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Ergonomia e Saúde Ocupacional

Maria Luíza Corrêa Muniz

Curso Técnico em Segurança do Trabalho


Educação a Distância
2018
EXPEDIENTE

Professor Autor
Maria Luíza Correa Muniz

Design Educacional
Deyvid Souza Nascimento
Renata Marques de Otero

Revisão de Língua Portuguesa


Letícia Garcia

Diagramação
Izabela Cavalcanti

Coordenação
Hugo Carlos Cavalcanti

Coordenação Executiva
George Bento Catunda
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).

Novembro, 2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

M963e
Muniz, Maria Luíza Corrêa.
Ergonomia e Saúde Ocupacional: Curso Técnico em Segurança do Trabalho: Educação a
distância / Maria Luíza Corrêa Muniz. – Recife: Secretaria Executiva de Educação Profissional
de Pernambuco, 2018.
56 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Material produzido em novembro de 2016 através de convênio com o Ministério da
Educação (Rede e-Tec Brasil) e a Secretaria de Educação de Pernambuco.

1. Ergonomia. 2. Gestão de segurança e saúde no trabalho. I. Muniz, Maria Luíza Corrêa. II.
Título.

CDU – 331:316.776

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129


Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 7

1.Competência 01 | Compreender e Identificar os Serviços de Saúde Ocupacional Necessários à


Organização, Assessorando-a no Cumprimento das Políticas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST)
................................................................................................................................................................ 9

1.1 Breve histórico da saúde ocupacional ....................................................................................................... 9

1.2 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho (SESMT) ........................................................................................................................................... 13

1.3 Norma Regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) .............................. 16

1.4 Norma Regulamentadora 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) ............. 19

2.Competência 02 | Estabelecer Ações Preventivas e Corretivas para a Promoção da Saúde


Ocupacional no Ambiente de Trabalho................................................................................................ 23

2.1 Riscos ocupacionais .................................................................................................................................. 23

2.2 Mapa de risco ........................................................................................................................................... 27

2.3 Medidas de prevenção dos riscos ............................................................................................................ 29

3.Competência 03 | Estruturar e Desenvolver Avaliação Ergonômica nos Ambientes de Trabalho .. 38

3.1 Surgimento da ergonomia ....................................................................................................................... 38

3.2 Entendendo a ergonomia......................................................................................................................... 39

3.3 Classificação da ergonomia ................................................................................................................ 43

3.4 Risco ergonômico ..................................................................................................................................... 44

3.5 Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia .............................................................................................. 49

3.6 Análise Ergonômica de Trabalho (AET) .................................................................................................... 51

Conclusão ............................................................................................................................................. 54

Referências ........................................................................................................................................... 55

Minicurrículo do Professor ................................................................................................................... 56

Maria Luísa Corrêa Muniz .............................................................................................................................. 56


Introdução
Caro cursista,
Seja bem-vindo à disciplina Ergonomia e Saúde do Trabalho do curso de Técnico de
Segurança do Trabalho!
Convido você a seguir nesta jornada e aproveitar este momento de interação para
aprendermos um pouco sobre Saúde Ocupacional e Ergonomia. Entenderemos qual a importância
dessa disciplina na prática diária do técnico de segurança do trabalho e como os conhecimentos dela
irão dar consistência e facilitar as ações a serem realizadas por este profissional.
Podemos destacar vários questionamentos que ao longo da disciplina vamos responder,
como por exemplo:
Quando e por que surgiu a preocupação com as condições laborais dentro das indústrias?
Quais são os serviços que atuam na Saúde Ocupacional dos trabalhadores e como eles se estruturam
e atuam nas empresas? Quais são os fatores de risco ambientais e porque a necessidade de identificá-
los? O que é um mapa de risco, qual a sua importância e como é feita a sua elaboração? Quais os
cuidados que se deve tomar ao elaborar medidas de prevenção em um local de trabalho? Quando
surgiu a ergonomia e como ela se classifica? Como é realizada a análise ergonômica do trabalho?
Pretendemos esclarecer e discutir todas as perguntas acima e acreditamos que ao fim da
disciplina você, prezado cursista, estará apto a respondê-las. Mas não apenas isso, ao final, você, além
de obter o conhecimento teórico, será capaz de identificar os riscos ambientais existentes em locais
de trabalhos diversos e saberá elaborar um mapa de risco, além de ter as informações necessárias
para colocar em prática uma análise ergonômica do trabalho.
Dessa forma, vamos começar a 1ª semana fazendo um apanhado histórico geral da saúde
ocupacional, comentando como e quando surgiram os primeiros serviços voltados à prevenção de
agravos em funcionários. Além disso, serão abordados através de Normas Regulamentadoras (NRs)
alguns serviços que atualmente prestam atendimento de prevenção de doenças e acidentes no local
de trabalho.
Na 2ª semana, iremos conhecer os riscos ambientais detalhadamente e, posteriormente,
aprenderemos o que é o mapa de risco e qual a sua importância. Mas não vamos parar por aqui, após
aprendermos a identificar os riscos começaremos a pensar em medidas para preveni-los e deixar o
local de trabalho o mais saudável possível.

7
Encerraremos esta disciplina na 3ª semana, na qual será abordada uma ciência
denominada Ergonomia. Vamos aprender onde ela surgiu, qual a sua importância, classificação e
campo de aplicação. Por fim, iremos compreender como realizar uma análise ergonômica do trabalho
e qual a sua importância e utilidade.
Bons estudos!

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Competência 01

1.Competência 01 | Compreender e Identificar os Serviços de Saúde


Ocupacional Necessários à Organização, Assessorando-a no Cumprimento
das Políticas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST)
Caro estudante, iniciaremos nosso conteúdo fazendo uma abordagem geral do histórico
da saúde ocupacional no mundo e no Brasil. Vamos compreender quando surgiu a preocupação com
a saúde dos trabalhadores e quais foram as medidas tomadas inicialmente na época da Revolução
Industrial com o objetivo de reduzir os acidentes e prevenir os riscos existentes no ambiente laboral.
Compreenderemos também como esse contexto levou à criação dos primeiros serviços de saúde
ocupacional e, também, quais são eles atualmente e como funcionam dentro das empresas.

1.1 Breve histórico da saúde ocupacional

Aos poucos o homem foi percebendo que algumas substâncias de origem animal, vegetal
ou mineral, quando manipuladas ou ingeridas são capazes de produzir doenças e até mesmo de
causar a morte.
Há cerca de 400 anos, Paracelso discorreu:
“Todas as substâncias são tóxicas. Não há uma que não seja veneno. A dose correta é que
diferencia um veneno de um remédio.”
Imagine você doente em um hospital e um funcionário ao lhe atender se confundisse e
injetasse uma medicação em sua veia com o dobro da dose recomendada ou se você em sua casa
deixasse os materiais de limpeza espalhados e seu filho bebesse grande quantidade de um
desinfetante de ambientes. Esses acidentes poderiam gerar graves problemas de saúde!
Devemos ter a consciência de que no nosso cotidiano estamos cercados de produtos
químicos que podem ser prejudiciais a nossa saúde dependendo da forma que nos expomos a
eles. Estas substâncias também estão presentes nos ambientes de trabalho e em contato com o
corpo humano podem vir a gerar algum efeito indesejado.

9
Competência 01

Figura 01 – Mineradores (Painel do Museu do Ouro – MG)


Fonte:http://guayaberamineira.blogspot.com.br/2008_11_01_archive.html (2016)
Descrição: a figura 01 mostra três trabalhadores no âmbito da mineração representando o risco que esta atividade traz
para o trabalhador.

É importante sabermos que diversos fatores em conjunto vão interferir no


desenvolvimento de alguma doença ocupacional, como por exemplo: o tempo de exposição ao
agente, a concentração das substâncias, a quantidade do agente no ambiente laboral, a intensidade
da exposição e a suscetibilidade individual do trabalhador.
Sendo assim, quanto maior for o tempo e a intensidade de exposição ao agente, à
concentração das substâncias, à quantidade do agente no ambiente laboral, mais vulneráveis ao
adoecimento estarão os trabalhadores. Entretanto, o aparecimento ou agravamento das doenças
ocupacionais serão determinados também pela suscetibilidade individual, ou seja, características
particulares de cada pessoa. Algumas pessoas são mais altas, outras são magras, umas possuem a
pele escura, outras, a imunidade mais baixa e determinados grupos têm uma facilidade maior a
adquirir algumas doenças quando comparados a outros.
A época da Revolução Industrial, que se iniciou na Europa (Inglaterra, França e Alemanha)
e ocorreu entre 1760 e 1850, é uma grande referência para o surgimento de uma preocupação inicial
com a saúde dos trabalhadores.
Na escola, nas aulas de história, estudamos sobre esse tempo e como eram as condições
de vida dos operários e como eles eram tratados pelos seus patrões. Você se lembra? Consegue se
imaginar vivendo naquelas condições?

Recomendo o filme “Tempos Modernos” com Charlie Chaplin que


de uma forma bastante divertida retrata um pouco da realidade dos
trabalhadores na época da Revolução Industrial.

