Edição Lisboa • Ano XXXI • n.º 11.

132 • 1,70€ • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

Salman Rushdie O Inimigo Público

Catarina Martins dá OK
“O amor é o ao Orçamento e passa a ter
a cara nas notas de 5 euros
único assunto”
Entrevista de Isabel Lucas
Entrevistade Almada Negreiros no MNAA
O bordado geométrico para
os Painéis de São Vicente
que nunca tinha sido visto
Cultura, p32/33

NUNO FERREIRA SANTOS

A prioridade
não é proibir
despedimentos,
é apoiar o
emprego
António Costa Acordo no OE “O limite
é o bom senso” • Presidenciais O PS tem
de “fazer o que lhe compete, governar
o país” • BenÄca “Do ponto de vista da
minha consciência, não devia recusar”
Entrevista, 2 a 6 e Editorial

Lisboa e Norte: Tarefeiros já Governo espera

mais de dois custaram ao SNS que PRR retire HOJE Amália 100 Anos
terços das ‘camas 83 milhões de 45 mil pessoas Pensar Amália, de Rui Vieira Nery
covid’ ocupadas euros este ano do desemprego Inclui QR Code para acesso
Por +
Dados dizem respeito aos Despesa com médicos que Versão preliminar do Plano a antologia de músicas
cuidados intensivos. Mas há preenchem falhas nas escalas de Recuperação e Resiliência Amália Nossa 14,90€
margem para aumentar p8 dos hospitais tem subido p20 foi entregue em Bruxelas p24
ISNN-0872-1548
ISNN 0872 154
2 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

DESTAQUE
ENTREVISTA

O limite para
um acordo
no Orçamento
é o bom senso
António Costa Chefe do Governo sublinha a necessidade de
responder às crises abertas pela pandemia, recusa envolver os
bancos no problema do Novo Banco e diz que as ideias de crise
ou desgaste do Governo só existem na ‘bolha político-mediática’
a este OE. Que possa haver a enriqueceu o país. Se gostava que gravidade. O excesso de rigidez Não. Não há gato, muito menos
Manuel Carvalho, Sónia ambição de o melhorar aqui e ali, tivéssemos ido mais longe do que o pode signiÆcar matar muitos mais escondido. Se há coisa
Sapage e São José Almeida compreendo, é normal. Uma limiar da pobreza? Sim. Mas irmos postos de trabalho do que aqueles transparente, é o contrato da
resistência de fundo ao OE, com ao limiar da pobreza é um salto que serão sacriÆcados para que a venda que foi feito. O FR é uma

H
á quem considere este
Orçamento do Estado (OE)
como o mais à esquerda
desde o 25 de Abril.
Concorda?
É um OE que claramente
responde de uma forma diferente a
esta crise, recusando uma receita
de austeridade e, pelo contrário,
procurando estimular o
investimento público, sustentar o
rendimento das famílias,
responder às necessidades sociais
mais prementes. E essa,
claramente, é a preocupação:
combater a pandemia, proteger as
pessoas e apoiar a economia e o
emprego.
Isso é de esquerda, portanto...
Eu que sou de esquerda, sinto-me
bem com este OE e acho que, de
facto, ainda ninguém percebeu as
verdadeiras razões por que é que, à
esquerda, há resistências de fundo
toda a franqueza, não consigo
perceber. Creio que até agora
ninguém conseguiu perceber.
As medidas previstas são
suÆcientes para garantir níveis
mínimos de protecção social e a
preservação do tecido
económico, ou gostaria de ter
podido apresentar um OE mais
expansionista?
Todos gostamos sempre de fazer
um OE mais generoso. Agora há
aqui marcas muito importantes, do
meu ponto de vista. Houve um
acordo de princípio, que o BE
propôs e com que nós
concordámos, que é criar uma
prestação social única que
complemente os diferentes
mecanismos de apoios sociais que
existem, de forma a que ninguém
Æque abaixo do limiar de pobreza.
O país não era rico antes da
covid-19 e não foi a covid-19 que
muito grande.
Acha dispensável o pedido do BE
para proibir despedimentos em
empresas que dessem lucros?
Procurámos ir ao encontro dessa
preocupação na dimensão que é
razoável: tal como tínhamos dito
que a concessão de apoio no layoè
simpliÆcado implicava o
compromisso de manutenção de
postos de trabalho, dizemos que
grandes empresas que tenham tido
lucros não podem ter novos
benefícios Æscais ou negociar
linhas de crédito com garantia do
Estado se não mantiverem o nível
de emprego que tínhamos a 1 de
Outubro.
Em todas as outras, uma
exigência dessas seria uma
ingerência no mercado livre que
não cabe no PS?
Não é uma questão de ingerência.
Há limites para contrariar a lei da
empresa se mantenha a funcionar.
Nas empresas, não podemos matar
o doente com a cura. Há aquilo que
é razoável: não permitir às
empresas abusarem desta situação
para fazerem despedimentos que
doutra forma não fariam, mas
temos de deixar os estabilizadores
automáticos da economia
funcionarem com controlo. A
nossa prioridade não é proibir
despedimentos, é apoiar a
manutenção do emprego.
No OE 2021 não estão previstos
empréstimos directos ao Fundo
de Resolução (FR), mas está
previsto que o FR contraia os
seus próprios empréstimos e os
canalize para o Novo Banco e
estes vão cair no perímetro da
Administração Pública e entram
no déÆce. Esta possibilidade não
parece um gato escondido com o
rabo de fora?
entidade pública Ænanciada por
contribuições da banca de 250
milhões, nos termos da resolução
europeia, e existe para intervir no
apoio à resolução de qualquer
entidade bancária. Felizmente só
tem uma entidade a quem tem
tido de acorrer, que é o Novo
Banco. Como o FR tinha
necessidades de despesas que não
eram cobertas ainda pelas
contribuições dos bancos, nos
últimos anos o Estado tem
emprestado ao Novo Banco o
dinheiro que o Fundo lhe vai
pagando em função das
contribuições dos bancos.
Mas então por que é que este ano
não continua a emprestar?
Nas negociações com o BE, o BE
disse que o Estado não podia
Ænanciar o FR. Comunicámos ao
FR que este ano não haveria no
OE 2021 verbas para um novo
 Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 3

NUNO FERREIRA SANTOS

Leia a entrevista na integra em

www.publico.pt

empréstimo do Estado.
Informámos o FR, o Banco de
Portugal, a Associação
Portuguesa de Bancos, tudo
atempadamente, para que
encontrassem outros mecanismos
de Ænanciamento do FR. Sei que
encontraram. O que signiÆca que
o FR tem condições para cumprir
as funções que lhe estão
atribuídas pela lei sem que haja
Ænanciamento por parte do
contribuinte. E esse é o limite que
me parece razoável. A questão é
saber se há dinheiro dos
contribuintes a Ænanciar o FR:
não há.
Mas por que é que não houve
acordo entre o Governo e o BE
em relação a esta matéria?
Isso tem de perguntar ao BE,
porque, da parte do Governo,
Æzemos aquilo que era razoável.
O Governo não quer correr
riscos de entrar em
incumprimento de contrato ou
de ameaçar a estabilidade do
sistema Ænanceiro?
Foi em atenção ao BE
e para responder
a uma posição do BE
que adoptámos
esta posição [de não
financiar o Fundo
de Resolução]
Não é uma questão de risco. Isto é
um Estado de direito. Há uma lei
europeia que criou um mecanismo
de resolução. Bom ou mau, é o que
existe em toda a Europa.
Infelizmente, alguns países têm
bancos que precisam dos
mecanismos de apoio no FR, é o
nosso caso com o Novo Banco.
Depois há um contrato que como
qualquer outro deve ser cumprido.
É uma matéria na qual não há
possibilidade de acordo com o
BE. Já percebemos isso...
Como é que podemos discutir um
contrato que existe e que tem de se
cumprir? Qual é a dúvida? O que se
espera de um Estado é que cumpra
e honre as suas obrigações. É
razoável dizermos que, neste
contexto, este ano o Estado não vai
Ænanciar o FR.
O que diz é que o BE já deveria
aceitar isso como uma
conquista...
Foi em atenção ao BE e para
responder a uma posição do BE
que adoptámos esta posição. Se
alguém está numa mesa de
negociações com razoabilidade, a
aÆrmação de que impedimos o
Estado de Ænanciar o Fundo de
Resolução é uma aÆrmação política
e um ganho político muito
relevante. Agora querer dar o salto
a seguir, como já vi a certa altura,
de ter que obrigar os bancos a
entrar no capital do Novo Banco...
Onde é que o Estado pode obrigar
os outros bancos a entrarem no
capital? Que sentido é que faz os
outros bancos entrarem com
capital num concorrente? Isso não
faz sentido.
Já usou várias vezes a palavra
razoável para dizer que acedeu a
exigências que são razoáveis. As
exigências actuais do BE são
irrazoáveis?
Nós temos tido, ao longo destes
cinco anos, uma postura nas
negociações que é não as fazer na
praça pública. Fazemo-las à mesa,
onde encontramos acordos e onde
não conseguimos ultrapassar
desacordos. Eu não gostaria de
prosseguir as negociações com o
BE através do canal PÚBLICO.
Devemos manter a mesma forma,
como temos feito com os outros
partidos. Nós temos feito um
esforço muito grande, desde o
início desta crise, para deixar
muito claro que correspondemos
às primeiras exigências que os
nossos parceiros Æzeram. Nós
respondemos a essas condições.
Depois, na dinâmica das
negociações, as condições têm-se
multiplicado, temos procurado
corresponder dentro dos limites da
razoabilidade. A política não pode
prescindir do que é razoável e do
bom senso, essa é uma condição
preexistente à actividade política.
Neste momento, estamos ainda
num esforço de aproximação. Até à
votação Ænal global, há sempre
tempo para procurar ultrapassar
divergências. Agora para mim qual
é o limite? O limite é o bom senso e
o que é razoável.
Nesse esforço de negociação
pensa que vai conseguir
entendimentos com o PCP de
forma a garantir a sua
abstenção? O que vai dar mais ao
PCP na especialidade?
Temos continuado a negociar, a
fazer o exame conjunto, como
designa o PCP, deste OE. Temos
feito com o PCP, com o PAN, com o
PEV, com o BE. Há matérias sobre
as quais houve um entendimento
total, há matérias em que houve
divergência total e há matérias em
que há entendimentos parciais.
Este um processo que prossegue.
O PSD ainda não disse como
vota. O Governo está preparado
para aceitar propostas do PSD na
especialidade?
Não faço ideia do que é que o dr.
Rui Rio e o PSD estão a pensar. Eu
não vou pedir ao PSD que vote
contra o OE ou que se abstenha.
Agora, o sentido político desta
legislatura, deste Governo, do
Programa do Governo é que a
resposta a esta crise seja feita com
aqueles que desde Novembro de
2015 trabalham connosco para
termos uma resposta
antiausteritária à crise e
trabalharmos para a reconstrução
económica do país. Mas não faz
sentido negociar com o PSD.
Nem na especialidade?
Gostaria que Æcasse muito claro o
seguinte: uma das riquezas da
nossa democracia e é uma das
razões pelas quais o populismo
tem estado devidamente contido
na sociedade portuguesa é o facto
de, em todos os momentos de
crise, os portugueses terem
encontrado no sistema partidário
as respostas necessárias às
alternativas políticas. Em 2011,
encontraram-na no PSD e no CDS.
Em 2015, encontraram-na no PS e
na solução parlamentar que
encontrámos. Agora manifestaram
uma vontade de continuidade, há
que assegurar e cumprir essa
vontade de continuidade. E há que
preservar que no futuro, se e
quando os portugueses desejarem
— porque um dia exigirão,
seguramente — que exista uma
alternativa, que ela esteja
disponível.
Esta maior diÆculdade de
negociar o OE não está associada
à sensação, que se vai
exprimindo em vários
comentários, de que o Governo
está politicamente desgastado?
Eu acho que há uma enorme
diferença entre o que é a bolha
político-mediática e aquilo que é
efectivamente a vontade e o
sentimento popular. Basta, aliás,
olhar para as sondagens para
perceber que nelas não existe essa
vontade de mudança, nem esse
desgaste. Diria mesmo que o
comum do cidadão nem percebe
sequer esta conversa sobre crises
políticas e qualquer debate sobre
instabilidade, porque as pessoas
estão já suÆcientemente
preocupadas com a pandemia,
com a crise económica, com a crise
social para sequer pensarem e
imaginarem que, no espaço
político, os políticos, em vez de
estarem concentrados em
responder à pandemia, à crise
económica, à crise social, andam
entretidos a criar crises políticas.
Foi o senhor primeiro-ministro
quem primeiro falou disso...
Não, eu limitei-me a dizer uma
coisa que é óbvia.
Perguntaram-me: “Então o que
acontece se chumbarem o OE?” Se
chumbarem o OE,é um problema.
Ouvi José Manuel Pureza, do BE, a
dizer com enorme tranquilidade
que não é um problema, porque se
governa por duodécimos. Sim,
pode-se governar por duodécimos.
Agora eu pergunto se, perante a
dimensão da crise que estamos a
viver, a forma ideal de governar é
por duodécimos... O mínimo de
respeito que podemos ter por esta
realidade social é fazermos tudo o
que estiver ao nosso alcance para
assegurar ao país um OE. O OE não
é para o Governo, é para o país.
Em suma, não vê razões para o
BE não viabilizar este OE?
Não é só eu não ver. Ainda não
encontrei alguém que visse.
manuel.carvalho@publico.pt
sonia.sapage@publico.pt
sao.jose.almeida@publico.pt
4 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
DESTAQUE
ENTREVISTA
“Do ponto de vista da minha
consciência, não devia recusar”
Manuel Carvalho, Sónia
Sapage e São José Almeida
O D
primeiro-ministro recusa
polémicas sobre a
nomeação do
representante na
Procuradoria Europeia e
esclarece que, por lei, os
magistrados nomeados para
instituições europeias são
escolhidos pelo Conselho Superior
do Ministério Público e pelo
Conselho Superior da
Magistratura.
Neste quadro muito
complicado em que as pessoas
têm como referência a
estabilidade política, não
considera que foi um erro
crasso o seu apoio à comissão
de honra de Luís Filipe Vieira?
Não se arrepende?
Quando me foi feito o convite,
ponderei entre aquilo que era a
minha conveniência política e
aquilo que era a minha consciência
e achei que, do ponto de vista da
minha consciência, eu não devia
recusar, naquele momento e
naquela circunstância. É um caso
que Æcou ultrapassado pela decisão
do próprio Luís Filipe Vieira.
É conhecido por dispor
de um apurado instinto
político, a forma como
substituiu o juiz-conselheiro
Vítor Caldeira no Tribunal de
Contas não foi errática? Não
teria sido melhor avisar antes
de tornar pública a substituição
que iria impor o critério do
mandato único?
Errática não sei, errada foi de
certeza porque não foi bem
comunicada. Recordo que
aquando da substituição da
procuradora-geral da República,
Joana Marques Vidal, o Presidente
da República explicitou
publicamente qual era o critério
que Presidente e Governo tinham
sobre essa matéria.
Mas o comunicado que está no
site da Presidência é
relativamente àquele caso
concreto, não é um princípio
geral.
Para mim, foi claramente um
princípio geral e o que seria
incompreensível é que tivesse sido
aplicado à conselheira Joana
Marques Vidal e não fosse agora
aplicado ao conselheiro Vítor
Caldeira, com o qual estou
particularmente à vontade porque
quem propôs ao actual Presidente
da República a nomeação do dr.
Vítor Caldeira foi o meu primeiro
Governo. A não recondução teve
estritamente a ver com isso e
rigorosamente com mais nada. Eu
soube do famoso parecer pelo
PÚBLICO, que, aliás, o publicou só
depois de eu já ter informado o
conselheiro Vítor Caldeira da
decisão que o Governo e o
Presidente da República tinham
O Conselho Superior
do Ministério
Público e o Conselho
Superior da
Magistratura [têm]
a competência para
seleccionar
os magistrados
que compete ao
Governo nomear
para as instituições
europeias. Isto não
tem paralelo
tomado. Portanto, não teve
nenhuma relação entre uma coisa
e outra e não faltarão ocasiões de
mostrar o nosso total apreço pela
personalidade do conselheiro
Vítor Caldeira.
Mas sabia que ele tinha sido
mencionado no processo das
PPP?
Não, não sabia, não fazia a menor
ideia.
Juntando esta questão com a da
Procuradoria Europeia, outras
pessoas mencionam a questão
do conselho consultivo da RTP,
fala-se de um desejo de o
Governo e do PS de controlar as
instâncias e minar os
equilíbrios do poder. O que é
que responde?
Já não tenho idade para andar em
polémicas com o Paulo Rangel e
com o João Miguel Tavares. Sobre
a Procuradoria Europeia
recomendo a leitura de um
excelente artigo de uma
procuradora da República, no
PÚBLICO de quarta-feira,
explicando o óbvio e que as
pessoas tinham a obrigação de
saber. O Governo tomou a
iniciativa de apresentar uma
proposta de lei à Assembleia da
República em que atribuiu ao
Conselho Superior do
Ministério Público e ao Conselho
Superior da Magistratura a
competência para seleccionar os
magistrados que compete ao
Governo nomear para as
instituições europeias. Isto não
tem paralelo, sobretudo porque os
nossos conselhos superiores, ao
contrário do que o PSD
repetidamente costuma defender,
são absolutamente independentes
e no caso do Conselho Superior do
Ministério Público com uma
claríssima maioria por parte dos
magistrados. E a escolha do
Governo recaiu sobre o
magistrado que o Conselho
Superior do Ministério Público
seleccionou em primeiro lugar.
Presidenciais? O PS tem
de “fazer o que lhe compete:
governar o país”
Manuel Carvalho, Sónia
Sapage e São José Almeida
ando ordem de silêncio
sobre presidenciais aos
membros do Governo,
António Costa assume
que, para o PS, as
presidenciais estão em
segundo plano. Aguarda a comissão
nacional de 31 de Outubro, à qual
apresentará uma proposta, antes
aprovada pelo secretariado.
Prometendo silêncio sobre o seu
apoio, garante: “Eu irei votar e não
votarei em branco.”
O PS parece estar muito dividido
entre o apoio a Ana Gomes ou a
Marcelo Rebelo de Sousa. Está
preocupado com essa questão?
Sinceramente, não. Este ano
[político] tem três eleições e há duas
em que o PS concorre: umas já no
dia 25 de Outubro, que são as
eleições regionais nos Açores e que
são as que nos suscitam o maior
interesse, visto que se trata de
renovar as vitórias que o PS tem
alcançado sucessivamente desde
1996; outras em Outubro [de 2021],
que são fundamentais e que são as
autárquicas, nas quais o PS é o
maior partido, quer nos municípios
quer nas freguesias. Depois, pelo
meio, há eleições presidenciais que
não são eleições que digam
directamente respeito aos partidos.
O PS, ao contrário de outros, como
o PCP ou o BE, que tiveram sempre
candidatos partidários, tem tido a
política de apoiar candidaturas de
cidadãos. Três vitoriosos (general
Eanes, dr. Soares e dr. Sampaio),
outro que não foi vitorioso (dr.
Mário Soares), depois outro que
também não foi vitorioso (segunda
candidatura de Manuel Alegre) e
nas últimas eleições, havendo dois
candidatos da esquerda
democrática, o PS não apoiou
nenhum e deu liberdade de voto.
No dia 31, iremos deÆnir uma
posição. Sinceramente, no meio da
pandemia e da crise económica e
social, tendo ainda estes dois actos
eleitorais, as eleições presidenciais
(sem desvalorizar a importância
institucional do cargo) não são para
mim a primeira, nem a segunda
prioridade. Não é preciso ser um
génio da análise política para
perceber que à partida é conhecido
quem é a solução vencedora.
Vai propor à comissão nacional
que seja tomada a mesma
posição de há cinco anos?
Irei reunir o secretariado antes da
comissão nacional e colocarei a
questão, pedindo ao secretariado
que apresente uma proposta. Já
tive oportunidade de dizer uma vez
na comissão política que vejo que
há muitos camaradas meus que
felizmente têm bastante tempo
para reÇectir aprofundadamente
sobre essa questão. Eu,
infelizmente, tenho tido menos
disponibilidade para essa reÇexão,
portanto, tenho a certeza de que há
camaradas meus que têm uma
ideia mais clara sobre essa matéria.
Com toda a franqueza, não quero
desvalorizar a importância do
cargo, mas seria um erro para o PS
deÆnir como a sua principal
preocupação uma eleição cujo
resultado me parece
razoavelmente deÆnido, em vez de
se concentrar nas outras duas
eleições e, sobretudo, em fazer o
que lhe compete: governar o país e
enfrentar esta pandemia e esta
crise económica e social.
Isso quer dizer que ainda não
tem candidato?
Há uma coisa que lhe posso
garantir: eu irei votar e não votarei
em branco. Mas também tenho dito
que além da posição do PS, eu,
sendo primeiro-ministro e tendo o
dever institucional de trabalhar
com o ou a Presidente da República
que os portugueses escolherem,
acho que devo ter um especial
recato e não me envolver nestas
eleições presidenciais, como aliás já
pouco me envolvi nas anteriores.
Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 5
6 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
DESTAQUE
ENTREVISTA
“Não precisamos de organizar sessões
[no Infarmed] para o combate político”
Primeiro-ministro reconhece que a questão do uso obrigatório das máscaras na via pública
e da aplicação para smartphones StayAway Covid também lhe suscita “múltiplas questões”
Manuel Carvalho, Sónia
Sapage e São José Almeida
O
primeiro-ministro resiste a
retomar os encontros perió-
dicos entre políticos e espe-
cialistas no Infarmed, para
debater a evolução da pan-
demia, e confessa que tem
dúvidas sobre a obrigatoriedade do
uso de máscara na via pública e da
instalação da app StayAway Covid.
Mas defende que é hora de levar
“uma discussão que tem estado pre-
sente na sociedade” à Assembleia da
República — a proposta de lei será
discutida e votada no dia 23. Em
entrevista ao PÚBLICO, cuja primeira
parte foi publicada na edição de
ontem, António Costa insiste: “É pre-
ciso dar este sinal inequívoco. A socie-
dade precisa de sentir que tem de se
mobilizar outra vez para combater a
pandemia.”
A última reunião do Infarmed rea-
lizou-se no Porto, no início de Setem-
bro, e não está mais nenhuma pre-
vista na agenda do primeiro-minis-
tro. “Neste momento não há
nenhuma marcada. Quando for útil
e necessário, faremos [outra]”,
garante António Costa. “Como é que
se decide isso? Quando houver três
mil casos diários de infecções?”, quis
saber o PÚBLICO. “Não, não é isso.
É sempre que necessário”, respon-
deu o governante, sem se compro-
meter com datas ou regularidade.
“Fizemos uma no Porto para prepa-
rar a época Outono/Inverno, porque
nos pareceu que era importante
ouvir os epidemiologistas e a avalia-
ção que faziam sobre a evolução. Até
agora, a evolução tem vindo a cum-
prir o que foi sinalizado na altura.”
António Costa justiÆca-se com a
precisão das previsões, mas não
esconde outra verdade: aqueles
momentos quinzenais de troca de
O primeiro-ministro promete tudo fazer para evitar que a realidade venha a impor novo confinamento
Fórmula 1 e MotoGP
vão realizar-se nos
termos que a
Direcção-Geral da
Saúde definir, em
função da
capacidade dos
locais e das normas
de segurança
informações tornaram-se uma are-
na de combate político. “Aquelas
reuniões, como o senhor Presiden-
te da República disse, esgotaram-se
a partir do momento em que deixa-
ram de ser espaços úteis de trans-
missão de informação técnica e
passaram a ser uma ferramenta de
combate político. Para isso, cada
um tem acesso à informação, não
precisamos de organizar sessões
para o combate político”, justiÆca.
Esgotada a utilidade dos encon-
tros no Infarmed, Costa entende
que os peritos estão disponíveis
para ser ouvidos, inclusivamente
sobre a polémica do momento.
“Presumo agora que a Assembleia
da República, ao apreciar a propos-
ta de lei sobre o uso obrigatório das
máscaras e a obrigatoriedade da
instalação da aplicação StayAway
NUNO FERREIRA SANTOS
Covid, queira ouvir os epidemiolo-
gistas” para ver se as medidas são
razoáveis ou excessivas.
António Costa não esconde que a
questão também lhe suscita “múlti-
plas questões” (ao nível da desigual-
dade ou das liberdades individuais)
e reconhece que o facto de não
ter falado com nenhum líder parti-
dário sobre a medida possa conde-
ná-la ao chumbo, mas diz-se “tran-
quilo” com a avaliação que o Parla-
mento Æzer. “Presumo que a AR
tenha dúvidas, como nós também
temos dúvidas sobre a medida”,
começa por dizer. “Se me pergunta
se é uma medida de que eu gosto?
Não, não gosto da medida. E a ideia
de ser obrigatória a aplicação? Não,
também não gosto da medida. Se
neste momento acho que é neces-
sária? Acho que sim”, conclui.
Ainda em matéria de pandemia, o
primeiro-ministro avança que os
grandes eventos previstos para os
próximos meses — grandes prémios
de Fórmula 1 e de MotoGP, em 25 de
Outubro e 22 de Novembro, respec-
tivamente — vão manter-se na agen-
da, de acordo com as regras deÆni-
das pelas autoridades de saúde. “Vão
realizar-se nos termos que a
Direcção-Geral da Saúde deÆnir, em
função da capacidade própria dos
locais e das normas de segurança
que devam existir”, diz António Cos-
ta, explicando os critérios. “Primei-
ro: a capacidade do espaço. O terrei-
ro de Fátima tem mais capacidade
do que a igreja da minha paróquia.
Segundo: o comportamento típico
das pessoas em cada um dos espa-
ços. As pessoas numa missa têm um
comportamento distinto do que têm
num jogo de futebol.”
O chefe do Governo não quer ouvir
falar em novo conÆnamento, mas
reconhece que não pode “excluir que
a realidade o imponha”— e promete
tudo fazer para o evitar. “Não posso
excluir o dever que nós todos temos
de contribuir para que a realidade
não nos imponha essas situações.”
Enumerando os custos das medidas
mais dramáticas — aumento da pobre-
za, situações de moratória, layoff, 100
mil desempregados, custos de apren-
dizagem, isolamento dos idosos, etc.
— António Costa repete-se: “Temos
de evitar, custe o que custar, medidas
dessa natureza.”
Em termos pessoais, o primeiro-
ministro conta que a sua família já se
reorganizou para celebrar o Natal em
segurança — em modo covid-friendly
— e deixa uma pergunta. “Podemos
impor no Natal, como impusemos na
Páscoa, a proibição de as pessoas saí-
rem do concelho e poderem ir à terra
encontrar-se umas com as outras? Se
tiver de ser, será, mas não devemos
fazer tudo para prevenir isso?”
 &217(Ô'2
&20(5&,$/

+9-%0=
3ƈ(-%1%28)
)1&6983Ɖ
:)2')(36
(3)(40-:)
&%2(7

&ĈŵýōüůħƁĤâăōħŵáŅōŵŮƁĈŵáüĈýáŅżáůǢ
ĈŵýůĈƪĈůĈýōńŬōůǧĞōůáǢýōńnjǔáŅōŵǢĉō
ƪĈŅýĈăōůăáǒǧDŽĈăħĀùōăōńáħōůýōŅýƁůŵōăĈ
üáŅăáŵăĈĞáůáĞĈńăōŬáĩŵǧ

"
ť  ťť  ť? ŷ   E  E  ť   ŧ
ťť?  ? ť M
 , ť?ŧ yEť Ŧ ť   ʝť
ť? ť    ť
EŦ
 ť ? ŧ  ť> ť ť Eť ŧť‡Ĥ  Eŧť
? ťť  Ŧťť ť ,ť  )(.? ťE    ť
ťť 
ť ť
ť  ŧŷŧE
>
ŷ ť ?  E Eťť ť ŧ  
U?  ť  E ŧMy
ť‡ť   ŧ  ť 
 ,Eť? )ťť  E ʝŧť Ĥ  Eť
ť E? ŧ ŦE E ť Eť   ť? ŧťť> !  ť
ŧ ? ťťŧE ť    É ŧ ť ŧť
 Ģ &) ť?   ť 
ťʝť
? E E > E E    É   E?  
? 'ť?ŷ  ŷ
  E    3 EEŦ ť &)>  Ĥ  ʝŧťť ť
 ť
 ? ť ŧ  ŧ ŦE E ťť   ť ťŧ ŧ > $E  ŷ
ŦE  %E (
> w# ť
    E  @ Eť ť ťĤ   5

ť ŧ  ť> !Ĥ  E  @ ťŦť@w
EEĩ  Eť M ŧ E ť  
    ťť 
5ʩ?ť&) ŧE?ťťME
ťE ť  ŧť Eťť> ( ť? ŧťťťŧťťťťĢŧťw ŧ EŴEť?ŧťťťEť ťť ? U Ŧ
 E
 ťť 
ŧ  5= ť ? %E (
  ť ť Eť  v  ŧE ť
ť    ŧťť? ťťEťĤ v? !#.(+t85ť ŧť   >
ťŧE
ťťť Eʝ
>!ŧť ?   E E E E ť ť
 v? 
ŧť> (
M  ? ť E
ť‡Ĥ   ŷŧťť  
ťťyyŷ    E ťŧ @  
Ŧť> ( EŦ
ŧť‡Ĥ   ť  Eŧ  !  ŧť   wťť  ŦE v? Ŧťīť       ?  ť
6;9 ŧťť  E  ŧť?   E ŧ E ť  īŧ  Uŧť ť ť E
 E Eŧť  ŷ Eŧť? ŧ
ŧť ťŧŧE
ť‡Ĥ  ŧĤ 
94 ʝť
ť E  ť ť ŧ ŧE   ŧť
) Eť
> ŧ ť? M ť Eť  @ w“ ťŧŷ
> ť ŷ
ŧ

>
? ʝť
?    ʝť
ť E 
 ŧ ‡ť ť ŧťť    ŧ  ť    ( ʝť
 ť &)  'ť 8484 ŧ  E
ťŧEťť  ŷŦť ? 54  #EEŦ ? ťťťĩv??ť
ť  E Eť
? ŧ ťťŧEť‡Ĥ  ʝť
ť@ ť
  "ť  ) E ?  Ŧ ť?   
 
ŧ ť7>ɨ &)'ť>
AƁħĽƱŵáĞůōƁǹŵĈ ŧ    E ? ťťŷ   ťEť %E
(
wťŧ ŧťť E
 E

.
ť?ŧ
 
ĢŦ
ŧ ?'  E?%E
(
?)ť,?+
ť,ť
 1ťŦť
( ŧ  ŧ  Ŧťť ŷ ŧ 
ť 
ť   Uŧť?   ŧME
  ƪĈŅýĈăōůăáǒǧDŽ ?ť
  ť ĩ
>v (
?  ŧŧ  
ŧŧ ť  
 Ģ?
ŧ Eĩ  
ť &)  
 ťŧ 
 ŧ ť  E  Ģŧ   ŧ    .  ,Eŧ?   !? !("
EŦEť ť
ŧ ? ťEŧť  E ĈăħĀùōăō,&]ħƪĈ @ħŅáĽĈńżĈńŬōŵăĈŬáŅăĈńħá
) Eť
? ŷ  *(&(*  ťť 

  ŧ   ŧ > w!Ĥ     Ģŧ ŧ ť M
 , ť>
 E ?        M áŅăŵýōńōŵżĈńáŵ (ť   ŧ       
ť
"#+&y5=? ť    ť E Ŧť
ť‡ 
ť
> (
EM E  Ŧ
 Ev? Ĥ  ť
ťť
ťť%E(
? E
 E Ȁžōưħý]ōƪĈȁĈ wE    v ť 7>ɨ ‡Ĥ >
wť E 
>ť  
Ŵʝť
 ťw ŧ vw(ťv> ť ŧ ŧ    E   ť 
# ŧťťE ? E  ťť ťť ȀƫáƱȁǧ ťť ? ť =Ø ťŧ ť  ť  ťť > ¸ĈķááŮƁħōŵńĈĽĤōůĈŵńōńĈŅżōŵ
ŧ     Eťť ťŧĢŧť?  E “ ť
  E ť  ť E
ŧ  58>ɩ ť    EE  ŷ? ăáĝħŅáĽăō,&]ħƪĈáŅăŵ
ťŧť EĤ ŷťť
ŧť? ŧ   ť@ w"   ť Eť  ŧM ťťťťť
ť‡Ĥ  ŧ ť>v
Ģŧťv> “ E? ťť ŧťť? %E (

ť   ʝť
ť@  ťŧ Eŧť
? ( ť
ť M E? ťť ť ťť?
ť
Eť ťťť@ E ŷ
ŦE ť   ŧť
?  ť
ŧ   ť
ť> %E (
 īťĢ
ťťťM E ŧŷ 

ť. ,Eŧ) Eť
?E ŧ
?ť ťŧ Ey    ?  E ťŧťŦ E   ť Eť‡ť> w# ŧ ŧE    ŷ
ťŧEť‡Ĥ ť‡ĭ8485 ť ťŧ
ť  ťŦť
  ť   Eť > M ť
?  ť    ť  Ĥ 
!#.(
?Ŧ ť?,ť"
 ť
? (ť   ť
   ŧťť ? ť    ť ť
ť‡ĭv? 
ŧť ť
 ,ť?  ťť ť  Ŧ
ť  ŧ
ť ťŧťŦ E    wETv? ŧ ť  ťŧť> (? ť  M 
ť
ť Eť ʨ 

ť !("? 
ťť  ?Eťťť&ŧ‡Ĥ  E ť ĢŦ
ŧ ?    ŧ E
   ťĩ>  ,ťŧť ť &)? E ŧ      ť ŧťť? ŧ ť  ťť
!ťEť
Ŧ ť?ŧ ť
Ŧ ťŧ  EwťťŦE v> ŧ  ť ‡ť  ť
ť  ť 
8 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

DESTAQUE
COVID-19
Internados Média semanal de internados Média semanal de internados
ABRIL SET./OUTUBRO em cuidados intensivos
Comparação das últimas quatro 1190 1237
semanas com os números registados 1038 1041 253
no mês de Abril, o mais crítico da 890 226 220
188
pandemia. O número de internados 649 719
528 129
inclui os doentes em unidades de 96 107
cuidados intensivos. 68

1-7 8-14 15-21 22-28 18-24 25-1 2-8 9-15 ABRIL SET./OUT.
Fonte: DGS PÚBLICO

Ocupação elevada nos

hospitais, mas ainda há folga
Lisboa e Vale do Tejo, Norte, Centro e Algarve aparecem classiÄcadas como zonas de maior risco no mapa
do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças que deÄne regras para restrições a viagens
Mapa que conjuga três indicadores: taxa de incidência*, que, nos hospitais de LVT há, no
Alexandra Campos testes por 100 mil habitantes e percentagem de testes positivos total, para internar todo o tipo de
Semanas de 28 de Setembro a 11 de Outubro. doentes, 6330 camas em enferma-

N
uma altura em que o núme- rias e 301 em UCI polivalentes de
ro de casos de infecção pelo Menos de 300 testes adultos, enquanto o Norte dispõe de
>=150
Taxa de incidência por

novo coronavírus continua por 100 mil habitantes 5489 e de 308, respectivamente.
100 mil hab. a 14 dias

a aumentar e há cada vez Sem informação sobre A ARSLVT criou um novo modelo
50 a
149

mais doentes internados em testes realizados de gestão de camas hospitalares, que

enfermarias e unidades de passam a ser organizadas em rede,
25 a

cuidados intensivos (UCI), colocando ao contrário do que acontecia até

49

pressão sobre o Serviço Nacional de agora, o que estava a ser muito criti-
Saúde (SNS), nas duas maiores cado por diÆcultar a transferência de
<25

regiões do país — Lisboa e Vale do doentes entre hospitais, obrigando

Tejo (LVT) e Norte — os hospitais
públicos têm já taxas de ocupação
elevadas nas enfermarias e em UCI,
mas o número de camas ainda pode
aumentar substancialmente, a crer
nos dados disponibilizados ao
PÚBLICO.
Apesar de ontem ter sido mais
uma vez ultrapassado o recorde de
novos casos de infecção desde o
início da epidemia em todo o país
— 2101 —, olhando para a média
semanal, continuamos longe dos
picos de internamentos da primeira
vaga. Na semana entre 15 e 21 de
Abril, a média de doentes com
covid-19 em enfermarias foi de 1237,
quando, entre os dias 9 e 15 deste
mês, foi de 890. Já em UCI, nesta
segunda semana de Outubro, a
média foi de 129 internamentos,
enquanto na terceira semana de
Abril chegou aos 220.
Quer isto dizer que estamos ainda
numa posição confortável? Os núme-
ros divulgados ontem pela Adminis-
tração Regional de Saúde (ARS) indi-
cam que a situação está a Æcar com-
plicada, mas este é ainda o primeiro
de três níveis do plano de contingên-
cia para a resposta à pandemia. Os
hospitais de LVT dispõem actual-
<4%
Taxa de positividade**
Açores
Canárias
Gronelândia
Madeira
*novos casos por cada 100 mil
habitantes nos últimos 14 dias
** percentagem de testes positivos
no universo de testes à covid-19
realizados na última semana
Fonte: Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças
mente de 517 camas para doentes
com covid em enfermarias e, na ter-
ça-feira, estavam já ocupadas mais
de 80% (420). Nas UCI, para onde
vão os doentes em estado grave,
estavam alocadas nesse dia 97
camas, com uma ocupação de dois
terços (64), especiÆcou a ARS.
O PÚBLICO pediu às outras qua-
tro ARS do país dados para fazer um
retrato da capacidade de interna-
mento de doentes com covid e sem
covid instalada a nível nacional,
mas, para além da informação
enviada pela ARS de Lisboa e Vale
>=4%
Malta
Liechtenstein
Chipre
do Tejo, apenas obteve resposta da
ARS do Norte.
Na região Norte, os hospitais do
SNS têm actualmente 462 camas de
enfermaria dedicadas a doentes com
covid-19 e na quarta-feira estavam
ocupadas 285, 61% do total. Já as UCI
tinham então uma taxa de ocupação
da ordem dos 70% (57 das 81 camas
dedicadas a estes doentes).
A lotação dos hospitais do SNS,
porém, ainda está longe de estar
esgotada, uma vez que está previsto
que a capacidade de internamento
vá aumentando à medida que forem
PÚBLICO
sendo accionados os outros níveis
dos planos de contingência, poden-
do ainda ser activados hospitais de
campanha, como não se tem cansa-
do de repetir a ministra da Saúde.
A informação disponibilizada pela
ARS de LVT permite, aliás, perceber
que a capacidade de internamento é
muito superior no último dos três
níveis de resposta deÆnidos no plano
de contingência. Nesse cenário, LVT
dispõe de um total de 917 camas em
enfermarias para doentes com covid-
19 e de 185 camas em UCI. É muito?
É pouco? O que foi possível saber é
as unidades a bater à porta umas das
outras para arranjar vagas. São duas
equipas: o Grupo Regional de Gestão
Centralizada (GRGC) e o Núcleo de
Apoio à Decisão, que começaram a
trabalhar já esta semana.
Um país (quase) no vermelho
Com o número de novos casos a dis-
parar, as regiões de LVT, Norte, Cen-
tro e Algarve apareceram ontem
classiÆcadas como zonas de maior
risco no primeiro mapa publicado
pelo Centro Europeu de Prevenção
e Controlo de Doenças (ECDC na
sigla em inglês) depois de os vários
países da União Europeia terem deci-
dido adoptar critérios comuns para
deÆnir restrições a viagens.
Só o Alentejo, a Madeira e os Aço-
res surgem com risco intermédio. A
classiÆcação do risco baseia-se no
número de novos casos por 100 mil
habitantes, nos testes por 100 mil
habitantes e na percentagem de posi-
tivos. Neste último indicador, Portu-
gal surge na classiÆcação mais eleva-
da, uma vez que a percentagem de
testes positivos realizados na última
semana é superior a 4%.
acampos@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 9

