O PROGRAMA LDAR - LEAK DETECTION AND REPAIR P AS EMISSÕES ara entendermos o que é um Programa LDAR, precisamos antes entender o que são Emissões Fugitivas. O termo emissão fugiti- FUGITIVAS SOB va se refere a qualquer emissão que ocorra num processo indus- trial e que não aconteça num ponto projetado para essa finalida- CONTROLE de, por exemplo uma chaminé. O ponto onde ocorre uma emis- (1ª PARTE) são fugitiva é chamado simplesmente “vazamento”. Essas emis- sões são frequentemente associadas aos equipamentos utilizados para mo- vimentação de líquidos e gases. O termo “fugitiva” é usado em função dessas emissões não serem cal- culadas no projeto, nem serem capturadas pelos equipamentos de controle ou detectadas pelos instrumentos normais de monitoramento de processo. Uma vez que essas emissões não passam pelos equipamentos de controle, são conhecidas como emissões não controladas. Em síntese, emissões fugitivas são aquelas resultantes dos vazamen- tos de produtos nos dispositivos instalados ao longo de uma tubulação co- mo válvulas, flanges, selos de bombas, selos de compressores e filtros den- tre outros. As Emissões Fugitivas, via de regra, significam altos custos, tanto em relação à perda de produtos quanto em relação aos impactos ambientais e na saúde dos trabalhadores, bem como ao incremento de riscos diversos à planta industrial. Os gases emitidos pelas plantas industriais podem ter ex- pressiva contribuição na poluição urbana com impactos marcantes na redu- ção da camada de ozônio na estratosfera, entre 10 km e 40 km de altitude, na formação de ozônio na troposfera, ao nível do solo e, aumento do aqueci- mento global (ver figura 1). Podem ainda, quando inflamáveis, comportar al- to risco de incêndio e explosão. Além disso podem ser tóxicos como a amô- nia e o cloro ou carcinogênicos como o benzeno. Algumas substâncias são também suspeitas de provocar mutações genéticas. Paulo Roberto Bittar Químico, diretor Técnico da Grande parte das emissões fugitivas é formada por COV, sigla para “Com- ALLTECH AMBIENTAL (alltech.ind.br) postos Orgânicos Voláteis”. São compostos orgânicos que possuem alta pres- são de vapor sob condições normais a tal ponto de vaporizar significativa- Jayme de Seta Filho mente e entrar na atmosfera. O termo é frequentemente utilizado no contex- Engenheiro, sócio Diretor da SETA to legal ou regulatório e em tais casos, a definição precisa depende das leis. ENGENHARIA AMBIENTAL (http://linkedin.com/in/jaymeseta) Tais definições podem ser contraditórias e podem conter falhas.
dos Estados Unidos (EPA) define COV como qualquer composto orgânico que participa em uma reação fotoquímica. Muitos acreditam que tal definição é muito abrangente e vaga, pois compos- tos orgânicos não voláteis (no sentido de vaporizar sob condições normais) Figura 1: O ozônio na estratosfera e na troposfera. podem ser considerados voláteis por esta definição da EPA. O termo pode se referir tanto para compostos orgâ- nicos bem caracterizados, substâncias puras simples, quanto para misturas de composição variada. Complexos químicos e petroquí- micos são constituídos por um gran- de número de unidades de processos com tanques interligados por um sis- tema de tubulações, bombas, válvu- las, compressores, filtros e muitos outros dispositivos. Cada um desses dispositivos é uma potencial fonte de vazamento. A perda gradual de estan- Figura 2: Quantidades vazadas (ppm) x número de dispositivos (%). queidade ocasionada pelo desgaste natural dos equipamentos é a causa para a emissão de compostos orgâ- CONCENTRAÇÃO Perda em massa (Kg/ano/dispositivo) nicos para o ambiente. MEDIDA Quando considerada isoladamen- (ppm) Flange Válvula Selo de Bomba te, para cada dispositivo, a quantida- de emitida pode não ser significati- 50 0,7 0,5 4 va mas, quando considerada no con- 500 4,5 3,7 30 junto da planta, em grande número, a quantidade emitida torna-se relevan- 50.000 30 30 200 te, tanto pelo ponto de vista ambien- 500.000 200 200 1.200 tal quanto pelo econômico, bem co- 1.000.000 350 380 2.200 mo pelo impacto causado à saúde do trabalhador e da população. Figura 3: Perdas ocasionadas pela emissões fugitivas em diferentes dispositivos. Segundo publicação do American Fonte: Understanding and control of fugitive emissions (Dr Gavin Smith, LDAR Envolve Ltd, UK and Dr Kevin W McQuillan, Sabic Europe Petrochemicals (UK) Ltd, UK) Petroleum Institute, 84% das emis- sões ocorrem em apenas 0,13% dos dispositivos, ou seja, a maior par- Tendo definidas as emissões fu- o meio ambiente. Os equipamentos te dos dispositivos não vaza ou vaza gitivas, podemos agora definir LDAR. e componentes de um processo ou muito pouco. A figura 2 ilustra os di- LDAR é a sigla, em inglês, para “Le- planta, submetidos ao LDAR são pe- ferentes níveis de emissão nos diver- ak Detection And Repair” ou Detec- riodicamente monitorados para de- sos dispositivos de uma planta indus- ção e Reparo de Vazamentos. Trata- tecção de vazamentos. Uma vez de- trial e a figura 3 mostra a perda esti- -se de um programa implementado tectados, os mesmos devem ser re- mada para três diferentes dispositi- pelas empresas com o objetivo de parados dentro de um período de vos em kg/ano/dispositivo. reduzir as emissões fugitivas para tempo predefinido.