10
Competência 01

Nessa época, as condições de trabalho eram precárias, não havia limites nas jornadas de
serviço, o ambiente era fechado e as máquinas sem nenhuma proteção. Consequentemente, as
doenças, os acidentes com mutilações e óbitos eram numerosos e as doenças infectocontagiosas se
espalhavam rapidamente. Observe a figura abaixo:

Figura 02 – Ilustração de Fábricas


Fonte: https://osociologo.wordpress.com/2017/02/16/2o-ano-aula-2-sociologia/ (2018)
Descrição: a figura 02 mostra um parque industrial da época da revolução industrial com muita fumaça saindo das
chaminés

Nesse momento, em que a força de trabalho era explorada de forma desumana pensando
apenas na produtividade e no lucro das grandes indústrias, tornou-se necessária uma
intervenção na tentativa de preservar a vida dos trabalhadores. Foi nesse contexto que surgiu, na
Inglaterra, a medicina do trabalho.
O interesse inicial pela medicina do trabalho brotou de um proprietário de uma fábrica
têxtil chamado Robert Dernham, que estava preocupado com a saúde dos seus trabalhadores que
não dispunham de nenhum cuidado médico, além dos prestados por instituições filantrópicas.

Figura 03 - Crianças Trabalhando em Fábrica Têxtil


Fonte: http://historiaatevoce.blogspot.com/2013/08/criancas-trabalhando-nas-fabricas.html (2018)
Descrição: a figura 03 mostra duas crianças na época da Revolução industrial trabalhando, sem uma estrutura adequada,
em uma máquina de uma fábrica têxtil.

11
Competência 01

Dernham procurou o seu médico particular, Robert Baker, e lhe questionou qual seria a
melhor maneira para ele resolver esta situação. A resposta de Baker foi:
"Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de
intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica,
sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa
verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos
trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele
competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá dizer: meu médico é a
minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no que diz respeito à proteção
da saúde e das condições físicas dos meus operários; se algum deles vier a sofrer
qualquer alteração da saúde, o médico unicamente é que deve ser responsabilizado".
Surgiu, assim, em 1830, quando Robert Dernham contratou Baker para trabalhar em sua
fábrica, o primeiro serviço de medicina do trabalho.
Gostaria que agora você relesse com atenção a resposta dada por Baker!
Se prestarmos atenção, poderemos observar em suas palavras elementos básicos das
expectativas do capital quanto às finalidades de um serviço de medicina do trabalho:
 Serviços dirigidos por pessoas de inteira confiança do empresário e que estivessem
dispostas a defendê-lo;
 Serviços que fossem centrados na figura do médico;
 Seria uma tarefa eminentemente médica a prevenção dos danos à saúde resultantes
dos riscos do trabalho;
 Ao médico cabia a responsabilidade pela ocorrência de problemas de saúde.
Devido à inexistência ou precariedade dos serviços de saúde e por contemplar as
expectativas dos empregadores, o modelo acima descrito se espalhou rapidamente entre vários
países. Os serviços de medicina do trabalho passaram a criar e manter a dependência do trabalhador
e de seus familiares ao mesmo tempo em que controlava diretamente a força de trabalho.
Algumas indústrias, em especial nos Estados Unidos, mantiveram-se muito resistentes em
prestar uma atenção especial aos problemas de saúde de seus trabalhadores. Nesses casos, as
primeiras iniciativas em relação a serviços médicos apenas surgiram a partir do aparecimento da
legislação sobre indenizações em casos de acidentes de trabalho. Aqui o interesse principal dos
empregadores era reduzir o custo das indenizações.

12
Competência 01

E aqui no Brasil? Como ocorreu a evolução da Saúde Ocupacional?


A América Latina, incluindo o Brasil, passou pelo processo da Revolução Industrial por
volta de 1930, bem mais tarde que os países norte-americanos e europeus. Apesar da experiência já
vivida pelos demais países aparentemente, não aprendemos nada e passamos pelas mesmas fases.
Em 1970, o Brasil já era considerado o campeão de acidentes de trabalho.
Aqui no Brasil os serviços médicos dentro das empresas foram criados por iniciativa dos
empregadores e são razoavelmente recentes. Inicialmente consistia em assistência médica gratuita
para os trabalhadores, originários geralmente do campo. Apesar da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) recomendar serviços com caráter essencialmente preventivos, os brasileiros eram
geralmente curativos e assistenciais.
Você conhece aquele ditado que fala que “é melhor prevenir do que remediar”? No Brasil
acontecia justamente o contrário, não se evitava que o trabalhador sofresse um acidente ou
adoecesse, apenas se tratava e curava os danos quando eles já tinham acometido um funcionário.
Apenas em 1972 o governo brasileiro baixou a portaria nº 3237 e tornou obrigatória a
existência dos serviços médicos, de higiene e segurança em todas as empresas com mais de 100
trabalhadores.
Agora que já sabemos um pouco sobre o surgimento da Saúde Ocupacional vamos
conhecer alguns serviços que existem nas empresas com o objetivo de preservar a saúde dos
funcionários, como os que estão contidos nas normas regulamentadoras que apresentaremos a
seguir.

1.2 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho (SESMT)

A Norma Regulamentadora (NR) 4 trata do Serviço Especializado em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) que tem como finalidade promover a saúde e
proteger a integridade do trabalhador no seu local de trabalho.

13
Competência 01

Figura 04 - Objetivos do SESMT


Fonte: http://segprevi.blogspot.com.br/2011/03/ profissionais-que-compoem-o-sesmt.html (2016)
Descrição: a figura 04 mostra ilustrações de capacete, engrenagens de fábricas, enfermeira e estetoscópio, demonstrando
que os objetivos do SESMT são segurança e saúde.

Querido aluno, gostaria que agora você parasse a


leitura deste caderno e fosse assistir à videoaula 02 desta
disciplina. Nesta videoaula falaremos com detalhes como é feito
o dimensionamento do SESMT de uma empresa. Você vai
perceber que nem todas as empresas estão obrigadas a
constituir este serviço.

Como foi visto na videoaula você, futuro técnico de segurança do trabalho, fará parte da
equipe do SESMT. Mas quais serão suas funções e obrigações? Abaixo listaremos as possibilidades de
atuação desses profissionais:
 Aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao
ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e
equipamentos, de modo a reduzir ou até eliminar os riscos ali existentes à saúde do
trabalhador;
 Determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco
e este persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de Equipamentos de
Proteção Individual - EPI;
 Colaborar nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da
empresa;

14
Competência 01

 Promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos


trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais;
 Esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças
ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção;
 Analisar e registrar em documentos específicos todos os acidentes e casos de doenças
ocorridos na empresa;
 Registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças
ocupacionais e agentes de insalubridade;
 Manter permanente relacionamento com a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA), valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la
e atendê-la.

O SESMT deve manter uma estreita relação com a CIPA,


estudando suas observações e solicitações, propondo soluções
corretivas e preventivas, ou seja, precisa utilizá-la como um
Em que situações uma empresa pode constituir um SESMT comum?
agente multiplicador.

As empresas, cujos estabelecimentos não se enquadrem no quadro II poderão juntar-se


e organizar um SESMT comum. Esses serviços serão mantidos pelas empresas usuárias e as despesas
serão estipuladas de acordo com a proporção do número de empregados de cada uma. Nesses casos,
o dimensionamento será em função do somatório dos empregados das empresas participantes.
Quem também pode constituir um SESMT comum são as empresas de mesma atividade
econômica, localizadas em um mesmo município, ou em municípios limítrofes, mesmo que seus
estabelecimentos se enquadrem no quadro II. O dimensionamento considerará o somatório dos
trabalhadores assistidos.
As empresas que desenvolvem suas atividades em um mesmo polo industrial ou
comercial se enquadram em mais um caso com possibilidade de criação de um SESMT comum. O
dimensionamento considerará o somatório dos trabalhadores assistidos e a atividade econômica que
empregue o maior número entre os trabalhadores assistidos.

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Competência 01

Quando uma empresa poderá centralizar o seu SESMT?

Sempre que a empresa desejar atender a um conjunto de estabelecimentos pertencentes


a ela, desde que a distância a ser percorrida entre aquele estabelecimento que se encontra o serviço
e cada um dos demais não ultrapasse 5000 mil metros.
Outra situação, são empresas onde seus estabelecimentos isoladamente não se
enquadrem no quadro II. Entretanto, elas ainda ficam obrigadas a cumprir a NR 4 quando o somatório
dos empregados de todos os estabelecimentos do estado ou território alcance os limites previstos no
quadro II.
Nos casos em que alguns estabelecimentos se enquadrem no quadro II e outros não, a
assistência aos não enquadrados será feita pelo serviço especializado dos que se enquadram.
Quando a empresa contratante tiver obrigatoriedade de constituir um SESMT, por se
enquadrar no quadro II, e a empresa contratada não, mesmo considerando o total de empregados
nos seus estabelecimentos, a empresa contratante deverá estender os seus serviços aos funcionários
da empresa contratada, sejam estes centralizados ou por estabelecimento. Ou seja, caso a empresa
contratada não seja obrigada a constituir um SESMT, a empresa contratante fará esse atendimento
utilizando o seu SESMT próprio.
Outro caso é: nas situações e m que a empresa contratante e as outras por ela
contratadas, sozinhas, não se enquadrem no quadro II, mas após o somatório dos seus empregados,
no estabelecimento, atingirem os limites dispostos no referido quadro.

Agora você já tem bastante informação sobre a NR 4, para


saber mais e estudar o quadro II acesse o link abaixo:
www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr4.htm

1.3 Norma Regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

O objetivo da CIPA é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de


modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da
saúde do trabalhador.

16
Competência 01

Querido cursista, quando nos referimos à segurança do trabalho, a primeira palavra que
deve vir a nossa cabeça é prevenção, e o principal objetivo da CIPA é justamente o de apoiar as
empresas na adoção de medidas que eliminem, neutralizem, ou, pelo menos, reduzam os riscos
ocupacionais nos ambientes de trabalho.

