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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

LUAN NOVAIS CALEMBO

PILOTOS DE PRODUÇÃO COM INJEÇÃO ALTERNADA DE ÁGUA E GÁS


(WAG) EM CAMPOS OFFSHORE AO REDOR DO MUNDO

Niterói, RJ
2017
LUAN NOVAIS CALEMBO

PILOTOS DE PRODUÇÃO COM INJEÇÃO ALTERNADA DE ÁGUA E GÁS


(WAG) EM CAMPOS OFFSHORE AO REDOR DO MUNDO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia de
Petróleo da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Petróleo.

Orientador:
Prof. Arturo Rodrigo Ferreira Pardo

Niterói, RJ
2017
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por toda proteção e bênçãos concedidas, por todas as
conquistas pessoais, profissionais e por iluminar meu caminho para que eu pudesse chegar até
esse momento e me tornar Engenheiro de Petróleo.

Aos meus pais, José Calembo e Ivonilde, por todo suporte, carinho, apoio,
ensinamentos e pelo amor incondicional. Sem eles não seria possível percorrer esse caminho e
ter tido a possibilidade de cursar Engenharia de Petróleo em uma grande universidade
Federal. Agradeço pelos grandes esforços por eles realizados para que eu pudesse ter uma
excelente educação.

Aos meus irmãos, Laila e Kássio, por serem referências para mim como grandes
pessoas, excelentes alunos e belos profissionais. Além disso, agradeço também por todo o
apoio por eles prestado para que eu conseguisse enfrentar as dificuldades, superar os desafios
e alcançasse meus objetivos.

Aos meus padrinhos, Arnaud e Márcia, por terem me recebido em Niterói de braços
abertos, por terem me oferecido muito mais que uma casa, um lar, onde sempre fui tratado
com muito carinho e amor. Aos meus primos que me receberam como irmão. Ao meu tio
Marçal e a todos meus familiares que sempre me incentivaram e me apoiaram.

Aos meus amigos Alina, Aquiles, Arthur, Bruno, Eric, Fernanda, Filipe, Gabriel,
Gustavo, Ingrid, Jéssica, João Pedro, Louise, Lucas Achilles, Lucas Cruz, Mari, Matheus,
Pareto, Renan, Thiago, Viana e Vinícius por estarem comigo nos momentos de alegria e nas
dificuldades. Aos meus amigos do Ciências Sem Fronteiras espalhados pelo Brasil, pelo
excelente e proveitoso intercâmbio para os Estados Unidos, com momentos especiais e
marcantes. Aos amigos da minha cidade natal, Muriaé, pela amizade que se mantém até hoje.

Aos professores, tanto do Brasil quanto do exterior, por transmitirem conhecimentos,


experiências pessoais e profissionais que contribuíram para minha formação.

Por fim, à equipe da Superintendência de Desenvolvimento e Produção da Agência


Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pela oportunidade concedida de
estagiar nessa importante agência do setor, pelos ensinamentos transmitidos, pelos cursos e
visitas técnicas disponibilizados e pelos os excelentes profissionais que tive o prazer de
conhecer e trabalhar em conjunto.
“O conhecimento não basta, temos de
aplica-lo. Querer não basta, é preciso
agir.”
Johann Wolfgang von Goethe
RESUMO

Devido à nossa necessidade de geração de grande quantidade de energia para


suprirmos as demandas e para buscarmos o desenvolvimento, o petróleo passou a ser
explorado em diversos locais do planeta, desde campos onshore até campos offshore. O óleo
de grande parte dos reservatórios já foi ou está sendo produzido, surgindo assim, a
necessidade de se explorar novas áreas, como campos ultraprofundos (pré-sal no Brasil) e
fontes não convencionais (shale gas nos Estados Unidos e o tight oil no Canadá).

