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SISTEMAS DE CONTROLE
REALIMENTADO
Agosto de 2017
Revisão 2
“Quem estuda e não pratica o que aprendeu, é como o homem que lavra e não semeia”
Provérbio Árabe
Provérbio Chinês
i
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – RESPOSTA NO TEMPO................................................................................................................1
1.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................1
1.2 RESPOSTA DO SISTEMA.......................................................................................................................2
1.3 MEDIDAS DE DESEMPENHO PARA SISTEMAS DE 2ª ORDEM COM ENTRADA DO TIPO DEGRAU........11
1.4 ANÁLISE DO TEMPO DE ACOMODAÇÃO EM SISTEMAS DE 2ª ORDEM EM FUNÇÃO DE ..................12
1.5 EXERCÍCIOS.......................................................................................................................................15
CAPÍTULO 2 – POLOS, ZEROS E ESTABILIDADE.............................................................................................17
2.1 RESPOSTA EM REGIME PERMANENTE E ERRO PARA SISTEMA EM MALHA FECHADA......................17
2.2 TEOREMAS DE VALOR INICIAL E DE VALOR FINAL..........................................................................17
2.3 POLOS, ZEROS E ESTABILIDADE........................................................................................................18
2.4 DIAGRAMAS DE POLOS E ZEROS E REGIÃO DE ESTABILIDADE PARA ENTRADA DO TIPO DEGRAU....19
2.5 ANÁLISE PELO LUGAR DAS RAÍZES (LGR) ......................................................................................21
2.6 EXERCÍCIOS.......................................................................................................................................31
CAPÍTULO 3 – RESPOSTA EM FREQUÊNCIA E DIAGRAMA DE BODE...............................................................32
3.1 RESPOSTA EM FREQUÊNCIA..............................................................................................................32
3.2 DIAGRAMA DE BODE..........................................................................................................................32
3.3 LARGURA DE BANDA E TEMPO DE SUBIDA........................................................................................43
3.4 MARGENS DE GANHO E DE FASE NO DIAGRAMA DE BODE...............................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CAPÍTULOS 1 A 3...................................................................................46
CAPÍTULO 4 – INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE CONTROLE DE TEMPO DISCRETO.......................................47
4.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................47
4.2 TIPOS DE SINAIS................................................................................................................................47
4.3 SISTEMAS DE CONTROLE DIGITAL.....................................................................................................48
4.4 SISTEMAS DE TEMPO DISCRETO OU DE DADOS AMOSTRADOS...........................................................49
4.5 EXERCÍCIOS.......................................................................................................................................58
CAPÍTULO 5 – A TRANSFORMADA Z..............................................................................................................60
5.1 A TRANSFORMADA Z.........................................................................................................................60
5.2 A TRANSFORMADA Z INVERSA..........................................................................................................63
5.3 EXERCÍCIOS.......................................................................................................................................70
CAPÍTULO 6 – MAPEAMENTO ENTRE O PLANO S E O PLANO Z & ESTABILIDADE EM SIST. DISCRETOS.......72
6.1 MAPEAMENTO ENTRE O PLANO S E O PLANO Z..................................................................................72
6.2 ESTABILIDADE EM SISTEMAS DISCRETOS.........................................................................................76
6.3 EXERCÍCIOS................................................................................................................................. .....81
CAPÍTULO 7 – PROJETOS DE CONTROLADORES DISCRETOS..........................................................................84
7.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................84
7.2 ESTRUTURAS DE CONTROLADORES..................................................................................................84
7.3 CONTROLE DIGITAL POR EMULAÇÃO...............................................................................................86
7.4 CONTROLE DIGITAL PELO MÉTODO DIRETO....................................................................................93
7.5 EXERCÍCIOS.....................................................................................................................................104
CAPÍTULO 8 – PROJETOS DE CONTROLADORES PID DISCRETOS.................................................................105
8.1 INTRODUÇÃO AO CONTROLE PID DIGITAL.....................................................................................105
8.2 CONTROLE PROPORCIONAL (P) ......................................................................................................105
8.3 CONTROLE INTEGRAL (I) E PROPORCIONAL INTEGRAL (PI)...........................................................107
8.4 CONTROLE DERIVATIVO (D) E PROPORCIONAL DERIVATIVO (PD)................................................109
8.5 CONTROLE PROPORCIONAL INTEGRAL DERIVATIVO (PID)............................................................110
8.6 CARACTERÍSTICAS DOS CONTROLADORES PID COM PONDERAÇÕES (PI+D) E (I+PD)..................112
8.7 RESPOSTAS TÍPICAS DE SISTEMAS DE CONTROLE REALIMENTADOS.............................................113
8.8 VERSÕES DIGITAIS PARA CONTROLADORES PID...........................................................................115
8.9 EXERCÍCIOS.....................................................................................................................................121
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CAPÍTULOS 4 A 8.................................................................................126
Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Engenharia Elétrica
Engenharia de Controle e Automação
Tabela de Transformadas S e Z
1 f t F s F z
2 Impulso unitário t 1 1
3 Impulso unitário atrasado de kT k 1 T e kTs z k
Degrau unitário 1 t ou u t 1 z
4 s z 1
Degrau unitário atrasado de kT e kTs z
z k
5 u k 1 T s z 1
rampa unitária: 1 Tz
6 t s2 z 1
2
parábola unitária: 1 T z z 1
2
7
t2 s3 2 z 13
e at 1 z
8 sa z e aT
1 e at a z 1 e aT
9 s s a
z 1 z e aT
at 1 e at a2 aT 1 e z 1 e aTe z
aT 2 aT aT
10 2
s s a 2
z e z 1
aT
te at 1 Te aT z
11 s a
2 2
z e aT
e at e bt ba z e e
aT bT
12 a s b
s
z e z e
aT bT
1 at e at s z z e aT 1 aT
13 s a
2
2
z e aT
s e n t z s e n T
14 s 2 2 2
z 2z cos T 1
cos t s z z cos T
15 s 2 2 2
z 2z cos T 1
at
e s e n t z e aT s e n T
16 s a
2
2
z 2 2ze aT cos T e 2aT
e at cos t sa z z e aT cos T
17 s a
2
2
z 2 2ze aT cos T e 2aT
ak 1 z
18 s ln a T za
k ak 1 a z
19 2
z a
2
s ln a T
k 1 e sT ab
T
Para: G s e B0 s k 1 e 1 e
aT bT
20 ze 3
s a s b s B0G z k '
, onde k '
z e aT z ebT ab
a
3
b
T
1 e
cT
k 1 e sT
k T 1 e
cT
1
Sistemas de Controle / Prof. Aniel Morais / aniel@ufu.br / Sala 3N222
Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Engenharia Elétrica
Engenharia de Controle e Automação
Lugar das Raízes
23 n s1,2 j d
d n 1 2
s1,2 n j n 1 2
sT jd T Tustin (Bilinear): Euler: Backward:
24 Mapeamento S-Z: z e e
2 z 1 z 1 z 1
s s s
z eT cos d T j s i n d T T z 1 T zT
25 Sobre-passo: S P exp 1 2 cos e tan d t5% 3 3
t2% 4 4
Projeto de controladores por imposição de Polos (Pole-Placement)
Controlador discreto 1 T z
26 * T z é a função de transferência de malha fechada C z
B0G z 1 T z
27 Controlador Dead-Beat T z Z k
1 eT MF
28 Controlador Dahlin T z z k T MF
ze
Processos Industriais
Atraso de transporte ou tempo morto
Padé de 1ª Ordem e s (1 s ) (1 s )
e s 2 2
29
k y
30 Teste em MA (malha aberta) G s e s k
s 1 u
Controladores PID
1 s d
31 Série (interativo) PIDSer s k p 1 1
s i s f 1
1 s d
32 Paralelo PIDPar s k p
s i s f 1
1 s d
33 Acadêmico (ISA) PIDISA s k p 1
s s 1
i f
1 1
34 Filtro da ação derivativa f d , onde, Fator de Incontrolabilidade I
20 3
Método Heurístico de Chien, Hrones e Reswick (CHR) para reposta mais rápida sem sobrepasso.
35 kP i d
36 P 0,3 k - -
37 PI 0,35 k 1,16 -
38 PID 0, 6 k 0, 5
Método Heurístico de Ziegler e Nichols (Z&N)
39 kP i d
40 P k - -
41 PI 0,9 k 3,33 -
42 PID 1, 2 k 2 0, 5
Aproximação de sistema de ordem superior pela “regra da metade” de Skogestad
j T j 0 s 1 Numeradores negativos
Go s k0 e
o s Atrasos ordenados de acordo
43 i i 0 s 1 com a magnitude. 10 20 0 20 i 0 T j 0
2 2 i3 j
0
Deseja-se eq. da Linha 30 k=k valor final
2
Sistemas de Controle / Prof. Aniel Morais / aniel@ufu.br / Sala 3N222
Capítulo 1 – Resposta no Tempo 1
CAPÍTULO 1
RESPOSTA NO TEMPO
1.1 INTRODUÇÃO
O controle realimentado de sistemas dinâmicos é uma prática muito antiga, vem sendo
utilizado desde a antiguidade para, por exemplo, o controle de níveis de reservatórios d’água e
velocidade de moinhos de trigo. Mas passou a ser conhecido e estudado a partir da revolução
industrial com a invenção do flyball governor. Este dispositivo mecânico era utilizado para o
controle de velocidade dos primeiros motores a vapor. Observe a Figura 1, quanto maior a
velocidade do motor, mais fechada ficará a válvula.
Imagine que você está dirigindo o seu carro em uma rodovia retilínea e quer controlar a
velocidade do veículo. Seu “cérebro” é o controlador do sistema, seus “olhos” são os sensores que
o permitem observar a velocidade do veículo no velocímetro, seus “pés” são os atuadores que o
permitem pressionar o acelerador e o freio, enquanto o “carro” é o processo a ser controlado. Por
exemplo, pretende-se atingir a velocidade de 100km/h, seus olhos observam que o carro está
atualmente a 50km/h, envia esta informação ao cérebro, este compreende que há uma diferença entre
a velocidade desejada (referência ou set-point) com a velocidade atual (saída) e calcula um erro de
50km/h. Como o erro é positivo (erro=referência - saída) a saída do controlador será positiva, ou
seja, seu pé irá pressionar o acelerador enviando mais energia ao carro para que o mesmo ande mais
rápido.
O sinal de realimentação pode ser utilizado para uma vasta gama de sistemas, entretanto, para
se obter um bom controle existem quatro requisitos básicos:
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Sistemas de Controle Realimentado Aniel Morais / aniel@ufu.br
Capítulo 1 – Resposta no Tempo 2
Sistemas de controle é uma ciência que procura atuar em sistemas físicos (não somente),
porém, que tem como base fundamental a matemática. A modelagem em sistemas de controle é
fundamental para se poder analisar matematicamente o comportamento de um sistema físico, e
conseguintemente, se consiga projetar um controlador adequado às especificações. Os controladores
contínuos lineares são na verdade simples filtros. Um bom entendimento de sistemas de controle
necessita uma boa compreensão da relação entre matemática e física.
dy t d 2 y t
Onde y t é a derivada primeira de y t , ou seja, y t , y t e assim
dt dt 2
sucessivamente.
As EDO’s são funções no tempo cujas operações matemáticas envolvem exponenciais,
enquanto a transformada de Laplace muda a base para o plano S, nesta nova base as exponenciais
desaparecem.
Aplicando a transformada de Laplace às três equações anteriores obtêm-se:
1ª ordem : sy s y s u s
2ª ordem : s 2 y s 2sy s 7 y s 4u s
3ª ordem : s 3 y s y s 3u s
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 3
Como visto acima os sistemas lineares são classificados pela sua ordem, quanto maior a
ordem, mais complexo é o sistema. Veremos que em função desta ordem podemos saber como será a
resposta no tempo do sistema.
Exemplo 1.1
y t y t u t
sy s y s u s
y s s u s
g t e t
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 4
y t 1 e t
Tabela 1
t e0,2t y t
5 0,3678 0,632
2 10 0,1353 0,864
3 15 0,0498 0,950
4 20 0,0183 0,981
5 25 6,73e-3 0,993
Na Figura 3 pode-se observar que o valor final é 1, este é o valor para o qual a saída “tende”
e somente será alcançado para um tempo infinito. A resposta se tornará cada vez mais próxima de 1,
mas nunca atingirá o valor final, portanto, adota-se o tempo de acomodação como sendo o tempo
necessário para que a saída esteja satisfatoriamente próxima do valor final. É justamente agora que a
definição de constante de tempo passa a ter utilidade podemos notar que após três constantes de
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 5
*Quanto mais o longe o polo se encontra com relação à origem do plano S, mais rápido se
torna o sistema. Veremos melhor este assunto na análise do lugar das raízes.
A Figura 4 apresenta a resposta no tempo de três sistemas de primeira ordem cujos polos são
distintos.
Exercício: Identifique na Figura 4 qual o valor de cada um dos polos e suas respectivas
constantes de tempo.
Figura 4 – Resposta ao degrau para três sistemas de 1ª ordem com polos distintos.
Sistemas de 2ª ordem são aqueles que possuem dois polos. Caso um sistema possua um “polo
dominante”, ou seja, sua influência seja muito maior que a dos demais, o sistema pode ser
simplificado, pois sua resposta no tempo será equivalente ao de um sistema de menor ordem.
Normalmente os sistemas estudados são de 1ª ou de 2ª ordem, não porque realmente sejam assim,
mas porque na prática podemos simplificar a maioria dos sistemas de ordem maior. Por exemplo, um
sistema considerado de 1ª ordem pode na verdade ser de 10ª ordem, mas os nove polos que foram
desprezados afetam tão pouco a resposta que o erro é aceitável.
“Sigma” Amortecimento, parte real dos polos do sistema, responsável pela dissipação da
energia. Exemplo: atrito, resistores, amortecedores de um carro, etc.
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 6
1 1
G ( s) 2
s 5s 4 s 1 s 4
Na Figura 5 vemos o plano complexo S, nele são esboçados os polos do sistema. Quando se
trata de um sistema de 1ª ordem o polo está sempre sobre o eixo real, já para sistemas de 2ª ordem,
podem aparecer os polos complexos conjugados. Polos complexos conjugados são binários
simétricos com relação ao eixo real, possuem duas parcelas, uma real e outra imaginária. A parte real
é a mesma para os dois polos, entretanto a parte imaginária é espelhada, igual em módulo, mas de
sinais opostos.
s1 jd
s2 jd
ou
s j 1 2
1 n n
s2 n jn 1 2
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 7
n
cos
d n 1 2
Vamos aprofundar um pouco mais as analises do sistema de 2ª ordem a partir das definições e
equações apresentadas. Considerando uma função de transferência de 2ª ordem sem zeros:
a
G ( s)
( s jn 1 )( s jn 1 2 )
2
a
G ( s)
s s ( jn 1 jn 1 2 ) ( jn 1 2 )( jn 1 2 )
2 2
a
G( s)
s 2 s ( 1 n 2 (1 2 ))
2 2
a
G ( s)
s 2 s ( n 2 n 2 2n 2 )
2 2
Simplificando chegamos a:
a
G ( s)
s 2 s n 2
2
Portanto:
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 8
n 2
G(s)
s 2 2n s n 2
s1 n n 2 1
s2 n n 2 1
1
Na Figura 6 pode-se observar que a função de transferência G ( s) apresenta
( s 1)( s 3)
dois polos reais sobre o eixo real negativo. O ponto de cruzamento na figura é definido por n e é
igual a 2 .
s1 n n 2 1
s1 2 1 1
s2 n n 2 1
s2 2 1 3
Na Figura 7 é esboçada a resposta no tempo para um sistema de 2ª ordem com polos reais,
note que a reposta é parecida com a de um sistema de 1ª ordem, porém, existe uma pequena
diferença de inclinação inicial. A resposta é denominada de superamortecida, pois não existem
oscilações.