Situação em Portugal
Em 15 de Outubro às 15h00
Casos
internados 993 Casos
confirmados 93.294
2128
Mortes
+11 Novos casos diários
2000
2101
Novos
casos

55.081 +588
Recuperados
1500
1000

36.085
Activos
+1502
500
0
Fonte: DGS 2 Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out.

Uma noite de espera num “pico”

de urgências no Amadora-Sintra
RUI GAUDÊNCIO

Reportagem
Cristiana Faria Moreira
e Sofia Neves
O PÚBLICO esteve junto
do serviço de urgência
de dois hospitais que
estão na linha da frente
no combate ao vírus

A
mãe ligou-lhe na manhã de
quarta-feira a dar conta de
que o pai estava muito
inchado, com muita
sonolência e muito
cansado, “quase sem
conseguir andar”. Perante aquele
cenário, Anabela Natário ligou para
a linha Saúde 24 para saber o que
fazer e encaminharam-no para o
Hospital Professor Doutor Fernando
Fonseca (HFF), o conhecido
Amadora-Sintra. Quando chegou,
Anabela conseguiu entrar no
serviço de urgência geral para
acompanhar o pai de 89 anos.
Passou por uma primeira triagem,
que demorou cerca de 15 minutos,
onde atribuíram uma pulseira
verde. “A pulseira do meu pai tem a
hora das 15h12.” Sentou-o numa
cadeira de rodas e assim começaria
uma longa espera de 14 horas nas
urgências.
O que Anabela via à sua volta em
nada fazia prever a longa espera por
que passariam. “A coisa estava
serena.” Salas com duas ou três
pessoas, mas muita espera. O
hospital conÆrma que houve um
“pico de procura” no serviço de
urgência geral na noite de
quarta-feira, o que levou o HFF a
solicitar ao INEM o encaminha-
mento dos doentes transportados
por ambulância para outras
instituições da região de Lisboa.
Fonte hospitalar garante que os
doentes que ali se encontravam, e os
que se deslocaram pelos seus meios,
foram assistidos.
Ao Æm de 14 horas, às 5h10 da
Situação no Amadora-Sintra estava calma na manhã de ontem
manhã, o pai de Anabela Natário foi
visto por uma médica e acabou por
Æcar para fazer exames e análises.
No dia de ontem chegou o
diagnóstico: uma insuÆciência
cardíaca. Depois do “pico de
procura”, na manhã de ontem, à
porta do serviço de urgência geral
eram poucos os que ali se
concentravam, não indiciando
qualquer problema no atendimento
aos utentes. A situação, esclarece o
HFF, “foi completamente
normalizada às 8h”, voltando o
hospital a receber doentes
transportados pelo INEM.
A norte, o Centro Hospitalar
Universitário de São João (CHUSJ)
reactivou esta semana seis tendas
para a triagem avançada de doentes
com sintomas de covid-19. Na
quarta-feira, o coordenador da
equipa covid-19 do serviço de
urgência, Nelson Pereira, dava conta
de que mais de um terço das pessoas
(170) que estão a chegar, por dia, ao
serviço de urgência do CHUSJ são
casos suspeitos de infecção pelo
novo coronavírus. Ainda assim,
viveu-se ontem um início de tarde
tranquilo neste hospital.
À entrada das tendas amarelas,
não foram muitos os que esperaram
para serem chamados pelos dois
proÆssionais de saúde equipados da
cabeça aos pés e que ali estavam a
fazer a triagem dos casos suspeitos.
Um jovem entre os 20 e os 30 anos
foi autorizado a entrar e
direccionado para uma zona de
espera onde já estavam pelo menos
mais duas pessoas. A uns metros de
distância, já longe da entrada, um
grupo de familiares juntou-se à volta
de um telefone para dar as boas
novas: “A Ana deu negativo”, disse
uma das vozes do grupo.
Esta semana, o CHUSJ passou ao
nível 3 do plano de contingência por
causa do aumento de doentes com
covid internados e do acréscimo de
procura do serviço de urgência. A
decisão implica suspender parte das
cirurgias programadas. Maria de
Lurdes Sousa, que veio à
Æsioterapia, queixa-se sim do
cancelamento de consultas. “Na
Æsioterapia tenho feito tudo certo,
as consultas é que não têm estado
bem. Desde Março só tive consulta
na psiquiatria duas vezes. Agora
parece que vou ter em Novembro,
mas isto está a Æcar tão mau que não
sei se vai acontecer”, lamenta-se.
cristiana.moreira@publico.pt
10 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
DESTAQUE
COVID-19
PSD salva Governo nas máscaras na rua,
ambos deixam app em banho-maria
Sofia Rodrigues
e Maria Lopes
Rui Rio admite uso
obrigatório da aplicação,
mas só se tal for possível
e útil. Marcelo diz que
manda a medida para o TC
C
om a intenção de tornar
obrigatória a aplicação Stay
Away Covid a incendiar o
espaço público, incluindo o
PS, e com o Presidente a
dizer ontem que, se Æcasse
assim, pediria a Æscalização preven-
tiva da proposta de lei ao Tribunal
Constitucional, o PSD prepara-se
para salvar apenas uma parte da pro-
posta do Governo: a de impor más-
caras na rua. A parte relativa à apli-
cação móvel vai Æcar para discussão
em comissão, a pedido do Governo.
A bancada do PSD vai apresentar
um projecto de lei que é igual ao arti-
culado da proposta de lei do Gover-
no sobre a obrigação de usar másca-
ras ao ar livre quando não estiver
assegurado o distanciamento social.
Essa iniciativa vai ter carácter de
urgência e será sujeita às três vota-
ções (generalidade, especialidade e
votação Ænal global) na sexta-feira da
próxima semana, Æcando todo o pro-
cesso legislativo despachado e pron-
to para seguir para Marcelo Rebelo
de Sousa. No mesmo dia far-se-á
igualmente o debate da proposta de
lei do Governo que inclui também a
obrigação de usar a aplicação. Mas o
Governo recuou na urgência e pediu
que o seu diploma baixe à comissão
sem votação, tendo assegurado que
a medida das máscaras tem luz verde
para entrar em vigor o mais rapida-
mente possível.
É que o PS quer ouvir especialistas
sobre o assunto, mas cuja sapiência
já não deverá chegar a tempo da dis-
cussão em plenário. Esta foi a forma
que a direcção da bancada do partido
que suporta o Governo encontrou
Para Rio, o problema não é a constitucionalidade: é a eficácia do uso obrigatório da StayAway Covid
para enfrentar as críticas que se avo-
lumaram na reunião dos socialistas
da manhã de ontem. Aos jornalistas,
a líder parlamentar Ana Catarina
Mendes admitiu que a proposta de
obrigatoriedade do uso da app StayA-
way Covid “suscita um conjunto de
questões”, havendo “muitas dúvidas
sobre a sua constitucionalidade e exe-
quibilidade”. “Não estamos no tempo
do ‘achismo’, mas no tempo de a polí-
tica se Ærmar na ciência para que os
políticos tomem decisões de forma
responsável”, argumentou a deputa-
da, que fez questão de salientar que
percebe o porquê da proposta de lei
ser lançada nestes termos: “Para nos
convocar a todos enquanto sociedade
para a atitude que temos que ter.”
A iniciativa do PSD foi ontem
anunciada pelo próprio Rui Rio, que
acentuou mais a questão da eÆcácia
da aplicação do que as dúvidas de
App: só 179 inseriram o código
Há mais de 1,6 milhões de
telemóveis com a StayAway Covid
a funcionar, mas só 179 pessoas
com covid-19 inseriram o código
que permite alertar os restantes
utilizadores que estiveram por
perto. A app teve mais 111 mil
downloads desde que Costa disse
que a quer tornar obrigatória.
constitucionalidade suscitadas. “Se
fosse verdadeiramente eÆcaz, se
tivesse garantido que se poupariam
muitas mortes, que se resolveria o
problema, julgo que toda a gente de
bom senso não tinha problema
nenhum com a medida. O problema
é a eÆcácia”, sustentou.
Rio quer garantias
Reconhecendo que a proposta tal
como está “não tem condições de ser
aprovada”, Rui Rio admitiu ainda que
poderá aceitar a obrigação de usar a
aplicação desde que haja garantias.
“Imagine que as pessoas têm a app
instalada, entretanto a pandemia
alarga-se e começam a ser notiÆca-
das. Está garantido que podem todas,
passado umas horas, fazer o teste?
Penso que diÆcilmente o Governo
pode garantir isso”, aÆrmou.
Dentro do PSD não faltaram vozes
Onze mortes nos lares da
Misericórdia de Bragança
Um idoso de 84 anos morreu,
elevando para 11 o número de
óbitos nos lares da Santa Casa da
Misericórdia de Bragança
provocadas pela covid. O surto já
afectou mais de 140 dos cerca de
170 utentes. Há ainda 43 casos
activos entre os trabalhadores.
NUNO FERREIRA SANTOS
de peso a assumir a frontal discor-
dância sobre a imposição da aplica-
ção. O presidente da Comissão de
Assuntos Constitucionais, Luís Mar-
ques Guedes, considerou, em decla-
rações à Renascença, que a proposta
é de “duvidosa constitucionalidade”.
O antigo líder parlamentar Fernando
Negrão assumiu ao PÚBLICO ter
aceitado “voluntariamente” a apli-
cação, mas rejeita uma imposição:
“Não quero agora continuar a tê-la
de forma obrigatória.”
A principal crítica dos restantes
partidos foi precisamente a da hipó-
tese da inconstitucionalidade, tal
como já Æzera anteontem o CDS, a IL
e o Chega. Juntaram-se-lhe o PAN,
BE, PEV e PCP, vincando que, tal
como está, a proposta de lei do
Governo teria chumbo certo.
srodrigues@publico.pt
Lar em Beja com 83 utentes
e 14 funcionários infectados
Dos 90 idosos da Estrutura
Residencial Mansão de S. José,
em Beja, 83 estão infectados e em
cinco casos os testes são
inconclusivos, diz a Autoridade de
Saúde Pública da Unidade Local
de Saúde do Baixo Alentejo. Há 14
funcionários infectados.
Reis Novais
critica
“trapalhada”
Leonete Botelho
A
declaração de calamidade
pelo Governo na quarta-fei-
ra “é uma trapalhada”, seja
“para juristas ou não-juris-
tas”, diz Jorge Reis Novais,
professor de Direito Consti-
tucional da Universidade de Lisboa.
Alega que situação de calamidade
prevista na Lei de Bases da Protecção
Civil (LBPC) “não foi pensada” para
estes casos e que urge rever a Lei da
Vigilância em Saúde Pública.
Esta lei, que se destina a situações
de doenças transmissíveis, como a
covid-19, criou um sistema de vigilân-
cia para “preparar planos de contin-
gência face a situações de emergência
ou tão graves como de calamidade
pública”. Criou também o Conselho
Nacional de Saúde Pública (CNSP) e a
Comissão Coordenadora de Emergên-
cia, às quais a Lei de Bases da Saúde
(LBS), revista no ano passado, atribui
poderes próprios na declaração das
situações de calamidade sanitária.
Mas não prevê soluções para situa-
ções de pandemia como a de covid-19,
diz Reis Novais: “As normas são dema-
siado vagas, mas estamos nesta situa-
ção há oito meses, já havia tempo para
o Governo apresentar uma alteração
a esta lei para termos mais segurança
jurídica sobre as medidas a tomar”.
No momento em que o Governo
apresentou ao Parlamento uma pro-
posta de lei para tornar obrigatórios
tanto o uso de máscaras na rua como
a utilização da aplicação StayAway
Covid, Reis Novais salienta que a for-
ma de ultrapassar todas as dúvidas e
garantir segurança jurídica é alterar a
lei adequada a estas situações. “Temos
andado a aplicar a LBPC, que não é
adequada”. O que tem de ser feito
“com urgência”, advoga, é “actualizar
a Lei da Vigilância em Saúde Pública”
e nela prever o uso de máscara e
outros instrumentos adequados à
contenção da pandemia, como a vaci-
nação obrigatória — questão que se vai
pôr mais cedo ou mais tarde, prevê.
 Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 11

Restrições adicionais em
Londres a partir de amanhã
Londres vai ter restrições
adicionais para conter a
pandemia de covid-19, passando
a ser proibida, a partir de amanhã,
a sociabilização entre diferentes
famílias em espaços interiores,
informou o presidente da Câmara
de Londres, Sadiq Khan.
38,7
Desde o início da pandemia
de covid-19, 38,7 milhões
de pessoas foram infectadas.
E 26,7 milhões recuperaram
Paris com recolher obrigatório Comissão garante vacina
para lutar contra a covid-19 para todos os países
A medida entra em vigor no O plano da Comissão Europeia
fim-de-semana e vai durar pelo para a distribuição da futura
menos quatro semanas. A partir vacina da covid-19 prevê que
das 21h e até às 6h, quem andar todos os Estados a recebam ao
na rua em nove cidades, em que mesmo tempo, com base no
se incluem Paris, Marselha e Lille, tamanho da população. As doses
tem de apresentar um motivo de serão em quantidades limitadas
força maior, ou será multado. numa primeira fase.

Autoridades de saúde permitem testes rápidos mas com “ponderação”

O
s testes rápidos à covid-19
podem ser aplicados de
acordo com a situação clí-
nica e epidemiológica, mas
devem ser utilizados com
“ponderação e reserva”. É
este, no essencial, o teor de uma
circular conjunta da Direcção-Geral
da Saúde, do Infarmed e do Institu-
to Nacional Ricardo Jorge ontem
emitida, que pretende pôr Æm a
algumas das dúvidas que existiam
sobre a utilização dos testes rápidos
em Portugal .
“Os testes de diagnóstico rápido
de detecção de antigénio devem ser
utilizados de acordo com a situação
gicos”, adianta a circular informati-
va conjunta intitulada Diagnóstico
covid-19 — Testes de pesquisa de anti-
génio.
É obtida “uma maior sensibilida-
de dos testes” quando são realiza-
dos em indivíduos sintomáticos e
numa fase inicial da infecção (casos
com início dos sintomas inferior a
5-7 dias), período em que a carga
viral no trato respiratório superior
é mais elevada.
Os testes registados em Portugal,
no Infarmed, apresentam caracte-
rísticas de desempenho diversas,
variando a sensibilidade entre 60%
e 99%, com especiÆcidades “consis-
zação do diagnóstico da covid-19
através de testes rápidos de pesqui-
sa de antigénio”.
Os critérios mínimos de desem-
penho para estes testes estão deÆ#
nidos por alguns países e pela Orga-
nização Mundial de Saúde.
Em Portugal, são aceites os que
apresentem os padrões de desem-
penho com valores de sensibilidade
superior ou igual a 90% e de espe-
ciÆcidade superior ou igual a 97%.
“No contexto dos desaÆos próxi-
mo Outono/Inverno e perante a
situação epidemiológica actual, é da
maior importância, não só o aumen-
to do número de indivíduos testa-
dos, mas também a rapidez do dia-
gnóstico, tendo como objectivo a
detecção rápida, do SARS-Cov-2
associado à infecção respiratória,
para a implementação célere de
medidas de isolamento que condu-
zam à contenção da transmissão do
vírus”, destaca o documento.
Os testes rápidos têm uma menor
sensibilidade do que a metodologia
de referência — os testes de biologia
molecular (RT-PCR) — no entanto,
quando correctamente realizados e
interpretados podem orientar as
decisões em saúde pública e a vigi-
lância da covid-19, acrescenta.
A monitorização do desempenho
dos testes deverá ser acompanhada
através da análise de controlos pelo
Instituto Nacional Ricardo Jorge e a
identiÆcação de resultados “falsos
positivos” ou “falsos negativos”
deverá ser reportada ao Infarmed.
Aguarda-se agora o teor de uma
circular da Direcção-Geral da Saúde
em que se deÆnirá em que situações
concretas este tipo de testes pode
ser usado. Lusa
PUBLICIDADE

clínica, epidemiológica e o objectivo tentemente elevadas (=98%)”, refe-

para o qual se destinam: detecção
de casos de forma rápida, para a
célere implementação de medidas
de controlo da transmissão do SARS-
Cov-2”, refere o documento.
O seu desempenho “depende
muito do contexto, clínico e epide-
miológico, em que são utilizados,
sendo recomendada ponderação e
reserva na sua utilização em casos
sem critérios clínicos e epidemioló-
re ainda o documento assinado pela
directora-geral da Saúde, Graça
Freitas, e pelos presidentes da Auto-
ridade Nacional do Medicamento,
Rui Ivo, e do Instituto Nacional de
Saúde Ricardo Jorge, Fernando
Almeida.
Por esta razão, “é necessária a
Æxação de características mínimas
de sensibilidade e de especiÆcidade
dos testes, para a utilização e reali-

PUBLICIDADE

Circulação Condicionada | A7
Concessão Norte

Estamos a trabalhar para melhorar a infraestrutura

Para melhorarmos as condições de circulação na A7,
realizaremos uma intervenção de beneficiação do pavimento
entre o Nó de Fafe e o Nó de Basto. Esta intervenção
decorrerá entre 19 de outubro e 16 de fevereiro de 2021,
das 21h às 7h, e implicará alguns condicionamentos e cortes
de tráfego nos dois sentidos deste troço.
Pedimos a sua compreensão para os transtornos causados
Os condicionamentos e desvios estarão devidamente
assinalados no local. Recomendamos que parta com maior
antecedência e que circule com maior precaução para chegar
ao seu destino em segurança. Para mais informações ligue
229 767 767 (24H) ou consulte www.ascendi.pt.
Ascendi Norte, Auto Estradas do Norte, S.A.
12 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

ESPAÇO PÚBLICO
A formação dos clubes portugueses há muito
que dá cartas na Europa, basta olhar para o
número crescente de jovens futebolistas que
são transferidos para clubes estrangeiros. Por isso,
não admira que Fábio Silva (que saiu do FC Porto
para o Wolverhampton por 40 milhões de euros) seja
um dos finalistas do prémio “Golden Boy”, atribuído
ao melhor futebolista abaixo dos 21 anos. João Félix
e Renato Sanches já o ganharam. Ronaldo também
Fábio Silva esteve perto. (Pág. 42) J.J.M.
A União Europeia passou a bola para o lado
do primeiro-ministro britânico no que toca ao
acordo de parceria económica e política que
regule o relacionamento entre Bruxelas e o Reino
Unido. Johnson tinha imposto a data de 15 de
Outubro para a conclusão das negociações, mas o
prazo esgotou-se sem grandes avanços. Para a UE,
uma parceria tão próxima quanto possível ainda está
ao alcance, mas para isso Londres terá de respeitar
Boris Johnson os compromissos assumidos. (Pág. 28) J.J.M.

O outro “abanão” de António Costa

dessa intenção dizendo que “um
Estado de primeira com uma
economia de terceira será sempre
uma receita ideal para a persistência
da pobreza, para o déÆce e a dívida e,
Manuel Carvalho em última instância, para a nossa
Editorial dependência externa”.
transformação digital ou à
descarbonização, de acordo com as
regras europeias. Sabe-se, sim, que
houve uma mudança no discurso. Ao
ponto de António Costa ter admitido
que o Governo considera a
possibilidade de recorrer aos
precariedade e dos salários baixos.
Juntamente com apoios à transição
para uma economia moderna e
sustentável, é indispensável que o
Governo seja capaz de equilibrar as
apologias do Estado e dos apoios
sociais com uma preocupação

H
á menos de três semanas,
escrevemos em editorial, a
propósito dos primeiros planos
para aplicar os 12,9 mil milhões
de euros de subvenções
europeias, que as prioridades do
Governo estavam erradas. Porque
mobilizavam o essencial do
investimento para o Estado e a
Administração Pública, quando o
maior problema do país “não é a
qualidade do Estado ou dos seus
serviços”, mas “a persistência de uma
economia frágil e, em muitas áreas,
anacrónica”. E sublinhávamos o erro
Na versão deste capítulo do Plano
de Recuperação e Resiliência (PRR)
que o Governo apresentou
anteontem em Lisboa e levou no dia
seguinte a Bruxelas, boa parte destes
receios dissipou-se. O
primeiro-ministro deu conta de
“evoluções que Æzemos tendo em
conta algumas críticas,
designadamente a necessidade de
haver um reforço do investimento na
área empresarial”. Não se sabe se
esse reforço passa apenas pela crença
de que basta haver investimento
público para as empresas executarem
ou se implica também apoios reais à
empréstimos europeus, que tinha
recusado, para investir 1250 milhões
de euros na capitalização de
empresas e no Banco de Fomento.
A área da economia, afastada das
prioridades políticas por um
Governo forçado a negociar temas de
uma esquerda que não esconde a sua
aversão à iniciativa privada, não
pode Æcar apenas circunscrita às
moratórias ou aos créditos Æscais ou
aos layoffs. O PRR é uma
oportunidade única para que o país
aproveite o seu potencial de recursos
humanos e encontre alternativas aos
sectores que sobrevivem à custa da
profunda com a criação de riqueza
capaz de sustentar as políticas
públicas e a protecção social.
Depois do “abanão” com o alerta
para o avanço da pandemia, o
Governo decidiu no mesmo dia dar
outro “abanão” ao discurso
“Estado-cêntrico” do Bloco e do PCP
e reequilibrou, mesmo que ao de
leve, as suas prioridades. Não fez o
suÆciente para colocar o crónico
problema do “atraso português” no
lugar onde merece, mas, ao menos,
arrepiou caminho.
manuel.carvalho@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Orçamento do Estado
Em minha casa éramos seis Ælhos e
a minha mãe tinha diÆculdade em
encontrar soluções para dar de
comer àquelas oito bocas muito
saudáveis. Quando ela nos servia,
havia uma minha irmã que achava
que tinha sempre menos que os
outros e ameaçava até fazer uma
birra e não comer. Porque é que
esta imagem me faz lembrar tanto
esta discussão do Orçamento?
Pobre da minha irmã. Ainda hoje
é assim.
José Rebelo, Caparica
Uso obrigatório
de máscaras
Uma das medidas anunciadas pelo
primeiro-ministro face ao
agravamento de pessoas infectadas
com coronavírus foi o de enviar
uma proposta para que seja a AR a
deliberar sobre o uso obrigatório
de máscaras ao ar livre. Parece
então que quem vai decidir a
aprovação desta obrigatoriedade
são os deputados e não a
DGS. Serão os senhores que
representam infelizmente não
quem os elegeu, mas antes os
interesses ligados aos negócios da
saúde, que irão decidir.
Esta obrigatoriedade faz sentido
em espaços fechados e nos
transportes públicos e já é praticada
e aceite pela população em geral e
nada nos diz que o aumento da
propagação da doença é causado
pelo não-uso de máscaras ao ar
livre. Há com certeza países onde
medidas destas são aplicadas, mas
só em zonas bem deÆnidas com
mais densidade populacional.
Curiosamente a comunicação social
nada diz sobre a situação dos países
que em especial na Europa não
aplicaram esta medida, e por sinal
com a obtenção de melhores
resultados.
Caminhamos assim no sentido de
um retrocesso social, pois as
pessoas irão Æcar ainda mais
conÆnadas ao sofá a olhar para
telejornais que enchem as suas
cabeças de números, de
percentagens e de “especialistas”
que só contribuem ainda mais para
um clima de medo em que já se
encontram.
António Pires da Silva, Porto Salvo
Pela boca morre o peixe
Cavaco Silva, em entrevista ao Sol,
diz que Portugal corre sério risco de
ser o “lanterna vermelha” dos
países europeus, em matéria de
desenvolvimento económico. E diz
também que no tempo dele não
havia os insultos que há hoje na
política, que nunca insultou
ninguém, mas, curiosamente, não
se coíbe de fazer, ao falar no
“lanterna vermelha”, uma
apreciação extremamente
depreciativa, humilhante mesmo,
da política económica dos Governos
de António Costa. Pela boca morre
o peixe, pois o que Cavaco disse é
um insulto ao nosso país, quanto a
mim muito mais grave do que fosse
a um simples político.
Cavaco, não só por isso, perdeu
uma excelente ocasião para estar
calado. Usando a sabedoria
popular, quem tem telhados de
vidro não deveria mandar pedras
aos vizinhos! E Cavaco tem outra
falha imperdoável, para mais
tratando-se de um economista, ao
ignorar, provavelmente de má-fé,
que, com Costa, Portugal cresceu
acima da média europeia, o que não
acontecia há muitos anos.
Como Mário Soares dizia, e bem,
Cavaco não passa de um
economista mediano! E se falava tão
pouco ou quase nada, durante os
seus mandatos, porquê falar agora
tanto?
Simões Ilharco, Lisboa
 Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 13

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

O ex-director do Museu da Presidência, que Os representantes republicanos no Senado

está a ser julgado pelos crimes de abuso de
poder, tráfico de influência, peculato,
branqueamento de capitais, etc., relacionados com
a função que desempenhava, admitiu em tribunal ter
usado uma carrinha do Estado para serviços
pessoais porque esta era uma prática normal no
museu. Gaspar sabia que tal prática era lesiva do
erário e tinha a obrigação não só de dar o exemplo,
Diogo Gaspar mas também de acabar com ela. (Pág. 22) J.J.M.
dos EUA decidiram ontem, quando na sala só
estava um senador democrata, que vão
anunciar a sua decisão a 22 de Outubro relativamente
à escolha da juíza Amy Coney Barrett para o
Supremo, contornando as regras. Os democratas
acusam o líder da comissão de forçar a confirmação
da juíza antes das eleições quando o próprio tinha
dito que não permitiria tal situação no último ano do
Lindsey Graham mandato de um Presidente. (Págs. 26/77) J.J.M.

ESCRITO NA PEDRA
Nenhum animal é mais calamitoso do que o homem, pela simples
razão de que todos se contentam com os limites da sua natureza,
ao passo que apenas o homem se obstina em ultrapassar os limites da sua
Erasmo de Roterdão (1469-1536), humanista

SEM COMENTÁRIOS MOSCOVO, RÚSSIA

EVGENIA NOVOZHENINA/REUTERS

EM PUBLICO.PT
Há nova campanha no
Oceanário de Lisboa
As promoções aplicam-se a maiores de 26
anos, que em vez de 19€, passarão a pagar
13€, entre as 17h e as 19h, de segunda a
sexta-feira publico.pt/fugas
Quando a arquitectura
se funde com a natureza
Gonçalo Duarte Pacheco e Catarina
Barbosa andaram pelo Círculo Polar Árctico
a fotografar edifícios que convivem harmo-
niosamente com a natureza publico.pt/p3
Um capítulo de Contra mim,
o livro mais pessoal de Valter
Hugo Mãe
Chegou às livrarias o novo livro de Valter
Hugo Mãe, autoficção que leva os leitores
até à infância do autor publico.pt/ipsilon
Ryanair reduz capacidade de
voos em Portugal no Inverno
A queda da procura e limitações de
mobilidade trazidas pela pandemia obrigou
a cortes na sua operação em vários países
europeus www.publico.pt/economia
14 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

ESPAÇO PÚBLICO

StayAway Covid: será que

António Costa perdeu a noção?

E
MIGUEL MANSO

Susana Peralta
sta semana, o Governo entrou
oÆcialmente em derrapagem com
a ideia de nos obrigar a andar com
uma aplicação de rastreamento de
contactos no telefone. Esta medida
é inútil, quase de certeza. E é
perigosa, de certeza. Vamos por
partes.
Será que a aplicação serve para
alguma coisa? Segundo a evidência
disponível, estas soluções têm efeitos
duvidosos no controlo da pandemia. É o que
aÆrma o artigo Automated and partly
automated contact tracing: a systematic
review to inform the control of COVID-19,
publicado em agosto no The Lancet Digital
Health por uma equipa da University College
of London, partindo da análise de cerca de 4
mil estudos, baseados em modelos
matemáticos e na experiência de epidemias
causadas por vários vírus, como o MERS, o
Ébola ou o SARS. Isobel Braithwaite, uma das
autoras do estudo, disse ao Financial Times
que estas aplicações não são uma “silver
bullet” contra a covid-19.
Por um lado, estas aplicações só são
efetivas com a adesão da quase totalidade da
população. Por outro lado, não dispensam a
contratação de muitas equipas de
rastreadores de contactos, ou seja, de coisas que o Governo pode fazer, tenho trabalho. Já forçar a utilização de uma democracia liberal. António Costa disse
proÆssionais que contactam as pessoas outras ideias. Das várias medidas que foram aplicação é mostrar obra, mas à nossa custa. ontem ao PÚBLICO que sentiu que “era
assinaladas pela aplicação como potenciais sendo anunciadas para os lares, que são os O mesmo acontece com a decisão de impor preciso haver um abanão”. Acontece que em
contágios. Para além da eÆcácia duvidosa, a locais onde morre mais gente, em que ponto máscara todo o dia às crianças nas escolas, democracia são os eleitores que dão abanões
aplicação levanta problemas de equidade. da implementação outra medida de eÆcácia duvidosa que não aos políticos, e não o contrário. Mais tarde,
Nem toda a gente tem smartphones, nem estamos? E com que foi adotada em muitos países europeus. A confrontado por jornalistas com o eventual
todos os smartphones têm espaço, baterias resultados? Quantos alternativa, que custava dinheiro e dava caráter autoritário desta medida, explicou em
que duram todo o dia, ou sistemas técnicos de trabalho, era ter contratado mais declarações à SIC Notícias que é igualmente
operativos compatíveis com este tipo de rastreamento de professores e utilizado espaços públicos autoritário ter bares encerrados. Podemos
aplicações. As populações mais vulneráveis, Esta aplicação contactos foram desocupados para dar espaço à escola e discutir se faz sentido ter os bares encerrados.
como os idosos, os sem abrigo, ou os mais contratados? E mais: permitir que a comunidade educativa Mas não podemos confundir autoritarismo
pobres, são os que mais provavelmente begista já que estamos tão vivesse com mais qualidade. com o exercício normal da autoridade
Æcam de fora. Até pode ser que estes estudos potenciais digitais, podíamos Vamos à parte do perigo. Descarreguei do democrática do Governo. Esta aplicação
internacionais não se apliquem à StayAway e
que ela seja espetacular a vários níveis.
contactos que ter um portal com
dados regionais ou
site da Comissão Nacional de Proteção de
Dados a deliberação 2020/277, do dia 29 de
regista potenciais contactos que tive e a
obrigatoriedade da dita dá poder a polícias
Como já lá vão uns meses, o Governo podia tive e a municipais da junho, referente à StayAway Covid. AÆnal o para espreitarem o meu telefone. Encerrar
começar por nos dizer quantas pessoas
descarregaram a app, quantos contactos
obrigatoriedade situação pandémica
para nos ajudar a
sistema é uma iniciativa do Instituto de
Engenharia de Sistemas e Computadores,
bares não faz nada disto.
A cereja no topo do bolo foi quando
foram rastreados com sucesso, quanto da dita dá poder tomar decisões Ciência e Tecnologia e do Instituto de Saúde António Costa disse que “teremos de ser tão
tempo ganhou relativamente ao rastreio a polícias para informadas? Como Pública da Universidade do Porto. Esperava menos autoritários quanto mais as pessoas
manual, quantos surtos detetou graças à está a capacidade que o Governo fosse o dono da iniciativa ou, voluntariamente aderirem todas”. Esta frase
dita. O mínimo que se exigia era alguma ideia espreitarem o dos cuidados no mínimo, estivessem disponíveis as atropela duas vezes a minha liberdade
da eÆcácia da política antes de passar à meu telefone. intensivos em cada condições do caderno de encargos ao individual. Subordina o meu livre arbítrio à
versão draconiana.
Henrique Barros, presidente do Instituto
Valha-me o região do país? Para
além do número de
abrigo do qual delegou nestas duas
instituições o desenvolvimento da
ideia moralizadora do “bom
comportamento” do grupo. E, numa
de Saúde Pública da Universidade do Porto e Parlamento casos, que perÆl aplicação. Incluindo, se não for pedir perspetiva mais prática, deixa claro que o
do Conselho Nacional de Saúde, disse ontem etário têm os muito, quanto pagou pela aplicação. Para resultado Ænal será sempre o mesmo:
ao PÚBLICO que a ideia da obrigatoriedade infetados, quantos me obrigar a instalar uma aplicação que voluntariamente ou à força, a StayAway
da aplicação é autoritária e estúpida. Como casos graves, regista potenciais contactos que tive, acabará no meu telefone. Valha-me o
alternativa, “pode-se aumentar o número de quantos esperava menos leviandade. Parlamento.
comboios, de autocarros, negociar horários hospitalizados? Leviandade, disse ela? Na melhor das
de trabalho diferenciados, deixar Æcar em Tudo isto custa hipóteses. Na pior, um cheirinho a Professora de Economia na Nova SBE.
casa quem pode Æcar em casa.” No capítulo dinheiro e dá autoritarismo que não tem lugar na nossa Escreve à sexta-feira

