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ISSN: 2236 - 4102

Eixo Temático 02: História da Educação Matemática

CLASSIFICAÇÃO DAS PRODUÇÕES DOS ANAIS DOS SEMINÁRIOS


NACIONAIS DE HISTÓRIA DA MATEMÁTICA (1995 - 2017)

Benjamim Cardoso da Silva Neto 1


Jeová Pereira Martins 2
Luiza Pereira da Silva 3

RESUMO
A presente pesquisa objetiva classificar as produções publicadas nos anais do Seminário
Nacional de História da Matemática (SNHM) de 1995 a 2017 de acordo com as
dimensões de pesquisas em história da Matemática: história da Educação Matemática,
história e epistemologia da Matemática e história para o ensino de Matemática.
Direcionando o olhar para o comportamento destas produções no decorrer dos anos com
atenção especial em história para o ensino de Matemática. Busca-se responder a
principal inquietação neste trabalho “como se comportam os quantitativos das pesquisas
em história da Matemática nesses Seminários? O artigo faz parte de uma pesquisa maior
intitulada “História para o ensino de matemática na formação de professores e na
Educação Básica: uma análise da produção brasileira 1997 – 2017” sob a coordenação
de Iran Abreu Mendes. Este trabalho apresenta uma descrição qualitativa da produção e
evidencia que os estudos em história para o ensino de Matemática tem se estruturado
com quedas na produção, mas aumentado nas duas últimas edições do SNHM. Foram
identificadas 782 produções publicadas nos anais do SNHM, em que 38,86% eram sobre
história da Educação Matemática, 16,24% tratavam sobre história para o ensino de
Matemática, 30,05% sobre história e epistemologia da Matemática e 15,35% foram as
pesquisas e propostas que não envolviam a história da Matemática. As produções
classificadas são identificadas e caracterizadas neste artigo e não se formalizam, em sua
maioria, com produção de professores em atividades docentes, mas sim, pesquisadores
acadêmicos em seus relatos de pesquisa desenvolvidos como resultados de dissertações
e teses em ensino de Matemática. Observa-se potencialidades do material empírico
como fonte, suporte e encaminhamentos didáticos para uso por professores e alunos no
estudo e no entendimento de propostas didáticas que orientam a prática de sala de aula.

Palavras-chave: História da Matemática. SNHM. História para o ensino de Matemática.

INTRODUÇÃO

1
Universidade Federal do Pará (UFPA). benjamim.neto@ifma.edu.br.
2
Universidade Federal do Pará (UFPA). jeovapereira80@outlook.com.
3
Universidade Federal do Pará (UFPA). luizamat2005@yahoo.com.br.
2

O presente artigo remete a uma pesquisa qualitativa que tem como


objetivo classificar as publicações dos Anais do Seminário Nacional de História da
Matemática (SNHM) de 1995 a 2017 de acordo com as dimensões propostas nas
pesquisas de Mendes (2012, 2015, 2018) assim como também estabelecer um
olhar para as pesquisas publicadas nos Anais que dizem respeito à dimensão
história para o ensino de Matemática. Nosso material empírico se constitui em
todos os trabalhos publicados nos Anais dos SNHM de 1995 a 2017, com
exceção dos textos de Minicursos que produziram outras publicações. Com este
objeto somos capazes de apresentar o comportamento destas produções no
âmbito da pesquisa acadêmica com uma pesquisa da pesquisa evidenciando
quantitativamente o percurso do número de trabalhos dispostos nestes
Seminários.
É consenso, de acordo com Mendes (2015), que no decorrer dos anos os
SNHM obtiveram um aumento de variedades de abordagens sobre a história da
Matemática e com isso surgiram diversificados modos de apresentação de
manifestações de informações históricas que tentam descrever o caminho traçado
pela história da Matemática paralelo ao desenvolvimento de práticas sociais,
culturais e econômicas aliando ao estudo em sala de aula da disciplina de
Matemática.
A história para o ensino de Matemática vem sendo destacada em
trabalhos e estudos apresentados por Iran Abreu Mendes em seu projeto
intitulado “História para o ensino de matemática na formação de professores e na
Educação Básica: uma análise da produção brasileira 1997 – 2017” o qual esse
artigo apresenta resultados parciais de pesquisa. Para Mendes (2017) existe uma
crescente necessidade de se estabelecer uma inserção de novas abordagens
metodológicas em sala de aula de Matemática e a revisitação dos momentos
históricos que envolvem personagens e o desenvolvimento de práticas que
estruturaram noções, conceitos e propriedades matemáticas compõe uma forma
de situar um novo tipo de transposição de conteúdos nas aulas.
A catalogação de produções sobre história da Matemática levou ao
desenvolvimento do projeto “Radiografias dos trabalhos publicados nos anais dos
Seminários Nacionais de História da Matemática” mostrando como abordagens
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em Ciências Humanas e Sociais se incorporaram aos estudos sobre história da


