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A RESPONSABILIDADE DE ACOLHIDA HUMANITÁRIA POR PARTE DO

ESTADO EM FACE DO FLUXO MIGRATÓRIO BRASIL-VENEZUELA

Lucas Oliveira Vianna1

RESUMO
O crescente número de imigrantes fugitivos da crise venezuelana têm sobrecarregado
o estado de Roraima, do qual é demandado o atendimento das necessidades humanas tanto
dos refugiados quanto dos nacionais. Diante das dificuldades envolvidas, algumas autoridades
têm se posicionado pelo fechamento da fronteira. Também foram constatados atos de agressão
envolvendo venezuelanos e brasileiros. É imprescindível que o Brasil respeite sua política de
conceder refúgio aos necessitados, bem como que a União se envolva efetivamente na
concretização dos direitos humanos dos envolvidos. Diante das dificuldades inerentes à
situação, deve o Brasil adotar o caminho que seja mais humanitário.
Palavras-chave: crise migratória; Venezuela; fechamento de fronteira.

1. INTRODUÇÃO
A migração de refugiados oriundos de nações em conflito para países em melhores
condições é talvez a maior das crises humanitárias contemporâneas. As razões mais
frequentes são guerras civis, regimes ditatoriais, crises econômicas e perseguição religiosa.
Tornaram-se emblemáticas as fotografias retratando crianças feridas na guerra da Síria, barcos
improvisados superlotados, menores detidos na fronteira dos EUA e o corpo de um garoto
sírio na praia da Turquia.
O Brasil, por sua vez, é confrontado com a crise migratória diante do fluxo de
imigrantes provenientes da Venezuela que adentram o país pela fronteira com o estado de
Roraima, motivados pela crise econômica e política estabelecida nos governos de Chávez e
Nicolás Maduro, em que diversos fatores financeiros e políticos levaram à escassez de
produtos básicos de subsistência. A infraestrutura estadual, todavia, encontra dificuldade em
acompanhar o crescente fluxo migratório intensificado no último ano.
Diante disso, algumas autoridades têm tomado medidas no sentido de conter ou
restringir o movimento imigratório, impedindo a entrada de novos imigrantes ou o acesso dos
já presentes aos serviços públicos, a fim de prestigiar a população nacional. No entanto,

1
Bacharelando do Curso de Graduação em Direito da URI Santo Ângelo. E-mail:
lucasoliveiravianna@gmail.com
cumpre questionar se essa essas políticas representam a via mais humanitária, efetiva, e que
melhor soluciona a celeuma em questão.

2. AÇÕES RESTRITIVAS
A superlotação que têm ocorrido em Roraima em virtude da imigração venezuelana
tem sido amplamente divulgada nos meios de comunicação. Na capital Boa Vista, os
imigrantes já representam mais de 10% da população da cidade, e há casas com até 31
moradores.2 O Estado de Roraima já decretou emergência na área da Saúde, em 2016, e nas
secretarias de Saúde, Trabalho e Bem Estar Social, Justiça e Cidadania e Comunicação em
2017.3 Em reação a essa conjuntura, autoridades estaduais têm buscado o estancamento do
fluxo migratório através do fechamento da fronteira.
A primeira tentativa desse caráter ocorreu quando o governo estadual ajuizou, em
13/04/2018, uma Ação Civil Originária (ACO) no Supremo Tribunal Federal (STF), na qual
requereu, em sede de tutela provisória, o fechamento temporário da fronteira entre Brasil e
Venezuela. Na inicial da ação, relatou que há atualmente em torno de 50 mil refugiados
instalados na capital, ocasionando um “incalculável impacto econômico.”4
Não obstante pendente resposta ao pedido, o governo estadual publicou, em
01/08/2018, o Decreto nº 25.681/18, restringindo o acesso aos serviços públicos, inclusive de
saúde, apenas a imigrantes que possuíssem passaporte válido. 5 A providência possuía claro
intuito de desestimular a vinda de venezuelanos ao país, buscando a diminuição, por via
reflexa, do fluxo imigratório. Deixou de considerar, contudo, que a garantia dos direitos
humanos depende da prestação dos serviços públicos básicos, conceito fundamental na
concepção do Estado de Bem Estar Social.
Poucos dias após, em 06/08, o juiz da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima
emitiu decisão afastando a exigência estabelecida pelo decreto, mas também suspendendo
totalmente a entrada de venezuelanos pela fronteira do Estado de Roraima. 6 Em sua
fundamentação, o Magistrado consignou que “de nada adianta acolher os imigrantes