O escrutínio dos
jornalistas assistentes
M
Francisco Teixeira da Mota
Escrever Direito
esmo que não tenha nada que
ver com os casos em si,
qualquer pessoa tem o direito
de participar directamente nos
processos judiciais
respeitantes a determinados
crimes, tais como crimes
contra a paz e a humanidade,
tráfico de influência,
prevaricação, corrupção,
peculato, participação económica em negócio,
abuso de poder e de fraude na obtenção ou
desvio de subsídio ou subvenção. Esta
possibilidade legal tem em atenção a
particular gravidade, relevância e danosidade
social destes crimes e é um incentivo à
participação cívica dos cidadãos na
realização da justiça. Para tal, os cidadãos
interessados requerem a sua constituição
como assistentes no processo e assumem a
posição de colaboradores do Ministério
Público, a cuja actividade subordinam a sua
intervenção no processo, podendo apresentar
provas e requerer diligências, inclusive
deduzir acusação e apresentar recursos das
decisões que os afectem.
Ao assumirem essa qualidade de
assistentes, os cidadãos passam a ter direitos
e deveres dentro do processo, mas são,
sobretudo, os direitos que lhes são atribuídos
que causaram e causam animados conÇitos
entre a justiça e a comunicação social. Os
jornalistas, de há uns anos a esta parte, como
forma de ter acesso aos interiores dos
processos judiciais mediáticos, para a partir
daí fazerem notícias e sem qualquer intenção
de colaborarem com o Ministério Público,
requerem a sua constituição como
assistentes, e dado que a lei — e bem — não
distingue os jornalistas de quaisquer outros
cidadãos, são admitidos a entrar nos
processos.
Esta situação tem causado grandes
polémicas porque os arguidos por tais crimes
— e não só — protestam contra o que alegam
ser o desvirtuamento da intenção da lei: os
jornalistas assistentes não pretendem
colaborar com o Ministério Público mas
somente “sacar” informação para a publicar.
O processo da Operação Marquês,
naturalmente, tem numerosos jornalistas
assistentes e já teve diversas peripécias com a
divulgação das diligências efectuadas, tendo
o Ministério Público requerido e o juiz de
instrução Ivo Rosa deferido a restrição de
acesso ao processo por parte desta
subespécie de assistentes. Ultimamente,
decidira mesmo expulsá-los do processo,
revogando o estatuto de assistentes a três
jornalistas, Felícia Cabrita, Luís Rosa e
António Azenha, porque, entre outras coisas,
Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 15
ESPAÇO PÚBLICO
O abanão autoritário
utilizavam a sua presença em tribunal para contactos de cada pessoa, armazenando essa
fazer passar para fora, em directo, através de Pedro Filipe Soares informação e cruzando os dados com os das
diversos meios de comunicação social, o pessoas infetadas pelo novo coronavírus. Esta
relato dos depoimentos e interrogatórios aplicação foi lançada em agosto passado para
ocorridos. Para o juiz Ivo Rosa, estava-se É neste momento que devem uso voluntário, pretendendo o Governo que
perante uma “clara subversão da figura e
posição processual atribuída ao assistente”, o
começar a soar os alarmes passe a ser obrigatória em contexto laboral ou
académico. Segundo a proposta do Governo,
A
que conÆgurava uma “clara falta de interesse para sairmos em defesa da o incumprimento desta obrigação pode
em agir e um verdadeiro abuso de direito”, que democracia? Creio que sim resultar em multas entre os 100 e os 500
castigou com a expulsão processual dos euros para os infratores.
jornalistas assistentes. larguíssima maioria de nós Acompanho a repulsa que o presidente do
Recorreram os jornalistas para o Tribunal ansiava por uma pausa, a chegada Conselho Nacional de Saúde (CNS), Henrique
da Relação de Lisboa (TRL), que, na de um momento em que o Barros, expressou sobre esta intenção: “São
terça-feira, revogou a decisão do juiz Ivo mundo parava, em que medidas altamente autoritárias. (...) É política
Rosa, através de acórdãos em que foram poderíamos desligar, Æcar em para tentar criar evidência. Isto indigna-me
relatores os juízes desembargadores Ricardo casa. Quando um vírus nos não só pelo lado autoritário mas também pela
Cardoso e Jorge Gonçalves. Para o TRL, não forçou a esse conÆnamento estupidez.” O CNS é um órgão consultivo do
pondo em causa a alegada subversão, a percebemos como o sonho se Governo que não foi consultado nesta
decisão de Ivo Rosa transformou rapidamente em matéria.
pecava por duas pesadelo. Essa é a diferença entre É neste momento que devem começar a
razões: a primeira, o voluntário e o obrigatório, entre o que me soar os alarmes para sairmos em defesa da
porque não tinha apetece fazer e o que sou forçado a cumprir. democracia e do Estado de direito? Creio que
dado oportunidade Um dos debates que a pandemia abriu foi sim. Estamos em terrenos muito pantanosos,
aos jornalistas para sobre o modelo de sociedade mais capaz na não podemos facilitar. Sabemos o que
As polémicas se defenderem antes luta contra o vírus. Quem responde melhor? signiÆca quando a tecnologia nos começa a
e os conflitos da sua expulsão,
assim violando o
Que modelo é mais eÆcaz no combate ao
vírus? Democracias vs. ditaduras ou
ser imposta por lei, as portas que se abrem e
os mundos aterradores que se escondem
sobre os essencial princípio autocracias, as opiniões foram esgrimidas ao atrás delas. Não quero esse futuro.
jornalistas do contraditório; e a som dos alarmes que disparavam enquanto a A situação é ainda mais caricata quando
segunda, porque não pandemia se instalava globalmente. Neste António Costa aÆrma
assistentes discriminava, em debate, a democracia foi sendo medida pela que a grande
vão continuar relação a cada um bitola da resposta à crise de saúde pública, motivação da
e o que importa dos jornalistas, em
que consistia
Æcando sempre instrumentalizada a dúvida
sobre se os direitos e liberdades são virtudes
proposta é sentir
“que era preciso
sobretudo concretamente o ou defeitos em tempos de pandemia.
Esta proposta é haver um abanão”.
evitar é que abuso de direito que
tinham praticado e
Enquanto este debate corria o mundo,
Portugal entrava e saia do estado de sintoma de uma
Passamos da ciência
para o achismo por
o legislador que invocava para os emergência, faziam-se juras de amor aos incapacidade causa da
venha, no expulsar. Ao mesmo direitos e liberdades fundamentais e
que se instala
desorientação do
tempo, o TRL garantia-se responsabilidade no uso do Governo. AÆnal é um
futuro, a aproveitou para poder impositivo do Estado. Os portugueses perante o golpe publicitário? O
afunilar a lei lembrar, para quem cumpriram e o reconhecimento era
galopar dos Governo envia
estivesse esquecido, merecido. Aqui começaram os problemas propostas de lei à
que a liberdade de que agora nos atormentam. números da Assembleia da
imprensa constitui
uma garantia de
O desconÆnamento trouxe apelos à praia,
aos espetáculos, ao lazer, ao consumo. Virada
p
pandemia República apenas
para chamar a
escrutínio das a página da emergência sanitária, chegava a atenção? É assim que
instituições hora de recuperar a economia pelo mercado as instituições se
democráticas e dos interno. E tudo estaria certo se esse tempo respeitam numa
seus servidores, que não podem, nem tivesse servido para dar coerência ao democracia? Será
devem, “intervir para contribuir para o que caminho que estávamos a trilhar, reforçando este o começo da tal
possa parecer o temor do seu próprio o Serviço Nacional de Saúde para a segunda rampa deslizante? A
escrutínio”. vaga que todos sabíamos inevitável, fraqueza do Governo está para lá desta
Uma excelente decisão, mas não se pense garantindo com seriedade o regresso às aulas proposta, ela é sintoma de uma incapacidade
que é uma carta de alforria para os exigido, assegurando que a retoma da que se instala perante o galopar dos números
jornalistas. Seguramente, as polémicas e os economia era acompanhada da da pandemia.
conÇitos sobre os jornalistas assistentes vão imprescindível segurança sanitária. Mas não, Em momentos de crise, a primeira coisa a
continuar e o que importa sobretudo evitar é inexplicavelmente perdemos esse tempo fazer é manter a cabeça fria. Depois, executar
que o legislador, cedendo às diversas forças precioso e começaram os ziguezagues. E rapidamente o que já devia estar feito:
da opacidade, venha, no futuro, a afunilar a agora o Governo corre atrás do prejuízo, garantir os meios e recursos para que os
lei. Para que isso não aconteça, deverão desnorteado. serviços de saúde não percam o pé neste
contribuir os jornalistas assistentes, evitando O primeiro-ministro surpreendeu o país tsunami. Ainda vamos a tempo.
os tão falados abusos... com a obrigatoriedade de instalarmos nos
nossos telemóveis a aplicação StayAway Presidente do Grupo Parlamentar do
Advogado. Escreve à sexta-feira Covid. Esta é uma aplicação para rastrear os Bloco de Esquerda. Escreve à sexta-feira
16 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
POLÍTICA
A visão de Trigo Pereira para
travar o declínio da democracia
Economista apresenta livro em que defende profundas reformas na política portuguesa
e nas suas instituições, de forma a melhorar o funcionamento do regime democrático
Publicação
Luciano Alvarez
Está a democracia portuguesa em
declínio? O economista e ex-depu-
tado Paulo Trigo Pereira não tem
dúvidas em aÆrmar que “sim” e
explica porquê no seu livro A Demo-
cracia em Portugal: Como evitar o seu
declínio? Mas também aponta cami-
nhos para inverter esta tendência, a
começar pela reforma do sistema
político e eleitoral.
Trigo Pereira diz existirem “vários
sinais desse declínio” e que se reÇec-
tem “na diÆculdade de governação”.
“Declínio é a democracia não ser
capaz de responder aos problemas
das sociedades, de curto e médio pra-
zo, e isso está a acontecer cada vez
mais”, aÆrmou ao PÚBLICO.
“A democracia ou se renova e rein-
venta, ou entra num ‘pântano’, estio-
la e, eventualmente, soçobra. O argu-
mento central deste livro é que é
necessário alterar as instituições e a
cultura política democrática para evi-
tar o declínio da democracia”, alerta
na introdução à obra.
Por isso, aÆrma, que a questão
essencial “é como podemos melhorar
o desempenho da democracia portu-
guesa para fazer face aos desaÆos
imediatos, mais visíveis e aos de longo
prazo”, tendo em conta “as transfor-
mações do regime que têm vindo a
processar-se nas últimas décadas”.
Não a governos minoritários
As respostas de Paulo Trigo Pereira
— que foi eleito em 2015 como depu-
tado do PS, mas acabou o mandato
como não-inscrito — a este desaÆo
estão na análise que desenvolve sob
três ângulos distintos. A primeira par-
te identiÆca as transformações que se
estão a operar e a tendência para o
aumento da fragmentação parlamen-
tar. E a existência de mais forças polí-
ticas leva o autor a aÆrmar “que diÆ#
cilmente haverá uma nova maioria
absoluta” de um só partido, defen-
dendo “coligações e acordos que
assegurem maior estabilidade gover-
nativa, se necessários para uma maio-
ria parlamentar”, e não a existência
de governos minoritários.
“O que estamos hoje a assistir com
DANIEL ROCHA
o Orçamento do Estado é surreal, mas
Æca a dever-se à situação que o país
hoje vive, com um Governo minori-
tário e sem acordo com outras for-
ças”, aÆrmou ao PÚBLICO.
A segunda parte do livro mostra a
visão do autor sobre o funcionamen-
to da democracia parlamentar por-
tuguesa. Trigo Pereira diz não apre-
sentar uma visão pessimista, até
porque “só poderia alimentar visões
populistas e antipartidárias, ou seja,
contra o próprio cerne do funciona-
mento da democracia representati-
va”. Mas também não adopta “uma
perspectiva acrítica e idealista sobre
a casa da democracia — de que fun-
ciona muito bem”.
Os políticos
acham que, se
não Äzerem nada,
está tudo bem.
Eu acho que não
Paulo Trigo Pereira
Economista e ex-deputado
Nesta matéria, diz que manter “o
statu quo institucional e da práxis
política na presença das transforma-
ções do panorama político parlamen-
tar” só pode “levar à degenerescência
do regime parlamentar, pela incapa-
cidade de defrontar os problemas que
atingem a sociedade portuguesa”.
Por Æm, na terceira parte, Trigo
Pereira identiÆca algumas alterações
em regras e instituições, nomeada-
mente nos partidos políticos, no sis-
tema político e no Parlamento, “que
poderiam melhorar signiÆcativamen-
te o funcionamento democrático”.
E neste capítulo o economista des-
taca a ideia de se seguir o modelo
alemão, com criação de fundações
políticas ligadas aos partidos, mas
independentes deles. Instituições,
com Ænanciamento público, que
“promovem os valores cívicos dos
cidadãos e a sua consciência demo-
crática e, mais especiÆcamente, a
Trigo Pereira foi deputado do PS e, depois, não-inscrito em 2015-19 formação de quadros para os partidos
a que estão associados (através da
concessão de bolsas de estudos, deba-
tes)” e a “cooperação externa (têm
representações em muitos países)”.
Fundações com um papel muito
mais forte e muito diferente das fun-
dações e instituições com ligações
partidárias já existentes e que Trigo
Pereira considera “demasiado rudi-
mentares”.
Apoios à comunicação social
O livro tem também uma palavra para
a comunicação social, “um dos maio-
res sustentáculos da democracia”.
Manifestando preocupação com o
“declínio progressivo dos media”,
com a redução do volume de publica-
ções, a diminuição do número de
jornalistas e a degradação das suas
condições de trabalho e remuneração,
com concentração de diversos meios
de comunicação em poucos grupos,
Trigo Pereira defende o apoio público
aos órgãos de comunicação social.
“Na nova era tecnológica contem-
porânea, urge perceber que modelo
de negócio poderá assegurar a sus-
tentabilidade e a viabilidade dos
meios de comunicação social, ainda
que em novo formato. Se é certo que
cabe aos próprios a sua renovação,
também é certo que cabe ao poder
político facilitar essa transição”,
defende.
No geral, a reÇexão de Trigo Pereira
pretende indicar caminhos alternati-
vos ao que chama “política do costu-
me”: “Se em Portugal se continuar a
fazer política da mesma maneira (poli-
tical business as usual), iremos paula-
tinamente caminhar para um declínio
da democracia, pois os desaÆos que o
país enfrenta são muito grandes e a
capacidade de lhes dar resposta, com
a actual arquitectura institucional e a
cultura política do imediatismo e do
tacticismo político, é limitada.”
“Os políticos acham que, se não
Æzerem nada, está tudo bem. Eu acho
que não”, acrescentou o economista
ao PÚBLICO.
O livro editado pela Almedina é
apresentado publicamente no pró-
ximo dia 20, às 17h30, no Instituto
Superior de Economia e Gestão, em
Lisboa.
lalvarez@publico.pt

Breves
Manifestação
PCP ataca Governo
por “negócio ruinoso”
do Novo Banco
O PCP organizou ontem uma
“manif” em Lisboa, pela
nacionalização do Novo
Banco. Foi em frente à sede
deste banco que, em hora de
ponta, se juntaram cerca de
duas centenas de pessoas, de
máscara e com alguma
distância entre si devido à
covid-19, para ouvir Jerónimo
de Sousa. Durante 12 minutos,
o secretário-geral do PCP
criticou o anterior Governo
PSD/CDS-PP, o ex-Presidente
da República Cavaco Silva e o
actual executivo socialista.
Jerónimo de Sousa afirmou
que, “se o processo de
resolução do BES configura
um escândalo, a venda do
Novo Banco a um fundo-
-abutre, a Lone Star, em 2017,
transformou-se num negócio
ainda mais ruinoso para o
Estado português”.
Assembleia da República
André Ventura adia
pedido de suspensão
do mandato
O deputado do Chega e
candidato presidencial
André Ventura decidiu adiar o
pedido de suspensão do
mandato e vai fazer a
campanha eleitoral para as
regionais dos Açores faltando
ao Parlamento e justificando
as ausências com trabalho
político. André Ventura disse
ao PÚBLICO ter tomado essa
decisão depois de uma
reunião com Ferro Rodrigues
na qual lhe terá sido dito que
não podia suspender mandato
para a campanha açoriana e
que a Assembleia da
República também não
garante que possa fazer o
mesmo para a campanha
presidencial e ser substituído
por Diogo Pacheco de
Amorim.
Líder do Bloco quer que o executivo apresente contrapropostas
BE acusa Governo
de baixar apoios
aos recibos verdes
OE 2021
Pedro Crisóstomo
Catarina Martins reafirma
“divergências de fundo”
sobre o Orçamento, mas
reitera intenção de
continuar a negociar
Depois das reuniões com o Governo
durante o Verão, o Bloco de Esquer-
da esperava ver no Orçamento do
Estado (OE) para 2021 uma prestação
social que colmatasse as “lacunas”
na protecção dos trabalhadores atin-
gidos pela pandemia, mas o que viu
foi uma proposta de lei que diz estar
longe de as resolver. Nalguns casos,
denuncia a coordenadora do partido,
Catarina Martins, há trabalhadores a
recibos verdes com quebra de activi-
dade que vão receber menos apoio
em 2021 do que agora.
Embora haja “divergências de fun-
do” nesta e noutras três áreas “cen-
trais” — reforço do Serviço Nacional
de Saúde, dossier do Novo Banco e
compensações aos trabalhadores des-
pedidos —, Catarina Martins mantém
a porta aberta à negociação. AÆrma
que o Governo não tem de aceitar
todas as propostas do BE, mas deve
fazer contrapropostas.
As prioridades foram reaÆrmadas
ontem pela líder do BE numa confe-
rência de imprensa sobre as propos-
tas que o partido fez ao Governo no
Verão para reforçar os apoios aos
trabalhadores independentes, infor-
mais, trabalhadores do serviço
doméstico e desempregados que
RUI GAUDÊNCIO
Æcarão sem apoio em 2021. “Fomos
negociar uma nova prestação para
que ninguém Æcasse na pobreza e
acabámos com um OE que não tem
mais do que o prolongamento de
apoios extraordinários, que já exis-
tem, revistos em baixa. E isso é algo
que nós não podemos aceitar”, disse
a líder do Bloco, justiÆcando esta
posição com a solidariedade devida
a quem a pandemia não permitirá
retomar tão cedo a sua actividade
normal, mas também com o relança-
mento da economia.
Coube ao deputado José Soeiro,
presente na conferência de imprensa,
demonstrar como nalguns casos
haverá trabalhadores que Æcam a
receber menos em 2021 da Segurança
Social e outros que Æcarão excluídos,
com as novas regras.
José Soeiro deu um exemplo de
um trabalhador a recibos verdes que
esteja em quebra total da actividade
e que não dependa de um só cliente.
Se o seu rendimento médio mensal
em 2019 tivesse sido de 700 euros
em 2019 (o referencial usado na nova
prestação proposta pelo Governo),
o relevante médio mensal usado
para calcular o apoio seria de 490
euros. E, por isso, a pessoa receberia
em 2021 um apoio mensal de 245
euros (metade da quebra de rendi-
mento), quando, neste momento,
tem direito a 438,81 euros (um Inde-
xante dos Apoios Sociais). Na pro-
posta do BE, o apoio coincidiria com
o rendimento relevante médio men-
sal de 2019, o que signiÆcaria que
seria de 490 euros.
pedro.crisostomo@publico.pt
Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 17
Há candidato?
Sou contra
Hora H
Helena Pereira
As eleições para as cinco
comissões de coordenação e
desenvolvimento regional
(CCDR), que decorreram esta
semana, foram muito
interessantes. Não estou a ser
irónica. Sabia que a taxa de votos
brancos e nulos oscilou entre os
21% (nas regiões Centro e
Alentejo) e os 36,9% (na região de
Lisboa, onde foi eleita Teresa
Almeida)?
Até agora, os presidentes das
CCDR eram nomeados pelo
Governo. PS, PCP e BE
defendiam a regionalização
e a eleição directa (por cada um
dos cidadãos recenseados)
dos presidentes destes órgãos,
mas essa vontade cedo
esbarrou contra o Presidente da
República, que ameaçou vetar tal
diploma. A solução encontrada
pelo Governo nesta Primavera foi
a eleição indirecta, ou seja, a
eleição seria feita por um colégio
de autarcas, constituído pelos
presidentes das câmaras
municipais, presidentes das
assembleias municipais,
vereadores e deputados
municipais, incluindo os
presidentes das juntas de
freguesia da respectiva área
geográÆca. O seu mandato pode
ser revogado por deliberação
fundamentada do Governo, após
audiência do titular e ouvido o
conselho regional da respectiva
área, e em caso de os eleitos
realizarem uma “grave violação
dos princípios de gestão Æxados
nos diplomas legais e
regulamentares aplicáveis”.
Foram, portanto, estes eleitos
locais, cerca de 10 mil (4091 na
região Norte), que foram votar na
terça-feira nos candidatos que se
apresentaram. De acordo com a
lei, as candidaturas para
presidente são propostas por, pelo
menos, 10 % dos membros do
colégio eleitoral. Mas, na prática,
houve um Tratado de Tordesilhas
entre PS e PSD para dividirem
POLÍTICA
entre si a indicação dos
candidatos. Assim, nas zonas
do Algarve e de Lisboa só
apareceu um candidato, do PS.
Nas regiões Norte e Centro, só se
candidatou uma pessoa, aprovada
pelo PSD ou deste partido. No
Alentejo, a área mais pequena,
apareceu um candidato do PS e
um outsider, o actual presidente
da CCDR, que é do PSD, e que
“furou” o acordo Ærmado entre
António Costa e Rui Rio.
E foram estes eleitores-autarcas
(tal como acontece com os
eleitores universais nas
autárquicas ou legislativas) que
usaram o voto branco e nulo como
voto de protesto para exprimir o
seu desconforto com uma
eleição-que-parece-uma-eleição-
mas-não-é-bem-uma-eleição. Nas
últimas eleições autárquicas, a
taxa de votos brancos e nulos em
todo o distrito de Lisboa não
chegou aos 5% e em todo o distrito
de Faro foi de 4,6%. Nestas, foram
cinco e seis vezes maiores.
Na única CCDR onde houve
disputa entre o candidato
do bloco central e o desalinhado, o
Alentejo, a taxa de participação foi
a mais alta (92%) e a taxa de nulos
e votos em branco a mais baixa
(21%).
Os números mostram bem que o
Tratado de Tordesilhas foi mal
recebido pelas bases do PS e PSD.
Por exemplo, no Algarve, onde os
autarcas do PS e PSD dominam a
região, José Apolinário teve 31% de
votos nulos e brancos e ganhou
com apenas 68%.
Para António Costa, os
resultados das eleições de
terça-feira (disponibilizados no
site da Direcção-Geral das
Autarquias Locais em números
absolutos e sem percentagens)
foram, contudo, “um grande
passo na descentralização e
decisivo na democratização da
elaboração dos Programas
Operacionais Regionais 2030”.
Lembra-se daquela velha
máxima anarquista “Há Governo?
Sou contra!” Parece que foi mais
ou menos isso que muitos
eleitores-autarcas responderam ao
Governo: “Há candidato escolhido
por vocês? Sou contra!”
Jornalista. Escreve à sexta-feira
helena.pereira@publico.pt
18 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
POLÍTICA
Descentralizar e democratizar
as Comissões de Coordenação
e Desenvolvimento Regional
Opinião
Alexandra Leitão
Realizaram-se esta semana, no dia
13 de outubro, as primeiras eleições
para escolha dos presidentes e de
um dos dois vice-presidentes de
cada uma das cinco comissões de
Coordenação e Desenvolvimento
Regional (CCDR).
O primeiro aspeto a assinalar foi a
notável normalidade e rigor com
que o processo eleitoral decorreu,
apesar de ser complexo, pela sua
novidade e dimensão.
No caso da eleição dos
presidentes, o ato eleitoral
realizou-se simultaneamente em
278 assembleias municipais, nas
quais votaram todos os eleitos locais
da área geográÆca de cada CCDR,
num total de cerca de 12.000
inscritos. Quanto aos
vice-presidentes, a eleição ocorreu
nas 21 comunidades
intermunicipais e nas duas áreas
metropolitanas, sendo o colégio
eleitoral constituído pelos 278
presidentes de câmara.
Foi um processo de profunda
colaboração entre a administração
central, através da Direção-Geral
das Autarquias Locais, e a
administração local, que é, por si
só, um exemplo de trabalho
colaborativo, democracia e
pluralismo.
Em segundo lugar, salientaria a
taxa de participação de ambos os
atos eleitorais: na eleição dos
presidentes, em que o colégio é
composto por todos os membros
das assembleias municipais,
incluindo os presidentes de junta de
freguesia, a participação foi de
cerca de 85%; e na eleição para os
vice-presidentes, na qual votam os
presidentes de câmara, veriÆcou-se
uma taxa de participação de cerca
de 90%. Estes níveis de participação
revelam a adesão dos autarcas ao
novo modelo e são também um
notável sinal de vitalidade da
democracia no âmbito local e
regional.
Este ato eleitoral confere uma
legitimidade acrescida aos titulares
eleitos das CCDR para assumirem
novas competências, quer relativas
aos fundos do próximo quadro
comunitário, quer, a curto prazo,
quando se transferirem para as
CCDR alguns serviços
desconcentrados de natureza
territorial da administração central,
designadamente nas áreas da
educação, saúde e cultura.
Esta é a melhor forma de garantir
uma gestão participada e
transparente dos fundos europeus,
numa lógica territorializada, mais
coesa e mais democrática.
Assim, os dois objetivos que
presidiram a esta reforma
alcançaram-se plenamente: a
legitimação dos titulares das CCDR
através da democratização do
processo de escolha; e a atribuição
aos eleitos locais do poder de eleger
um nível regional de administração,
mais preparado para a assunção de
novas competências.
Neste sentido, o modelo agora
implementado permite que as
lideranças das CCDR traduzam a
realidade dos territórios e a vontade
das populações, expressos através
dos autarcas eleitos, detentores de
uma legitimidade democrática
direta. E isto não é de todo posto em
causa pela circunstância de, em
muitos casos, se terem formado
consensos amplos em torno dos
candidatos.
Este é mais um passo importante
e Ærme no aprofundamento do
processo de descentralização, uma
das reformas mais estruturantes
para a organização e gestão do
Estado e para o futuro do país.
Completa-se, assim, o processo de
transferência de competências em
Eleição indirecta dos dirigentes das CCDR realizou-se no dia 13
curso, conferindo aos autarcas o
poder de participar de forma
qualiÆcada na gestão do território a
um nível regional e garantindo uma
maior representatividade de todos
os intervenientes locais, reforçando
a legitimidade democrática e a
transparência na governação
regional.
A administração regional,
enquanto nível intermédio entre a
administração central e a
autárquica, permite articular no
território um conjunto muito
signiÆcativo de políticas públicas.
Importa, agora, não só garantir a
sua legitimidade e autonomia de
decisão, mas também a sua
operacionalidade, promovendo a
desconcentração democratizada de
serviços públicos e a sua
transferência para as CCDR.
Os recentes desaÆos colocados
ao país no quadro do combate à
pandemia da covid-19 vieram
demonstrar a importância de
uma administração pública
robusta, moderna e resiliente,
capaz de se adaptar rapidamente
a novas necessidades. A melhoria
da qualidade dos serviços
públicos prestados aos cidadãos
e às empresas e a aposta na
inovação e na simpliÆcação só se
constrói de forma participada e
numa lógica de proximidade e de
subsidiariedade, em parceria com
os diferentes níveis da
administração. Este é um passo
fundamental nesse sentido.
Ministra da Modernização
do Estado e da Administração
Pública
RUI GAUDÊNCIO
Falta de informação
sobre TAP chega
a tribunal
Arquivo aberto
Marta Moitinho Oliveira
Iniciativa Liberal entregou
intimação no tribunal para
obter plano de liquidez da
TAP. Reforço do apoio do
Estado consta do OE2021
A Iniciativa Liberal (IL) entregou uma
intimação junto do Tribunal Adminis-
trativo de Círculo de Lisboa para que
este obrigue o Governo a divulgar o
plano de liquidez da TAP, cujo apoio
público pode subir até 1700 milhões
de euros no próximo ano. Depois de
várias tentativas sem sucesso para ter
acesso à informação económica e
Ænanceira que esteve na base da ajuda
estatal concedida já este ano à com-
panhia aérea, no âmbito da resposta
à crise sanitária, a IL decidiu avançar
para os tribunais. O Parlamento não
pode votar “às cegas” nova ajuda pre-
vista no Orçamento do Estado para
2021, argumenta.
A intimação, a que o PÚBLICO teve
acesso, foi entregue no tribunal na
terça-feira. Nela, a IL argumenta jun-
to dos juízes que, depois de não ter
recebido resposta aos pedidos feitos
na Assembleia da República, preten-
de continuar a tentar o acesso a esta
informação, invocando normas da
Constituição da República Portugue-
sa, bem como pareceres dos consti-
tucionalistas Gomes Canotilho e Vital
Moreira sobre o direito do acesso aos
arquivos e registos administrativos.
Apesar de a intimação ser contra o
Ministério das Finanças, dirigido por
João Leão, o processo começa por
envolver a TAP que terá de ser notiÆ#
cada pelo tribunal. A companhia
aérea tem dez dias para responder, a
que se segue a decisão do tribunal em
cinco dias, revela fonte da IL.
A 17 de Julho, o Conselho de Minis-
tros aprovou um empréstimo à TAP
que pode ir até 1200 milhões de euros
este ano, invocando a importância da
companhia para o turismo, sector
“responsável por mais de 10% do PIB
nacional” e muito afectado pela pan-
demia. Na resolução, o executivo
explica que quis evitar a insolvência.
O empréstimo seguiu-se ao aumento
da posição do Estado português na
TAP que passou a ser o principal
accionista, com 72,5% do capital.
A IL tem lembrado as palavras do
secretário de Estado do Tesouro,
Cotrim de Figueiredo recusa
votar apoio à TAP “às cegas”
Miguel Cruz, que, no momento das
decisões do Governo sobre a estrutu-
ra accionista da empresa e sobre o
empréstimo, terá aÆrmado que a aju-
da do Estado seria feita em tranches
“associadas a um plano de liquidez
que foi trabalhado com dados da TAP,
sempre em articulação com a TAP, e
que fez parte do processo de notiÆca-
ção à Comissão Europeia”.
Não tendo obtido resposta do
Governo, a IL já insistiu outras vezes
com o executivo. A 25 de Setembro,
enviou uma carta ao ministro das
Finanças a pedir o plano de liquidez
com carácter de urgência. Na reunião
que teve com o executivo, a 6 de Outu-
bro, para apresentação das linhas
gerais do Orçamento do Estado para
2021, o deputado da IL, João Cotrim
de Figueiredo, voltou a insistir com o
pedido de informação. Os responsá-
veis do Governo terão garantido que
no dia seguinte a informação seria
enviada à IL, o que não aconteceu.
A ausência de resposta há três
meses levou agora a IL a recorrer ao
tribunal. A questão ganha renovada
importância para o partido numa
altura em que, através do Orçamento
do Estado para 2021, foi conhecida a
intenção do executivo de atribuir
mais dinheiro à TAP. “Não podemos
debater a proposta orçamental de
mais 500 milhões para a TAP, a somar
aos 1200 milhões já decididos para
este ano, sem se conhecer o Plano de
Liquidez. Temos de nos pronunciar
e votar algo às cegas?”, pergunta João
Cotrim de Figueiredo.
marta.oliveira@publico.pt
Renda Segura,
Rendimento Garantido
Renda Segura é um programa da Câmara Municipal de Lisboa para
arrendar casas particulares na cidade, para depois as disponibilizar
em regime de Renda Acessível a jovens e famílias de classe média.

A CML garante aos proprietários um rendimento atrativo, estável

e seguro, num contrato não inferior a 5 anos. A CML assume toda
a relação com os inquilinos.

A CML ASSEGURA
• Isenção total de IRS, IMI ou IRC
• Renda atrativa e segura
• Fim da tributação de mais valias para os proprietários
de Alojamento Local
• Adiantamento até 3 anos de rendas
• Processo simples e rápido
• Condições especiais para imóveis em Alojamento Local

Teto máximo das rendas

(valor líquido recebido pelo proprietário)

Tipologia T0 T1 T2 T3 T4 (e>)

Preço máximo fixado (CML) €450 €600 €800 €900 €1.000

Valor referência em m2 35 50 65 75 90

Se é proprietário, junte-se ao programa Renda Segura

Arrende sem risco, complicações ou impostos

Inscrições abertas até 31 de outubro

Toda a informação e candidaturas em

rendasegura.lisboa.pt
20 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

SOCIEDADE
Médicos tarefeiros já custaram 83
milhões de euros ao SNS este ano
Valor representa um acréscimo de 7,6% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Em 2019, o Serviço Nacional de Saúde gastou 118,8 milhões de euros em prestações de serviço médico
PAULO PIMENTA

Serviço Nacional de Saúde

Ana Maia
Nos primeiros oito meses deste ano,
o Serviço Nacional de Saúde (SNS)
gastou cerca de 83 milhões de euros
em prestações de serviço, um acrés-
cimo de 7,6% em comparação com
o mesmo período do ano passado.
Reduzir o recurso aos chamados
“médicos tarefeiros” é um objectivo
assumido pelo Governo, mas não
tem conseguido concretizá-lo. Em
2019, o SNS gastou 118,8 milhões de
euros em prestações de serviço
médico, mais 14 milhões do que no
ano anterior.
Segundo os dados da Administra-
ção Central do Sistema de Saúde
(ACSS), enviados ao PÚBLICO,
“entre Janeiro e Agosto de 2020
foram contratadas 2.778.083 horas,
representando uma despesa de
83.134.990 euros”. São valores que
representam um acréscimo de 3,8%
em número de horas e 7,6% em cus-
to, quando comparado com o mes-
mo período do ano passado. Em
comparação com o período homó-
logo de 2018, a diferença é de mais
16,7% em número de horas e mais
24,1% em despesa.
Questionada sobre que comporta-
mento esperar, de aumento ou redu-
ção das prestações de serviço por
causa da pandemia, a ACSS recorda Nos primeiros seis meses do ano, os profissionais do SNS fizeram 8,112 milhões de horas suplementares
que, no âmbito da resposta à covid-
19, já “foram contratados a termo saúde tenham de recorrer a outros Este está a ser um ano particular- valor gasto em 2019 com prestações comparação com Dezembro de
resolutivo certo 5076 proÆssionais de mecanismos legais para garantir o mente exigente para os proÆssionais de serviços médicos foi 118.897.527 2015. “Sublinha-se que dentro deste
saúde” e que as administrações hos- cumprimento de escalas e, conse- de saúde por causa da pandemia. E euros, referente à prestação de período o número de médicos
pitalares continuam a ter autonomia quentemente, a prestação de cuida- isso reÇecte-se também nos valores 4.078.572 horas”. O que signiÆca um (incluindo internos) teve um incre-
para contratar neste âmbito. AÆrma dos às populações”. gastos em horas extraordinárias “aumento de 403.800 horas face a mento de 4258” proÆssionais.
ainda que o “Ministério da Saúde pri- Para já, não é possível desagregar pagas a médicos do quadro. Dados 2018, correspondendo a uma des- Mas admite: “No entanto, torna-se
vilegia a contratação de médicos por informação sobre as áreas assisten- do Portal do SNS em Julho mostra- pesa adicional de 14.378.432 euros”. ainda necessário o recurso a contra-
tempo indeterminado ou sem termo” ciais que entre Janeiro e Agosto mais vam que nos primeiros seis meses de Em 2016 e 2017, os encargos com tos de prestação de serviços para dar
e que este tem procurado Æxar clíni- horas contratadas e maiores encargos 2020 os proÆssionais do SNS traba- este tipo de contrato Æcaram na casa resposta às necessidades de procura
cos nas unidades mais carenciadas Ænanceiros consumiram. Nestes pri- lharam um total de 8,112 milhões de dos 97 milhões e 98 milhões de no SNS.” A ACSS aÆrma que este tipo
quer através de concursos quer de meiros oito meses o Centro Hospita- horas suplementares. Ou seja, mais euros, respectivamente, ao passo de contratos “assume carácter excep-
vagas que dão direito a incentivos. lar e Universitário do Algarve foi o cerca de 1,163 milhões de horas que em 2018 Æcou acima dos cem cional” e que só acontece em situa-
Refere, contudo, que, “apesar do que mais gastou em prestações de extraordinárias do que no mesmo milhões. ções especíÆcas, “designadamente
aumento global de médicos especia- serviço: oito milhões de euros por período do ano passado. “O Ministério da Saúde tem vindo quando seja inviável o recurso à cele-
listas no SNS”, as regras da urgência 222.787 horas. Seguem-se o Centro a reforçar o número de novos pro- bração de contratos de trabalho para
relativas aos recursos humanos — Hospitalar Médio Tejo (5,2 milhões Sempre a subir Æssionais através do aumento de a satisfação de necessidades pontuais
descanso compensatório e dispensa de euros por 148.832 horas), o Centro Nos últimos anos, os encargos com vagas disponibilizadas nos concur- e transitórias e, ainda assim, quando
da realização de urgências por parte Hospitalar do Oeste (4,4 milhões de a prestação de serviços médicos tem sos nacionais de contratação”, não tenha sido possível o recurso ao
dos médicos com 55 ou mais anos e euros por 139.004 horas) e a Unidade mantido uma tendência crescente salienta a ACSS, referindo que o SNS regime de trabalho suplementar”.
de urgências nocturnas a partir dos Local de Saúde Norte Alentejano (3,7 e no ano passado voltou a subir. De contabilizava em Setembro mais
50 anos — “leva a que as unidades de milhões de euros por 112.955 horas). acordo com os dados da ACSS, “o 20.884 proÆssionais de saúde em amaia@publico.pt