Matemática (MENDES, 2018), aumentando o repertório de conceitos e
procedimentos que recebem novos sentidos conforme o próprio estilo dos autores
dos trabalhos influenciando na forma de escrever sobre história da Matemática
possibilitando um direcionamento para inserção da história no ensino de
Matemática.
Neste sentido, a história para o ensino de Matemática é uma dimensão
das pesquisas, produções e trabalhos em história da Matemática e provém de
estudos que sinalizavam a produção acadêmica de programas de Pós-Graduação
Stricto Sensu entre 1990 e 2010 também em um projeto sob a coordenação de
Iran Abreu Mendes intitulado de “Cartografias da produção em História da
Matemática no Brasil: um estudo centrado nas dissertações e teses defendidas
entre 1990 e 2010” iniciado em 2008 (BARROS; MENDES, 2017). O que acabou
dimensionando três tendências nas produções, a sabermos: história e
epistemologia da Matemática, história da Educação Matemática e história no
ensino de Matemática, o que mais tarde, por necessidades práticas e como eram
destinadas ao ensino de matemática passou a ser chamada de história para o
ensino de Matemática.
Apresentamos nossos resultados de nossa classificação em forma de
quadros buscando evidenciar o quantitativo de trabalhos apresentados, as
dimensões que caracterizam os trabalhos, e o comportamento das dimensões
sobre história da Matemática, em especial a história para o ensino de Matemática.

REVISÃO DE LITERATURA

O Seminário Nacional de História da Matemática

O SNHM foi um dos grandes propulsores das pesquisas em história da


Matemática no Brasil, inclusive para aquelas pesquisas que se preocupam com
história para o ensino de Matemática. O desenvolvimento das pesquisas em
História da Matemática no Brasil iniciou a partir de 1995 com o I SNHM, realizado
em Recife (PE), evento presidido pelo Professor Ubiratan D’Ambrosio quando as
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primeiras pesquisas em história da Matemática começaram a se difundir e serem


disseminadas para um público maior no país (NOBRE, 2007). Com o
acontecimento do I SNHM, em Recife (PE) em 1995 com os Anais publicados em
1998, as pesquisas já situavam algumas vertentes na distribuição das produções
do evento que giravam em torno da história da Matemática e aplicação na
pedagogia, na história da Matemática no Brasil e na história de conceitos
matemáticos.
O II SNHM em 1997 que ocorreu juntamente com o II Encontro Luso-
Brasileiro de História da Matemática em Águas de São Pedro (SP) que de acordo
com Nobre (1997) consolidou a história da Matemática como área científica no
Brasil e o surgimento dos primeiros grupos de estudos e de pesquisas que se
preocupavam com estudos mais aprofundados sobre a história da Matemática.
No III SNHM em 1999 em Vitória (ES) foi criada a Sociedade Brasileira de
História da Matemática (SBHMat) presidida pelo Professor Ubiratan D’Ambrósio,
essa sociedade passaria a se responsabilizar pela organização dos SNHM nos
ano posteriores. Ainda no ano de 1999 havia uma intensa preocupação com a
inserção da história da Matemática na sala de aula, assim, as participações no
evento também foram disponibilizadas para professores da Educação Básica
além dos pesquisadores em história da Matemática. Neste ano os editores dos
Anais já percebiam a estruturação de pesquisas que se preocupavam com a
divisão em sessões em história, epistemologia e Educação Matemática.
No ano de 2001, o IV SNHM em Natal (RN), já organizado pela
Sociedade Brasileira de História da Matemática que estabeleceu que os trabalhos
submetidos devessem passar por um crivo mais detalhista e ajustes às normas
que foram disponibilizadas antes das inscrições, principalmente, às produções
que se enquadravam na categoria Comunicações Científicas.
Em 2003, no V SNHM em Rio Claro (SP) os trabalhos submetidos
poderiam se enquadrar em Relatos de Experiência, Resultados de Iniciação
Científica, Resultados de Pesquisas Científicas e Projetos de Pesquisa, além das
Palestras e Conferências que já eram presentes desde o início com professores
convidados. Desta forma, acontecia uma maior qualificação dos trabalhos a
serem apresentados e consequentemente uma melhor organização e distribuição
de sessões (NOBRE, 2007). Ainda no V SNHM ocorreu a primeira publicação de
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Livros de Minicursos, os quais eram oferecidos por Profissionais doutores na área