2
GLOBO. Fuga da fome: como a chegada de 40 mil venezuelanos transformou Boa Vista. Publicada em
05/02/2018.
3
ibidem
4
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Cível Originária nº 3.121. Atuada em 13 abr. 2018.
5
RORAIMA. Decreto nº 25.681-E, de 1º de agosto de 2018. Decreta atuação especial das forças de segurança
pública e demais agentes públicos do Estado de Roraima em decorrência do fluxo migratório de estrangeiros
em território do Estado de Roraima e dá outras providências. Publicado no D.O.E. em 1º ago. 2018.
6
BRASIL. 1ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima. Ação Civil Pública nº 002879-
92.2018.4.01.4200. Suspende a admissão e o ingresso de imigrantes venezuelanos. Decisão publicada em 05
ago. 2018.
venezuelanos se aqui eles vão ser submetidos a condições tão ou mais degradantes”, e que era
necessário adotar medidas que “assegurem a fruição dos direitos e garantias dos brasileiros.”
Diante da situação de insegurança jurídica existente, a Rel. Min. Rosa Weber julgou o
pedido de tutela provisória na ACO mencionada, indeferindo o provimento pleiteado pelo
estado, estabelecendo que cabe ao Chefe de Estado (Presidente da República) o fechamento
de fronteira internacional, bem como, no bojo da mesma ação, deferiu liminar postulada pela
União, para os fins de suspender o Decreto estadual, com base no princípio da dignidade
humana.7 Não se manifestou, no entanto, quanto à decisão do Juízo da 1ª Vara Federal.
O governo informa ter cumprido a decisão da relatora, mas foi noticiado nos meios de
comunicação que a exigência do passaporte permaneceu, mesmo após a liminar, para a
emissão da certidão de antecedentes criminais, sem a qual os refugiados não conseguem
protocolar o pedido de residência temporária, a qual, por sua vez, é requisito para a obtenção
da Carteira de Trabalho.8 Dia 07/08, o TRF-1 revogou parcialmente a decisão emitida pelo
Juiz Federal, reabrindo a fronteira entre Brasil e Venezuela que permaneceu fechada por
apenas 17 horas.9
Percebe-se, em tais ações, uma ótica que vê o fenômeno migratório como uma questão
de ameaça à segurança defesa nacional e de primazia dos interesses da população brasileira,
em detrimento das necessidades dos imigrantes. Essa concepção, todavia, está em desacordo
com a atual política migratória brasileira, definida, principalmente, na atual Lei de Migração.

3. A LEI DE MIGRAÇÃO
A Lei de Migração vigente (Lei nº 13.445/17), responsável por definir a política
migratória da nação brasileira, representa um progresso extremamente significativo, no
aspecto humanitário, em relação ao antigo Estatuto do Estrangeiro. Enquanto este documento,
publicado ainda na época da ditadura militar brasileira, trata o imigrante como um potencial
risco à soberania nacional, aquela compreende-o à luz dos direitos humanos.
Isso é evidenciado de plano nos princípios estabelecidos nas respectivas legislações
como seus norteadores. O Estatuto do Estrangeiro trazia, já em seu art. 2º, que “na aplicação
desta Lei atender-se-á precipuamente à segurança nacional, à organização institucional, aos
interesses políticos, sócio-econômicos [sic] e culturais do Brasil, bem assim à defesa do