Bruno de Carvalho
diz ter recebido ameaças
em nome da Doyen
e elogia Rui Pinto
Football Leaks
Ana Henriques
Ex-presidente do Sporting
desiste de queixa contra o
hacker: “Graças a ele,
começaram a aparecer
acusações”, declarou
Bruno de Carvalho disse ontem, em
tribunal, que enquanto dirigiu o Spor-
ting chegou a receber ameaças em
nome do fundo de investimento
Doyen, ligado aos passes dos jogado-
res. “Fui ameaçado por pessoas que
aÆrmavam trabalhar para a Doyen e
diziam ao telefone o nome das minhas
Ælhas e a matrícula do meu carro”.
Bruno de Carvalho foi ouvido como
testemunha no julgamento de Rui
Pinto. Questionado à saída do tribunal
pelos jornalistas sobre se algum dia
apresentou queixa às autoridades por
causa das ameaças, o antigo dirigente
desportivo foi esquivo: “Com certeza
que o Sporting fez queixa. Mas nunca
ninguém ligou nenhuma.”
Apesar de ter chegado a manifestar
a intenção de processar o hacker por
este ter tentado alegadamente entrar
na sua caixa de correio electrónico,
Bruno de Carvalho declarou que vai
desistir da queixa, tendo elogiado a
actuação de Rui Pinto. “Tem de se lhe
tirar o chapéu. Graças a ele, processos
[ligados ao mundo do futebol] que
estavam há anos sob investigação
começaram a avançar, surgiram acu-
sações e foram iniciadas novas inves-
tigações”, declarou, considerando
que o hacker conseguiu arranjar pro-
vas do que ele próprio, Bruno de Car-
valho, andava a dizer há anos sobre a
falta de transparência dos negócios
neste universo. “Fico contente que
um miúdo de 30 anos tenha tido esta
iniciativa”, observou, para expressar
em seguida um desejo: “A função do
Football Leaks foi primordial. Espero
que faça com que muitas pessoas e
muitas instituições se venham a sen-
tar no banco dos réus e que não con-
siderem estas revelações sem valida-
de, por a informação ter sido obtida
desta forma” (através do recurso à
prática de crimes informáticos).
De resto, nem sequer acredita que
Rui Pinto tenha tentado aceder à sua
caixa de correio electrónica. Por uma
razão: quando foi chamado à Polícia
Judiciária para prestar declarações,
Bruno de Carvalho foi confrontado
Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 21
SOCIEDADE
Desmantelada rede de
cibercrime mundial que terá
“lavado” milhões em Portugal
Na designada Operação 2BaGold- seria canalizado. Uma parte das ver-
Criminalidade Mule, coordenada pela Europol e que bas era levantada ao balcão dos ban-
Mariana Oliveira contou com a colaboração de mais 14 cos e outra transferida para outras
países (Áustria, Itália, República Che- contas, tentando diÆcultar o rasto do
Uma operação ca, Bulgária, Polónia, Geórgia, Espa- dinheiro. Ao todo, esta organização,
nha, Suíça, Suécia, Letónia, Reino composta por algumas dezenas de
internacional deteve 20 Unido, Bélgica, Alemanha e Austrália) indivíduos, terá sido responsável pelo
pessoas em vários países. foram detidas 20 pessoas, todas de branqueamento de mais de dez
Terão sido branqueados nacionalidade estrangeira, anunciou milhões de euros.
mais de 10 milhões ontem a PJ em comunicado. A operação da PJ ocorreu entre
A Unidade Nacional de Combate ao Outubro e Novembro do ano passado,
A Polícia Judiciária (PJ) e as autorida- Cibercrime e à Criminalidade Tecno- mas não foi divulgada, explicou fonte
des norte-americanas lideraram uma lógica (UNC3T) da PJ foi responsável daquela polícia, porque ainda havia
operação internacional que permitiu pela detenção de cinco indivíduos na diligências noutros países. Cerca de
desmantelar uma rede mundial dedi- Letónia e outro na Polónia. Este últi- um mês após as detenções na Letónia
cada ao cibercrime, que terá “lavado” mo, acredita a PJ, pertenceria à cúpu- e Polónia, os suspeitos foram extradi-
em Portugal milhões de euros prove- la da organização criminosa. Os letões tados para Portugal, estando em pri-
nientes de burlas informáticas e aces- detidos seriam as chamadas “mulas”, são preventiva. A acusação do Minis-
sos ilegítimos cometidas por todo o que usariam identidades falsas para tério Público estará para breve.
Bruno de Carvalho foi ouvido mundo, em especial na Europa e nos abrir contas em Portugal, para onde
como testemunha Estados Unidos. o dinheiro dos crimes informáticos mariana.oliveira@publico.pt
PUBLICIDADE
com um endereço de e-mail que nem
sequer era seu. “Rui Pinto entrou no
mail de um Bruno que não era eu. A
caixa de correio investigada pela Judi-
ciária não era a minha “, garantiu.
Quando avisou disso os inspectores,
“a PJ trocou o endereço de correio
electrónico e deu-me o documento
[as suas declarações passadas a escri-
to] para assinar”.
As ameaças de que diz ter sido alvo,
Bruno de Carvalho atribui-as à guerra
que desencadeou contra aquele fun-
do de investimento em 2013. Bruno
de Carvalho explicou ter então des-
coberto que o clube só detinha uma
pequena percentagem de cerca de
uma centena dos seus jogadores — o
resto pertencia aos três fundos de
investimento com os quais os seus
antecessores tinham celebrado con-
tratos, entre os quais se contava a
Doyen. “O Sporting estava manieta-
do. Tinha uma dívida de 500 milhões
de euros e só possuía um bocadinho
dos seus jogadores”, descreveu.
A situação condicionaria o próprio
desempenho dos atletas, que nalgu-
mas situações terão obedecido aos
representantes do fundo de investi-
mento. Deu como exemplo um jogo
em Espanha, em que a Doyen terá
convencido o então treinador do clu-
be a não colocar em campo o jogador
argentino Marcos Rojo. “O adminis-
trador executivo da Doyen Nélio
Lucas disse-me que ele não jogava
mais. E escreveu-me, em caps lock:
‘Se não conseguir sair do Sporting vai
fazer asneira no clube’”.
ana.henriques@publico.pt
22 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
SOCIEDADE
1600 minutos
de Cidadania dão...
Coffee Break
Bárbara Reis
Escrevi há dias que a disciplina de
Cidadania tem uma carga horária
de seis a 12 horas anuais e isso está
errado, pelo que peço desculpa.
Encare este texto como um “coffee
break errou”.
Nessa crónica, falei da carga
horária da Cidadania para criticar a
guerra contra uma disciplina que
ocupa tão pouco tempo da vida
escolar. Que terrível lavagem ao
cérebro pode ser feita em aulas que
têm seis a 12 horas por ano e tratam
de seis a 17 matérias?
Uma leitora alertou-me para o
erro, disse que a Cidadania tem “um
tempo” semanal e que eu devia
estar a falar da carga horária da
“velha” Educação Sexual. Fui
veriÆcar e a leitora tem razão.
Interessante é que, no processo,
percebi que hoje as crianças têm
provavelmente menos aulas sobre
sexo — ai Jesus — do que no tempo
em que a Educação Sexual era uma
disciplina obrigatória e autónoma,
com as tais seis a 12 horas anuais.
Falo de “educação sexual” e não
de “cidadania” porque o debate é
sobre isso — é inútil fazer de conta
que é sobre outras coisas.
A educação sexual teve várias
vidas. A história pode resumir-se
assim: em 1984, é aprovada a
primeira lei com o ministro José
Augusto Seabra (Governo de Mário
Soares), mas Æca por regulamentar;
em 1986, o ministro João de Deus
Pinheiro (Cavaco Silva) integra a
educação sexual na Formação
Pessoal e Social como
“componente” facultativa (a
expressão na lei é “pode ter”); em
1998, é ministro Marçal Grilo
(António Guterres), a educação
sexual é deÆnida como
“componente essencial”; em 2000,
é ministro Augusto Santos Silva
(Guterres), é aprovada a lei que
torna obrigatória a “promoção da
saúde sexual”; em 2001, o mesmo
ministro cria a Formação Cívica e a
educação sexual Æca de fora; em
2009, a ministra Maria de Lurdes
Rodrigues ( José Sócrates)
regulamenta a educação sexual e
torna-a obrigatória; em 2011, a
ministra Isabel Alçada (Sócrates)
integra a educação sexual na
Formação Cívica como
“aprendizagem obrigatória”; em
2012, o ministro Nuno Crato (Pedro
Passos Coelho) torna a Formação
Cívica facultativa — e com ela
também a educação sexual Æca
facultativa; e em 2017, o ministro
Tiago Brandão Rodrigues (actual
governo) faz renascer a disciplina,
com sexualidade e igualdade de
género incluídas.
Há 40 anos que andamos para
trás e para a frente com a educação
sexual, mas um nicho da sociedade
é contra. Tudo normal. É mais
fácil fazer leis progressistas
do que mudar mentalidades.
Que o digam os médicos e
administrativos que “atendem”
pessoas de países sem democracia,
com culturas e mentalidades que
em Portugal consideramos
Há 40 anos que
andamos para
trás e para a
frente com a
educação sexual,
mas um nicho da
sociedade é contra.
Tudo normal
“retrógradas” ou “medievais”.
A propósito: quem em Portugal
defenderia um pai que obrigasse os
Ælhos a faltar às aulas de Cidadania
por causa da matéria dada no
subtema da saúde mental?
Imaginem: sou um homem
muçulmano ou judeu que vive a
religião com fervor e acredita que as
mulheres devem ser submissas em
relação aos homens. Segundo a
minha ética e a minha ÆlosoÆa, os
homens mandam — os maridos nas
mulheres, os pais nas Ælhas, os
irmãos nas irmãs, os tios nas
sobrinhas. Vou gostar que a escola
portuguesa ensine às minhas Ælhas
que elas devem “comunicar de
forma positiva, eÆcaz e assertiva”,
como se lê nos objectivos da
disciplina de Cidadania? Iriam
Cavaco Silva ou Passos Coelho
defender que a minha família tinha
o direito à objecção de consciência e
que as minhas Ælhas pudessem
faltar a Cidadania porque ensinar
que elas devem ser “assertivas” é
contra a minha forma de estar no
mundo e viola a minha liberdade de
consciência?
Voltemos ao erro. O peso da carga
horária de Cidadania é pequeno.
Não é óbvio quão pequeno — a lei
não separa as disciplinas e deÆne a
duração das aulas em minutos.
Na matriz do 9.º ano, a lei diz que
os alunos devem ter 225 minutos
semanais de História, GeograÆa e
Cidadania. Destes 225 minutos,
quantos são para a Cidadania?
Perguntei a especialistas. Não há
uma resposta certa, cada escola é
um caso e a lei permite Çexibilidade,
fazer os blocos de Cidadania em seis
meses ou ao longo do ano.
Imaginemos que 45 minutos são
para Cidadania — uma aula por
semana. 45 (minutos) x 36 (semanas
de aulas) = 1620 (minutos de
Cidadania por ano). Se dividirmos
esses 1620 minutos pelas 17 matérias
previstas na lei, acabamos com 95
minutos anuais para sexualidade e
outros 95 para igualdade de género,
os temas tabu. Esta lupa ajuda a
perceber o fanatismo de quem
proíbe os Ælhos de ir às aulas de
Cidadania. Lamento o erro, mas
deve ser nestes casos que os
religiosos dizem que “Deus escreve
direito por linhas tortas”.
Jornalista. Escreve à sexta-feira
breis@publico.pt
Funcionários estavam
“habituados” a usar meios
da Presidência em proveito
próprio, admite arguido
Julgamento
Sónia Trigueirão
Ex-director do Museu da
Presidência explicou as
circunstâncias em que
utilizou meios públicos
para serviços pessoais
O ex-director do Museu da Presidên-
cia, Diogo Gaspar, que está a ser jul-
gado pelos crimes de abuso de poder,
participação económica em negócio,
tráÆco de inÇuência, falsiÆcação de
documentos, peculato e branquea-
mento de capitais, num total de 42
crimes, assume que usou uma carri-
nha da Presidência da República para
transporte de uma mesa sua para
uma leiloeira. E por que razão o fez?
Diogo Gaspar explicou que esse era o
espírito: “Havia um espírito de cola-
boração entre os funcionários desde
cima a baixo” e, se “havia necessidade
de um funcionário utilizar um meio
da casa,isso era possível”.
Segundo o arguido, esta era uma
prática normal, que já existia antes da
sua ida para o Museu da Presidência
da República. E explicou por-
quê: como muitos dos que ali traba-
lhavam davam muito de si, compro-
metendo até as suas vidas pessoais,
facilitar a vida mesmo recorrendo a
meios da Presidência parecia-lhes
uma espécie de “compensação”.
Voltando ao transporte da mesa,
Diogo Gaspar explicitou a situação
em que tudo terá ocorrido: “Como
iam buscar as cadeiras [que ele pró-
pria iria exmprestar à Presidência] eu
pedi o favor de trazerem a mesa”,
disse, assumindo que utilizou a car-
rinha “sem a convicção de que estava
a prejudicar o Estado”, ou seja, a
lesar o erário. “Nunca entendi que
me estivesse a aproveitar seja do que
fosse”, aÆrmou, acrescentando que,
pelo facto de muitas vezes o seu car-
ro pessoal ser usado para transportar
coisas do museu ou da Presidência
da República, acabava por encarar a
situação quase como um favor de
reciprocidade.
Perante a explicação de Diogo Gas-
par, o juiz explicou que, se o trans-
porte fosse a seu cargo, teria de
pagar e que, ao utilizar os meios da
Presidência, estava a poupar. O juiz
também disse que percebia que o
arguido via aquela situação como um
pequeno favor e sublinhou: “São
Diogo Gaspar está acusado de
um total de 42 crimes
estes pequenos favores na função
publica que a lei quer evitar. São
estes pequenos favores que, embora
pareçam não ter grande signiÆcado,
mas que se os formos somar, seja na
administração central ou local, che-
gamos à conclusão de que são
milhões de euros.” Aí, Diogo Gaspar
baixou a cabeça e disse: “Sim, se for-
mos ver assim, tirei benefício porque
não paguei o transporte...”
Diogo Gaspar foi ainda confrontado
com o facto de a acusação do Minis-
tério Público dizer que restaurou
obras de arte suas, nomeadamente
uma mesa, a expensas da Presidência
da República. O arguido negou e dis-
se ao juiz que entregou a prova, docu-
mento da transferência bancária, do
pagamento do restauro no valor de
500 euros.
Mas por que razão a peça estava a
ser restaurada no mesmo atelier usa-
do pela Presidência? Segundo o
arguido, a secretaria-geral da Presi-
dência entendeu que seria mais bara-
to, poupava em transporte e em segu-
ros, fazer uma avença com um proÆs-
sional de restauros, neste caso Paulo
Duarte, amigo pessoal de Diogo Gas-
par e também arguido no processo,
e deixá-lo trabalhar num armazém
cedido pelo Exército. De acordo com
Diogo Gaspar, outras pessoas da Pre-
sidência, incluindo Maria Cavaco
Silva, mandavam restaurar bens pes-
soais no atelier de Paulo Duarte. E que
essa era uma forma de o ajudarem
também Ænanceiramente para con-
cluir um curso que estava a tirar.
sonia.trigueirao@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 23

LOCAL
Circulação nas laterais da
Av. da Liberdade volta ao normal
Os sentidos nas laterais vão voltar ao que eram. Teresa Leal Coelho, que viu a sua proposta aprovada, prevê
que possa ser em Dezembro. Nunes da Silva, mentor da mudança, diz que esta decisão é um “disparate total”
JOANA FREITAS

Lisboa
Ana Fernandes
e Cristiana Faria Moreira
Se dependesse da vontade da verea-
dora Teresa Leal Coelho, seria já em
Dezembro que se passaria a circular
na Avenida da Liberdade como se
fazia em 2012. Ontem, a Câmara de
Lisboa aprovou uma proposta da
vereadora do PSD para repor os sen-
tidos de circulação dos corredores
laterais da avenida. A alteração teve
o apoio de todos os partidos excepto
do PCP, que se absteve.
“O compromisso que Æcou estabe-
lecido foi para que fosse feita com a
maior das celeridades para passar-
mos o Natal já com normalidade na
avenida. Dar o conforto às pessoas de
ter uma avenida onde se pode circu-
lar com cabeça, tronco e membros”,
diz ao PÚBLICO Teresa Leal Coelho.
A bola está agora do lado do verea-
dor da Mobilidade, Miguel Gaspar,
que terá de a pôr em prática. O
PÚBLICO questionou o gabinete do
vereador para perceber qual será o
prazo, mas não obteve resposta.
Segundo diz a vereadora, entre as
alterações que terão de ser feitas está
a mudança dos semáforos e terão ser
igualmente feitos ajustes nos passeios
junto à rotunda do Marquês de Pom-
bal, de modo a permitir a entrada de
carros nas laterais, nos sentido agora
propostos. Há oito anos, os sentidos nas laterais da Avenida da Liberdade foram alterados para reduzir o tráfego e a poluição
A proposta apresentada em reu-
nião de câmara pela vereadora Tere- cam que os valores-limite foram “medida desencadeou o desvio de onde a autarquia queria criar um “Antes de serem invertidos os senti-
sa Leal Coelho defende que as altera- várias vezes ultrapassados, sendo tráfego para outras artérias da cidade, novo Passeio Público. Nesse troço, dos nas laterais, o tráfego nas horas
ções, feitas em 2012, “em nada bene- muito elevados, o que a leva a con- que não estavam — nem estão — pre- os automobilistas poderiam passar a de ponta rondava os 750 e os 1000
Æciaram a cidade, nem ao nível da cluir que um dos principais objecti- paradas para comportar os elevados usar as vias laterais da avenida nos veículos por hora nas laterais. No ano
qualidade do ar, nem no que diz res- vos da mudança falhou. Çuxos sentidos sobretudo em hora de mesmos sentidos de trânsito que seguinte, quando se Æzeram as con-
peito à diminuição do tráfego”. Além da questão da poluição, o ponta, designadamente as ruas para- tinham antes das mudanças opera- tagens de tráfego, tinha-se baixado
A medida lançada há oito anos alte- PSD salienta as perturbações que o lelas à Avenida da Liberdade, bem das durante o executivo de António para os 200, 250 veículos por hora e,
rou, além da circulação no Marquês novo esquema criou para moradores como o eixo da Almirante Reis e o da Costa. Medina disse na altura que “é às vezes, até menos.
de Pombal, a circulação nas laterais e comerciantes, sublinhando que a Rua da Escola Politécnica”. tempo de fazer essa correcção”, Com a reposição dos sentidos de
da avenida, sendo impossível percor- Esta alteração já tinha sido aborda- sublinhando que os novos sentidos circulação, admite Nunes da Silva, as
rê-las sempre no mesmo sentido. A medida da por Fernando Medina, presidente já só são defendidos pelo seu mentor, laterais passarão a funcionar “como
Segunda a proposta de Leal Coelho, da Câmara de Lisboa, que anunciou o então vereador da Mobilidade Fer- um suplemento de capacidade em
estas mudanças “tiveram efeitos ime-
desencadeou o que a defendia. Quando foi apresen- nando Nunes da Silva. Que não pou- relação à faixa central e, portanto,
diatos em toda a mobilidade da cida- desvio de tráfego tado, em Janeiro, o plano que iria pa nas palavras em reacção à aprova- aumentar o tráfego em direcção à
de de Lisboa, devido à importância fechar parte da Baixa aos carros, um ção desta proposta: “Isso é um dispa- Baixa, a poluição e criar problemas
desta zona enquanto pólo distribui-
para outras projecto entretanto adiado, estava rate total.” de estacionamento”. “Não vejo
dor dos Çuxos de tráfego na cidade”. artérias, como as previsto que na Avenida da Liberda- Fernando Nunes da Silva acena nenhum interesse nisto”, critica.
O objectivo era diminuir o tráfego e de a circulação automóvel passaria a com dados para provar que, com as
assim reduzir a poluição. Mas a verea-
ruas paralelas à ser proibida na faixa central entre a alterações nas laterais da avenida, o ana.fernandes@publico.pt
dora cita diversos estudos que indi- avenida, diz o PSD Rua das Pretas e os Restauradores, tráfego diminuiu substancialmente. cristiana.moreira@publico.pt
24 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

ECONOMIA
Governo prevê que PRR corte em
45 mil número de desempregados
Crescimento mais rápido, menos
desemprego e déÄce menor. Governo
prevê impacto macroeconómico positivo
do dinheiro que chega entre 2021 e 2026
O impacto macroeconómico
Plano de Recuperação esperado pelo Governo
Sérgio Aníbal Variação do PIB
Os cerca de 13 mil milhões de euros Em %
que vão chegar a Portugal provenien- 6
tes do fundo de recuperação europeu 4
Com PRR
vão levar o país a chegar a 2026 com 2,4
2
uma economia 3,1% maior e com
menos 45 mil desempregados, espe- 0 Sem PRR 2,0
ra o Governo num cálculo de impac- -2
to que assume que cada euro do
-4
dinheiro usado pode fazer o PIB
subir, nos últimos anos do programa, -6
mais 1,5 euros. -8
Na versão preliminar do Plano de
-10
Recuperação e Resiliência (PRR) 2019 2021 2023 2026
ontem entregue em Bruxelas, em
que o executivo elenca os diversos Taxa de desemprego
projectos para os quais pretende Em % da população activa
receber cerca de 13 mil milhões de
euros de subvenções de Bruxelas e 10
possivelmente 4295 milhões em
Sem PRR
empréstimos entre 2021 e 2023, são 8
7,2
também apresentadas as expectati-
vas de resultados do ponto de vista 6
económico. É a resposta à pergunta: Com PRR 6,3
aÆnal, quanto é que a economia por- 4
tuguesa vai ganhar com a aplicação
deste apoio extraordinário vindo de 2
Bruxelas?
Para o executivo, não há dúvidas: 0
o PRR que desenhou vai assumir “um 2019 2021 2023 2026
papel crucial na recuperação da eco-
Fonte: Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) PÚBLICO
nomia” e sustenta esta aÆrmação
apontando, logo a partir de 2021 e ao
longo dos cinco anos seguintes, para pontos em 2023 e 2024, naquele que lando que em 2030 o valor do PIB irá
taxas de crescimento económico
maiores do que aquelas que se pode-
é o período em que o Governo espera
que o plano registe o ponto mais alto
Portugal tem seis meses para fechar Plano chegar ao mesmo ponto em que se
encontraria se não se tivesse depara-
riam esperar se não chegasse esta do seu contributo para a economia. do com a pandemia.

ajuda europeia.
No próximo ano, aquele em que o
plano entra em vigor, o Governo diz
que o crescimento da economia será
de 5,4% (que é o valor inscrito na pro-
posta de OE 2021), um indicador que,
sem o impacto positivo do plano, não
passaria dos 5%.
Em 2022, o impacto é mais mode-
rado, de 0,2 pontos (crescimento de
3,6% com plano, contra 3,4% sem).
Mas, nos anos seguintes, o efeito posi-
tivo esperado torna-se bem mais
signiÆcativo, com acréscimos no
ritmo de crescimento de 0,8 e 0,9
Ao longo dos seis anos de execução
do plano, espera o executivo, o cres-
cimento anual será, em média, meio
ponto percentual mais elevado, colo-
cando o PIB num patamar no Ænal de
2026 que é 3,1% maior do que aquele
que se registaria se não fosse aplicado
qualquer plano.
Os efeitos esperados são também
de longo prazo e, para o período a
seguir a 2026, o Governo diz que as
reformas realizadas com Ænancia-
mento europeu irão permitir uma
subida do crescimento potencial da
economia de 1,8% para 2,1%, calcu-
P
ortugal entregou ontem o
esboço do Plano de
Recuperação e Resiliência
(PRR). Agora começa a fase
de negociação com Bruxelas,
que decorre até Abril, prazo para
enviar o plano final. O Governo
de António Costa começou a
elaborar o plano tendo em conta
algumas regras impostas por
Bruxelas: 20% das verbas têm de
ser para medidas que
promovam a transição digital;
37% têm de ser para programas
de transição climática; os
projectos e investimentos
escolhidos têm de servir para
responder às recomendações
de Bruxelas a Portugal. A parte
de leão do pacote de
subvenções (3,2 mil milhões) foi
atribuída ao reforço do Serviço
Nacional de Saúde, à habitação
e a outras políticas sociais
destinadas a melhorar a
resposta do Estado a sectores
específicos, como, por exemplo,
a população mais idosa. M.M.O.
Este ritmo de crescimento mais
elevado reÇecte-se também positiva-
mente no mercado de trabalho. Se
em 2021 ainda não será possível
esperar um impacto positivo na taxa
de desemprego, para os anos seguin-
tes, o executivo está a contar que os
investimentos realizados acelerem o
ritmo de descida da taxa de desem-
prego. E se no cenário sem plano o
país chegaria a 2026 com uma taxa
de desemprego de 7,2%, um valor
ainda superior ao registado em 2019
antes da pandemia (6,5%), com o
plano a projecção é de uma taxa de

António Costa
entrega o
Plano de
Recuperação
e Resiliência a
Ursula von der
Leyen, em
Bruxelas
OLIVIER HOSLE/REUTERS
desemprego, dentro de seis anos, de
6,3%. A diferença entre a taxa de
7,2% sem plano e a taxa de 6,3% com
plano signiÆca, assumindo uma
população activa semelhante à
actual, que o Governo espera que
este apoio extraordinário europeu
diminua em 45 mil o número de de-
sempregados.
Maior redução do déÄce
Para as Ænanças públicas, os efeitos
também são positivos. Em vez de um
déÆce de 1,2% em 2026, Portugal con-
segue registar um saldo apenas nega-
tivo em 0,2%, também um regresso à
realidade pré-pandemia.
Para chegar a todos estes núme-
ros, o Governo teve de assumir deter-
Regulamento
europeu atrasado
P
ortugal foi um dos
primeiros Estados-
-membros a apresentar à
Comissão Europeia uma
versão preliminar do seu Plano
Nacional de Recuperação e
Resiliência, confirmou ao
PÚBLICO uma porta-voz do
executivo comunitário, pouco
depois de o primeiro-ministro
ter entregue em mãos, a Ursula
von der Leyen, o programa de
reformas e investimentos
públicos desenhado pelo
Governo. António Costa voltou
a dizer que o executivo fez o
seu trabalho de casa para ficar
em condições de poder
arrancar com a execução do
plano assim que for aprovado o
regulamento do MRR.
“Só depois dessa legislação ser
adoptada é que os Estados-
-membros poderão submeter
as versões definitivas dos seus
planos para avaliação formal”,
lembrou a mesma porta-voz de
Bruxelas. A expectativa, na
Comissão, e em muitas
capitais, é que o regulamento
possa entrar em vigor a 1 de
Janeiro de 2021. Mas o
calendário está actualmente
comprometido pelo impasse
nas negociações do próximo
Orçamento comunitário pelo
trílogo das instituições
europeias. Rita Siza
minados pressupostos, nomeada-
mente, quanto é que cada euro de
investimento contribui para o
aumento do PIB. É o chamado mul-
tiplicador orçamental que tanta
polémica provocou durante a pre-
sença da troika em Portugal.
O executivo diz ter usado os multi-
plicadores indicados pela “literatura
mais recente” sobre a matéria. E
assim, se em 2021 e 2022 aplicou mul-
tiplicadores de 0,9 e 1,1, para os anos
seguintes e até 2026 o valor usado foi
de 1,5. O que isto signiÆca é que se
espera que cada euro investido gere
1,5 euros a mais para o PIB.
Ainda não existe informação sobre
a que ritmo se espera que os fundos
do plano de recuperação venham a
Espero que possa haver um
acordo entre o PE e o Conselho
da UE para que tudo seja
aprovado a tempo e horas
António Costa
Primeiro-ministro
ser usados ao longo dos anos. No
entanto, o facto de esperar um impac-
to no PIB de 0,4 pontos em 2021 signi-
Æca que, usando o multiplicador de
forma linear (podem ter sido consi-
derados efeitos diferentes consoante
o tipo de investimentos), o Governo
neste plano assume uma execução no
próximo ano em torno de 800
milhões de euros (cerca de 6% do
total). E pode-se também concluir
que o grosso das verbas deverá che-
gar a Portugal em 2023 e 2024, os
anos em que o impacto económico
esperado é mais signiÆcativo.
Empréstimos incluídos
Na versão preliminar do PRR ontem
entregue em Bruxelas, o Governo
coloca também a possibilidade de se
candidatar à componente de emprés-
timos do Mecanismo de Recuperação
e Resiliência (MRR) europeu para rea-
lizar investimentos com um valor de
4295 milhões de euros. Os investi-
mentos em causa referem-se às com-
ponentes do plano relativas ao parque
público de habitação acessível (2745
milhões de euros), à capitalização de
empresas e Banco de Fomento (1250
milhões) e à aquisição de material
c irculante ferroviário (300
milhões).
O recurso a empréstimos do MRR
parecia ter sido colocado de lado pelo
Governo. Em princípio, Portugal
poderia ter acesso a esses créditos,
concedidos a taxas de juro reduzidas,
num valor de 15,7 mil milhões de
euros, mas António Costa, no Ænal de
Junho, quando apresentou as priori-
dades do plano de recuperação por-
tuguês, deixou claro que aumentar o
endividamento não estava nos planos
do executivo: “A opção que temos é
recorrer na íntegra às subvenções e
não utilizaremos a parte relativa aos
empréstimos enquanto a situação
Ænanceira do país não o permitir.”
Agora, no documento entregue em
Bruxelas, o executivo volta a dizer
que “tomou a decisão de maximizar
a utilização de fundos europeus a
título de subvenção e de minimizar a
utilização de empréstimos que pos-
sam dar origem ao aumento da dívida
pública”, mas acrescenta que, mes-
mo assim, há três investimentos “que
merecem uma avaliação criteriosa da
sua elegibilidade, e em que condi-
ções, para a componente de emprés-
timos do MRR”.
sergio.anibal@publico.pt
Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 25
PLANO PRELIMINAR JÁ É CONHECIDO
Governo publicou ontem o
primeiro esboço do plano que
irá agora negociar com Bruxelas,
com investimentos já previstos e
algumas novidades.
Habitação capta 4378 milhões
O Governo quer investir 1633
milhões de euros para resolver
as vulnerabilidades sociais na
componente da habitação nos
próximos seis anos: é a isso que
fica obrigado se vir aprovado o
PRR que apresentou em
Bruxelas. Na proposta
portuguesa, o executivo
inscreveu estas necessidades
nos financiamentos que
pretende ir buscar em
subvenções, ou seja, a fundo
perdido. Mas, também no PRR,
está inscrita uma verba adicional
de 2745 milhões de euros para
negociar em termos de
empréstimos, para avançar com
a criação do “Parque Público de
habitação Acessível”. Tudo
somado, serão investimentos de
4378 milhões de euros, o “maior
investimento de sempre na área
da habitação”, disse no mesmo
dia o ministro da tutela, Pedro
Nuno Santos.
Metros de Lisboa e do Porto
recebem mil milhões
O documento preliminar prevê
1032 milhões de euros para a
mobilidade sustentável, a
esmagadora maioria dos quais
serão orientados para novos
projectos de expansão do metro
de Lisboa e do Porto. A maior
novidade parece ser a aposta na
linha dedicada de autocarro
rápido (bus rapid transit, BRT) do
Campo Alegre, no Porto. Agora
orçamentada em 83 milhões de
euros, a obra deverá ser
executada e gerida pela Metro
do Porto. Depois, a ideia é usar
os fundos europeus disponíveis
entre 2021 e 2026 para ajudar os
países europeus a recuperar da
crise provocada pela pandemia
de covid-19, e alocar 299
milhões de euros para a
expansão da rede do metro do
Porto entre a Casa da Música e
Devesas. Em Lisboa, o projecto
com direito a mais verbas será a
expansão da rede da Linha
Vermelha do metro até
Alcântara, algo que o ministro
referiu também em Abril. De
acordo com o documento
entregue em Bruxelas, serão
canalizados 304 milhões de
euros. Além disso, estão
previstos outros 250 milhões de
euros para a construção do
metro ligeiro de superfície
Odivelas-Loures.
Apoio à indústria pode rondar
um terço das subvenções
Dos 15,3 mil milhões de euros
em subvenções europeias, o
PRR direcciona directamente
quase 3000 mil milhões para
empresas e indústrias, incluindo
componentes específicas para
os Açores (145 milhões para
recapitalização empresarial e
relançamento da economia).
Mas o bolo total, juntando os
projectos com impacto
indirecto, pode ultrapassar os
6000 milhões. O PRR constata
que a desindustrialização foi
“particularmente sentida” em
Portugal e, por isso, o Governo
elege a “inversão deste
processo” como “prioritária”.
Inclui, por isso, 930 milhões de
euros para as “Agendas
Mobilizadoras para a
Reindustrialização”. No campo
industrial e empresarial, o PRR
contará ainda com 615 milhões
de euros para apoiar projectos
de descarbonização, um
desígnio inserido no roteiro da
Transição Climática. Luísa Pinto,
Luís Villalobos e Victor Ferreira
26 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
MUNDO
Juíza escolhida por Trump agrava
vingança e rancor no Senado
Maioria republicana contornou as regras
e marcou a data da primeira votação da
escolha da juíza Amy Coney Barrett para
o Supremo. Partido Democrata ameaça
fazer igual quando reconquistar a maioria
Estados Unidos
Alexandre Martins
A agenda dos senadores do Partido
Republicano e do Partido Democrata
na Comissão de Assuntos Judiciais
estava preenchida, ontem, com o
último dia das audições a Amy Coney
Barrett, a juíza conservadora que foi
nomeada pelo Presidente, Donald
Trump, para subir ao Supremo Tri-
bunal dos EUA. Mas o que acabou por
acontecer ao longo desta semana, em
directo e perante milhões de espec-
tadores, foi uma peça em quatro
actos sobre quem são os verdadeiros
culpados pela degradação do Senado,
com o Partido Democrata a deixar
um aviso em tom de ameaça: “Não
pensem que a regra de aprovar
nomeações à força só serve para o
Partido Republicano.”
Antes do espectáculo de recrimi-
nações e ressentimentos em que
acabou por se transformar o quarto
e último dia das audições à juíza Bar-
rett, o Partido Republicano abriu a
sessão decidido a impor a sua maio-
ria a um Partido Democrata que pou-
co mais podia fazer do que explicar
aos eleitores — através das televisões
— o que acha de todo este processo.
Numa decisão que vai contra as
regras do Senado, os republicanos
votaram para escolher a data em que
a sua decisão vai ser anunciada (22
de Outubro), quando estava na sala
apenas um senador da minoria
democrata — os outros entraram
pouco depois, quando perceberam
que a sua estratégia não ia resultar.
“Chegou a altura de sermos hones-
tos sobre o que está a acontecer
aqui”, disse a senadora Amy Klobu-
char, do Partido Democrata, dirigin-
do-se ao líder da comissão, o repu-
blicano Lindsey Graham.
“Você está a forçar a conÆrmação
desta juíza, em contradição com as
suas próprias palavras e perante um
Presidente que nem sequer se com-
promete com uma transição pacíÆca
de poder. É este o mundo em que
vivemos”, disse Klobuchar a Graham,
que ia passando a palavra entre os
senadores dos dois partidos sem dar
mostras de vacilar na sua estratégia.
“Hipocrisia”
Um dos argumentos mais usados
pelos senadores do Partido Demo-
crata para acusarem Lindsey Graham
de hipocrisia é o facto de o senador
republicano ter aÆrmado, com todas
as letras, e em duas ocasiões, que
não permitiria a conÆrmação de juí-
zes no último ano do mandato de um
Presidente — precisamente o contrá-
rio do que aconteceu esta semana.
Em Março de 2016, quando o Pre-
sidente Barack Obama nomeou o juiz
Merrick Garland para substituir o
conservador Antonin Scalia, que mor-
rera um mês antes, a liderança do
Partido Republicano (então, tal como
hoje, em maioria no Senado) foi taxa-
tiva: em ano de eleições presidenciais,
o Presidente em exercício não deve
nomear juízes para o Supremo Tribu-
nal. Nessa altura, o senador republi-
cano Mitch McConnell já era o líder
da maioria no Senado, e citou o actual As votações de confirmação da juíza Amy Coney Barrett estão marcadas para dia 22, na comissão, e para a sem
candidato do Partido Democrata à
Casa Branca, Joe Biden, para justiÆcar último ano de apenas um mandato foi tão assertivo na posição de impe- e apenas com os votos dos republi-
a sua decisão de nem sequer se reunir — não consegue preencher uma dir Obama de preencher a vaga no canos, a recomendação de Barrett
com o juiz Garland (um passo ante- vaga no Supremo Tribunal”, disse Supremo em ano de eleições, que as para o Supremo; depois disso, a
rior às audições, misto de cortesia e Graham há quatro anos. “Estamos suas palavras foram agora recupera- decisão Ænal será tomada pelos cem
primeiras impressões). Muitos anos a mudar as regras, provavelmente das pelos senadores democratas: senadores dos dois partidos na
antes, em 1992, o então senador Biden de forma permanente.” “Quero que usem as minhas palavras semana de 26 de Outubro — a pou-
defendera o princípio de que uma das Graham, que já na altura fazia par- contra mim”, disse o senador repu- cos dias das eleições.
partes no Senado não devia forçar a te da Comissão de Assuntos Judiciais, blicano há quatro anos, “se tivermos Não é nenhuma surpresa que o
conÆrmação de um juiz em ano de um Presidente republicano em 2016, Partido Republicano esteja prestes a
eleições presidenciais — uma declara- e se houver uma vaga [no Supremo] conÆrmar a nomeação feita pelo Pre-
ção a que o líder republicano chamou no último ano do seu primeiro man- sidente Trump — aÆnal, os republi-
“a regra Biden”. dato, podem dizer que Lindsey Gra- canos estão em maioria no Senado,
E o senador Lindsey Graham, que ham disse que devemos deixar o Pre- e desde 2017 que bastam 51 votos
ontem não pestanejou ao marcar a sidente seguinte fazer a nomeação.” para carimbar a escolha.
votação sobre a juíza Amy Coney Você está a forçar O sinal de que os dois partidos
Barrett para dia 22 de Outubro às A força dos votos estão cada vez mais afastados, e sem
13h, perante a feroz oposição do Par- a conÄrmação Já sem a juíza na sala da Comissão a mínima disposição para chegarem
tido Democrata e a apenas três sema- desta juíza, em de Assuntos Judiciais do Senado a um consenso, veio na forma como
nas das eleições, foi ainda mais longe para o último dia das audições, os o Partido Republicano respondeu às
do que McConnell em 2016. contradição com senadores ouviram ontem testemu- inquietações do Partido Democrata
“Nós, os republicanos, estamos a as suas palavras nhos a favor e contra a nomeação — em particular, sobre a identiÆca-
estabelecer o precedente de que de Amy Coney Barrett. Fechada esta ção da juíza Amy Coney Barrett com
um Presidente no último ano dos Amy Klobuchar, primeira fase, a comissão vai votar o movimento antiaborto e as suas
seus dois mandatos — eu diria no Senadora do Partido Democrata e aprovar, na próxima quinta-feira, decisões judiciais que fazem os

Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 27
JONATHAN ERNST/EPA
mana de 26, no plenário do Senado
democratas temer pelo Æm da refor-
ma do acesso aos serviços de saúde
aprovada nos tempos do Presidente
Barack Obama.
No dia 10 de Novembro, apenas
uma semana após as eleições, Barrett
estará no Supremo para o início de
um processo que pode culminar com
o Æm da lei conhecida como Obama-
care — ainda que o juiz presidente, o
conservador John G. Roberts, volte
a juntar-se aos três juízes liberais, a
entrada de Barrett no Supremo vai
permitir que a ala conservadora
aumente a sua vantagem para 6-3.
“Percebo que os nossos amigos do
Partido Democrata gostassem que
houvesse uma maioria democrata
no Senado, mas os eleitores decidi-
ram de forma diferente”, disse o
senador republicano Ted Cruz, numa
versão mais extensa do resumo feito
pelo seu colega Lindsey Graham:
“Nós temos votos suÆcientes.”
PUBLICIDADE
GRANDE MESSIAEN
17.10
sábado
18:00
sala
suggia
ELEIÇÕES EUA
Por mais acusações de hipocrisia
que os senadores do Partido Demo-
crata Æzessem a Graham, o senador
republicano acabava por voltar ao
argumento que o fez mudar de posi-
ção nos últimos anos — as tumultuo-
sas audições ao juiz Brett Kavanaugh,
em 2018, que os republicanos apon-
tam como exemplo de que foi o Par- ORQUESTRA SINFÓNICA
tido Democrata que iniciou o mais DO PORTO CASA DA MÚSICA
recente capítulo de animosidade SYLVAIN CAMBRELING direcção musical
entre os dois lados. PAULO ÁLVARES piano
JOSÉ BERNARDO SILVA trompa
Década de vinganças BRUNO COSTA E NUNO SIMÕES percussão
Mas a história vem de trás, pelo
menos desde 2013. Tal como Graham OLIVIER MESSIAEN Des Canyons aux Étoiles
fez questão de recordar ontem, nesse
ano o senador republicano recebeu
um telefonema do senador Chuck WWW.CASADAMUSICA.COM / 220 120 220 MECENAS ORQUESTRA SINFÓNICA
DOPORTO CASA DA MÚSICA
APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA
Seja um dos primeiros a apresentar hoje este jornal completo na Casa da Música e ganhe um convite duplo para este
Schumer, do Partido Democrata, a concerto. Condicionada à disponibilidade da sala, a oferta é limitada aos primeiros 10 leitores e válida apenas para um
convite por jornal e por leitor. Obrigatória a apresentação do documento de identificação no acto do levantamento.
informá-lo de que o seu partido esta-
va cansado do bloqueio republicano
às nomeações do Presidente Barack
Obama para os tribunais.
Quando Schumer lhe disse que a
maioria do Partido Democrata ia
accionar a “opção nuclear” no Sena-
SARAMAGO, HISTÓRIA
SARAMAGO, A HISTÓRIA
HISTÓRIA
do (uma referência ao uso de uma
maioria simples para anular a regra
DODONOBEL
NOBEL QUE NUNCA
QUE NUNCA
que exigia pelo menos 60 votos para
a conÆrmação dos juízes dos tribu-
DEIXOU
DEIXOUDE
DE SER JOSÉ
SER JOSÉ
nais federais), Graham respondeu
que os democratas iriam arrepen-
COLECÇÃO NOVELA GRÁFICA VI
O MELHOR DA LITERATURA ILUSTRADA
Colecção de 14 volumes. PVP unitário: 10,90 €. Preço total em Portugal Continental: 152,60 €. Periodicidade semanal aos sábados, entre 22 de Agosto e 21 de Novembro. Formatos variados, mediante os formatos originais das obras. N.º médio de páginas: 139. Limitado ao stock existente.
der-se um dia.
E esse dia chegou em 2017, quando
o Partido Democrata se manteve uni-
do e não quis facilitar a conÆrmação
do juiz Neil Gorsuch — o primeiro juiz
VOL. 3 – O NETO DO HOMEM MAIS SÁBIO,
a ser escolhido pelo Presidente DE TOMÁS GUERRERO (2020)
Donald Trump. Para desbloquear a
situação, os republicanos vingaram-
se dos democratas e usaram uma
maioria simples para anularem a
regra que exigia 60 votos para a con- Devido a algumas falhas na primeira edição
Ærmação dos juízes do Supremo. do livro O Neto do Homem mais Sábio, pelas
Quase uma década depois de quais o PÚBLICO e a Levoir pedem desde já
terem sido disparados os primeiros desculpa aos leitores, iremos proceder à
tiros, o senador Cory Booker, do distribuição de uma nova edição deste título,
Partido Democrata, lançou ontem
um apelo emocionado aos colegas
TROQUE como já anunciado. Esta nova edição foi
enriquecida com um caderno de esboços e
dos dois partidos, para que tentem A PARTIR terá um novo código de barras, uma cor de
recuperar aquela ideia antiga do
Senado como a câmara onde os DE AMANHÃ contracapa diferente e um selo autocolante
na frente indicando que é uma nova edição.
adultos responsáveis gerem os COM O PÚBLICO Será proporcionada a troca dos exemplares
excessos da política. Mas, como adquiridos, quer nos quiosques, quer junto
diria depois o senador Sheldon Whi- do jornal PÚBLICO.
tehouse, também do Partido Demo- Para o processo de troca, os leitores deverão
crata, talvez seja tarde para voltar Para qualquer fazer-se acompanhar da edição anterior e
atrás — e a resposta chegará já a par- questão contacte para: entregá-la, recebendo a nova edição.
tir de Janeiro, se Joe Biden for eleito
Presidente e se o Partido Democrata colecções@publico.pt
reconquistar a maioria no Senado. ou 210 111 020
alexandre.martins@publico.pt
28 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
MUNDO
União Europeia deixa
parceria futura nas mãos
do Governo britânico
“Brexit”
Rita Siza, Bruxelas
O acordo ainda é possível,
garantem líderes europeus,
mas só se os compromissos
antes assumidos pelo Reino
Unido forem respeitados
O presidente do Conselho Europeu,
Charles Michel, pediu aos 27 chefes
de Estado e de Governo para desliga-
rem os seus telemóveis de forma a
garantir a “total conÆdencialidade da
discussão de um assunto tão delica-
do” como o ponto em que se encon-
tram as negociações entre a UE e o
Reino Unido para a assinatura de um
acordo de parceria económica e polí-
tica que regule o relacionamento
entre os dois blocos após o Æm do
período de transição do “Brexit”.
Mas mesmo com os aparelhos des-
conectados, um recado urgente che-
gou até à presidente da Comissão
Europeia, Ursula von der Leyen: um
membro do seu gabinete tinha rece-
bido um resultado positivo num teste
ao novo coronavírus e, de acordo com
os regulamentos sanitários, todos os
seus contactos próximos deveriam
entrar em isolamento proÆláctico.
A líder do executivo comunitário,
que é testada todas as segundas e
quintas-feiras, teve um resultado
negativo no exame que realizou pela
manhã, mas mesmo assim abando-
nou imediatamente a reunião em
cumprimento das normas. Os traba-
lhos prosseguiram, até porque, como
garantiram os serviços do Conselho
Europeu, todas as precauções foram
tomadas para assegurar que seriam
“impossíveis” os contactos próximos
entre os líderes.
O primeiro-ministro, António Cos-
ta, continuou a ouvir o negociador da
UE para o “Brexit”, Michel Barnier,
explicar as razões por que continuava
a não ser possível fechar acordo com
o Reino Unido, apesar de faltarem
menos de cem dias para o Æm do
período de transição e de o cenário
de “no deal” poder ter consequências
imprevisíveis.
Costa tinha estado reunido com a
presidente da Comissão Europeia
pela manhã, para lhe entregar em
mãos a versão preliminar do Plano
Nacional de Recuperação e Resiliên-
cia. Mas nesse encontro, o primeiro-
-ministro não contactou com o mem-
Ursula von der Leyen foi testada na quinta-feira e deu negativo
bro da equipa de Von der Leyen infec-
tado com coronavírus. Durante a
reunião, e enquanto permaneceu no
edifício da Comissão, utilizou sempre
a máscara e seguiu as regras de dis-
tanciamento físico. “O primeiro-mi-
nistro mantém comportamento de
cautela e vigilância permanente”,
disse fonte do seu gabinete.
Depois do ponto de situação do
processo negocial feito por Michel
Barnier, os líderes estiveram várias
horas a debater os próximos passos.
Na véspera, o primeiro-ministro bri-
tânico, Boris Johnson, tinha informa-
do os líderes europeus que aguardava
a posição do Conselho Europeu para
fazer a sua própria avaliação sobre se
ainda existem (ou não) condições
políticas para fechar um acordo.
Johnson tinha imposto a data de 15
de Outubro para a conclusão das
negociações. O prazo esgotou-se sem
as equipas negociais conseguirem
sequer chegar a um consenso mínimo
para avançar com a redacção de um
rascunho. Contudo, isso não quer
dizer que um acordo até ao Æm do
ano não seja possível.
A opinião dos 27, vertida nas con-
clusões do Conselho Europeu, é de
Von der Leyen saiu
da reunião porque
um membro
do seu gabinete
apresentou teste
positivo ao
coronavírus
STEPHANIE LECOCQ/EPA
que uma parceria “tão próxima quan-
to possível” (com um regime de zero
quotas e zero tarifas para as transac-
ções comerciais) ainda está ao alcan-
ce do Reino Unido. Mas para isso
Londres terá de respeitar os compro-
missos assumidos na declaração polí-
tica que acompanhou o acordo de
saída, nomeadamente nas matérias
de pescas, concorrência (“level
playing field”) e resolução de dispu-
tas, que continuam em aberto e,
segundo Barnier, “são absolutamen-
te vitais”.
“O Conselho Europeu convida o
negociador da UE a prosseguir as
negociações nas próximas semanas,
e apela ao Reino Unido que faça as
mudanças necessárias para tornar o
acordo possível”, dizem as conclu-
sões. “Estamos 100% unidos e deter-
minados em alcançar um acordo,
embora não a qualquer preço. Natu-
ralmente preocupa-nos a falta de
progressos nas negociações, mas
mantemo-nos calmos e tranquilos”,
declarou o presidente do Conselho
Europeu, Charles Michel.
Ainda assim, conscientes da impre-
visibilidade de Boris Johnson, os líde-
res acrescentam que neste momento,
as instituições europeias, os Governos
nacionais e todos os agentes econó-
micos devem “intensiÆcar os prepa-
rativos e a prontidão, a todos os
níveis, para todos os cenários”,
incluindo de “no deal”.
Ao mesmo tempo, recordou Char-
les Michel, a UE espera que “as dispo-
sições do acordo de saída sejam inte-
gralmente cumpridas, ponto Ænal”.
rsiza@publico.pt
João Lourenço admite que
foram desviados bem mais
do que 24 mil milhões de
dólares dos cofres do Estado
Angola
No discurso sobre o estado
da nação, o Presidente
angolano disse que realizar
eleições autárquicas neste
ano seria “irrealista”
O Presidente de Angola, João Lou-
renço, admitiu ontem que o Estado
angolano terá sido lesado em valores
superiores aos já anunciados 24 mil
milhões de dólares, devendo surgir
“números bem maiores” à medida
que se forem aprofundando as inves-
tigações judiciais.
No discurso sobre o estado da
nação que marca a abertura do ano
parlamentar, João Lourenço abordou
a luta contra a corrupção, que tem
sido a bandeira do seu executivo,
sublinhando a aprovação de diplo-
mas fundamentais e os vários pro-
cessos-crime e cíveis em curso com
alguns já transitados em julgado.
O Presidente aÆrmou que o Estado
terá sido lesado em, pelo menos, 24
mil milhões de dólares (20,48 mil
milhões de euros), valores que tinha
revelado no Æm-de-semana em entre-
vista ao The Wall Street Journal, acres-
centando, no entanto, que este mon-
tante deve ser superior.
“Dizemos pelo menos porque à
medida que se vão aprofundando as
investigações de alguns processos e
seus protagonistas, vão-se desco-
brindo coisas novas, sendo muito
provável que mais tarde se venham
a anunciar números bem maiores do
João Lourenço fez o quarto
discurso à nação do mandato
que este, que, por si só, já ultrapassa
a dívida de Angola com seu principal
credor”, sublinhou na Assembleia
Nacional.
O chefe do executivo angolano
estimou que foram já recuperados
cerca de 4,9 mil milhões de dólares
(4,18 mil milhões de euros) entre
imóveis, dinheiro e outros bens.
João Lourenço destacou que o Tri-
bunal de Contas reforçou as acções
de Æscalização sobre as contas públi-
cas, o que tem permitido “moralizar
a execução Ænanceira do Estado”,
diminuindo as margens para de cor-
rupção, um “nefasto fenómeno”.
Autárquicas
João Lourenço disse ainda que as
eleições autárquicas, previstas para
2020, “não foram adiadas porque
nunca foram convocadas”, e salien-
tou que seria “irrealista e irrespon-
sável” realizar o sufrágio este ano.
O Presidente garantiu que “todos”
estão interessados na realização des-
sas eleições que vão decorrer pela
primeira vez em Angola e que farão
“emergir um novo tipo de poder”.
Os partidos da oposição manifes-
taram o seu desapontamento com o
discurso. O deputado da Convergên-
cia Ampla de Salvação de Angola —
Coligação Eleitoral (CASA-CE)
Manuel Fernandes sublinhou que “o
ideal seria ver o Presidente apontar
um cronograma que visasse a reali-
zação das eleições autárquicas pelo
menos no próximo ano”. Sobre o
combate à corrupção, disse que o
importante é “devolver ao Estado
aquilo que foi surripiado”.
Na mesma linha, o deputado da
União Nacional para a Independên-
cia Total de Angola (UNITA) Raul
Danda disse que o Presidente ango-
lano “passou muito a leste daquilo
que são as principais questões”. “O
Presidente continua a ser bastante
omisso relativamente a datas para a
realização das eleições autárquicas
e voltou a dar o dito pelo não dito,
infelizmente”, frisou.
O líder da bancada parlamentar do
Partido de Renovação Social (PRS),
Benedito Daniel, disse que uma data
seria importante para “ajudar os par-
tidos políticos a fazerem o seu calen-
dário e a prepararem-se”. Lucas
Ngonda, da representação da Frente
Nacional de Libertação de Angola
(FNLA) defendeu que João Lourenço
“devia dar um horizonte” para as
eleições. PÚBLICO/Lusa

O mundo que se conta a partir do que se diz
A minha defesa da Administração Trump seria a de que acertou ao assumir a linha dura com a China e alterar
o rumo, depois do que tinha sido uma espécie de ponto de vista fatalista de Obama, de que não havia nada a
fazer para deter a China, Niall Ferguson, historiador
Biden e a segunda guerra fria
H
istoriador conservador escocês, admirador de John McCain,
biógrafo de Henry Kissinger, Niall Ferguson costuma acertar nas
suas previsões e diz, em entrevista ao El País, que Joe Biden vai
ganhar as eleições nos EUA e por uma margem suficiente para
não haver a grande crise constitucional de que tanto se fala. Mas, ao
contrário da maioria dos seus pares, não acha que eleger o candidato
democrata traga melhor sorte ao mundo, porque “quando os
presidentes democratas são eleitos com uma agenda doméstica
importante, acabam por se meter em guerras”. Aconteceu com
Woodrow Wilson, Roosevelt, Truman, Kennedy, Lyndon Johnson. O
historiador acredita que a China irá forçar uma crise de Taiwan e o
“momento inteligente para o fazer seria logo no princípio da
presidência de Biden”, o que deixará o Presidente democrata “sem
tranquilidade para fazer a sua agenda doméstica”. Para quem acha
que o maior legado de Trump será o facto de ter confrontado a China,
superando a debilidade anterior de Washington em relação a Pequim.
“Rompeu com um consenso sobre a China que remontava a Kissinger
e Nixon. Conduziu o público norte-americano a um quadro mental
completamente diferente em relação à China”, diz, garantindo que
até os apoiantes do Partido Democrata perceberam que “a segunda
guerra fria começou”.
Soldados chineses, preparem-se
N
a sua ida anual a Shenzen, a menina dos olhos do futuro da
China, Xi Jinping explicou esta semana que o mundo vive num
“período de turbulência e transformação” e, numa altura em que
o império do meio procura “ganhar a iniciativa na revolução
tecnológica”, o Presidente chinês quer também consolidar o seu
poder político no mundo, daí que tenha aproveitado uma visita a uma
base militar na província de Cantão para dizer aos soldados:
“Empenhem-se de alma e coração na preparação para a guerra.” De
acordo com a agência estatal chinesa Xinhua, Xi pediu aos militares
para se “manterem em estado de alerta máximo” e que sejam
“absolutamente leais, absolutamente puros e absolutamente
confiáveis”. O analista chinês Lanxin Xiang fala na possibilidade de
uma “surpresa de Outubro”, aquilo que em jargão político dos EUA
quer dizer um acontecimento que pode influenciar o curso de uma
eleição. “A surpresa de Outubro como conflito militar não é
impensável porque Trump pode querer uma presidência em guerra”,
afirma Lanxin. Poderia ser em Taiwan ou um conflito limitado no mar
da China, mas a verdade é que “os militares chineses estão muito
preocupados”, explica o professor no Instituto Universitário de Altos
Estudos Internacionais.
Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 29
MUNDO
Por
P o António Rodrigues
Jornalista.
Jo
orn Escreve à sexta-feira
Kissinger e T.E. Lawrence
S
e até Henry Kissinger, o homem responsável pela aproximação dos
Estados Unidos à República Popular da China nos anos 1970, está
convencido de que estamos perante uma nova guerra fria, como
lembra o Financial Times em editorial, é bem provável que estejamos
mesmo perante uma, embora o antigo conselheiro da Casa Branca já tenha
afirmado estarmos perante uma nova guerra fria em 2015, face à crise
ucraniana. O jornal britânico afirma que “não será fácil” impedir o mundo
dessa “deriva em direcção a uma nova guerra fria” e que, para o conseguir,
se requerem mudanças profundas. Desde 2018 que os EUA se preparam
para um novo tipo de conflitos derivado da “concorrência entre grandes
potências”, daí que a Administração Trump tenha começado a desviar as
suas Forças Armadas do combate ao terrorismo para enfrentar “os
Estados-nação ameaçadores”. Mas se esta é uma nova guerra fria, não se
combaterá com tropas convencionais, como afirma Seth McFate na revista
Zona Militar. “Quem pensa que a ‘concorrência entre grandes
competências’ será uma guerra convencional está enganado (…). China e
Rússia conquistam mediante estratégias de guerra irregular”, adianta o
investigador do Atlantic Council que cita T.E. Lawrence: “A guerra irregular
[é] muito mais intelectual do que uma carga de baioneta.”
Quem é mais eficiente
S
e a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética se centrava na
ideologia, em duas formas políticas de construir a sociedade, a nova
guerra fria em que parecem empenhados Washington e Pequim nada tem
que ver com ideologia — mesmo que o Presidente chinês tenha reiterado
recentemente o papel central do Partido Comunista Chinês no
desenvolvimento do país. Segundo o antigo diplomata venezuelano e
académico Alfredo Toro Hardy, na sua coluna de opinião desta semana no El
Universal, o confronto entre estas duas potências está baseado na capacidade
de produzir resultados, sejam eles económicos, tecnológicos, comerciais ou
militares. “O elemento determinante desta nova guerra fria é, portanto, a
eficiência.” E, nesse domínio, os EUA perdem porque “o seu sistema político se
tornou demasiado disfuncional para prevalecer numa medição de forças
baseada na eficiência” e a China “sabe produzir resultados”, como se
demonstra por quase 40 anos de acelerado desenvolvimento económico. A
China tem um objectivo, “converter-se em número um em 2049, ano do
centenário da República Popular fundada por Mao”, uma meta capaz de
unificar toda uma nação sob a mesma bandeira, enquanto os EUA “se
encontram divididos em duas partes irreconciliáveis de sociedade”.
30 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
CIÊNCIA
A dieta mediterrânica torna-nos
mais resistentes à covid-19?
Conferência no Dia Mundial da Alimentação, que se comemora hoje, explica de que forma a obesidade,
diabetes e hipertensão nos deixam mais vulneráveis ao novo coronavírus e como a dieta pode ajudar
Alimentação
Alexandra Prado Coelho
Num terreno em que ainda há tantas
incógnitas como o da covid-19, um
dado tem sido repetido consistente-
mente desde o início da pandemia: as
pessoas com obesidade ou com doen-
ças como diabetes, hipertensão ou
patologias cardiovasculares são mais
vulneráveis ao vírus.
A dieta mediterrânica — que passa
por uma relativa frugalidade e uma
alimentação que privilegia o azeite, o
peixe, os legumes, a fruta, os frutos
secos, a água como bebida principal
e o convívio à mesa — é, tanto quanto
se sabe, uma das melhores aborda-
gens para combater este conjunto de
doenças e, portanto, também para
ajudar a criar maior resistência a vírus
como o da covid-19.
É esta a ideia principal que Alejan-
dro Santos, professor da Faculdade
de Ciências da Nutrição e Alimenta-
ção da Universidade do Porto, vai
apresentar hoje na conferência Dieta
Mediterrânica à Portuguesa, a propó-
sito do Dia Mundial da Alimentação.
Se desde o início do ano a covid-19
tem dominado todas as atenções, o
facto é que “as doenças do aparelho
circulatório são a principal causa de
morte em Portugal, com o AVC a lide-
rar, e os tumores malignos têm tido
um crescimento muito acentuado”,
nota Alejandro Santos. “São doenças
não-transmissíveis, fortemente
dependentes do estilo de vida, e estão
no topo dos dados de mortalidade
total e de mortalidade prematura no
nosso país. E sabemos que os hábitos
alimentares inadequados são os prin-
cipais determinantes da perda de
anos de vida saudáveis.”
Antes de chegarmos à questão da
covid-19, é importante recordar
alguns números: 5,9 milhões de por-
tugueses (57% da população nacional)
têm excesso de peso, uma situação
que é particularmente grave no caso
dos idosos (81%) e mais elevada nas
pessoas com um nível educacional
mais baixo. No que diz respeito ao
colesterol total, 63,3% dos portugue-
ses (dos 25 aos 74 anos) têm níveis
elevados, enquanto a diabetes afecta
10% da população (23,8% dos indiví-
A dieta mediterrânica privilegia frutas, legumes, azeite ou peixe; em baixo, Alejandro Santos
duos entre os 65 e os 74 anos).
Outro dado preocupante, que Ale-
jandro Santos sublinha: as doenças
oncológicas têm tido um aumento
muito signiÆcativo entre a população
portuguesa, sendo já a segunda causa
de morte. Perante este cenário, con-
clui-se que Portugal tem uma popu-
lação com elevado nível de vulnera-
bilidade a um vírus como o SARS-Cov-
2, particularmente agravado entre a
população idosa e mais pobre.
Foram já realizados vários estudos
para avaliar os efeitos de diferentes
tipos de dietas nestas patologias. Num
deles, citado por Alejandro Santos,
durante dois anos dividiu-se um gru-
po de 322 indivíduos moderadamen-
uindo três
te obesos em três, seguindo
ergética,,
dietas com restrição energética,
uma com baixo teor de gordura,
outra mediterrânica e uma ter-
ceira com baixo teor de hidratos
de carbono. “Os diabéticosticos
que seguiram a dieta medi-di-
i vo
terrânica tiveram uma a severos da mesma”,
redução muito marcada a com risco de compli-
da glicemia em jejum”,,
refere o investigador, o
que mostra que, com idêntica perda
de peso, a dieta mediterrânica foi mais
eÆcaz no controlo da diabetes.
Outros estudos apontam na mesma
direcção. O Lyon Diet Heart Study, que
incluiu 605 homens e mulheres de
meia-idade que tinham sofrido enfar-
te de miocárdio, acompanhou-os
durante quatro anos em que uns con-
sumiram a dieta mediterrânica e
outros uma dieta de tipo ocidental.
No Ænal, o primeiro grupo teve uma
redução de 72% na probabilidade de
sofrer um segundo enfarte ou de mor-
rer de doença cardíaca.
Mas, aÆnal, qual a relação de tudo
isto com a covid-19? O professor da
Faculdade de Nutrição reforça a ideia:
“Existem já dados muito interes-
“E
santes que
qu mostram que os
doentes co
com obesidade, síndro-
me metab
metabólica e diabetes tipo 2
são mais susceptíveis
s a adquirir
a infec
infecção e podem desen-
volver quadros mais
cações graves e de
morte.
NUNO FERREIRA SANTOS
Em pessoas obesas, diz, “há uma
desregulação do processo inÇamató-
rio do organismo que contribui para
o evoluir desfavorável da doença”.
Isto signiÆca que estão num estado de
inÇamação crónica de baixo grau,
com uma elevação das adipocitocinas
pró-inÇamatórias e redução das anti-
inÇamatórias, o que “compromete a
resposta imunitária”. Daí que, por
exemplo, “tenham uma resposta
menos eÆcaz à vacinação da gripe”.
Acesso online à conferência
Quando o vírus ataca, “o indivíduo
vai ter uma resposta excessiva, com
a produção daquilo que se chama
uma ‘tempestade de citocinas’, agra-
vando de forma desproporcionada o
processo inÇamatório, que leva pro-
gressivamente à falência dos órgãos
e a situações irreversíveis ou que faz
com que os doentes que recuperam
Æquem com sequelas mais graves e
duradouras.”
Num artigo publicado em Abril
sobre a relação entre obesidade e
covid-19, Alejandro Santos salienta
também que “a baixa actividade físi-
ca, isoladamente ou em associação
com a resistência à acção da insulina,
limita a resposta imunitária contra
agentes infecciosos”. Por último, exis-
tem já dados que apontam para maior
capacidade de contágio por parte da
população obesa, alguns dos quais
indicam que “os indivíduos obesos
com gripe transmitem o vírus por um
período de tempo até 104% superior”
ao de outros.
No padrão alimentar mediterrâni-
co — em que o azeite virgem extra é
um pilar central, mas que funciona
essencialmente pela conjugação de
todos os alimentos — “há um conjun-
to de moléculas com efeitos interes-
santes na regulação do metabolismo,
nomeadamente num aspecto crucial
que é o controlo do processo inÇama-
tório”. Isso passa, entre outras coisas,
pelo facto de o tipo de dieta que faze-
mos poder alterar as bactérias que
temos nos intestinos, reduzindo os
processos inÇamatórios e a resistên-
cia à insulina e, portanto, ajudando a
controlar a diabetes.
No artigo de Abril, Alejandro San-
tos frisa que, “ao contrário das conhe-
cidas catástrofes epidémicas da Idade
Média, estas epidemias não se fazem
acompanhar de períodos de fome,
mas atingem igualmente os obesos,
que são, de certa maneira, os malnu-
tridos destes tempos”.
A palestra Padrão Alimentar Medi-
terrânico e Saúde é apresentada hoje
no âmbito da conferência Dieta Medi-
terrânica à Portuguesa (entre as 9h30
e as 13h), organizada pelo grupo Jeró-
nimo Martins, e que pode ser acom-
panhada online em dietamediterrani-
caaportuguesa.pt/.
A conferência inclui intervenções
sobre a adesão dos portugueses à die-
ta mediterrânica (por Maria João Gre-
gório, directora do Programa Nacio-
nal de Promoção da Alimentação
Saudável da Direcção-Geral da Saúde)
ou o afastamento dos portugueses da
dieta mediterrânica (pela investigado-
ra Mónica Truninger) e uma mesa-
redonda com o tema Como Salvar a
Dieta Mediterrânica?, com conclusões
cientíÆcas de Pedro Graça, director
da Faculdade de Ciências da Nutrição
da Universidade do Porto.
apc@publico.pt
 7.ª EDIÇÃO
23 A 25 DE
OUTUBRO
os
20 acess ra
o s pa
exclusiv s
ass in a n te

Experimente o mundo por prova

dos vinhos portugueses

Este ano, o maior evento do mundo de vinhos portugueses é digital. Este evento conjunto dos jornais PÚBLICO,
O Globo e Valor Económico, em parceria com a ViniPortugal, inclui 62 sessões ao vivo que envolvem jornalistas,
enólogos, produtores e 15 provas de vinho conduzidas por críticos portugueses e brasileiros.
Encomende o seu pack e desfrute da prova no conforto da sua casa. Poderá também assistir às sessões
com os especialistas e aceder à plataforma digital do evento onde terá acesso a todas
as grandes histórias do mundo dos vinhos portugueses. Não perca uma viagem exclusiva
pelos aromas do vinho português nos dias 23, 24 e 25 de Outubro.

PACKS PARA AS PROVAS DE SÁBADO, 24 DE OUTUBRO

Jorge Lucki
Crítico brasileiro, escreve
no jornal Valor Económico
e nas revistas Valor Investe
e Prazeres da Mesa

Dirceu Vianna Júnior

Portugal: excelência na diversidade Qual o melhor vinho? Varietal, Quatro faces do Vinho do Porto Crítico brasileiro e único
CRÍTICA POR LUÍS LOPES Vinho de Corte ou field blend? CRÍTICA POR MANUEL CARVALHO representante de língua
Anselmo Mendes, Parcela Única CRÍTICA POR DIRCEU VIANNA JÚNIOR Symington, portuguesa com o título
Monção e Melgaço Alvarinho, 2017 Quinta do Vallado, Graham’s Porto Tawny 10 anos de master of wine, a mais alta
Herdade Pegos Claros, Pegos Claros Field Blend Reserva, 2017 Quinta da Pacheca, qualificação de excelência
Palmela Grande Escolha Tinto, 2016 Quinta São José, Quinta São Pacheca 20 anos
profissional em vinhos
Falua, Conde Vimioso José Touriga Nacional, 2017 Ramos Pinto,
Tejo Reserva Tinto, 2017 Rui Roboredo Madeira, LBV 2014
Julia Kemper Wines, Castelo d’Alba Reserva, 2017 Alves de Sousa,
Julia Kemper Reserva Tinto, 2011 Casa Ferreirinha, Vintage 2017 Manuel Carvalho
50€ Callabriga Tinto, 2018 67€ Director do jornal PÚBLICO.
45€ Fundou o Fugas e escreveu,
em autoria exclusiva ou em
co-autoria, livros sobre
o Douro e a memória
do vinho do Porto

Rui Falcão
Crítico e jornalista.
A arte do corte em Portugal O Casal Jorge e Sandra, Vinhos de Verão
É promotor e autor
CRÍTICA POR RUI FALCÃO um caso de sucesso – Wine&Soul CRÍTICA POR RUI FALCÃO
do evento internacional
Herdade dos Coteis, CRÍTICA POR JORGE LUCKI Adega de Cantanhede, MUST – Fermenting Ideas
Coteis Grande Escolha Tinto, 2018 Wine&Soul, Marquês de Marialva Baga Cuvée, 2014
Adega Mãe, Manoella Branco 2019 Caminhos Cruzados,
Pinta Negra Tinto, 2019 Wine&Soul, Titular Rosé, 2019
Juliana Kelman, Manoella Tinto 2017 Lima & Smith, Luís Lopes
Kelman Reserva Lagar 2013 Wine&Soul, Covela Rosé, 2018 Crítico português,
Boas Quintas, Pintas Character 2017 Quinta do Ameal, fundou a Revista de Vinhos.
Opta Dão Encruzado, 2018 37€ Ameal Loureiro, 2019 É o actual director da revista
36€ 38€ Grandes Escolhas

INSCREVA-SE:
Aponte a câmara do seu telemóvel para este código para se inscrever nas provas ou nas sessões. Ou vá a publico.pt/vinhosdeportugal2020/provas
Tem questões? Nós ajudamos. Contacte assinaturas@publico.pt ou ligue 808 200 095 (dias úteis das 9h às 18h).
Cada prova de vinhos está limitada a 20 acessos exclusivos para assinantes. Entregas em 48 horas úteis para Portugal continental, com portes de envio de gratuitos. Por razões de
natureza logística, as entregas de vinhos para as provas são limitadas a Portugal continental. É proibida a venda de álcool a menores de 16 anos. Seja responsável, beba com moderação.

REALIZAÇÃO PARCERIA APOIO PARTICIPAÇÃO APOIO HOTEL COPO RÁDIO PROJECTO

INSTITUCIONAL OFICIAL OFICIAL OFICIAL
32 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
CULTURA
Foi pela geometria que Almada
entrou nos Painéis de São Vicente
Um estudo que é também uma obra Änal,
carregada de Äguras geométricas feitas
por Äos multicolores: a nova exposição
do Museu Nacional de Arte Antiga exibe
um artista fascinado pela matemática
Artes
Lucinda Canelas (texto)
e Daniel Rocha (fotografia)
Um pacto entre amigos que dura a
vida toda não é coisa só dos livros,
embora pareça. Almada Negreiros,
o português que quis experimentar
(quase) todas as artes, honrou um
pacto assim, mesmo depois de terem
morrido os pintores com quem o
celebrara, Guilherme de Santa Rita
e Amadeo de Souza Cardoso.
Almada tinha 25 anos e era o mais
novo dos três quando em 1918 entrou
com os amigos no Museu Nacional
de Arte Antiga (MNAA) para ver os
Painéis de São Vicente de Fora, seis
tábuas que o historiador de arte José
de Figueiredo atribuíra a Nuno Gon-
çalves oito anos antes, na mesma
altura em que o pintor Luciano Frei-
re dera por concluído o restauro
desta obra da segunda metade do
século XV, a mais importante das
pinturas portuguesas.
Fascinados pelos Painéis, Amadeo,
Santa Rita e Almada acordaram,
então, estudá-los até ao Æm da vida
— os dois primeiros morreriam nesse
mesmo ano, o terceiro passaria déca-
das a cumprir o que prometera, pro-
curando fazer da geograÆa uma fer-
ramenta para melhor interpretar
esta e outras obras de arte.
Explorar a pesquisa que Almada
faz em torno da geometria, da mate-
mática, é precisamente o principal
objectivo da exposição ontem inau-
gurada na Sala do Tecto Pintado do
MNAA, em Lisboa, Almada Negreiros
e os Painéis. Um Retábulo Imaginado
para o Mosteiro da Batalha (até 10 de
Janeiro), e da que está prevista para
a Batalha, Almada Negreiros e o Mos-
teiro da Batalha. Quinze Pinturas
Primitivas num Retábulo Imaginado,
ainda sem data de inauguração.
Nas duas se mostram obras, dese-
nhos, maquetes e outros materiais
preparatórios que Almada Negreiros
(1893-1970) foi criando à medida que
ia aprofundando a sua investigação,
e as suas teorias, sobre a relação entre
a geometria e a arte, explica Simão
Palmeirim, que divide o comissariado
das exposições com Pedro Freitas.
Palmeirim é de Belas-Artes, Freitas
de Matemáticas, duas faces da mesma
moeda quando se trata de tentar
acompanhar a cabeça de um artista
que recorre a estruturas geométricas
para analisar os Painéis de São Vicente,
aqui vistos como ponto de partida
para uma reÇexão mais ampla que faz
de circunferências, rectângulos,
losangos, diagonais, pentágonos e
hexágonos regulares ferramentas de
interpretação da pintura.
Se no MNAA as duas peças centrais
são Os quinze painéis na Capela do
Fundador (1960), nunca exposta inte-
gralmente, e Estudo em fio dos Painéis
de São Vicente (1950) — obra que aca-
ba de ser restaurada e que, apesar de
ter sido feita há 70 anos, nunca foi
mostrada publicamente —, na Batalha
as atenções incidirão na reconstitui-
ção em tamanho natural do retábulo
que o artista imaginou para a capela
onde está sepultada parte da dinastia que o Almada vai com o [historiador olhar magnético, uma memória 11 cores diferentes e próprio para
de Avis, composto por 15 pinturas, de arte] José de Bragança ao Museu visual e uma inteligência impressio- bordar, material que Almada terá ido
incluindo os Painéis de São Vicente, de Arte Antiga e surge a teoria dos nantes. Muitas vezes, quando falava buscar, provavelmente, à caixa de
que Almada acreditava terem sido ladrilhos, que os dois hão-de dispu- de geometria, eu percebia muito costura de Sarah Aèonso, sua mulher
criados para aquele mosteiro. tar em colóquios, artigos de jornal e pouco, mas conversar com o Almada e também ela artista.
até numa cena de pancadaria”, lem- era, acima de tudo, deixá-lo falar. Ele “Foi um autêntico quebra-cabe-
A teoria dos ladrilhos bra Valdemar. Esta teoria, explica fala de maneira solene, como quem ças, que começámos a tentar montar
O ano do pacto entre os três amigos Pedro Freitas num texto escrito para quer deixar escritas coisas importan- a partir da nossa observação directa,
não é, no entanto, o mais decisivo a exposição, atesta que, quando tes, para o futuro.” dos desenhos preparatórios e do tra-
para a “obsessão saudável” que agrupados num políptico de seis Quando saem no DN as entrevis- balho já feito pelo Pedro e pelo
Almada Negreiros tinha pelos Painéis tábuas e não em dois trípticos de tas, a obra central da actual exposi- Simão”, explica Paula Monteiro,
e pela geometria. Quem o diz é o jor- três, como estariam em 1926, os Pai- ção do MNAA já estava no atelier do frente à obra já restaurada.
nalista e investigador António Valde- néis exibem um ponto de fuga artista em Bicesse há dez anos. Pas- De longe é um emaranhado de Æos
mar, que conheceu bem o artista e comum para os ladrilhos. Foi com sariam mais 60 até que chegasse às de várias cores, que desenham Ægu-
que com ele conversou longamente base nela que foram reorganizados mãos da equipa do Instituto José de ras geométricas mais ou menos evi-
a propósito das suas teorias sobre os em 1940 como uma única obra. Figueiredo que agora a restaurou. dentes. Mas, à medida que nos apro-
Painéis e a Batalha, conversas que “O Almada reclamou a teoria, o ximamos, Estudo em fio dos Painéis
deram origem a uma série de entre- Bragança também. Estou convenci- Um restauro complexo de São Vicente torna-se cada vez
vistas publicadas no Diário de Notí- do de que o Bragança tinha razão, A parte mais exigente deste projecto mais complicada, com Æguras dentro
cias em 1960 e editadas pela Assírio mas o Almada da geometria era mui- multidisciplinar que contou com a de Æguras e diagonais que parecem
& Alvim em 2015 (Almada. Os Pai- to mais do que esta ideia”, garante participação de técnicos especializa- acabar de repente.
néis, a Geometria e Tudo). António Valdemar, recordando os dos nas áreas de pintura, papel e Quando os técnicos chegaram a
“Não acredito nesse pacto. Não jantares em casa do artista e as entre- fotograÆa coube aos têxteis. Paula esta obra que terá passado décadas
estou a ver o Amadeo, um dandy, a vistas feitas enquanto passeavam por Monteiro, Luís Pedro e Elsa Lopes encostada no atelier, Estudo em fio…
aceitar rapar o cabelo para o cele- Lisboa, antes ou depois de uma ter- Æzeram um “trabalho de detective” precisava urgentemente de restauro.
brar, como se diz que Æzeram. O ano túlia no Hotel Aviz. para perceber por onde passavam Um restauro que só se tornou pos-
de 1926 é o que mais interessa. É aí “Era um grande sedutor. Tinha um metros e metros de Æo de algodão de sível porque os comissários identiÆ#

