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TÉCNICAS DE INSPECÇÃO E ANÁLISE

APLICADAS A REVESTIMENTO CERÂMICO


DE FACHADAS1

Ambrósio J. Carlos
ambrosio.carlos@ua.pt (37427)
Carlos Fabricio Andrade Galvão
fabrício@ua.pt ((39775)
Universidade de Aveiro –UA
Mestrado em Engenharia Civil – Patologia das Construções

RESUMO

Este trabalho tem como objectivo servir de roteiro para discentes e profissionais da área
de patologia das construções, no que tange aos procedimentos e recomendações a serem
adoptadas nos estudos de patologias de revestimentos cerâmicos de fachadas. Tal
interesse é justificado pelos inúmeros casos constatados actualmente de tais patologias
em diversas construções, levando inclusive a necessidade de peritagens, que assim
sendo, devem obedecer roteiros de trabalho rigorosos e que resultam também em
trabalhos laboratoriais. Propõe-se a utilização do método de correlação de matrizes como
ferramenta neste processo.

Palavras-chave: Patologia de fachadas. Técnicas inspecção. Revestimentos Cerâmico.


Correlação de Matrizes

ABSTRACT

This paper aims to serve as guidance for students and professionals in the field of
pathology of the buildings, with respect to the procedures and recommendations to be
adopted in studies of pathologies ceramic tile facade. This interest is justified by
numerous instances recorded of such conditions present in several buildings, including
taking the need for expertise, which therefore must satisfy strict scripts work and that
also result in lab work. Also intends to use the method of correlation matrices as a tool in this
process.

1 INTRODUÇÃO

1
Este artigo foi apresentado e entregue como parte do processo avaliativo da disciplina Patologia das Construções, do ano lectivo
2009/2010 do Mestrado (licenciatura 2º ciclo) em Engenharia Civil da Universidade de Aveiro
Com os inúmeros casos de patologias em fachadas com revestimentos cerâmicos
em Portugal e no Brasil, torna-se cada vez mais necessário bibliografias de apoio que
sintetizem os procedimentos e passos mais indicados na inspecção e análise destas
patologias. Diante desta necessidade, objectiva-se neste trabalho trazer de uma forma
concisa as recomendações para facilitar o diagnóstico das anomalias nestes sistemas
construtivos.

Para tal faz-se uma breve revisão do sistema construtivo deste tipo de fachada,
das principais anomalias que abatem sobre este tipo de solução, bem como as causas
destas patologias. Seguidamente se traça o roteiro e se faz recomendações de como
proceder no levantamento dos dados e informações necessárias para uma inspecção
precisa e de sucesso. Por fim propõe-se o uso de um sistema de correlação de matrizes
como ferramenta para facilitar e agilizar o diagnóstico .

2 COMPOSIÇÃO DO SISTEMA DE REVESTIMENTO

O sistema de revestimento de uma fachada é constituído basicamente pelos


elementos indicados abaixo .

Figura 1 : Sistema de revestimento de fachada por argamassa (à esquerda) e


cerâmico (à direita).
(MAIA NETO 2004)

a ) Substrato ou base
É o componente de sustentação dos revestimentos, via de regra formado por
elementos de alvenaria ou estrutura.

b ) Chapisco

Argamassa de preparo de base. Camada destinada a garantir maior aderência do


emboço (massa única) à alvenaria ou estrutura.

c ) Argamassa de regularização

É a camada de transição, aplicada diretamente sobre a base, com a função de


definir o plano vertical e dar sustentação à camada seguinte, o revestimento
propriamente dito. No acabamento final em pintura, esta argamassa pode ser considerada
como “massa única”, cumprindo simultaneamente a função de
emboço e reboco. No acabamento final em revestimentos cerâmicos ou rochas
ornamentais, esta camada é definida como emboço.

d ) Argamassa de assentamento do revestimento

Trata-se da argamassa de assentamento das peças. Normalmente, quando se


aplicam peças de revestimento em fachadas, esta camada é formada por argamassas
colantes.