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Fase Preparo do Programa LDAR Fase Monitoramento da Unidade OBJETIVOS I IV DO PROGRAMA LDAR → Reunião com a empresa → Preparo dos dispositivos a → Preservar a saúde e integridade contratante para troca de serem monitorados e coleta de física dos trabalhadores; informações; informações relevantes; → Proteger o meio ambiente e os → Escopo do projeto; → Início do programa de recursos naturais; → Convenções para códigos e monitoramento; → Enquadrar a empresa nos nomes; → Inserção dos dados de padrões de qualidade do ar, → Levantamento de informações monitoramento no Software; saúde e segurança; → Evitar perdas econômicas técnicas (tipos de dispositivos, → Atualização da base de dados. (perda de produtos); desenhos, etc.); → Composição das correntes Fase Primeira Tentativa de Reparo → Eliminar ou reduzir emissão de V poluentes para a atmosfera; químicas; → Redução da emissão de gases de → Definições de vazamentos, → Preparo da lista com os efeito estufa; tempo de reparo, etc; dispositivos a serem reparados; → Geração de Créditos de Carbono. → Frequência de monitoramento; → Execução de reparos “on line”; → Definição do equipamento a → Novo monitoramento após a ser usado para monitoramento; tentativa de reparo; LDAR → Discussão sobre a base de → Atualização da base de dados dados. com as informações sobre os reparos. Isto é o que Isto é o que o você enxerga LDAR enxerga Fase Base de Dados e quantifica! II Fase Relatório Muito além de um simples moni- VI
toramento de COV, o LDAR estabele- → Preparo da base de dados;
→ Consolidação de todos os dados ce toda uma metodologia de gestão → Mapeamento da estrutura coletados; das emissões fugitivas. Sua implan- do local (unidades, sessões, → Relatar as lições aprendidas; tação obedece a uma sequência com correntes); um mínimo de ações que possam ga- → Criação do relatório LDAR; → Introdução em planilha das rantir a confiabilidade do programa. informações básicas. → Elaboração da Lista detalhada Um exemplo dessa sequência, com de todas as fontes de emissão; sete fases, é mostrado a seguir. Fase Inventário das Fontes de Emissões → Elaboração de gráfico retratando III as perdas em kg/ano agrupadas por tipos de dispositivos. Fase Preparo do Programa LDAR → Reunião para discussão do I projeto; Fase Conclusão do Projeto LDAR Fase Base de Dados → Treinamento de segurança; VII II → Visita ao local; → Fechamento do relatório LDAR; Fase Inventário das Fontes de Emissões III → Definição das rotas de → Apresentação dos resultados; monitoramento; → Discussão sobre a continuidade Fase Monitoramento da Unidade IV → Início do inventário; do projeto; Fase Primeira Tentativa de Reparo → Inserção das informações → Treinamento de pessoas-chave. V coletadas na base de dados; Fase Relatório → Preparo da fase de Na próxima edição da revista VI daremos continuidade ao assunto e monitoramento. Fase Conclusão do Projeto LDAR discorreremos, em detalhes, cada uma VII das fases de implantação do LDAR. n