Esta comissão é composta por trabalhadores da própria


empresa que assumem o cargo através de um processo
eleitoral. Para entender como acontece o processo eleitoral e o
dimensionamento da CIPA acesse o link abaixo e leia a NR 5 na
íntegra. www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr5.htm

Vamos conhecer um pouco mais do papel da CIPA enumerando e comentando as suas


atribuições:
 Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a
participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver.
Mais adiante, veremos como elaborar um mapa de risco. Inicialmente, é importante
termos em mente que o reconhecimento dos riscos ocupacionais é a primeira
medida a ser adotada para que seja possível fazer o seu controle;
 Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas
de segurança e saúde no trabalho;
 Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção
necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho. É
importante que a empresa eleja prioridades e elabore um cronograma das medidas a
implementar, visto que nem todas poderão ser adotadas ao mesmo tempo;
 Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando
à identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos
trabalhadores. O ambiente de trabalho deve ser verificado periodicamente, visto que ele
é dinâmico e é alterado constantemente;

17
Competência 01

 Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de
trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas. É importante checar se
as medidas adotadas estão surtindo o efeito desejado ou se precisam ser ajustadas;
 Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho. Os
trabalhadores devem ser orientados sobre segurança e saúde no ambiente de trabalho
de forma clara e precisa para se conscientizarem da importância das medidas de
prevenção;
 Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador,
para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho, relacionados
à segurança e saúde dos trabalhadores;
 Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou
setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores;
 Colaborar com o desenvolvimento e implementação do Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e
de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;
 Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como
cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no
trabalho;
 Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise
das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos
problemas identificados;

Figura 05 - Trabalho em Equipe


Fonte: https://pt.depositphotos.com/41475083/stock-photo-businesspeople-assembling-jigsaw-puzzle.html (2018)
Descrição: a figura 05 mostra vários trabalhadores juntos montando um quebra-cabeças.

18
Competência 01

 Requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham


interferido na segurança e saúde dos trabalhadores;
 Requisitar à empresa as cópias da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT)
emitidas;
 Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da
AIDS;
 Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de
Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT).
Os membros da CIPA devem ter garantidos, pelo empregador, os meios necessários e
tempo suficiente para a realização de suas atribuições constantes no plano de trabalho.
A CIPA contará com reuniões mensais realizadas no horário do expediente normal da
empresa. Poderão ser solicitadas reuniões extraordinárias quando houver denúncia de situação de
risco grave e iminente que determine aplicação de medidas corretivas de emergência, ocorrer
acidente do trabalho grave ou fatal ou houver solicitação expressa de uma das representações.

1.4 Norma Regulamentadora 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional


(PCMSO)

Da mesma forma dos dois outros serviços que estudamos acima, o PCMSO tem como
objetivo a promoção e a preservação da saúde dos trabalhadores só que através de ações de
prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho.
O que seriam ações de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce?
Quando uma empresa tem a preocupação de vacinar seus trabalhadores com a vacina de
DT ela está tomando uma medida de prevenção, ou seja, prevenindo que os funcionários venham a
adquirir tétano ou difteria.

19
Competência 01

Figura 06 - Trabalhador Vacinado


Fonte: www.proimune.com.br/news.html (2018)
Descrição: a figura 06 mostra uma profissional de saúde aplicando uma vacina em um trabalhador.

O rastreamento de uma doença como o diabetes, por exemplo, pode ser feito
submetendo todos os empregados (os que têm sintomas, queixas e os que não sentem nada) ao
exame de sangue de glicemia em jejum. Sendo assim, estamos procurando, rastreando casos de
diabéticos nos nossos trabalhadores.
Quando realizamos exames temos a possibilidade de fazer um diagnóstico precoce de
determinado agravo, ou seja, descobrir uma doença antes que o doente apresente sintomas e seja
prejudicado. Dessa forma, pode se iniciar um tratamento precocemente e melhorar as chances de
um tratamento bem-sucedido.
No funcionamento do PCMSO, o empregador tem algumas obrigações, entre elas
podemos citar:
 Garantir a elaboração e implementação do PCMSO, bem como a sua eficácia;
 Custear, sem ônus para os empregados, todos os procedimentos relacionados ao
PCMSO;
 Indicar ou contratar um médico para coordenar o PCMSO.
Já ao médico coordenador do programa compete:
 Realizar os exames médicos previstos ou encaminhar o trabalhador para médico
familiarizado com os princípios e causas da doença;
 Encarregar-se dos exames complementares profissionais e/ou entidades devidamente
capacitados, equipados e qualificados.
O PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam previstas as ações de
saúde a serem executadas durante todo o ano. Estas ações vão compor um relatório anual que

20
Competência 01

também deverá detalhar, por setores da empresa, o número e a natureza dos exames médicos,
incluindo avaliações clínicas e exames complementares, estatísticas de resultados considerados
anormais, assim como o planejamento para o próximo ano.
Prevê ainda a realização obrigatória de exames médicos de acordo com a idade do
funcionário, a atividade exercida, o tempo de serviço e a sua situação na empresa. Nesses exames
devem ser realizados uma avaliação clínica com exames físico e mental e o histórico do trabalhador
e exames complementares, caso necessário, como exames de sangue, urina e imagem, por exemplo.

Ficou curioso? Quando esses exames são realmente


necessários? Quem são os trabalhadores que devem realizá-
los? Para tirar essas dúvidas assista a vídeoaula 03 desta
disciplina.

Os trabalhadores expostos a alguns riscos físicos e químicos necessitam realizar exames


complementares com uma periodicidade específica. Esses dados podem ser observados nos quadros
I e II desta NR.
Para cada um desses exames realizados o médico deverá emitir o Atestado de Saúde
Ocupacional (ASO) em duas vias, onde uma fica arquivada no local de trabalho e a outra é entregue
ao trabalhador.

Para ter acesso aos quadros e detalhes da NR 7 acesse o link


abaixo:
www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr7.htm

Essa NR fala ainda que todo estabelecimento deve estar equipado com material
necessário à prestação dos primeiros socorros e que este material vai variar de acordo com as
características da atividade desenvolvida na empresa. Esta caixa de primeiros socorros ou armário
deve estar em local de fácil acesso e sob a guarda de pessoa treinada para usá-lo.

21
Competência 01

Figura 07 - Material de Primeiros Socorros


Fonte: www.kubika.es/producto/kit-rcp/ (2018).
Descrição: a figura 07 mostra uma caixa de primeiros socorros com vários itens para prestação de um atendimento de
emergência, como gaze, esparadrapo e tesoura.

22
Competência 02

2.Competência 02 | Estabelecer Ações Preventivas e Corretivas para a


Promoção da Saúde Ocupacional no Ambiente de Trabalho
Na semana passada, estudamos alguns programas e serviços que buscam a segurança e a
saúde dos trabalhadores. Nesta semana vamos conversar um pouco sobre os agentes que colocam
em risco a segurança e saúde dos funcionários.
Estes agentes são os riscos ambientais: químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e
mecânicos (ou de acidentes). As doenças ocupacionais e os acidentes acontecem decorrentes da
exposição dos colaboradores a estes fatores. É importante que além de conhecer esses riscos nós
saibamos medidas de prevenção e correção para evitá-los.

2.1 Riscos ocupacionais

Consideram-se riscos ocupacionais, os agentes existentes nos ambientes de trabalho,


capazes de causar danos à saúde do empregado. Os ambientes de trabalho, pela natureza das
atividades desenvolvidas e/ou pelas características de organização, podem comprometer a saúde do
trabalhador em curto, médio e longo prazo, gerando lesões imediatas, doenças ou até a morte, além
de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa.

O Ministério da Saúde elaborou um manual de procedimentos


para os serviços de saúde onde consta uma lista das doenças
relacionadas ao trabalho. Confira no link abaixo este material.
www.segtreinne.com.br/manuais/lista_doencas_relacionadas_t
rabalho.pdf

No intuito de diminuir esses danos, torna-se necessária a investigação dos riscos no local
de trabalho para conhecer a que fatores os funcionários estão expostos e que possíveis medidas de
proteção podem ser aplicadas.
Podemos avaliar os riscos ambientais existentes em um ambiente de trabalho de duas
formas:

23
Competência 02

 Avaliação Qualitativa - é a forma mais simples e também conhecida como forma


preliminar. É utilizada apenas a sensibilidade do trabalhador que identifica a presença do
risco.
Ex: percepção do cheiro de vazamento de gás.
 Avaliação Quantitativa - é utilizada para medir, comparar e estabelecer. É necessário
o uso de um método científico e a utilização de instrumentos e equipamentos destinados
à quantificação do risco.
Ex: Medir através de aparelho específico (dosímetro) o nível de ruído do ambiente.
A NR-9, Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) considera como riscos
ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho.

Ficou curioso para saber as outras informações da NR-9? Acesse o link


abaixo:
https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/especial-publicitario/casa-
do-construtor/portal-do-construtor/noticia/nr-9-voce-conhece-as-
normas-do-programa-de-prevencao-de-riscos-ambientais.ghtml

Os riscos físicos são as diversas formas de energia, às quais os trabalhadores podem estar
expostos. Os agentes geradores deste risco possuem a capacidade de alterar as características físicas
do meio ambiente, exigem um meio de transmissão para propagar sua nocividade e agem até mesmo
sobre indivíduos que não têm contato direto com a fonte de risco. São eles: ruído, vibração, radiações,
extremos de temperatura, pressões anormais e umidade.

Figura 08 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Umidade


Fonte: https://novonegocio.com.br/ideias-de-negocios/como-montar-um-lava-jato/ (2018)
Descrição: a figura 08 mostra um funcionário de lava jato lavando um carro.