7
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Cível Originária nº 3.121. Atuada em 13 abr. 2018.
8
GLOBO. Governo de RR continua a exigir passaportes de estrangeiros no Instituto de Identificação.
Notícia publicada no sítio eletrônico em 09 ago. 2018.
9
GLOBO. Fronteira do Brasil é reaberta para venezuelanos após decisão do TRF-1. Notícia publicada no
sítio eletrônico em 07/08/2018.
trabalhador nacional.”10 A preocupação, pois, é com “a segurança nacional”, os “interesses
[...] do Brasil, e o “trabalhador nacional”, não havendo qualquer menção à dignidade da vida
humana do refugiado e aos potenciais riscos que esse enfrenta em seu país de origem.
A Lei nº 13.445/17, de outra banda, traz como seus valores axiológicos a
“universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos”, o “repúdio e
prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação”, a “não
criminalização da migração”, dentre diversas outras noções humanitárias.11 De imediato,
percebe-se uma mudança do foco da política migratória, de um destaque na segurança
nacional para uma ênfase nos direitos fundamentais do imigrante enquanto pessoa humana.
Quando se avalia a crise migratória sob esse viés, políticas restritivas como as citadas
mostram-se claramente inadequadas.
Um dos princípios basilares da lei migratória atual é a acolhida humanitária (art. 3º,
VI), a qual se mostra frontalmente oposta a uma ação que visa ao fechamento da fronteira,
impedindo a entrada dos imigrantes venezuelanos que se encontram em situação de
necessidade. Uma crise humanitária ocorrendo na fronteira com o Brasil deve ser atendida,
não ignorada.
Restringir o acesso a serviços públicos, por sua vez, é totalmente incoerente com a
compreensão, presente no Estado de Bem Estar Social, de que a garantia efetiva dos direitos
humanos depende de prestações positivas por parte do Poder Público. Com base nesse
entendimento, a Lei de Migração estabelece como preceito orientador o “acesso igualitário e
livre do migrante a serviços, programas e benefícios sociais, bens públicos, educação,
assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade social”
(art. 3º, XI), além de dispor expressamente que ao migrante é assegurado “acesso a serviços
públicos de saúde e de assistência social e à previdência social, nos termos da lei, sem
discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória” (art. 4º, caput e VIII).
A exigência do passaporte, de outra banda, afronta o art. 20, que prescreve que “a
identificação civil de solicitante de refúgio, de asilo, de reconhecimento de apatridia e de
acolhimento humanitário poderá ser realizada com a apresentação dos documentos de que o
imigrante dispuser”, bem como o decreto regulamentador da Lei de Migração que assevera
que “ao imigrante são garantidos os direitos previstos em lei, vedada a exigência de prova

10
BRASIL. Lei nº 6.815/80. Define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil. Revogada. Publicada em 21
ago. 1980.
11
BRASIL. Lei nº 13.445/17. Institui a Lei de Migração. Publicada no D.O.U. em 25 maio 2017.
documental impossível ou descabida que dificulte ou impeça o exercício de seus direitos” (art.
2º).12
Todas essas disposições de viés dispensatório de exigências formais visam não ao
enfraquecimento da defesa nacional, mas à garantia dos direitos humanos dos imigrantes que,
diante do próprio caráter de urgência de sua migração, bem como em face da crise existente
no local do qual se deslocaram, muitas vezes não possuem documentos oficiais de
identificação ou uma condição formal de imigrante regularizada.

4. A CONDIÇÃO DO IMIGRANTE NO DIREITO INTERNACIONAL


Não apenas a política migratória disposta no ordenamento jurídico interno é contrária
a ações restritivas como as pretendidas, mas também os tratados internacionais referentes a
direitos humanos dos quais o Brasil é signatário.
A Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, de 1951,
prescreve, em seu art. 33, que um Estado não poderá expulsar ou rechaçar “um refugiado para
as fronteiras dos territórios em que a sua vida ou a sua liberdade seja ameaçada em virtude da
sua raça, da sua religião, da sua nacionalidade, do grupo social a que pertence ou das suas
opiniões políticas.”13 Trata-se do princípio consagrado no Direito Internacional como “non-
refoulement”.
Conquanto o documento especifique algumas causas de ameaça à vida abrangidas
pelo princípio, a Assembleia Geral das Nações Unidas tem se posicionado no sentido de
“incluir pessoas que fogem de situações de violência mais generalizada que ameaçam a vida e
a liberdade e que, nem sempre, são geradas por perseguição, como os conflitos armados.”14
Isso porque o princípio em questão tem sido entendido não apenas à luz da
regulamentação das relações entre nações e indivíduos estrangeiros, mas dentro do escopo dos
próprios direitos humanos, com base na compreensão de que o acolhimento de imigrantes
oriundos de países em crise é medida imprescindível para a preservação dos próprios direitos
fundamentais da pessoa humana.
Por essa razão, esse princípio encontra expressão na Convenção Americana de
Direitos Humanos, no art. 22(8): “Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou
entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal

12
BRASIL. Decreto nº 9.199/17. Regulamenta a Lei de Migração. Publicado em 21 nov. 2017.
13
ONU. Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados. Adotada em 28 de julho de 1951.
14
PAULA, Bruna Vieira de. O princípio do non-refoulement, sua natureza jus cogens e a proteção
internacional dos refugiados. Corte Interamericana de Direitos Humanos, 2006, p. 54.
esteja em risco de violação por causa da sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou
de suas opiniões políticas.”15
Assim, foi elevado o non-refoulement não apenas a um princípio básico de Direito
Internacional dos Refugiados, mas também a uma norma peremptória do Direito Internacional
dos Direitos Humanos.16 O reconhecimento de sua integração no conjunto das normas de
Direitos Humanos traz implicações significativas em sua interpretação e aplicação.
Primeiramente, adquire status materialmente constitucional, por força do art. 5º, §2º,
da CF,17 conforme posição da doutrina majoritária. 18 Em segundo lugar, sua interpretação
deve ser feita no sentido de maximizar os direitos fundamentais a ele relacionados, e não
minimizar. Como aponta Gomes Canotilho:

A versão aggiornata do princípio põe o acento tônico na idéia da optimização


ou maximização dos direitos fundamentais. A interpretação procurará dar
aos direitos fundamentais uma concretização socialmente efectiva e captar o
seu vigor irradiante e actuante. Na dúvida, a interpretação deve estender o
âmbito da eficácia da norma e não enveredar por uma marcha em direção ao
vazio, ou seja, para restrições ao conteúdo dos direitos fundamentais.19

Além disso, ao integrar o escopo dos direitos humanos internacionais, o non-


refoulement passa a possuir força cogente, impondo a sua observância não apenas como uma
matéria de relações internacionais, mas de respeito aos direitos fundamentais. Sobre o
reconhecimento da força cogente deste princípio, a Declaração de Cartágena de 1984 tem
como uma de suas conclusões “reiterar a importância e a significação do princípio de non-
refoulement (incluindo a proibição da rejeição nas fronteiras), como pedra angular da
proteção internacional dos refugiados”, estabelecendo, ainda, que este deve ser conhecido no
direito internacional como um princípio de “jus cogens”.20 Veja-se que não apenas a expulsão
de refugiado é considerada uma violação ao non-refoulement, mas também a sua “rejeição nas
fronteiras”, como pretendido pelo governo estadual de Roraima.
Outrossim, compreender o non-refoulement como parte dos direitos humanos significa
que sua interpretação deve ser realizada de acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito

15
CADH. CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. 1969.
16
PAULA, op cit., p. 55.
17
BRASIL. Constituição Federal de 1988.
18
Nesse sentido posicionam-se alguns dos mais reconhecidos doutrinadores da área dos direitos humanos
internacionais, tais como: MELLO, C. A. Bandeira. Voto no MS nº 26.603/DF. Publicado em 19 dez. 2008;
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. 6. ed. rev. Coimbra: Livraria Almedina, 1993, p. 528;
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 16. ed., rev., ampl., e atual.
São Paulo: Saraiva, 2016. p. 86.
19
CANOTILHO, José J. G. Direito Constitucional. 3. ed. Coimbra: Almedina, l983, p. 239.
20
ONU. Declaração de Cartagena. Adotada em 22 nov. 1984.
dos Tratados de 1969, que prescreve, em seu art. 31, que “um tratado deve ser interpretado
[...] em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade”, e, para isso, serão tidos em
consideração “qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado” e “quaisquer
regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes.” 21 Nessa
última, incluem-se, por exemplo, os julgados da Corte Interamericana de Direitos Humanos,
aos quais o Brasil se submete por força da ratificação da CADH.

