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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CAMPUS CAPITÃO POÇO


CURSO DE AGRONOMIA

DANILSON MANOEL COSTA MOREIRA


GUTIERRE PEREIRA MACIEL

CORREÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO E INCIDÊNCIA DE INSETOS-PRAGA


EM CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI NO NORDESTE PARAENSE

CAPITÃO POÇO-PA
2019
DANILSON MANOEL COSTA MOREIRA
GUTIERRE PEREIRA MACIEL

CORREÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO E INCIDÊNCIA DE INSETOS-PRAGA


EM CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI NO NORDESTE PARAENSE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade


Federal Rural da Amazônia, Campus Capitão Poço, como
requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro
Agrônomo.

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Sosa Duque.

CAPITÃO POÇO-PA
2019
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Ficha Catalográfica
Biblioteca Maria Auxiliadora Feio Gomes / UFRA - Capitão Poço

M 835 Moreira, Danilson Manoel Costa

Correção da fertilidade do solo e incidência de insetos–praga em cultivares de feijão-


caupi no nordeste paraense. / Danilson Manoel Costa Moreira, Gutierre Pereira Maciel.
- Capitão Poço, 2019.
41 f.; il.

Orientador Dr. Francisco José Sosa Duque

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação – Agronomia) – Universidade Federal


Rural da Amazônia, Capitão Poço, 2019.

1. Entomologia. 2. Fabaceae. 3. Simbiose. 4. Vigna unguiculata. 5. Fertilidade do solo.


I. Maciel, Gutierre Pereira. II. Duque, Francisco José Sosa, orient. III. Título

CDD: 23 ed. 633.34098115


Bibliotecária-Documentalista: Sheyla Gabriela Alves Ribeiro CRB-2/1372
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer primeiramente à Deus e aos nossos familiares que sempre estiveram
ao nosso lado em todas as fases desta batalha.

Gostaríamos de agradecer também à instituição UFRA Campus Capitão Poço e a todo o seu
corpo docente que fizeram parte da nossa formação acadêmica.

De forma especial ao nosso orientador Prof. Dr. Francisco José Sosa-Duque, pela competente
orientação e contribuição em nosso aprendizado para a vida profissional.

À CNPq, pela bolsa de iniciação científica.

Ao Sr. Benedito Dutra, de Tracuateua-PA, e ao Sr. Eleison Mesquita (Mingal), de Capitão


Poço-PA, que forneceram as sementes de feijão-caupi.

Ao Francisco Alves da Silva (“Galego”), que fez o preparo do solo, onde foi implantado o
experimento.

Aos alunos que participaram das etapas de semeadura, adubação e do manejo da irrigação: Ana
Paula Souza Ferreira, Antônio Willian Pontes do Nascimento, Brendo dos Anjos Silva, Cledson
Silva Sarmento, Fernanda Karoline Oliveira Santos, João Lazaro dos Santos Rodrigues, Jonatan
de Lima Damasceno, Lorena Nazaré costa, Luiz Carlos Pantoja Chuva de Abreu, Luís Otávio
Cunha Neto, Maria Leidiane Reis Barreto, Maciel Pereira Maciel, Thiago Caio Moura Oliveira
e Washington Duarte Silva da Silva.

Aos discentes que ajudaram na pesagem das doses de fertilizantes: Ana Clara Ferreira Souza,
Ana Flávia Trindade de Lima, Camila Galdino da Silva, Camila Oliveira das Mercês, Francisca
Monaline Lima de Moura, Francisca Sabrine Lima de Moura, Lorenna Jeovana Reis Romão,
Lowrrany do Nascimento Vaz, Maria Márcia Soares Teotônio, Renata Carine Nascimento
Soares e Willian de Souza Pantoja.

Aos docentes, pela disponibilidade de laboratório, equipamentos e materiais: Professor


Raimundo Thiago Lima da Silva, Heráclito Eugênio Oliveira da Conceição, Ana Paula Dias
Costa, Fábio de Oliveira Lucas e Marcus José Alves de Lima.
À Alana Gabrielly Xavier da Silva, Milton Garcia Costa e a Renata Amaral da Silva, que
fizeram parte do mesmo projeto de pesquisa e participaram de todas as fases do experimento,
desde o preparo da área à colheita do feijão-caupi.

Aos Técnicos: Osvaldo de Azevedo Noronha, que executou suas funções com eficiência, sendo
um elo facilitador dos trâmites burocráticos do curso; Sandro Henrique dos Reis Chaves e
Fledson Chagas Barbosa, os quais dentro de suas atribuições, cederam equipamentos e
máquinas necessários à execução de diversas etapas do projeto.

Ao prof. Dr. Davi Henrique Lima Teixeira pela colaboração no processamento e análise dos
dados.

E a todos os demais que nos auxiliaram direta e indiretamente para concretização deste trabalho
de pesquisa.

Eu, Gutierre Maciel, gostaria de agradecer ao prof. Wanderson Cunha Pereira, meu orientador
da monitoria de Álgebra Linear e cálculo I. Agradeço pelo apoio e incentivo aos estudos. Como
docente, um profissional extremamente competente, didático e responsável. Como pessoa,
muito humilde e extrovertido com todos. Hoje, o pouco conhecimento que adquiri sobre
matemática e estatística, deve-se a ele – muito obrigado!

A monitoria me fez crescer muito, como aluno e pessoa. Ajudei muitas pessoas dentro e fora
do meu horário de atendimento, na UFRA ou em outros locais. Fui fiel para essa função, e não
me arrependo! Contribuir para a formação de outros discentes foi especial, pois vi de perto, a
dificuldade dos alunos com as propriedades de matemática, contudo, nunca julguei um ou outro,
pelo contrário, apoiava e incentivava! Visto que a culpa não era totalmente deles, mas sim! Em
maior parte, dos poucos recursos aplicados na educação brasileira, sobretudo no interior dos
Estados, e dos políticos corruptos que desviam essa verba que já não é suficiente.

Aos professores Eric Victor de Oliveira Ferreira e Wilson José de Mello e Silva Maia, por terem
aceitado o convite para participar da banca examinadora. Suas contribuições foram muito
pertinentes e construtivas, colaborando positivamente para este trabalho de conclusão de curso.
RESUMO
O feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) apresenta grande importância na dieta da população de baixa renda
das regiões Norte e Nordeste do Brasil, visto que é rico em proteínas, carboidratos, ferro e outros minerais. Essa
cultura caracteriza-se por ser rústica, de porte baixo, ciclo curto, fixar nitrogênio (N) da atmosfera, relativamente
tolerante ao déficit hídrico e solos de baixa fertilidade química. No entanto, é uma espécie suscetível ao ataque de
insetos-praga, que prejudicam o desenvolvimento da cultura e impactam negativamente a sua produção. Embora
a região Nordeste Paraense seja grande produtora de feijão-caupi, ainda é pouco o que se conhece sobre os efeitos
da nutrição mineral, inoculação com rizobactérias e calagem do solo sobre a incidência de insetos-praga e as suas
implicações na cultura. O trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da calagem, adubação mineral e rizobactérias
na incidência de insetos-praga em dois cultivares de feijão-caupi em Capitão Poço-PA. Conduziu-se o
experimento, de agosto a novembro de 2018, em esquema fatorial 2 x 6 (2 cultivares x 6 níveis de fertilidade),
com delineamento em blocos ao acaso (DBC), com parcelas subdivididas e 4 repetições. Cada parcela experimental
teve uma dimensão de 18 m² (5 m x 3,6 m), com 6 linhas de plantio e um total de 300 plantas. Os cultivares de
feijão-caupi utilizados foram o BRS Maratoã e BRS Tapaihum. Os níveis de fertilidade (NF) foram os seguintes:
Testemunha (NF1); Adubação com fósforo (P), potássio (K), calagem e Inoculação das Sementes com
Rizobactérias (ISR) (NF2); Adubação com P, K e ISR (NF3); Adubação com N mineral, P, K e calagem (NF4);
Adubação com P, K e calagem (NF5); e, Adubação com N, P, K, calagem e ISR (NF6). Para avaliar a incidência
de insetos-praga sobre a cultura, utilizou-se um pano de batida, o qual foi estendido em cada parcela experimental,
entre duas fileiras (3º e 4º) de plantio com feijão-caupi, de modo que 10 plantas fossem alcançadas e amostradas.
As plantas da área compreendida pelo pano foram sacudidas vigorosamente sobre este com o intuito de provocar
a queda dos insetos e, assim, quantifica-los e identifica-los. Em relação aos níveis de fertilidade do solo, houve
diferença significativa entre as cultivares apenas para a testemunha (NF1), em que o cultivar Maratoã apresentou
a menor número de insetos-praga. Essa baixa incidência de insetos-praga deve estar relacionada à baixa densidade
de plantas do cultivar Maratoã neste nível de fertilidade, e não necessariamente à menor resistências das plantas.
Para ambos os cultivares utilizados no experimento, a abundância das espécies de insetos-praga foi relativamente
baixa e não atingiu os níveis de controle. No geral, a calagem associada à fonte de N mineral ou à Rizobactérias
proporcionaram maior incidência de insetos-praga. Os principais e mais abundantes insetos-praga coletados foram:
Andrector arcuatus, Empoasca kraemeri, Piezodorus guildinii, Ceresa sp. e Chinavia ubica.