24
Competência 02

Os riscos químicos são substâncias compostas ou produtos que podem penetrar no


organismo pela via respiratória, pela via cutânea (através do contato com a pele) ou através do trato
gastrointestinal (digestão). Podem ter ação localizada, quando atuam somente na região de contato,
e ação sistêmica, quando são absorvidos e distribuídos dentro do organismo, afetando diferentes
órgãos e tecidos. Exemplos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias, compostos
ou outros produtos químicos.

Figura 09 - Trabalhador Exposto ao Risco Químico


Fonte: http://nrfacil.com.br/blog/?p=3543 (2016)
Descrição: a figura 09 mostra um funcionário com EPI completo manipulando produtos químicos.

Os riscos biológicos são microrganismos, como as bactérias, os vírus e os fungos, incluindo


os geneticamente modificados ou não, as culturas de células, os parasitas, as toxinas e os príons,
capazes de provocarem infecções, alergias ou toxidades em seres humanos. Ainda podemos incluir
mordidas e ataques por animais peçonhentos, domésticos e selvagens.

Figura 10 - Trabalhador Exposto ao Risco Biológico


Fonte: http://profjabiorritmo.blogspot.com/2010/08/niveis-de-biosseguranca.html (2018)
Descrição: a figura 10 mostra uma funcionária com EPI transportando animais em um laboratório

25
Competência 02

Outros agentes existentes nos ambientes laborais e que são passíveis de causar danos aos
colaboradores são os riscos ergonômicos e de acidente ou mecânicos.
Os riscos ergonômicos estão ligados à execução de tarefas, à organização e às relações de
trabalho, ao esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, mobiliário
inadequado, posturas incorretas, controle rígido de tempo para produtividade, imposição de ritmos
excessivos, trabalho em turno diurno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e
repetição. Engloba também os fatores psicossociais e entre eles podemos citar as situações
causadoras de estresse e o relacionamento interpessoal entre o trabalhador e seus colegas de
trabalho ou a chefia.

Figura 11 – Trabalhador Exposto ao Risco Ergonômico


Fonte: http://luizsms.blogspot.com.br/2011/08 /simples-questao-de-ergonomia.html (2016)
Descrição: a figura 11 mostra um funcionário se abaixando para pegar uma caixa.

Os riscos de acidente ou mecânicos são muito diversificados e estão presentes no arranjo


físico inadequado, pisos pouco resistentes ou irregulares, material ou matéria-prima fora de
especificação, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas impróprias ou defeituosas,
iluminação excessiva ou insuficiente, instalações elétricas defeituosas, probabilidade de incêndio ou
explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos e outras situações de risco que
poderão contribuir para a ocorrência de acidentes.

26
Competência 02

Figura 12 - Trabalhadores Expostos ao Risco de Acidente


Fonte: www.diariodasaude.com.br/news.php?article=acidentes-de-trabalho-causam-3-mil-mortes-por-ano -no-brasil
(2012)
Descrição: a figura 12 mostra dois funcionários trabalhando em altura.

2.2 Mapa de risco

O mapa de risco é a representação gráfica (em uma planta baixa) dos fatores de risco
existentes em um setor de trabalho ou em toda a empresa. Esta representação é feita através de
círculos de diferentes cores e tamanhos, permitindo fácil visualização de todos os riscos de uma
empresa.
Cada fator de risco é identificado por uma cor diferente que o representa, e o tamanho
dos círculos vai ser de acordo com a graduação do risco que pode ser classificado em pequeno (leve),
médio e grande (elevado). Essa graduação vai ser mensurada em conformidade com as sensibilidades
dos trabalhadores.

Figura 13 - Simbologia das Cores


Fonte: www.uff.br/enfermagemdotrabalho/mapaderisco.htm (2016)
Descrição: a figura 13 mostra um quadro que correlaciona as cores e tamanhos dos círculos aos seus riscos.

27
Competência 02

O mapa é considerado um instrumento participativo que vai ser elaborado com a


colaboração dos trabalhadores, que por sua vez serão organizados e acompanhados pela CIPA. A
equipe do SESMT deve supervisionar e colaborar nesse processo. Este momento de elaboração
possibilita a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como estimula a sua
participação nas atividades de prevenção.

Você como futuro técnico de segurança do trabalho


tem que saber como elaborar adequadamente um mapa de
risco para poder orientar corretamente os trabalhadores da
CIPA. Vamos aprender a elaborar um mapa de risco? Assista a
vídeoaula 04 desta disciplina e pegue todas as dicas.

Agora que já sabemos elaborar um mapa de riscos vamos conhecer alguns benefícios
ao adotá-lo:
1) Identificação prévia dos riscos existentes nos locais de trabalho aos quais os
trabalhadores poderão estar expostos;
2) Conscientização quanto ao uso adequado das medidas e dos equipamentos de
proteção coletiva e individual;
3) Redução de gastos com acidentes e doenças, medicação, indenização, substituição de
trabalhadores e danos patrimoniais;
4) Facilitação da gestão de saúde e segurança no trabalho com aumento da segurança
interna e externa;
5) Melhoria do clima organizacional, maior produtividade, competitividade e
lucratividade.
Depois de discutido e aprovado pela CIPA, o mapa de riscos, completo ou setorial, deverá
ser afixado em cada local analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os
trabalhadores. O ideal é que logo na entrada da empresa tenha um mapa de riscos de todos os setores
da mesma informando, assim, a todos os trabalhadores e funcionários dos riscos que podem ser
encontrados em cada ambiente.
Divulgar as informações é muito importante! Os resultados do mapa de risco têm que
estar sempre expostos. Imagine que você trabalha em uma empresa que tem uma rampa de acesso

28
Competência 02

a qual você nunca prestou atenção. Em determinado momento a equipe de segurança do trabalho
informa que naquele local já ocorreram vários acidentes e decidem colocar piso antiderrapante,
sinalizadores e corrimões. A partir deste momento você vai identificar aquele local como sendo
perigoso, vai comentar com seus colegas de trabalho e vai tomar mais cuidado ao passar por lá,
evitando assim outro acidente.

2.3 Medidas de prevenção dos riscos

Como vimos no exemplo acima, não adianta apenas fazer inspeções no ambiente de
trabalho e identificar riscos. Precisamos pensar em soluções para que os riscos não causem mais
doenças, nem acidentes. É preciso pensar em medidas que protejam os funcionários.

1. Agentes Físicos

Estes agentes apenas são encontrados em ambientes de trabalho específicos e em


situações extremas. Vamos agora enumerar medidas de controle para o agente físico calor:
 Insuflação de ar fresco no ambiente (ventiladores e ar condicionado);
 Arejar o ambiente através da abertura de portas e janelas;
 Exaustão de vapores de água (ventiladores ou encanação);
 Uso de barreiras refletoras (alumínio polido, aço inoxidável), colocadas entre o
trabalhador e a fonte geradora de calor;
 Automatização do processo (uso de máquinas no lugar de homens);
 Aclimatação, ou seja, inicialmente expor o trabalhador de forma gradual ao risco para
que o organismo através da sua capacidade fisiológica se adapte ao ambiente;
 Reposição hídrica e salina (instalar bebedores em locais estratégicos no local de
trabalho);
 EPIs (vestimentas de tecido leve, cor clara, que absorva o calor do organismo do
funcionário e com sistema de ventilação acoplado).

29
Competência 02

Figura 14 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Calor


Fonte: www1. folha.uol.com.br/fsp/ ciencia/fe2311200901. htm (2016)
Descrição: a figura 14 mostra um funcionário com EPI trabalhando em caldeira

Vamos agora enumerar as medidas de controle do frio, outro agente físico:


 Aclimatação do trabalhador;
 Alimentação balanceada devido à perda grande de energia;
 Hidratação adequada;
 Evitar trabalhos solitários;
 Evitar trabalhos exaustivos que levem ao suor e consequente umedecimento das
roupas;
 Não conter assentos metálicos nem sistema de ventilação;
 Sistema que permita a abertura das portas internamente;
 As roupas devem estar sempre limpas e secas e serem compostas de camadas
múltiplas (calça, capote e luvas) e as botas de couro com forro.

Figura 15 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Frio


Fonte: www.sintracoopsc.com.br/?p=51368 (2016)
Descrição: a figura 15 mostra um funcionário com EPI trabalhando em um frigorífico.

30
Competência 02

Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico radiação ionizante:


 Áreas controladas delimitadas com sinalização e barreiras físicas com blindagem feita
de concreto, aço ou chumbo;
 Utilização de avental plumbífero, protetor de gônadas e tireoide e óculos de vidro
plumbífero com proteção lateral;
 Guarda adequada dos EPIs para evitar fissuras ou rompimentos no lençol de chumbo;
 Monitoração individual do agente.

Figura 16 – Trabalhador Exposto ao Risco Físico Radiação Ionizante


Fonte: http://maringa.odiario.com/ empregos/noticia/305952/raio-x-auxi lia-no-diagnostico-de-doencas/ (2016)
Descrição: a figura 16 mostra um funcionário operando uma máquina de raio x.

Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico radiação não ionizante:
 Utilizar protetor solar;
 Utilizar blusas de manga, calças compridas, chapéu árabe, óculos de sol e protetor
solar.

Figura 17 - Trabalhador Exposto ao risco físico Radiação Não Ionizante


Fonte: http://ururau.com.br/cidades10664 (2016)
Descrição: a figura 17 mostra um cortador de cana de açúcar usando EPI trabalhando.

31
Competência 02

Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico pressões anormais:


 Capacitar quanto aos cuidados para evitar traumas e doenças descompressivas;
 Exames de rotina em dia e saúde do trabalhador perfeita.