5. OS DIREITOS DO IMIGRANTE NO SISTEMA INTERAMERICANO


O sistema interamericano de direitos humanos é composto pela Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e pela Corte Interamericana de Direitos
Humanos (CorteIDH), órgãos responsáveis pela interpretação e fiscalização dos direitos
humanos no âmbito das américas. Uma das atribuições da Corte é justamente interpretar as
disposições da CADH, e, no que diz respeito ao non-refoulement, previsto no art. 22(8) da
Convenção, a Corte tem se posicionado no sentido de atribuir ao referido princípio “status de
direito internacional costumeiro e de jus cogens, e medidas cautelares já foram utilizadas
diversas vezes para evitar violações desse princípio.”22
Através da Resolução nº 3/08, a CIDH também deixou claro que “os países têm tanto
o direito quanto a obrigação de criar mecanismos para controlar a entrada de estrangeiros em
seu território [...]” mas “as ações nesse sentido devem ser realizadas com o devido respeito
aos direitos das pessoas afetadas”, destacando ainda que “a observância de princípios
fundamentais como a não discriminação e o direito a integridade pessoal não pode subordinar-
se à implementação dos objetivos das políticas públicas.”23 Não são, pois, os direitos humanos
que se subordinam à política nacional, mas a política nacional que deve se subordinar aos
direitos fundamentais.
Ações como a adotada pela governadora do Estado, no sentido de restringir o acesso
aos serviços públicos apenas aos que possuíssem passaporte, também vão contra a
jurisprudência da Corte. A título exemplificativo, na Opinião Consultiva nº 18/03, a Corte
concedeu que “pode o Estado outorgar um tratamento distinto aos migrantes documentados
em comparação aos não-documentados”, mas desde que “este tratamento diferenciado seja
razoável, objetivo, proporcional e não lesione os direitos humanos.”24

21
ONU. Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. Adotada em 22 mai. 1969.
22
PAULA, op cit., p. 55
23
CIDH. Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Resolução 3/08: Direitos Humanos dos Migrantes,
Normas Internacionais e Diretiva Europeia sobre Retorno. 25 de julho de 2008.
24
CorteIDH. Opinión Consultiva OC-18/03. Condición jurídica y derechos de los imigrantes indocumentados.
Solicitada por los Estados Unidos Mexicanos. 17 de septiembre de 2003, p.121.
Por fim, especificamente quanto à relação Brasil-Venezuela, deve-se considerar que a
relação entre ambas as nações tem se pautado pelo não-fechamento das fronteiras. Cita-se,
nesse norte, o Acordo sobre Cooperação Sanitária Fronteiriça, de 1984, em que os Estados
firmaram o compromisso de não fechar completamente suas fronteiras.25
Destarte, além de ser contrária ao que dispõem os tratados internacionais relativos a
direitos humanos, o fechamento da fronteira também é contrário aos compromissos
diplomáticos firmados pelo Brasil.

5. ASPECTOS HUMANITÁRIOS
Há, ainda, diversas questões de cunho humanitário a serem consideradas na
conjuntura existente no Estado de Roraima, tanto no que diz respeito às políticas restritivas
adotadas, quanto às interações entre os imigrantes e a população nacional.
Relativamente à medida de fechamento da fronteira, deve-se ter em mente que a
extensão da divisa é de mais de 200km, o que inviabiliza o controle efetivo do fluxo
migratório pelas autoridades. Essa situação tende apenas a favorecer a imigração ilegal e
clandestina. Assim sendo, o fechamento apenas dará azo, consoante já apontam as
experiências de outros países, como os EUA, à atuação de coiotes e contrabandistas de
pessoas, o que além de dificultar ainda mais o controle e identificação dos migrantes, ainda
colocará em risco a sua dignidade humana, favorecendo mesmo o tráfico sexual de pessoas.
Por estas razões, diversas entidades humanitárias têm se manifestado contrárias ao
fechamento, como a Frente Parlamentar Mista para Refugiados e Ajuda Humanitária
(FPMRAH), a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) 26, o Instituto
Migrações e Direitos Humanos (IMDH), e diversos outros órgãos governamentais ligados à
defesa dos direitos humanos.27
Entretanto, deve-se ponderar também que, no que diz respeito à garantia dos direitos
humanos, o Estado não é responsável apenas pelas ações que pratica, em caráter comissivo,
diretamente na qualidade de entidade pública, mas também pelas violações praticadas por
particulares diante das quais se omita, ou pelas prestações de sua responsabilidade que não