Sendo um (azul) o polo em malha aberta do sistema.
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 9
II. Quando 1 , existem duas raízes reais e iguais com s1 s2 n (Sistema
criticamente amortecido)
1
Na Figura 8 pode-se observar que a função de transferência G( s) apresenta dois
( s 3)2
polos reais iguais (polos duplos) sobre o eixo real negativo. Neste caso fica fácil deduzir que n 3 .
Na Figura 9 tem-se a resposta no tempo do sistema criticamente amortecido, não existem
oscilações, entretanto este sistema se encontra exatamente no limiar.
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 10
Figura 8 – Lugar das raízes do sistema criticamente Figura 9 – Resposta no tempo de um sistema
amortecido (polos duplos). criticamente amortecido.
10
Na Figura 10 pode-se observar que a função de transferência G ( s ) 2
apresenta
s 2 s 10
dois polos complexos conjugados.
s j 1 2
1 n n
s2 n jn 1 2
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 11
1.3 MEDIDAS DE DESEMPENHO PARA SISTEMAS DE 2ª ORDEM COM ENTRADA DO TIPO DEGRAU
Critérios de desempenho são definidos para que a resposta no tempo esteja de acordo com
determinadas especificações. Para sistemas de 1ª ordem o único critério existente é o tempo de
acomodação, já para sistemas de 2ª ordem surgem outros quatro fatores.
Tempo de subida ( tr ): É o tempo gasto para que a resposta vá de 0 até o valor final. É o
tempo para a resposta oscilatório completar ¼ de ciclo, isto é, .
2
tr 0100%
2d
Tempo de pico ( t p ): É o tempo gasto para a resposta ir de 0 até o valor de pico. É o tempo
para a resposta oscilatório completar meio ciclo, isto é, .
tp 2tr 0100%
d
Período ( T ): O período é o tempo necessário para que aconteça uma oscilação completa:
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 12
2
T 2t p
d
( )
d
S p y e
n
( )
d
S p y e
d n 1 2
Lembrando que:
n
( )
n 1 2
S p y e
( )
1 2
S p y e
Em percentual (%):
Sp
Sp % 100%
y
( )
1 2
Sp % e 100%
2
( )
1 2
Sp % e 100%
Settling Time, Tempo de acomodação ( t2% ou t5% ): É utilizado como uma medida de
tempo necessário para que as oscilações “desapareçam”. É o tempo necessário para a resposta no
tempo permaneça dentro de algum percentual especificado, por exemplo, 1%, 2% ou 5% do valor
final.
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 13
Polos reais e distintos, sendo 1 5 2 , ou seja, um polo é pelo menos 5 (cinco) vezes mais
rápido do que o outro. Neste caso podemos considerar apenas a dinâmica do polo dominante, o mais
lento. O sistema é analisado como se fosse de primeira ordem, é uma aproximação.
5 1
Exemplo 1.3: G( s) é equivalente a .
( s 1)( s 5) ( s 1)
Portanto:
1
1seg
3
t5% 3 3seg
4
t2% 4 4 seg
Dois polos reais e iguais (polos duplos), s1 s2 n , neste caso o efeito do atraso
gerado pelos dois polos será:
16
Por exemplo: G( s)
( s 4) 2
3
t5% 3
2 2
4
t2% 4
2 2
O termo é devido ao atraso que o segundo polo provoca na resposta do sistema com
2
relação às equações para um sistema com polos simples. Note que polos duplos não deixam o
sistema duas vezes mais lento e sim ou 1,57 vezes. Este valor é exato.
2
Figura 12 – Lugar das raízes de um sistema de segunda Figura 13 – Lugar das raízes de um sistema de segunda
ordem com 1 . ordem com 1 .
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 14
Dois polos complexos conjugados, quanto menor , mais correta se torna a aproximação a
seguir:
1
Por exemplo: G ( s) 2
s 4s 12
3
t5% 3
4
t2% 4
s 10
Por exemplo: G( s)
( s 2)( s 4)
Figura 14 – Lugar das raízes de um sistema de segunda Figura 15 – Lugar das raízes de um sistema de segunda
ordem com 1 . ordem com 1 e um zero.
O efeito do zero é de acelerar a resposta, (obs: 1 zero na frente dos polos de malha fechada
gera pico na resposta). Entenda a expressão “na frente” como mais à direita, quanto mais à direita,
mais na frente está um polo ou zero.
3
t5% 3
_________________________________________________________________________________________________________________________
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 15
4
t2% 4
1.5 EXERCÍCIOS:
1. Esboce a posição dos polos e zeros no plano complexo e a resposta no tempo para os
casos abaixo (Utilize o programa de simulação Matlab® se necessário):
(a) G s
Ts 1 , para as variações de T ;
5s 1 2s 1
Ts 1
(b) G s , para as variações de T ;
s 1
(c) G s
2s 1 Ts 1 , T variável.
s 1 5s 1 3s 1
(d) G s
Ts 1 , T variável.
s 2
4s 16
________________________________________________________________________________
step(G); % Esboça a resposta no tempo para uma entrada do tipo degrau (step)
_________________________________________________________________________________________________________________________
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Capítulo 1 – Resposta no Tempo 16
___________________________________________________________________________
// Bode Diagram
s=poly(0,'s') // Define a variável complexa s no Scilab (outra forma)
h=syslin('c',(s^2+2*0.9*10*s+100)/(s^2+2*0.3*10.1*s+102.01)) // Função de transferência (outra
forma)
clf();bode(h,0.01,100);
________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 17
CAPÍTULO 2
POLOS, ZEROS E ESTABILIDADE
2.1 RESPOSTA EM REGIME PERMANENTE E ERRO PARA SISTEMA EM MALHA FECHADA
Onde:
e Erro de regime permanente, diferença entre o valor desejado e o verdadeiro da saída.
ref Valor de referência ou set-point, é o valor desejado na saída.
y Resposta em regime permanente, ou seja, valor para o qual a saída tende com o passar do
tempo para uma entrada constante.
Para t , 0 , portanto s 0 .
1
Para y ( s) G( s) u( s) , onde G ( s )
sa
1 1
Tense-que: Para u ( s ) , temos y ( s )
s s ( s a)
_________________________________________________________________________________________________________________________
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 18
1 1
Exemplo: yo lim sy( s) lim s lim
s s s( s a) s ( s a)
yo 0
s
Exemplo: y lim sy ( s) lim
s 0 s 0 s( s a)
1
y
a
Alternativamente pode se calcular o valor a partir da função de transferência ao invés do sinal, neste
caso o valor final é conhecido também como ganho estático ( K e ).
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 19
1 1
(a) Sistema estável: G ( s ) 2
(b) Sistema criticamente estável: G ( s ) 2
s 2s 10 s 2
s 1
(c) Sistema instável: G ( s )
( s 3)( s 1)
2.4 DIAGRAMAS DE POLOS E ZEROS E REGIÃO DE ESTABILIDADE PARA ENTRADA DO TIPO DEGRAU
Em uma função de transferência o polo é a singularidade da função, é o valor no qual a função tende
ao infinito. Já o zero é o valor que faz com que a função seja zero. Os polos estão localizados no denominador
e os zeros no numerador.
É fundamental compreender o conceito de estabilidade e sua relação com os polos e zeros do sistema.
As figuras 04 a 10 apresentam a relação plano complexo versus resposta no tempo para diversas funções de
transferência, o objetivo é abranger os casos mais importantes.
Figura 6 – Sistema de 1ª ordem com um polo com parte real negativa. Sistema estável.
_________________________________________________________________________________________________________________________
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 20
Figura 7 - Sistema de 1ª ordem com um polo com parte real positiva. Sistema instável
Figura 8 - Sistema de 1ª ordem com um polo na origem, integrador. Sistema criticamente estável.
Figura 9 - Sistema de 2ª ordem com polos complexos conjugados com parte real negativa. Sistema estável.
Figura 10 - Sistema de 2ª ordem com polos complexos conjugados com parte real positiva. Sistema instável.
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 21
Figura 11 - Sistema de 2ª ordem com dois polos reais negativos e com um zero à direita dos polos. Sistema estável
com pico na resposta.
Figura 12 - Sistema de 2ª ordem com dois polos reais negativos e com um zero com parte real positiva. Sistema
estável com pico negativo na resposta. Conhecido como sistema com resposta inversa.
Até agora estudamos o plano complexo e a resposta no tempo em função dos polos e zeros. Os polos
são as raízes do polinômio do denominador da função de transferência. Os zeros são as raízes do polinômio do
numerador da função de transferência. Vamos entender melhor isto no exemplo a seguir.
G s
s 1
s 2 s 7
Por tudo que vimos até agora o estudante já sabe que uma vez que conheçamos a função de
transferência de um sistema sabemos quais seus polos e zeros e, consequentemente, sua resposta no tempo. A
pergunta de um milhão de dólares é: Se fosse necessário mudar a resposta no tempo deste sistema o que você
faria? O que mudaria? Alguns estudantes devem ter respondido imediatamente. – Vamos mudar a posição dos
polos e zeros do sistema, assim mudaremos a resposta no tempo.
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 22
O único problema com este raciocínio é que não se pode esquecer jamais que as equações
matemáticas representam sistemas físicos. Mudar a posição de um polo ou zero significa mudar parâmetros
físicos de um processo, como por exemplo, aumentar o tamanho de um tanque ou diminuir o diâmetro de uma
tubulação de água.
Existe outra maneira de modificarmos a posição dos polos sem a necessidade de alteração estrutural
do processo, a chave para este mistério é a realimentação negativa obtida quando o sistema passa a operar
em malha fechada. Em breve voltaremos a este assunto e veremos os “super poderes” da realimentação
negativa.
Sistemas em malha aberta são sistemas do tipo série, no qual um sinal aplicado à entrada passa pelo
sistema e aparece na saída como produto do sinal pela função de transferência, conforme a Figura 13.
y s u s G s r s K G s
FTMA s K G s
C sG s
FTMF ( s )
1 C sG s
NC NG
C s e G s
DC DG
Para simplificar nossa análise definiu-se N como o polinômio do numerador e D como o polinômio
do denominador da função de transferência.
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 23
NC NG
FTMA s C s G s
DC DG
NC NG NC NG
DC DG DC DG NC NG
FTMF ( s )
N C N G DC DG N C N G DC DG N C N G
1
DC DG DC DG
NC NG
FTMF ( s )
DC DG N C N G
1
Supondo G ( s) e C ( s) K , têm-se:
1 s
K
FTMA ( s )
1 s
K
FTMF ( s )
1 s K
Quando o sistema foi realimentado negativamente o polinômio do numerador da FTMA ( s ) , NC NG ,
aparece agora no denominador da FTMF ( s ) e modifica a posição dos polos que antes eram fixos, estes novos
polos que são variáveis recebem o nome de polos de malha fechada, enquanto os polos fixos recebem o nome
de polos de manha aberta.
Fazendo o polinômio do denominador de uma função de transferência igual a zero nos da a Equação
característica do sistema, DC DG N C N G 0 é a equação característica da FTMF ( s ) .
DC DG N C N G 1 s K 0
1 s K 0
s (1 K )
(1 K )
s
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 24
Exemplo 2.1
t5% MA
Determinar K tal que t5% MF para o sistema da Figura 15, onde t5% MF é o tempo de
3
acomodação de 5% em malha fechada e t5% MA é o tempo de acomodação de 5% em malha aberta.
t5% MA 3
3
t5% MF 3 MF
3
MF
3
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 25
(1 K )
s MF
1
s MF
MF
1 1
s
MF
3
3 (1 K )
s
3 1 K
K 2
Qual o erro em regime permanente deste sistema?
e 1 Ke
e 1 lim FTMF ( s)
s 0
K
e 1 lim
s 0 (1 s ) K
K 1 K K
e 1
1 K 1 K
1
e
1 K
Para K 2 tem-se e 1 0, 333 , ou seja, apesar do sistema ser mais rápido ele nunca atingirá o
3
valor de referência. O erro não nulo se deve ao fato de não existem polos na origem na FTMA ( s ) , pelo menos
um integrador seria suficiente para eliminar o erro em um sistema cuja referência é um degrau. Em muitos
livros este sistema é denominado sistema do tipo 0 (zero integradores).
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 26
1
1
G ( s) 2
s s 1 s s
K s 2 s
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 27
dK
Derivando K em relação a s e igualando a zero 0.
ds
dK
2 s 1 0
ds
Isolando s encontramos o valor para o qual os dois polos de malha fechada serão iguais, ou seja, o
ponto de cruzamento dos ramos.
1
s
2
Para 1 o ponto de cruzamento dos ramos será em s 0,5 .
Para o sistema do exemplo 2.2 qual o erro em regime permanente? Se o ganho K for igual a 1 qual
será o valor dos polos de malha fechada?
e 1 lim FTMF ( s)
s 0
K
e 1 lim 2
s 0
s s K
K
e 1 lim
s 0 K
e 1 1 0
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 28
O erro é nulo, pois existe um polo na origem na FTMA ( s ) , um integrador, e o sinal de referência era
um degrau. Em muitos livros este sistema é denominado sistema do tipo 1 (um integrador).
Se o sinal de referência fosse uma rampa seriam necessários dois polos na origem para que o erro
seja nulo. Em muitos livros este sistema é denominado sistema do tipo 2 (dois integradores).
Se o sinal de referência fosse uma parábola seriam necessários três polos na origem para que o erro
seja nulo. Em muitos livros este sistema é denominado sistema do tipo 3 (três integradores).
Desenvolvendo as equações:
s 2 s K
s K
s2 0
2
1 K
4 1
1
s1,2
2 1
2
1 4K
1
s1,2
2
2
1 1 K
s1,2
2 2
1 K 1
s1,2 j 2
2 4
2
Como sabemos s1,2 n jn 1 , desenvolvendo a equação anterior chegamos a:
1 K 1
s1,2 j 1
2 4 K
K
Comparando as duas equações conclui-se que: n 1
e 2 K .
Exemplo 2.3: Esboçando o lugar das raízes com dois ramos. Dois polos e um zero.
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 29
C ( s) K
s z0
s
FTMA (s) K
s z0 1
s s 1
K s z0
FTMA ( s)
s s 1
K s z0
FTMF ( s)
s s 1 K s z0
K
s2 s
s z0
dK
Derivando K em relação a s e igualando a zero 0.
ds
u v u v
e derivada do produto u v u v u v
Lembrete: Derivada da divisão u
v v2
2
dK 2 s 1 s z0 s s 1
0
2
ds s z0
Como a equação foi igualada a zero tanto o sinal negativo quanto o denominador são desprezados, na
prática nunca precisam ser calculados.