Palavras-chave: Entomologia, Fabaceae, Simbiose, Vigna unguiculata, Fertilidade do solo, Nitrogênio.


ABSTRACT
Cowpea presents great importance in the diet of the low income population of the North and Northeast regions of
Brazil, since it is rich in proteins, carbohydrates, iron and other minerals. This crop is characterized by being rustic,
low size, short cycle, nitrogen fixation (N) of the atmosphere, relatively tolerant to water deficit and low chemical
fertility soils. However, it is a species susceptible to attack by insect pests, which detract from the development of
the crop and negatively impact its production. Although the Northeast region of Paraense is a large producer of
cowpea, little is known about the effects of mineral nutrition, inoculation with rhizobacteria and liming of the soil
on the incidence of pest insects and their implications on the crop. The objective of this work was to evaluate the
effect of liming, mineral fertilization and rhizobacteria on the incidence of pest insects in two cowpea cultivars in
Capitão Poço-PA. The experiment was conducted from August to November 2018, in a 2 x 6 factorial scheme (2
cultivars x 6 fertility levels), with a randomized complete block design (DBC), with subdivided plots and 4
replicates. Each experimental plot had a size of 18 m² (5 m x 3.6 m), with 6 planting lines and a total of 300 plants.
The cultivars of cowpea used were BRS Maratoã and BRS Tapaihum. Fertility levels (NF) were as follows:
Witness (NF1); Phosphorus (P), potassium (K), liming and seed inoculation with rhizobacteria (ISR) (NF2);
Fertilization with P, K and ISR (NF3); Fertilization with N mineral, P, K and liming (NF4); Fertilization with P,
K and liming (NF5); and, Fertilization with N mineral, P, K, liming and ISR (NF6). In order to evaluate the
incidence of insect pests on the crop, a beating cloth was used, which was extended in each experimental plot,
between two rows (3rd and 4th) of planting with cowpea, so that 10 plants were reached and sampled. The plants
of the area comprised by the cloth were shaken vigorously on it in order to cause the insects to fall and thus quantify
and identify them. Concerning the soil fertility levels, there was a significant difference between the cultivars only
for the control (NF1), in which the Maratoã cultivar had the lowest number of pest insects This low incidence of
pest insects should be related to the low density of Maratoã plants at this fertility level, and not necessarily to the
lowest plant resistance. For both cultivars used in the experiment, the abundance of the insect-pest species was
relatively low and did not reach control levels. In general, the liming associated with the mineral N source or the
Rizobacteria provided a higher incidence of pest insects. The main and most abundant pest insects collected were:
Andrector arcuatus, Empoasca kraemeri, Piezodorus guildinii, Ceresa sp. and Chinavia ubica.

Keywords: Entomology, Fabaceae, Symbiosis, Vigna unguiculata, Soil Fertility, Nitrogen.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquema geral da ocorrência de insetos-praga durante o ciclo fenológico de feijão-


caupi. ................................................................................................................................... 18
Figura 2. Aplicação do calcário. A e B) aplicação manual do calcário; C) Calcário distribuído
homogeneamente nos tratamentos; D) Incorporação mecanizada do calcário no solo a 20 cm de
profundidade. ....................................................................................................................... 22
Figura 3. Semeadura. A e B) Grade desenhada para auxiliar a semeadura; C) Formato das
hastes de madeira para abrir as covas. 1= ripa de madeira que prende os 5 fios com marcas de
fita crepe; 2= fios de barbante separados a 0,6 m; 3= fita crepe que marca o local de semeadura.
............................................................................................................................................ 23
Figura 4. Croqui do experimento conduzido em esquema fatorial 2x6, em blocos ao acaso
(DBC), com parcelas subdivididas e 4 repetições. ................................................................ 24
Figura 5. Adubação mineral. A) Pesagem dos adubos em balança analítica; B) Colocação da
dose pesada em sacolas plásticas; C) Sacolas com as doses por tratamento; D) Aplicação das
doses individualizadas em campo. ........................................................................................ 25
Figura 6. Monitoramento dos insetos praga. A) Colocação do pano-de-batida entre as fileiras
da cultura; B) Contagem de insetos sobre o pano-de-batida; C) Recipientes de vidro com álcool.
............................................................................................................................................ 26
Figura 7. Interação entre níveis de fertilidade e cultivares de feijão-caupi sobre a incidência de
insetos-praga. ....................................................................................................................... 28
Figura 8. Dinâmica populacional dos principais e mais abundantes insetos-praga no feijão-
caupi. ................................................................................................................................... 30
Figura 9. Espécies de insetos-praga de importância econômica no feijão-caupi. A) Chinavia
ubica; B) Piezodorus guildinii; C) Euchistos heros; D) Empoasca kraemeri; E) Ceresa sp.; F)
Andrector arcuatus; G) Liriomyza sp.; H) Omiodes indicata................................................ 31
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Análise granulométrica do solo. ........................................................................... 21


Tabela 2. Análise química do solo (0-20 cm). ...................................................................... 21
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Al – Alumínio
ATP – Adenosina Trifosfato
Ca – Cálcio
CM – Cultivar Maratoã
CPSMV – Vírus do Mosaico Severo do Caupi
CT – Cultivar Tapaihum
CTC – Capacidade de Troca de Cátions
DBC – Delineamento em Blocos ao Acaso
FBN – Fixação Biológica de Nitrogênio
H – Hidrogênio
ISR – Inoculação de Sementes com Rizobactérias
K – Potássio
LEI – Laboratório de Engenharia da Irrigação
m% – Saturação por Alumínio
Mg – Magnésio
N – Nitrogênio
Na – Sódio
NF1 – Nível de fertilidade 1
NF2 – Nível de fertilidade 2
NF3 – Nível de fertilidade 3
NF4 – Nível de fertilidade 4
NF5 – Nível de fertilidade 5
NF6 – Nível de fertilidade 6
P – Fósforo
pH – Potencial hidrogeniônico
PRNT – Poder Relativo de Neutralização Total
Prof. – Profundidade do solo
UFRA – Universidade Federal Rural da Amazônia
V% – Saturação por Bases
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 13