25
BRASIL. Decreto nº 59, de 14 março de 1991. Promulga o Acordo sobre Cooperação Sanitária Fronteiriça
entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Venezuela. Publicado no
D.O.U.. em 15 mar. 1991.
26
ANAJURE; FPMRAH. Nota Pública sobre fechamento da fronteira com Venezuela. Publicada em 07 jul.
2018.
27
BRASIL. Câmara dos Deputados. Relações Exteriores. Entidades da sociedade civil são contra fechamento
da fronteira com a Venezuela. Notícia publicada no sítio eletrônico da Câmara em 19 abr. 2018.
dispense. Tal consideração é pertinente diante da situação que tem se configurado nas
localidades de Roraima que receberam imigrantes venezuelanos.
Diante da necessidade financeira, as imigrantes têm recorrido de forma massiva à
prostituição como forma de subsistência, tendo havido inclusive prisões de aliciadores
responsáveis por exploração sexual de venezuelanas. 28 Também houve caso em que foram
encontradas nove venezuelanas que eram mantidas em cárcere privado e obrigadas a se
prostituir em troca de comida. 29 Essas são questões que têm de ser atendidas, pois não basta
que o Estado permita a entrada dos imigrantes e aqui os submeta a condições degradantes
como as supracitadas. Nesse entendimento foi a sentença de absolvição emitida por um juiz
em ação que envolvia três venezuelanas que, em 2017, foram presas por furtar mercadorias de
um supermercado, na qual o magistrado consignou que “a questão deve ser vista
principalmente sob a ótica dos princípios humanitários.”30
Situações como essas (e outras) têm gerado tensão entre os imigrantes e a população
nacional, ensejando inclusive atos de xenofobia, direcionados particularmente às mulheres,
que se tornaram uma referência pejorativa na localidade. 31 Um dos exemplos mais notáveis de
extremismo em meio à tensão ocorreu recentemente, quando moradores da cidade de
Pacaraíma expulsaram imigrantes venezuelanos e queimaram os seus pertences, em retaliação
a um crime cometido contra um morador local, supostamente por quatro venezuelanos. 32 Em
retaliação, os imigrantes expulsos atacaram, já na Venezuela, um grupo de 30 brasileiros que
realizavam compras na fronteira.33
Em face de questões como essa, a ONU está promovendo uma campanha contra a
xenofobia em Roraima, visando à conscientização dos nacionais sobre a precariedade da
situação dos imigrantes e a necessidade sua acolhida. 34 É oportuno destacar que, conforme
jurisprudência da CorteIDH, os Estados não apenas não podem cometer discriminação, mas
também não podem “tolerar situações discriminatórias em prejuízo dos imigrantes.”35