2 s 1 s z0 s2 s 0
2 s 2 s 2 z0 s z0 s 2 s 0
s 2 2 z0 s z0 0
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 30
z0
s 2 2 z0 s 0
Isolando s encontramos o valor para o qual os dois polos de malha fechada serão iguais, ou seja, o
ponto de cruzamento dos ramos.
2 z0
2 z0 4 1
s 2 z0
1,2 2 1
4 z0
4 z0 2
1
2 z0 2 z0 1
z0
s1,2
2
1
s1,2 z0 z0 1
z0
Figura 20 – Lugar das raízes de sistema em malha fechada com compensador PI.
Para o sistema do exemplo 2.3 para quais valores do ganho K teremos polos duplos?
Polos duplos acontecem nos pontos de cruzamentos de ramos, como existem dois pontos de
cruzamentos existirão dois valores de K que nos proporcionam polos duplos.
Primeiro ponto em s1 0,586 :
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Capítulo 2 – Polos, Zeros e Estabilidade 31
2
1 0,586 0,586
K 0,1716
0,586 2
Primeiro ponto em s2 3, 41 :
2
1 3, 41 3, 41
K 5,828
3, 41 2
Qual o t5%MF para polos duplos em s2 3, 41 ?
3 3
t5% MF teorico 0,88seg
3, 41
1. Para as funções de transferência a seguir calcule: , , n , d , t5% e o valor final e inicial. Utilize
o Matlab® para conferência.
1 1
(a) G s (d) G s
s 1 s 6 s 4s 16
2
1 s3
(b) G s 2 (e) G s
s 3 s 1 s 3
s9 s2
(c) G s (f) G s 2
s3 s 3
2. Esboce o lugar das raízes. Quais são os polos de malha aberta, o erro em regime permanente, o ponto
de cruzamento e o ganho K para o ponto de cruzamento? Qual o valor dos polos de malha fechada
para K 5 e o t5% MF .
3. Esboce o lugar das raízes. Quais são os polos de malha aberta, o erro em regime permanente, o ponto
de cruzamento e o ganho K para o ponto de cruzamento (em função de T )? Qual o valor dos polos
de malha fechada e o t5% MF . para K 3 e T 2 .
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 32
CAPÍTULO 3
RESPOSTA EM FREQUÊNCIA E DIAGRAMA DE BODE
3.1 RESPOSTA EM FREQUÊNCIA
Figura 1 – Função de transferência de malha aberta excitada por entrada senoidal com frequência variável.
x t A sin t
y t B sin t
B A H j
H j
Módulo é a razão da amplitude de saída para a amplitude de entrada, como a frequência é variável o
módulo é função da frequência.
Fase é o deslocamento da fase da saída senoidal com relação à entrada senoidal, como a frequência é
variável o defasamento (fase) é função da frequência. “Ganhar” fase significa adiantar enquanto “perder”
significa atrasar o sinal.
As variações do Módulo e da Fase com relação à frequência SAP conhecidos como “Resposta em
Frequência” da função de transferência em malha aberta.
A resposta em frequência pode também ser registrada num diagrama que mostre a sua dependência
com o valor da frequência explicitamente. Não sendo possível traçar o valor de H j (sendo que um
complexo é bidimensional) em função de num plano, representa-se o valor do módulo e da fase do
complexo em função da frequência em dois diagramas separados. Estes diagramas designam-se por
Diagrama de Bode.
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 33
Existem vários motivos pelo qual é mais conveniente fazer a representação da resposta numa escala
logarítmica de frequência, como a transportabilidade da resposta para qualquer valor de frequência *. Do
mesmo modo o uso de escala logarítmica no traçado do ganho (módulo) permite contabilizar o efeito de
dispositivos em cascata de uma forma aditiva.
* Por exemplo, as notas da escala musical natural (frequências) evoluem de um modo logarítmico (1 oitava =
dobro da frequência).
G j G1 j G2 j
G j G1 j G2 j e
j G1 j G2 j
log G j log G1 j log G2 j
G j G1 j G2 j
Figura 3 - Escala logarítmica decimal. 1 década = dez vezes a frequência. Fonte [1].
Uma alternativa muito usada em diversas áreas da engenharia é a representação do ganho em dB (um
décimo de bel (B)) de modo a tornar a composição de ganhos aditiva. As curvas no diagrama de Bode ficam
inalteradas, mas a escala do ganho agora é linear.
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 34
Y ( j )
H ( j ) dB 20 log10 | H ( j ) | 20 log10 | |
X ( j )
Assim,
H1 H 2 H 3 dB 20log10 | H1 H 2 H 3 |
Note-se que log refere-se, tal como até aqui, à função logaritmo de base 10. Não confundir com o
logaritmo natural ln de base e (número de Neper).
Na Figura 4 tem-se a escala de Bode em dB.
Na Figura 5 tem-se a comparação entre o ganho real e a utilização das assíntotas. As assíntotas
facilitam o esboço do diagrama de bode quando realizado à mão livre, foi muito utilizado antes do advento
dos computadores.
K
G j
1 j
c
K K K
G jc 0, 707 K
2 2
c 1 1 2
1 j
c
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 35
c
G jc dB 20log K 20log 1 j 20log K 20log 2 K dB 3dB
c
Para G j 1 j , têm-se na Figura 6 o detalhe da mudança de fase.
c
K
3.2.4 FATORES DE RAÍZES COMPLEXAS CONJUGADAS G j
n 2
s 2
2n s n 2 :
Diagrama de bode de um sistema com dois zeros complexos conjugados. Lembrem-se que em
sistemas de controle os processos físicos são próprios e, portanto, o número de polos deve ser maior ou igual
ao número de zeros.
2
G j K j 2 j 1
n n
2
M G dB 20 log K 20 log 1 2 j 2
n n
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 36
2
2 2
20log K 20log 1 2 4 2 2
n n
20log K 0 0
20log K 40log
n
2
G K 1 2
j 2
n n
..0.... 10
2 n
n
arctan 2 .90 ... n
1
n 2 180 .. 10 n
M G dB 20 log G j 20 log K
0
G G j arctg 0
K
Para K 0 , a fase será de 180 , pois em dB valores negativos significavam valores de ganho entre
0 e 1, já valores negativos de ganho aparecem com deslocamento de fase de 180 . Exemplo:
10 1180 1 180 .
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 37
G G j 180
K c K
3.2.6 DIAGRAMA DE BODE DE UM POLO G ( j ) G ( j ) :
s c
1 j
c
Sistema de 1ª ordem com polo em s c , neste caso a frequência de corte é igual ao valor do polo.
M G dB 20 log G j 20 log K 20 log 1 j
c
2
M G dB 20 log K 20 log 1
c 2
20log K 0 0
20log K 20log
c
G K 1 j arctan
c c
...0.... c 10
45... c
90 .. 10 c
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 38
K
3.2.7 DIAGRAMA DE BODE DE UM ZERO G ( j ) s c G ( j ) K 1 j :
c c
M G dB 20 log G j 20 log K 20 log 1 j
c
2
M G dB 20 log K 20 log 1
c 2
20log K 0 0
20log K 20log
c
G K 1 j arctan
c c
.0.... c 10
45... c
90 .. 10 c
_________________________________________________________________________________________________________________________
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 39
K K
3.2.8 DIAGRAMA DE BODE DE UM POLO NA ORIGEM (INTEGRADOR) G ( j ) G ( j ) :
s j
M G dB 20log K 20log
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 40
M G dB 20log K 20log
K n 2
G(s)
s 2 2n s n 2
2
K n2
K n 2 K n 2 n
G ( j ) 2 2
( j ) 2 2n ( j ) n 2 2 j 2n n 2 n j 2n
n 2
K
G ( j )
2
1 ( ) j 2 ( )
n n
_________________________________________________________________________________________________________________________
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 41
Assim:
M G dB 20 log | G ( j ) | 20 log | K | 20 log 1 ( ) 2 j 2 ( )
n n
2
M G dB 20log | K | 20log 1 ( )2 4 2 ( )2
n n
20log K 0 0
20log K 40log
n
2
G K 1 ( ) j 2 ( )
n n
...0...... 10
2 ( ) n
n
arctan 90 .... n
1 ( ) 2
n 180 .. 10 n
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 42
1 j
c 2
G ( j ) K
1 j 1 j
c1 c 3
M G dB 20 log | G ( j ) | 20 log | K | 20 log 1 j 20 log 1 j 20 log 1 j
c 2 c1 c 3
G G ( j ) K 1 j 1 j 1 j
c 2 c1 c 3
Considere-se uma função de transferência constituída por diversos fatores sendo um deles um polo na
origem.
1 j
c1
G ( j ) K
j 1 j
c 2
M G dB 20 log | G ( j ) | 20 log | K | 20 log 1 j 20 log j 20 log 1 j
c1 c 2
G G ( j ) K 1 j 90 1 j
c1 c 2
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 43
A situação mais habitual é ter para a malha aberta ganhos elevados (superiores à unidade) à baixa
frequência e atenuação às altas frequências. A largura de banda de um sistema final em malha fechada pode
ser prevista a partir da malha aberta (controlador mais processo) através da frequência de cruzamento do
ganho unitário cross .
Malha aberta Malha fechada
FMA j
cross FMA j 1 FMF j 1
1 FMA j
FMA j
cross FMA j 1 FMF j FMA j 1
1 FMA j
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 44
Exemplo 3.1
Figura 17 – Comparação entre um sistema em malha aberta e outro em malha fechada. Fonte [2].
As margens de estabilidade de ganho e fase podem ser transportadas do diagrama de Nyquist para o
diagrama de Bode onde as suas representações e medidas aparecem mais simplificadas.
M 180 G0 jcg
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 45
G0 jcg 1
G0 jcf 180
Margem de ganho ( M G ): É o fator pelo o qual o ganho do sistema, isto é, o módulo, pode ser
incrementado sem tornar o sistema instável.
Margem de fase ( M ): É a quantidade na qual a fase em malha aberta cai abaixo de 180º quando o
módulo tem valor 1 (0 dB).
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Capítulo 3 – Resposta em Frequência e Diagrama de Bode 46
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 47
CAPÍTULO 4
INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE CONTROLE DE TEMPO DISCRETO
4.1 INTRODUÇÃO
Os sistemas de controle estudados até este momento envolvem controladores analógicos, que
produzem sinais de controle contínuos no tempo a partir de sinais de entrada também contínuos no tempo.
Estes Controladores apresentam pouca flexibilidade e modificações na lei de controle implicam em
modificações do “hardware”. Além disto, é difícil implementar leis de controle mais complexas.
Nas últimas décadas tem-se observado um forte crescimento do uso de controladores digitais em
sistemas de controle. Controladores digitais são utilizados visando obter melhores performances dos sistemas,
tais como, maior produtividade, menores custos, maior qualidade ou menor energia utilizada. A utilização de
controle via computador dotou os robôs industriais de maior “inteligência”, a otimização do consumo de
combustíveis em automóveis, e o aprimoramento de aplicações domesticas tais como microondas, máquinas
de costura, entre outros.
“Contínuo” versus “Discreto”: Um sinal pode ser contínuo (pode possuir qualquer valor) ou discreto
(somente pode possuir valores específicos) tanto no tempo quanto em amplitude.
1. Sinal analógico: é um sinal que toma um conjunto contínuo de valores de amplitude em uma
faixa contínua de tempo. Contínuo tanto em amplitude quanto no tempo.
2. Sinal contínuo quantizado: é um sinal cuja amplitude assume apenas valores discretos
(específicos). Apenas a amplitude é quantizada.
3. Sinal amostrado: se o sinal for discreto no tempo (existe apenas em instantes definidos) e tiver
amplitude contínua o sinal é chamado amostrado.
4. Sinal digital: se o sinal for discreto no tempo e possuir amplitude quantizada (discreta) então o
sinal é chamado digital.
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 48
Figura 3 – Sinal analógico e sinal amostrado. Figura 4 – Sinal analógico quantizado (reconstruído).
Figura 5 – Sinal amostrado e analógico quantizado. Figura 6 – Sinal analógico, amostrado e quantizado.
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 49
Figura 8 - Diagrama de blocos de um sistema de controle digital mostrando sinais na forma binária ou gráfica.
São sistemas dinâmicos em que uma ou mais variáveis podem mudar apenas em instantes discretos de
tempo. Estes instantes serão denominados de kT ( k 0,1, 2,3,... e especificam o momento em que alguma
medição física é realizada ou o momento em que a memória de um computador digital é lida. O intervalo de
tempo entre dois instantes discretos deve ser suficientemente pequeno para que a informação durante o
intervalo possa ser obtida por interpolação.
O controle digital envolve a medições do sinal de saída do processo, que em geral é contínuo. Como
este sinal deve ser processado pelo computador, ele deve ser amostrado. Por outro lado o sinal de controle
gerado pelo computador deve ser aplicado na planta. Como este sinal é discreto, ele deve então ser
transformado em um sinal contínuo (quantizado em amplitude). Este é o processo de reconstrução do sinal.
Sistemas de tempo contínuo, cujos sinais são contínuos no tempo podem ser descritos por equações
diferenciais. Sistemas de tempo discreto que envolvem sinais amostrados ou digitais podem ser descritos por
equações de diferenças.
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 50
(A) Amostragem
3. Amostragem de taxa múltipla: em casos onde o sistema de controle possui várias malhas com
diferentes velocidades, altas frequências de amostragem para as malhas rápidas e baixas
frequências de amostragem para as malhas lentas.
Para um sistema de 8 bits e um sinal de 10volts, por exemplo, este será dividido em 28 1 partes
10
255 , portanto, 3,92mV .
255
O sinal será representado dentro do computador por valores quantizados no tempo e em amplitude
com degraus de 3,92mV.
FSR Q
FSR= full-scale range Q erro
2n 1 2
n= número de bits
O computador processa sinais digitais e aplica a saída ao circuito sustentador (ZOH em inglês “Zero-
Order Hold”). A saída deste circuito é um sinal contínuo no tempo. Na prática esta operação é realizada por
um circuito eletrônico denominado conversor D/A (conversor digital para analógico). Ele transforma o sinal
apresentado na Figura 2 naquele da Figura 4.
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 51
Vamos definir uma função matemática denominada trem de impulsos T t . O produto deste trem de
impulsos pelo sinal analógico nos dá o sinal amostrado.
x* t x t T t
x* t x kT t kT
k 0
Conforme mencionado anteriormente na saída de muitos circuitos digitais esta um conversor D/A,
este circuito eletrônico é responsável por transformar um sinal amostrado em um sinal contínuo.
Matematicamente pode-se definir uma função matemática responsável por essa conversão como sendo o ZOH
ou B0 s .
1 e sT
B0 s
s
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 52
A operação do ZOH é simples, durante os intervalos entre um sinal amostrado e outro ele mantém
constante o ultimo valor.
Figura 13 – (a) amostrador real e o sustentador de ordem zero, (b) Modelo matemático que consiste em um
amotrador impulsional e a função de transferência B0 s .
s 2 1
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 53
Para apresentar a validade deste teorema, precisa-se encontrar o espectro de frequência do sinal
amostrado x* t . A transformada de Laplace de x* t é apresentada a seguir, dependendo x(0 ) 0 ou
não.