e) Placa de revestimento

É o revestimento em si, podendo ser do tipo cerâmico ou em rochas ornamentais


ou naturais.

f) Juntas de movimentação

São juntas com posicionamento escalonado ao longo do revestimento cerâmico,


que são aprofundadas desde a superfície até a base, preenchidas com materiais
resilientes, e com a função de dividir o pano cerâmico extenso em panos menores e
absorver as tensões geradas por movimentações da estrutura e dos panos cerâmicos que
estas juntas delimitam.

g) Junta de assentamento

É a separação existente entre as peças, cuja função é a de absorver as tensões


geradas pelas dilatações termo-higroscópicas sofridas pela peça cerâmica.

3 ORIGENS DAS PATOLOGIAS

Segundo (MAIA NETO 2004) as patologias registadas em revestimentos


apresentam-se de diversas formas, todas elas resultando na impossibilidade de
cumprimento das finalidades para os quais foram concebidos, notadamente no que se
refere aos aspectos estéticos, de protecção e de isolamentos.

3.1 Destacamentos

É a ocorrência mais frequente de patologia deste tipo de revestimento, sendo as


causas mais comuns a excessiva dilatação higroscópica do revestimento cerâmico, a
inexistência de juntas de movimentação, falhas no assentamento das peças e deficiência
ou, até mesmo, falta de juntas.

A questão relativa à execução de juntas de deslocamentos horizontais ou verticais


deve ser estudada na fase de projecto, permitindo o alívio das tensões geradas pelas
movimentações da parede e do revestimento, devido à variação de temperatura ou
deformação da estrutura (admitindo-se que a junta de assentamento absorve as tensões
oriundas da dilatação higroscópica que a peça pode apresentar).
Trabalhos técnicos realizados no Brasil e em outros países recomendam regras para
dimensionamento destas juntas, que são resumidas no quadro a seguir:
Tabela 1: Dimensionamento de juntas de movimentação em diversos países.
(Granato 2009)/(ABNT 1996)

Para as juntas de assentamento, aquelas situadas entre as peças cerâmica,


recomenda-se uma largura adequada, sendo esta dimensionada em função da resiliência
da argamassa utilizada para o preenchimento da junta.

Cabe ainda analisar as patologias resultantes de deficiências de assentamento,


especialmente no que se refere à configuração do tardoz (face posterior da peça), que
pode apresentar uma superfície lisa, com reentrâncias ou em garras. Observa-se que
garras poli-orientadas no tardoz se apresentam como elemento bastante favorável em
cerâmicas para fachadas, uma vez que esta característica aumenta a resistência às tensões
de cisalhamento a que as peças estarão submetidas.

Com relação à argamassa de assentamento, o mais comum é a utilização das


argamassa colantes, sendo que, especificamente no caso de fachadas recomenda-se a tipo
AC-II (também conhecidas como argamassa colantes flexíveis ou com adição
polimérica). Estas argamassas requerem um tempo de espera mínimo à partir da mistura
do produto com água (geralmente, da ordem de 15 minutos), sendo fundamental a
observação do tempo em aberto, que corresponde ao intervalo de tempo em que a
argamassa colante pode ficar estendida sobre o emboço sem que haja perda de seu poder
adesivo.
Para as argamassas tipo AC-II o tempo em aberto deve ser de no mínimo 20
minutos, sendo que este pode ser verificado “in loco” durante o assentamento do
revestimento cerâmico. A verificação das seguintes situações indica tempo em aberto
excedido :
i) observação de película esbranquiçada brilhante na superfície da
argamassa;
ii) toque da argamassa colante com as pontas dos dedos e não ocorrência de
sujidade nos mesmos e;
iii) arrancamento de uma cerâmica recém assentada e a não verificação de
grande impregnação da área do tardoz por argamassa colante.