Além da busca por fontes alternativas, por novas áreas de exploração, existe a
possibilidade de se aplicar conhecimentos da Engenharia de Petróleo para incrementar a
produção de campos maduros, buscando aumentar o fator de recuperação a partir da produção
de óleos residuais. Os métodos de recuperação avançada, EOR (Enhanced Oil Recovery, em
inglês) permitem isso. Entre as técnicas existentes, destaca-se a injeção alternada de água e
gás (WAG, em inglês Water Alternating Gas) que tem como um dos objetivos ajudar na
manutenção da pressão do reservatório e provocar o deslocamento do óleo residual. A adoção
do WAG é aconselhada também para contornar problemas relacionados com os fingerings
viscosos (caminhos preferenciais). Além disso, a técnica se destaca, por muitas vezes, na
redução da quantidade de água que está sendo produzida e também por evitar a queima de gás
quando não há rotas de exportação, reinjetando o mesmo.

Diversas empresas e países adotaram o WAG como método de recuperação e


realizaram Projetos Pilotos com o objetivo de verificar a atuação e a eficácia da técnica. Nesse
trabalho serão analisados seis campos offshore de países diferentes que tiveram Pilotos com
injeção WAG, entre eles: Campo de Dulang (Malásia), Baía de Quarantine (EUA) e Campo
de Lula (Brasil). Serão levadas em consideração as características dos reservatórios, as
estratégias adotadas, os problemas enfrentados e principalmente, os resultados alcançados.

Esse trabalho apresentará também conceitos de suma importância para que o método
WAG seja compreendido. O foco principal desse projeto é poder contrastar os diferentes
cenários em que cada Piloto foi realizado e comparar com a situação brasileira, de um campo
com grande importância para o país e para produção energética.

Palavras-chave: Injeção alternada de água e gás (WAG), Métodos de Recuperação


Avançada, Projetos Pilotos offshore.
ABSTRACT

Due to our need to generate large amounts of energy to meet our demand and to seek
the development, the petroleum has been exploited from many places of the World, from
onshore to offshore fields. The oil from most of the reservoirs has already been produced or is
being exploited, forcing us to explore new areas, such as ultra-deep fields (pre-salt in Brazil)
and non-conventional sources (shale gas in the United States and tight oil in Canada).

Beside the search for alternatives, for new exploration areas, there is the possibility to
apply Petroleum Engineering’s knowledge to increase the production of fields that already
produce and to enhance the recovery factor from the displacement of residual oil. The
Enhanced Oil Recovery (EOR) allows it. Among the techniques its stands out the Water
Alternating Gas (WAG) that has as goals to maintain the reservoir pressure and to produce
part of the residual oil. WAG is also recommended to solve problems related to viscous
fingerings. In addition, the method stands out for often reduce the amount of the produced
water and to avoid gas flare when there is no exportation rote.

Many companies and countries choose WAG for the EOR and they generally do a
Pilot Project with the aim to analyze the efficiency. At this assignment it will be presented six
cases of offshore field, for example: Dulang Field (Malaysia), Quarantine Bay (U.S) and Lula
Field (Brazil). It will be taken into account reservoirs characteristics, implemented strategies,
operational problems, the results achieved and the performance.

This work will also present concepts that are important to understand the WAG
process. The main focus of this project is to be able to contrast the different scenarios in
which Pilot was implemented and to compare it with the Brazilian one, which is an important
field for Brazil and for the energy production.

Keywords: Enhanced Oil Recovery (EOR), Offshore Pilot Projects, Water Alternating
Gas (WAG).
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1: Reservatório com Influxo de Água .................................................................. 24