28
FOLHA. Prostituição de venezuelanas avança com imigração em massa no Norte. Notícia publicada no
sítio eletrônico em 29 abr. 2017.
29
GLOBO. Venezuelanas em RR dizem que foram obrigadas a trocar sexo por comida. Notícia publicada no
sítio eletrônico em 26 ago. 2016.
30
GLOBO. Fuga da fome: como a chegada de 40 mil venezuelanos transformou Boa Vista. Notícia publicada
no sítio eletrônico em 05 fev. 2018.
31
Ibidem.
32
EXAME. Moradores de Roraima expulsam imigrantes venezuelanos. Notícia publicada no sítio eletrônico
em 19 ago. 2018.
33
Ibidem.
34
ONUBR. Agências da ONU lançam em Roraima campanha de combate à xenofobia. Notícia publicada no
sítio eletrônico em 21 ago. 2018.
35
CorteIDH. Opinión Consultiva OC-18/03. Condición jurídica y derechos de los imigrantes indocumentados.
Solicitada por los Estados Unidos Mexicanos. 17 de septiembre de 2003, p.121.
A rejeição a imigrantes está também, muitas vezes, ligada às questões econômicas. O
receio, comumente, é que o seu ingressso em número elevado vá incapacitar a prestação dos
serviços públicos, bem como ocasionar um excesso de procura de emprego, diminuindo as
oportunidades dos nacionais. No entanto, o relatório sobre desenvolvimento humano da ONU
de 2009 constatou que a imigração muitas vezes mostra-se benéfica à economia de um país,
elevando a produtividade econômica em nível superior ao acréscimo de despesas públicas
gerado pelos imigrantes.36 O relatório salientou, entretanto, a importância de que, para que
isso aconteça, sejam combatidas as situações de trabalho irregular, o que só pode ser realizado
com a regularização da situação do imigrante.
É, portanto, um problema que envolve diversos fatores, e cuja adequada resolução
demanda uma atuação que excede à capacidade do ente federativo, devendo haver,
conjuntamente, uma efetiva e adequada atuação do Governo Federal

6. A ATUAÇÃO DA UNIÃO FEDERAL


Assiste razão, nesse sentido, ao Juiz Federal no ponto em que defende que os ônus da
política migratória nacional “devem ser repartidos por todos e não suportados por apenas
um.” Isso não apenas por uma questão de defesa nacional, mas, principalmente, para que
sejam devidamente garantidos os direitos humanos, de forma igualitária, de nacionais e
imigrantes. A política federal tem sido orientado em torno da construção de abrigos e da
interiorização dos venezuelanos.
No tocante à construção de abrigos, foram abertos cinco destes, apenas no ano de
2018, pela Força Tarefa Logística e Humanitária instituída pelo presidente da República. 37
Não obstante, nos 9 abrigos existentes no Estado já habitam 4,2 mil venezuelanos,38 sendo
alguns deles em condições precárias e em situação de risco por exposição à criminalidade e ao
tráfico.39 Deve ser salientado, ainda, que a construção de abrigos é uma providência que deve
ser adotada a título provisório, em caráter de transição, enquanto é buscada uma opção de
moradia definitiva para os imigrantes, e não como uma solução definitiva. Abrigos não são
residência, e sua criação deve ser medida de urgência, não permanente. Trata-se, portanto, de
política que, conquanto relevante e – provisoriamente – necessária, não é suficiente, por si só,
para solucionar a conjuntura roraimense, e fica muito aquém do que é exigido da União.