Figura 18 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Pressões Extremas


Fonte: http://blue2lip.blogspot.com.br/2012/01/o-mergulho-e-os-dentes.html#!/2012/01/o-mergulho-e-os-
dentes.html (2016)
Descrição: a figura 18 mostra um mergulhador em atividade

Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico ruído:


 Substituição de equipamento por um mais silencioso;
 Balanceamento e equilíbrio das partes móveis das máquinas, lubrificação dos
rolamentos e regulação dos motores;
 Programação das operações de forma que fique o menor número de máquinas
funcionando simultaneamente;
 Substituição de engrenagens metálicas por outras de plástico;
 Isolar a fonte através de barreira isolante e adsorvente de som;
 Monitoramento periódico no agente no ambiente de trabalho;
 EPIs – protetor auricular.

32
Competência 02

Figura 19 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Ruído


Fonte: http://irc_hsst.blogs.sapo.pt/ (2016)
Descrição: a figura 19 mostra um funcionário com EPI manipulando uma máquina que faz ruído

Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico vibração:


 Substituição de equipamentos que produzam vibração;
 Instalar amortecedores de vibração em assentos;
 Calibrar o pneu de veículos;
 Utilizar ferramentas com características antivibratórias;
 Colocar pedais de borracha nas máquinas;
 EPIs – luvas antivibração e botas de borracha.

Figura 20 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Vibração


Fonte:https://manualdotrabalhoseguro.blogspot.com.br/2014_09_01_archive.html (2016)
Descrição: a figura 20 mostra um funcionário manipulando no solo uma máquina que gera vibração.

Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico umidade:


 Construção de canaletas para permitir o escoamento da água utilizada;
 Realizar a atividade em piso que absorva a água;
 Utilização de EPIs impermeáveis (luvas, macacões e botas).

33
Competência 02

Figura 21 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Umidade


Fonte:http://mulheresmil.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1584&catid=1584&Itemid=228
&lang=br (2016)
Descrição: a figura 21 mostra uma pescadora em atividade.

2. Agentes Biológicos

São agentes encontrados em serviços de saúde. Vamos agora enumerar as medidas de


controle dos agentes biológicos:

Figura 22 Trabalhador Exposto ao Risco Biológico


Fonte: www.respectautravail.be/pt/sector /healthcare/index_html (2016)
Descrição: a figura 22 mostra médicos atuando em um procedimento cirúrgico.

 Substituir microorganismos por outros menos lesivos;


 Minimizar a proliferação de contaminantes no ambiente através de limpeza,
desinfecção, ventilação e controle de vetores;
 Lavatório exclusivo para higiene das mãos provido de água corrente, sabonete líquido,
toalha descartável e lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual;
 Fazer uso das precauções padrão ou precauções universais. Inclui realizar os
procedimentos com segurança, utilizar adequadamente os EPIs, evitar manipulação

34
Competência 02

desnecessária de material biológico, manipular cuidadosamente instrumentos


perfurocortantes, potencialmente contaminados, utilizar coletor resistente para descarte
destes materiais e evitar o reencape de agulha ou a desconexão da agulha da seringa;
 Uso de EPIs (avental jaleco, gorro, máscara, luva, avental cirúrgico, protetor ocular,
protetor facial, sapatos fechados, botas, pró-pé...);
 Fazer uso de dispositivos de segurança como conectores e sistemas de infusão sem
agulhas, agulhas e seringas com travas de segurança e seringas com sistema retrátil da
agulha;
 Lavar as mãos antes e depois de cada procedimento;
 Higienizar vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e obstétricos, serviços de
tratamento intensivo, unidades de pacientes com doenças infectocontagiosas;
 Vacinação;
 Não deve ser permitida a utilização de pias de trabalho para fins diversos dos previstos,
o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de contato nos postos de
trabalho, o consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho, a guarda de
alimentos em locais não destinados para este fim, o uso de calçados abertos e deixar o
local de trabalho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas utilizadas
em suas atividades laborais;
 Protocolos de atendimentos pós-exposição ao material orgânico.

Sugiro a leitura do artigo científico no link abaixo para que você


aprofunde ainda mais os conhecimentos acerca da temática
“risco biológico”. www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
311X2005000300007&script=sci_arttext

Você sabe o que deve conter em um protocolo de atendimento


pós-exposição ao material biológico? Assisti a videoaula 05 e
conheça todas as condutas necessárias.

35
Competência 02

3. Agentes Químicos

São identificados pelo grande número de substâncias que podem contaminar o ambiente
de trabalho e provocar danos à integridade física e mental dos trabalhadores. Vamos, agora,
enumerar as medidas de controle dos agentes químicos:
 Substituição do agente, substância, ferramenta ou tecnologia de trabalho por outro
mais seguro, menos tóxico ou lesivo;
 Mudanças ou alteração do processo produtivo por automatização.
 Enclausuramento da operação, impedindo a dispersão do contaminante para o
ambiente de trabalho.

Figura 23 - Trabalhador Exposto ao Risco Químico


Fonte: www.manmonthly.com.au/features/under standing-welding-fumes/ (2016)
Descrição: a figura 23 mostra um funcionário utilizando EPI ao realizar manipulação que libera poeira.

 Isolamento ou segregação da operação. Pode ser feito o isolamento no tempo, que


consiste em realizar as operações fora do horário normal, reduzindo assim o quantitativo
de trabalhadores expostos, e o isolamento do espaço, que consiste em realizar o processo
à distância da maioria dos funcionários;
 Umidificação do processo para controlar as poeiras;
 Implantação e manutenção de sistema de ventilação local exaustora adequada e
eficiente. Consiste em esgotar os poluentes (poeiras, gases, vapores, fumos) na fonte
antes de sua dispersão para o ambiente de trabalho;
 Medidas de higiene. O ambiente deve ser sempre limpo com água ou aspirador, ou
umedecer a poeira a ser removida;
 Classificação e rotulagem das substâncias químicas;

36
Competência 02

 EPI (respiradores, cremes protetores, luvas e botas);


 Medidas de higiene pessoal. Cuidados como lavar as mãos, o rosto e os cabelos no fim
da jornada de trabalho e nas pausas para refeições.

4. Riscos de Acidente

Os acidentes em um ambiente de trabalho são muito variados e vão depender da


atividade que está sendo realizada. Sendo assim vamos enumerar algumas medidas gerais de
controle dos riscos de acidente:
 Promover um ambiente de trabalho confortável;
 Manter o local de trabalho organizado com todos os objetos nos seus lugares e bem
arrumados;
 Utilizar de forma correta os dispositivos de prevenção de acidentes.

Figura 24 - Trabalhador Exposto ao Risco de Acidente


Fonte: www.cut.org.br/destaques/21412/para-evitar-acidentes-trabalho-de-manutenção-na-rede-eletrica-deve-ser-
feito-a-dois-exigem-sindicatos-do-setor (2016)
Descrição: a figura 24 mostra dois funcionários realizando serviço em um poste de eletricidade.

Medidas de controle gerais que podem ser utilizadas para todos os riscos:

 Educação continuada através de treinamentos e capacitações;


 Implantar rodízios e pausas na jornada de trabalho;
 Limitar o número de trabalhadores expostos;
 Manutenção periódica de máquinas e equipamentos;
 Utilizar sinalização para indicar a presença do risco;
 Realizar exames periódicos.

37
Competência 03

3.Competência 03 | Estruturar e Desenvolver Avaliação Ergonômica nos


Ambientes de Trabalho
Nesta semana, vamos entender as particularidades do risco ergonômico, nos
aprofundando mais um pouco nesta ciência que é denominada Ergonomia. Para isso, vamos saber
como ela surgiu, qual o seu campo de atuação e a sua importância para a melhoria da qualidade de
vida dos trabalhadores e minimização de acidentes e doenças relacionados ao trabalho.

3.1 Surgimento da ergonomia

Como vimos na primeira semana, na época da Revolução Industrial, o avanço da


tecnologia e a necessidade de mão de obra foram muito acelerados e como consequência os
trabalhadores se encontravam em péssimas condições para exercerem seus ofícios. Os empresários
eram alheios aos problemas dos homens, estavam apenas preocupados com o aumento da produção
e dos lucros.
Entretanto, chegou uma fase em que os índices de acidentes, adoecimentos e morte dos
trabalhadores eram preocupantes. Muitos funcionários haviam ficado inválidos ou até morrido. Por
causa disso, a falta de mão de obra começou a ser sentida e a se tornar um problema.
Somaram-se a essa realidade os conhecimentos científicos e tecnológicos que foram
aplicados na Segunda Guerra Mundial como o desenvolvimento de aviões, submarinos, tanques,
radares e armas. Os soldados precisavam de muita habilidade para operá-los e as condições
ambientais eram bastante desfavoráveis o que gerou, na época, diversos erros e acidentes fatais.

Figura 25 - Segunda Guerra Mundial


Fonte: http://vladimirexplica.blogspot.com.br/ (2016)
Descrição: a figura 25 mostra um tanque de guerra, um soldado andando e outro caído.

38
Competência 03

Logo após a guerra, já havia muitos profissionais envolvidos em projetos que visavam
adaptar os instrumentos às características e capacidade dos soldados que operavam as máquinas.
Em 12 de julho de 1949, na Inglaterra, essas pessoas se reuniram e foi lá onde oficialmente nasceu a
ergonomia. Na mesma época, nos Estados Unidos, a marinha e a força aérea, juntas, montaram um
laboratório de pesquisa ergonômica com o objetivo de aperfeiçoar aeronaves e submarinos. Por fim,
a ergonomia ganhou impressionante avanço e enorme desenvolvimento tecnológico, disseminando-
se rapidamente pela América e Europa, após a Corrida Espacial e a Guerra Fria.