2.1 Origem, história e botânica do feijão-caupi ............................................................ 13

2.2 Produção e importância socioeconômica ................................................................. 13

2.3 Condições edafoclimáticas ....................................................................................... 14

2.4 Cultivares.................................................................................................................. 14

2.5 Solos, fertilidade e nutrição...................................................................................... 15

2.6 Fixação Biológica de Nitrogênio .............................................................................. 17

2.7 Insetos-pragas ........................................................................................................... 18

2.7.1 Pragas subterrâneas.............................................................................................. 18

2.7.2 Pragas da parte aérea ........................................................................................... 19

2.7.2.1 Pragas das folhas........................................................................................... 19

2.7.2.2 Pragas de órgãos reprodutivos ....................................................................... 20

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 27

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 32

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 32
12

1 INTRODUÇÃO
O feijão-caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp.] é uma leguminosa de grande importância
socioeconômica, já que gera emprego, renda, e é considerada a principal fonte de proteína na
dieta alimentar de populações das regiões Norte e Nordeste do Brasil, consideradas as maiores
produtoras dessa cultura (FROTA et al. 2008; OLIVEIRA et al., 2010). Além disso, os produtos
e subprodutos desta cultura podem ser utilizados como forragem verde, feno, silagem na dieta
de ruminantes, assim como, adubo verde e proteção do solo (DUTRA; TEÓFILO, 2007).
O Brasil é um dos principais produtores de feijão-caupi do mundo, junto com Nigéria,
Níger e Burkina Faso (CASTELLETTI; COSTA, 2013; PEREIRA et al., 2001). Em 2016, o
Estado do Pará obteve produção de 24.066 toneladas de feijão-caupi, com área colhida de 31.
312 hectares, o que resultou em uma produtividade média 768,6 kg ha-1 (SEDAP, 2018). No
entanto, uma parcela considerável dos agricultores da mesorregião Nordeste Paraense
frequentemente não atinge esse rendimento por conta do manejo inadequado e ineficiente da
cultura, à falta de conhecimento técnico e, ou, recurso financeiro.
É fato que a cultura do feijão-caupi apresenta elevada rusticidade, ciclo biológico curto,
baixa demanda hídrica, desenvolvimento relativamente satisfatório em solos de baixa
fertilidade química e habilidade de fixar nitrogênio (N) da atmosfera por meio de simbioses
com bactérias do gênero Bradyrhizobium (VALE et al., 2017; GAZZELLI, 1988). Porém, é
uma espécie sensível à incidência insetos-praga, os quais prejudicam o metabolismo da planta
e, por conseguinte, ocasionam redução no acúmulo de fotoassimilados com consequências
potencialmente drásticas na produção.
Um dos insetos mais prejudiciais à lavoura é a mosca-branca Bemisia tabaci
(Gennadius, 1889) biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae), a qual tem se destacado como a praga
mais limitante da cultura (SILVA et al., 2004), ocasionando danos diretos ao desenvolvimento
vegetativo e reprodutivo das plantas. Ao mesmo tempo, é considerada um dos vetores mais
importantes de patógenos virais do mundo, já que possui a capacidade de transmitir mais de
110 fitoviroses (LACERDA; CARVALHO, 2008; MUSA; REN, 2005).
Embora a região Nordeste Paraense seja grande produtora de feijão-caupi, ainda é pouco
o que se conhece sobre os efeitos da nutrição mineral, inoculação com rizobactérias e calagem
sobre a incidência de insetos-praga e as suas implicações na cultura.
Com base nas informações acima, elaboraram-se as seguintes perguntas de pesquisa: i)
existe preferência dos insetos-praga por algum dos cultivares utilizados no experimento? ii)
existe alguma interferência da nutrição mineral e correção da acidez do solo sobre a presença
de insetos-praga? iii) a fertilidade e a nutrição influenciam a incidência de insetos-praga?
13

Por este motivo, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da calagem,
adubação mineral e inoculação das sementes com rizobactérias na incidência de insetos-praga
em dois cultivares de feijão-caupi no Nordeste Paraense.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Origem, história e botânica do feijão-caupi
O centro de origem do feijão-caupi é o continente africano, a partir do qual expandiu-se
pelo mundo (MOSTASSO et al., 2002). No Brasil, foi introduzido em meados do século XVI
pelos colonizadores portugueses na Bahia (FREIRE FILHO, 1988). Atualmente esta cultura é
conhecida vulgarmente como feijão-da-colônia, feijão-de-estrada, feijão-de-praia, na região
Norte do Brasil; feijão-macassar ou feijão-de-corda, na região Nordeste e, feijão-miúdo, na
região Sul (FREIRE FILHO; CARDOSO; ARAÚJO, 1983).
Essa leguminosa é uma dicotiledônea, pertencente à ordem Fabales, família Fabaceae,
subfamília Faboideae, tribo Phaseoleae, subtribo Phaseolineae, gênero Vigna, subgênero Vigna,
espécie Vigna unguiculata (L.) Walp. (MARÉCHAL; MASCHERPA; STAINIER, 1978;
PADULOSI; NG, 1997; SMARTT, 1990; VERDCOURT, 1970).
A espécie apresenta um mecanismo especial de reprodução autógama, denominado
cleistogamia, que consiste na polinização antes da antese, isto é, da abertura do botão floral
(EHLERS; HALL, 1997). Portanto, as abelhas e quaisquer outros polinizadores possuem pouca
ou nenhuma relevância durante o processo de fecundação dos óvulos da flor.
O porte morfológico do feijão-caupi varia bastante, mas os principais são o porte ereto,
semiereto, semiprostrado e prostrado (FREIRE FILHO et al., 2005). Para o cultivo do feijão-
caupi mecanizado, é interessante que as plantas apresentem aspecto compacto e ereto, o que
beneficia o desempenho do processo de colheita mecanizada (FROTA et al., 2000; ROCHA et
al., 2009).

2.2 Produção e importância socioeconômica


Em 2014, os maiores produtores de feijão-caupi foram a Nigéria (2,2 milhões de t),
Níger (1,6 milhões de t) e Burkina Faso (0,6 milhões de t) (CASTELLETTI; COSTA, 2013;
FAO, 2017). No Brasil, os maiores produtores dessa leguminosa são as regiões Norte e
Nordeste (FREIRE FILHO et al., 2011). O estado do Pará, na sagra agrícola de 2017, produziu
27.579 t de feijão-caupi com área colhida de 33.596 ha, o que resultou em produtividade média
de 821 kg ha-1 (SEDAP, 2019). A mesorregião Nordeste Paraense é responsável por 45% da
produção do Pará, o que corresponde a 12.901 t de feijão-caupi (MOREIRA et al., 2017). Nesta
14

região, destacam-se os municípios de Tracuateua (9,79 % da produção), Santana do Araguaia


(8,34 %), Capanema (6,16 %) e Capitão Poço (5,08 %) (SEDAP, 2019).
A produtividade média do estado de Mato Grosso é de 1.000 kg ha-1, muito superior a
produtividade média do Nordeste Paraense, que é de apenas 366 kg ha-1, consequência do baixo
nível tecnológico aplicado no cultivo e da ausência de pesquisas voltadas para região
(MOREIRA et al., 2017).
A cultura apresenta importância socioeconômica nas regiões Norte e Nordeste do Brasil,
pois é fonte de proteínas, ferro, vitaminas, minerais, fibras dietéticas e baixo teor de gordura,
participa consideravelmente da dieta alimentar da população de baixa renda, especialmente de
pequenos produtores familiares que cultivam essa leguminosa (ANDRADE JÚNIOR et al.,
2002; ZILLI et al., 2006).
O cultivo tem-se expandido para a Região Centro-Oeste (FREIRE FILHO et al., 2009),
com plantios empresariais que adotam nível tecnológico suficiente para atingir elevada
produtividade e rentabilidade.
O aumento da produção, seja pelo aumento de produtividade ou pelo aumento da área
plantada, é fundamental para que a demanda da população brasileira possa ser abastecida pela
oferta nacional, que hoje, não cumpre esse papel em períodos de menor safra, o que ocasiona
muitas vezes a importação do produto (ROCHA, 2013).