O restauro desta obra em que
Almada aplicou fios de bordar
possivelmente cedidos por
Sarah Affonso foi desafiador
caram os desenhos preparatórios
que o artista para ela fez.
“Não se tinha ainda podido mexer
nesta obra porque ninguém sabia
por onde passavam os Æos que entre-
tanto tinham caído”, diz Simão Pal-
meirim. “Quando encontrámos os
desenhos e percebemos que nos
davam os vários passos da constru-
ção de todas aquelas Æguras, a sobre-
posição das várias camadas, Æcámos
com um livro de instruções.”
Alguns dos Æos estão presos por
arames ao contraplacado pintado
com aguadas que tem ao centro uma
reprodução fotográÆca dos Painéis,
outros são atados a Æos previamente
estendidos, começando com uma
laçada e terminando, regra geral,
com um nó. Esta metodologia, este
ritual, tem poucas excepções. O pas-
sar do tempo e o facto de serem
linhas concebidas para aplicar em
tecido e não para estarem em tensão
e em contacto com metal Æzeram
com que muitas se partissem.
Os técnicos optaram por substituir
as dezenas de metros de Æo colorido
A geometria passa por completo porque, diz Paula Mon-
a ser um tema teiro, o “principal objectivo era con-
servar a ideia de Almada e não os
tanto mais intenso materiais de que é feita”. A opção,
para Almada contrária ao que é habitual nas prá-
ticas de conservação e restauro con-
quanto mais temporâneas, era a única capaz de
próximo ele está garantir que a obra “perdurava”.
“Combinando Æos novos e Æos anti-
do Äm da vida gos a obra não teria Æcado com uma
— as cores usadas leitura coerente e duraria pouco”,
explica Gabriela Carvalho, coorde-
em Estudo em Äo nadora do instituto.
dos Painéis de São
Matemática performativa
Vicente são, aliás, Foram precisos 15 dias de observa-
as mesmas do ção só para que os três técnicos de
têxteis identiÆcassem as formas geo-
painel Começar, métricas. “E depois montar foi uma
obra-testamento aventura, porque quisemos manter
os cruzamentos, as sobreposições
e epílogo da sua originais e a ligação dos Æos entre si”,
investigação admite Luís Pedro, que com os cole-
gas chegou a passar sete horas por
matemática dia a esticar e a prender Æos.
Almada avançou, explicam, de
Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 33
fora para dentro, e não o terá feito
sozinho. As primeiras Æguras são a
Æo branco, as últimas a azul. “Há um
enorme cuidado estético”, diz Simão
Palmeirim. “Se os Æos brancos fos-
sem colocados ao centro, os Painéis
desapareceriam.”
Pedro Freitas não tem dúvidas de
que Almada criou este estudo para
que fosse visto. “Se o intuito fosse
apenas fazer uma coisa para ajudar
a pensar, teria desenhado”, argu-
menta este matemático que diz ser
“notável” a interpretação que o artis-
ta faz dos Painéis com base na geo-
metria logo em 1950. “É um olhar já
muito complexo, mas que se adensa
na década seguinte.”
A geometria passa a ser um tema
tanto mais intenso para Almada
quanto mais próximo ele está do Æm
da vida, acrescenta Palmeirim, cha-
mando a atenção para o facto de as
cores usadas neste Estudo em fio…
serem as mesmas do painel Começar
(1968), obra-testamento e epílogo da
sua investigação matemática.
“O que Almada faz, mesmo mate-
maticamente, tem valor, o que é
raríssimo num artista”, diz Freitas.
Mas este fascínio, completa Palmei-
rim, não se resume ao passado: “Ele
usa os Painéis para ir buscar referen-
tes para uma nova arte.”
Ambos vêem na pesquisa geomé-
trica de Almada um lado de “grande
intimidade”. Se “há um certo espec-
táculo na proposta de um retábulo
para a Capela do Fundador na Bata-
lha”, diz Palmeirim, também é ver-
dade que ela “resulta de uma reÇe-
xão solitária”. Pedro Freitas concor-
da: “Almada não está a fazer contas,
mas performance. Há vontade de
exibir o que descobriu sozinho.”
Mesmo que a concepção se deva a
uma só cabeça, não há como não
pensar na diÆculdade que a sua exe-
cução a solo representaria. É bem
possível que Sarah Aèonso não se
tenha limitado a dar a Almada alguns
dos seus Æos de bordar.
lcanelas@publico.pt
34 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
CULTURA
O regresso (não 100%
presencial) da música
a Queluz e a São Roque
Música
Cristina Fernandes
Intérpretes de referência
e música portuguesa do
passado e do presente
em dois ciclos aliciantes
que hoje começam
O ciclo Noites de Queluz, promovido
pela Parques de Sintra em parceria
com o Centro de Estudos Musicais e
Setecentistas de Portugal — Divino
Sospiro, e a temporada Música em
São Roque, organizada pela Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa
(SCML), fazem parte há anos das roti-
nas de muitos melómanos e do ima-
ginário musical do Outono. Centrado
no repertório setecentista, em sinto-
nia com a herança histórica do Palá-
cio de Queluz, o primeiro tem trazido
a Portugal intérpretes de primeiro
plano internacional, enquanto o
segundo se distingue pela forte apos-
ta na música e nos músicos portugue-
ses, tendo como cenário espaços do
património arquitectónico da SCML.
Em ambos os casos tem sido também
notória a preocupação de divulgar
repertórios pouco conhecidos ou iné-
ditos e de recuperar obras ligadas à
história da música em Portugal.
Este ano, os dois ciclos coincidem
nas datas (16 de Outubro a 13 de
Novembro), mas a pandemia traz
mudanças. Assim, a temporada Músi-
ca em São Roque, que se inicia esta
noite, às 21h, com o Coro Gulbenkian
e o programa Rosa Immaculata ( músi-
ca mariana ibérica dos séculos XVI e
XVII), realiza-se sem público presen-
cial, sendo os concertos transmitidos
na plataforma rtp.pt/play/palco/ e no
site da SCML. Quanto às Noites de
Queluz, têm lotação limitada e serão
paralelamente transmitidas online.
Com direcção artística de Massimo
Mazzeo, as Noites de Queluz abrem
às 21h30 de hoje com o concerto O
Sonho de Arianna, dedicado a quatro
Æguras femininas da Antiguidade
Clássica (Leda, Helena, Ariana e
Medeia), vistas através da música de
Alessandro Stradella e interpretadas
pela soprano Roberta Mameli e pelo
Ensemble Mare Nostrum. Amanhã, o
Concerto Campestre, dirigido por
Pedro Castro, interpreta a “Gran Par-
tita” — Serenata n.º 10, K. 361, de
Mozart, obra-prima da música para
instrumentos de sopro, e excertos da
O Ensemble Mare Nostrum abre hoje as Noites de Queluz com o concerto O Sonho de Arianna
ópera Don Giovanni, em arranjos de
Josef Triebensee (1772-1846).
Seguem-se, a 24, a música da famí-
lia Bach por dois exímios intérpretes,
a Çautista Laura Pontecorvo e o cra-
vista e maestro Rinaldo Alessandrini,
e no dia 25 um concerto para famílias
em torno de Dom Quixote no Casa-
mento de Comacho, de Telemann.
Como é habitual, o pianoforte Cle-
menti do Palácio de Queluz (construí-
do em Inglaterra em 1810) voltará a
soar pelas mãos de dois reconhecidos
especialistas em instrumentos de
tecla históricos: no dia 30, Andreas
Staier acompanha a soprano Nurial
Rial em canções de Haydn e Mozart e
na famosa cantata Arianna a Naxos,
Ambos os ciclos,
que já fazem parte
do imaginário
musical outonal,
têm investido na
recuperação de
obras ligadas à
história da música
em Portugal
de Haydn, e a 6 de Novembro Stefania
Neonato toca obras de Clementi, João
Domingos Bomtempo e Beethoven.
No dia 31, merece especial desta-
que a estreia moderna em Portugal
de La Contesa delle Stagioni, a única
serenata composta por Domenico
Scarlatti durante o tempo em que
esteve ao serviço da corte de Lisboa.
Estreada em 1720 para celebrar o ani-
versário de D. Maria Anna de Áustria,
grande impulsionadora da música
dramática de origem italiana em Lis-
boa, será apresentada em parceria
com outra serenata de tema seme-
lhante, que a futura rainha consorte
de Portugal terá ouvido na corte de
Viena: La gara delle quattro stagioni,
de Giovanni Bononcini.
O encerramento do ciclo caberá ao
prestigiado agrupamento Le Concert
de l’Hostel Dieu, que regressa a
Medeia através da música de Marc
Antoine Charpentier e de Haendel.
No rasto dos jesuítas
Com direcção artística de Filipe Car-
valheiro, a temporada Música em São
Roque conta com dez concertos e
cinco sessões de apreciação musical
pelo maestro Martim Sousa Tavares,
igualmente transmitidas via strea-
ming. O programa inclui três estreias
DR
absolutas, duas delas encomendadas
pelo Ludovice Ensemble no âmbito
do programa Na senda dos jesuítas:
Paris–Lisboa — Goa–Nagasáqui, dirigi-
do por Miguel Jalôto (dia 25): O tempo
do leque, de César Viana, e de Como
uma Gota de Orvalho, de Vasco
Negreiros. Três Poemas de Eugénio de
Andrade, de Miguel Resende Bastos,
vencedor do Prémio Musa 2020, será
a terceira obra em primeira audição.
Poderá ser ouvida a 30, juntamente
com a estreia moderna de duas mis-
sas para coro e piano de Francisco Sá
Noronha, na interpretação do ensem-
ble MPMP e dos pianistas Duarte
Pereira Martins e Philippe Marques.
Outra novidade será o resgate pelo
Americantiga Ensemble, no dia 6, de
uma versão do Requiem de Mozart
que está no arquivo da Sé de Évora, e
cujo acompanhamento é constituído
por violoncelo, fagotes, contrabaixo
e órgão, reÇexo de uma prática da
época. A música fúnebre preenche
também o concerto de 1 de Novem-
bro, no qual se ouvirão o Requiem de
Manuel Mendes e outras obras de
autores ligados à Sé de Évora.
O encerramento do ciclo caberá à
Orquestra Barroca Casa da Música,
com a Suite n.º 4, de J. S. Bach, e o
Stabat Mater, de Boccherini.
Breves
Cinema
Olsberg terá um ano
para traçar estratégia
do cinema português
A Olsberg, consultora inglesa
contratada para elaborar um
plano estratégico a cinco anos
para o cinema e o audiovisual
português, terá de apresentar
o seu relatório final até Julho
de 2021. De acordo com o
Portal Base, o Estado pagará
46.150 euros pelos serviços da
Olsberg. A metodologia e o
calendário da elaboração do
plano deviam ter sido
apresentados há uma semana,
no Instituto do Cinema e do
Audiovisual, mas a sessão
acabou adiada para data a
agendar por não ter sido
assegurada tradução
simultânea. Vários agentes do
sector lamentaram de resto a
decisão de confiar este plano
estratégico a uma empresa
estrangeira.
Política cultural
Plateia alerta
para atraso em três
concursos da DGArtes
A Plateia — Associação de
Profissionais das Artes
Cénicas pediu à DGArtes “um
esclarecimento com carácter
urgente” para o atraso na
divulgação dos resultados de
três concursos do Programa
de Apoio a Projectos (Criação
e Edição, Programação e
Desenvolvimento de Públicos
e Internacionalização), que
deveriam ter sido conhecidos
em Setembro. As candidaturas
abriram a 19 de Maio e
encerraram a 2 de Julho e os
projectos apoiados têm de ser
executados no período
compreendido entre 1 de
Novembro de 2020 e 31 de
Dezembro de 2021. À Lusa,
fonte oficial da DGArtes disse
no começo deste mês que os
resultados deverão ser
publicados até ao final do mês
de Novembro.
 Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 35

Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30
1350-352 Lisboa
pequenosa@publico.pt
De seg a sex das 09H às 19H
Sábado 11H às 17H
CLASSIFICADOS

Agrupamento de Escolas António Correia de Oliveira, Esposende

AVISO CONSELHO DIRETIVO CONSELHO DIRETIVO

Abertura de concurso para Diretor(a) AVISO AVISO

Nos termos do disposto nos artigos 21.º e 22.º do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 Encerramento administrativo do estabelecimento de apoio social
de abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho, e demais legislação denominado “Casa de Acolhimento Fátima Monteiro”
aplicável, torna-se público que por publicação do Aviso n.º 16144/2020 da II Série do O Instituto da Segurança Social ordenou o encerramento administrativo imediato do
Diário da República de 14 de Outubro de 2020, e publicação na página electrónica do estabelecimento de apoio social denominado “Casa de Acolhimento Fátima Monteiro”, com as
seguintes características:
Agrupamento de Escolas António Correia de Oliveira (www.acoliveira.pt), se encontra yexerce a atividade de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas;
aberto, pelo prazo de 10 (dez) dias úteis, a contar do dia seguinte à publicação do ycom fins lucrativos;
presente aviso no Diário da República, o procedimento concursal prévio à eleição de ynão estando licenciado;
yfunciona sob a propriedade de Maria de Fátima Monteiro Fernandes;
Diretor(a) do Agrupamento de Escolas António Correia de Oliveira. yestá instalado em Rua dos Depósitos de Água, n.º 1-A, Babalhau, 2350-532 Torres Novas.
Esposende,14 de outubro de 2020. Porque ordenamos o encerramento do estabelecimento
O Instituto da Segurança Social, IP confirmou encerramento, através da Deliberação n.º
A Presidente do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas António Correia de 187/2020, de 2020-10-08, porque o estabelecimento estava em atividade com deficiências
Oliveira, Anabela Maria Baldaia Correia de Morais. graves nas condições de instalação, segurança, funcionamento, salubridade, higiene e conforto,
representando um perigo potencial para os direitos dos utentes e a sua qualidade de vida.
Consequências do incumprimento da deliberação
TRIBUNAL JUDICIAL Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apoio social continue de forma ilegal, a
entidade responsável será sujeita a procedimento criminal pelo crime de desobediência.
DA COMARCA
Local e prazo de afixação do aviso
DE LISBOA OESTE Este aviso deve estar afixado durante 30 dias na entrada principal do estabelecimento.
Juízo Local Cível de Cascais
- Juiz 3 AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE LOUSADA Consequência da não afixação do aviso
CÓDIGO 151518 Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou
Processo: 2641/20.0T8CSC coação sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será
ANÚNCIO Direção-Regional de Educação do Norte sujeito a procedimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais.
Encerramento administrativo de um estabelecimento de apoio social
sem denominação
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, ordenou o encerramento administrativo
imediato de um estabelecimento de apoio social sem denominação, com as seguintes características:
yexerce a atividade de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas;
ycom fins lucrativos;
ynão estando licenciado;
yfunciona sob a propriedade de Rosa Maria Fontes Moreira;
yestá instalado em Rua do Campo, n.º 45, Silvejro - Olã - Oliveira Bairro.
Defesa dos direitos e da qualidade de vida dos utentes
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP ordenou o encerramento através da
Deliberação n.º 151/2020, de 17 de setembro de 2020, porque o estabelecimento estava em
atividade com deficiências graves nas condições de instalação, segurança, funcionamento,
salubridade, higiene e conforto, representando um perigo potencial para os direitos dos utentes e
a sua qualidade de vida.
Consequências do incumprimento da deliberação
Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apaio social continue de forma ilegal, o/a
responsável será sujeito/a a procedimento criminal pelo crime de desobediência.
Este aviso deve estar afixado durante 30 dias
Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou
coação sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será
sujeito e procedimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais.
Lisboa, 17 de setembro de 2020

Acompanhamento de Maior
Requerente: RAUL FLORINDO
DA SILVA GONÇALVES VEN-
CES
Requerido: Maria Irene Pereira
da Silva
Faz-se saber que foi distribuído
neste tribunal, o processo de
Acompanhamento de Maior, em
que é requerido Maria Irene Pe-
reira da Silva, com domicílio na
Praceta Almirante Manuel Perei-
ra Crespo, 61, R/C Esq.º, Estoril,
2765-001 ESTORIL, com vista a
serem definidas as medidas ade-
quadas de acompanhamento.
N/ Referência: 127139197
Cascais, 13-10-2020.
O Juiz de Direito
Dr(a). Nuno Tomás Cardoso
O Oficial de Justiça
Maria José Ventura
Público, 16/10/2020
REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
EDITAL DE CASAMENTO
Mônica Sodré da Hora, Vice-Cônsul
do Brasil em Lisboa, usando das
atribuições que lhe confere o art.º
18 da Lei de Introdução ao Código
Civil, faz saber que pretendem casar
Cesar Eduardo Gonçalves da silva,
natural de Recife, Pernambuco, Bra-
sil, nascido a 20/01/1988, residente
e domiciliado na Rua das Garridas,
n.º 19, Lisboa, Portugal, nesta juris-
dição consular, filho de Almir Paulo
da Silva e de Luciene Gonçalves
da Silva e Rita de Cassia de Lima
Araújo, natural de Recife, Pernam-
buco, Brasil, nascida a 28/09/1990,
residente e domiciliada na Rua das
Garridas, n.º 19, Lisboa, Portugal,
nesta jurisdição consular, filha de
Valdeci Ricardo de Araújo e de Mar-
luce Maria de Lima Araújo.
Apresentaram os documentos exigi-
dos pelo Art.º 1.525 do Código Civil.
Se alguém souber de algum impe-
dimento, oponha-o na forma da Lei.
Lavrado o presente para ser afixado
em lugar visível da Chancelaria des-
te Consulado-Geral.
Vera Lúcia Espírito Santo Cardoso
Oficial de Registro Civil “ad-hoc”
REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
EDITAL DE CASAMENTO
Vera Lúcia Espírito Santo Cardoso, Vi-
ce-Cônsul do Brasil em Lisboa, usando
das atribuições que lhe confere o art.º
18 da Lei de Introdução ao Código
Civil, faz saber que pretendem casar
Leandro França de Oliveira, natural de
São Paulo, São Paulo, Brasil, nascido
a 12/06/1986, residente e domiciliado
na Rua Doutor José Gonçalves, 61, 3.º
Ft., Leiria, Portugal, nesta jurisdição
consular, filho de Paulo Sergio de
Oliveira e de Luzinete Maria de Fran-
ça e Ariany Alves Cardozo, natural de
São Paulo, São Paulo, Brasil, nascida
a 14/01/1995, residente e domiciliada
na Rua Doutor José Gonçalves, 61, 3.º
Ft., Leiria, Portugal, nesta jurisdição
consular, filha de Calvino Cardozo e de
Sebastiana Alves da Costa Cardoso.
Apresentaram os documentos exigi-
dos pelo Art.º 1.525 do Código Civil.
Se alguém souber de algum impe-
dimento, oponha-o na forma da Lei.
Lavrado o presente para ser afixado
em lugar visível da Chancelaria deste
Consulado-Geral.
Mônica Sodré da Hora
Oficial de Registro Civil “ad-hoc”
Rui Fiolhais - Presidente Rui Fiolhais - Presidente do Conselho Diretivo
AVISO DE ABERTURA DE
PROCEDIMENTO CONCURSAL
Nos termos da Lei n.º 35/2014, de 20 de junho
e da Portaria n.º 125-A/2019, de 30 de abril, CONSELHO DIRETIVO CONSELHO DIRETIVO
torna-se público que, por Despacho do Senhor
Diretor-Geral dos Estabelecimentos Escolares, AVISO AVISO
Encerramento administrativo imediato e urgente do estabelecimento Encerramento administrativo de um estabelecimento de apoio social sem
de 30 de setembro de 2020, se encontra
aberto, pelo prazo de 10 dias úteis a contar de apoio social denominado “O Cantinho dos Avós” denominação sito na Rua da Lagoa da Palha, S/N, Casa Amores Perfeitos, Pinhal
da publicação em Diário da República através O Instituto da Segurança Social confirmou o encerramento administrativo imediato e urgente do O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP, ordenou o encerramento administrativo imediato
estabelecimento de apoio social denominado “O Cantinho dos Avós”, com as seguintes características: de um estabelecimento de apoio social sem denominação social, com as seguintes características:
do Aviso (extrato) n.º 16303-A/2020 (2.ª Série), yexerce a atividade de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (Lar de Idosos); yexerce a atividade de Estrutura Residencial para Pessoas Idosas;
publicado no Diário da República n.º 201, ycom fins lucrativos; ycom fins lucrativos;
ynão estando licenciado; não estando licenciado;
de 15 de outubro, processo de seleção para yfunciona sob a propriedade de Rui Fernando Faria Luís;
y
yfunciona sob a propriedade de Florinda de Jesus Lima;
admissão de quatro postos de trabalho, na yestá instalado em Estrada Nacional 8, n.º 1, Casais Larana, Ramalhal - Torres Vedras. yestá instalado em Rua da Lagoa da Palha, S/N, Casa Amores Perfeitos, Pinhal Novo, 2955-047 Pinhat
carreira e categoria de Assistente Operacional, Porque ordenamos o encerramento do estabelecimento Novo.
O Instituto da Segurança Social, IP confirmou o encerramento, através da Deliberação n.º 115/2020,
na modalidade de contrato de trabalho em de 2020-08-20, que ratificou o despacho de 2020-07-15 do/a Diretor da Unidade de Fiscalização LVT, Defesa dos direitos e da qualidade de vida dos utentes
O Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social, IP ordenou o encerramento através da Deliberação
funções públicas a termo resolutivo certo a porque o estabelecimento estava em atividade com deficiências graves nas condições de instalação,
n.º 188/2020, de 8 de outubro de 2020, porque o estabelecimento estava em atividade com deficiências
segurança, funcionamento, salubridade, higiene e conforto, representando um perigo potencial para
tempo parcial. os direitos dos utentes e a sua qualidade de vida. graves nas condições de instalação, segurança, funcionamento, salubridade, higiene e conforto,
Para além do Diário da República, pode ainda Consequências do incumprimento da deliberação representando um perigo potencial para os direitos dos utentes e a sua qualidade de vida.
Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apoio social continue de forma ilegal, a Consequências do incumprimento da deliberação
ser consultado o aviso integral na página entidade responsável será sujeita a procedimento criminal pelo crime de desobediência. Caso o estabelecimento seja reaberto ou a atividade de apaio social continue de forma ilegal, o/a
eletrónica da Escola Secundária de Lousada, Local e prazo de afixação do aviso responsável será sujeito/a a procedimento criminal pelo crime de desobediência.
em https://aelousada.net e na Bolsa de Este aviso deve estar afixado durante 30 dias na entrada principal do estabelecimento. Este aviso deve estar afixado durante 30 dias
Emprego Público (em www.bep.gov.pt) Consequência da não afixação do aviso Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou coação
Quem impedir a sua afixação será sujeito a procedimento criminal pelo crime de resistência ou coação sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será sujeito e
Lousada, 15 de outubro de 2020 sobre funcionário. Quem o remover deliberadamente antes do fim do prazo de 30 dias será sujeito a procedimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais.
procedimento criminal pelo crime de arrancamento, destruição ou alteração de editais. Lisboa, 8 de outubro de 2020
O Diretor, Filipe Plácido Correia da Silva
Rui Fiolhais - Presidente Rui Fiolhais - Presidente
Universidade de Aveiro Universidade de Aveiro
Processo de Seleção e Recrutamento (M/F) Processo de Seleção e Recrutamento (M/F)
Publicita-se a abertura do seguinte processo de seleção e recrutamento no sítio da Área de Recursos Hu- Publicita-se a abertura do seguinte processo de seleção e recrutamento no sítio da Área de Recur-
manos da Universidade de Aveiro (https://www.ua.pt/pt/sgrh/pessoal-tag-novos-concursos-e-ofertas): sos Humanos da Universidade de Aveiro (https://www.ua.pt/pt/sgrh/pessoal-tag-novos-concursos-
Nos termos da alínea c) do n.º 3 do artigo 23.º dos Estatutos da Universidade de Aveiro, na versão -e-ofertas):
homologada pelo Despacho Normativo n.º 1-C/2017, publicados na 2ª Série do Diário da República, Nos termos da alínea c) do n.º 3 do artigo 23.º dos Estatutos da Universidade de Aveiro, na versão
de 24 de abril de 2017, e do Regulamento de Carreiras, Retribuições e Contratação do Pessoal Técnico, homologada pelo Despacho Normativo n.º 1-C/2017, publicados na 2ª Série do Diário da Repúbli-
Administrativo e de Gestão em regime de contrato de trabalho da Universidade de Aveiro, publicado na ca, de 24 de abril de 2017, e do Regulamento de Carreiras, Retribuições e Contratação do Pessoal
2ª Série do Diário da República n.º 173, de 4 de setembro de 2020, pretende-se contratar em regime de Técnico, Administrativo e de Gestão em regime de contrato de trabalho da Universidade de Aveiro,
contrato de trabalho sem termo, ao abrigo do Código do Trabalho, aprovado e publicado em anexo pela publicado na 2ª Série do Diário da República n.º 173, de 4 de setembro de 2020, pretende-se con-
Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro tratar em regime de contrato de trabalho sem termo, ao abrigo do Código do Trabalho, aprovado e
Ref.ª CND-CTST-77-ARH/2020 – 1 Técnico Superior, na 1ª posição remuneratória (€ 998,50), acrescido publicado em anexo pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro
Ref.ª CND-CTST-89-ARH/2020 – até 5 Técnicos Superiores, na 1ª posição remuneratória (€998,50),
do direito a subsídios de refeição, de férias e de Natal, para ocupar o posto de trabalho de Técnico de
acrescido do direito a subsídios de refeição, de férias e de Natal, para ocupar o posto de trabalho de
Gestão de Recursos Humanos, na Universidade de Aveiro, com as seguintes atribuições:
Apoio Técnico Administrativo, na Universidade de Aveiro, com as seguintes atribuições:
• Apoio técnico e administrativo em procedimentos de recrutamento; • Tratamento e gestão corrente de todas as matérias relacionadas com os ciclos de estudos minis-
• Conceção e implementação de procedimentos e medidas de melhoria; trados na UA;
• Gestão de candidaturas espontâneas;
• Controlo dos processos de matrículas e inscrições;
• Manutenção da informação relativa à unidade disponível online; • Procedimentos de criação, modificação e registo de planos de estudos;
• Recolha e tratamento de dados para a elaboração de estudos, relatórios, mapas e listas. • Registo de informação na base de dados de alunos;
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE: • Atendimento aos utentes.
HABILITAÇÕES REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE:
- Licenciatura.
HABILITAÇÕES
OUTROS REQUISITOS: - Licenciatura.
São condições a valorizar possuir comprovadamente: OUTROS REQUISITOS:
- Experiência no desempenho de funções análogas às atribuições indicadas no ponto I, de pelo menos São condições a valorizar possuir comprovadamente:
dois anos, em instituições congéneres. - Experiência no desempenho de funções análogas às atribuições indicadas no ponto I, de pelo
- Conhecimentos da legislação relacionada com as atribuições do posto de trabalho, designadamente, menos seis meses, em instituições congéneres.
relativa a procedimentos concursais que visam a contratação de docentes do ensino superior, investi- - Conhecimentos de Línguas, designadamente de Inglês;
gadores e pessoal técnico, administrativo e de gestão. - Conhecimentos de informática na ótica do utilizador.
VALIDADE DO PROCEDIMENTO: VALIDADE DO PROCEDIMENTO:
O procedimento concursal é válido para ocupação de idênticos postos de trabalho, a ocorrer no prazo O procedimento concursal é válido para ocupação de idênticos postos de trabalho, a ocorrer no
prazo máximo de 12 meses contados da data de homologação da lista de ordenação final do pre-
máximo de 12 meses contados da data de homologação da lista de ordenação final do presente pro-
sente procedimento.
cedimento.
O prazo de candidatura é de 10 dias úteis, contados a partir da data da publicitação do anúncio
O prazo de candidatura é de 10 dias úteis, contados a partir da data da publicitação do anúncio no jornal. no jornal.
Universidade de Aveiro, em 28 de setembro de 2020 Universidade de Aveiro, em 12 de outubro de 2020
O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira
36 • Público ClassiÄcados • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL

Tribunal Judicial da Comarca de Braga
Juízo de Comércio de Vila Nova de Famalicão – Juíz 1 REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL
Processo nº 3907/19.8T8VNF – Insolvência de Pessoa Singular Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
Paulo Jorge Paiva Matos Carlos Pereira EDITAL DE CASAMENTO
Vera Lúcia Espírito Santo Cardoso, Vice-
-Cônsul do Brasil em Lisboa, usando das
ANÚNCIO atribuições que lhe confere o art.º 18 da
Lei de Introdução ao Código Civil, faz
Nos autos acima identificados foi designado o dia 03 de Novembro de saber que pretendem casar Rangel dos
Santos Trindade, natural de Brasília, Dis-
2020, para recebimento de propostas, que sejam entregues ou reme- trito Federal, Brasil, nascido a 18/07/1995,
residente e domiciliado na Rua Vasco da
tidas via CTT até esse momento para a morada do Administrador da Gama, Lote 2676, 2.º Esquerdo, Quinta
do Conde, Sesimbra, Portugal, nesta ju-
Insolvência, à Rua da Agra, 20 Sala 33, 4150-025 Porto, pelos interes- risdição consular, filho de Rangel Trindade
sados na compra das seguintes verbas, e que serão entregues a quem da Silva e de Odete Antonieta dos Santos
Trindade e Lana Mickaelly Menezes de
maior preço oferecer acima do valor mínimo anunciado e após douta Oliveira, natural de Anápolis, Goiás, Brasil,
nascida a 22/08/2000, residente e domici-
autorização do Tribunal. liada, na Rua Vasco da Gama, Lote 2676,
2.º Esquerdo, Quinta do Conde, Sesimbra,
Portugal, nesta jurisdição consular, filha
Verba 1 de Maxlânio Gomes de Oliveira e de Vânia
Menezes Soares.
Prédio de habitação sito em São Vitor, Braga, Largo de Santa Tecla, Apresentaram os documentos exigidos
6, 5º D, com a descrição nº 614 na Conservatória do Registo Predial, pelo Art.º 1.525 do Código Civil.
Se alguém souber de algum impedimento,
inscrito na matriz predial urbana sob o nº 3888 M e valor patrimonial de oponha-o na forma da Lei. Lavrado o pre-
sente para ser afixado em lugar visível da
220.680,00 € Chancelaria deste Consulado-Geral.
Mônica Sodré da Hora
Aceitam-se propostas acima de 220.000,00 € Oficial de Registro Civil “ad-hoc”
DA COMARCA
DE LISBOA
Juízo Local Cível do Seixal
Juiz 2
Processo: 1958/20.9T8SXL
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público
Beneficiário: Valentim Manuel Caniço
Vargas
Faz-se saber que foi distribuído neste tri-
bunal, o processo de Acompanhamento
de Maior em que é requerido Valentim
Manuel Caniço Vargas, nascido em 05-
10-1969, filho(a) de Octaviano Joaquim
Vargas Panóias e de Deonilde Maria
Gafo Carriço Panóias, natural de: Lisboa
- São Sebastião da Pedreira [Lisboa];
nacional de Portugal, com domicílio:
Rua Ferreira de Castro, N.º 13 - 2º. Esq.º,
Aldeia de Paio Pires, 2840-102 Seixal,
com vista à determinação de medidas
adequadas.
N/ Referência: 399555233
Seixal, 13-10-2020.
A Juíza de Direito, em regime de estágio
Maria Carolina Gonçalves Tavares
Fernandes Cavalheiro
O Oficial de Justiça
José Pires
Público, 16/10/2020
DA COMARCA
DE LISBOA OESTE
Juízo Local Cível de Mafra
Processo: 265/19.4T8MFR
ANÚNCIO
Publicidade de sentença nos
autos de Acompanhamento de
Maior acima identificados
Acompanhamento de Maior
No Tribunal Judicial da Comarca
de Lisboa Oeste, Juízo Local
Cível de Mafra de Mafra, por sen-
tença já transitada em julgado
não foi decretado o acompanha-
mento do beneficiário Rui Luís
Machado Franco residente na
Quinta do Casal Novo En 116,
2640-426 Mafra, com o seguinte:
DISPOSITIVO:
Absolver o beneficiário do pedi-
do, não declarando a necessida-
de de aplicação de qualquer me-
dida nos termos e para os efeitos
dos artigos 138.º e seguintes do
Cód. Civil.
N/ Referência: 127183459
Lisboa, 14-10-2020.
A Juíza de Direito
Paula Ferreira Pinto
O Oficial de Justiça
Alberto Ribeiro
Público, 16/10/2020

Verba 2
Quinhão hereditário por morte da mãe do insolvente em Fevereiro de
2020, de nome Albertina Paiva Matos e composto por dois terrenos em
Fafe e um lugar de garagem na Póvoa de Varzim. Ainda não há habili-
tação de herdeiros
Aceitam-se propostas acima de 20.000,00 €

A HISTÓRIA DE UM POVO Os bens encontram-se na posse do Administrador da Insolvência:

Dr. Napoleão Duarte, com domicílio na Rua da Agra, 20 Sala 33,
COM FOGO DE REVOLUÇÃO 4150-025 Porto, Tel/Fax 226100030, email - isaiasduartelda@gmail.com,
o qual, durante o prazo dos anúncios, é obrigado a mostrá-los a quem pre-
tenda examiná-los, mas pode fixar as horas em que, durante o dia, facul-
tará a inspecção, tornando-as conhecidas do público por qualquer meio.
Colecção de 14 volumes. PVP unitário: 10,90 €. Preço total em Portugal Continental: 152,60 €. Periodicidade semanal aos sábados, entre 22 de Agosto e 21 de Novembro. Formatos variados, mediante os formatos originais das obras. N.º médio de páginas: 139. Limitado ao stock existente.

Nota: No caso de venda mediante proposta em carta fechada, os pro-

ponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque, à or-
COLECÇÃO NOVELA GRÁFICA VI dem da Massa Insolvente de Paulo Jorge Paiva Matos Carlos Pereira,
no montante correspondente a 20% do valor base do bem ou garantia
O MELHOR DA LITERATURA ILUSTRADA bancária do mesmo valor (nº 1 do art. 897º do CPC) sob pena de não JÚLIO MORAES E CUNHA
ser aceite a proposta.
RODRIGUES DA SILVA
O Administrador da Insolvência
VOL.9 – ARDE CUBA, Público, 16/10/2020 FALECEU
DE AGUSTÍN FERRER CASAS (2017) Sua família participa o seu falecimento.

Agência Funerária Oeiras

Servilusa - Número Verde Grátis 800 204 222
Serviço Funerário Permanente 24 Horas
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a
Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes
de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição
Particular de Solidariedade Social. É a única organização
em Portugal, de âmbito nacional, especificamente
constituída para promover a qualidade de vida das pessoas
com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem
cerca de dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para COMPLETE
cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, AS SUAS
Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas da
Especialidade.
COLECÇÕES
+10,90€ Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer NAS LOJAS
SÁBADO, 17 OUT Portugal participa ativamente no movimento mundial e PÚBLICO
europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar MANUEL HENRIQUE
COM O PÚBLICO
os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de CORDEIRO DA ROCHA
Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das
EDIÇÃO
suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
FALECEU
EM CAPA DURA
Sua Esposa e Filho participam o EDIFÍCIO
INÉDITA EM Contactos: DIOGO CÃO
falecimento e que o velório terá
PORTUGUÊS Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3 Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa
DOCA DE ALCÂNTARA
Telefones: 213 610 460 - Fax : 21 361 04 69 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Doutor Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa
lugar amanhã, sábado, a partir das NORTE, LISBOA
Telefone: 213 609 300 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org 14:00 horas no Centro Funerário (JUNTO AO
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim», Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia
São João de Deus (Praça de MUSEU DO ORIENTE)
2765-029 Estoril - Telefone: 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Horário de Atendimento: Quartas e sextas, entre as 9h e as 13h Londres). A cerimónia religiosa HORÁRIO:
Quando o fotógrafo Frank Spellman viaja para Cuba na companhia da Núcleo do Ribatejo da Alzheimer Portugal: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31 «A, 2080-114 Almeirim 2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H
estrela de Hollywood Errol Flynn, não suspeitava que uma simples - Telefone: 243 000 087 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org será no mesmo dia pelas 15:15 SÁBADO: 11H – 17H
pesquisa de locais de rodagem para um filme se iria transformar num Delegação Norte da Alzheimer Portugal: Centro de Dia «Memória de Mim», Rua do Farol Nascente
horas, seguindo-se o funeral para o
n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Telefone: 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
pesadelo tropical. Bandidos mafiosos, agentes da CIA, representantes de
multinacionais sem escrúpulos, serviços de inteligência militar... todos
Delegação Centro da Alzheimer Portugal: Centro de Dia do Marquês, Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato Cemitério do Alto de São João.
n.º 17, 3100-523 Pombal
competem para salvar o regime corrupto e violento do ditador Fulgencio - Telefone: 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
P. N. A. M.
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha 3810
Batista, face ao avanço dos guerrilheiros de Fidel Castro. É nesta fusão de Aveiro, Telefone: 234 940 480
realidade e ficção que Arde Cuba – obra distinguida como Melhor - E-mail: geral.aveiro@alzheimerportugal.org
Argumento no Salão de BD de San Sebastián, e vencedora do Prémio Delegação da Madeira da Alzheimer Portugal: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional Agência Funerária Triunfo
José Sanchís para Melhor Novela Gráfica Espanhola 2018.
da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 Funchal, Telefone: 291 772 021 - Fax: 291 772 021 - E-mail: geral.
madeira@alzheimerportugal.org
Serviço Funerário Permanente 24 Horas INFO: 210 111 010