1 1
X * s X s j k 2 x(0 )
s
T k
Para obter o espectro de frequência, substitui-se s por j .
1
X * j X j j k s
T k
1 1 1
X j s X j X j s ...
...
T T T
A equação anterior nos da o espectro de frequência de um sinal amostrado x* t . Pode-se observar
que o espectro de frequência de um sinal amostrado por impulsos se reproduz um número infinito de vezes e é
atenuado pelo fator 1 T . Consequentemente o processo de modulação impulsional do sinal contínuo no
tempo produz uma série de bandas laterais (sidebands). Com X * s é periódico com período 2 s .
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 54
Filtro passa-baixa ideal: O filtro passa-baixa ideal é um filtro teórico que permite a passagem de
todo o sinal sem nenhuma atenuação até a freqüência de corte do filtro (sem distorção de amplitude ou fase),
porém, assim que um sinal com frequência superior à de corte é aplica na entrada do filtro este irá bloqueá-la
completamente. A magnitude do filtro é unitária entre a faixa de freqüência
s
s , e zero fora
2 2
desta faixa de frequência, sem defasamentos.
O processo de amostragem introduz um número infinito de componentes complementares em adição
ao componente primário. O filtro ideal irá atenuar todos os componentes complementares a zero e permitirá a
passagem somente do componente primpário. A Figura 17 apresenta um exemplo de reconstrução de um sinal
contínuo a partir de um sinal amostrado, utilizando um filtro passa-baixa ideal.
Entretanto um filtro passa-baixa ideal não é fisicamente realizável, seria necessário um sistema no
qual a resposta no tempo na saída do filtro iniciasse antes da entrada ser aplicada no filtro, este filtro é dito
não causal.
Devido ao filtro ideal não ser implementável e como na prática sinais em sistemas de controle
geralmente apresentam componentes em altas frequências, na pratica, não é possível, uma reconstrução exata
de sinais contínuos no tempo a partir de sinais amostrados, não importando qual a frequência de amostragem
escolhida.
ZOH (Zero-Order Hold) ou Sustentador de ordem zero: Na maioria das aplicações a reconstrução
do sinal amostrado é realizada pelo conversor D/A. Este conversor se comporta como um tipo um pouco
diferente de filtro passa-baixa. Sua função de transferência:
1 e sT
B0 s
s
Para comparar a resposta em frequência do ZOH com o filtro ideal, deve-se obter a resposta em
frequência característica da função de transferência do ZOH. Substituindo s por j :
1 e jT sen T 2 1 2 jT
B0 j T e
j T 2
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 55
sen T 2
B0 j T
T 2
A magnitude se torna zero na frequência de amostragem e em múltiplos integrais da frequência de
amostragem.
A Figura 18 (a) apresenta a resposta em frequência característica do ZOH. Como pode-se observar
existem picos indesejáveis nas frequências 3s 2 , 5s 2 e assim por diante. Observe que a magnitude cai
mais do que 3dB ( 0, 637 3,92dB ) na frequência de s 2 . Devido ao decrescimento gradual da
amplitude com o aumento da frequência, as componentes complementares vão sendo gradualmente atenuadas
até zero. Como a magnitude do ZOH não é constante, quando um sistema é conectado a um ZOH (conversor
D/A), distorções no espectro de frequência ocorrem no sistema.
O deslocamento de fase (phase-shift) do ZOH pode ser obtido por:
sen T 2
B0 j T e 1 2 jT
T 2
T T
B0 j sen
2 2
Figura 18 – (a) Curvas de resposta em frequência para o ZOH, curvas lineares; (b) Diagrama de Bode para T=1
seg.
A Figura 19 apresenta a comparação entre o filtro ideal e o ZOH. Para auxiliar a comparação, as
magnitudes foram normalizadas. Pode-se observar que ao ZOH é um filtro passa-baixa, embora sua resposta
não seja muito boa. Muitas vezes, filtros passa-baixa adicionais são utilizados para filtrar os sinais antes de
sua amostragem e assim efetivamente remover as componentes de frequência superior a s 2 .
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 56
Figura 20 – Diagrama mostrando as regiões onde os erros de sobreposição (folding error) ocorem.
Na pratica, sinais em sistemas de controle possuem componentes de alta frequência, e alguns efeitos
de sobreposição irão quase sempre acontecer. Todos os sinais com frequências superiores a s 2
aparecem como sinais de frequência entre 0 e s 2 . Em alguns casos um sinal de frequência zero pode
aparecer na saída.
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 57
Se um sinal for amostrado com frequência inferior à N , então as componentes de alta frequência
serão “folded in” rebatidas e aparecerão em baixas frequências.
Para evitar o efeito de aliasing, deve-se adotar uma frequência de amostragem suficientemente alta (
s 2 N ) ou utilizar um pré-filtro antes do amostrador para eliminar freqüências acima da frequência de
Nyquist.
x t x1 t x2 t s e n t s e n 3t
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 58
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4.5 EXERCÍCIOS
2. O que é aliasing em processamento digital de sinais? O que podemos fazer para evitar este
inconveniente?
5. Questão Enade 2005. O diagrama de blocos ilustra um sistema para processamento digital de sinais.
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Sistemas de Controle Realimentado - Capítulo 4 59
Nesse diagrama:
Marque (V) para as respostas verdadeiras e (F) para as respostas Falsas. Justifique as falsas.
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Capítulo 5 – A Transformada Z 60
CAPÍTULO 5
A TRANSFORMADA Z
5.1 A TRANSFORMADA Z
x* t x kT t kT
k 0
X * ( s ) £ x* (t ) £ x kT t kT
k 0
X * s e st x kT t kT dt
0 k 0
X * s x kT e st t kT dt
k 0 0
X * s x kT e kTs
k 0
Observe que a transformada de Laplace do sinal amostrado não conseguiu linearizá-lo, pois persiste
sT
um termo de atraso ( e kTs ). Para tanto vamos definir uma nova variável complexa z , onde z e e
1
consequentemente s ln z . O termo e kTs se transforma em z k .
T
1
X z X * s ln z x kT z k
T k 0
X z x kT z k
k 0
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Capítulo 5 – A Transformada Z 61
X z x t x kT z k
k 0
A transformada Z unilateral:
x z x kT z k , onde x z 0 para t 0
k 0
x z x 0 x T z 1 x 2T z 2 ... x kT z k ...
A transformada Z é uma série infinita em z 1 , cujo raio de absoluta convergência é z . Ou seja, ela
só converge para z 1 . O sistema será estável somente para z 1 .
1, t 0
x t 1 t
0, t 0
x z 1 t 1 kT z k 1 z k
k 0 k 0
k
x z z 1
k 0
k 1
x z z 1 1 z 1 z 2 z 3 ...
k 0 1 z 1
1
x z
1 z 1
t , t 0
x t x kT kT , k 0,1, 2,3...
0, t 0
x z 1 t kT z k T k z k
k 0 k 0
x z T z 1 2 z 2 3z 3 ... Tz 1 1 2 z 1 3z 2 ...
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Capítulo 5 – A Transformada Z 62
2
1 Tz 1
x z Tz 1 1
2
1 z 1 z 1
Tz 1
x z
1 2
1 z
Função exponencial x t eat :
e at , t 0
x t x kT eakT , k 0,1, 2,3...
0, t 0
k
x z eat eakT z k eaT z 1
k 0 k 0
k 1
x z e aT z 1
k 0 1 e aT z 1
1
x z
1 e z 1
aT
Linearidade: a x t b y t a x z b y z
Multiplicação por exponencial: eat x t x eaT z
d z k
Derivada da transformada: k z k 1 k z k 1
dz
z 1
Teorema do valor final: lim y kT lim y z lim z 1 y z
k z 1 z z 1
V f lim z 1 y z
z 1
z 1
Teorema do valor inicial: lim y kT lim y z lim y z
k 0 z z z
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Capítulo 5 – A Transformada Z 63
Vi lim y z
z
y t y kT t kT
k 0
Método 1: Séries de potência. Este método envolve dividir o numerador de Y z pelo denominador
de modo a se obter uma série de potências na forma:
Y z y0 y1 z 1 y2 z 2 y3 z 3
Exemplo 5.1
z2 z
Y z
z 2 3z 4
z 2 z.............. z 2 3 z 4.......................................
z 2 3z 4........1 4 z 1 8 z 2 8 z 3
.......4 z 4
....................4 z 12 16 z 1
............................8 16z 1
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Capítulo 5 – A Transformada Z 64
..........................................8 24 z 1 32 z 2
..................................................8 z 1 32 z 2
...............................................................8z 1 24 z 2 32 z 3
...................................
E os coeficientes da série de potência são:
y 0 1,
y T 4,
y 2T 8,
y 3T 8,
A sequência requerida é:
y t t 4 t T 8 t 2T 8 t 3T
Exemplo 5.2
z
Y z 2
z 3z 2
..................z...................... z 2 3 z 2.......................................
.......z 3 2 z 1 .......z 1 3 z 2 7 z 3 15 z 4
......3 2z 1
3 9 z 1 6 z 2
7 z 1 6 z 2
7 z 1 21z 2 14 z 3
15z 2 14 z 3
15z 2 45z 3 30 z 4
......................................................
E os coeficientes da série de potência são:
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Capítulo 5 – A Transformada Z 65
y 0 0,
y T 1,
y 2T 3,
y 3T 7,
y 4T 15,
A sequência requerida é:
y t t T 3 t 2T 7 t 3T 15 t 4T
Exemplo 5.3
Encontre a transformada Z inversa para a função de transferência:
z
Y z
z 1 z 2
Solução: A expressão acima pode ser re-escrita como:
Y z 1 A B
z z 1 z 2 z 1 z 2
Os valores de A e B podem ser encontrados fazendo a multiplicação cruzada onde:
A z 2 B z 1 1
Y z 1 1
z z 1 z 2
ou
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Capítulo 5 – A Transformada Z 66
z z
Y z
z 1 z 2
y kT 1 2k
y 0 0,
y T 1,
y 2T 3,
y 3T 7,
y 4T 15,
A sequência requerida é:
y t t T 3 t 2T 7 t 3T 15 t 4T
Exemplo 5.4
A z 1 z 2 Bz z 2 Cz z 1 1
ou
A z 2 3z 2 B z 2 2 z C z 2 z 1
2k
y kT a 1 a 1 2k 1
2
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Capítulo 5 – A Transformada Z 67
1 2, ...k 0,
a
0, ......k 0,
E os coeficientes da série de potência são:
y 0 0,
y T 0,
y 2T 1,
y 3T 3,
y 4T 7,
y 5T 15,
A sequência requerida é:
y t t 2T 3 t 3T 7 t 4T 15 t 5T
Exemplo 5.5
z 1
A z 0,5 10
z 0,5 z 0,8 z 1 z 0,5
z 1
B z 0,8 30
z 0,5 z 0,8 z 1 z 0,8
z 1
C z 1 20
z 0,5 z 0,8 z 1 z 1
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Capítulo 5 – A Transformada Z 68
Consequentemente,
10 z 30 z 20 z
Y z
z 0,5 z 0,8 z 1
k k
y kT 10 0,5 30 0,8 20
y 0 0,
y T 1,
y 2T 3,3,
y 3T 5,89,
A sequência requerida é:
y t t T 3,3 t 2T 5,89 t 3T
Caso II: Raízes de múltiplas ordens. Quando Y z tem raízes de múltipla ordem na forma:
N z N z
Y z
z p1 z p1 z p1 z p1 z p1 r
Exemplo 5.6
z 2 3z 2
A z 2
0,125
z z 5 z 0,8 z 2 z 0
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Capítulo 5 – A Transformada Z 69
z 2 3z 2
B z 5 2
0,0056
z z 5 z 0,8 z 2 z 5
2
z 3z 2
C z 0,8 2
0,16
z z 5 z 0,8 z 2 z 0,8
2 z 2 3z 2
E z 2 2
0, 48
z z 5 z 0,8 z 2 z 2
d z 2 3z 2
D
dz z z 5 z 0,8
z 2
2 z 3 z z 5 z 0,8 z 2 3z 2 3z 2 8, 4 z 4
2
0, 29
z 4, 2z 4 z
3 2
z 2
Consequentemente,
0,0056 z 0,16 z 0, 29 z 0, 48 z
Y z 0,125
z5 z 0,8 z 2 z 2 2
k k k k
y kT 0,125a 0,0056 5 0,16 0,8 0, 29 2 0, 24 k 2
1, .......n 0,
a
0, ......n 0,
1
2 j
k 1
y kT Y z z dz
r
Utilizando o teorema dos resíduos, a integral acima pode ser calculada a partir da expressão:
y kT residuos.de.Y z z k 1
Para . polos .de
...Y z z k 1
Se a função tem um pólo simples em z a , então o resíduo é obtido como:
residuo z a z a Y z z k 1
Y kT z a Y z z k 1 z b Y z z k 1 z c Y z z k 1
z a z b z c
Exemplo 5.7
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Capítulo 5 – A Transformada Z 70
z
Y z
z 1 z 2
Solução
z z
Y kT z 1 z k 1 z 2 z k 1
z 1 z 2 z 1
z 1 z 2 z 2
zk zk
Y kT 1 2 k
z2 z 1
z 1 z 2
Exemplo 5.8
________________________________________________________________________________________
5.3 EXERCÍCIOS:
a t 5T
(a) f1 t e at , (b) f 2 t e onde fi t 0 , t 0
1 z 5
Resp.: F1 z Resp.: F2 z
1 e z aT 1
1 eaT z 1
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Capítulo 5 – A Transformada Z 71
z Tze T z
Lembrar: £ t e at s a 2 Resp.: G1 z , Resp.:
z e z e z e
2 T T 2 T
z 4Tze5T z 3z
G2 z , Resp.: G3 z
z e z e
5T 5T 2
z e z e
3T 5T
5) Calcular os valores final e inicial das sequências digitais cujas transformadas são:
z z 2 k z z 1
(a) E1 z , (b) E2 z ,
z 1 z 2
3 z 1 z 1 z 2 0,5 z 0,5
k z z 2 2 z 0,5
(c) E3 z , (d) E4 z
z 1 z 0,5 z 2 z 2 0, 5 z 0, 4 z 1 z 0,75
6) Obtenha a transformada inversa das duas funções de transferência a seguir pelos métodos I, II e II.
z 1 3 z 0,82
Y1 z 2
Y2 z
z 1 z 3 z 0,5 z 0,6
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 72
CAPÍTULO 6
MAPEAMENTO ENTRE O PLANO S E O PLANO Z
ESTABILIDADE EM SISTEMAS DISCRETOS
Para fins de análise e projeto, é importante estudar a relação entre a localização das raízes da equação
características no plano Z e o tempo de resposta dos dados discretos do sistema. A propriedade periódica da
transformada de Laplace do sinal amostrado X * s é estabelecida pela equação X * s jms X * s onde
m é um inteiro. Em outras palavras, dado qualquer ponto s1 no plano S, a função X * s tem o mesmo valor
em todos os pontos s s1 jms . Assim, o plano S é divido em um número infinito de faixas (strips)
periódicas, como mostrado nas Figura 1 e Figura 2. A faixa entre s 2 é chamado a faixa principal, e
todos os outros em frequências mais altas são chamadas de faixas complementares. As Figura 1 e Figura 2
mostram também o mapeamento das faixas complementares do plano S para o plano Z, e os detalhes são
explicados como se segue.