É importante também que após sua mistura a argamassa seja totalmente utilizada
num período inferior a 2 horas e 30 minutos. No assentamento de peças cerâmicas com
dimensões superiores a 20 x 20 cm, recomenda-se a aplicação da argamassa também em
seu tardoz (além da já aplicada no emboço com a utilização da desempenadeira denteada
metálica). O arraste da cerâmica proporcionando o rompimento dos cordões da
argamassa colante e a posterior percussão eficiente
da peça garantem maior estabilidade do assentamento, uma vez que aumenta a área
colada.

O não respeito a estas recomendações podem estar directamente relacionadas


com patologias que têm sua origem na execução do revestimento.

Figura 2: Destacamentos.
(Dumêt 2006)
3.2 Eflorescências

É um fenómeno muito comum em fachadas com revestimento de peças cerâmicas


ou rochas ornamentais, alterando a aparência da superfície devido a se manifestar,
geralmente, através de líquido esbranquiçado que escorre pelo revestimento podendo
causar desagregação do revestimento e/ou falta de aderência entre camadas
do revestimento. A ocorrência desta patologia está ligada ao teor de sais solúveis
existentes nos materiais componentes do revestimento, à presença de água e da pressão
necessária para que o composto atinja a superfície.

Figura 3: Eflorecências.
(Dumêt 2006)

3.3 Fissuras

As fissuras nos revestimentos podem estar associadas a sua incapacidade de


absorver as movimentações da estrutura que reveste (oriundas de carregamentos diversos
ou ação de vento), bem como a técnica executiva utilizada, características e dosagem dos
materiais constituintes.

i) fissuras relacionadas ao recobrimento insuficiente do concreto (uma


menor camada de recobrimento pode permitir a penetração de gases que
podem reduzir o pH do betão, comprometendo a proteção química que
este fornece ao aço e, como a oxidação deste último ocorre com
significativo aumento de volume, estas tensões são transmitidas ao
revestimento final) e;

ii) fissuras relativas à execução da alvenaria (fissuras que ocorrem na região


de transição viga/alvenaria, também fissuras devido a reações expansivas
da argamassa de assentamento dos elementos de alvenaria ocasionadas
pela utilização de argilominerais expansivos, cal com elevado teor de
óxidos não hidratados ou reações expansivas cimentos/sulfatos e ainda
fissuras relacionadas à ausência ou mal dimensionamento de vergas e
contra-vergas gerando concentrações de tensões nos cantos das janelas).

Figura 5: Fissuras em revestimento cerâmico


(Dumêt 2006)

3.4 Manchas

Normalmente provocadas pelas infiltrações de água, devido a sistemas de


impermeabilização deficientes, as manchas podem se manifestar sob forma de
eflorescências (discutidas anteriormente), bolor (manchas esverdeadas ou escuras,
comuns em áreas não expostas à insolação) ou mudanças de tonalidade dos
revestimentos. Frequentemente estão associadas aos descolamentos, à desagregação dos
revestimentos e à má aderência entre camadas distintas de revestimentos.
Figura 6: Manchas por infiltração
(Dumêt 2006)

4 PRINCÍPIOS GERAIS DE DIAGNÓSTICO

Segundo (MAIA NETO 2004) perante a ocorrência de anomalias na construção,


o estabelecimento de um diagnóstico correcto é uma tarefa fundamental para conseguir a
sua resolução. Esta poderá corresponder à eliminação da causa ou causas ou, no caso de
estas não serem removíveis, à adequação da construção ou de alguns dos seus elementos
aos efeitos das acções actuantes, na perspectiva de melhorar a situação, embora por
vezes se tenha de aceitar que exista uma solução integral para o problema.

Em termos teóricos, fazer um diagnóstico deveria corresponder a operar com um


modelo de comportamento da construção em que as relações entre causas e efeitos
estivessem perfeitamente estabelecidas. Nesse caso, feito o levantamento dos sintomas
(efeitos), tal modelo identificaria univocamente as correspondentes causas, ou vice-
versa.