CINEMA
Passámos por cá
TVCine Emotion, 16h15
Após a grave crise Ænanceira de
2008, o inglês Ricky Turner
esforça-se para pôr comida na
mesa da sua família. Com cada
vez mais diÆculdade em pagar as
despesas, toma uma decisão
arriscada: trabalhar por conta
própria num franchise de
entregas. Com o passar dos
meses, a falta de dinheiro,
associada ao excesso de trabalho e
às preocupações com o negócio,
quase o leva ao desespero.
Realizado por Ken Loach e escrito
pelo cúmplice habitual Paul
Laverty, Passámos por cá esteve
em competição pela Palma de
Ouro em Cannes e foi nomeado
para o BAFTA de Melhor Filme.
Kris Hitchen, Debbie Honeywood,
Nikki Marshall e Rhys Stone dão
vida às personagens.
O Silêncio dos Inocentes
AMC, 20h14
Filme de culto e o maior sucesso
de Jonathan Demme, conquistou
cinco óscares: melhor Ælme,
realizador, argumento adaptado
(Ted Tally, a partir do livro de
Thomas Harris), actor (Anthony
Hopkins) e actriz ( Jodie Foster).
Uma jovem e ambiciosa agente do
FBI é incumbida de descobrir a
identidade de um serial killer que
esfola jovens mulheres. Para isso,
recorre à ajuda de Hannibal
Lecter, que cumpre pena
perpétua por homicídio e
canibalismo.
Sonic: O Filme
TVCine Top, 21h30
Uma comédia familiar que
mistura animação e live action
para transpor para o cinema o
famoso videojogo da Sega,
protagonizado por um ouriço azul
super-rápido. No elenco entram
Jim Carrey, James Marsden, Tika
Sumpter e, a dar voz a Sonic, Ben
Schwartz. A realização Æca a cargo
do estreante Jeè Fowler, que
segue um argumento de Pat Casey
e Josh Miller.
DOCUMENTÁRIOS
Para Sama
TVCine Edition, 22h
Um devastador documentário de
guerra. Waad al-Kateab é uma
jovem síria apanhada no meio do
conÇito de Alepo. De câmara na
mão, entre 2012 e 2017, Ælma tudo
à sua volta. Durante esse tempo,
apaixona-se, casa-se, engravida e
dá à luz Sama, a quem dedica este
Ælme. Produzido, narrado e
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.15
Linha da Frente 14.58 A Nossa Tarde
17.30 Portugal em Directo 19.08 O
Preço Certo 19.59 Telejornal 21.00
Sexta às 9 21.40 Quem Quer Ser
Milionário - Alta Pressão 22.54 Ensaia
Comigo... 23.40 Eléctrico 0.42 Crimes
Graves 2.06 O Sábio 2.53 O Lado
Negro das Energias Verdes
RTP 2
6.32 Repórter África - 2.ª Edição 7.00
Espaço Zig Zag 10.26 Folha de Sala
10.33 Histórias de Mar 11.02 A
Estagiária 11.48 Jóias para Que Vos
Quero 12.15 Viagens de Comboio
13.00 Os Daltons 13.07 Chovem
Almôndegas 13.18 Tufão 13.32 Drama
Total - À Volta do Mundo 13.55 Folha de
Sala 14.01 Sociedade Civil 15.00 A Fé
dos Homens 15.32 Esec-Tv 16.00 Vida
Selvagem 16.53 Espaço Zig Zag 20.45
ModaLisboa Mais 20.58 Do Jardim
para a Mesa 21.30 Jornal 2 22.04 Folha
de Sala 22.08 Linhas Sombrias 22.57 O
Meu Belo Sol Interior 0.28 A Rede 0.58
Sociedade Civil 1.58 Euronews
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.15 Alô
Portugal 10.15 Casa Feliz 13.00
Primeiro Jornal 14.30 Linha Aberta
15.20 Rainha das Flores 16.15 Júlia
18.15 Amor à Vida 18.40 Êta Mundo
Bom 19.30 O Noivo É Que Sabe 19.57
Jornal da Noite 21.40 Nazaré 22.10
Terra Brava 23.15 Golpe de Sorte 23.55
Totalmente Demais 0.55 O Noivo É
Que Sabe 1.25 Linha Aberta 2.15
Original É a Cultura 3.00 Volante
TVI
6.00 Os Batanetes 6.30 Diário da
Manhã 10.13 Você na TV! 13.00 Jornal
da Uma 14.55 Destinos Cruzados 16.15
A Tarde É Sua 18.15 Big Brother 19.57
Jornal das 8 21.47 Amar Demais 22.35
Quer o Destino 0.00 Big Brother 2.00
Santa Bárbara 2.57 A Outra
TVCINE TOP
10.05 A Mentira Perfeita 12.00 Godzilla
II: Rei dos Monstros 14.15 As Vigaristas
15.45 Programa da Noite 17.25 Doutor
Sono 19.55 Raparigas Rebeldes de
Paradise Hills 21.30 Sonic: O Filme
Os mais vistos da TV
Quarta-feira, 14
Portugal X Suécia
% Aud. Share
RTP1 23,4 41,5
Nazaré SIC 12,7 23,8
Terra Brava SIC 12,1 25,7
Amar Demais TVI 11,3 21,4
Quer O Destino TVI 10,1 25,1
FONTE: CAEM
23.10 Projeto Gemini 1.10 O Mundo é
Teu 2.55 Doutor Sono
FOX MOVIES
9.20 O Excêntrico Mortdecai 10.53 Os
Instrumentos Mortais: Cidade dos
Ossos 12.51 Stallone Prisioneiro 14.36
Conan e os Bárbaros 16.36 Hércules - A
Lenda Começa 18.04 Telefone 19.41
Missão de Alto Risco 21.05 Mensageiro
da Morte 22.30 Desaparecido em
Combate 0.08 Predadores 1.51
Marcado para Matar 3.17 Mad Max 2 - O
Guerreiro da Estrada 4.45 Desafio Total
CANAL HOLLYWOOD
9.25 90 Minutos No Paraíso 11.25 As
Meninas de Beverly Hills 13.00 Aonde É
Que Pára a Polícia 33 1/3 14.20 Uma
Noite Atribulada 15.50 A Múmia 17.50
Astérix & Obélix: Ao Serviço de Sua
Majestade 19.40 Chefes Intragáveis 2
21.30 Mr. Bean em Férias 23.00
Sabotagem 0.50 Sweeney Todd: O
Terrível Barbeiro de Fleet Street 2.45
Justiça 4.30 U.S. Marshals - A
Perseguição
AXN MOVIES
14.30 Argo 16.52 Assalto Arriscado
19.09 ...E Justiça para Todos 21.10 Cães
Danados 22.51 6 Dias 0.26 Rocky III
2.04 Vício Intrínseco 4.23 Larry Flynt
AXN
13.17 S.W.A.T.: Força de Intervenção
14.47 Diamante de Sangue 17.08 Bairro
13 18.40 Mentes Criminosas 20.20
Investigação Criminal 22.00 Batalha
do Pacífico 0.15 Ataque ao Poder 2.30
Mandela: Longo Caminho Para a
Liberdade 4.54 Mentes Criminosas
AXN WHITE
13.34 Candice Renoir 14.36 O Marido
Perfeito: A História de Laci Peterson
16.09 Pelo Amor e pela Honra 17.40
Diferente de Todos 19.14 O Mentalista
20.54 O Grande C 22.25 Recomeço
em Mitford 23.55 Um Dia Perfeito 1.32
O Grande C 2.28 O Mentalista 3.59 Pan
Am 4.44 O Turno da Noite 5.28 Pan Am
FOX
9.18 Scorpion 10.00 Hawai Força
Especial 11.31 C.S.I. 14.34 Investigação
Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 37
RTP1 17,8%
% com a ajuda do documentarista
RTP2 0,8
SIC 17,6
TVI
15,9
Cabo
34,3
Criminal: Los Angeles 16.02 Hawai
Força Especial 17.35 C.S.I. Miami 19.05
Chicago P.D. 20.46 Hawai Força
Especial 22.30 Assassino Americano
0.31 Sicário - Infiltrado 2.38 Pompeia
4.15 Chicago P.D.
FOX LIFE
9.42 Love Struck Café 11.08 Lei &
Ordem: Unidade Especial 12.40 9-1-1:
Lone Star 13.26 Clínica Privada 14.10
Nora Roberts: A Queda de um Anjo
15.48 Hidden Family Secrets 17.24
Nora Roberts: Fumo Azul 19.00 Clínica
Privada 20.00 Lei & Ordem: Unidade
Especial 21.32 9-1-1: Lone Star 22.20
Sexo sem Compromisso 0.18 Evil
Nanny 2.01 Lei & Ordem: Unidade
Especial 3.24 Clínica Privada 4.05
9-1-1: Lone Star 4.47 For the People
DISNEY
15.22 Acampamento Kikiwaka 16.10
Gabby Duran Alien Total 16.32 Sadie
Sparks 17.19 Lab Rats 18.03
Anfibilândia 18.25 Cry Babies Magic
Tears 18.32 Gravity Falls 19.16 Os Green
na Cidade Grande 20.05 Sadie Sparks
20.30 Anfibilândia 20.55
Acampamento Kikiwaka 21.41 Sadie
Sparks 22.05 Gabby Duran Alien Total
DISCOVERY
17.20 Alasca de Comboio 19.10
Expedição ao Passado 21.00
Engenharia Abandonada 22.55
Segredos das Catacumbas 0.40
Engenharia Abandonada 2.15
Curiosidades da Terra 3.45 Mestres do
Restauro 4.30 Guerra de Propriedades
HISTÓRIA
17.15 O Inexplicável 17.57 À Caça de
Hitler 20.44 Grandes Descobertas
22.15 Megapolis 23.09 Mundos
Perdidos 1.27 Forjado no Fogo
ODISSEIA
17.36 Escola de Orangotangos 18.23
Rio Resgate 19.08 Fábrica de Combate
20.00 Sonhar o Futuro 21.46 Os Feitos
Mais Estranhos das Guerras Mundiais
22.30 A História dos Emirados 23.28
Os Feitos Mais Estranhos das Guerras
Mundiais 0.58 A História dos Emirados
1.56 Os Feitos Mais Estranhos das
Guerras Mundiais 3.32 Rio Resgate
FICAR
realizado por Waad al-Kateab,
inglês Edward Watts, Para Sama
ganhou o prémio Prémio L’Oeil
d’Or para documentário no
Festival de Cinema de Cannes,
recebeu o BAFTA para melhor
documentário e teve uma
nomeação para o Óscar na mesma
categoria. No TVCine Edition,
abre um ciclo especial, dedicado a
Histórias de Guerra, que
prossegue com Sylvia: Rasto de
Sangue (dia 23) e Desmascarar
Jihadi John: Anatomia de Um
Terrorista (30), à mesma hora.
Megapolis
História, 22h15
Estreia. Começa em Atenas a
viagem por grandes metrópoles
da Antiguidade. Através de
reconstituições digitais e
contributos de especialistas,
retrata origens, construções,
apogeus e declínios, enquanto
lembra a herança deixada por
essas civilizações. A minissérie
documental de quatro episódios
(emitidos à sexta) visitará, a
seguir, Alexandria, Tikal e Roma.
SÉRIE
O Grande C
AXN White, 20h54
Estreia da terceira temporada da
comédia dramática que
acompanha Cathy Jamison (Laura
Linney, premiada com um Globo
de Ouro) a partir do momento em
que é diagnosticada com cancro.
Até então uma professora, esposa
e mãe reservada, a viver a típica
rotina dos subúrbios, adopta uma
nova postura que a leva a
expressar-se mais e a encarar com
humor cada momento do
quotidiano. No primeiro episódio
desta leva, há boas notícias
relacionadas com o tratamento
experimental a que se está a
submeter.
MÚSICA
Eléctrico
RTP1, 23h40
Lena d’Água e Capicua
“defrontam-se” na desgarrada ao
vivo promovida pelo programa
apresentado por Henrique Amaro
e Vanessa Augusto, com
realização de André Tentúgal e
curadoria da Antena 3. A primeira
canta Desalmadamente (2019),
título do primeiro álbum de
originais em 30 anos, e resgata
sucessos do passado; a segunda
responde com o hip-hop de
Madrepérola (2020), disco que
inclui Último mergulho, um dueto
com Lena.
38 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
SAIR
CINEMA
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
A Vida Extraordinária de David
Copperfield M12. 19h25; Liga dos Animais
Fantásticos M6. 17h35 (V.P./2D); Ordem
Moral M14. 15h25, 17h25, 21h45; O Ano da
Morte de Ricardo Reis M14. 15h50, 18h30,
21h20; Mulheres ao Poder M12. 15h30,
19h35, 21h40; I Am Woman: A Voz da
Mudança M12. 15h40, 18h50, 21h30
Cinema City Campo Pequeno
Centro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420
Bora Lá M6. 15h20 (V.P./2D); Antebellum - A
Escolhida M16. 17h40; Scooby! M6. 15h40
(V.P./2D); A Vida Extraordinária de David
Copperfield M12. 21h45; Greenland - O
Último Refúgio M14. 19h10, 21h30; Liga dos
Animais Fantásticos M6. 15h25, 17h25 (V.P./2D);
Tenet M14. 15h25, 18h30, 21h20; Os Novos
Mutantes M14. 19h45; Farming M16. 21h30;
O Segredo: Atreve-te a Sonhar M12. 17h35;
Ordem Moral M14. 19h45, 21h45; O Ano da
Morte de Ricardo Reis M14. 16h, 18h40,
21h40; Mãe Fora, Dia Santo em Casa M12.
15h20, 17h20, 19h25, 21h25; Capitão Dentes
de Sabre e o Diamante Mágico M6. 17h20
(V.P./2D); O Ninho M14. 15h35, 19h20; Os
Veterinários M12. 15h50, 17h45, 19h40, 21h50
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
O Ano da Morte de Ricardo Reis M14.
16h45; O Sal das Lágrimas M12. 14h30,
19h15; Um Animal Amarelo M14. 21h30
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996
Antebellum - A Escolhida M16. 16h15, 19h05,
21h55; Greenland - O Último Refúgio M14.
16h, 18h50, 21h45; Liga dos Animais
Fantásticos M6. 16h10 (V.P./2D); Tenet M14.
17h25, 21h05; Os Novos Mutantes M14.
16h20, 19h, 22h10; O Legado M14. 15h55,
18h55, 21h40; Farming M16. 18h25, 21h25; O
Fim do Mundo M16. 15h40, 18h10, 21h50;
Mãe Fora, Dia Santo em Casa M12. 15h50,
18h20, 22h; Capitão Dentes de Sabre e o
Diamante Mágico M6. 15h45 (V.P./2D);
Mulheres ao Poder M12. 18h40, 21h30;
Rogue - Selvagem M16. 16h05, 18h45, 21h35;
Os Veterinários M12. 16h30, 19h10, 22h20;
Black Water: Abismo 16h25, 19h15, 22h05
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
A Vida Extraordinária de David
Copperfield M12. 18h20; Liga dos Animais
Fantásticos M6. 13h10, 15h30 (V.P./2D);
Tenet M14. 13h50, 17h20, 21h; Ordem
Moral M14. 13h20, 15h50, 21h10; O Ano da
Morte de Ricardo Reis M14. 14h30, 17h50,
21h20; Mãe Fora, Dia Santo em Casa M12.
13h40, 16h10, 18h40, 21h30; Mulheres ao
Poder M12. 13h10, 16h, 18h50, 21h40; O
Ninho M14. 18h, 20h50; I Am Woman: A Voz
da Mudança M12. 13h50, 16h30, 19h10, 21h50
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Antebellum - A Escolhida M16. 20h50;
Greenland - O Último Refúgio M14. 13h20,
16h, 18h40, 21h20; Liga dos Animais
Fantásticos M6. 13h10, 15h30 (V.P./2D);
Tenet M14. 13h, 16h30, 20h20; O Legado
M14. 13h30, 16h20; After - Depois da
Verdade 19h; Mãe Fora, Dia Santo em
Casa M12. 13h50, 16h40, 19h10, 21h50;
Fantasmas de Guerra M16. 12h50, 15h20,
17h40, 20h, 22h20; Mulheres ao Poder M12.
17h50; Rogue - Selvagem M16. 13h40,
16h10, 18h50, 21h30; Black Water:
Abismo 12h40, 15h10, 17h30, 19h50, 22h10;
Tenet M14. Sala IMAX - 15h, 18h, 21h10
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Greenland - O Último Refúgio M14. 15h40,
18h40, 21h40; Liga dos Animais Fantásticos
M6. 13h30, 16h (V.P./2D); Tenet M14. 14h, 17h30,
21h20; After - Depois da Verdade 19h10,
22h; O Ano da Morte de Ricardo Reis M14.
13h10, 16h10; Mulheres ao Poder M12.
13h20, 16h20, 19h05, 21h50; O Ninho M14.
18h30, 21h30
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
O Trono de Sangue M12. 21h30; A Fortaleza
Escondida M12. 13h; O Barba Ruiva M12.
16h; Da Eternidade M12. 19h30
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 213801400
Greenland - O Último Refúgio M14. 18h20,
21h30; Tenet M14. 17h20, 20h50; Radioactivo
M12. 17h40, 20h30; Ordem Moral M14. 18h,
21h10; O Ano da Morte de Ricardo Reis M14.
17h30, 20h40; Mãe Fora, Dia Santo em
Casa M12. 18h10, 21h; Mulheres ao Poder
M12. 16h20, 19h10, 22h; O Ninho M14. 15h40,
18h30, 21h40; I Am Woman: A Voz da
Mudança M12. 15h50, 18h50, 21h50; Os
Veterinários M12. 16h10, 18h40, 21h20
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de
Mourelos. T. 16996
Antebellum - A Escolhida M16. 13h25, 16h,
18h40, 21h15; Scooby! M6. 14h10, 16h20 (V.
P./2D); Greenland - O Último Refúgio M14.
13h05, 15h40, 18h20, 21h; Liga dos Animais
Fantásticos M6. 13h20, 15h30 (V.P./2D);
Tenet M14. 14h, 17h10, 20h30; O Legado
M14. 13h45, 16h40, 22h05; Em Fúria M16.
13h, 15h10, 17h20, 19h30, 21h50; O Ano da
Morte de Ricardo Reis M14. 18h50, 22h;
Mãe Fora, Dia Santo em Casa M12. 13h30,
15h50, 18h10, 20h50; Fantasmas de Guerra
M16. 17h, 19h10, 21h20; Capitão Dentes de
Sabre e o Diamante Mágico M6. 12h50, 15h
(V.P./2D); Mulheres ao Poder M12. 18h30,
21h10; O Ninho M14. 19h20; Rogue -
Selvagem M16. 13h40, 16h10, 18h50, 21h30;
I Am Woman: A Voz da Mudança M12.
12h45, 15h20, 17h50, 20h40; Os
Veterinários M12. 12h55, 15h, 17h30, 19h40,
22h10; Black Water: Abismo 13h10, 15h45,
18h, 21h40; Greenland - O Último Refúgio
M14. Sala 4DX - 13h50, 16h30, 19h, 21h45
Amadora
Cinema City Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Greenland - O Último Refúgio M14. 15h50,
18h40, 21h30; Tenet M14. 18h30, 21h20; O
Legado M14. 15h20, 17h30, 19h40, 21h50;
After - Depois da Verdade 21h50; Mãe Fora,
Dia Santo em Casa M12. 15h25, 19h45,
21h45; Mulheres ao Poder M12. 15h45,
18h50, 21h30; Rogue - Selvagem M16.
15h30, 17h35, 19h40, 21h45
UCI Ubbo
C.C. Amadora, Estr. Nacional 249/1, Venteira.
Greenland - O Último Refúgio M14. 15h50,
19h, 22h; Liga dos Animais Fantásticos M6.
18h30 (V.P./2D); Tenet M14. 21h50; Mãe Fora,
Dia Santo em Casa M12. 18h20, 21h20;
Capitão Dentes de Sabre e o Diamante
Mágico M6. 18h10 (V.P./2D); O Ninho M14.
21h10; Rogue - Selvagem M16. 16h10, 18h50,
21h40; Black Water: Abismo 16h, 18h40, 21h30
Barreiro
Castello Lopes - Fórum Barreiro
Campo das Cordoarias. T. 212069440
Antebellum - A Escolhida M16. 13h25,
21h30; Greenland - O Último Refúgio M14.
13h50, 16h20, 18h50, 21h20; Fantasmas de
Guerra M16. 13h15, 15h20, 17h25, 19h30,
21h35; Capitão Dentes de Sabre e o
Diamante Mágico M6. 15h40, 17h40, 19h35
(V.P./2D); Rogue - Selvagem M16. 13h, 15h10,
17h20, 19h30, 21h40
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9. T. 16996
Antebellum - A Escolhida M16. 20h30;
Greenland - O Último Refúgio M14. 12h45,
15h45, 18h30, 21h40; Liga dos Animais
Em estreia
lazer@publico.pt
Black Water: Abismo
De Andrew Traucki. Com Jessica
McNamee, Luke Mitchell, Amali
Golden. EUA/Austrália. 2020.
98m. Drama, Animação, Terror.
M14.
Cinco amigos aventuram-se numas
grutas no interior de uma Çoresta.
Tudo parece correr bem até uma
tempestade inundar as cavernas.
Preocupados em sair dali antes que
seja demasiado tarde, não
conseguem evitar o pânico quando
detectam um enorme crocodilo a
emergir das águas.
Da Eternidade
De Roy Andersson. Com Bengt
Bergius, Anja Broms, Marie
Burman, Jan-Eje Ferling. NOR/
ALE/SUE/FRA. 2019. 78m.
Drama. M12.
Com assinatura do sueco Roy
Andersson, um Ælme melancólico
sobre a vida, o amor e a morte,
onde todos os acontecimentos têm
a mesma gravidade, seja o dia-a-dia
de pessoas comuns, sejam grandes
eventos históricos.
I Am Woman: A Voz da Mudança
De Unjoo Moon. Com Evan
Peters, Tilda Cobham-Hervey,
Danielle Macdonald. Austrália.
2019. 116m. Drama, Musical. M12.
Realizado por Unjoo Moon, conta a
história da cantora australiana
Helen Reddy (1941-2020), vista
como ícone feminista internacional
a partir do momento em que a sua
canção “I am woman“ se
transforma num hino do
movimento.
O Barba Ruiva
De Akira Kurosawa. Com Toshiro
Mifune, Yazo Kayama, Kyoko
Kagawa. JAP. 1965. 185m. Drama.
M12.
A história de um jovem médico no
começo do século XIX, arrivista e
ambicioso, que é colocado junto de
um estranho e pitoresco médico de
pobres, conhecido como o “Barba
Ruiva“.
O Mundo Secreto dos Dragões
De Tomer Eshed. Com Felicity
Jones (Voz), Patrick Stewart
(Voz), Freddie Highmore (Voz),
Thomas Brodie-Sangster (Voz).
ALE. 2020. 100m. Animação,
Aventura. M6.
Draco é um dragão que vive
escondido num vale, com outros
da sua espécie. Ao descobrir que
aquele sítio será em breve
I Am Woman:
A Voz da
Mudança
inundado, sabe que tem de fazer
alguma coisa. É assim que, ao lado
da melhor amiga, embarca numa
grande viagem para tentar
encontrar um lugar onde todos
possam ser livres.
O Trono de Sangue
De Akira Kurosawa. Com Isuzu
Yamada, Minoru Chiaki, Takashi
Shimura, Toshiro Mifune. JAP.
1957. 101m. Drama. M12.
Akira Kurosawa assinou em 1957
este drama histórico que se inspira
no “Macbeth” de Shakespeare. Um
jogo de ambição e de demência
pela conquista do poder, cuja
transposição para a atmosfera
feudal japonesa nada perde da sua
riqueza psicológica ou dramática.
Os Veterinários
De Julie Manoukian. Com Clovis
Cornillac, Noémie Schmidt,
Carole Franck. FRA. 2019. 92m.
Comédia Dramática. M12.
Numa pequena aldeia francesa, os
veterinários Nico e Michel fazem o
que podem para servir a população
e os seus animais. Quando Michel,
o mais velho, decide reformar-se,
Nico sente-se incapaz de manter a
clínica. Mas parece que o velho
senhor tem um plano: convencer a
sobrinha a ocupar o lugar.
Rogue - Selvagem
De M. J. Bassett. Com Megan Fox,
Philip Winchester, Greg Kriek,
Brandon Auret, Sisanda Henna.
África do Sul/GB. 2020. 105m.
Acção. M16.
Samantha lidera um grupo que se
encontra em África para resgatar a
Ælha de um político, raptada por
terroristas. A missão não corre
como o esperado, mas conseguem
libertar a rapariga e outros
prisioneiros. Durante a fuga,
encontram abrigo numa quinta
deserta. Mas depressa constatam
que se tornaram presas de leões
que ali andam soltos.
Um Animal Amarelo
De Felipe Bragança. Com Higor
Campagnaro, Isabél Zuaa,
Catarina Wallenstein, Tainá
Medina. POR/BRA. 2020. Drama.
M14.
Na sua quarta longa-metragem, o
realizador Felipe Bragança propõe
uma fantasia surreal
tropicalista-antropofágica que
reivindica abertamente a herança
do escritor Mário de Andrade e do
movimento modernista brasileiro.
Fantásticos M6. 14h, 16h45 (V.P./2D); Tenet
M14. 13h45, 17h15, 20h45; O Legado M14.
14h30, 17h50, 21h; Mãe Fora, Dia Santo em
Casa M12. 13h15, 16h, 18h40, 21h20;
Fantasmas de Guerra M16. 21h50;
Mulheres ao Poder M12. 19h; Rogue -
Selvagem M16. 14h15, 17h, 19h30, 22h;
Black Water: Abismo 13h, 15h30, 18h10;
Tenet M14. Sala IMAX ? 13h, 16h30, 20h15
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2. T. 215887311
O Ano da Morte de Ricardo Reis M14. 14h,
16h30, 19h, 21h30; Da Eternidade M12.
13h45, 16h, 17h45, 19h30, 21h15; Mulheres
ao Poder M12. 13h, 15h10, 17h20, 19h30,
21h40; O Sal das Lágrimas M12. 13h, 15h05,
17h10, 19h15, 21h20; I Am Woman: A Voz da
Mudança M12. 14h30, 16h50, 19h10, 21h30
Caldas da Rainha
Cineplace - Caldas da Rainha
La Vie Caldas da Rainha Shopping Center.
Antebellum - A Escolhida M16. 18h30;
Greenland - O Último Refúgio M14. 18h40,
21h20; Liga dos Animais Fantásticos M6.
16h10 (V.P./2D); O Legado M14. 18h50,
21h40; A Fábrica dos Sonhos M6. 16h20 (V.
P./2D); O Ano da Morte de Ricardo Reis M14.
21h10; Capitão Dentes de Sabre e o
Diamante Mágico M6. 16h (V.P./2D); Rogue -
Selvagem M16. 16h30, 19h, 21h30; Black
Water: Abismo 17h, 19h30, 21h50
Carcavelos
Atlântida-Cine
R. Dr. Manuel Arriaga, Centro Comercial
Carcavelos. T. 214565653
Mulheres ao Poder M12. 15h, 21h30; O
Ninho M14. 15h, 21h30
Sintra
Cinema City Beloura
Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9,
Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643
Scooby! M6. 15h30 (V.P./2D); A Vida
Extraordinária de David Copperfield M12.
21h35; Greenland - O Último Refúgio M14.
15h40, 19h10, 21h35; Liga dos Animais
Fantásticos M6. 15h20, 17h20 (V.P./2D);
Tenet M14. 21h; Radioactivo M12. 19h20;
Ordem Moral M14. 21h30; Um Príncipe em
Apuros M6. 17h25 (V.P./2D); O Ano da Morte
de Ricardo Reis M14. 18h30; A Galeria dos
Corações Partidos M14. 19h25; Capitão
Dentes de Sabre e o Diamante Mágico M6.
15h50, 17h30 (V.P./2D); Mulheres ao Poder
M12. 15h25, 17h30, 19h35, 21h40; Os
Veterinários M12. 15h45, 17h40, 19h30, 21h20
Castello Lopes - Alegro Sintra
Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352
Antebellum - A Escolhida M16. 13h25;
Greenland - O Último Refúgio M14. 13h50,
16h20, 18h50, 21h20; Tenet M14. 21h; O
Legado M14. 13h20; After - Depois da
Verdade 13h, 15h10, 17h20, 19h30, 21h40;
Mãe Fora, Dia Santo em Casa M12. 13h,
15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Fantasmas de
Guerra M16. 15h25, 17h35, 19h35, 21h35;
Capitão Dentes de Sabre e o Diamante
Mágico M6. 15h40, 17h40 (V.P./2D); Rogue -
Selvagem M16. 13h05, 15h15, 17h25, 19h35,
21h45; Black Water: Abismo 13h10, 15h15,
17h20, 19h25, 21h30
Leiria
Cinema City Leiria
Rua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte
das Mestras. T. 244845071
Antebellum - A Escolhida M16. 17h30;
Greenland - O Último Refúgio M14. 15h30,
19h10, 21h45; Liga dos Animais Fantásticos
M6. 15h20, 17h20 (V.P./2D); Tenet M14. 17h50,
21h20; O Legado M14. 15h20, 19h35, 21h45;
After - Depois da Verdade 21h50; Em Fúria
M16. 16h10; O Ano da Morte de Ricardo Reis
M14. 19h20; A Galeria dos Corações
Partidos M14. 18h50; Mãe Fora, Dia Santo
em Casa M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h40;

Fantasmas de Guerra M16. 21h25; Capitão
Dentes de Sabre e o Diamante Mágico M6.
16h (V.P./2D); Black Water: Abismo 15h25,
17h25, 19h25, 21h40
Cineplace - Leiria Shopping
CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516
Greenland - O Último Refúgio M14. 18h40,
21h20; Liga dos Animais Fantásticos M6.
16h10, 18h20 (V.P./2D); O Legado M14. 16h40,
19h10, 21h40; After - Depois da Verdade
21h; Fantasmas de Guerra M16. 21h10;
Capitão Dentes de Sabre e o Diamante
Mágico M6. 16h20 (V.P./2D); Mulheres ao
Poder M12. 16h; O Ninho M14. 18h30; Rogue
- Selvagem M16. 16h30, 19h, 21h30; Black
Water: Abismo 17h, 19h30, 21h50
Loures
Cineplace - Loures Shopping
Quinta do Infantado, Loja A003.
O Segredo das Bolachas M6. 16h20 (V.P./2D);
Greenland - O Último Refúgio M14. 21h20;
Liga dos Animais Fantásticos M6. 16h10,
18h20 (V.P./2D); O Legado M14. 16h40,
19h10, 21h40; A Fábrica dos Sonhos M6. 16h
(V.P./2D); Um Príncipe em Apuros M6. 18h10
(V.P./2D); Fantasmas de Guerra M16. 21h;
Capitão Dentes de Sabre e o Diamante
Mágico M6. 15h50 (V.P./2D); Mulheres ao
Poder M12. 18h30; O Ninho M14. 21h10;
Rogue - Selvagem M16. 16h30, 19h, 21h30; I
Am Woman: A Voz da Mudança M12. 18h40,
21h20; Black Water: Abismo 17h, 19h30, 21h50
Torres Novas
Castello Lopes - TorreShopping
Bairro Nicho - Ponte Nova. T. 249830752
Antebellum - A Escolhida M16. 19h15;
Greenland - O Último Refúgio M14. 13h50,
16h20, 18h50, 21h20; After - Depois da
Verdade 13h, 21h30; Capitão Dentes de
Sabre e o Diamante Mágico M6. 15h15,
17h15 (V.P./2D); Rogue - Selvagem M16. 13h,
15h10, 17h20, 19h30, 21h40
Santarém
Castello Lopes - Santarém
Largo Cândido dos Reis. T. 243309340
Antebellum - A Escolhida M16. 21h45;
Greenland - O Último Refúgio M14. 13h50,
18h30, 21h20; Liga dos Animais
Fantásticos M6. 16h20 (V.P./2D); O
Legado M14. 13h50, 16h10, 21h30; O Ano da
Morte de Ricardo Reis M14. 13h05, 18h50;
Mãe Fora, Dia Santo em Casa M12. 13h,
15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Fantasmas de
Guerra M16. 19h45; Capitão Dentes de
Sabre e o Diamante Mágico M6. 15h45,
17h45 (V.P./2D); Rogue - Selvagem M16. 13h,
15h10, 17h20, 19h30, 21h40; Black Water:
Abismo 13h15, 15h20, 17h25, 19h30, 21h35
Setúbal
Auditório Charlot
Av. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446
O Barba Ruiva M12. 21h30;
Cinema City Alegro Setúbal
C. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853
O Segredo das Bolachas M6. 17h15 (V.P./2D);
My Hero Academia: Ascensão dos Heróis
M12. 19h15; Antebellum - A Escolhida M16.
19h35, 21h40; Scooby! M6. 15h30, 17h25,
19h30 (V.P./2D); Greenland - O Último
Refúgio M14. 16h, 18h30, 21h25; Liga dos
Animais Fantásticos M6. 15h40 (V.P./2D);
Tenet M14. 21h20; Os Novos Mutantes M14.
21h50; O Legado M14. 15h20, 17h30, 19h40,
21h50; A Fábrica dos Sonhos M6. 15h35
(V.P./2D); After - Depois da Verdade 19h30;
O 3.º Andar: Terror na Rua Malasana M16.
19h25, 21h30; O Ano da Morte de Ricardo
Reis M14. 19h20; Mãe Fora, Dia Santo em
Casa M12. 15h30, 17h30, 21h35; Fantasmas
de Guerra M16. 17h40; Capitão Dentes de
Sabre e o Diamante Mágico M6. 15h50,
17h35 (V.P./2D); Mulheres ao Poder M12.
15h20, 17h25, 21h25; Black Water:
Abismo 15h45, 17h45, 19h45, 21h45
AS ESTRELAS
DO PÚBLICO
Amor, Plástico e Barulho
Um Animal Amarelo
O Ano da Morte de Ricardo Reis
Da Eternidade
O Fim do Mundo
O Ninho
Ordem Moral
O Sal das Lágrimas
Sempre o Diabo
Tenet
Verão de 85
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Seixal
Cineplace - Seixal
Qta. Nova do Rio Judeu.
Greenland - O Último Refúgio M14. 21h10;
Liga dos Animais Fantásticos M6. 16h10,
18h30 (V.P./2D); O Legado M14. 18h50, 21h40;
A Fábrica dos Sonhos M6. 16h (V.P./2D);
After - Depois da Verdade 21h20; Capitão
Dentes de Sabre e o Diamante Mágico M6.
16h20 (V.P./2D); O Ninho M14. 18h40; Rogue
- Selvagem M16. 16h30, 19h, 21h30; Black
Water: Abismo 17h, 19h30, 21h50
Évora
Cinemas Nos Évora Plaza
Centro Comercial Évora Plaza, loja n.º 1, Rua
Luís Adelino Fonseca, lote 4.
Greenland - O Último Refúgio M14. 15h30,
18h15, 21h05 ; Liga dos Animais Fantásticos
M6. 12h55 (V.P./2D); O Legado M14. 15h50,
18h30, 21h20; Ordem Moral M14. 13h10,
15h50; O Ano da Morte de Ricardo Reis
M14. 17h50, 20h40; Mãe Fora, Dia Santo em
Casa M12. 16h20, 19h, 21h50 ; Rogue -
Selvagem M16. 16h05, 18h45, 21h35
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve. T. 289887212
Antebellum - A Escolhida M16. 19h30, 22h;
Liga dos Animais Fantásticos M6. 15h20,
17h25 (V.P./2D); Tenet M14. 15h, 18h, 21h; O
Ano da Morte de Ricardo Reis M14. 18h20;
Mulheres ao Poder M12. 13h35, 16h15; O
Ninho M14. 15h40, 21h15; I Am Woman: A
Voz da Mudança M12. 16h, 18h40, 21h30 ;
Black Water: Abismo 19h, 21h45
Albufeira
Cineplace - AlgarveShopping
Estrada Nacional 125 - Vale Verde.
Antebellum - A Escolhida M16. 18h30;
Greenland - O Último Refúgio M14. 16h,
21h10; Liga dos Animais Fantásticos M6.
16h10, 18h20 (V.P./2D); O Legado M14.
16h40, 19h10, 21h40; After - Depois da
Verdade 21h10; Fantasmas de Guerra M16.
18h40; Capitão Dentes de Sabre e o
Diamante Mágico M6. 15h50 (V.P./2D);
Mulheres ao Poder M12. 18h50; O
Ninho M14. 21h; Rogue - Selvagem M16.
16h30, 19h, 21h30; I Am Woman: A Voz da
Mudança M12. 16h20, 21h20; Black Water:
Abismo 17h, 19h30, 21h50
Portimão
Algarcine - Cinemas de Portimão
Av. Miguel Bombarda. T. 282411888
Jorge
Mourinha
Luís M.
Oliveira
Vasco
Câmara
mmmmm — —
mmmmm mmmmm — Largo da Trindade, 7A. T. 213420000
— mmmmm mmmmm
mmmmm — mmmmm
mmmmm mmmmm mmmmm
— mmmmm mmmmm
mmmmm mmmmm mmmmm
mmmmm mmmmm mmmmm
— mmmmm mmmmm
mmmmm mmmmm — Av. Frei Miguel Contreiras, 52. T. 218438801
— mmmmm mmmmm
Greenland - O Último Refúgio M14. 21h15;
Liga dos Animais Fantásticos M6. 19h (V.
P./2D); Mãe Fora, Dia Santo em Casa M12.
15h15, 18h45; Capitão Dentes de Sabre e o
Diamante Mágico M6. 17h15 (V.P./2D); Black
Water: Abismo 15h, 17h, 21h30
Cineplace - Portimão
Qta Malata, Lote 1 - C. Com. Continente.
Greenland - O Último Refúgio M14. 18h30,
21h10; Liga dos Animais Fantásticos M6.
16h10 (V.P./2D); O Legado M14. 18h50, 21h20;
O Ano da Morte de Ricardo Reis M14. 21h;
Capitão Dentes de Sabre e o Diamante
Mágico M6. 16h (V.P./2D); Mulheres ao
Poder M12. 15h50; O Ninho M14. 18h20;
Rogue - Selvagem M16. 16h30, 19h, 21h30;
Black Water: Abismo 16h50, 19h20, 21h40
TEATRO
Lisboa
Centro Cultural de Carnide
Rua Rio Cavado, 3A. T. 936140727
O Evangelho de Van Gogh Enc. Mónica
Kahlo e Sílvia Raposo. De 16/10 a 18/10. 6ª e
Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/14.
Coliseu dos Recreios
Rua Portas de Santo Antão, 96. T. 213240580
Ar Livre Com Salvador Martinha. De 16/10 a
17/10. 6ª e Sáb às 22h. M/16.
Jardim Nuno Álvares
Largo de Santos.
A Farsa de Inês Pereira Comp.: A Barraca.
Enc. Maria do Céu Guerra. De 9/10 a 23/10.
6ª às 21h (A Barraca a Céu Aberto).
Lavadouro de Carnide
Estrada da Correia. T. 914632675
Temps d’Images 2020 - Momento II
De 16/10 a 18/10. 6ª às 21h30. Sáb às 19h e
21h30. Dom às 19h (“Memorial” de Lígia
Soares).
Primeiros Sintomas
Rua de Santa Engrácia, 12A. T. 915078572
O Eterno Debate Com Catarina Rôlo
Salgueiro, Lúcia Pires, Maria Duarte, Rafael
Gomes, Rita Cruz, Tânia Alves. De 9/10 a
25/10. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 17h. Reservas:
eternodebatereservas@gmail.com.
Teatro Aberto
Praça de Espanha. T. 213880089
Golpada De Dea Loher. Enc. João Lourenço.
Com Ana Guiomar, Carlos Malvarez,
Cristóvão Campos, Rui Melo, Tomás Alves.
De 5/9 a 1/11. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h
(Sala Vermelha). M/14.
Teatro Armando Cortez
Estrada da Pontinha, 7. T. 217110890
A Ratoeira Enc. Paulo Sousa Costa. De 6/9 a
30/10. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 18h30.
Teatro da Comuna
Praça de Espanha. T. 217221770
Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 39
As Artimanhas de Scapin Comp.: Comuna
- Teatro de Pesquisa. Enc. João Mota. De 17/9
a 1/11. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12.
Teatro da Politécnica
Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281
Quartos Comp.: Artistas Unidos. Enc. Jorge
Silva Melo. De 30/9 a 7/11. 3ª a 6ª às 19h , 20h e
21h. Sáb às 16h , 17h, 18h, 19h, 20h e 21h. M/12.
Teatro da Trindade
Amado Monstro Com João Didelet e
Marcantonio Del Carlo. De 10/9 a 25/10. 4ª a
Dom às 19h (Sala Estúdio). M/12. Chicago
Enc. Diogo Infante. De 2/9 a 1/11. 4ª a Sáb às
21h. Dom às 16h30. Musical. M/12.
Teatro do Bairro
R. Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358
O Mundo é Redondo Comp.: TEC - Teatro
Experimental de Cascais. Enc. António
Pires. De 7/10 a 18/10. 4ª a Sáb às 21h30.
Dom às 17h. M/12. Duração: 1h30.
Teatro Maria Matos
Avenida Q Enc. Rui Melo. De 15/7 a 1/11.
4ª a Sáb às 21h. Dom às 18h.
Teatro Municipal São Luiz
R. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650
Os Meus Sentimentos De 15/10 a 17/10. 5ª a
Sáb das 19h às 01h (Ciclo Este é o Meu
Corpo - 7 Solos de Mónica Calle). M/18.
Teatro Nacional D. Maria II
Praça Dom Pedro IV. T. 800213250
Pin My Places Enc. Rui Horta. Com Ana Cris.
De 1/10 a 16/10. 4ª e Sáb às 19h30. 5ª e 6ª às
21h30. Dom às 16h30 (Sala Estúdio). M/14.
Última Hora Enc. Gonçalo Amorim. De 8/10
a 15/11. 4ª e Sáb às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Dom às
16h. M/12.
Teatro Taborda
Rua da Costa do Castelo, 75. T. 218854190
Try Better, Fail Better’20 - Fest Edition
(Ciclo Novos Criadores) De 16/10 a 18/10.
6ª, Sáb e Dom (vários horários).
Teatro Villaret
Av. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586
Casal da Treta Enc. Sónia Aragão. Com Ana
Bola e José Pedro Gomes. De 25/9 a 20/12.
6ª e Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12.
Time Out Mercado da Ribeira
Avenida 24 de Julho.
Todas as Coisas Maravilhosas Com Ivo
Canelas. De 30/9 a 18/10. 4ª a Dom às 21h.
MÚSICA
Lisboa
Fundação e Museu Calouste Gulbenkian
Avenida de Berna, 45A. T. 217823000
Orquestra Gulbenkian Dia 16/10 às 19h.
Teatro Nacional de São Carlos
Largo de São Carlos, 17. T. 213253045
La Wally Com Coro do Teatro Nacional de
São Carlos e Orq. Sinfónica Portuguesa. De
14/10 a 18/10. 4ª e 6ª às 20h. Dom às 16h.
Faro
Teatro das Figuras
Horta das Figuras (EN125). T. 289888110
Camané & Mário Laginha Dia 16/10 às
21h30. Aqui Está-se Sossegado.
Seixal
Fórum Cultural do Seixal
Quinta dos Franceses. T. 210976100
Seixal Jazz 2020 De 15/10 a 24/10. 4ª a Sáb
às 22h. Com André Rosinha Trio (dia 16).
DANÇA
Lisboa
Culturgest
Rua Arco do Cego - CGD. T. 217905155
Ion Coreog. Christos Papadopoulos. De
16/10 a 17/10. 6ª às 21h. Sáb às 19h. M/6.
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa/Serviço Permanente
Gomes (Parque Eduardo VII) - Rua Rodrigo da
Fonseca, 101 - A - Tel. 213882333 Martim Moniz
(Martim Moniz) - Rua da Palma, 194 - Tel.
218882755 Alto dos Moinhos (São Domingos de
Benfica) - Rua João de Freitas Branco, 15 A - B - Tel.
217264450 Bela Vista (Marvila) - Av. República da
Bulgária, Lote 12, Loja C - Tel. 218682241
Outras Localidades/Serviço Permanente
Abrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo)
Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense
Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal -
Misericórdia Alcanena - Correia Pinto Alcobaça -
Magalhães Alcochete - Cavaquinha, Póvoas
(Samouco) Alenquer - Matos Coelho Aljustrel -
Dias Almada - Feijó (Feijó) Almeirim - Barreto do
Carmo Almodôvar - Aurea Alpiarça - Aguiar Alter
do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere -
Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge),
Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D.
Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Vidal
Reis, Confiança da Venteira (Venteira) Ansião -
Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires
(Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia
Arronches - Batista, Esperança (Esperança/
Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia
Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva,
Miranda, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo
(Manique do Intendente) Barrancos -
Barranquense Batalha - Moreira Padrão, Silva
Fernandes (Golpilheira) Beja - J. Delgado (S. João
Batista) Belmonte - Costa, Central (Caria)
Benavente - Miguens Bombarral - Franca Borba -
Central Cadaval - Central Caldas da Rainha -
Perdigão Campo Maior - Central Cartaxo - Central
do Cartaxo Cascais - Ostende (Monte do Estoril),
Rana (Rana), Do Rosário (Rosário) Castelo Branco
- Ferrer Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde -
Alentejana Chamusca - S. José, Joaquim Maria
Cabeça Constância - Vila Farma Constância,
Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Misericórdia
Covilhã - Crespo Cuba - Da Misericórdia Elvas -
Costa Entroncamento - Carvalho Estremoz -
Costa Évora - Évora Faro - Almeida, Da Penha
Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere -
Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do
Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda),
Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão -
Avenida Gavião - Mendes (Belver), Pimentel
Golegã - Lusitano Grândola - Moderna
Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) Lagoa -
Lagoa Loulé - Miguel Calçada, Silveira Algarve,
Chagas Loures - Alto da Eira Lourinhã -
Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação -
Saldanha Mafra - Medeiros (Fânzeres), Oceano
(Santo Izidoro / Mafra) Marinha Grande - Central
Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola
Monchique - Moderna Monforte - Jardim
Montemor-o-Novo - Freitas (Lavre/Montemor-O-
Novo) Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais
(Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura -
Rodrigues Mourão - Central Nazaré - Ascenso,
Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - São Damião
Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da
Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odivelas - Cruz Correia,
Cruzeiro Oeiras - Godinho Oleiros - Martins
Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra,
Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão -
Olhanense Ourém - Leitão Ourique - Nova
(Garvão), Ouriquense Pedrógão Grande - Baeta
Rebelo Penamacor - Nova Peniche - Central
Pombal - Paiva Ponte de Sor - Varela Dias
Portalegre - Nova Portel - Fialho Portimão - Rosa
Nunes Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova -
Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa)
Redondo - Holon Redondo Reguengos de
Monsaraz - Martins Rio Maior - Central Salvaterra
de Magos - Carvalho Santarém - Francisco Viegas
Sucrs Santiago do Cacém - Barradas São Brás de
Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Serpa -
Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do
Bonjardim) Sesimbra - Leão Setúbal - Luísa Todi
Silves - Sousa Coelho Sines - Atlântico, Monteiro
Telhada (Porto Covo) Sintra - Araújo e Sá (Cacém
de Cima), Azeredo (Queluz), Dumas Brousse
(Rinchoa) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel
- Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Maria
Aboim Tomar - Ribeiro dos Santos Torres Novas -
Higiene Torres Vedras - Torreense Vendas Novas
- Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira -
Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de
Xira - Estevão (Brejo), Higiene Vila Nova da
Barquinha - Tente (Atalaia), Carvalho (Praia do
Ribatejo), Barquinha Vila Real de Santo António -
Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa
- Monte Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira
Loures - São Julião (São Julião do Tojal) Redondo -
Alentejo Setúbal - Aranguez
40 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