36
PNUD. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de Desenvolvimento Humano.
Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humamos. 2009, p. 7
37
GLOBO. Rua, abrigo ou aluguel: venezuelanos relatam a busca por um novo lar em RR. Notícia publicada
no sítio eletrônico em 25 jun. 2018.
38
Ibidem.
39
GLOBO. Fuga da fome: como a chegada de 40 mil venezuelanos transformou Boa Vista.
Outra medida que tem sido adotada pelo governo é a interiorização dos venezuelanos,
que consiste em deslocá-los, voluntariamente, para outras áreas do território nacional, a fim
de diminuir a sobrecarga local oriunda do excesso populacional. Essa é uma providência que
se coaduna com as políticas sustentadas como adequadas a longo prazo para situações de
migração forçada pela ONU,40 a qual inclusive está participando conjuntamente com o
governo federal no processo de interiorização. 41 Não obstante, até o final de julho, apenas 820
venezuelanos foram interiorizados,42 enquanto que 18 mil ingressaram em Roraima apenas
nos primeiros 4 meses do ano. Logo, a atuação federal ainda é inexpressiva em face do fluxo
migratório.
Além disso, embora o presidente em exercício tenha afirmado, em fevereiro, que “não
faltará recursos para solucionar essa questão dos venezuelanos tanto no aspecto humanitário
como a solução pro estado de Roraima”, 43 até agosto desse ano a situação permanece de grave
crise humanitária e estatal.
Como apontado por algumas entidades humanitárias da sociedade civil, também é
problemático que o Comitê Federal de Assistência Emergencial criado para atuar na situação
do Estado de Roraima esteja a cargo do Ministério da Defesa, evidenciando a antiga lógica de
segurança nacional em vez da atual ótica de direitos humanos.44
Dessa forma, é imprescindível para a promoção dos direitos humanos tanto de
imigrantes quanto de nacionais residentes em Roraima, que haja um envolvimento efetivo do
governo federal, tanto no sentido de prover ao Estado os recursos necessários para manter a
prestação dos serviços públicos essenciais, quanto na promoção da interiorização dos
imigrantes para outros estados da Federação, alocando-os, assim, de forma definitiva, em
locais que não estejam em sobrecarga.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se, portanto, que as ações restritivas adotadas por autoridades roraimenses,
tais como o fechamento da fronteira Brasil-Venezuela, não se coadunam com a política
migratória promulgada pela atual Lei de Migração, nem com os compromissos diplomáticos e
40
ANAJURE; FPMRAH. Nota Pública sobre fechamento da fronteira com Venezuela. Publicada em 07 jul.
2018.
41
ONUBR. Em busca de oportunidades, venezuelanos são transferidos para PB, PE e RJ. Notícia publicada
no sítio eletrônico em 2 jul. 2018.
42
GLOBO. Mais 130 venezuelanos são levados de Roraima a outros quatro estados. Notícia publicada no
sítio eletrônico em 24 jul. 2018.
43
GLOBO. Temer anuncia força-tarefa para cuidar do fluxo migratório de venezuelanos em Roraima. Notícia
publicada no sítio eletrônico em 12 fev. 2018.
44
BRASIL. Câmara dos Deputados. Relações Exteriores. Entidades da sociedade civil são contra fechamento
da fronteira com a Venezuela. Notícia publicada no sítio eletrônico da Câmara em 19 abr. 2018.
humanitários firmados pelo Brasil no âmbito internacional, baseados na atual compreensão
que existe a nível global acerca da necessidade de proteção da dignidade de refugiados.
Evidenciam-se, ainda, agressões resultantes da tensão entre a população nacional e os
venezuelanos, motivados, pondera-se, não tanto pelo ódio quanto pelo medo diante da
situação precária que se instaurou no estado após a chegada dos imigrantes. No entanto, deve
haver uma conscientização da população que a crise roraimense não é de responsabilidade dos
imigrantes, que apenas estão fugindo de uma situação de crise ainda pior, mas sim do Estado,
que tem falhado em garantir os direitos individuais e sociais tanto de nacionais quanto de
imigrantes.
Desse modo, concomitantemente à conscientização da população nacional, devem ser
adotadas medidas que visem à alocação de recursos para o Estado de Roraima, a fim de
reverter a crise econômica e social instaurada e a precarização dos serviços públicos, as quais,
ocasionando o surgimento de atos de criminalidade, levam ao confronto entre nacionais e
imigrantes. A interiorização dos venezuelanos também é uma medida de efeito durável que
deve ser intensificada.
Por fim, o conflito não deve ser visto sob uma lógica de “nós contra eles”, ou como
um “jogo de soma zero”, em que o Estado escolhe entre proteger os nacionais ou os
venezuelanos, mas sob uma perspectiva de garantia da dignidade da pessoa humana, seja qual
for sua nacionalidade. Trata-se, em última instância, de garantir o que está proposto no
preâmbulo da CADH: “os direitos essenciais da pessoa humana não derivam do fato de ser ela
nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da
pessoa humana.”45
Deve-se, portanto, abandonar a política ultrapassada que trata o fenômeno da
imigração exclusivamente sob o viés da defesa nacional, e migrar para uma perspectiva
humanitária da situação roraimense, mudança que é imprescindível para a garantia dos
direitos humanos tanto de imigrantes quanto de nacionais.

45
CADH. Convenção Americana de Direitos Humanos.
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