Figura 2.2: Reservatório com mecanismo de gás em solução com pressão acima da
Pressão de Bolha....................................................................................................................... 25
Figura 2.3: Reservatório abaixo da pressão de saturação ................................................... 25
Figura 2.4: Reservatório com mecanismo de capa de gás .................................................. 26
Figura 2.5: Reservatório com segregação gravitacional ..................................................... 27
Figura 2.6: Reservatório com mecanismo combinado ....................................................... 28
Figura 2.7: Injeção miscível de CO2................................................................................... 31
Figura 2.8: Injeção de gás enriquecido ............................................................................... 32
Figura 2.9: Injeção de gás seco a alta pressão .................................................................... 33
Figura 2.10: Injeção de banco de GLP ............................................................................... 34
Figura 2.11: Injeção micelar ............................................................................................... 37
Figura 2.12: Esquema do reservatório com injeção de fluidos quentes ............................. 38
Figura 2.13: Esquema do reservatório com a realização da técnica de combustão in-situ. 40
Figura 3.1: Gráfico oriundo do teste do slim-tube para identificação da PMM ................. 44
Figura 3.2: Imagens comparativas do teste referente ao método da bolha ascendente ...... 45
Figura 3.3: Esquema demonstrativo para o cálculo da eficiência de varrido vertical ....... 47
Figura 4.21: Localização do Campo de Quarantine ........................................................... 50
Figura 4.22: Mapa estrutural do reservatório ..................................................................... 50
Figura 4.23: Produção de óleo ao longo dos anos .............................................................. 56
Figura 4.24: Recuperação Acumulada de óleo ................................................................... 56
Figura 4.25: Distribuição dos componentes presentes no poço 41 .................................... 57
Figura 4.26: Produção de bicarbonato no poço 41 e curva de injetividade no poço 212 ... 58
Figura 4.13: Visão geral do Campo de Statfjord ................................................................ 61
Figura 4.14: Ilustração da injeção WAG ............................................................................ 63
Figura 4.15: Localização dos poços na área do Piloto WAG ............................................. 64
Figura 4.16: Incremento total na produção de óleo devido ao WAG ................................. 67
Figura 4.17: Performance do WAG - Vazões diárias ......................................................... 68
Figura 4.18: Desempenho do poço B-07 com a injeção WAG .......................................... 69
Figura 4.19: Análise da curva de declínio .......................................................................... 70
Figura 4.20: Análise da curva de corte de água com a produção acumulada ..................... 70
Figura 4.7: Posição dos poços no Campo de Lagocinco .................................................... 72
Figura 4.8: Perfis de saturação observados ........................................................................ 75
Figura 4.9: Traçador químico 4-FBA ................................................................................. 75
Figura 4.10: Traçador químico PMCP ............................................................................... 76
Figura 4.11: Resposta operacional do poço VLE-773 - Vazão de óleo, Corte de água e
RGO .......................................................................................................................................... 76
Figura 4.12 Resposta operacional do poço VLE-1342 - Vazão de óleo, Corte de água e
RGO .......................................................................................................................................... 77
Figura 4.1: Localização do Campo de Dulang ................................................................... 80
Figura 4.2: Diagrama esquemático da estratégia IWAG no Bloco S3 ............................... 83
Figura 4.3: Incremento na recuperação de óleo esperada pela simulação .......................... 84
Figura 4.4: Vazão de óleo pelo tempo, Poço A2 ................................................................ 86
Figura 4.5: Vazão de óleo pelo tempo, Poço B16 .............................................................. 87
Figura 4.6: Vazão de óleo pelo tempo, Poço B5 ................................................................ 88
Figura 4.27: Presença de cânions na região do reservatório .............................................. 90
Figura 4.28: Localização dos poços e das plataformas ...................................................... 91
Figura 4.29: Taxa de injeção de água e os valores equivalentes para injeção de gás......... 94
Figura 4.30: Taxa de injeção de gás e os períodos sensitivos dos ciclos ........................... 94
Figura 4.31: Resposta da variação da RGO e do corte de água.......................................... 95
Figura 4.32: Impacto da injeção WAG no corte de água e na vazão de produção do B1 .. 95
Figura 4.33: Histórico de produção do poço B1 ................................................................. 98
Figura 4.34: Mudança na curva de declínio ....................................................................... 99
Figura 4.35: Histórico de produção do poço B2 ............................................................... 100
Figura 5.1: Localização do Campo de Lula ...................................................................... 102
Figura 5.2: Ambiente do Pré-sal na Bacia de Santos ....................................................... 103
Figura 5.3: Alguns dos poços perfurados no Campo ....................................................... 104
Figura 5.4: Processo conceitual do WAG ........................................................................ 108
Figura 5.5: Localização do Piloto de Lula ........................................................................ 113
Figura 5.6: Seção transversal esquemática dos poços ...................................................... 114
Figura 5.7: Performance da produção do Piloto ............................................................... 115
Figura 5.8: Desempenho da injeção no poço RJS-665 ..................................................... 116
LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1: Características principais do fluido e do reservatório ..................................... 52


