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Então, parecia não haver melhor momento para Eric reunir seus
ensaios mais célebres sobre Marx em um único volume, juntamente
com o material novo sobre o marxismo, à luz do ocidente. Para
Hobsbawm, o dever contínuo de se envolver com Marx e seus
vários legados (incluindo, nesse livro, alguns novos capítulos com a
contribuição de Gramsci) permanece atraente.
Mas Eric mudou. Ele sofreu uma queda feia no Natal e não pode
mais escapar das limitações físicas de seus 93 anos. Contudo o
humor e a sua hospitalidade e da esposa, Marlene, bem como a
inteligência, perspicácia política e amplitude de visão, continuam
maravilhosamente lúcidos. Com um exemplar bastante manuseado,
do Financial Times sobre a mesa de café, Eric, com eficiência, vai
da posição do futuro ex-presidente Lula nas pesquisas para as
dificuldades ideológicas enfrentadas pelo Partido Comunista em
Bengala Ocidental e de lá para as convulsões na Indonésia após a
quebradeira global de 1857. A sensibilidade global e o afastamento
da coisa paroquial, sempre como forças na sua obra, continuarão a
moldar sua visão da política e da história.
EH Agora que nós estamos indo por outro caminho, com os países
ocidentais, onde o crescimento econômico é relativamente estático,
mesmo em declínio, então a questão das reformas se torna,
novamente, muito mais urgente.
TH Você vê como parte do problema, em termos de esquerda, o
final da consciência de classe e de uma massa de classe operária
identificável, o que tradicionalmente era essencial para a política
social-democrata?
Mas como você leva tudo isso junto, eu não sei. A única coisa que
eu acho que é possível com esta rápida industrialização é o
crescimento dos movimentos trabalhistas, e em que medida o PCC
pode encontrar espaço para as organizações de trabalhistas ou se
eles consideram estas como inaceitáveis, da mesma forma como
viram as manifestações da Praça Tiananmen [ como] inaceitáveis,
não é claro.
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EH Não há tal coisa como uma esperança intacta nos dias de hoje.
How to Change the World é um relato do que o marxismo fez
fundamentalmente no século 20, em parte através dos partidos
social-democratas que não foram diretamente derivados de Marx e
de outros partidos - Partido Trabalhista, partidos operários e assim
por diante - que permanecem como governo e os partidos do
governo em todos os lugares possíveis. E, segundo, através da
Revolução Russa e todas as suas conseqüências.
Como você vai chamar, eu não sei. Mas pode muito bem deixar de
ser capitalismo, certamente não no sentido em que a conhecemos
neste país e os Estados Unidos.
Notas de tradução:
Demetrio Carneiro