Actualmente, existem iniciativas para a criação desses moledos, como o caso da


plataforma PATORREB- www.patorreb.com. No entanto ainda não é possível dispor,
desde logo, de toda a informação necessária para operar e isto mesmo nos casos, mais
favoráveis, em que fosse possível a utilização de sub-modelos mais simples. Pelos
motivos apontados, uma longa experiencia profissional associada a uma sólida formação
de base consideram-se requisitos indispensáveis das pessoas encarregues de fazer o
diagnóstico de situações anómalas.

A validade de um diagnóstico só é normalmente certificável “a posteriori” ou


seja: quando à eliminação das causas patológicas corresponda o desaparecimento, ou
paragem, da progressão dos seus efeitos indesejados. A lentidão de muitos fenómenos
inerentes ao comportamento das construções, associada ainda ao carácter cíclico de
alguns outros, faz com que a correcção, ou incorrecção, de um diagnóstico deva ser
apreciada com uma adequada perspectiva temporal.

Um diagnóstico é muitas vezes feito por aproximações sucessivas e recolha de


informação é uma das tarefas básicas a desenvolver de início. Essa recolha consistirá na
análise dos dados antecedentes como se verá nas partes seguintes do presente trabalho.

Reclamação usuário
Inspecções
IDENTIFICAÇÃO
Acções manutenção
DO PROBLEMA
Ensaios feitos durante obra
Entrevistas
Vistoria in situ
Estudos projecto
Verificação bibliográfica

Anamnese
Ensaios laboratório
Ensaios campo
Análise dos Pesquisa bibliográfica
dados

-Geração hipóteses

-Verificação de
relação ,
causa/efeito

É possível NÃO
SIM diagnóstico e
Diagnóstico mas
definição de causas?
preciso, qualificado
e quantificado

Figura 7: Organograma processo diagnóstico


(CONSOLI 2006)
Segundo (Freitas 2009)uma análise prévia dos elementos antecedentes é muito
útil na orientação da informação a recolher no local e é nesta fase que se poderão
manifestar as capacidades do diagnosticador (nomeadamente em termos de experiência e
formação) traduzidas na separação intuitiva, que desde logo fará, entre informação
relevante e não relevante.

O diagnóstico tem sido muitas vezes entendido como sendo a procura e


explicação das causas patológicas, através da observação e análise dos seus efeitos, mas
casos haverá em que as causas (pelo menos as mais próximas) são perfeitamente
conhecidas. Essas são, por exemplo, as anomalias resultantes de um sismo, de uma
explosão, ou da aplicação de sobrecargas excessivas. Em tais casos, em que a
simplicidade do estabelecimento das causas não está necessariamente associada à clareza
do estabelecimento das responsabilidades, o diagnóstico deverá ser dirigido sobretudo
para a análise da situação real da construção, de molde a definir as formas de intervenção
correctiva.

É condição importante para o sucesso de uma intervenção reparadora evitar


posições extremas que ,sugestivamente, se podem designar de “optimistas” e
“pessimistas”. As primeiras correspondem à sobreavaliação das condições (capacidades)
da construção, concluindo pela dispensabilidade de intervenção, quando ela pode ser, na
realidade, necessária e premente. A segunda corresponde, pelo contrário, à subavaliação
das condições (capacidades) da construção, concluindo pela necessidade importantes
intervenções, quando na realidade elas podem ser dispensáveis. Assim a posição
optimista é potencialmente prejudicial para a segurança das pessoas e bens e
possivelmente geradora de custos exagerados a longo prazo, enquanto que a posição
pessimista poderá conduzir ao desperdício de recursos económicos, ou a que se conclua,
precipitadamente, pela inviabilidade económica da intervenção.