Tabela 4.2: Resumo de dados de produção ........................................................................ 57
Tabela 4.3: Comparativo da injeção WAG x Injeção de água. .......................................... 74
Tabela 4.4: Sequência e duração dos ciclos do Piloto ........................................................ 74
Tabela 4.5: Comparativo da injeção cíclica com a Injeção de água ................................... 79
Tabela 4.6: Dados de fluido e de reservatório .................................................................... 90
Tabela 4.7: Possíveis candidatos a serem injetores WAG.................................................. 93
Tabela 5.1: Produção e injeção acumuladas – Campo de Lula ........................................ 116
Tabela 6.1: Quadro comparativo dos Projetos Pilotos com injeção WAG ...................... 120
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ADR Aquisição de Dados de Reservatório

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

API Grau - American Petroleum Institute

ASP Álcali-Surfactante-Polímero

bbl Blue barrel – Unidade para expressar volume (barril)

boe Barris de óleo equivalente

BS&W Basic Sediment and Water

C2 Etano

C6 Hexano

cf Cubic feet – Pé cúbico

CH4 Metano

CO2 Dióxido de Carbono

CO2 WAG Water Alternating Gas utilizando o CO2 como fluido de injeção

EOR Enhanced Oil Recovery

FBA Fluorobenzoic Acids

FPSO Floating Production Storage and Offloading

ft Feet - Pés

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

H2S Sulfato de hidrogênio

HCPV Hydrocarbon Pore Volume

in Inches - Polegadas

IOR Improved Oil Recovery

IPC Instalação de Processamento Central

IWAG Imiscible Water Alternating Gas


Lb/ft3 Pounds per cubic feet – Libra por pé cúbico

LDA Lâmina d’água

M Unidade expressa em milhar

mi Miles - Milhas

MM Unidade expressa em milhão

MWAG Miscible Water Alternating Gas

N2 Nitrogênio

OOIP Original Oil in place

PAD Programa de Avaliação de Descoberta

PDVSA Petróleos de Venezuela – Estatal venezuelana

PMCP Perfluoro-methyl-cyclopentane

PMM Pressão Mínima de Miscibilidade

PVT Pressão, Volume e Temperatura

RAO Razão Água-Óleo

RGL Razão Gás-Líquido

RGO Razão Gás-Óleo

scf Standard cubic feet – pés cúbicos em condição de superfície

SPE Society of Petroleum Engineers

STB Standard Barrel – Volume em barril em condição de superfície

SWAG Simultaneous Water Alternating Gas

TCD Teste de Curta Duração

TLD Teste de Longa Duração

Ton Tonelada

VOIP Volume de óleo in place

WAG Water Alternating Gas


LISTA DE SÍMBOLOS

µ𝑓 Viscosidade

𝐸𝐷 Eficiência de Deslocamento

𝑆𝑜𝑟 Saturação de óleo residual média

EA Eficiência de varrido areal

Et Eficiência de varrido vertical

Ev Eficiência de varrido volumétrica

K Permeabilidade absoluta do meio poroso

kg Permeabilidade efetiva do gás

ko Permeabilidade efetiva do óleo

Kw Permeabilidade efetiva da água

L Comprimento do meio poroso

M Razão de mobilidade

ø Porosidade

q Vazão do fluido

qg Vazão do gás

qo Vazão do óleo

qw Vazão da água

Sg Saturação de gás

So Saturação de óleo

Sw Saturação de água

Vg Volume de gás na rocha


Vo Volume de óleo na rocha

Vp Volume Poroso da rocha

Vt Volume Total

Vv Volume de Vazios

Vw Volume de água na rocha

ΔP Diferencial de Pressão

θ Ângulo referente à Molhabilidade

λ Mobilidade

𝜇 Viscosidade do fluido
SUMÁRIO

1 Introdução ................................................................................................................ 18

