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DUREZA JANKA DA MADEIRA DE DUAS FOLHOSAS

Conference Paper · September 2013

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5 authors, including:

Rafael Delucis Diego Martins Stangerlin


Universidade Federal de Pelotas Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
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Rômulo Trevisan Rafael Beltrame


Universidade Federal de Santa Maria Universidade Federal de Pelotas
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I Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia da Madeira (CBCM)

III Simpósio de Ciência e Tecnologia do Estado do RJ (SIMADERJ)

DUREZA JANKA DA MADEIRA DE DUAS FOLHOSAS

Rafael de Avila Delucis1, Diego Martins Stangerlin3, Rômulo Trevisan2, Rafael Beltrame1,
Matheus Lemos Peres1
Universidade Federal de Pelotas1, Universidade Federal de Santa Maria2, Universidade Federal de
Mato Grosso3
r.delucis@hotmail.com

1. INTRODUÇÃO massa específica aparente foi calculada pela


razão entre a massa e o volume climatizados.
Para a caracterização mecânica de materiais, o Os ensaios mecânicos consistiram de testes de
ensaio de dureza é o teste mais frequentemente Dureza Janka nos três planos anatômicos de
utilizado em empresas, universidades e centros acordo com o procedimento D143-94 (ASTM,
de pesquisa, nesse contexto há mais de uma 2007), dessa forma a resistência da madeira a
dezena de métodos (PADILHA, 2000). dureza Janka foi corrigida em função da
Na madeira, em particular, utiliza-se, em geral, a variabilidade do teor de umidade no momento
dureza Janka que avalia a resistência oferecida do ensaio conforme o procedimento NBR 7190
pelo material à penetração superficial de uma (ABNT, 1997).
esfera de aço, com seção diametral de 1cm², a Dentro de cada espécie, os valores de resistência
qual é introduzida até metade de seu diâmetro ao ensaio de dureza Janka foram submetidos à
(COLENCI, 2006). análise de variância simples (p<0,05) com
De acordo com Moreschi (2010) a dureza da posterior teste de comparação de médias LSD de
madeira é uma propriedade importante para Fischer (p<0,05). Adicionalmente, foram
aparelhos de esporte, entalhes, assoalhos, sendo, desenvolvidos modelos matemáticos por meio
em geral, indicadora da trabalhabilidade da de análises de regressão simples para a
madeira. estimativa da resistência ao ensaio de dureza
Nesse contexto, o presente estudo objetivou Janka em função da massa específica aparente a
avaliar a Dureza Janka da madeira de acácia- 12%.
negra (Acacia mearnsii De Wild) e cedro
(Cedrela fissilis Vellozo). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Na Tabela 1 pode-se observar que independente