Figura 1 - Faixas primária no plano S e os pontos e as linhas correspondentes entre o plano S e o plano Z.
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 73
Figura 2 – Faixas complementares no plano S e os pontos e as linhas correspondentes entre o plano S e o plano Z.
z eT
Que é um circulo centrado na origem com raio de eT , como mostrado nas Figura 3 e Figura 4.
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 74
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 75
(c) Frequência natural não amortecida Constante: O lugar para frequência natural constante n
no plano S é um circulo concêntrico com centro na origem e o raio é n . O lugar correspondente
no plano Z é mostrado na Figura 7 para n s 16 a n s 2 . Somente o lugar dentro do
circulo unitário é apresentado.
2 tan s
z esT e 2 s
Onde
sin 1 constante
Para um dado valor de , o lugar geométrico para constante no plano Z, descrito pela equação
acima. É uma espiral logarítmica para 0 90 . A Figura 8 mostra valores típicos para constante na
metade superior do plano Z.
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 76
A Figura 9 apresenta os lugares das raízes nos planos S e Z para frequência natural e coeficiente de
amortecimento constantes.
Esta sessão tem como objetivo tratar de varias técnicas para analise de estabilidade em sistemas de
tempo discreto.
Suponha que tenhamos a função de transferência de malha fechada:
Y z B0G z N z
R z 1 B0GH z D z
Onde 1 GH z é também conhecida como equação característica. A estabilidade do sistema
depende da localização dos pólos da função de transferência de malha fechada, ou seja, das raízes da equação
característica D z 0 . Como vimos no item 6.1 o lado esquerdo do plano S (spE), onde o sistema contínuo é
estável, é mapeado dentro do círculo unitário no plano Z. Portanto, pode-se afirmar que um sistema no plano
Z será estável se todas as raízes da equação característica, D z 0 , estiverem dentro do círculo unitário.
Existem diversos métodos para checar a estabilidade de um sistema de tempo discreto.
Com base nas discussões da última seção, podemos estabelecer a relação básica entre as raízes da
equação característica e a resposta transitória de um sistema de dados discreto, tendo em mente que, em geral,
os zeros da função de transferência de malha fechada também vão desempenhar um papel importante na
resposta, mas não sobre a estabilidade do sistema.
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 77
*
Figura 10 - (a) Respostas transitórias correspondentes a posições dos diferentes pólos de Y s no plano s (pólos
complexos conjugados apenas). (b) Resposta transitória sequencial correspondente às posições dos vários pólos de
Y z no plano Z.
(a) Raízes no eixo real positivo do Plano Z: Raízes no eixo real positivo dentro do círculo unitário
do plano z dão origem a respostas que decaem exponencialmente com o aumento de kT .
Respostas típicas em relação à posição dos pólos são mostrados nas Figura 10 e Figura 11. As
raízes mais próximas ao círculo unitário apresentam respostas mais lentas. Quando a raiz está em
z 1 , a resposta tem uma amplitude constante. Raízes fora do círculo unitário correspondem a
sistemas instáveis, e as respostas aumentam com kT .
(b) Raízes no eixo real negativo no Plano Z: O eixo real negativo no plano Z corresponde aos
limites das faixas periódicas no plano S. Por exemplo, quando s 1 j s 2 os pólos
complexos conjugados estão nos limites da faixa principal no plano S. O correspondente plano Z
são:
Que estão no eixo real negativo do plano Z. Para a frequência de s 2 , a sequência de saída terá
exatamente uma amostra em cada metade do período do envelope. Assim, a sequência de saída ocorrerá em
pulsos alternados entre positivos e negativos, como mostrado na Figura 11 (b).
Figura 11 - (a) Respostas transitórias correspondentes a posições dos diferentes pólos de Y * s no plano s (pólos
complexos conjugados nos limites entre as faixas periódicas). (b) Resposta transitória sequencial correspondente
às posições dos vários pólos de Y z no plano Z.
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 78
(c) Raízes complexas conjugadas no Plano Z: Pólos complexos conjugados no interior do circulo
unitário no plano z correspondem às respostas oscilatórias que se decompõem com o aumento de
kT . Pólos mais próximos ao círculo unitário irão decair mais lentamente. Quando os pólos se
movem em direção ao segundo e terceiro quadrantes, a frequência de oscilação da resposta
aumenta. Referem-se a Figura 10 e Figura 11 para exemplos típicos.
A estabilidade de um sistema pode ser determinada se a equação característica puder ser fatorada. Este
método tem a desvantagem que nem sempre é fácil fatorar a equação característica. Além disso, este tipo de
teste nos diz somente se o sistema é estável ou não. Não é possível conhecer a margem de estabilidade ou o
quanto o sistema é afetado se o ganho ou algum outro parâmetro do sistema sofre mudança.
Exemplo 6.1
A Figura 12 apresenta um sistema em malha fechada. Determine quando o sistema é estável ou não.
Assuma T 1seg .
Solução
A função de transferência do sistema em malha fechada é:
Y z B0G z
V z
R z 1 B0 G z
Para T 1seg
1,729
B0 G z
z 0,135
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 79
As raízes da equação característica são 1 B0G z 0 , onde obtém-se z 1,594 o que esta fora do
círculo unitário, e consequentemente o sistema é instável.
A partir do exposto acima podemos concluir que para calcular B0G z basta fazer:
G s
B0 G z 1 z 1
s
Para o sistema do exemplo 6.1, encontre o valor de T para o qual o sistema é estável.
Resposta: T 0,549seg
A condição necessária e suficiente para que a equação característica F z tenha raízes dentro do
círculo unitário são dadas como:
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 80
n
F 1 0 , 1 F 1 0 , a0 an , 8.1
b0 bn 1
c0 cn 2
d 0 d n 3
8.2
......
......
m0 m2
O critério de Jury pode se tornar complexo se a ordem do sistema aumentar. Para sistemas de ordem 2
e 3 o teste reduz para as seguintes regras simples.
Dado um sistema com equação característica de segunda ordem:
F z a2 z 2 a1 z a0 0 , onde a2 0 ,
Nenhuma das raízes da equação característica estará sobre ou fora do círculo unitário se:
F z a3 z 3 a2 z 2 a1 z a0 0 , onde a3 0 ,
Nenhuma das raízes da equação característica estará sobre ou fora do círculo unitário se:
a a3 a a1
det 0 det 0 .
a3 a0 a3 a2
Exemplo 6.2
0, 2 z 0,5 N z
Sendo B0 G z 2
, utilizando o critério de Jury, determine a estabilidade deste
z 1, 2 z 0, 2 D z
sistema em malha fechada para um controlador proporcional k . Determinar o valor de k para o qual o
sistema é estável.
Solução
N z N z
k k
k B0 G z D z Dz k N z
V z
1 k B0G z N z D z k N z D z k N z
1 k
D z D z
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 81
Exemplo 6.3
z 0,7
Sendo B0 G z , utilizando o critério de Jury, determine a estabilidade deste
z 2 z 2 1, 4 z 0,1
3
sistema em malha fechada para um controlador proporcional k . Determinar o valor de k para o qual o
sistema é estável.
Solução
2
0,1 0,7k 1 2 0,1 0,7k 1, 4 k
0, 49k 2 2, 26k 0, 21 0
k1 0,095
k2 4,517
________________________________________________________________________________________
6.3 EXERCÍCIOS
1) Para um período de amostragem de T 0,1seg , mapeie os seguintes pólos do plano S para o plano Z:
(a) s 0,1 ; (b) s 10 ; (c) s 5 ; (d) s 0,3 j1 ; (e) s 3 j1 ; (f) s 1000 j ;
T
2) Para um período de amostragem de T 0,5seg , mapeie os seguintes pólos do plano Z para o plano S:
(a) z 0,1; (b) z 0,1 ; (c) z 2 ; (d) z 0,3 j1 ; (e) z 0,8 j 0,7 ; (f) z 1,5 j 2 ;
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 82
3) Para um período de amostragem de T 2seg , mapeie os seguintes pólos do plano Z para o plano S:
(b) z 0,1; (b) z 0,1 ; (c) z 2 ; (d) z 0,3 j1 ; (e) z 0,8 j 0,7 ; (f) z 1,5 j 2 ;
4) Esboce de forma qualitativa a resposta no tempo para os pólos de malha fechada. O período de
amostragem é o mesmo para todos. Para facilitar o esboço não é necessário desenhar os degraus da
resposta discreta.
a)
b)
c)
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Capítulo 6 – Mapeamento Entre o Plano S e o Plano Z e Estabilidade em Sistemas Discretos 83
d)
z z 0,79
5) Sendo B0 G z , utilizando o critério de Jury, determine a estabilidade deste
3z 7 z 2 11, 4 z 3
3
sistema em malha fechada para um controlador proporcional k . Determinar o valor de k para o qual
o sistema é estável.
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 84
CAPÍTULO 7
PROJETO DE CONTROLADORES DISCRETOS
7.1 INTRODUÇÃO
O projeto de um sistema de controle discreto tem inicio com um modelo do processo a ser controlado.
Então um algoritmo de controle é desenvolvido para promover a resposta requerida para o sistema. O sistema
é realimentado com um microcontrolador ou computador como controlador do sistema. O computador
implementa o algoritmo de controle para obter a resposta requerida.
Diversos métodos podem ser utilizados para o projeto de um controlador digital:
As estruturas dos controladores discretos são os equivalentes discretos das estruturas dos
controladores contínuos (analógicos). Podemos ter controladores do tipo proporcional, proporcional-integral,
proporcional-derivativo, proporcional-integral-derivativo, e de avanço e atraso de fase. A Tabela 1 resume as
estruturas dos controladores. Tanto as equações de diferença quanto a função de transferência discreta de cada
controlador são apresentadas.
uz
C z
e z
u k
C k
ek
Observação: De agora em diante para simplificar a escrita das equações de diferença iremos omitir o
termo T , utilizaremos, por exemplo, e k ao invés de e kT .
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 85
Proporcional-Integral- z z u k 1 u k 1 u k 2
C z K pid
Derivativo (PID) z 1 z K pid e k e k 1 e k 2
1
Passando da transformada Z para equações de diferença: u z z u z e z , aplicando a
transformada Z inversa obtém-se, u k u k 1 e k e assim por diante.
y z z
Exemplo 7.1: Obter a equação de diferenças para :
r z z 1
y z z 1
r z z 1 1 z 1
y z z 1 y z r z
y z z 1 y z r z
y k y k 1 r k
uz z
Exemplo 7.2: Obter a equação de diferenças para o controlador PI, C z K pi :
e z z 1
u z z 1 e z K pi z
z u z u z K pi z e z e z
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 86
u k 1 u k K pi e k 1 e k
Notemos que esta expressão não é causal, pois, os termos e k 1 e u k 1 estão um período de
amostragem no futuro. Somente possuímos informações passadas e presentes. Vamos atrasar todos os termos
em um período de amostragem.
u k u k 1 K pi e k e k 1
u k u k 1 K pi e k e k 1
Exercício proposto 7.1: Para os exemplos 7.1 e 7.2, obtenha as funções de transferência discretas a
partir das equações de diferença.
Exercício proposto 7.2: Obter a equação de diferenças para todos os controladores da Tabela 1 a
partir de sua transformada Z.
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 87
u z sa
C z K L0
e z sd s
z 1
T
z 1
u z a
T
C z K L0
e z z 1
d
T
uz z 1 aT
C z K L0
e z z 1 dT
Onde 1 aT e 1 dT :
z
C z K L0
z
u z z 1 dT e z K L 0 z 1 aT
z u z 1 dT u z K L 0 z e z 1 aT e z
u k 1 1 dT u k K L0 e k 1 1 aT e k
u k 1 1 dT u k K L 0 e k 1 1 aT e k
u k 1 dT u k 1 K L0 e k 1 aT e k 1
* Fisicamente é impossível conhecer valores de sinais futuros, isso fere a lei de causa e efeito (lei de
causalidade), neste caso dizemos que uma equação é não causal. Conhecemos somente sinais atuais e
passados. Sinais futuros podem somente ser estimados caso seja necessário.
Para 1 aT e 1 dT temos:
u k u k 1 K L 0 e k e k 1
Outra forma de discretização consiste em aproximar a integral pela regra trapezoidal, conforme a
Figura 3.
kT k 1 T kT
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 88
e k 1 e k
u k u k 1 T
2
e k 1 e k
Área T
2
T
u z z 1u z z 1e z e z
2
T
u z z 1u z e z z 1 1
2
T
u z 1 z 1 e z z 1 1
2
u z z 1 T
1
C z
e z 1 z 1 2
u z T z 1
C z
e z 2 z 1
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 89
Estas raízes podem ser calculadas através do projeto de um controlador PI utilizando o lugar
geométrico das raízes (LGR). Para os valores de n e iremos encontrar as raízes no plano s que são dadas
por:
s1,2 jd
A equação para encontrar a frequência natural amortecida d é:
d n 1 2 1 1 0,52
d 0,866
A equação para encontrar o amortecimento é:
n 0,5 1 0,5
Logo as raízes são:
s1,2 0,5 j0,866 1 120
A equação característica deste sistema é o polinômio do denominador da função de transferência de
malha fechada T s .
k pi
s a 1
C s G s s s
T s
1 C s G s
1 k pi
s a 1
s s
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 90
k pi s a k pi s a
2
T s 2 s 2 s2
s k s a s k pi s a
2
pi 2
s s s2
E assim obtemos a função de transferência de malha fechada deste sistema.
k s a
T s 2 pi
s k pi s a
Igualando o polinômio do denominador a zero obtém-se a equação característica do sistema:
s2 k pi s a 0
Isolando o ganho k pi do controlador:
s 2
k pi
s a
Substituindo s 0,5 j0,866 1120 na equação acima:
2 2
1120 1120
k pi
0,5 j0,866 a 0,5 a j0,866
Logo,
1240
k pi
2 2 0,866
0,5 a 0,866 arctan
0,5 a
160
k pi
2 2 0,866
0,5 a 0,866 arctan
0,5 a
Para que o ganho seja um número real (e não um número complexo) o ângulo do denominador deve
ser igual ao do numerador, caso contrário não é possível colocar os pólos de malha fechada na posição
desejada.
0,866
arctan 60
0,5 a
0,866
tan 60 1,732
0,5 a
0,866
0,5 a
1,732
a 0,5 0,5
a 1
Substituindo a 1 na equação do ganho k pi , portanto:
160
k pi 1
160
k pi 1
Consequentemente:
C s
s 1
s
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 91
Agora iremos fazer a conversão do controlador contínuo para um controlador discreto (discretização)
para isso deve-se definir uma frequência de amostragem. Em sistemas de controle duas regras são bastante
utilizadas na prática, a primeira delas consiste em adotar uma frequência de amostragem em torno de 20 vezes
a frequência de banda passante do sistema de malha fechada. Enquanto a segunda sugere escolher um período
de amostragem (inverso da frequência) entre um sexto a um decimo do tempo de acomodação de 5%. Vamos
adotar o período de amostragem como sendo:
Em muitos casos pode-se aproximar a frequência de banda passante pela frequência do pólo dominantes.