e um material impresso era disponibilizado aos participantes da Educação Básica
e Superior.
Com o advento da internet, as submissões, o crivo de seleção de
trabalhos e até mesmo a divulgação do seminário passou a instigar e incentivar o
surgimento de novas frentes de pesquisa em história da Matemática e áreas
correlatas. O VI SNHM de 2005, em Brasília (DF), marcou os 10 anos de evento e
confirmou a constituição de um fórum privilegiado de partilhas de experiências,
ideias, construções e diálogos sobre história da Matemática. No VII SNHM de
2007, realizado em Guarapuava (PR), pela primeira vez na região Sul do país
teve a publicação nos Anais das produções apresentadas na modalidade Pôster,
Mesas Redondas e Conferências, não ocorreram apresentações de
comunicações orais, para que fosse possível que todos os inscritos participassem
de todas as atividades.
O VIII SNHM realizado em Belém (PA) em 2009, primeiro da região Norte
do país, consolida ainda mais a área com uma grande quantidade de trabalhos
publicados nos Anais. Em 2011, em Aracaju (SE), o IX SNHM continua com a
inserção de aspectos da epistemologia da Matemática, da história da Matemática
e da história da Educação Matemática. Em 2013 o X SNHM aconteceu em
Campinas (SP) e o XI em 2015 ocorreu mais uma vez em Natal (RN), devido a
muitas das pesquisas serem desenvolvidas por pesquisadores da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, assim, a intensificação de pesquisas na região
permitiu o retorno do evento ao estado. Em 2017, o XII SNHM ocorreu no estado
de Minas Gerais em Itajubá.
Mendes (2012, 2015, 2018) destaca que as novas abordagens de
situações das pesquisas que se desenvolviam nos SNHM possibilitava a
identificação de dimensões que situavam os trabalhos em que a história se
apresenta como epistemologia dos conteúdos da Matemática, também como
patrimônio mental na história da Educação Matemática e também na inserção da
história na sala de aula de Matemática. O SNHM, então, possibilita a divulgação,
realização de parcerias, exposição de trabalhos de pesquisas, oportunidade de
divulgação e materiais didáticos e instrucionais e uma série de oportunidades
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para o trabalho com a história da Matemática. A partir dessa ideia, acentuamos a


história para o ensino de Matemática.