Assim, dos elementos que constituem objecto de analise constam:


 Projecto arquitectónico;
 Planta de localização;
 Cadernos de encargos com referência ao materiais aplicados e fabricantes;
 Realização de um inquérito (Vistoria) das partes integrantes da fachada;
 Historia de acontecimentos e intervenções nas fachadas e no edifício em geral;
 Levantamento de patologias (figuras 8 e 9), verificar carácter sistemático das
patologias, registos fotográficos exaustivos;
 Detectar exigências dos utilizadores, visitar fogos-tipo das fachadas mais
degradados;
 Efectuar medidas “in situ” ou em laboratório para caracterizar os materiais
(medição de fissuras, termografia, Carotagens);
 Ensaios técnicos in situ e em laboratório, nomeadamente os de determinação de
aderência à tracção e expansão por humidade;
 Descrição das anomalias, causas de patologias, resultados de sondagens.

Figura 8: Elementos fundamentais a verificar nas fachadas com RCA.


(Roscoe 2008)

Figura 9: Elementos de interface a verificar.


(Appleton 1997)
5 DIAGNÓSTICO DE FACHADAS EM RCA COM USO DE MATRIZES DE
CORRELAÇÃO

Adoptou-se no presente trabalho as matrizes desenvolvidas por (Silvestre and


Brito 2008), que indicam que o sistema mostrado a seguir tem como base 155 inspecções
normalizadas a casos de RCA (revestimento cerâmicos aderentes), resultando alterações
ao sistema que estão reflectidas nas matrizes de correlação.

Segundo (Silvestre and Brito 2008) inicia-se com a identificação das anomalias
que podem ser observadas no sistema. Esta identificação é efectuada utilizando
bibliografia da especialidade e a experiência da observação de vários casos patológicos
neste tipo de revestimentos.

Segundo (Vicente 2008), a utilização de fichas de anomalias, como as


propostas pelo site português www.patorreb.com, é a forma mais fiável e indicada para
facilitar o processo diagnóstico das anomalias, visto que tais fichas trazem indicações
precisas e sintéticas da grande maioria das manifestações patológicas das construções.

Estas anomalias são listadas em seguida (figura 9), resumindo-se os constituintes


do sistema de revestimento afectados por cada uma delas e a classificação de causas.

• D - descolamento e/ou desprendimento dos ladrilhos cerâmicos; o grupo subdivide-se


em:
o D.l_a - a anomalia abrange apenas a camada exterior do sistema de
revestimento (os ladrilhos, respectivas juntas e camada de assentamento), em
termos de consequências
imediatamente observáveis

o D.s - a anomalia abrange todos os constituintes do sistema de revestimento


cerâmico;

• F - fendilhação dos constituintes do RCA indicados em cada caso; o grupo subdivide-se


em:
o F.l_a - a anomalia abrange apenas a camada exterior do sistema de
revestimento (os ladrilhos e respectiva camada de assentamento), em termos de
consequências imediatas;

o F.s - a anomalia abrange todos os constituintes do sistema de revestimento (


• Dt - deterioração limitada aos constituintes do sistema de revestimento cerâmico
indicados, afectando directamente o desempenho destes; o grupo subdivide-se em:

o Dt.l - a anomalia afecta apenas os ladrilhos cerâmicos ;

o Dt.j - a anomalia afecta apenas as juntas do revestimento;

• E.s - anomalias estritamente de ordem estética que afectam os constituintes do sistema


de revestimento, não pondo em causa o seu desempenho.