2.3 Condições climáticas


A faixa de temperatura ideal para o adequado desenvolvimento do feijão-caupi ocorre
entre 18 e 34 ºC e a precipitação mínima exigida pela cultura é de 300 mm (ANDRADE
JÚNIOR et al., 2002). Pouca oferta de água no início do crescimento da cultura implica maior
crescimento radicular, contudo, déficit hídrico próximo ou anterior ao período de floração limita
a produção (ELLIS et al., 1994; FANCELLI; DOURADO NETO, 1997).
Temperaturas elevadas acarretam em abortamento floral, fraco vingamento e retenção
das vagens, além de afetar o número de sementes por vagem (ELLIS et al., 1994; CRAUFURD
et al., 1996). Baixas temperaturas retardam a floração e ciclo biológico da cultura como um
todo (ROBERTS et al., 1978; SUMMERFIELD et al., 1978; LITTLETON et al., 1979; LEITE
et al., 1997).

2.4 Cultivares
A alta variabilidade do feijão-caupi no Brasil é compreendida do ponto de vista que
desde sua chegada, no século XVI, houve tempo suficiente para que manifestasse segregações
15

e mutações que resultaram em novos genótipos (BERTINI et al., 2009; CORREA et al., 2012;
FREIRE FILHO et al., 2011).
De acordo com Freire Filho et al. (2005) o lançamento comercial de novos cultivares de
feijão-caupi, melhor adaptados, mais tolerantes às doenças e pragas, mais produtivos e com
grãos de alto padrão comercial, contribuiu para reduzir o uso de defensivos químicos, os custos
de produção, aumentar a renda do produtor, assim como aumentar também a oferta e a
sustentabilidade do produto no agronegócio, o que garante a segurança alimentar do feijão-
caupi.
O melhoramento genético também tem um papel fundamental nesta cultura, já que visa
elevar a produtividade e a tolerância da planta, em especial contra viroses, assim como, adequar
a morfologia da planta a um determinado sistema de produção (SANTOS et al., 2009). É
essencial que os produtores se atualizem sobre os cultivares e variedades de feijão-caupi
produtivos e tolerantes no mercado, já que o uso de variedades tradicionais é apontado como
um dos motivos do baixo rendimento da cultura no Nordeste (OLIVEIRA et al., 2002).
Os cultivares podem ser classificados quanto ao ciclo agronômico, como superprecoce,
maturidade atingida em até 60 dias após a semeadura; precoce, entre 61 e 70 dias; médio-
precoce, 71-80 dias; médio-tardio, 80-90 dias; e, o ciclo tardio, a partir de 91 dias após a
semeadura (FREIRE FILHO et al., 2005).
O cultivar BRS Maratoã possui hábito de crescimento indeterminado, porte
semiprostrado, cor da flor roxa, nível de inserção das vagens acima da folhagem, peso de 100
grãos igual a 15,5 g, subclasse comercial sempre verde, ciclo de 70-75 dias, resistente ao
mosaico severo do feijão-caupi (Cowpea Severe Mosaic Virus - SCMV), com produtividade
entre 831 e 1.807 kg ha-1 (FREIRE FILHO et al., 2004).
O cultivar BRS Tapaihum possui hábito de crescimento semi determinado, porte ereto,
cor da flor roxa, inserção das vagens acima da folhagem, peso de 100 grãos igual a 19,0 g, ciclo
de 54 dias, com produtividade média entre 1.415 kg ha-1 (SANTOS, 2011).

2.5 Solos, fertilidade e nutrição


A cultura do feijão-caupi desenvolve-se bem em vários tipos de solo, entre os quais,
destaca-se o Latossolo Amarelo (ANDRADE JÚNIOR et al., 2002), caracterizado por boas
condições físicas, isto é, profundidade adequada, porosidade, boa aeração e drenagem
(CARDOSO et al., 2000; OLIVEIRA; CARVALHO, 1988; ROCHA et al., 2001).
16

Contudo, do ponto de vista químico, este solo é ácido, pobre em nutrientes, matéria
orgânica e apresenta toxidez por alumínio, elemento que limita o crescimento das raízes, que
ficam curtas e grossas e tornam a planta mais suscetível a períodos de estiagem.
Os principais entraves da produtividade da cultura estão associados a problemas de
fertilidade do solo, baixo emprego de tecnologias no sistema de produção e o ataque de pragas
e doenças (SALES et al., 1988; MATOS FILHO et al., 2009). De acordo com Medeiros Filho
e Teófilo (2005) sementes de baixa qualidade, não tratadas, acarretam baixa densidade de
plantas e consequente redução da produção com menores benefícios financeiros.
O nitrogênio (N) é um elemento constituinte dos ácidos nucleicos, aminoácidos,
proteínas e da clorofila, que é responsável pela captação da energia solar durante a síntese de
fotoassimilados (MARTINS; MARTINS; BORGES, 2017).
O fósforo (P), embora extraído em menores quantidades é considerado o principal fator
limitante do feijão-caupi (FREIRE FILHO et al., 2005). Este nutriente está relacionado ao
desenvolvimento de pelos radiculares que aumentam os sítios de infecção bacteriana e auxiliam
no processo de nodulação pela transferência de energia na forma de Adenosina Trifosfato
(ATP) (OKELEYE; OKELANA, 1997; OTHMAN et al., 1991).
O potássio (K), por sua vez, é importante no transporte dos glicídios nos vasos
condutores. Logo, baixos teores de K prejudica a relação fonte-dreno na planta, reduzindo o
transporte de fotoassimilados das folhas para os grãos (MARTINS; MARTINS; BORGES,
2017).
Outro nutriente essencial é o cálcio (Ca), pois participa de processos importantes como
a síntese da parede celular, crescimento radicular, osmorregulação e armazenamento de
carboidratos e proteínas (CAKMAK, 2005; MARSCHNER, 2012; TAIZ; ZEIGER, 2008). A
sua absorção é reduzida pelo K e magnésio (Mg) em níveis elevados no solo (MALAVOLTA,
2006).
A calagem tem a finalidade de aumentar o pH do solo, ofertar Ca e Mg em superfície
(0-20 cm), elevar a saturação por base (V %) e reduzir Alumínio (Al) e Manganês (Mn)
trocáveis no solo (CAIRES et al., 2002). Assim, os nutrientes ficam mais disponíveis para serem
absorvidos pela planta, tornando-a mais vigorosa e com maior tolerância ao ataque de insetos-
praga.
Contudo, embora mais tolerante, a planta pode atrair mais insetos-praga por estar mais
nutrida, ou seja, por apresentar elevados teores de N, elemento essencial na síntese de
aminoácidos, principal alimento dos insetos (PANIZZI; PARRA, 1991).
17

2.6 Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN)