da espécie madeireira, os maiores valores de
Para o estudo foram selecionadas cinco árvores resistência da madeira ao ensaio de dureza Janka
de acácia-negra de sete anos de idade e três ocorrem na face perpendicular às fibras (direção
árvores de cedro com aproximadamente 100 longitudinal).
anos de idade, respectivamente nos municípios
de Piratini e Canguçu, ambos no Estado do Rio Tabela 1: Valores médios de massa específica
Grande do Sul. aparente e Dureza Janka para as madeira de
Após o abate, da tora basal de 1,5m de acácia-negra e cedro:
comprimento foram confeccionadas 60 amostras ρ12% R T P
orientadas em relação aos planos anatômicos de (g.cm-3) (MPa) (MPa) (MPa)
5,0 x 5,0 x 15,0 cm (maior dimensão para a acácia-negra
direção longitudinal) por meio dos desdobros 39,380 37,193 42,911
primário e secundários. Média 0,655
(ab) (a) (b)
As amostras foram acondicionadas em câmara cv 8,33 21,49 34,41 26,04
climática (20ºC e 65% de UR) até atingirem cedro
massa e volume ao teor de umidade de equilíbrio 34,094 32,948 37,809
de 12%. A massa e o volume foram avaliados Média 0,540
(a) (a) (b)
por meio de meio de balança analítica (precisão cv 10,45 23,41 27,66 19,79
de 0,01g) e paquímetro digital (precisão de Em que: ρ12%= massa específica aparente a 12%;
0,01mm), respectivamente. Em sequência, a R= resistência na face radial (direção tangencial); T=
resistência na face tangencial (direção radial); P= Analogamente, Kollmann e Coté (1968)
resistência na face perpendicular às fibras (direção verificaram correlação significativa entre a
longitudinal); cv= coeficiente de variação. Numa Dureza Janka e a massa específica da madeira.
mesma linha, médias com letras distintas diferem Conforme os mesmos autores, a massa
estatisticamente conforme o teste LSD de Fischer.
específica é uma função da proporção de parede
celular por unidade de volume em uma peça de
Conforme Dal Pogetto et al. (2006) e Rocco
madeira.
Lahr et al. (2010), a razão entre a dureza nas
faces paralela e perpendicular as fibras é de
4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
aproximadamente 1, resultados concordantes
com o presente estudo.
Para a madeira de ambas as espécies houve
Não obstante, Colenci (2006) verificou
variação significativa dos valores de resistência
igualdade estatística para a dureza Janka
a Dureza Janka quando comparados entre os
perpendicular e paralela às fibras nas espécies
direcionamentos dos ensaios. Na face
madeireiras examinadas em seu estudo.
perpendicular às fibras (direção longitudinal), a
De acordo com Kollmann e Coté (1968) a
resistência da madeira de acácia-negra e de
principal explicação para a mais acentuada
cedro à Dureza Janka denotou-se maior.
resistência na face perpendicular às fibras
comparada as faces paralelas às fibras, como
5. BIBLIOGRAFIA
verificado no presente estudo, é atribuída à
disposição das células estruturais da madeira,
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND
que em sua maioria encontram-se na direção
MATERIALS (ASTM). Standard Test
axial.
methods for small clear specimens of timber -
Na tabela 2, verifica-se que a ρ12% estimou
ASTM D143-94. West Conshohocken: 2007,
significativamente a resistência da madeira ao
32p.
ensaio de dureza Janka, independente do plano
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
anatômico e espécie estudada.
TÉCNICAS (ABNT). Projetos de estruturas
de madeira – NBR 7190. Rio de Janeiro: 1997.
Tabela 2: Modelos matemáticos ρ12% versus
107p.
Dureza Janka de acácia-negra e cedro.
COLENCI, A. R. Desenvolvimento de
Equação R² Valor F
Acácia-negra
equipamento para avaliação em campo da
R = -15,7313 + 86,1206* ρ12% 0,35 14,05** dureza de madeiras para dormente
T = -41,1924 + 119,431* ρ12% 0,39 16,50** ferroviário. 2006. 112f. Tese (Doutorado em
P = -3,53118 + 74,4797* ρ12% 0,22 7,06* Agronomia Energia da Agricultura) -
Cedro Universidade Estadual Paulista, Botucatu, São
R = -37,2844 + 130,915*ρ12% 0,73 108,16** Paulo. 2006.
T = -32,9585 + 120,711*ρ12% 0,65 73,03** DAL POGETTO, M. H. F. A, Ensaios de
P = -25,6692 + 118,103*ρ12% 0,71 99,66** dureza paralela e normal às fibras da
Em que: ρ12%= massa específica aparente a 12% madeira, Relatório Científico – UNESP –
(g.cm-3); R= resistência na face radial (MPa); T= Faculdade de Ciências Agronômicas,
resistência na face tangencial (MPa); P= resistência Universidade Estadual Paulista Botucatu,
na face perpendicular às fibras (MPa); *= Janeiro, 2006.
significativo em 5% de probabilidade de erro; **=
significativo em 1% de probabilidade de erro.
KOLLMANN, F.E.P.; CÔTÉ, W.A. Principles
of wood science and technology. Berlin:
Os modelos matemáticos estabelecidos para a Springer Verlag, 1968. v.1. 592p.
predição da dureza Janka apresentam-se de MORESCHI, J.C. Propriedades tecnológicas
modo satisfatório, visto que os mesmos foram da madeira. 3ed. Curitiba: FUPEF, 2010. 177p.
significativos em 1% de probabilidade de erro, PADILHA, F. A. Materiais de Engenharia:
exceto no caso do ensaio na direção paralela às Microestrutura e Propriedades. 1ª ed, Curitiba
fibras da madeira de acácia-negra. – PR, Hemus: 2000. 343p.
Os coeficientes de determinação mais elevados ROCCO LAHR, F.A. et al. Influência da
verificados para a madeira de cedro podem ser densidade na dureza paralela e na dureza normal
atribuídos a provável maior proporção de às fibras para algumas espécies tropicais
madeira adulta, visto que o cedro amostrado brasileiras. Scientia Florestalis (IPEF). v. 38,
possuía aproximadamente 100 anos e a acácia- n. 86, p. 153-158, 2010.
negra sete anos.

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