B MF
E a frequência de amostragem será 20 vezes esta frequência.
a 20 B 20 MF
a 2 f a 20 MF
20 MF
fa MF
2 0,314
E consequentemente o período de amostragem para este método será dado pela expressão:
0,314
Ta
MF
Pelo segundo método teremos:
t 5% t
Ta 5%
10 6
Sabendo que t 5% MF 3 MF , assim:
3 3
Ta
10 MF 6 MF
0,3 0,5
Ta
MF MF
Analisando as opções para escolha do período de amostragem optou-se por adotar Ta 0,3 MF e para
MF 0,5 encontramos:
0,3
Ta 0,6
0,5
Aplicando o método de Tustin para a discretização do controlador:
u z s a
Cz k pi
ez s 2 z 1
s
T z 1
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 92
2 aT
2 aT z 2 aT
Cz k pi
2 z 1
C z 1,3
z 0,538
z 1
Aplicando a transformada Z:
2 aT
2 u k 1 2 u k 2 aT k pi e k 1 e k
2 aT
2 aT
2 aT k pi e k e k 1
2 aT
u k u k 1
2
2 aT 2 aT
u k u k 1 k pi e k e k 1
2 2 aT
Exercício proposto 7.4: Obter a função de transferência discreta na base Z e a equação de diferenças
sa
do controlador C s K L 0 . Utilize a regra de Tustin.
sd
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 93
Figura 5 – Comparação entre os métodos por aproximação: Tustin é o único método na qual a estabilidade é
conservada.
Exercício proposto 7.3: Obter a função de transferência discreta na base Z e a equação de diferenças
sa
do controlador C s K L 0 . Utilize a regra Backward Difference.
sd
A melhor forma de se projetar um controlador discreto é pelo método direto, ou seja, o controlador é
projeto já no plano Z. Para isso é fundamental que se possua a função de transferência discreta do processo
incluindo o sustentador de ordem zero (ZOH).
No item 8.2.1 da aula 08 foi apresentado que para se obter a função e transferência discreta a partir de
um processo G s com ZOH basta fazer:
G s
B0G z 1 z 1
s
Uma das formas de se obter o controlador discreto diretamente no plano Z é utilizando o lugar
geométrico das raízes. O no plano discreto o LGR segue as mesmas definições do sistema contínuo,
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 94
geralmente utiliza-se este método quando se deseja melhorar o desempenho em regime permanente e
transitório.
Serão apresentados vários métodos de projeto de controladores discretos através do método direto,
sendo eles, Avanço de Fase e Atraso de Fase, Avanço-Atraso de Fase, Dead-Beat e PID Digital.
T z z k , Onde k 1
1 z k
Cdb z
B0G z 1 z k
Solução
A função de transferência do sistema com o sustentador de ordem zero (ZOH) é dada por:
G s e 2 s
B0G z 1 z
1
1 z
1
s s 1 10 s
0,1 0,1
B0G z 1 z 1 e 2 s 1 z e
1 2 s
s s 0,1 s s 0,1
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 95
e kTs z k
a z 1 e aT
s s a z 1 z e
aT
Desta forma:
z 1 e 0,1
z z 1 z e
z 1 2 z 1 0, 905
B0G z 1 z 1 2
z
0,1
z z 1 z 0, 905
0,095 z 2
B0G z
z 0,905
Calculando a função de transferência do compensador Dead-Beat:
1 z k 1 z k z 0,905 z 2 z k
Cdb z
B0G z 1 z k 2
0,095 z 1 z
k
0,095 1 z k
z 0,905
k
Pós multiplicando por z :
zk
z 0,905 z 2 z k z k z 0,905 z 2 1
Cdb z 1 z k zk k
0,095 0,095 z 1
z 2 z 0,905
Cdb z
0,095 z k 1
Para que o sistema seja realizável o compensador deve ter número de pólos maior ou igual ao número
de zeros, para isto devemos escolher k 3 . Como em sistemas digitais queremos sempre que o número de
pólos seja igual ao número de zeros para que não existam atrasos desnecessários, faremos k 3 .
z 3 0,905z 2
Cdb z
0,095 z 3 1
A Figura 7 mostra o diagrama de blocos do sistema com o controlador, enquanto a Figura 8 mostra a
resposta ao degrau do sistema. A resposta de saída é unitária após 3 s (terceiro período de amostragem) e
permanece neste valor.
É importante compreender que a resposta só é correta nos instantes de amostragem e pode ter um
comportamento oscilatório entre uma amostragem e outra. Embora o controlador Dead-Beat tenha
proporcionado uma excelente resposta, a magnitude do sinal de controle pode não ser aceitável, e pode até
saturar na prática.
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 96
Observe na Figura 8 que para um degrau em t=0 a resposta do sistema reage apenas após 3 segundos.
Como projetou-se o sistema para se comportar como T z z 3 , pois k 3 , e sabendo que para cada z 1 o
sistema é atrasado de 1 período de amostragem, este sistema esta atrasado de 3 períodos de amostragens.
Como T 1seg , 3T 3seg , e assim o sistema se comporta como um tempo morto puro de 3 segundos.
É importante salientar também que em sistemas discretos a resposta mais rápida possível estará 1
período de amostragem atrasada da entrada ( z 1 ), neste caso ainda existem 2 períodos de atraso devidos ao
tempo morto do processo ( e 2 s ) que representa um tempo morto de 2 segundos.
Neste tópico, você vai aprender como projetar compensadores digitais de avanço e atraso de fase
usando o método do lugar geométrico das raízes (LGR).
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 97
O pólo ( ) deve ser um valor real dentro do círculo unitário. Para um compensador de avanço de
fase, o zero é maior do que o pólo ( > ).
Geralmente, para a concepção de um compensador de avanço de fase, o zero ( ) está colocado na
proximidade do local de um dos pólos da planta para obter um cancelamento de pólos e zeros aproximado. O
pólo compensador ( ) é então colocado à esquerda do zero, de modo que o lugar das raízes se desloque para
a esquerda.
A figura abaixo ilustra como o lugar das raízes muda ao se colocar o pólo e o zero.
Figura 9 - Mudando o lugar das raízes para a esquerda resulta em uma resposta no tempo mais rápido.
Fonte: http://ctms.engin.umich.edu/CTMS/index.php?aux=Extras_Dleadlag#2
Agora a questão é: quanto mais à esquerda precisamos mudar o lugar das raízes? Isso depende de
requisitos de projeto, tais como tempo de subida, tempo de acomodação, e sobressinal (overshoot). Você pode
selecionar a localização do pólo do compensador ( ) por tentativa e erro até obter a forma desejada para o
lugar das raízes.
Depois de ter feito isso, use a função MATLAB rlocfind para selecionar os pólos de malha fechada e
obter um ganho adicional correspondente k , assim, obtendo a resposta desejada. A ferramenta de design
SISO também é útil para projetar compensadores.
1. O primeiro passo é definir, a partir dos critérios de desempenho desejados para o sistema a ser
controlado, quais serão seus novos pólos de malha fechada.
2. Selecionar , geralmente escolhe-se um valor igual à parte real dos pólos de malha fechada, ou um
pouco à direita deste ponto.
3. Encontrar através da equação ±180º (2 + 1) = ∑ ∅ − ∑ ∅ − ∅ . Onde ∅ representa
o ângulo formado entre o eixo horizontal (real) e um dos pólos de malha fechada tendo como
referência um zero ( ). Já representa o ângulo formado entre o eixo horizontal (real) e um dos
pólos de malha fechada tendo como referência um pólo ( ).
A somatória dos ângulos formados a partir dos zeros menos a somatória dos ângulos formados a partir
dos pólos deve ser um múltiplo ±180º (2 + 1) para inteiro e variando de zero a infinito para que
o lugar geométrico das raízes (LGR) passe pela posição desejada para os pólos de malha fechada.
Se o LGR não passar pelo ponto desejado é impossível que existam estes pólos de malha fechada,
pois, o LGR delimita a região em que podem existir pólos de malha fechada.
4. Encontrar o valor de a partir de relações trigonométricas.
5. Sabemos que = . , onde é o ganho total em malha aberta do sistema e é o ganho da
kd k / k g
planta, assim calcula-se o ganho e depois se obtém .
â ó ó .
=
â ó
Exercício proposto 7.5: Vamos projetar manualmente um compensador avanço de fase discreto para
o processo a abaixo, cujo período de amostragem adotado foi de 0,2 segundos e os pólos de malha fechada
desejados sejam z MF 0,6 j0,5 .
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 98
10
G s
s s 2
Solução:
Para um período de amostragem de 0,2 segundos, a função de transferência discreta deste processo
será calculada através da equação da já conhecida equação:
G s
B0G z 1 z 1
s
Substituindo:
10
B0G z 1 z 1 2
s s 2
Assim:
20,2
10 10 0,2 1 e 20,2 ze 3
B0G z 1 z 2
1
s s 2 2
20,2
3
z 1 z e 20,2
1 e
1 0,67 z 0,875
B0G z
1 0,875 z 1 z 0,67
Por fim,
B0G z 0,176
z 0,875
z 1 z 0,67
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 99
0,176
z 0,875
B0G z z 1 z 0,67
T z
1 B0G z
1 0,176
z 0,875
z 1 z 0,67
0,176
z 0,875
T z
z 1 z 0,67
z 1 z 0,67 0,176 z 0,875
z 1 z 0,67
E assim obtemos a função de transferência de malha fechada deste sistema.
0,176 z 0,875
T z
0,67 0,176 z 0,875
z 1 z
Igualando o polinômio do denominador a zero obtém-se a equação característica do sistema e através
desta, os pólos de malha fechada do sistema.
Figura 11 - Lugar geométrico das raízes para projeto de um compensador avanço de fase.
Passo 1: Deseja-se que os novos pólos em malha fechada sejam deslocados para esquerda,
z MF MF j MF 0,6 j0,5 .
Não existe razão especial para a escolha desta posição, é apenas um exemplo.
Passo 2: Definir a posição de inicialmente igual à parte real do pólo, ou seja, = 0,6. Caso com
este valor não seja possível encontrar um valor de , deve-se modificar a posição de .
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 100
Passo 3: Encontrar o ângulo e com ele a posição de . Para encontrar precisamos encontrar os
ângulos , ∅ . O ângulo ∅ é um parâmetro de projeto, ao escolhermos = 0,6 automaticamente
definimos ∅ = 90º.
Exemplo do cálculo de 1 :
Figura 12 – Cálculo de 1 .
0,5 0,5
tan 1' 1,25
1 0,6 0,4
1 180 1' 180 arctan 1,25
1 128,7
As equações a seguir são derivadas destas relações, obtenha você mesmo as equações como forma de
exercício.
MF 0,5
1 180 arctan 180 arctan 128,7
0, 6 1
MF p1
MF 0,5
2 180 arctan 180 arctan 98
0, 6 0, 67
MF p2
MF 0,5
1 arctan arctan 18, 7
MF z1 0,6 0,875
p 180 0 1 1 2
Escolhemos o valor positivo p 62 pois o ângulo deve estar entre 0º e 180º. Caso tivéssemos
escolhido o pólo de malha fechada situado na parte inferior ( zMF 0,6 j 0,5 ) para projetarmos o
controlador, o ângulo p teria valores entre 0º e -180º.
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 101
Passo 4: Sabendo que p 62 pode-se calcular o valor de z p .
MF 0,5
z p MF 0,6 0,335
tan p tan 62º
d p1d p 2 d pp
k
d z 0 d z1
2 2 2
1 0, 6 0,52 0, 67 0, 6 0,52 0, 6 0, 335 0,52
k 0, 2349
2
0,5 0, 6 0,875 0,52
k 0, 2349
kd 1,335
kg 0,176
Por fim obtém-se o controlador de avanço de fase desejado para levar os pólos de malha fechada para
o ponto zMF 0,6 j 0,5 .
Logo,
z z0 z 0, 6
C z Kd 1,335
z zp z 0, 335
Uma vez que uma resposta dinâmica satisfatória é obtida para o sistema, talvez utilizando um ou mais
compensadores avanço de fase, pode-se descobrir que o ganho em baixa frequência (o valor da constante de
erro em regime permanente) é ainda muito baixo.
Como se sabe, o tipo do sistema (tipo 1, tipo 2, ...), que determina o grau do polinômio que o sistema
é capaz de seguir, é definido pela quantidade de pólos em ( z 1 ) presentes na função de transferência de
malha aberta L z C z B0G z .
Se o sistema for do tipo 1 (um pólo em z 1 em L z ), a constante erro de velocidade, que
z 1
determina a magnitude do erro a uma entrada do tipo rampa é dada por kv lim L z .
z1 T
Para aumentar o valor desta constante e assim diminuir o erro sem afetar a já satisfatória resposta
dinâmica, precisa-se projetar C AT z de modo a aumentar significativamente o ganho em z 1 para elevar
k v (ou outra constante de erro de regime permanente), porém com ganho quase unitário (sem efeito) para a
alta frequência n onde a resposta dinâmica é determinada, o resultado é:
z z0
C AT z , z p z0
z zp
Onde os valores de z0 e z p são pequenos comparados com n (que está diretamente relacionada à
posição dos pólos de malha fechada visto que n ), onde C AT 1 1 z0 1 z p (este valor depende
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 102
4. Definir um valor para z p que esteja mais próximo de z 1 que o pólo de MF dominante (o pólo
mais lento), e a partir da relação anterior encontrar z0 .
Observação: Como as relações entre pólos no plano complexo z não são lineares devido ao
mapeamento z e sT deve-se calcular a posição dos pólos no plano complexo s e depois encontrar os
correspondentes pólos discretos.
Exercício proposto 7.6: Vamos projetar um compensador do tipo atraso de fase para o sistema
discutido no exemplo Controle Avanço de Fase onde o erro de regime permanente seja diminuído para 40%.
G z 0,176
z 0,875
z 1 z 0,67
z 0,6
C AV z 1,335
z 0,335
Solução:
Passo 1: Calculando o ganho k v . Vamos primeiro calcular a função de transferência de malha aberta
(laço aberto) L z .
L z C AV z G z 1,335
z 0,6
0,176
z 0,875
z 0,335 z 1 z 0,67
L z 0, 2349
z 0,6 z 0,875
z 1 z 0,67 z 0,335
Calculando k v :
z 1 0, 2349 1 0,61 0,875
kv lim L z 4
z 1 T 0,2 1 0,67 1 0,335
1 1
erro 0, 25
kv 4
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 103
Passo 2:A titulo de exemplo vamos supor que o novo erro desejado seja erro ' 0,1 , que é 40% de
0,25.
erro 0,25
C AT 1 2,5
erro' 0,1
Ou seja, precisamos projetar um compensador atraso de fase com ganho de 2,5 em regime permanente
para que o ganho da função de transferência em malha aberta ( L z ) tenha seu ganho estático k v aumentado
em 2,5 vezes em regime permanente.
Figura 13 - Lugar geométrico das raízes com os compensadores de avanço e atraso de fase.