Alguns estudiosos creditam o surgimento da


ergonomia ao homem primitivo que, diante da necessidade de
se proteger e sobreviver, sem querer, começou a aplicar os
princípios da ergonomia, buscando meios de tornar seus
trabalhos mais fáceis e menos penosos.

3.2 Entendendo a ergonomia

Caro cursista, você saberia dizer o significado da palavra ergonomia?


Ela vem do grego, ergon que significa trabalho e normos que significa normas, regras, leis.
Sendo assim, a Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho às características dos indivíduos, de
modo a proporcionar-lhes um máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas atividades
no trabalho.
Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), esta ciência seria o estudo das
interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e
projetos que visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-
estar e a eficácia das atividades humanas.
A Ergonomia surge como uma nova ciência, mediante a contribuição de diversas
disciplinas científicas como antropométrica, biomecânica ocupacional, anatomia, fisiologia do
trabalho, psicologia do trabalho, desenho industrial, toxicologia e informática, que visam humanizar
o trabalho e tornar mais produtivos os seus resultados.

39
Competência 03

Antropometria - é o espaço onde o trabalho é desenvolvido


(equipamentos, máquinas), devendo considerar os movimentos
e dimensões do corpo humano. São feitos estudos das medidas
das várias características do corpo como dimensões lineares,
diâmetros e pesos e também pesquisas para o homem parado e
em movimento (antropometria estática e dinâmica).
Biomecânica - refere-se a aspectos mecânicos do movimento
humano, incluindo considerações de alcance, força e velocidade
dos movimentos do corpo.

Vários aspectos são estudados na ergonomia como, por exemplo, postura e movimentos
corporais (trabalho sentado, trabalho em pé, movimentação de cargas e levantamento de peso),
informações captadas pela visão e audição, controle (relação de mostradores e controles) e cargos e
tarefas.

Figura 26 - Jornada de Trabalho em Pé


Fonte: :http://americaservis.com.br/portal/ portfolio-item/conservacao-e-limpeza/ (2016)
Descrição: a figura 26 mostra um porteiro exercendo seu ofício.

O homem se torna o centro das atenções e cuidados, ele agora é a peça fundamental do
sistema de produção. Os conceitos foram invertidos: se antes o homem tinha que se adaptar ao meio
laboral, agora, o trabalho, os equipamentos e o meio é que têm de se moldar ao homem. A
constituição, o potencial e as limitações humanas são analisados e não será exigido além da
capacidade individual de cada pessoa.
Mas o que significa adequar os equipamentos à natureza do trabalho?

40
Competência 03

Significa que os equipamentos devem facilitar a execução da atividade. Por exemplo, uma
cadeira pode ser confortável para assistir televisão, mas ser inconveniente a uma secretária que
precisa ter acessos alternativos ao arquivo, ao microcomputador e ao telefone para realizar as suas
tarefas. A cadeira que pode atender à natureza da atividade da secretária deve ter: rodízios, encosto,
estofamento, regulagem de altura e dos braços, etc.
Concluímos então que não há uma cadeira ergonômica de uso geral a todo tipo de
atividade!

A ergonomia está em todos os lugares: No lazer, na escola, no


lar, no transporte...

Além disso, o trabalho deve ser motivador e permitir a satisfação física e mental do
funcionário e não ser encarado apenas como um meio de sobrevivência. Existe uma preocupação
com as consequências sanitárias e psicológicas do ambiente, procurando torná-lo agradável e são.
Acredito que já tenha ficado claro que os principais objetivos da ergonomia são o
conforto, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores!
Vamos imaginar um ambiente de trabalho onde o trabalhador passe o dia em pé, tenha
uma equipe que não colabore, o clima de trabalho seja estressante, o ambiente sujo e ele não seja
valorizado pelos seus superiores. A tendência é esse funcionário não gostar do seu emprego e não se
sentir bem nesse ambiente. As consequências serão doenças, faltas, atrasos, insatisfação e
diminuição da produtividade.
O aumento da produtividade não é um objetivo da ergonomia, mas em geral acaba sendo
uma consequência. Temos que entender que trabalhadores saudáveis e satisfeitos acabam
produzindo mais.

41
Competência 03

VANTAGENS DO INVESTIMENTO COM ERGONOMIA:


 A Ergonomia está ligada ao marketing da empresa, logo, gera lucros
e solidificação no mercado;
 Ergonomia evita afastamentos do trabalho; logo, evita custos com
doenças do trabalho;
 O trabalhador em ambiente confortável produz mais, logo, há
aumento visível da produtividade da empresa;
 O retrabalho quase não existe.

Você sabia que a Ergonomia se divide em três fases distintas? São elas:
 Primeira Fase ou Ergonomia Tradicional - Nesta fase, os cientistas tinham como
objetivo redimensionar os postos de trabalho e, dessa forma, possibilitar um melhor
alcance motor e visual dos funcionários. Os estudos ficaram centrados nas características
físicas e perceptivas do ser humano e na aplicação de dados no design de controles,
displays e arranjos de interesse militar.
 Segunda Fase ou Ergonomia do Meio Ambiente - Passa a se entender a relação do
homem com o meio ambiente, os postos de trabalho são projetados de tal forma que
isolam o trabalhador do ambiente industrial agressivo. Surge a preocupação com os
efeitos que a temperatura, o ruído, a vibração, a iluminação e os aerodispersóides podem
causam no homem. Nesta fase, as dimensões do trabalho e o ambiente passam a ser
adequados ao homem.
 Terceira Fase ou Ergonomia de Software ou Cognitiva - A Ergonomia começa a operar
em outro ramo científico, estudando e elaborando sistemas de transmissão de
informação mais adequados à capacidade mental do homem, muito comum à informática
e ao controle automático de processos industriais. Nesta fase, dá-se ênfase ao processo
cognitivo do ser humano.

42
Competência 03

Figura 27 – Automação do Trabalho


Fonte: www.ngeletrica.com.br/blog/a-importancia-auto macao-industria-setores-produtivos (2016)
Descrição: a figura 27 mostra uma montagem de automóvel feita por máquinas.

3.3 Classificação da ergonomia

1. Ergonomia de Concepção ou Ergonomia Proativa

Já na fase de planejamento e concepção dos locais, postos e instrumentos de trabalho se


realizam intervenções ergonômicas. É o tipo mais indicado, pois já se pensa em ambientes de trabalho
adequados antes mesmo de os trabalhadores começarem suas atividades, não sendo necessário
estabelecer alterações em situações previamente estabelecidas. Ou seja, antes de se abrir uma
empresa e até mesmo de começar a construção de suas instalações e compra de suas máquinas e
equipamentos já se realiza um estudo de base para que se faça essas ações da maneira mais
ergonomicamente correta para os trabalhadores.
Entretanto, não é a maneira mais fácil de trabalhar, visto que as decisões serão tomadas
baseadas em situações não reais simuladas em computadores e modelos virtuais. Sendo assim, é
exigida uma maior carga de conhecimento e experiência de quem for colocá-la em prática.

2. Ergonomia de Correção ou Ergonomia Reativa

Aqui as ações serão realizadas em ambientes reais onde as atividades laborais já são
efetuadas. É quando se identificam problemas ergonômicos em algumas funções e são necessárias
medidas para saná-las. Em algumas situações, a saúde e a segurança dos trabalhadores estão sendo
colocadas em risco e, em outras, os problemas estão interferindo diretamente na produção. Nos dois

43
Competência 03

casos, os problemas têm que ser resolvidos. Um aspecto problemático é que as soluções adotadas,
muitas vezes, não são completamente satisfatórias, exigindo custo elevado de implantação.

3. Ergonomia de Conscientização

Neste tipo de ergonomia, a abordagem é um pouco diferente, pois os trabalhadores são


capacitados, através de treinamentos de reciclagem individuais ou coletivos, para que eles mesmos
sejam capazes de identificar e corrigir problemas que possam surgir no dia a dia do trabalho.

4. Ergonomia de Participação

O usuário do sistema passa a ser envolvido na solução de problemas ergonômicos. Parte-


se do princípio básico de que o usuário detém o conhecimento prático que, muitas vezes, acaba
passando despercebido pelo projetista na ergonomia de concepção. Por usuário, devemos entender
o próprio trabalhador, quando se trata de alterações no posto de trabalho, e o consumidor, quando
se trata do produto de consumo.

3.4 Risco ergonômico

Quando falamos em risco ergonômico, é muito comum as pessoas se lembrarem de


funções que envolvem movimentos repetitivos, longas jornadas de trabalho e carregamento de peso.

Videoaula: confira a Entrevista realizada com o professor do


Instituto Federal de Pernambuco, Danilo Farias. Você já ouviu
falar da síndrome de burnout? Nesse momento assista a
vídeoaula 07 desta disciplina e conheça esta doença, suas
causas e consequências.

Entretanto, você, aluno, como futuro técnico de segurança do trabalho, tem que saber o
diferencial. Este risco envolve todos os fatores citados acima que estão associados a um ambiente de
trabalho cansativo e com sobrecargas físicas, entretanto tudo que envolva o lado psicossocial do ser
humano também é risco ergonômico.

