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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

ÁREA DAS CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS

CARLOS CÉSAR ORNEL DOS SANTOS JÚNIOR

ESTHER ZILIOTTO VISENTIN

EXTRATO DE BETERRABA COMO INDICADOR NATURAL DE pH

CAXIAS DO SUL

2020
1. INTRODUÇÃO
O potencial hidrogeniônico (pH) define a concentração de íons H + em uma
solução, definindo-a como ácida ou básica. A escala de pH varia de 0 a 14 onde pH=7
neutro, pH<7 ácido e pH>7 básico.
O pH de uma solução pode ser determinado de diferentes formas, como por
exemplo utilizando substâncias indicadoras as quais são capazes de mudar de cor
dependendo das características físico-químicas da solução na qual estão inseridas.
Exemplos comuns são: fenolftaleína, vermelho de metila e papel de tornassol.
Os indicadores ácido-base, ou simplesmente indicadores de pH, são
substâncias de origem natural ou sintética podendo ser fracamente ácidas
(indicadores ácidos) ou fracamente básicas (indicadores básicos). Na escolha de um
indicador deve-se levar em conta a faixa de pH na qual ele mudará de cor, como
observado na Figura 1.
Figura 1 - Indicadores de pH e intervalo de mudança de cor

Fonte: FOGAÇA (2020)


Várias plantas, flores e frutas podem ser utilizadas como indicadores ácido-
base, isso porque possuem em sua seiva substâncias bem pigmentadas as quais
alteram a cor conforme mudança no pH do meio no qual estão inseridas.
A beterraba (Beta vulgaris) tem coloração vermelho-arroxeada devido à
presença dos pigmentos betalaínas, e pode ser usada como um indicador. As
betalaínas (semelhantes às antocianinas) são compostos N-heterocíclicos,
hidrossolúveis, os quais incluem duas classes de pigmentos: betacianina (responsável
pela coloração vermelha) e betaxantina (responsável pela coloração amarelada),
resultando na cor da raíz da hortaliça.
Figura 2 - Estrutura química geral da betalaína. (A) Ácido betalâmico presente em toda
molécula de betalaína. (B) Esta estrutura poderá representar tanto a betacianina
quanto a betaxantina, dependendo da identidade dos radicais 1 e 2. Nas betacianinas,
R= glicose ou ácido glucurônico. As betaxantinas possuem um anel di-hidropirínico.

Fonte: RODELLA (2013)


A partir disso, percebe-se a grande utilidade desses indicadores provenientes
de fontes naturais. Eles apresentam resultados eficazes tanto quanto os indicadores
sintéticos, podem ser aplicados em titulações e diversos outros usos, além de serem
de fácil obtenção, baixo custo e o principal, não agridem o meio ambiente, tornando
um método sustentável.

2. EXTRAÇÃO
2. 1 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
a) Balança semi-analítica;
b) Béquer;
c) Proveta;
d) Chapa de aquecimento;
e) Erlenmeyer;
f) Funil de vidro;
g) Papel filtro;
h) Frasco de vidro âmbar.#
2.2 REAGENTES E SOLUÇÕES
a) Água destilada.

2.3 MÉTODO DE EXTRAÇÃO


O extrato foi obtido com água destilada e beterraba de espécie Beta vulgaris.
Foram pesadas 160g de beterraba in natura, previamente lavadas e cortadas.
Posteriormente, adicionou-se 480mL de água destilada, a qual foi fervida e mantida
em chapa de aquecimento, até que a água se reduzisse à metade do volume inicial.
O tempo da extração foi de aproximadamente 40 minutos e após resfriada, a solução
foi filtrada com funil de vidro e papel filtro e depositada em um erlenmeyer. O extrato
final foi armazenado em frasco de vidro âmbar e mantido em refrigerador até o
momento de utilização.
Figuras 3 e 4 - Aquecimento e filtração do extrato aquoso de beterraba

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
a) Conta-gotas;
b) Tubos de ensaio;
c) Estante para tubos de ensaio;
d) Pipeta de Pasteur.

3. 2 REAGENTES E SOLUÇÕES
a) HCl 0,1M;
b) NaCl saturado;
c) NaOH 0,1M;
d) H3C-COOH 0,1M;
e) Dietilamina 0,1M;
f) Fenol 5%;
g) Acetona 5%;
h) Etanol 50%;
i) Água Destilada;
j) Indicador do extrato da beterraba;
k) Indicador do extrato da beterraba 1:1.