Passo 4: Vamos definir um valor para z p que esteja mais próximo de z 1 que o pólo de MF
dominante, e a partir da relação anterior encontrar z0 .Para zMF MF j MF 0, 6 j 0,5 ,onde a parte real
do pólo discreto de malha fechada é MF 0, 6 . Calculando MF que é a parte real do pólo de malha fechada
contínuo.
z e sT
MF e MF T
1 1
MF ln MF ln 0,6 2,554
T 0, 2
Adotando p 0, 25 , ou seja, a posição do pólo do compensador atraso de fase foi posicionado uma
década à direita do pólo dominante. Calculando z p .
p T
zp e e0,250,2 e 0,05 0,95
Calculando z0 :
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Capítulo 7 – Projeto de Controladores Discretos 104
Em casos onde se deseja uma resposta rápida, característica de sistema com compensação em avanço,
porém com diminuição do erro em regime estacionário, que é garantida por uma compensação em atraso, é
possível usar um controlador que una ambas as características, que é o caso do controlador em avanço–atraso.
O exemplo anterior ilustra exatamente este compensador, que pode ser projetado em duas etapas, sendo a
primeira o projeto do compensador em avanço de fase e a segunda o projeto do compensador em atraso de
fase.
z z01 z z02
C z K AA
z z z z
p1 p2
________________________________________________________________________________________
7.5 EXERCÍCIOS
y z
1) Determine as funções de transferência dos sistemas amostrados caracterizados pelas equações à
r z
diferença seguintes:
(a ) y kT 2 y k 1 T y k 2 T r kT 0,4 r k 2 T
(b) y kT 0,1 y k 1 T 0,16 y k 2 T 0,2 y k 3 T
k r kT 1,5 r k 2 T 0,5 r k 3 T
2) Obtenha as equações a diferença lineares dos sistemas amostrados, descritos por:
y z z 2 3z 2 y z z 2 0,5
(a) 3 , (b)
r z z 1,5 z 2 1,5 z 0,5 r z z2 2z 1
3) Projete um controlador digital Dead-Beat para os processos a seguir. Adote T = 0,2s.
e 3s e 0,9s
(a) G s (b) G s
2s 1 s 1
4) Projetar manualmente um compensador Avanço de Fase discreto para o processo abaixo, onde o novo
pólo discreto de malha fechada deve possuir parte real 20% menor que o pólo de malhada fechada
sem este compensador. A parte imaginária deve permanecer a mesma.
8
G s
s s 13
5) A partir dos dados do sistema do exercício anterior (4), planta e controlador avanço de fase, projete o
controlador Atraso de Fase que reduza o erro em regime permanente pela metade.
6) Para a função de transferência a abaixo, calcule um compensador Avanço-Atraso de Fase onde os
pólos de malha fechada discretos tenham a parte real reduzida em 15% e a parte imaginária em 10% e
o erro de regime permanente seja reduzido para 60%.
2
G s
s s 1
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 105
CAPÍTULO 8
PROJETO DE CONTROLADORES PID DISCRETOS
O controlador PID (Proporcional Integral Derivativo) é o controlador mais popular e tradicional tanto
no meio acadêmico, quanto no meio industrial. Sua característica marcante é a reduzida quantidade de
parâmetros a serem ajustados (ou sintonizados).
O controlador PID realiza operações a partir do erro (diferença entre a variável de processo e o valor desejado,
“setpoint”) e define uma ação de controle para redução deste erro.
Os controladores PID tem como enorme vantagem a flexibilidade de combinações de suas ações de
controle. Pode-se ter:
Controlador Proporcional (P);
Controlador Proporcional e Integral (PI);
Controlador Proporcional e Derivativo (PD);
Controlador Proporcional, Integral e Derivativo (PID);
Controlador PID com ponderação.
A seguir serão consideradas as três ações básicas de controle, começando com o mais simples deles,
controle proporcional.
u t u k ce t
u k u k ce k
Onde:
u t , u k = saída do controlador
u t , u k = nível médio, offset (bias)
= ganho do controlador (geralmente adimensional)
O ganho do controlador pode ser ajustado para fazer as mudanças da saída do controlador tão
sensíveis como desejado para os desvios entre o setpoint e a variável controlada (entrada do processo
a ser controlado);
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 106
O sinal de pode ser escolhido para aumentar a saída do controlador (ou diminuir) com o aumento
do sinal de erro.
Para o controlador proporcional o nível médio u pode ser ajustado, procedimento chamado como
reset manual, pois a saída do controlador é igual a u quando o erro é zero, u é ajustado de modo que a saída
do controlador, e consequentemente, a variável manipulada (saída do processo a ser controlado), estão nos
seus valores nominais de regime permanente quando o erro for igual a zero. Por exemplo, se o elemento final
de controle (atuador) é uma válvula de controle, u é ajustado de modo que a vazão através da válvula de
controle seja igual ao nominal, valor de regime permanente, quando = 0. O ganho do controlador é
ajustável e é usualmente sintonizado (isto é, ajustado) após o controlador ter sido instalado.
100%
≜
Esta definição aplica-se apenas se K for adimensional. Note que uma banda proporcional pequena
(estreita) corresponde a um ganho do controlador grande, enquanto que um valor grande de BP (larga) implica
em um pequeno valor de K .
O controlador proporcional ideal na Figura 1 não inclui limites físicos na saída do controlador.
Uma representação mais realista é mostrada na Figura 3, em que o controlador satura quando a sua
produção atinge um limite físico, seja u máx ou u min . A fim de obter a função de transferência de um
controlador proporcional ideal (sem limites de saturação), define-se uma variável desvio u ' t como:
u' t u t u
u ' t k ce t
u ' k k ce k
Isto não é necessário para definir uma variável de desvio para o sinal de erro porque já está na forma
de desvio e do seu valor de regime permanente nominal é = 0. Tomando a transformada de Laplace e
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 107
u' t u' k
kc
e t ek
Para a ação de controle integral, a saída do controlador depende da integral do sinal de erro com o
tempo.
1 t
ut u e t dt
I 0
k
T
u k u e j
I j1
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 108
u' s 1 s I 1
k c 1 k c
e s Is s
Uma desvantagem do uso da ação integral é que ela tende a produzir respostas oscilatórias da variável
controlada e reduz a estabilidade do sistema de controle realimentado. Uma quantidade limitada de oscilação
pode geralmente ser tolerada, pois muitas vezes está associada com uma resposta mais rápida. Os efeitos
indesejáveis de demasiada ação integral pode ser evitada por meio do ajuste correto do controlador ou pela
inclusão de ação derivada que será vista posteriormente, que tende a contrariar os efeitos de desestabilização.
Uma desvantagem inerente da ação de controle integral é um fenômeno conhecido como reset
windup. Recorde-se que a ação integral faz com que a saída do controlador mude sempre que ( ) ≠ 0 do PI.
Quando ocorre um erro constante, o termo integral torna-se muito grande e, eventualmente, a saída do
controlador satura (atinge o seu valor máximo ou mínimo).
A acumulação adicional do termo integral enquanto o controlador está saturado é referido como reset
windup ou integral windup. A Figura 4 mostra uma resposta típica de uma mudança no setpoint quando um
controlador PI é utilizado. Note que as áreas indicadas sob a curva apresentam contribuições positivas ou
negativas para o termo integral, dependendo se a medição da variável controlada estiver abaixo ou acima do
ponto de ajuste r .
A maior área acima da referência na Figura 4 ocorre porque o termo integral continua a aumentar
devido ao sinal de erro até que = . Só depois é que o termo integral começa a diminuir, quando este termo
tornar-se suficientemente pequeno, a saída do controlador se afasta do limite de saturação e tem o valor
determinado pela Equação do PI.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 109
Reset windup ocorre quando um controlador PI ou PID encontrar um erro constante, por exemplo,
durante o inicio de um processo em batelada ou após uma grande alteração do setpoint.
Também pode ocorrer como consequência de uma perturbação elevada e constante que está fora do
alcance da variável manipulada. Nesta situação, uma limitação física (válvula de controle totalmente aberta ou
totalmente fechada) impede que o controlador reduza o sinal de erro à zero.
Claramente, não é desejável que o termo integrante continue a acumular o erro após a saída do
controlador saturar, pois o controlador já está fazendo todo o possível para reduzir o erro. Felizmente, os
controladores comerciais fornecem anti reset windup. Em uma abordagem, o reset windup é reduzido
temporariamente para evitar a ação de controle integral sempre que a saída do controlador satura. A ação
integral é retomada quando a saída não está mais saturada.
A estratégia de antecipação utilizada pelo operador experiente pode ser incorporada em controladores
automáticos, fazendo a saída do controlador proporcional à taxa de variação do sinal de erro ou a variável
controlada. Assim, para ação derivativa ideal, temos:
de t
u t u d
dt
d
u k u e k e k 1
T
Onde τ , o tempo derivativo, é em unidades de tempo. Note que a saída do controlador é igual ao
valor nominal se o erro é constante (isto é, desde que de/dt = 0). Consequentemente, a ação derivativa nunca
é utilizada isoladamente, sempre é utilizada em conjunto com um controle proporcional ou proporcional-
integral, por exemplo, um controlador PD ideal tem a seguinte função de transferência:
u' s
k c 1 ds
e s
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 110
d
' z
u z T d T d
k c 1 d 1 z 1 k c
ez T T z
'
u z zb
k 'c
e z z
Ao proporcionar uma ação de controle antecipada, a ação derivativa tende a estabilizar o processo
controlado. Assim, é muitas vezes utilizado para contrariar a tendência de desestabilização da ação integral.
A ação de controle derivativo também tende a melhorar a resposta dinâmica da variável controlada,
diminuindo o tempo de acomodação do processo (tempo que o processo leva para atingir o regime
permanente). Mas, se o processo de medição é ruidoso, isto é, se contiver alta frequência ou flutuações
aleatórias, então o derivativo da variável medida mudará descontroladamente e a ação derivativa irá amplificar
o ruído, a menos que a medição seja filtrada.
Consequentemente, a ação derivativa é raramente usada para controle de vazão, pois malhas de
controle de vazão têm que responder rapidamente e medições de vazão tendem a ser ruidosas.
Infelizmente, o algoritmo de controle proporcional-derivativo ideal do controlador contínuo da
equação anterior não é fisicamente realizável, pois não pode ser implementado usando componentes
analógicos.
Para controladores analógicos, a função de transferência pode ser aproximada por:
u' s ds
kc 1
e s ds 1
Onde a constante tem tipicamente um valor entre 0,05 e 0,2, com 0,1 sendo uma escolha comum.
O termo derivativo inclui um filtro (também denominado de filtro derivativo) que reduz a
sensibilidade do controle aos ruídos de alta frequência na medição. Filtros derivativos são usados em
praticamente todos os controladores PD e PID, incluindo as versões digitais.
Agora vamos considerar a combinação das ações de controle proporcional, integral e derivativo como
um controlador PID. Infelizmente, para o estudante iniciante (e mesmo para o engenheiro praticante), muitas
variações de controle PID são utilizadas na prática. Em seguida, consideramos as três formas mais comuns.
A ação derivativa pode ser combinada com ações proporcional e integral. A forma acadêmica do
algoritmo de controle PID (sem um filtro derivativo) é dada por:
1 t de t
u t u k c e t e t dt dt
d
I 0
k
T d
u k u k c e k
e j T e k e k 1
I j1
u' s 1
kc 1 sd
e s Is
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 111
u' z T 1
k c 1 1
d 1 z 1
ez I 1 z T
Os pólos e zeros deste controlador são dados abaixo. Observe que p2 só existe se existir um filtro na
ação derivativa.
1 1
p1 0 zero1 j 1 i
2 d i d 4 d
p 1 _____
2 zero 1 j 1
1 i
f
2
2d i d 4d
A Figura 5 ilustra que este controlador pode ser visto como três elementos separados, que operam em
paralelo em ( ).
Figura 5 - Diagrama de blocos da forma acadêmica do controle PID (sem um filtro derivativo).
Historicamente, foi conveniente para a construção dos primeiros controladores analógicos (ambos
eletrônicos e pneumáticos), de modo que um elemento de PI e um elemento de PD funcionavam em série.
Versões comerciais da forma série têm um filtro derivativo que é aplicado tanto no termo derivativo
ou no termo PD.
Este controlador possui um pólo na origem, outro pólo real definido pela constante do filtro derivativo
e apenas zeros reais (sem parte imaginária).
PID série sem filtro:
1 t de t
u t u kc 1 e t dt 1 d
i 0 dt
PID série com filtro:
u' s s I 1 d s 1
kc
e s s ds 1
Os pólos e zeros deste controlador são dados abaixo. Observe que p2 só existe se existir um filtro na
ação derivativa.
1
p1 0 zero1
i
p 1 _____
2 zero2 1
f
d
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 112
1 1
s s
kp Ti Td
C s
Td Tr 1
s s
Td
Figura 6 - Diagrama de blocos da forma série do controle PID (sem um filtro derivativo).
Uma desvantagem dos controladores PID anteriores é que uma alteração súbita no setpoint (e,
portanto no erro, ) vai fazer com que o termo derivativo momentaneamente torne-se muito grande e, assim,
proporcionar um chute derivativo para o elemento final de controle.
Esta mudança súbita é indesejável e pode ser evitada, baseando a ação derivativa na medição, , em
vez do sinal de erro, . Nós ilustramos a eliminação do chute derivativo, considerando a forma acadêmica do
controle PD.
de t dy t
Substituindo por , temos:
dt dt
1 t dy t
u t u k c e t e t dt dt
d
I 0
Este método de eliminar o chute derivativo é um recurso padrão na maioria dos controladores
comerciais. Para um controlador PID na forma série, pode ser implementado facilmente, colocando o
elemento de PD no circuito de realimentação, como mostrado na Figura 7.
Figura 7 - Diagrama de blocos da forma série do controle PID, que elimina o chute derivativo.
Um algoritmo de controle PID mais flexível pode ser obtido mediante a ponderação do valor de
referência no termo proporcional, bem como no termo derivativo (segundo Åström e Hägglund, 1995). Esta
modificação elimina o chute proporcional que também ocorre após uma mudança no setpoint.
Para esse algoritmo PID modificado, um “erro” diferente é definido para cada uma das ações de
controle:
1 t de t
u t u k c e p t e t dt d d
I 0 dt
Com:
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 113
eP t b r t y (t )
e t r t y (t )
eD t c r t y (t )
Onde e são constantes não negativas que variam de 0 a 1. Este algoritmo de controle é conhecido
como controlador PID acadêmico com ponderação proporcional e derivativa. O algoritmo de controle PID
modificado permite a ponderação do setpoint independente dos termos proporcional e derivativo.
Assim, para eliminar o chute derivativo, está definido como zero; para eliminar o chute
proporcional, está definido como zero. O parâmetro de ponderação pode ser usado para sintonizar este
desempenho do controlador PID para mudanças de setpoint. Note que a definição de erro de ação integral é o
mesmo que para a equação de controle padrão, este termo de erro é essencial, a fim de eliminar o offset após
uma mudança do setpoint ou uma grande perturbação.
Figura 8 - Controlador digital PID acadêmico com ponderação proporcional e derivativa (I+PD).
T z d z 1
u(z) k c e p (z) e(z) ed (z)
I z 1 T z
T z d z 1
u(z) k c b r(z) y(z) e(z) c r(z) y(z)
I z 1 T z
0 b 1 é o fator de ponderação da ação P;
0 c 1 é o fator de ponderação da ação D;
b 1 e c 1 temos o PID tradicional;
b 0 e c 0 as ações P e D estão somente na realimentação.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 114
nem sempre resulta em respostas de processos oscilatórios, a natureza da resposta depende da escolha das
configurações do controlador ( , e ) e da dinâmica do processo.