Figura 9:Elementos do sistema de revestimento afectados por cada anomalia


(Silvestre and Brito 2008)

Figura 10: Classificação de anomalias em RCA proposta


(Silvestre and Brito 2008)
Classificação das causas de anomalias em RCA proposta

C-A ERROS DE PROJECTO


C-A1 escolha de materiais incompatível, omissa, ou não adequada à utilização
C-A2 estereotomia não conforme com as características do suporte
C-A3 prescrição de colagem simples em vez de dupla
C-A4 dimensionamento incorrecto das juntas do RCA
C-A5 inexistência de juntas periféricas, de esquartelamento ou construtivas
C-A6 existência de zonas do RCA inacessíveis para limpeza
C-A7 deficiente cuidado na pormenorização das zonas singulares do RCA
C-A8 inexistência ou insuficiência de pendentes em pavimentos exteriores
C-A9 inexistência ou anomalia dos elementos periféricos do RCA
C-A10 deformações excessivas do suporte
C-A11 humidade ascensional do terreno

C-B ERROS DE EXECUÇÃO


C-B1 utilização de materiais não prescritos e/ou incompatíveis entre si
C-B9 colagem simples em vez de dupla
C-B2 aplicação em condições ambientais extremas
C-B10 utilização de material de assentamento ou de preenchimento de juntas de
retracção elevada
C-B3 desrespeito pelos tempos de espera entre as várias fases de execução
C-B11 preenchimento de juntas sujas
C-B4 aplicação em suportes sujos, pulverulentos ou não regulares
C-B12 execução de juntas com largura ou profundidade inadequada / não execução
C-B5 desrespeito pelo tempo aberto do adesivo
C-B13 preenchimento incompleto das juntas de assentamento
C-B6 espessura inadequada do material de assentamento
C-B14 desrespeito pela estereotomia do RCA
C-B7 contacto incompleto ladrilho / material de assentamento
C-B15 inexistência ou insuficiência de pendentes em pavimentos exteriores
C-B8 assentamento de ladrilhos nas juntas de dilatação do suporte
C-B16 encastramento de acessórios metálicos não protegidos nas juntas

C-C ACÇÕES DE ACIDENTE


C-C1 choques contra o RCA
C-C4 circulação de pessoas ou veículos em pavimentos
C-C2 vandalismo / graffit
C-C5 deformação do suporte
C-C3 concentração de tensões no suporte

C-D ACÇÕES AMBIENTAIS


C-D2 radiação solar
C-D7 acção biológica
C-D3 exposição solar reduzida
C-D8 poluição atmosférica
C-D4 choque térmico
C-D9 criptoflorescências
C-D5 lixiviação dos materiais do RCA que contêm cimento
C-D10 envelhecimento natural

C-E FALHAS DE MANUTENÇÃO


C-E1 ventilação insuficiente em interiores
C-E3 limpeza incorrecta do RCA
C-E2 falta de limpeza do RCA ou de zonas adjacentes
C-E4 anomalias em canalizações
C-F ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕES INICIALMENTE PREVISTAS
C-F1 cargas excessivas em RCA de pavimentos
C-F3 desrespeito pelo tempo de espera até à utilização do RCA de piso
C-F2 aplicação de cargas verticais excessivas em RCA de paredes

Com base nestas classificações pode-se alimentar o sistema de diagnóstico


proposto, o que é feito primordialmente pelas anomalias. Com base nas anomalias
classificadas, as 3 matrizes principais derivam as correlações como mostradas a seguir

5.1 Matrizes de Correlação

Conforme explicitado anteriormente toda a sistemática da inspecção é


fundamentada nas correlações estabelecidas pelas 3 matrizes propostas. Uma das
principais vantagens do sistema é permitir a determinação da simultaneidade das
anomalias, verificando as causas prováveis enunciadas. Este processo facilita bastante o
trabalho do inspector além de tornar o processo diagnóstico mais fiável.

5.1.1 Matriz de correlação anomalias / causas prováveis

Os valores expressos na correlação desta matriz possuem os seguintes


significados:

• 0 - sem relação - não existe qualquer relação directa entre a anomalia e a causa;
• 1 - pequena relação - causa indirecta (primeira) da anomalia relacionada com o

despoletar do processo de deterioração; causa não necessária para o


desenvolvimento do processo de deterioração, embora agrave os seus efeitos;

• 2 - grande relação - causa directa (próxima) da anomalia, associada à fase final

do processo de deterioração; quando a causa ocorre, constitui uma das razões


principais do processo de deterioração e é indispensável ao seu desenvolvimento.