A história para o ensino de Matemática

Uma busca e investigação sobre o comportamento de pesquisas


acadêmicas (Teses e Dissertações) e Anais do SNHM realizadas pelo Professor
Iran Abreu Mendes proporcionou um delineamento que indicava uma
convergência de evidências sobre o comportamento da história da Matemática em
pesquisas o que acabava apontando valiosos caminhos e focos de abordagens
que objetivavam estabelecer uma condução mais suficiente e adequada do
processo de formação docente e da aprendizagem discente (MENDES, 2012).
Nesta mesma obra, ocorre a condução a três dimensões históricas percebidas em
pesquisas e estudos em história da Matemática: a epistemológica, a social e a
pedagógica.
As dimensões apresentadas em Mendes (2012) nos possibilitou identificar
características principalmente das finalidades pedagógicas da história para o
ensino de Matemática encontrada em pesquisas que se utilizam de fragmentos de
história da Matemática o qual passa por um processo de reorientação e
reorganização para a adequação do ensino de algum conteúdo aos alunos.
(BARROS; MENDES, 2017).
Miguel e Miorim (2011) apontam uma história pedagogicamente
vetorizada, aquela que se volta para a sala de aula. No trabalho com a história da
matemática, a adoção de descritores históricos, tais como a análise de trajetórias
de personagens da Ciência e da Matemática, modelos e métodos de ensino,
materiais didáticos, materiais instrucionais, documentos acadêmicos, artefatos e
livros que se constituem em fragmentos históricos deixados por cientistas e
matemáticos podem ser úteis como forma de possibilitar uma reflexão sobre a
importância da constituição dos saberes matemáticos, a reconstituição de
episódios e fatos tentando uma reconstrução histórica a ser transportada para
sala de aula (MENDES, 2018).
Essa dimensão a qual centramos nossa atenção, história para o ensino
de matemática foi estabelecida por meio de pesquisas sobre pesquisas e coloca
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como principal estratégia para uma apropriação dessa história para o ensino, a
revisitação de fontes e acontecimentos históricos por professores que estimulem
suas estratégias de pensamento e criatividade para poder transformar essa
história da matemática em história para a sala de aula, levando ao aluno um
aspecto desafiador imbricado em atividades de investigação e problematização
(MENDES, 2017) promovendo uma mudança da prática docente e
consequentemente da aprendizagem dos alunos.
Nossa identificação e caracterização, no entanto, gira em torno de uma
complementação das pesquisas das pesquisas sobre as publicações nos anais do
SNHM de 1995 a 2017 verificando as quantidades de trabalhos publicados
especificamente na dimensão de história para o ensino de Matemática, para tal
destacamos algumas características de nosso percurso metodológico.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente proposta de pesquisa possui uma abordagem qualitativa no


sentido expresso por Carmo e Ferreira (1998) que consideram este tipo de
pesquisa como uma forma de busca por uma indução das informações coletadas
e uma descrição que afirma que este tipo de pesquisa são respostas da condução
humana em uma realidade que pode ser compreendida, entendida no
comportamento que se verifica e comunicada em produções.
Nosso objeto de pesquisa se constitui nos Anais do SNHM, e também
nossas informações empíricas para onde focamos nosso olhar. Costa e Valente
(2015) colocam que este tipo de pesquisa deve ter o objeto de exaustivamente
estudado, identificado e caracterizado para possibilitar que novos leitores possam
se apropriar da contextualização das informações detalhadas na pesquisa e deem
prosseguimento aos tipos de caracterização promovidos.
A busca pelos Anais dos SNHM ocorreu, inicialmente, pela internet aos
onde localizamos os Anais dos IX, X, XI e XII SNHM, não obtivemos sucesso no
encontro de todos os Anais pela internet, então, enveredamos por aqueles que
estão em CDs os quais conseguimos com o Professor Iran Abreu Mendes, em
seguida partimos para os impressos, que em Grupo de Estudos e Pesquisas
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foram digitalizados como forma de oferecer publicidade às produções.


Realizamos, no entanto, o arquivamento em pastas digitais de todas as
produções dos Anais de 1995 a 2017.
Realizamos a leitura da apresentação de todos os Anais, em seguida a
leitura dos títulos das produções, se identificássemos no título alguma
característica das dimensões anotávamos, pois alguns arquivos eram únicos,
impossível de fazer arquivamento separado. Quando não conseguíamos
identificar alguma característica condizente às dimensões traçadas pelo Mendes
(2012, 2015, 2018) passávamos à leitura do resumo e em seguida do texto
completo. Em alguns momentos recorremos ao Currículo Lattes dos autores.
Após a separação em anotações escritas e apontamentos numéricos, passamos
a identificação de características mais aprofundadas sobre as dimensões
elencadas pelo Professor Iran Abreu Mendes.
Em seguida orientamos um olhar mais específico sobre a dimensão
história para o ensino de Matemática, pois pensamos que estes Anais podem
servir de subsídio para outros professores explorarem possibilidades para suas
salas de aulas. Apresentamos nossos resultados em forma de Quadros em que
fazemos uma exposição quantitativa das informações, com características dos
eventos evidenciando informações qualitativas sobre os documentos estudados.