A associação do feijão-caupi com organismos fixadores de N mostra-se indispensável,
visto que o Brasil possui solos, geralmente com pouca matéria orgânica e N. Este último, a
planta absorve e exporta consideravelmente para enchimento dos grãos (MELO et al., 2003;
NIELSEN et al., 1993).
A inoculação de sementes de feijão-caupi com estirpes de Rhizobium aumenta a
produtividade da cultura e possibilita, em alguns casos, dispensar parcial ou totalmente o uso
de fertilizantes minerais nitrogenados, o que reduz o custo de produção e auxilia no aumento
do rendimento, bem como ocorre com a soja (FRANCO et al., 2002; HUNGRIA et al., 1999;
RUMJANEK et al., 2005). Além disso, o rendimento de gramíneas é beneficiado quando
cultivadas em sistema de rotação com essas leguminosas (GOMES, 2004; URQUIAGA;
ZAPATA, 2000).
A adequada disponibilidade de P e K no solo é fundamental, pois estes participam de
processos metabólicos dos organismos envolvidos na Fixação Biológica de N (FBN) (DUKE;
COLLINS, 1985; OKELEYE; OKELANA, 1997; BURITY et al., 2000). A deficiência de K
limita a FBN pois afeta a fotossíntese e, portanto, o fornecimento de fotoassimilados da planta
para a bactéria (DUKE; COLLINS, 1985).
A eficiência do feijão-caupi na FBN permite que ele seja introduzido em solos com
baixos teores de matéria orgânica (ZILLI et al., 2006). Pesquisas que visem aumentar a
eficiência da FBN têm contribuído para o aumento da produtividade da cultura, pois o maior
número de nódulos e mais eficiente a atividade da bactéria junto à planta, mais N será
acumulado e convertido em proteína nos grãos (FRANCO et al., 2002).
O pH do solo constitui um dos principais fatores limitantes à FBN em leguminosas,
quanto à multiplicação e à sobrevivência das rizobactérias e à nodulação e à fixação de
nitrogênio (HUNGRIA; VARGAS, 2000; RAZA et al., 2001). A faixa ideal de pH para essas
bactérias ocorre entre 6 e 7, de modo que poucas crescem bem em condições de maior acidez
(GRAHAM et al., 1994; RODRIGUES et al., 2006; ALI et al., 2009).
Dessa forma, a prática da calagem torna-se indispensável, pois pode proporcionar o pH
ideal para a população de bactérias do solo (BAATH et al.,1980), em especial, as do gênero
Bradyrhizobium, elevando a eficiência da FBN.
Conforme Oliveira e Dantas (1988), o feijão-caupi depende do N da semente e do N do
solo até os 20 dias após a emergência e, em condições ideais de solo e planta, é dispensada a
adubação mineral nitrogenada. Porém, deve-se atentar para doses elevadas de N mineral, que
pode prejudicar a FBN (CAMPOS; HUNGRIA; TEDESCO, 2001).
18

2.7 Insetos-pragas
Em geral, a incidência de determinadas espécies de insetos-praga ocorre de acordo com
a idade da planta, ou melhor, conforme seu estádio fenológico (SILVA et al., 2005). Assim, é
possível distribuir os insetos-praga de acordo com a fenologia do feijão-caupi (Figura 1).

Figura 1. Esquema geral da ocorrência de insetos-praga durante o ciclo fenológico de feijão-


caupi.

Insetos-praga
Paquinha Paquinha, Lagarta Vaquinhas, Pulgão, Percevejo, Manhoso,
elasmo, Lagarta- Lagartas Pragas de
rosca, Larvas de desfolhadoras, armazenamento
vaquinha, Vaquinhas, Lagarta das vagens,
Lagartas Mosca-branca,
desfolhadoras, Minador-das-folhas,
Cigarrinha, Pulgão, Percevejo, Manhoso
Mosca-branca,
Minador-das-folhas
Estádio fenológico
Germinação/emergência Emergência-floração Floração-maturação Maturação-colheita
Fase vegetativa Fase reprodutiva
Fonte: adaptado de Andrade Júnior et al. (2002).

O conhecimento acerca desses indivíduos associado ao momento biológico da planta é


essencial para acompanhamento do nível populacional dentro de um plantio, com o intuito de
obter informações que auxiliem na tomada de decisão acerca do manejo das pragas
(ANDRADE JÚNIOR et al., 2002).
Os insetos-praga que atuam sobre a cultura do feijão-caupi podem também ser
esquematizados quanto ao local de ataque na planta: pragas subterrâneas; pragas aéreas (praga
das folhas e pragas de órgãos reprodutivos); e, pragas de grãos armazenados.

2.7.1 Pragas subterrâneas


As pragas subterrâneas são aquelas que atacam as sementes, raízes e o colo da plântula
do feijão-caupi. As de maior destaque e importância econômica são: a paquinha Neocurtilla
hexadactyla (Perty, 1832) (Orthoptera; Gryllotalpidae), broca-do-colo ou lagarta elasmo
Elasmopalpus lignosellus (Zeller, 1848) (Lepidoptera: Pyralidae) e a lagarta-rosca Agrotis
ipsilon (Hufnagel, 1776) (Lepidoptera: Noctuidae).
19

Ninfas e adultos da paquinha atacam as raízes das plantas, especialmente recém-


emergidas, que ainda se encontram tenras, ao passo que aquelas plantas mais desenvolvidas
apresentam sistema radicular mais resistente. Solos úmidos favorecem o ataque do inseto e o
seu controle deve ser realizado com sementes tratadas com inseticidas ou com aplicação de
defensivos no colo da planta (ANDRADE JÚNIOR et al., 2002).
A broca-do-colo quando pequena raspa ligeiramente o tecido superficial da folha, no
segundo instar, por sua vez, perfura o colo da planta e cria uma galeria no caule, que resulta
inicialmente em murcha discreta e culmina com o tombamento da planta (QUINTELA e
NEVES, 1991).
O ataque da lagarta-rosca difere da broca-do-colo por ocasionar o seccionamento do
caule do feijão-caupi que ocasiona diminuição acelerada da densidade plântulas/ha. De dia, ela
fica sob o solo, próximo as plantas atacadas, pela noite emerge para alimentar-se de outras
plantas (OLIVEIRA et al., 1998).

2.7.2 Pragas da parte aérea


Considera-se insetos-praga da parte aérea aqueles que atuam acima do colo da planta e
atacam ramos, folhas, flores, vagens e grãos.
2.7.2.1 Pragas das folhas
Os principais insetos-praga de importância econômica que atacam as folhas do feijão-
caupi são: as vaquinhas Diabrotica speciosa (Germar, 1824) e Andrector arcuatus (Olivier,
1791) (Coleoptera: Chrysomelidae); lagarta-militar Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797),
lagarta-preta-das-folhas S. cosmioides (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae); cigarrinha-
verde Empoasca kraemeri (Ross & Moore, 1957) (Hemiptera: Cicadelidae), B. tabaci
(Gennadius, 1889) (Hemiptera: Aleyrodidae); minador-das-folhas Liriomyza sativae
(Blanchard, 1938) (Diptera: Agromyziidae) (NEVES et al., 2011; OLIVEIRA et al., 1998;
QUINTELA, 2001; QUINTELA; NEVES, 1991).
Na fase vegetativa, inúmeras espécies de lepidópteros ocasionam redução importante da
área foliar em fabáceas como por exemplo: Chrysodeixis includens (Walker, 1858), Anticarsia
gemmatalis (Hubner, 1818) e S. frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae). No
entanto, várias espécies de Spodoptera também atacam vagens na fase reprodutiva e ocasionam
perdas importantes na produção de grãos (CAMARA; FREIRE FILHO, 2001).
Ezedinma (1973) estima que desfolhas acima de 66,6 % em qualquer estádio fenológico
precedente à maturidade, são consideradas severas e diminuem drasticamente o potencial
agronômico do feijão-caupi.
20

O ataque de hemípteros ocasionam sérios prejuízos e perdas de produtividade da cultura,


um dos principais hemípteros responsáveis por este dano é a E. kraemeri (Ross & Moore, 1957).
Ao sugar a seiva estes insetos injetam toxinas que induzem anomalia de caráter sistêmico, os
danos são maiores quando o ataque ocorre a partir do florescimento e continua até a maturação
dos grãos (MORAES et al., 1980; CASTILLO, 2010).