JOGOS Jogue também online.

Palavras-cruzadas,
bridge e sudoku em
www.publico.pt/jogos

CRUZADAS 11.132 TEMPO PARA HOJE

Horizontais: 1.Que come muito pão, de Verticais: 1.Avenida (abrev.). Raiva.
preferência a qualquer outro alimento. Banda Desenhada. 2.Instrumento musi-
Televisão. 2.Baixio. Trepadeira lenhosa cal de quatro cordas que se ferem com
muito comprida. 3.Deslocam-se no ar. um arco. Numeração romana (1007). 3.A Viana do Bragança
Tomba. 4.Libertar do cativeiro, pagando tua pessoa. Os seus vestígios, descober- Castelo 2º 16º
o resgate. Ateado. 5.Género típico das tos no decurso de escavações arqueoló- 8º 18º
Braga
aceráceas. Molécula portadora da infor- gicas na Sé de Lisboa, vão ser conserva-
6º 21º Vila Real
mação hereditária. 6.Escreveram à minis- dos. 4.Assim será a edição da Feira do
tra da Saúde: o SNS, como está, não po- Livro de Frankfurt deste ano. 5.Superfície 14º Porto 5º 17º
derá ajudar todos os doentes. 7.O qual. exterior do couro. Orçamento do Estado. 8º 19º
Logaritmo natural (Matemática). Pequeno ferimento. 6.Camareira. Na
Viseu
Catedral. 8.Agasta-se sem dizer o motivo. moda. Pessoa notável na sua especialida-
0,5-1m 7º 17º Guarda
«Quem dorme sem (...), toda a noite es- de. 7.A terceira letra do alfabeto grego. Aveiro
perneia». 9.Povoação de categoria supe- Rua de jardim ou parque. 8.Ligado (in- 3º 14º
7º 19º Penha
rior a aldeia e inferior a cidade. Comas ou glês). Abuso de carne na alimentação.
vírgulas dobradas. 10.Dígito binário. 9.Tive acesso a (Informática). Acrónimo Douradas
Título que era dado outrora ao soberano de Associação Portuguesa de Editores e Coimbra 3º 14º
do Irão. Ponderei (fig.). 11.Data. Vão ser Livreiros. 10.Burros. Nome feminino. 7º 21º
reforçadas com 3000 funcionários. 11.Faixa comprida e estreita que, num Castelo
Branco
terreno, madeira ou rocha, se distingue
Leiria 8º 20º
pela sua cor diferente ou pela natureza da
sua substância. Um novo modelo de inte- 6º 21º
ligência artificial alerta médicos para o
risco de um doente desenvolvê-la. Santarém
Portalegre
8º 24º
10º 19º
Solução do problema anterior: Lisboa
Horizontais: 1.Austeridade. 2.Arca. Editar. 3.Ru. Epodo. 4.Portugal. As. 5.Av. Eros.
12º 22º
6.Net. Pl. Momo. 7.IMI. Maná. 8.Um. ASAE. Ola. 9.Fernando. AL. 10.Arai. Comigo.
11.Sapata. Miar. Setúbal
Verticais: 1.Aa. Pantufas. 2.Urro. Mera. 3.Scurati. RAP. 4.Ta. TV. Mania. 5.Tu. Pisa.
10º 23º Évora
6.Re. Gel. Anca. 7.Idear. Medo. 8.Diploma. OMM. 9.Ato. Sono. II. 10.Dada. Málaga.
11.Erosão. Alor. 8º 23º
AMANHÃ

16º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 10º 19º
7º 23º

Dador: Norte 0,5-1m

e Rei de paus, corta um pau e corta tam- Problema
Vul: EO bém o Rei de ouros.
E agora a jogada chave do jogo: 7 de 10.038 Sagres
Faro
paus, onde Oeste balda um ouro e Norte Dificuldade: 12º 20º
NORTE balda uma espada! O Valete de paus de 13º 22º
Ƅ 743 Este faz a vaza e tendo apenas ouros é
Fácil
18º
Ɔ K97652 forçado a jogar um o que irá permitir a
Ƈ KJ 0,5-1m
Sul cortar e a baldar a última espada do
ƅ 64 morto. Cheleme cumprido!
Açores
Corvo
Considere o seguinte leilão: Graciosa
Terceira
OESTE ESTE Oeste Norte Este Sul Solução do Flores
S. Jorge 16º 22º
Ƅ KQ1095 Ƅ8 passo 1Ƅ problema 10.036 16º 21º
Ɔ- Ɔ J4 2Ɔ X passo ?
22º 22º
Ƈ AQ1052 Ƈ 987643 Pico
ƅ Q95 ƅ J1083 O que marcaria, com a mão seguinte? 1m
Faial
ƄAJ862 ƆA83 Ƈ10872 ƅA
17º 22º
1,5m S. Miguel
SUL Resposta: Marque três ouros. O parcei-
18º 23º
Ƅ AJ62 ro promete ter pelo menos quatro car-
Ponta
Ɔ AQ1083 tas em cada um dos naipes pobres, por 22º Delgada
Ƈ- isso temos fit a ouros. Se o parceiro tiver
1m
ƅ AK72 ambição de partida, ele continuará o lei-
lão.
Madeira Sta Maria

Porto Santo
Problema
18º 23º
Oeste Norte Este Sul 10.039 23º
1Ɔ
1Ƅ 4Ɔ passo 6Ɔ Dificuldade:
Todos passam Muito difícil Funchal
0,5m
1m 20º 24º
23º
Leilão: Equipas ou partida livre.

Carteio: Saída: KƄ. Qual o seu plano de Sol Lua Q. Crescente

jogo? Nascente 7h47
Poente 18h56 23 Out. 14h23
Solução: Com o salto para quatro copas Solução do
por parte de Norte, Sul achou que Norte problema 10.037
deveria estar curto a espadas e arriscou
o cheleme. Quando morto apareceu não
Marés
correspondia ao que Sul tinha imagina- Leixões Cascais Faro
do. Fez o Ás de espadas, destrunfou e
baixou os braços dizendo “dou duas es- Preia-mar 03h02 3,6 02h37 3,6 02h44 3,5
padas, um cabide”.
15h19 3,8 14h54 3,8 15h04 3,7
Este carteador desistiu muito cedo do
jogo, quando tudo o que necessita para
Baixa-mar 09h04 0,4 08h39 0,5 08h38 0,4
cumprir é… que Oeste tenha um máxi-
mo de três cartas a paus! 21h32 0,2 21h06 0,4 21h04 0,2
Depois de destrunfar com o Ás e o Rei João Fanha (bridgepublico@gmail.com
Fonte: www.AccuWeather.com
de trunfo, corta o Valete de ouros, tira Ás e fanhabridge.pt) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
 Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 41

DESPORTO
Diogo Jota, o príncipe herdeiro

Substituto cada vez mais “natural” de Cristiano Ronaldo na selecção nacional — quando o capitão não está
—, justiÄca o vaticínio de quem o “descobriu” e os elogios de Jürgen Klopp, que fez o Liverpool ir buscá-lo
PEDRO NUNES/REUTERS

Perfil
Augusto Bernardino
Diogo Jota voltou a preencher com
brilhantismo a lacuna deixada pela
ausência de Cristiano Ronaldo na
selecção nacional. Foi assim com a
Croácia e agora frente à Suécia. Um
“legado” tremendamente exigente,
desaÆo a que o agora menino
bonito de Jürgen Klopp, treinador
do Liverpool, respondeu com uma
assistência e dois golos, “enchendo
o campo” antes de se assumir
como líder dos goleadores da Liga
(A) das Nações, a par do “monstro”
Lukaku, ambos com três golos,
tendo o belga marcado dois de
penálti.
O percurso de Diogo Jota foi já
profusamente publicitado, desde a
transferência para Madrid até ao
recente salto para Liverpool, com
passagens por FC Porto — por
empréstimo do Atlético — e
Wolverhampton, onde não deixou
de reforçar o sentimento de Carlos
Barbosa, responsável pela sua ida
para Paços de Ferreira.
O antigo presidente dos pacenses
aÆrmou, muito antes de Diogo Jota
começar a estabelecer-se na
selecção A, estarmos perante um
dos “futuros melhores do mundo e
da equipa das quinas”, elencando Diogo Jota tem dado provas de que as qualidades que levaram o Liverpool a pagar 40 milhões de euros pelo seu passe se justificam
como argumento de peso o facto de
o menino que “descobriu” nos que em fase embrionária. Mas para acrescentar um diamante à rigoroso. Nem era preciso ninguém portistas não estavam preparados.
sub-17 do Gondomar (num jogo da Diogo Jota parece estar, sociedade Firmino, Salah e Mané, é para controlar a casa porque ele Isto, depois de ter sido o jogador
formação no qual Diogo “partiu” a deÆnitivamente, no rumo certo. O eloquente. próprio se encarregava de impor mais utilizado no Paços de Ferreira
loiça toda), há uns bons sete anos, valor pago pelo Liverpool (na A consciência de que é preciso essa ordem, com total naturalidade, de Jorge Simão e vice-artilheiro da
aliar a um futebol inebriante ordem dos 50 milhões de euros), trabalhar e dar o máximo é inata e estabelecendo e fazendo cumprir equipa, com 14 golos, na segunda
qualidades de trabalho que elevam com Diogo Jota pode ser horários e normas que todos época completa de “castor” ao
os grandes jogadores ao limiar dos corroborada por episódios como aceitavam”, relata um dirigente que peito, o que o projectou para o tal
verdadeiros eleitos. alguns dos vividos no Paços de acompanhou todo o processo de voo internacional, pelo qual o
Carlos Barbosa estava seguro do Ferreira, onde “cresceu” numa formação e explosão de Jota. Atlético de Simeone desembolsou
que aÆrmava e o mais curioso é que, casa do então presidente E essa é uma das qualidades sete milhões de euros. Os espanhóis
salvaguardando as devidas transformada em “academia”, que diferenciadoras. Não basta saber acabariam por abrir mão dos cinco
proporções, as origens e o foco de Era extremamente albergava jovens da formação sair a jogar com a bola colada ao pé anos de vínculo com Jota, que Nuno
Diogo Jota tem qualquer coisa da oriundos de paragens mais ou e Æntar meia equipa adversária. Espírito Santo, depois de o ter
ética de trabalho de Cristiano focado e rigoroso. menos distantes. Chegar ao Dragão e estrear-se com orientado no FC Porto, aproveitou
Ronaldo: uma espécie de religião Nem era preciso Já com estatuto de sénior, depois um hat-trick frente ao Nacional da para reforçar a armada lusa dos
que apura os sentidos e virtudes de de ter sido “promovido” por Paulo Madeira, assinando nove golos “wolves”.
quem nasceu com um dom e não ninguém para Fonseca, Diogo Jota optou por nessa temporada de empréstimo, só O resto é uma história que os
está disposto a abdicar dessa controlar a casa continuar a viver sob o tecto dos está ao alcance de uma pequena portugueses e o mundo acabarão
bênção. mais novos, assumindo um papel de elite. Com isso, Diogo Jota justiÆcava por assimilar sem grande
Talvez seja apenas uma feliz Carlos Barbosa reitor, mostrando o caminho do a aposta do Atlético e tornava a diÆculdade.
coincidência esta espécie de Ex-presidente sucesso aos companheiros. continuidade no FC Porto num
passagem de testemunho, mesmo do Paços de Ferreira “Era extremamente focado e desaÆo Ænanceiro para o qual os augusto.bernardino@publico.pt
42 • Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020
DESPORTO
O arrefecimento da
tensão israelo-árabe
já chegou ao futebol
Futebol internacional
Diogo Cardoso Oliveira
O Beitar Jerusalém,
conhecido por ter na
claque uma facção
antiárabe, pode ter
investimento dos Emirados
Israel, Emirados Árabes Unidos (EAU)
e Bahrein deram, nas últimas sema-
nas, passos importantes na normali-
zação das suas inter-relações. O acor-
do não é apenas uma posição com
efeitos políticos e sociais, mas tam-
bém no desporto, uma vez que se
antevê que passe a haver, em breve,
um clube israelita comprado por um
investidor dos EAU. E a negociação,
mesmo que não chegue a bom porto,
já é, por si só, uma notícia.
Conhecido por ter uma facção de
adeptos antiárabes — que já chegaram
a gritar “morte aos árabes!” nos jogos
—, o Beitar Jerusalém é um dos mais
conhecidos clubes de Israel. É, não
oÆcialmente, o clube da direita polí-
tica de Israel e é, claro, o favorito de
Benjamin Netanyahu. Os adeptos
orgulham-se de o clube nunca ter
contratado um jogador árabe — algo
que já esteve mais longe de ser uma
garantia —, mas Moshe Hogeg, dono
do Beitar desde 2018, tem trabalhado
para esfriar a facção mais radical da
claque La Familia.
Na última semana, Hogeg conÆr-
mou que está em negociação com um
investidor árabe cujo nome não reve-
lou, naquele que deÆniu como um
acordo que “será um símbolo concre-
to dos novos ventos de paz que estão
a soprar no Médio Oriente”.
A missão de Hogeg
Apesar da postura racista de uma fac-
ção de adeptos do Beitar, desde 2018
que o clube está diferente. Hogeg, até
então um perfeito desconhecido no
futebol israelita, trouxe “tolerância
zero” perante o racismo permanente.
“As minhas reacções [ao racismo] não
são proporcionais. Faz um só comen-
tário racista e serás multado em um
milhão de dólares”, ameaçou, à che-
gada ao clube.
Com multas tremendas pela frente
— mais os custos legais para a defesa
nos processos —, os adeptos mais
radicais recuaram. E os episódios de
racismo têm sido, desde a chegada de
Hogeg, um cenário incomum.
Adeptos do Beitar Jerusalém durante um jogo da eq uipa
Diogo Verdasca, jogador portu-
guês ao serviço do Beitar, assume,
em declarações prestadas ao PÚBLI-
CO que existe, de facto, uma facção
racista entre os fãs do clube, mas
que se trata de uma minoria. “Quan-
do vim para cá, já sabia que havia
uma facção racista, mas em muitos
clubes do mundo há adeptos mais
extremistas e menos extremistas.
Há alguns adeptos racistas, mas a
maior parte não é racista nem antiá-
rabe. E posso dizer que o acordo de
paz foi uma grande notícia aqui em
Israel. É muito bom para o país e
para os clubes”.
Questionado sobre se se sentiu
incomodado por jogar num clube
com passado e presente racista, Ver-
dasca é claro: “Nunca, porque é um
tema do clube e dos adeptos — e ape-
nas de alguns adeptos. Não é um tema
pessoal, porque eu não sou racista
nem sou anti-árabe. Não pesei esse
factor quando aceitei vir”.
O caso Ali
Os efeitos da nova liderança do Beitar
não se Æcaram pelas multas aos adep-
tos. Em 2019, o Beitar contratou Ali
Mohamed. O jogador do Níger é cris-
tão, mas o nome, argumentou a cla-
que La Familia, soava a muçulmano.
Alguns adeptos chegaram mesmo a
pedir que o jogador fosse rebaptizado
para jogar pelo Beitar.
Mas estes intentos radicais foram
esfriados por Moshe Hogeg — pelo
poder da ameaça — e pelo próprio Ali
Mohamed — pelo poder do futebol.
Em Novembro de 2019, o jogador fez
o primeiro golo pelo clube. E todos
cantaram o nome do médio de 24
NIR ELIAS/REUTERS
anos. “Foi o melhor momento para
mim, quando toda a multidão entoou
o nome dele. Um jogador chamado
Ali Mohamed a marcar um golo usan-
do o nome “Mohamed” na camisola.
É uma grande vitória”, congratulou-
-se o dono do clube.
Diogo Verdasca estima ao PÚBLI-
CO que, “em cerca de 500 adeptos,
havia à volta de 40 ou 50 contra o
Ali”. “O resto estava a abraçá-lo e a
dizer-lhe: ‘És grande, és o melhor
jogador da Liga’. Há vídeos do Ali
nos ombros dos adeptos. As pessoas
adoram-no”, aÆança.
Unir pelo futebol
Para Moshe Hogeg, dono do Beitar, a
missão no clube é unir pelo futebol.
“Quando temos uma parceria entre
um rapaz judeu de Israel, chamado
Moshe, e um rapaz árabe, tenha que
nome tiver, estamos a puxar pela
mesma equipa, a fazer o bem e a ten-
tar que as pessoas se divirtam. Quan-
do alguém marca um golo, todos
marcam juntos”, apontou.
Ainda nenhum jogador árabe che-
gou à primeira equipa do Beitar,
mas eles existem nas camadas
jovens. Hogeg garante que seria
racista promover ou contratar ára-
bes apenas para marcar uma posi-
ção política. “Não quero saber da
religião ou cor. Só quero saber se o
jogador pode ajudar a equipa e se é
bom futebolista”.
Quando algum árabe chegar ao
Beitar, a La Familia estará, por cer-
to, a assistir na primeira Æla. Espera-
se que apenas a aplaudir e valorizar,
com os intentos racistas totalmente
reprimidos.
Breves
Futebol
Jogo entre Sporting e
Gil Vicente agendado
para 28 de Outubro
O Sporting-Gil Vicente, da
primeira jornada da I Liga, que
tinha sido adiado em
Setembro devido aos testes
positivos à covid-19 nas duas
equipas, vai disputar-se em 28
de Outubro, informou ontem a
Liga de clubes. Esta “foi a data
encontrada pelos clubes e
pelo operador [televisivo],
para que se realize” o encontro
em atraso, no Estádio José
Alvalade, com início marcado
para as 21h45.
Futebol internacional
Fábio Silva na lista
final de candidatos
ao prémio Golden Boy
O avançado Fábio Silva, de 18
anos, transferido do FC Porto
para o Wolverhampton por 40
milhões de euros, é o único
português entre os 20
finalistas ao prémio Golden
Boy, atribuído pelo jornal
Tuttosport e que distingue o
melhor futebolista com menos
de 21 anos. Entregue desde
2003, só houve dois
portugueses a ganhá-lo: João
Félix (2019) e Renato Sanches
(2016).
Futebol
Benfica denuncia
racismo contra
nigeriana Ucheibe
O Benfica denunciou ontem
manifestações racistas para
com a futebolista nigeriana
Christy Ucheibe, no jogo da
meia-final da Taça de Portugal
de futebol feminino, em
Famalicão, ganho pelas
“águias” por 2-1 e que valeu a
passagem à final da prova. O
clube da Luz estranhou ainda
aquilo que considera o elevado
número de pessoas na bancada.
Pinto da
Costa quer
deixar um FC
Porto sólido
Futebol
Augusto Bernardino
Presidente dos “azuis
e brancos” sublinhou
o desejo de construir
a cidade desportiva do
clube antes de se retirar
Pinto da Costa expressou ontem o
desejo de poder construir a cidade
desportiva do clube antes de se retirar
do dirigismo desportivo. Em entrevis-
ta à TVI, o presidente do FC Porto
garante não estar obcecado com
nenhum objectivo para além de dei-
xar o clube “sólido e unido no dia em
que sair”, apesar de não saber, neste
momento, dizer se será no Ænal deste
15.º mandato, quando somará 42
anos à frente dos “dragões”, assumin-
do apenas que partirá quando “sen-
tir” que não é “necessário”.
“Nunca penso no que falta fazer,
porque há sempre coisas para fazer.
Não estou preocupado com isso”,
disse, admitindo apenas que “gostava
de construir a cidade desportiva”.
Dentro do espírito da estabilidade
Ænanceira, Pinto da Costa garante
que a muito curto prazo o FC Porto
deixará de estar sob o radar da
UEFA em termos de incumprimento
de fairplay Ænanceiro.
Nesse capítulo, sublinha o facto de
haver parâmetros que empurram as
contas para o vermelho: “Não tenho
dúvidas de que vamos alcançar a esta-
bilidade. Falência técnica? Quando
somos obrigados a apresentar as con-
tas de acordo com parâmetros em
que, por exemplo, o plantel é subva-
lorizado, torna-se difícil contrariar
esse tipo de contas”.
Pinto da Costa tem visado o
Governo de António Costa no que
diz respeito às medidas adoptadas,
em contexto de pandemia, para o
futebol português. A decisão de os
jogos continuarem sem público ou
a política Æscal aplicada pelo Gover-
no mereceram críticas públicas ao
político António Costa, sobre quem
diz não entender como surgiu na
comissão de honra de Luís Filipe
Vieira, candidato à presidência do
BenÆca. “Não pode surgir associado
à candidatura de alguém que deve
milhões a um banco que está a ir aos
bolsos dos portugueses”.
augusto.bernardino@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020 • 43

DESPORTO

“Sonho rosa” Pedro Sousa volta a vencer

de Almeida
continua no Lisboa Belém Open
intacto
O número dois português no ranking mas felizmente dei a volta. Entrei res atrás de João Sousa —, Oliveira e
Ciclismo Ténis ATP, onde Ægura no 111.º lugar, per- muito forte no segundo set e ele bai- o dominicano Roberto Subervi ven-
Diogo Cardoso Oliveira Pedro Keul mitiu que o francês Hugo Grenier xou um pouco a cabeça”, explicou ceram os cabeças de série n.º 3,
(248.º) recuperasse de 1-4 no set ini- Sousa, depois de triunfar, com os Robert Galloway-Denys Molchanov
A etapa de ontem da Volta a Itália O número dois português cial, mas depois de elevar o nível a parciais de 7-5, 6-0. no match tie-break, 1-6, 6-3 e 10/4, e
prometia ser traiçoeira e um teste partir do 5-5, não mais viu colocada O tenista lisboeta terá agora pela qualiÆcaram-se para as meias-Ænais
está perto do seu melhor
real à liderança de João Almeida, mas em causa a sua superioridade na frente, hoje (14 horas), o cazaque onde hoje (10 horas), vão defrontar
ainda não foi desta que o português resultado no torneio. Final segunda eliminatória. Dmitry Popko (178.º), que ontem os portugueses Nuno Borges e Fran-
caiu do lugar que poucos lhe vatici- de pares terá portugueses “Já tinha jogado com ele (em Split, derrotou Gonçalo Oliveira (285.º) cisco Cabral. Já Tiago Cação-João
navam à partida para esta prova. ganhei 6-4, 6-4) e já tinha sido bastan- com um duplo 6-2, num encontro Monteiro foram eliminados ao per-
A tirada não era de alta monta- Pedro Sousa Æcou mais perto das te duro. Fiquei um pouco tenso, a em que o tenista luso não aprovei- derem com Chun-hsin Tseng-Kacper
nha, mas o permanente “sobe e meias-Ænais do Lisboa Belém Open bola estava mais pesada por jogar- tou nenhum dos cinco break-points Zuk, com um duplo 6-4.
desce” de cinco contagens de mon- e de repetir o seu melhor resultado mos ao Æm da tarde, mais zonas de a seu favor. Já nos pares, onde Ægura
tanha, conjugado com a meteorolo- no challenger do CIF, obtido em 2018. sombra e sol, vento, não estava fácil, no 81.º lugar do ranking — sete luga- pkeul@publico.pt
gia traiçoeira, ainda não foi desafio PUBLICIDADE
suficiente para o líder do Giro, que
viu os rivais mostrarem alguma inér-
cia e falta de predisposição ofensiva
— porventura, crendo que o portu-
guês falhará mais cedo ou mais tar-
de. E, depois de uma etapa mais
calma do que se previa, o “sonho
rosa” continua de pé.
A tirada 12 trouxe triunfo de Jho-
natan Narvez (Ineos), último resis-
tente da fuga do dia, que celebrou na
chegada a Cesenatico, vencendo pela
primeira vez no Giro.
Mais atrás, esperava-se que alguns
candidatos tentassem fazer diferen-
ças, mas o mais perto que houve de
um duelo foi um tímido ataque de
Pozzovivo, neutralizado a meias
entre a Quick-Step e o outro portu-
guês em prova, Rúben Guerreiro
(deu uma ajuda a Almeida nesse
momento). Depois desse ataque
nada mais se passou e isso foi o
melhor que Almeida poderia pedir.
Para hoje está agendada uma eta-
pa maioritariamente plana, desenha-
da para um final ao sprint, antes do
contra-relógio de amanhã, etapa
essencial para o futuro de João
Almeida na prova.

diogo.oliveira@publico.pt

CLASSIFICAÇÕES
12.ª ETAPA
1. Jhonatan Narvaez (Ineos) 5h31m24s
2. Mark Padun (Bahrain) a 1m08s
3. Simon Clarke (EF) a 6m50s
8. Rúben Guerreiro (EF) a 8m25s
9. João Almeida (Quick-Step) m.t.

GERAL
1. João Almeida (Quick-Step) 49h21m46s
2. Wilco Kelderman (Sunweb) a 34s
3. Pello Bilbao (Bahrain) a 43s
4. Domenico Pozzovivo (NTT) a 57s
29. Rúben Guerreiro (EF) a 34m10s
Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020

BARTOON LUÍS AFONSO

CONSOANTE MUDA

Crónica de um confinamento anunciado

avançada. Passemos por cima do bluetooth ativada e a bateria conÆnamento, ainda que não prolongados da doença).
facto de que essa possível devidamente carregada? Como é generalizado, é o que já está a Mas antes de chegarmos aí, os
complacência não deixará de estar fácil de ver, a implementação de tal acontecer aqui e ali. Em Espanha sistemas de saúde continuam a
relacionada com a ambiguidade do medida e a sua Æscalização só seria tenta conÆnar-se a região de precisar de internar os casos mais
discurso público, de governantes e possível com um grau de vigilância Madrid, em França decreta-se o preocupantes de pessoas infetadas.
órgãos de soberania, sobre o também ela eletrónica, a uma recolher obrigatório em oito Continua a haver um limite de
Rui Tavares

O
deio ser pessimista. Pelo
menos tanto quanto o nosso
primeiro-ministro, segundo
o próprio, odeia ser
autoritário. E no entanto
esta é uma crónica de um
inevitável pessimismo. Se, uma vez
terminada a leitura, me quiserem
explicar por que estou a ver tudo
errado, sintam-se à vontade. Até
vos agradeço.
Comecemos por aqui: o que
justiÆca a decisão de tornar
obrigatória para certas categorias
de portugueses a instalação de
uma aplicação de alerta contra a
covid-19 que passou no crivo das
liberdades, direitos e garantias
apenas pela promessa explícita de
a sua instalação ser voluntária, e
quando se sabe à partida que a dita
obrigatoriedade tem grande
probabilidade de ser chumbada no
Parlamento ou no Tribunal
Constitucional? A necessidade de
dar um “abanão” numa atitude de
complacência dos portugueses em
relação à pandemia foi a explicação
regresso à normalidade. A tese do
“abanão” pode ser certa, se
pensarmos que nas últimas horas
apenas mais portugueses podem
ter sido lembrados da existência da
aplicação do que em qualquer
momento desde que ela foi criada.
Mas uma breve vista de olhos
pela Proposta de Lei n.º 62/XIV,
que avança com essa
obrigatoriedade, permite-nos
entender a fragilidade da sua
própria aplicação, em particular
no Artigo 5.º, que reza: “A
Æscalização do cumprimento das
obrigações da presente lei compete
à Guarda Nacional Republicana, a
Polícia de Segurança Pública, à
Polícia Marítima e às polícias
municipais.” Há algo de
desconcertante nisto: ao mesmo
tempo queremos que milhões de
pessoas instalem a aplicação e
imaginamos ser possível que os
senhores guardas e agentes da GNR
e da PSP possam espreitar para
dentro de uma porção relevante
dos telemóveis dos portugueses
para ver se eles têm a aplicação
instalada, e já agora a função
escala e com uma tal complexidade
técnica que felizmente em Portugal
ninguém propôs ainda — e se
imagina (ou espera) que nem seja
possível.
Antes de chegarmos aqui,
porém, é preciso aprovar a lei. E aí
o meu pessimismo aprofunda-se,
porque só imagino uma forma de
esta medida ser defendida pelo
governo no Parlamento. O meu
receio é que o argumento do
primeiro-ministro seja no fundo
algo como: meus caros, é isto ou o
conÆnamento. O que na realidade
concreta dos próximos meses
acabará por se traduzir da seguinte
forma: será “isto”, e o
conÆnamento também.
Como é evidente, o
conÆnamento é aquilo que toda a
gente quer evitar. O nosso
primeiro-ministro já o deixou
claro, bem como praticamente
todos os seus congéneres
europeus. A Comissão Europeia
pediu ontem que se Æzesse “tudo o
que fosse possível” para evitar “um
novo conÆnamento generalizado e
devastador”. E, no entanto, o
grandes cidades, no Reino Unido o camas e de unidades de cuidados
governo de Boris Johnson, antes intensivos disponíveis e, por
tão refratário à ideia, começa a conseguinte, a necessidade de
mencionar a ideia de um baixar a curva quando a
“miniconÆnamento” de 15 dias progressão da infeção aumenta.
para “quebrar o circuito” das Pior ainda: por agora, estamos
cadeias de transmissão. sem trunfos para fazer baixar a
Estamos em meados de outubro. curva a sério. Na ausência de
Em Portugal, havia anteontem 360 imunidade, por vacina ou (com
cadeias de transmissão ativas e todas as reservas morais e práticas
mais de dois mil novos infetados. que já exprimi noutras ocasiões)
As máscaras, o distanciamento “de rebanho”, ou de um
social e as medidas de higiene — e tratamento fácil, doméstico, e sem
sim, também a aplicação, desde grandes efeitos secundários, que
que tenha uma utilização mais ainda não existe, só um fator
generalizada — podem ajudar a conseguiria mudar radicalmente
abrandar o ritmo da progressão do os dados no terreno: a existência
vírus. E há algumas boas notícias de um sistema de testes fácil,
no terreno, que permitem barato, rápido e quase universal,
temperar o pessimismo, e das que também ainda não existe.
quais a principal é que morre hoje Nestas condições, quem nos
muito menos gente infetada pelo poderá garantir onde estarão os
novo coronavírus, principalmente governos europeus em dezembro?
porque conhecemos melhor a Provavelmente, a explicarem-nos
doença, as terapias foram sendo que é preciso conÆnar, ainda que
aÆnadas, e há medicamentos de de forma parcial ou “cirúrgica”,
eÆcácia comprovada no porque tudo o que foi tentado
tratamento da covid-19 (embora, antes teve sucesso limitado.
por outro lado, não saibamos
ainda quais são os efeitos Historiador

Esta informação não dispensa a

consulta da lista oficial de prémios Lotaria popular 0 0 6 0 1 1.º Prémio
50.000€
Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: Cláudia Azevedo, Ana Cristina Soares e João Günther Amaral
9988B239-5524-4EAD-8F38-C11E4ABBFC05
E-mail publico@publico.pt Estatuto Editorial publico.pt/nos/estatuto-editorial Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial
210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Rua Júlio Dinis, n.º270, Bloco A, 3.º, 4050-318 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade,
Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 963388260 e/ou 291639102 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €4.050.000,00.
Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Empresa Gráfica Funchalense,
SA, Rua da Capela de Nossa senhora da Conceição, nº. 50- Morelena – 2715-029 Pêro Pinheiro Telf.: 219677450 Distribuição VASP – Distribuidora de Publicações, SA, Quinta do Grajal - Venda
Seca, 2739-511 Agualva Cacém, Telef.: 214 337 000 Fax : 214 337 009 e-mail: geral@vasp.pt Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Setembro 25.267 exemplares Membro da APCT

PUBLICIDADE

O mundo precisa
PENSE BEM, PENSE PÚBLICO
Aponte para aqui a câmara ou aplicação
do seu telefone e carregue no link que aparece
OU CONTACTE-NOS
publico.pt/assinaturas/novonormal
de respostas
Confie em quem faz
assinaturas@publico.pt
808 200 095 (DIAS ÚTEIS DAS 9H ÀS 18H)
as perguntas certas