UMA DISCUSSÃO SOBRE AS INFORMAÇÕES

Nosso olhar figurou em uma análise textual das produções publicadas


sobre história para o ensino de Matemática nos Anais do SNHM de 1995 a 2017.
Realizamos uma separação inicial sobre as dimensões apontadas por Mendes
(2012), a epistemológica, a social e a pedagógica. Ressaltamos que as
quantidades de trabalhos apresentados no evento e os que foram publicados nos
Anais se diferem, uma vez que em alguns dos eventos, uma nova seleção para
aceite como publicação era realizada pela organização do evento, o que resultava
numa diminuição das produções publicadas.
Nos Anais eram publicados desde Conferências de abertura,
Conferências plenárias, Conferências paralelas, Discussões temáticas,
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Comunicações científicas, Mesas redondas e Pôsteres. Consideramos todos os


trabalhos publicados, com exceção dos Livros de Minicursos que foram
publicados em materiais à parte, dignos de nova análise.
Evidenciamos as dimensões da seguinte forma:
História e educação matemática – Hed
História para o ensino de Matemática – Hen
História e epistemologia da matemática – Hep
Após a leitura e exame dos textos dos Anais foi possível a identificação
de características que possibilitassem alocação de uma das três dimensões, Hed,
Hep e Hen, desta maneira, construímos o Quadro 1 e para aqueles trabalhos que
não conseguimos identificar alguma orientação e que apresentavam propostas
metodológicas de pesquisa, trabalhos que não exprimiam a tendência da história
da Matemática, análise de livros didáticos e modelos que subsidiam ou orientam a
prática docente sem ligação com a história identificamos como a categoria Outros.

Quadro 1 – Caracterização em dimensões de história da matemática


SEMINÁRIO Hed Hen Hep Outros Total
I SNHM - 1995 10 2 12 7 31
II SNHM – 19 2 10 6 37
1997
III SNHM – 26 8 13 7 54
1999
IV SNHM – 22 13 18 4 57
2001
V SNHM – 11 10 16 2 39
2003
VI SNHM – 19 1 9 4 33
2005
VII SNHM – 9 2 10 10 31
2007
VIII SNHM – 50 19 33 36 138
2009
IX SNHM – 43 20 28 16 107
2011
X SNHM – 20 10 25 6 61
2013
XI SNHM – 45 25 46 18 134
2015
XII SNHM - 26 15 15 4 60
2017
TOTAL 300 127 235 120 782
10

Fonte: elaborado pelos autores

O I SNHM – 1995 possuiu uma produção tímida, apenas 31 produções de


onde 38,71% dos trabalhos sinalizaram Hep, essa preocupação em se estudar
conceitos historicamente construídos ainda sinalizavam uma preocupação latente
com as demonstrações matemáticas, mesmo ocorrendo uma separação entre as
temáticas dos trabalhos o que revelou um peso sobre os aspectos filosóficos do
desenvolvimento da Matemática. No II SNHM – 1997, o número de trabalhos
publicados subiu para 37, porém há uma intensa preocupação em obediência ao
tema do evento “A contribuição de matemáticos portugueses para o
desenvolvimento da Matemática do Brasil” que ocorria juntamente com o
Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática, dado este fato a maior
quantidade de trabalhos publicados nos Anais dizia respeito a Hed 51,35%, e Hep
27%, e Hen ficou com 5,41%.
O III SNHM – 1999 a quantidade de trabalhos publicados aumentou mais
de 37% com relação a média dos dois eventos anteriores. Percebemos em uma
verificação nos Lattes dos autores que nesta época alguns autores principalmente
das Comunicações Científicas estavam sendo orientados nos últimos quatro anos
do evento, este fator pode ter desencadeado novas pesquisas e estudos em
novas direções o que resultou no acréscimo de publicações. 54 trabalhos foram
publicados nos Anais de 1999 em que 14,81% representavam Hen, também neste
evento foi a oportunidade de criação da SBHMat. O IV SNHM – 2001 já
organizado pela SBHMat obteve novamente um outro aumento da quantidade de
trabalhos, desta vez 57, em que publicados sobre Hen foram 13, isso ocorre
porque para os idealizadores do evento, existem duas vertentes do uso da história
da Matemática, aquela utilizada como forma de mostrar os caminhos que a
Matemática tomou para seu estado atual e a outra vertente considera o
entendimento de como os personagens da Matemática antiga pensavam.
No V SNHM – 2003 a quantidade de trabalhos publicados diminuiu mais
uma vez, mesmo como um dos eventos com maior número de participantes (316
inscritos) em menos de 50% dos trabalhos apresentados em Comunicações
Científicas foram publicados nos Anais, por exemplo, foram aceitos 71 trabalhos
para apresentação em Comunicações Científicas, porém apenas 27 foram
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publicados. Pensamos que em virtude da localização do evento, a produção nos