3. 3 ESCALA DE PH
Para verificar a eficácia do extrato de beterraba como indicador de potencial
hidrogeniônico, foi elaborada uma escala de nível, utilizando soluções com pH
previamente conhecidos, a fim de observar o comportamento do indicador puro e
diluído em meio ácido, básico e neutro.
Com o auxílio de um conta-gotas, foi dispensado em torno de 5mL de HCl 0,1M,
NaCl saturado e NaOH 0,1M, em 3 diferentes tubos de ensaio, respectivamente. Após,
com uma pipeta de Pasteur foi adicionado em cada tubo 5 gotas do indicador diluído.
Repetimos o procedimento com extrato puro, a fim de verificar qual
apresentaria melhores resultados.

3. 4 TESTE EXPERIMENTAL
Em diferentes tubos de ensaio foi adicionado 5 gotas de ácido acético,
dietilamina, fenol, acetona e etanol. Com uma pipeta de Pasteur foram acrescentadas
5 gotas do indicador diluído em cada tubo de ensaio.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O extrato de beterraba apresentou diferentes colorações em meio ácido, neutro
e básico, comportamento esse que pode ser explicado pela isomerização da betanina
em função do pH do meio, conforme mostra Figura 5.
Figura 5 - Conversão da betanina em função do pH do meio

Fonte: CUCHINSKI (2010)

Em contato com reagentes de diferentes pH, ambos indicadores apresentaram


alterações na coloração natural. Em meio ácido a solução apresentou coloração mais
avermelhada. Em solução de pH neutro, o indicador evidencia tons róseos e em meio
básico a coloração tende ao amarelo.
Comparando as escalas dos dois indicadores, é possível analisar que a do
indicador diluído tem maior diferença de coloração entre o meio ácido, neutro e básico.
Isso porque o extrato puro apresenta colorações mais intensas, que dificultam a
visualização de viragem para cada meio. Como mostra a Figura 6.
Figura 6 - Comparação entre escalas de pH

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

Os testes experimentais não apresentaram grandes diferenças entre si (Figura


7) e para auxiliar na identificação foram utilizadas fitas de pH em cada tubo de teste
(Tabela 1).
Figura 7 - Teste experimental

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)


Tabela 1 - Coloração e pH das soluções com extrato de beterraba como indicador

Reagente Coloração pH

Dietilamina 0,1M Roxo Escuro 10

Fenol 5% Lilás 4

Acetona 5% Rosa 5

Etanol 50% Rosa 5

H3C-COOH 0,1M Lilás 2

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

Utilizando a escala de pH montada anteriormente, é possível comparar que,


com exceção da dietilamina, os reagentes seguem um padrão muito semelhantes ao
da escala, sendo o fenol e o ácido acético com uma coloração mais próxima do ácido,
e o etanol e a acetona aproximando-se da cor referente ao neutro. De toda maneira,
é necessário levar em consideração o pH da água utilizada para extração do corante,
que é ligeiramente ácido, assim podendo criar algumas linhas de tendências na escala
e nos testes realizados, diminuindo um pouco o pH.
A dietilamina, por sua vez, resultou em uma coloração diferente a da escala,
sendo que substâncias básicas deveriam apresentar uma coloração mais amarelada.
Porém é possível considerar que quando o pH está acima de 7, ocorre um momento
de transição diferente do que no meio ácido, resultando no escurecimento do indicador
para bases fracas e medianas, como é o caso da dietilamina. Com o aumento
significativo do pH, como na utilização de NaOH que possui pH em torno de 12 e 13,
há uma transição mais expressiva, tendendo ao amarelo.
REFERÊNCIAS:
FOGAÇA, Jennifer. Indicadores ácido-base. Disponível em:
https://www.manualdaquimica.com/fisico-quimica/indicadores-acido-base.htm.
Acesso em: 17 out. 2020.

CASTAÑEDA, Leticia Marisol Flores. Antocianinas: o que são? onde estão? Como
atuam? In: SEMINÁRIO DA DISCIPLINA FIT 00001, 1., 2009, Porto Alegre. Artigo.
Porto Alegre: UFRGS, 2009. p. 1-2. Disponível em:
https://www.ufrgs.br/agronomia/materiais/userfiles/Leticia.pdf. Acesso em: 21 out.
2020.

CUCHINSKI, Ariela Suzan; CAETANO, Josiane; DRAGUNSKI, Douglas C.. Extração


do corante da beterraba (Beta vulgaris) para utilização como indicador ácido-base.
Eclética Química, São Paulo, v. 35, n. 4, p. 17-23, jan. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
46702010000400002#:~:text=A%20esp%C3%A9cie%20utilizada%20para%20obten
%C3%A7%C3%A3o,a%20metade%20do%20volume%20inicial. Acesso em: 29 out.
2020.

RODELLA, Fernanda Messias; SOUZA, Silvia Maria Batista de. Extração de


corante natural. 2013. 9 f. TCC (Graduação) - FEMA, 2013. Disponível em:
https://cepein.femanet.com.br/extrafema/buscarTccCurso.jsp?id=1605. Acesso em:
29 out. 2020.

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