44
Competência 03

Podemos até falar que o risco ergonômico se divide nesses dois grandes leques de fatores.
Um deles associado ao esforço desempenhado em atividades penosas e o outro relacionado ao lado
psicológico e à convivência do trabalhador com os colegas no ambiente de trabalho.
Os fatores que envolvem o lado psicossocial do trabalhador não devem ser considerados
de menor importância, pois eles também podem afetar o trabalhador levando-o ao adoecimento.
Outros exemplos de riscos ergonômicos: relações desgastadas de trabalho, esforço físico
intenso, levantamento e transporte manual de peso, mobiliário inadequado, posturas incorretas,
controle rígido de tempo para produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e
noturno, jornadas de serviço prolongadas, monotonia, repetição e outras situações causadoras de
estresse físico e /ou psíquico.

Figura 28– Trabalhador Exposto ao Risco Ergonômico


Fonte: http://fsindical-rs. org.br/noticias/comissao- -aprova-reducao-de-peso -para-carga-de-trabalha dor.html(2016)
Descrição: a figura 28 mostra funcionário usando EPI carregando peso.

Podemos enumerar diversas medidas de controle a serem implementadas em um


ambiente, com o objetivo de eliminar ou reduzir os riscos ergonômicos. Vamos agora agrupar essas
medidas de acordo com a atividade exercida.

1. Transporte de Carga

 Sempre que possível, aproximar a carga do corpo quando ela estiver sendo levantada
ou depositada;
 Nos estoques, os itens manuseados com maior frequência e os mais pesados devem
ficar depositados próximos da altura ideal de75 cm;

45
Competência 03

 Os objetos para serem carregados devem ter duas alças ou furos laterais para o encaixe
dos dedos com as duas mãos e devem ser levantados com a palma das mãos. O uso
somente dos dedos deve ser evitado, pois dessa forma se obtém menos força;

Figura 29 – Transporte de Carga


Fonte: http://jpconsultoriasms.blogspot.com.br /2012/02/ergonomia.html (2016)
Descrição: a figura 29 mostra funcionário usando EPI levantando peso

 O volume não deve ter protuberâncias ou cantos cortantes nem deve ser muito quente
ou frio, a ponto de dificultar o contato;
 Fazer uso da mecânica corporal (deixar os pés totalmente apoiados no chão e mantê-
los afastados, manter as costas eretas o máximo possível, flexionar os joelhos e não curvar
a coluna) e utilizar vestimentas que permitam liberdade de movimentos. Usar sapatos
fechados e antiderrapantes;
 Sempre que possível, fazer uso de equipamentos para levantamento e transporte de
carga, com o objetivo de aliviar o trabalho humano.

2. Trabalho em Pé

 Intercalar tarefas que exijam longo período de tempo em pé com atividades que
possam ser realizadas sentada ou andando;
 Permitir que os trabalhadores possam se sentar, nas pausas;
 Conter bancadas reguláveis;
 Reservar espaço suficiente para as pernas e os pés;
 Evitar alcances excessivos com os braços, evitando assim inclinação e rotação do
corpo;

46
Competência 03

 Alternar a postura.

Figura 30 – Trabalho em Pé
Fonte: http://taolegal.net/dia-do-balconista/ (2016)
Descrição: a figura 30 mostra um balconista de farmácia atendendo.

DESVANTAGENS DA POSTURA EM PÉ:


 Tendência à acumulação do sangue nas pernas, o que
resulta em varizes;
 Sensações dolorosas nas superfícies de contato articulares
que suportam o peso do corpo (pés, joelhos, quadris, etc.);
 Tensão muscular permanentemente desenvolvida para
manter o equilíbrio o que dificulta a execução de tarefas de
precisão.

3. Trabalho Sentado

 Alternar a posição sentada com a posição em pé e andando;


 ser convexo ou vazado para acomodar as nádegas. Adotar cadeiras especiais para
atividades específicas, como as que possuem braços, rodinhas ou possibilidade de
inclinação para frente e para trás;
 Ajustar a altura da superfície de trabalho conforme a tarefa realizada;
 Compatibilizar as alturas da superfície de trabalho com as do assento;
 Evitar manipulações fora do alcance;
 Os assentos devem ser giratórios, reguláveis, com apoio para região lombar e
Promover espaço adequado para as pernas.

47
Competência 03

Figura 31 – Ambiente Laboral Ergonomicamente Correto


Fonte: www.esportex.com.br/portal/saude/ implica coes-da-postura-sentada/ (2016)
Descrição: a figura 31 mostra trabalhadora com mesa e cadeira reguláveis.

VANTAGENS DA POSIÇÃO SENTADA:


• Baixa solicitação da musculatura dos membros inferiores,
reduzindo a sensação de desconforto e cansaço;
• Possibilidade de evitar posições forçadas do corpo;
• Menor consumo de energia;
• Facilitação da circulação sanguínea pelos membros
inferiores.
DESVANTAGENS DA POSIÇÃO SENTADA:
• Pequena atividade física geral (sedentarismo);
• Adoção de posturas desfavoráveis: lordose ou
cifoses excessivas;
• Circulação sanguínea diminuída nos membros inferiores.

Medidas Gerais

 Diminuir a jornada de trabalho;


 Aumentar o número de turnos ou de equipes;
 Realizar rodízio entre os funcionários;
 Estabelecer pausas para descanso durante a jornada de trabalho;
 Proporcionar assistência médica e exames periodicamente;
 Psicoterapia, hidroterapia, acupuntura e massoterapia;
 Diminuir a competitividade no ambiente de trabalho;

48
Competência 03

 Buscar metas coletivas;


 Diminuir a intensidade do trabalho;
 Orientar acerca de hábitos saudáveis de vida, como alimentação balanceada,
exercícios físicos regulares, manter o sono diário de no mínimo seis horas;
 Saber administrar tempo levando em consideração além das questões do trabalho, o
cuidado pessoal e o lazer;
 Cultivar o relacionamento interpessoal, buscando um bom relacionamento com
colegas e trabalho, familiares e amigos;
 Terapias corporais de relaxamento, alongamento e reeducação postural.

Um das terapias corporais de relaxamento mais conhecidas, é a


ginástica laboral. Ela tem sido amplamente adotada nas
empresas com a intenção de melhorar a qualidade de vida dos
funcionários no ambiente laboral. Assista a vídeoaula 09 desta
disciplina que esclarece um pouco dessa prática.

3.5 Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia

Esta NR tem como objetivo definir parâmetros que permitam a adaptação das condições
de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Dessa forma, busca-se
proporcionar um máximo conforto, segurança e desempenho eficiente. Estas condições de trabalho
incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário,
aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do
trabalho.
Com o intuito de manter a saúde e prevenir os acidentes entre os trabalhadores
designados para o transporte manual de cargas, a NR 17 discorre sobre como o trabalhador deve
realizar essas atividades e ressalta as diferenças que devem ser respeitadas no caso de trabalhadores
muito jovens e de mulheres.

49
Competência 03

Figura 32 – Trabalhador Transportando Carga


Fonte: www.unifran.br/princi pal/salaDeImprensa.php?cod=2247 (2016)
Descrição: a figura 32 mostra um trabalhador transportando carga e outra fornecendo instruções.

Em ambientes de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação


intelectual e atenção constantes (salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de
desenvolvimento ou análise de projetos, etc.) condições de conforto são recomendadas. Algumas
delas seriam níveis de ruído de acordo com o estabelecido em normas, índice de temperatura efetiva
entre 20 e 23ºC, velocidade do ar não superior a 0,75m/s e umidade relativa do ar não inferior a 40%.
O conforto do trabalhador sempre deve ser uma prioridade em uma empresa!
Trabalhador em ambiente confortável produz mais, adoece menos e vai trabalhar com mais
satisfação. Também é possível proporcionar conforto através da utilização de mobiliário e
equipamentos que sejam ajustáveis, respeitem a anatomia do corpo humano e a natureza do
trabalho a ser executado.
Quando nos referimos à organização do trabalho, devemos estar atentos às normas de
produção, ao modo operatório, a exigência de tempo, a determinação do conteúdo de tempo, ao
ritmo de trabalho e ao conteúdo das tarefas. Todos esses fatores quando mal ajustados podem
interferir diretamente na saúde dos colaboradores.

A NR 17 trata de todos esses temas de forma bem aprofundada


e ainda traz dois anexos que falam do trabalho em
teleatendimento e dos operadores de checkout. Para ter
acesso a NR 17, clique no link abaixo:
www.guiatrabalhista.com.br/ legislacao/nr/ nr17.htm

50
Competência 03

3.6 Análise Ergonômica de Trabalho (AET)

É considerada uma ergonomia de correção e foi desenvolvida por pesquisadores


franceses com o intuito de avaliar a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores. É de responsabilidade do empregador realizar a AET. Através da
aplicação dos conhecimentos da Ergonomia, faz-se a análise, o diagnóstico e a correção de uma
situação real do ambiente de trabalho.
Sendo assim, inicialmente se compreende as atividades dos trabalhadores,
posteriormente se identifica um problema ou uma situação problemática e, por fim, realiza-se um
diagnóstico que relaciona os diversos determinantes das atividades e suas consequências, tanto para
os trabalhadores quanto para o sistema. Podemos concluir que a AET não pode ser realizada para
toda a empresa, ela deve ter uma elaboração localizada para cada setor da empresa.
São feitas análises das situações de trabalho:
 Condições Técnicas - estruturas gerais do sistema de produção, fluxo de produção,
sistemas de controle, etc.;
 Condições Ambientais - estuda-se o layout, mobiliário, ruído, iluminação,
temperatura;
 Condições Organizacionais - horas de trabalho, turnos, índice de retrabalho,
dificuldades operacionais ambientais e organizacionais;
 Condições Cognitivas - são as exigências na realização do trabalho, controle, qualidade
e inspeção;
 Condições de Regulação no Trabalho - pausas, flexibilidade, paradas, ginástica pré-
laboral.
A AET se divide em cinco etapas. São elas: a análise de demanda, a análise da tarefa, a
análise da atividade, o diagnóstico e as recomendações.