Anais poderia ter sido bem maior. Ressaltamos que o número de pesquisadores
no país aumentou com a formação de grupos de pesquisa e de estudos.
Pensamos que a queda na quantidade de produção deve ter acontecido por conta
da não publicação de todos os trabalhos.
O VI SNHM – 2005, aos 10 anos de evento, o número de trabalhos
publicados ainda continuou baixo. De 39 pesquisas publicadas em 2003, passou
para 33 pesquisas em 2005, o crivo para publicação dos anais selecionou 56%
dos trabalhos dentre todas as modalidades de submissão. O evento ocorreu em
Brasília que se mostra como uma região neutra com relação às produções em
história da Matemática, apenas 1 trabalho em Hen foi publicado neste ano.
Situamos que 57,58% dos trabalhos giravam em torno do Hed, 3,03% em Hen,
27,27% representou Hep e Outros tipos de trabalhos ficaram com 12,12%. Neste
evento, ocorreram sessões especiais que tinham como tema “150 anos de Gauss”
que proporcionava mais trabalhos na área de história e epistemologia da
Matemática.
O VII SNHM – 2007, localizamos uma diferença na quantidade de
trabalhos expostos em Mendes (2015), pois este autor utilizou os trabalhos do
Caderno de Resumos, nós utilizamos nesta complementação os Anais do referido
evento, o qual encontramos 31 trabalhos, onde 29,03% eram de Hed, 6,45% de
Hen e 32,26% de Hep e Outros. Neste evento, foram publicados apenas pôsteres
como forma de possibilitar que todos os inscritos (284 participantes) apreciassem
todas as apresentações em um só ambiente.
No VIII SNHM – 2009 realizado em Belém (PA), não tivemos acesso ao
texto de apresentação, houve o maior número de publicações de todos os
eventos com 138 publicações, um pólo de produção de artigos, dissertações e
teses em história da Matemática no Brasil, onde nas Universidade Federal e
Estadual do Pará existem grupos de estudos e pesquisas na área da história da
Matemática e áreas correlatas. O total de 50 pesquisas caracterizamos como
Hed, 19 pesquisas caracterizamos como Hen, 33 como Hep e 36 como Outros.
Também não tivemos acesso ao texto de apresentação do IX SNHM –
2011, e identificamos a seguinte distribuição 40,19% de produções em Hed,
18,69% em Hen, 20,56% em Hep. O IX SNHM também possuiu uma grande
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quantidade de trabalhos publicados, a divulgação de trabalhos em história da