2.7.2.2 Pragas de órgãos reprodutivos


Os insetos-praga que atacam os órgãos reprodutivos do feijão-caupi são de grande
relevância e destacam-se: percevejo-vermelho-do-caupi Crinocerus sanctus (Fabricius,1775)
(Hemiptera: Coreidae), percevejo-pequeno-da-soja Piezodorus guildinii (Westwood ,1837),
Maruca testulalis (Geyer, 1832) (Lepidoptera: Pyraustidae), manhoso Chalcodermus
bimaculatus (Fiedler,1936) (Coleoptera: Curculionidae) (NEVES et al., 2011; OLIVEIRA et
al., 1998; QUINTELA, 2001; QUINTELA; NEVES, 1991).
O manhoso C. bimaculatus é o principal inseto-perfurador na fase reprodutiva, pois
ataca as vagens no campo, com danos econômicos comprometedores, principalmente em áreas
com histórico de infestação com cultivo sucessivo de feijão-caupi (SANTOS; QUINDERÉ,
1988). Além disso, as larvas desse coleóptero desenvolvem-se dentro da vagem e consomem
as reservas nutritivas das sementes (LIMA et al., 2009). Os adultos são vetores do vírus mosaico
severo do caupi (CPSMV) quando acometem plantas jovens (QUINTELA; NEVES, 1991;
LIMA et al., 2005).
Silva et al. (1998) avaliaram o comportamento de alguns cultivares de feijão-caupi sob
incidência de pragas com auxílio do pano-branco durante todo o ciclo da cultura e observaram
que os cultivares IPA 203 e EMAPA 822 foram os mais atacados por percevejos, ao passo que
os cultivares IPA 202 e IPA 204 foram os mais danificados por lagartas e vaquinhas. As
espécies que ocorreram com maior frequência no referido estudo foram A. gemmatalis (Hübner,
1818) (Lepidoptera: Noctuidae), Nezara viridula (Linnaeus, 1758) (Hemiptera: Pentatomidae),
Euchistus herus (Fabricius, 1798) (Hemiptera: Pentatomidae), Cr. sanctus (Fabricius, 1775)
(Hemiptera: Coreidae) e A. arcuatus (Oliver, 1791) (Coleoptera: Chrysomelidae).

3 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido, de julho a outubro de 2018, na área experimental da
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Campus de Capitão Poço-PA, na
microrregião do Guamá, nas coordenadas geográficas de 01º44’47’’ S e 47º03’34’’ O.
21

O município apresenta temperatura média anual de 26,2 °C, clima tipo Am, conforme a
classificação de Koppen, precipitação anual em torno de 2.500 mm e umidade média de 82 %
(SCHWART, 2007; SILVA et al., 2011). A principal classe de solo é o Latossolo Amarelo
distrófico, de textura franco-arenosa, com boa aeração, drenagem e profundidade (VELOSO et
al., 2001).
Anteriormente à instalação do experimento, foi realizada a amostragem de solo na
camada de 0-20 cm de profundidade, para caracterização física (Tabela 01) e química do solo
(Tabela 02).

Tabela 1. Análise granulométrica do solo.

Profundidade Granulometria (g/kg)

(cm) Areia Silte Argila

0-20 834 46 120

Fonte: autores.

Tabela 2. Análise química do solo (0-20 cm).


pH P K Na Al Ca Mg H+Al CTC Saturação

Total Efetiva Base Alumínio


Água --- mg/dm3 --- -------------- cmolc/dm3 --------------
cmolc/dm3 V% m%

5,11 2 21 13 0,55 0,34 0,11 3,97 4,53 1,11 12,36 49,53

Fonte: autores.

A calagem foi realizada manualmente com aplicação superficial de calcário agrícola


dolomítico (PRNT=92 %), 30 dias antes do plantio para garantir a neutralização do alumínio.
A quantidade aplicada (0,51 t/ha) baseou-se na análise de solo (Tabela 2) e no método da
neutralização do alumínio, indicado para cultura do feijão-caupi (CRAVO et al., 2007). Uma
vez realizada a aplicação manual, o calcário foi incorporado a 20 cm de profundidade com
auxílio de uma grade de 32 discos acoplada a um trator New Holland TL75E (Figura 2).
22

Figura 2. Aplicação do calcário. A e B) aplicação manual do calcário; C) Calcário distribuído


homogeneamente nos tratamentos; D) Incorporação mecanizada do calcário no solo a 20 cm de
profundidade.

A B

C D

Fonte: autores.

Os cultivares de feijão-caupi utilizados foram o BRS Maratoã (“Sempre Verde”) e BRS


Tapaihum (“Traquá”). As sementes do cultivar Sempre Verde foram obtidas de um produtor
local de Capitão Poço-PA, enquanto que as sementes do cultivar Traquá foram obtidas de um
produtor da localidade de Tracuateua-PA (Zona Bragantina). Antes do plantio, realizou-se um
teste de emergência para verificar o poder germinativo, cujo resultado foi de 85 e 87 % para
Sempre Verde e Traquá, respectivamente.
A inoculação das sementes foi realizada com Bradyrhizobium spp. Para isto, as
sementes foram colocadas em solução (água e inoculante) durante 30 min e posteriormente
foram secas à sombra. Foram utilizadas 450 sementes para cada parcela experimental, sendo
que 24 parcelas representavam os tratamentos com inoculante. Assim, 10.800 sementes foram
inoculadas. Para tanto, fez-se a pesagem de 100 sementes (15,5 g), e estimou-se a quantidade
necessária do inoculante (16,74 mL). O produto utilizado foi o TotalNitro Feijão-caupi
23

fabricado pela TOTAL BIOTECNOLOGIA. A recomendação da empresa é de 100 mL/10 kg


de sementes.
A semeadura ocorreu no dia 29/07/2018, de forma manual, com espaçamento de 0,6 m
x 0,2 m, com 3 sementes por cova, para ambas cultivares. As covas foram abertas com auxílio
de uma haste de madeira de 1,2 m de comprimento por 0,05 m de largura e 0,05 m de espessura,
com base pontiaguda e interceptado por uma ripa de 10 cm x 5 cm x 2 cm a 3 cm da base, cuja
finalidade foi padronizar a profundidade de semeadura (Figura 3).
Para auxiliar na abertura das covas e na semeadura, desenhou-se uma grade formada por
duas ripas de madeira de 3,6 m, perfuradas a cada 0,6 m. Assim, foram inseridos fios de 5 m,
subdivididos por uma fita crepe branca, com espaçamento de 0,2 m, de forma a caracterizar o
gabarito das covas de cada parcela experimental com maior precisão.

Figura 3. Semeadura. A e B) Grade desenhada para auxiliar a semeadura; C) Formato das


hastes de madeira para abrir as covas. 1= ripa de madeira que prende os 5 fios com marcas de
fita crepe; 2= fios de barbante separados a 0,6 m; 3= fita crepe que marca o local de semeadura.

A B

3
2

Fonte: autores.
24

Posteriormente, uma vez emergidas as plântulas procedeu-se o desbaste, cuja finalidade


foi retirar a planta menos vigorosa e deixar duas plantas por cova.
O experimento foi conduzido em esquema fatorial 2 x 6 (2 cultivares x 6 níveis de
fertilidade), com delineamento em blocos ao acaso (DBC), com parcelas subdivididas e 4
repetições (Figura 4). Cada parcela experimental teve uma dimensão de 18 m² (5 m x 3,6 m),
com 6 linhas de plantio e um total de 300 plantas.

Figura 4. Croqui do experimento conduzido em esquema fatorial 2x6, em blocos ao acaso


(DBC), com parcelas subdivididas e 4 repetições.

Fonte: elaborado pelos autores.