2 Revisão Bibliográfica ............................................................................................... 20

2.1 Conceito básico .................................................................................................. 20

2.1.1 Reservatório ................................................................................................ 20

2.2 Propriedades e interações rochas-fluidos ........................................................... 20

2.2.1 Porosidade ................................................................................................... 20

2.2.2 Permeabilidade ............................................................................................ 21

2.2.3 Saturação de Fluidos ................................................................................... 22

2.2.4 Molhabilidade.............................................................................................. 23

2.2.5 Capilaridade ................................................................................................ 23

2.3 Mecanismos de Produção de Reservatórios ....................................................... 23

2.3.1 Mecanismo de Influxo de Água .................................................................. 24

2.3.2 Mecanismo de Gás em Solução .................................................................. 25

2.3.3 Mecanismo de Capa de Gás ........................................................................ 26

2.3.4 Mecanismo de Segregação Gravitacional ................................................... 27

2.3.5 Mecanismo Combinado............................................................................... 28

2.4 Métodos de Recuperação Secundária ................................................................. 28

2.4.1 Injeção de Água ........................................................................................... 28

2.4.2 Injeção de Gás ............................................................................................. 29

2.5 Métodos Especiais de Recuperação .................................................................... 29

2.5.1 Métodos Miscíveis ...................................................................................... 30

2.5.2 Métodos Químicos ...................................................................................... 35

2.5.3 Métodos Térmicos ....................................................................................... 37

3 Injeção alternada de água e gás (WAG) ................................................................. 40

3.1 Fator Miscibilidade ............................................................................................. 41

3.2 Pressão mínima de miscibilidade ....................................................................... 42


3.2.1 Métodos para calcular a pressão mínima de miscibilidade ......................... 42

3.2.2 Previsão da PMM ........................................................................................ 45

3.3 Eficiência de varrido ........................................................................................... 46

3.3.1 Eficiência de varrido areal........................................................................... 46

3.3.2 Eficiência de varrido vertical ...................................................................... 46

3.3.3 Eficiência de varrido volumétrica ............................................................... 47

3.4 Eficiência de deslocamento ................................................................................ 47

3.5 Mobilidade e Razão de mobilidade .................................................................... 48

4 Estudo de casos de projetos pilotos offshore com injeção WAG no mundo ........ 49

4.1 Baía de Quarantine – Golfo do México .............................................................. 49

4.1.1 Descrição do Reservatório .......................................................................... 49

4.1.2 Área do Projeto Piloto ................................................................................. 51

