a ver a vida com outros olhos, a dar mais valor
as nossas escolhas, a nossa vida, aos nossos relacionamentos, aos nossos
entes queridos, pq tudo isso é passageiro, uma hora vai embora.

Respeitar a morte possibilita a experiência consciente de uma vida que vale a


pena ser vivida, não morremos somente no dia da nossa morte, morremos a
cada dia que vivemos, conscientes ou não de estarmos vivos, mas morremos
mais depressa quando não temos essa consciência.
Quando não temos essa consciente de que estamos vivos e simplesmente
vamos nos piloto automático nossas escolhas não tem muito sentido, não são
carregadas de verdadeiro significado.

Tempo

A percepção do morrer traz a consciência de que nada do que temos ficará


conosco, nosso tempo por aqui não voltará, não é possível economizar tempo
para usar depois. Gastamos tempo com bobagens, com sofrimentos
desnecessários que nós mesmos criamos para nós.

Sofrimentos profundos que sentimos quando nossa vontade não acontece,


quanta birra fazermos quando Deus não atende as nossas vontades, quando o
outro não faz aquilo que EU QUERO QUE ELE FAÇA, o quanto sofremos por
isso.

Nos apegamos a tudo e a todos, é tudo meu, pessoas , roupas, dinheiros,


carro..mas o tempo por mais que a gente tente segurá-lo ele vai passar.

*Passagem de Jesus

“ A parábola do rico insensato: As terras de um certo homem rico, produziram


com abundancia, e ele começou a pensar consigo mesmo: “ o que farei agora?
Não tenho onde armazenar toda a minha colheita. Então lhe veio a mente: Já
sei, derrubarei os meus celeiros e construirei outros bem maiores, onde poderei
armazenar toda a minha safra e todos os meus bens.. e assim direi a minha
alma, tem grandes quantidades de bens para muitos anos, descança, bebe, vai
se divertir.. contudo Deus afirmou “Tolo” essa mesma noite arrebatarei a tua
alma e todos os bens que tem entesourado para quem ficarão?”

O tempo é a experiência que ele nos permite construir

O que você vai fazer com esse tempo que vai passando? O que você está
fazendo com o tempo que passa? Essa reflexão é a chave geral que lida a
lucidez das nossas escolhas,

o que eu faço com o meu tempo?

A morte funciona como um acelerador de enfrentamento, no tempo de morrer a


capacidade individual de tomar atitudes e compreensão ela aumenta, pq
sabemos que nosso tempo é curto.

Existem 3 perspectivas de tempo:


1º O tempo Dual: espera e atividade. Esperar alguma coisa, significa NÃO
FAZER NADA. Porque o resultado NÃO DEPENDE DE NÓS ( somos péssimos
nessa parte) não sabemos esperar, somo ansiosos por agir, por fazer.

2º Desejo e esperança: o desejo é a busca de algo que não temos, a


esperança é a espera modificada pelo otimismo.

3º Prece: a prece é uma relação que encontramos dentro de nós , um espaço


de comunicação com algo maior que nós, e é nesse momento que o humano
se torna Divino.

A prece é quanto a gente ouve uma mae dizendo para o filho doente, em
sofrimento no leito de dor, “Pode ir” , ou um marido para esposa. “ Vai com
Deus” “ nos vemos do outro lado”

Em um primeiro instante talvez todos eles tivesesm feito uma prece pedindo a
cura, a salvação, tentado agir de todas as formas, passados pelos 3 estágios
do tempo. Mas quando nos conectamos com algo maior que nós, com essa
força maior, e conseguimos entender que o melhor não é o que nós desejamos
que aconteça. A mae entende que para o filho, o melhor talvez seja justamente
aquilo que mais vai doer nela. Se despedir de alguém no leito de morte, e a
coisa mais dolorosa que alguém pode vivenciar e experimentar, e ao mesmo
tempo é uma oportunidade para agir diferente e ser consciente de sua vida e
de suas escolhas.

Mas nesse momento , em que a mãe diz para o filho “ pode ir” ela aceita e
liberta por amor.

Quando nos conectamos com essa força maior, e mais sagrada dentro de nós,
conseguimos fazer o bem pelo outro. GENUINAMENTE O BEM, ALGO
PRECISA SER FEITO, MESMO QUE NÃO SEJA NOSSO DESEJO.

É aquele momento em que dizemos “que aconteça o melhor “ E ACONTECE.

METRÔ

A vida da gente é igual uma estação de metrô.

Quem está no metrô , quase nunca está lá de fato. Está de corpo presente,
mas com a cabeça em outro lugar, apenas entra no trem, para sair de um lugar
e ir para o outro. E as estações vao passando..passando..passando.. até que a
porta se abre e alguém diz. “ Marcia, vamos descer? “ e a Márcia responde
assusta.. “Mas já? .. está tão cedo ainda.

Aos nossos olhos muitas vezes a morte chega cedo demais, mas ela não se
atrasa e nem se adianta, somos nós que por um longo tempo perdemos a
consciência de estarmos vivos, e simplesmente seguimos..
A vida é o que fazemos dentro desse tempo, quando passamos a vida
esperando pelo fim do dia, pelo fim de semana, pelo fim do ano, estamos
apenas acelerando o dia da nossa morte. Dizemos que depois do trabalho
vamos viver, vamos ajudar, depois eu ligo, depois eu digo que gosto, depois eu
dou um abraço no meu pai, na minha mãe, no meu irmão, mas a vida gente
não é um botão que a gente desliga e liga toda hora.

O que é viver, o que realmente estamos fazendo aqui? Qual a nossa


prioridade?

“Não acumuleis para vós outros tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem
destroem, e onde ladrões arrombam para roubar. 20Mas ajuntai para vós
outros tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem podem destruir, e onde
os ladrões não arrombam e roubam. 21Porque, onde estiver o teu tesouro, aí
também estará o teu coração.

A morte, ela acontece gente, e a morte não é uma tragédia, não é algo que
deve ser combatido, evitado, visto de forma negativa, a Morte só é ruim se
tivermos uma vida ruim.

A vida acontece todos os dias e poucas pessoas parecem se dar conta disso!

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