Os níveis de fertilidade (NF) do adotados no estudo foram os seguintes:


• NF 1: Testemunha (condições naturais de como o solo se encontrava);
• NF 2: Adubação com P, K, calagem e Inoculação das Sementes com
Rizobactérias (ISR);
• NF 3: Adubação com P, K e ISR;
• NF 4: Adubação com N mineral, P, K e calagem;
• NF 5: Adubação com P, K e calagem;
• NF 6: Adubação com N mineral, P, K, calagem e ISR.
Nos tratamentos com P e K, a aplicação foi realizada logo após a semeadura, enquanto
que nos tratamentos que receberam N mineral de cobertura, este foi aplicado 25 dias após o
plantio. Os fertilizantes utilizados foram a ureia (45 % de N), superfosfato simples (18 % de
P205) e cloreto de potássio (58 % de K2O).
25

Na adubação de semeadura a dose aplicada foi de 70 kg/ha de P205 e 60 kg/ha de K20,


este último parcelado em duas aplicações. As pesagens foram realizadas no Laboratório de
Engenharia da Irrigação (LEI) da UFRA com balanças analíticas. Assim, cada dose individual
foi colocada em uma sacola plástica para garantir a uniformidade da aplicação do fertilizante
de 4,7 e 0,6 g/cova de superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente. Na adubação
de cobertura, aplicou-se 20 Kg/ha de N, com 0,6 g/cova, e a segunda aplicação de K, com 0,6
g/cova (Figura 5).
As necessidades hídricas das plantas do experimento foram supridas com auxílio de fitas
“santeno”, em intervalos de três dias no estádio vegetativo e todos os dias no período
reprodutivo, conforme a demanda biológica da cultura. A lâmina de irrigação ofertada foi de
6,6 L m-2 em 1 h.

Figura 5. Adubação mineral. A) Pesagem dos adubos em balança analítica; B) Colocação da


dose pesada em sacolas plásticas; C) Sacolas com as doses por tratamento; D) Aplicação das
doses individualizadas em campo.

A B

C D

Fonte: autores.
26

As variáveis avaliadas ao longo da pesquisa foram relacionadas com diversidade e


abundância de espécies de insetos-pragas relacionadas a cada tratamento.
A avaliação dos insetos-praga foi realizada da seguinte forma:
Nos primeiros dias de desenvolvimento da cultura os insetos foram avaliados
visualmente com uma tabela de presença e ausência (fases V0–V3 da cultura). Contudo, no caso
de besouros perfuradores, para estes estágios, as suas populações foram quantificadas com
auxílio do pano de batida.
Posteriormente, para o monitoramento das pragas que atacam os estágios seguintes do
crescimento vegetativo e a fase reprodutiva, procedeu-se com a metodologia do pano-de-batida
de cor branca de dimensões 1 m x 0,5 m, preso a duas hastes de madeira de 0,5 m (BOYER;
DUMAS, 1963). Este pano foi estendido em cada parcela experimental, entre duas fileiras (3º
e 4º) de plantio com feijão-caupi, de modo que 10 plantas fossem alcançadas e amostradas. As
plantas da área compreendida pelo pano foram sacudidas vigorosamente sobre este com o
intuito de provocar a queda dos insetos e assim poder quantificá-los.

Figura 6. Monitoramento dos insetos praga. A) Colocação do pano-de-batida entre as fileiras


da cultura; B) Contagem de insetos sobre o pano-de-batida; C) Recipientes de vidro com álcool.

A B

Fonte: autores.
27

Os insetos coletados no pano de batida foram contabilizados e imediatamente


transferidos para recipientes de vidro com álcool a 70 %. Esse procedimento foi realizado em
cada parcela, semanalmente (Figura 6). Posteriormente, os insetos coletados foram
identificados conforme a literatura especializada (SCHWERTNER; GRAZIA, 2006, 2007).
As fases imaturas dos insetos capturados durante as amostragens foram colocadas em
recipientes de plástico de 500 mL com papel absorvente na base para evitar o excesso de
umidade e vedados com tecido voal preso com uma liga elástica, depois levados ao laboratório
para serem observados, com o intuito de obter a fase adulta, para então identificá-los.
Adotaram-se os níveis de controle de Quintela (2001), propostos para o controle de
pragas no feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.).
Os dados foram submetidos aos testes de normalidade (teste de Shapiro-Wilk =
0,09>0,05) e homocedasticidade (teste de Levene = 1,1>0,05).
Finalmente, realizou-se a análise de variância dos dados coletados e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05), mediante utilização do software agroestat versão
1.1.0712.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No total, foram coletados 338 espécimes de insetos associados a dois cultivares de
fejião-caupi. As seguintes espécies foram identificadas: Chinavia ubica (Rolston, 1983)
(19/338 = 5,62 % do total contabilizado); Piezodorus guildinii (Westwood, 1837) (28/338 =
8,28 %); Euschistus heros (Fabricius, 1798) (3/338 = 0,89 %); Empoasca kraemeri (Ross &
Moore, 1957) (Hemiptera: Pentatomidae) (66/338 = 19,53 %); Ceresa sp. (Hemiptera:
Cicadellidae) (26/338 = 7,69 %); Andrector arcuatus (Olivier, 1791) (Coleoptera:
Chrysomelidae) (67/338 = 19,82 %); Liriomyza sp. (Diptera: Agromyzidae) (4/338 = 1,18 %);
Calcodermnus bimaculatus (Fiedler, 1936) (1/338 = 0,30 %); Omiodes indicata (Fabricius,
1775) (3/338 = 0,89 %) e outros (121/338 = 35,8 %), as quais, com exceção de Ch. ubica, tem
registos prévios para o feijão-caupi no Brasil e outras regiões produtoras (NEVES et al., 2011;
OLIVEIRA et al., 1998; QUINTELA, 2001; QUINTELA; NEVES, 1991).
Schwertner e Grazia (2007) relatam que Ch. ubica (percevejo-verde) tem sido criada em
condições de laboratório em V. unguiculata, porém relatos prévios desta espécie como inseto-
praga no Brasil somente existem para a cultura da soja (HOFFMANN-CAMPO et al., 2000).
Quintela e Neves (1991) relataram o gênero Acrosternum para a cultura do feijão-caupi
no estado de Goias. Este fato permite inferir que provavelmente espécies do gênero Chinavia
28

tinham sido identificadas de forma errada dentro dos gêneros Nezara ou Acrosternum os quais
apresentam espécies com caracteristicas externas similares.
Verificou-se que houve interação significativa entre os cultivares de feijão-caupi e os
níveis de fertilidade, em relação ao número de insetos-praga (Tabela 3).
Tabela 3. Análise de variância do número de insetos-praga em função dos cultivares e níveis
de fertilidade do solo.

Causa de variação GL SQ QM F P
Efeito cultivar (A) 1 14,083 14,083 0,96NS 0,3347
Efeito níveis fertilidade (B) 5 742,916 148,583 10,11** 0,0001
Efeito interação AxB 5 399,666 79,933 5,44** 0,0009
Tratamentos 11 1156,666 - -
Blocos 3 75,166 25,055 1,71NS 0,1849
Resíduo 33 484,833 14,691 -
Total 47 1716,666 - -
**Significativo a 1 % de probabilidade (p<0,01) pelo teste F e NS Não significativo.

Figura 7. Interação entre níveis de fertilidade e cultivares de feijão-caupi sobre a incidência de


insetos-praga.