Matemática consolida ainda mais a estruturação da área no Brasil.
No X SNHM – 2013 o evento volta a se hospedar em São Paulo, desta
vez em Campinas, a quantidade de trabalhos publicados nos Anais volta a cair,
passando para 61 publicações nos anais, onde 32,79% em Hed, 16,39% em Hen,
40,98% em Hep e 9,84% Outros trabalhos. Percebemos que as três vezes que o
SNHM ocorreu em São Paulo, a produção em Hed e Hep é a que mais se
destaca, visto que as produções em história da Matemática se concretiza com os
programas de Pós-Graduação com linhas de pesquisa e grupos que estudam a
história de conceitos matemáticos sem aplicação na sala de aula e também existe
uma preocupação com as produções em história da Educação Matemática.
O XI SNHM – 2015 mais uma vez em Natal (RN) e também um número
grande de publicações nos Anais, total de 134 publicados, visto que Natal
também possui linhas de pesquisa e grupos de estudo na área da história da
Matemática. 45 trabalhos na área de Hed, 25 na área de Hen, 46 trabalhos em
Hep e 18 trabalhos em áreas diferentes de nosso propósito. A grande quantidade
de trabalhos na área de Hed e Hep ainda permite uma percepção da insuficiência
da quantidade de trabalhos sobre a inserção da história na sala de aula, algumas
perspectivas de trabalhos já transformam estas informações da Hep e Hed em
propostas para sala de aula.
O XII SNHM – 2017 publicou 100 trabalhos no Caderno de Resumos, e
apenas 60 foram publicados nos Anais do evento já em novembro de 2018.
Resultando em 43,33% em Hed, 25% em Hen e Hep, e 6,67% na categoria
Outros. A Hed ainda se sobressai nos SNHM essa produção ainda se destaca
face às diversas modalidades de pesquisa nessa área.
Notamos que ocorreu um crescimento significativo da produção em
história da Matemática no Brasil, de uma maneira bem geral 38,36% dos
trabalhos produzidos nos SNHM de 1995 a 2017 giraram em torno da Hed,
30,05% em Hep, 15,35% foram Outras modalidades de trabalhos e 16,24%
pesquisas sobre história para o ensino de Matemática.
As pesquisas em história para o ensino de Matemática que observamos
sinalizavam resultados de pesquisas de trabalhos acadêmicos e também recortes
de aplicações metodológicas em sala de aula de dissertações e teses. Intuímos
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que a prática docente de professores em sua própria sala de aula não se refletia
tanto na distribuição dos trabalhos publicados nos anais. Esse pensamento se
consolida no que diz respeito à história para o ensino de Matemática porque nos
preocupamos com a inserção da história da Matemática no ensino desta disciplina
como forma de instigar no aluno e no professor a percepção de uma Matemática
construída historicamente por solução de problemas no percurso do tempo.
A história para o ensino de Matemática pode se apresentar de diversas
maneiras no ensino, os trabalhos publicados nos Anais em sua maioria
apresentam a história por meio de atividades em que a história está imbricada no
corpo de textos e nas atividades, também percebemos que muitos dos autores
partem da informação histórica ou da fonte histórica em si para construção de
propostas para sala de aula e também a reprodução de técnicas, cálculos,
estratégias aliadas a outras tendências do ensino de Matemática, tais como o uso
de tecnologias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ponderamos que nossa identificação e caracterização das produções


sobre história da Matemática nas dimensões temáticas: história da Educação
Matemática, história para o ensino de Matemática e história e epistemologia da
Matemática resultou na percepção de em um aumento significativo na produção
de 1995 a 2017. Ao todo encontramos 782 pesquisas nos anais do SNHM e
identificamos todas elas nas três categorias das dimensões e em Outros em que
situamos os trabalhos que tinha direção diferente de propostas de história da
Matemática.
No quadro que construímos é possível observar o comportamento durante
os anos que se tornaram o percurso de tempo do Seminário. Ainda nessa
identificação e caracterização, o processo de estudo, observações e exploração
dos textos dos Anais foi possível notar que, nestes trabalhos publicados, existem
potencialidades que podem ser utilizadas por professores da Educação Básica e
do Ensino Superior.
14

Refletimos sobre um viés de potencialidade destas pesquisas para


facilitação da inserção da história da Matemática na sala de aula, elas oferecem
algumas vezes experiências que foram bem sucedidas em sala de aula, trazem
conhecimentos em formas de novas metodologias didáticas, propostas, também
fontes históricas que são citadas ou utilizadas como forma de propor uso da
história.
Entendemos que o presente artigo, ainda permite novas análises e novos
olhares e serve para construir um pensamento sobre o comportamento das
produções em história para o ensino de matemática no SNHM e
consequentemente história da Educação Matemática e história e epistemologia da
Matemática.

REFERÊNCIAS

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MENDES, Iran Abreu. Pesquisa sobre história da Matemática nas dissertações e


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