1. Análise de Demanda

É o momento inicial da análise ergonômica, pois se busca entender a empresa e levantar


os problemas existentes que precisam ser sanados. Para obter os dados necessários, é preciso buscar
fontes e meios seguros de informações sobre a demanda, fazendo consultas a alguns serviços da

51
Competência 03

empresa como os serviços de medicina e segurança do trabalho, departamento de recursos humanos


e departamento de engenharia industrial. A procura é por dados estatísticos referentes a doenças
ocupacionais, acidentes, taxas de absenteísmo e de rotatividade.
É realizada uma visita para reconhecimento da situação de trabalho. Todavia, deve-se
fazer antes uma preparação que consiste em informar os trabalhadores da visita e do estudo
ergonômico que será realizado, conhecer previamente o funcionamento da instituição, verificar a
importância do problema formulado e prever visitas complementares em empresas do mesmo grupo
ou ramo de atividade.

2. Análise da Tarefa

Refere-se a um planejamento do ofício e pode estar contida em documentos formais


como procedimentos operacionais e descrição de cargos.
Nesta fase, é analisada a tarefa prescrita, cujos objetivos e métodos são definidos por
instruções, e a tarefa real, ou seja, todos os processos do trabalho prescritos são avaliados e o
trabalho executado também. Uma maior ênfase é dada na análise do trabalho real e o intuito principal
é levantar as diferenças entre os dois tipos de tarefa. Dessa forma, são identificados os diferentes
aspectos da realidade do trabalho e as dificuldades são salientadas.

3. Análise da Atividade

Aqui será feita uma avaliação de como o homem se comporta no ambiente de trabalho.
É o passo a passo que o indivíduo executa para alcançar os objetivos de produção. As atividades que
os trabalhadores exercem são influenciadas por fatores interno e externos. Entre os fatores internos,
podemos citar as características do trabalhador quanto à formação, experiência, idade, sexo, medidas
antropométricas, disposições momentâneas como motivação, sono / vigília e fadiga. Já os fatores
externos fazem referência às condições em que as atividades são executadas como as condições
ambientais de trabalho (ruído, calor, vibração, iluminação, gases e poeiras), as condições técnicas do
trabalho (materiais, máquinas, ferramentas, documentos, softwares) e as condições organizacionais
de trabalho (trabalho noturno, pausas, horários e ritmo de trabalho).

52
Competência 03

4. Diagnóstico

Nesta fase, realiza-se a síntese da AET. Através de vários fatores relacionados ao trabalho
e à empresa, que podem influenciar o trabalho, precisamos evidenciar as causas que provocam o
problema que foi descrito na análise de demanda. Por exemplo: acidentes podem ser causados por
iluminação inadequada, equipamentos sem manutenção e sinalização incompleta; já a taxa de
absenteísmo em operadores de telemarketing pode ser devido à pressão da chefia e ambiente de
trabalho competitivo.

5. Recomendações

Vamos relembrar? Inicialmente é feito um levantamento dos problemas existentes no


ambiente laboral e posteriormente avaliada a população dos trabalhadores, com suas características
peculiares, e as tarefas prescritas, as reais, e o comportamento do homem no trabalho. A partir
desses dados levantados, estabelece-se diagnósticos situacionais, os quais se tornam norteadores
no processo de elaboração de um plano de ação de intervenção. Quando as recomendações já estão
definidas, não se deve esquecer de determinar metas a serem alcançadas e prazos para serem
cumpridos.
A realização de uma intervenção ergonômica tem por finalidade transformar a situação
de trabalho e permitir um melhor conhecimento sobre a atividade real do trabalhador. Ao se
identificar os pontos de desequilíbrio entre o ambiente de trabalho e o homem, é possível questionar
as relações saúde/trabalho e suas consequências negativas, como doenças profissionais e do trabalho
e os acidentes de trabalho e também as exigências da produção quanto à quantidade e qualidade.
Com todo este levantamento, as medidas de proteção adequadas podem ser pensadas e colocadas
em prática.

53
Conclusão

Bem, caro aluno, chegamos ao final da disciplina Ergonomia e Saúde Ocupacional e,


durante três semanas, nós estudamos o histórico da saúde ocupacional, as normas regulamentadoras
4, 5, 7 e 17, os riscos ambientais, o mapa de risco, doenças e acidentes ocupacionais e medidas de
prevenção dos riscos. Além disso, entendemos o surgimento da Ergonomia, como ela se classifica e
como fazer uma análise ergonômica de trabalho (AET).
Portanto, esperamos que os conhecimentos desenvolvidos ao longo destas três semanas
estejam consolidados e possam contribuir para o exercício da sua prática laboral como futuro Técnico
de Saúde e Segurança do Trabalho.

54
Referências

ABDALA, R.V. ERGONOMIA, SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO. UNISA. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.


BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO. MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA OS SERVIÇOS DE
SAÚDE. SÉRIE A. NORMAS E MANUAIS TÉCNICOS; N.144. BRASÍLIA, 2001

DANTAS, J. TRABALHO E CORAÇÃO SAUDÁVEIS. ASPECTOS PSICOSSOCIAIS. IMPACTOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE. BELO
HORIZONTE: ERGO EDITOTA, 2007.
DECLARAÇÃO DE LUXEMBURGO. DISPONÍVEL EM: HTTP://AMIMT.ORG.BR/DOWNLOADS/LUXEMBURGO_DECLARACAO.PDF
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.EPS.UFSC.BR/DISSERTA96/
ANETE/CAP2/CAP2_ANE.HTM

FERRARI, M. CURSO DE SEGURANÇA, SAÚDE E HIGIENE NO TRABALHO. 1. ED. BAHIA: PODIVM, 2010.
GONÇALVES, F.M. ERGONOMIA. INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA. INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA.
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E BIOLÓGICA. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS. DEZEMBRO, 2008.
IIDA, I. ERGONOMIA: PROJETO E PRODUÇÃO. 2. ED. REV. E AMPLIADA. SÃO PAULO: EDGARD BLUCHER, 2005.
MENDES, R.; DIAS, E.C. DA MEDICINA DO TRABALHO À SAÚDE DO TRABALHADOR. REV. SAÚDE PÚBLICA. SÃO PAULO, 25(5):
341-9, 1991.
MORAES, M.V.G. DOENÇAS OCUPACIONAIS, AGENTES: FÍSICO, QUÍMICO, BIOLÓGICO, ERGONÔMICO. 1. ED. SÃO PAULO: IÁTRIA,
2010.
NORMA REGULAMENTADORA 04. DISPONÍVEL EM: HTTP://PORTAL.MTE.GOV.BR/DATA/FILES/8A7C812D308E21660130D
26E7A5C0B97/NR_04.PDF
NORMA REGULAMENTADORA 05. DISPONÍVEL EM: HTTP://PORTAL.MTE.GOV.BR/DATA/FILES/8A7C812D308E21660130D26
E7A5C0B97/NR_04.PDF
NORMA REGULAMENTADORA 17. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.GUIATRABALHISTA.COM.BR/LEGISLACAO/NR/NR17.HTM
PORTAL DA SAÚDE. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.MIN-SAUDE.PT/PORTAL/CONTEUDOS/ENCICLOPEDIA+DA+SAUDE/PREVEN
CAO/ACIDENTESTRABALHO.HTM

RECOMENDAÇÃO NÚMERO 112. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.EBAH.COM.BR/CONTENT/ABAAAA68SAK/RECOMENDACAO-


N-112

SESI, SEBRAI. DICAS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES E DOENÇAS NO TRABALHO. BRASÍLIA, 2005.


VIDAL, M.D. INTRODUÇÃO À ERGONOMIA. GENTE - GRUPO DE ERGONOMIA E NOVAS TECNOLOGIAS CESERG – CURSO DE
ESPECIALIZAÇÃO SUPERIOR EM ERGONOMIA. RIO DE JANEIRO.

55
Minicurrículo do Professor

Maria Luísa Corrêa Muniz

FORMAÇÃO

 Mestrado: Saúde Coletiva com foco em epidemiologia - 2013


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
 Pós- graduação: Enfermagem do trabalho - 2010
Espaço enfermagem
 Residência: Saúde da Mulher – 2010
Instituto de Medicina Integrada Professor Fernando Figueira (IMIP)
 Graduação: Enfermagem (Bacharel e Licenciada) - 2008
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS

 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE)


Docente do curso Técnico de Segurança do Trabalho
Período: junho de 2016 até a presente data
 Hospital Belarmino Correia – Goiana/PE
Enfermeira obstetra assistencial
Período: maio de 2015 até a presente data
 Escola Técnica Estadual Almirante Soares Dutra (ETEASD)
Docente do curso de Técnico de Segurança do Trabalho, Análises Clínicas, Prótese
Dentária e Enfermagem
Período: fevereiro de 2010 até fevereiro de 2016
 Instituto de Medicina Integrada Professor Fernando Figueira (IMIP)
Residente em Saúde da Mulher
Período: fevereiro de 2009 até janeiro de 2011
 Escola Wilton de Meira Pacheco (ESEMP)
Docente do curso de Técnico de Enfermagem
Período: março de 2009 até março de 2010
 Secretaria Estadual de Educação - PE
Professora pesquisadora da Educação à distância
Período: maio de 2012 até a presente data
 Beiró Uchoa e PSF – Moreno/PE
Enfermeira assistencial
Período: janeiro de 2013 até novembro de 2014

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