Figura 11: Matriz de correlação anomalias / causas prováveis


(Silvestre and Brito 2008)

5.1.2 Matriz de correlação inter-anomalias

Segundo (Silvestre and Brito 2008), este factor de simultaneidade tem uma
importância extrema para o inspector dado que lhe permite comprovar a ocorrência de
anomalias que têm uma elevada probabilidade de ocorrência em simultâneo com aquela
que está a ser detectada.
Figura 12: Matriz de correlação inter-anomalias .
(Silvestre and Brito 2008)

5.1.2 Matriz de correlação anomalias / métodos de diagnóstico

A principal finalidade desta matriz, (figura 14), é orientar o profissional de


inspecção no sentido de indicar os métodos e equipamentos mais adequados para cada
tipo de anomalia constatada. Com tal matriz pode-se desta forma economizar recursos e
tempo, maximizando o trabalho do inspector, evitando ensaios e observações
desnecessárias que não tem relação com cada caso de estudo.

Os valores da matriz tem a significância mostrada a seguir:

• 0 – sem relação – não existe qualquer relação entre a anomalia e o método de

diagnóstico;

• 1 – pequena relação – método de diagnóstico adequado à caracterização da

anomalia, embora possua limitações, em termos de execução técnica ou de custo,


que reduzem a sua aplicabilidade;
• 2 – grande relação – método de diagnóstico adequado à caracterização de

determinada anomalia, cuja execução é de exigência técnica mínima e cujo


equipamento necessário é acessível, tornando o respectivo domínio de aplicação
mais abrangente.

As técnicas de observação e ensaios seguem a seguinte legenda:

Figura 13: Legenda medições e ensaios .


(Silvestre and Brito 2008)

Figura 14: Matriz de correlação anomalias / métodos de diagnóstico.


(Silvestre and Brito 2008)
6 CONCLUSÃO

Notavelmente percebe-se a primordial importância que as técnicas de inspecção e


diagnóstico possuem no que tange as patologias de revestimento cerâmico aderente de
fachadas. O conhecimento da origem da patologia e dos métodos avaliativos de
desempenho do revestimento propriamente dito e de seus constituintes denotam
importantes ferramentas para diagnosticar as causas das falhas destes revestimentos.
Porém o tratamento correcto dos dados colhidos na inspecção não pode ser de forma
alguma desprezado, visto que o excesso de informações mal administradas trás ainda
mais dificuldades, e atrasam o diagnóstico. Neste contexto o método de correlação de
matrizes traz uma grande mais-valia no trabalho do inspector da edificação atingida, pois
lhe da indicações rápidas e precisas da relação entre anomalias e causas, além de traçar o
caminho mais indicado para elucidar os fenómenos patológicos em estudo.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ABNT. Brasil, ABNT. 13752.

Appleton, J. (1997). Guião de Apoio à Reabilitação de Edifícios Habitacionais Laboratório


Nacional de Engenharia Civil.

CONSOLI, O. J. (2006). DESEMPENHO DE FACHADAS – ÁNALISE DE COMPONENTES SOB


ASPECTOS DO PROJETO ARQUITETÔNICO. WORK SHOP DESEMPENHO DE SISTEMAS
CONSTRUTIVOS, UNOCHAPECÓ.

Dumêt, T. B. (2006). Levantamento das Principais Patologias de Revestimentos de


Fachada de Edifícios na Cidade de Salvador. Salvador/BA, Universidade Federal da Bahia.

Freitas, V. P. d. (2009) Um Contributo para a Sistematização do Conhecimento da


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da Construção em Portugal - www.patorreb.com.

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Silvestre, J. and J. d. Brito (2008). "Inspecção e diagnóstico de revestimentos cerâmicos
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Vicente, R. d. S. (2008). Apontamento das Aulas - Patologia das Construções. Aveiro,


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