4.1.3 Definição do Projeto e implementação ....................................................... 52

4.1.4 Desempenho do projeto ............................................................................... 54

4.1.5 Conclusões sobre a realização do Projeto piloto no Golfo do México: ...... 60

4.2 Campo de Statfjord – Mar do Norte ................................................................... 61

4.2.1 Descrição do Reservatório .......................................................................... 62

4.2.2 Injeção WAG nos reservatórios Brent ......................................................... 63

4.2.3 Estratégia WAG ........................................................................................... 65

4.2.4 Performance do WAG no Campo ................................................................ 66

4.2.5 Conclusões sobre a realização do Piloto WAG no Mar do Norte: .............. 71

4.3 Campo VLE - Lago de Maracaibo, Venezuela................................................... 71

4.3.1 Descrição do campo .................................................................................... 71

4.3.2 Design do Piloto WAG ................................................................................ 72

4.3.3 Utilização de outros métodos de recuperação avançada ............................. 77

4.3.4 Conclusões sobre a realização do Piloto WAG na Venezuela: ................... 79

4.4 Campo de Dulang – Malásia .............................................................................. 80


4.4.1 Reservatório ................................................................................................ 80

4.4.2 Estudo de Viabilidade ................................................................................. 81

4.4.3 Piloto IWAG ............................................................................................... 82

4.4.4 Estratégia IWAG ......................................................................................... 84

4.4.5 Implementação da Estratégia ...................................................................... 84

4.4.6 Desempenho IWAG .................................................................................... 85

4.4.7 Conclusões sobre a realização do Piloto no Campo de Dulang – Malásia: 88

4.5 Campo E - Oeste da África ................................................................................. 89

4.5.1 Aspectos chave do WAG e a aplicação no Campo ...................................... 92

4.5.2 Resultado da sensibilidade .......................................................................... 94

4.5.3 Implementação do Piloto WAG ................................................................... 96

4.5.4 Desempenho do Piloto WAG ....................................................................... 98

4.5.5 Conclusões sobre a realização do Projeto Piloto no Oeste da África: ...... 100

5 Utilização do método WAG no Brasil ................................................................... 101

5.1 Ambiente do Pré-sal na Bacia de Santos .......................................................... 102

5.2 Conceito do desenvolvimento em fases............................................................ 104

5.2.1 O desenvolvimento do Campo de Lula foi divido em três fases ............... 105

5.3 Aspectos técnicos importantes.......................................................................... 106

5.4 Razões para o EOR utilizando gás e critério da triagem .................................. 107

5.5 Caracterização do reservatório ......................................................................... 110

5.6 Modelos de simulação ...................................................................................... 111

5.7 Primeiros resultados ......................................................................................... 114

5.8 Conclusões sobre o Projeto Piloto no Brasil: ................................................... 117

6 Análise dos projetos pilotos e comparações com o Brasil .................................. 118

7 Conclusão ................................................................................................................ 120

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 122


1 Introdução

A exploração dos recursos energéticos do planeta é de grande importância para a


sobrevivência da população e para o desenvolvimento dos países. O setor petrolífero se tornou
um dos pilares da matriz energética com o passar dos anos e hoje o petróleo é uma das fontes
mais exploradas. Com o objetivo de continuar atendendo a grande demanda de óleo e gás
existente na sociedade atual, diversos métodos especiais tiveram que ser desenvolvidos para
possibilitar o aumento da recuperação em áreas já conhecidas e para permitir a
exploração/produção em reservatórios não convencionais e campos ultraprofundos.

O pré-sal brasileiro é o resultado da busca por novas áreas exploratórias. Neste, os


reservatórios estão localizados a grandes profundidades, abaixo de extensas lâminas d’água e
espessas camadas de sal. Visando uma maior recuperação do óleo nesse ambiente, o método
de recuperação avançada que utiliza a injeção alternada de água e gás (WAG, do inglês Water
Alternating Gas) está sendo adotado em um Piloto no Campo de Lula. Tal Campo está
localizado na Bacia de Santos e é responsável por grande parte da produção de óleo e gás
brasileira, contribuindo com 819,59 Mboe/d segundo o Boletim da Produção de Petróleo e
Gás Natural de Setembro de 2016 publicado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

O método WAG será melhor apresentado nesse trabalho, apresentado conceitos


fundamentais e mecanismos de produção dos reservatórios. Além disso, campos offshore ao
redor do mundo que realizaram Pilotos adotando essa técnica serão analisados, considerando
diversos aspectos e características. Serão apresentadas também mais informações sobre o pré-
sal brasileiro e especialmente sobre o Campo de Lula, onde o Piloto WAG está sendo testado.

O trabalho aqui apresentado tem como principal objetivo realizar comparações entre
os cenários mundiais no qual o método de recuperação avançada WAG foi utilizado.

No capítulo 2, será abordada a Revisão Bibliográfica com o intuito de apresentar


alguns conceitos fundamentais como: propriedades das rochas, dos fluidos e os métodos de
recuperação utilizados na indústria de óleo e gás.

O capítulo 3 foi destinado a aprofundar os conhecimentos na injeção alternada de água


e gás, destacando conceitos que influenciam na seleção desse método e principalmente nos
resultados.