20 Aa
Aa
18 Aa
16
Aab Aab
Número de insetos-praga

14 Aab
12 Aab
10 Aab BRS Tapaihum
8 Ab
Abc Abc BRS Maratoã
6
4 Bc
2
0
NF1 NF2 NF3 NF4 NF5 NF6
Níveis de fertilidade
CV (%) = 35,9
NF1 = Testemunha; NF2 = Adubação P, K, e calagem e ISR; NF3 = Adubação P, K e ISR; NF4 = Adubação N,
P e K, e calagem; NF5 = Adubação P e K, e calagem; e, NF6 = Adubação N, P e K, calagem e ISR.
Médias dos níveis de fertilidade dentro dos cultivares, na cor preta ou cinza, seguidas por letras iguais e
minúsculas, não diferem pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade (p<0,05).
Médias dos cultivares dentro dos níveis de fertilidade, nas colunas adjacentes, seguidas por letras iguais e
maiúsculas, não diferem pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade (p<0,05).
29

Em relação aos níveis de fertilidade do solo, houve diferença significativa entre as


cultivares apenas para a testemunha (NF1), em que o cultivar Maratoã apresentou a menor
média para número de insetos-praga (Figura 7). Ou seja, a maior ou menor incidência de
insetos-praga para solos não adubados (NF1) depende do cultivar, o que não acontece para o
solo que tem sua fertilidade corrigida pela calagem e adubação.
A baixa incidência de insetos-praga poderia estar relacionada à menor quantidade (em
média 210 plantas sobreviveram) e qualidade do cultivar Maratoã, visto que a maioria das
plantas de cada parcela no NF1 morreu e, as que sobreviveram não estavam bem nutridas,
apresentavam algum tipo de anomalia e poucas chegaram à maturidade e, portanto, houve pouca
atração. Contrariamente, aconteceu com o cultivar de feijão-caupi Tapaihum, cujas plantas
foram capazes de tolerar as condições edáficas e apresentaram maior incidência de insetos-
praga.
Assim, a baixa densidade de insetos-praga contabilizados não está relacionada à
preferência deles a um determinado cultivar, mas sim, à pouca tolerância ao déficit nutricional
do cultivar Maratoã que foi afetado severamente pelas condições edáficas, dado que solos
ácidos prejudicam o crescimento das raízes e reduzem a disponibilidade de nutrientes como N,
K e Ca. O K, por exemplo, atua no crescimento do meristema e na expansão celular das plantas,
envolvido, portanto, no alongamento celular e na concentração deste elemento nas folhas, ao
passo que o Ca participa, por exemplo, na síntese da parede celular e do crescimento radicular
(CAKMAK, 2005; TAIZ; ZEIGER, 2008).
Os aspectos da planta, desde o ponto de vista nutricional, ditam a extensão do impacto
do alimento na biologia do inseto, o que pode resultar em morte dos imaturos, redução das taxas
de crescimento, aumento da mortalidade de pupas, origem de adultos menores com fecundidade
e tempo de vida reduzido e insetos deformados com comportamento anormal (PEDIGO, 2002).
Em relação ao cultivar Tapaihum, este apresentou efeitos significativos entre os níveis
de fertilidade NF2 e NF6, com maior e menor média para a variável resposta, respectivamente
(Figura 7). Infere-se que a incidência de insetos-praga dependeu do nível de fertilidade do solo,
que foi superior para o tratamento que não recebeu adubação nitrogenada mineral. Embora, a
inoculação seja responsável por 40-90 % do N absorvido na planta de feijão-caupi
(RUMJANEK et al., 2005).
O cultivar Maratoã, por sua vez, obteve efeitos estatisticamente iguais para o NF2, NF4
e NF6, os quais apresentaram médias superiores e diferentes do NF1, que apresentou menor
incidência de insetos-praga relacionada à morte das plantas por não tolerarem as condições de
solo e não por ser menos preferida como substrato para alimentação do insetos-praga.
30

Para esses tratamentos (NF2, NF4 e NF6) a correção do pH e o suprimento de N


(inoculado ou mineral) permitiu o melhor aproveitamento dos nutrientes pelas plantas,
tornando-as mais desenvolvidas, nutritivas e atrativas aos insetos-praga. Porém, houve baixos
níveis populacionais das pragas, que não atingiram o nível de controle para nenhuma das
espécies relatadas.
De acordo com Oliveira et al. (2003), é de suma importância realizar estudos com várias
cultivares, pois o feijão-caupi possui elevada variabilidade genética e pode apresentar
diferenças biométricas e produtivas. Além disso, pode constatar-se maior ou menor tolerância
a insetos-praga e doenças entre os cultivares o que contribui para o melhor manejo desta
leguminosa.
O emprego da tolerância varietal é considerado um método ideal para o manejo
integrado de insetos-pragas, pela possibilidade de manter a população de insetos abaixo do nível
de dano econômico, sem interferir no meio ambiente e em outras práticas agrícolas,
constituindo-se como uma das práticas mais eficientes, econômica e ecologicamente
(PAINTER, 1951; PEDIGO, 2002; SMITH, 2005; VENDRAMIM; GUZZO, 2009).
Observou-se o comportamento da dinâmica populacional das espécies-praga mais
abundante nos dois cultivares durante o desenvolvimento das plantas (Figura 8). Os níveis
populacionais das mesmas foram similares em ambos os cultivares. No entanto, se evidencia
um número levemente maior de insetos no cultivar Maratoã (CM) do que no cultivar Tapaihum
(CT), para A. arcuatus e P. guildinii.

Figura 8. Dinâmica populacional dos principais e mais abundantes insetos-praga no feijão-


caupi.

35

30
Número de insetos-praga

25 A. arcuatus CT
A. arcuatus CM
20
E. kraemeri CT
15 E. kraemeri CM
10 P. guildinii CT
P. guildinii CM
5

Fase Vegetativa Fase Reprodutiva


Amostragens

CT = cultivar BRS Maratoã; CM = cultivar BRS Tapaihum


Fonte: elaborado pelos autores.
31

Com relação a Emp. kraemeri, esta praga teve comportamento semelhante em ambos
cultivares ao longo das amostragens, porém apresentou um pico populacional na 5ª amostragem
(final da fase vegetativa). No entanto, de forma súbita, esta alça populacional aparentemente
foi regulada por fatores bióticos e abióticos. Na figura 9 pode-se observar os principais insetos-
praga amostrados ao longo dos ciclos dos cultivares de feijão-caupi.

Figura 9. Espécies de insetos-praga de importância econômica no feijão-caupi. A) Chinavia


ubica; B) Piezodorus guildinii; C) Euchistos heros; D) Empoasca kraemeri; E) Ceresa sp.; F)
Andrector arcuatus; G) Liriomyza sp.; H) Omiodes indicata.
A B

C D

E F

G H

Fonte: Francisco j. Sosa-Duque.


32

5 CONCLUSÕES
Foram encontrados registros locais dos insetos-praga coletados e identficados para
culturas fabáceas no estado do Pará, à exceçã de Ch. ubica, o que pode estar vinculado à
identificação errônea da espécie como Nezara ou Acrosternun, por serem ambos os gêneros
muito parecidos externamente.
Para ambos os cultivares utilizados no experimento, a abundância das espécies foi
relativamente baixa e não atingiu os níveis de controle. Assim, serão necessários novos estudos
de campo para estabelecer comparações mais precisas sobre o comportamento das pragas em
diferentes níveis de fertilização do solo, assim como, para recomendar um ou outro tipo de
cultivar sob as condições que foram testadas no presente trabalho.
Não foram encontrados relatos bibliográficos que indiquem que a fertilização
nitrogenada mineral associada a rizobactérias estimulem à resistência de plantas a insetos.
Assim, será necessário realizar novos estudos para avaliar este comportamento.
A incidência de insetos-praga independe do cultivar, ou seja, a população é a mesma
para BRS Maratoã e BRS Tapaihum.
Para ambos cultivares, os níveis de fertilidade influenciaram a população de insetos-
praga, que foi maior quando houve suprimento adequado de N (mineral ou via rizobactérias)
associado à calagem.

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