No entanto, as respostas da Figura 9 são representativas do que ocorre na prática.
(a) (b)
Figura 9 – (a) Respostas típicas com controle realimentado, (b) Controle proporcional: efeito do ganho do
controlador.
Os efeitos qualitativos da alteração das configurações dos controladores individuais são mostrados nas
Figura 9 (b) a Figura 11. Em geral, o aumento do ganho do controlador tende a tornar a resposta do processo
mais rápida, no entanto, se for muito grande, um valor de utilizado, a resposta pode apresentar um
indesejável grau de oscilação ou mesmo tornar-se instável.
Assim, um valor intermediário de geralmente resulta em melhor controle, estas orientações são
também aplicáveis ao PI e PID, assim como para o controlador proporcional apresentado na Figura 9 (b).
Aumentando o tempo de integração, , geralmente faz com que o controle PI e PID fiquem mais
conservadores (lentos), como mostrado na Figura 10. Teoricamente, o offset será eliminado para todos os
valores positivos de . Mas para valores muito grandes de , a variável controlada irá retornar para o ponto
de ajuste de forma muito lenta após ocorrer uma perturbação ou alteração no setpoint.
Figura 10 – Controle proporcional-integral: (a) efeito do tempo de integração, (b) efeito do ganho do controlador.
É mais difícil fazer generalizações sobre o efeito do tempo derivativo . Para valores pequenos,
aumentar tende a melhorar a resposta ao reduzir o desvio máximo, tempo de resposta, e o grau de
oscilação, como se mostra na Figura 11.
No entanto, se é muito grande, o ruído de medição é amplificado e a resposta pode ser oscilatória.
Assim, um valor intermediário de é desejável.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 115
Até agora, assumiu-se que os sinais de entrada e de saída do controlador são funções contínuas no
tempo. No entanto, hoje os controladores são praticamente todos digitais devido à sua flexibilidade, poder
computacional e economia de custos. Nesta seção, tem-se uma breve introdução de técnicas de controle
digital, considerando versões digitais de controle PID.
Quando uma estratégia de controle realimentado é implementada digitalmente, a entrada e saída do
controlador são digitais (ou amostradas) em vez de sinais contínuos (ou analógicos). Assim, o sinal contínuo a
partir do dispositivo de medição (sensor/transmissor) é amostrado e convertido periodicamente para um sinal
digital por um conversor analógico-digital (ADC).
Um algoritmo de controle digital é, então, utilizado para calcular a saída do controlador, um sinal
digital. Como os elementos finais de controle são dispositivos analógicos, o sinal de saída digital é
normalmente convertido para um sinal correspondente analógico por um conversor digital-analógico (DAC).
No entanto, alguns elementos finais de controle eletrônicos podem receber sinais digitais diretamente.
t k
e t dt e jT
0 j 1
de e k e k 1
dt T
Onde:
= período de amostragem (tempo entre as medições sucessivas da variável controlada), para
aplicações em controle este tempo é constante.
( )= erro no instante da k-ésima amostra, para k = 1,2, ...
Existem duas formas alternativas da equação digital de controle PID, a forma da posição:
T k
u k u k c e k e j d e k e k 1
I j1 T
Onde u k é a saída do controlador no instante da k-ésima amostra. Esta equação é a forma da
posição do algoritmo de controle PID, pois é calculado o valor atual da saída do controlador.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 116
Note que a soma ainda começa em j = 1, pois se pressupõe que o processo se encontra no estado
estacionário desejado para j ≤ 0, e, portanto, e(j) = 0 para j ≤ 0. Subtraindo a as duas equações anteriores
tem-se a forma da velocidade do algoritmo PID digital:
T
u k u k u k 1 k c e k e k 1 e k d e k 2e k 1 e k 2
I T
1. Ela contém intrinsecamente anti reset windup, pois a soma de erros não é explicitamente calculada.
2. Esta saída é expressa numa forma, u k , que pode ser utilizado diretamente por alguns elementos
finais de controle, tal como uma válvula de controle acionada por um motor de passo.
3. Para o algoritmo da velocidade, a mudança do controlador do modo manual para o automático não
exige qualquer inicialização da saída ( ). No entanto, a válvula de controle (ou outro elemento final
de controle) deve ser colocada na posição apropriada, antes da mudança.
Certos tipos de estratégias de controle avançados, como controle em cascata e controle feedforward
(antecipativo), exigem que a saída atual ( u k ) do controlador seja calculada explicitamente.
No entanto, u k pode ser facilmente calculado, reorganizando a equação anterior, esta é a forma
mais utilizada na prática:
u k u k 1 u k
T
u k u k 1 k c e k e k 1 e k d e k 2e k 1 e k 2
I T
Observe que u k 1 é simplesmente o valor da saída anterior, somar a cada iteração a saída anterior
é equivalente a ter uma ação integral.
Um método mais completo de se obter a equação de diferenças do controlador digital PID é utilizando
a transformada Z e obtendo a função de transferência genérica para o PID. Um controlador PID real (com
filtro derivativo) possui dois zeros e dois pólos, sendo um pólo integrador em z=1, assim:
u z z z
CPID z k c'
e z z z 1
Aplicando a transformada Z inversa obtém-se a seguinte equação de diferenças.
u k 1 u k 1 u k 2 k c e k e k 1 e k 2
Se fizermos = 0, teremos uma equação equivalente para o PID onde não existe o filtro derivativo.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 117
Exemplo 8.1
O código de um programa de controle discreto do tipo PID (Proporcional, integral, derivativo) é representado
pela seqüência de instruções:
Onde y kT é o sinal amostrado da saída do processo contínuo y t . Por outro lado, o processo contínuo
responde com uma dinâmica de segunda ordem dada pela equação diferencial:
1,5 y t 1,8 y t 0, 3y t 27u t
Onde u t é obtido a partir de u kT utilizando um sustentador de ordem zero B0 s .
C z k
z z
z z 1
(a) Calcule o período de amostragem adequado sabendo que o sistema em malha fechada é duas vezes
mais rápido que em malha aberta. Calcule a função de transferência amostrada do processo com
sustentador G z .
(b) Projete o controlador PID utilizando a técnica de cancelamento pólo-zero, ou seja, os zeros do
controlador devem cancelar os pólos da planta. Obtenha a função de transferência do controlador PID
discreto (ganho k, pólos e zeros) para t5% MF 0,5 t5% MA , caso da letra (a).
(c) Desenho o lugar das raízes completo para G z e C z .
(d) Quais os valores de k1 , k 2 , k3 , k 4 e k5 no programa acima?
Solução:
(a) Obtendo a função de transferência G s a partir da equação diferencial do processo, vamos aplicar a
transformada de Laplace:
1,5 s 2 y s 1,8 s y s 0, 3 y s 27 u s
y s 27
G s 2
u s 1,5s 1,8s 0, 3
Passando para a forma mônica, onde o coeficiente de maior grau do denominador é igual a 1. Basta dividir o
numerador e o denominador por 1,5.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 118
y s 18
G s 2
u s s 1, 2s 0, 2
Calculando os pólos do sistema encontramos s 1 e s 0, 2 .
y s 18
G s
u s s 1 s 0, 2
Considerando MA 0, 2 que é o valor do pólo dominante, o pólo mais lento. Esta consideração é valida
quando um pólo dista do outro pólo de pelo menos 5 vezes no eixo real.
3 3
t5% MA 15
MA 0,2
Para um sistema em malha fechada duas vezes mais rápido que em malha aberta temos:
t5% MA 15
t5% MF 7,5
2 2
Calculando o período de amostragem pode ser escolhido como sendo de um sexto a um decimo do tempo de
acomodação de 5%.
t5%
T
6 10
Vamos adotar um decimo.
t5% 7,5
T
10 10
T 0,75
Calculando a função de transferência discreta da planta.
G s 18
G z 1 z 1 1 z
1
s s s 1 s 0, 2
De acordo com a tabelada de transformada Z:
a b
T
1 e 1 e
aT bT
3
1 z 1 s s ak s b abk ze
a b
1 e 3
T z eaT z ebT
Calculando G z :
1 0,2
0,75
18 1 e 1 e
10,75 0,20,75
18 ze 3
G z 1 z 1
s s 1 s 0, 2 1 0, 2
1 0,2
1 e 3
0,75 z e10,75 z e0,20,75
18 1 e 1 e
0,75 0,15
z e 0,3
G z
0, 2 1 e 0,3
z e z e0,15
0,75
G z 90
1 0, 47 1 0,86 z 0, 74
1 0,74 z 0, 47 z 0,86
E finalmente chegamos à função de transferência discreta:
z 0,74
G z 3,84
z 0, 47 z 0,86
(b) e (c) A Figura 12 apresenta o lugar geométrico das raízes para a planta e o compensador projetado.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 119
CPID z k
z 0,47 z 0,86
z z 1
Calculando o valor de k .
z 0,47 z 0,86 3,84
L z CPID z G z k
z 0,74
z z 1 z 0,47 z 0,86
L z 3,84 k
z 0,74
z z 1
Onde L z é a função de transferência de malha aberta e T z é a função de transferência de malha fechada.
3,84 k
z 0,74
L z z z 1
T z
1 L z
1 3,84 k
z 0, 74
z z 1
3,84 k z 0,74
T z
z z 1 3,84 k z 0,74
Igualando a equação característica a zero, isolando k e substituindo z zMF 0,74 obtém-se o valor do
ganho do compensador. A equação característica é o polinômio do denominador da função transferência de
malha fechada.
z z 1 3,84 k z 0,74 0
z z 1
k
3,84 z 0, 74 z 0,74
0, 74 0,74 1
k 0,0338
3,84 0,74 0, 74
Portanto:
CPID z 0, 0338
z 0, 47 z 0,86
z z 1
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 120
Figura 12 – Lugar das raízes esboçado de acordo com a técnica de cancelamento pólo-zero.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 121
8.9 EXERCÍCIOS
1) Cite vantagens da estrutura de PID industrial série (iterativa) e escreva sua função de transferência
real. Por que é necessário introduzir um filtro na parte derivativa do compensador?
Figura 13
(a) Monte o programa utilizando as equações a diferença. Assim como foi feito em sala de aula. (3,0
pto).
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 122
(b) Calcule a função de transferência amostrada do processo com sustentador B0G z para um
período de amostragem T=0,1segundos. (3 pontos).
(c) Esboce o lugar das raízes (LR) discreto para a planta B0G z com o compensador PID. (3
pontos).
Onde y kT é o sinal amostrado da saída do processo contínuo y t . Por outro lado, o processo
contínuo responde com uma dinâmica de segunda ordem dada pela equação diferencial:
d2 y t dy t
2
22 117 y t 7 u t
dt dt
Onde u t é obtido a partir de u kT utilizando um sustentador de ordem zero B0 s .
Cz k
z z
z z 1
(e) Calcule a função de transferência amostrada do processo com sustentador B0 G z para um período
de amostragem T=0,01 segundos. (3,0 pontos)
(f) Projete o controlador PID utilizando a técnica de cancelamento pólo-zero, ou seja, os zeros do
controlador devem cancelar os pólos da planta. Obtenha a função de transferência discreta do
controlador PID discreto (ganho k, pólos e zeros) para t2% 0, 25seg . Desenho o lugar das raízes
completo para B0 G z e C z .
(g) Quais os valores de k1 , k 2 , k3 , k 4 e k5 no programa acima.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 123
1,1 y t 0, 22 y t 40, 7 u t
Onde u t é obtido a partir de u k utilizando um sustentador de ordem zero B0 s e y t é a saída
do processo.
Você deve projetar um sistema de controle de posição (altitude) do helicóptero, para solucionar este
problema foi definida a utilização de dois compensadores discretos implementados dentro de um
único Arduino. Esta forma de controle é conhecida na literatura como controle cascata e esta
apresentada na Figura 16. Projetam-se os dois controladores como se cada um fosse independente do
outro, para isso basta garantir que a velocidade da malha interna seja igual ou superior a dez vezes a
velocidade da malha externa ( t 5% MF2 10 t 5%MF1 ). Esta simplificação é valida, pois a malha externa
que é mais lenta não percebe a dinâmica da malha interna, a malha interna é observada como um
ganho unitário caso sua realimentação seja unitária.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 124
(a) Calcule a função de transferência discreta BoG1 (z) do motor CC, a título de simplificação
considere a função de transferência do modulador PWM igual a do ZOH. Defina o período de
amostragem sabendo que em malha fechada o tempo de acomodação desta malha será de
t 5%MF1 0, 2seg.
(b) Calcule a função de transferência discreta G 2 (z) da hélice, observe que não existe nenhum tipo de
sustentador ou modulador em cascata com esse processo. Utilize o mesmo período de amostragem da
letra (a). Para obter esta função de transferência discreta utilize exclusivamente a equação abaixo:
k' '
k T z e aT e bT
G2 ( z )
s a s b b a z e z e
aT bT
(c) Projete um Compensador C1 (z) cujo t 5%MF1 0, 2seg. , não exista erro de regime permanente e o
sistema apresente polos reais e sem pico na resposta. Desenhe o lugar das raízes completo. Obs.:
Despreze a malha externa conforme a Figura 17.
Figura 17
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 125
(d) Projete um Compensador C 2 (z) cujo t 5%MF2 10 t 5%MF1 , não exista erro de regime permanente e o
sistema apresente polos reais e sem pico na resposta. Desenhe o lugar das raízes completo. Obs.:
Substitua a manha interna pelo seu ganho estático em malha fechada que neste caso é 1, conforme a
Figura 18.
Figura 18
(e) Calcule as equações de diferença dos dois compensadores que você projetou nas letras (c) e (d).
z
(g) Obtenha a transformada inversa do sinal cc (z) a partir de um degrau de referência, ref . (z)
z 1
de acordo com a Figura 17. Utilize o método da Série de potência e esboce a resposta no tempo.
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Capítulo 8 – Projeto de Controladores PID discretos 126
1. Ogata, Katsuhiko. Discrete-Time Control Systems. Second edition. Prentice Hall. 1995.
2. D. Ibrahim. Microcontroller Based Applied Digital Control. 2006 John Wiley & Sons, Ltd. ISBN:
0-470-86335-8
3. Benjamin C. Kuo. Discrete-Data Control Systems. Prentice Hall, 1970. 399p.
4. Willsky, Alan S.; Oppenheim, Alan V.; Nawab, Syed Hamid. Sinais e Sistemas. 2ª Ed.
5. FRANKLIN, G. F., POWELL, J. D., Workman, M. L. Digital Control of Dynamic Systems, 3ª
Edição, 2005.
6. FRANKLIN, G. F., POWELL, J. D., EMAMI-NAIENI. Feedback Control of Dynamic Systems,
Addison-Wesley, 1994.
7. DORF, RICHARD C. Modern control systems, Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2008.
8. Seborg, D. E., Mellichamp D. A., Edgar, T. F., Doyle F. J. Process Dynamics and Control. 3ª
edição. Wiley, 2010.
9. Willsky, Alan S.; Oppenheim, Alan V.; Nawab, Syed Hamid. Sinais e Sistemas. 2ª Ed.
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