18
No capítulo 4, serão abordados projetos pilotos offshore de diversos países que
adotaram a técnica WAG em busca de aumentar o fator de recuperação dos campos.

No capítulo 5, serão apresentadas as principais características do projeto piloto


offshore que foi implementado no pré-sal brasileiro, especificamente no Campo de Lula.

No capítulo 6, serão abordadas as comparações entre os projetos adotados no mundo e


piloto implementado no cenário brasileiro, destacando as principais semelhanças e as grandes
divergências.

Por fim, o capítulo 7 abordará a conclusão do trabalho.

19
2 Revisão Bibliográfica

Esse capítulo visa apresentar conceitos fundamentais para um melhor entendimento do


tema a ser abordado. Serão aqui retratados tópicos referentes às propriedades das rochas e dos
fluidos. Por fim, serão apresentados os métodos de recuperação secundária e especiais
utilizados na indústria de petróleo.

2.1 Conceitos básicos

2.1.1 Reservatório

Reservatório é a definição atribuída a uma formação rochosa que possui características


suficientes de porosidade e permeabilidade para armazenar e transmitir fluidos. Rochas
sedimentares, por exemplo, arenitos e calcários, são as mais comuns por apresentar uma alta
porosidade. Porém rochas ígneas e metamórficas também podem ser consideradas
reservatórios quando se apresentarem naturalmente fraturadas (Craft e Hawkins, 1991).

2.2 Propriedades e interações rochas-fluidos

2.2.1 Porosidade

Porosidade é o termo utilizado para definir a razão entre os espaços vazios existentes
na rocha e o volume total da mesma. A porosidade define a capacidade de armazenamento de
fluidos (Rosa et al., 2006). Geralmente seu valor é expresso na forma de fração ou
percentagem.

A porosidade pode ser calculada pela equação (1):

ø = 𝑉𝑝 ⁄𝑉𝑡 (1)

Onde ø representa a porosidade, Vp indica o volume poroso da rocha, também


conhecido por volume de vazios (Vv) e por fim, Vt representando o volume total.

20
Segundo Craft e Hawkins (1991), o valor de porosidade pode ser reportado como
porosidade total ou efetiva, dependendo do tipo de medição. A porosidade total representa o
volume total de espaços vazios da rocha. Já a porosidade efetiva refere-se ao total de espaços
vazios que contribuem para o fluxo do fluido, ou seja, estão interconectados.

2.2.2 Permeabilidade

De acordo com Rosa et al. (2006), permeabilidade é uma medida utilizada para se
referir à capacidade da rocha de permitir que haja fluxo em seu interior. A permeabilidade
geralmente é medida em darcies ou milidarcies e é representada por k.

A permeabilidade pode ser classificada como absoluta, efetiva ou relativa. O termo


absoluto é utilizado para casos em que há apenas um único fluido ou fase na rocha. Pela Lei
de Darcy (1856), obtém-se a permeabilidade absoluta (k), indicada pela equação (2).
𝑞𝜇𝐿
𝑘= (2)
𝐴𝛥𝑃

Onde:
k= permeabilidade absoluta do meio poroso [Darcy]
q= vazão do fluido [cm3/s]
𝜇= viscosidade do fluido [cp]
L= comprimento do meio poroso [cm]
ΔP= diferencial de pressão [atm]

A permeabilidade efetiva é a capacidade do reservatório em conduzir ou transmitir um


específico fluido mesmo na presença de outros. As equações (3), (4) e (5) exibem as fórmulas
para permeabilidade efetiva.
𝑞𝑔 𝜇𝑔 𝐿 (3)
𝑘𝑔 =
𝐴𝛥𝑝
𝑞𝑜 𝜇𝑜 𝐿 (4)
𝑘𝑜 =
𝐴𝛥𝑝
𝑞𝑤 𝜇𝑤 𝐿 (5)
𝑘𝑤 =
𝐴𝛥𝑝

Onde as permeabilidades efetivas do gás, do óleo e da água são representadas


respectivamente pelos símbolos kg, ko e kw. As equações utilizadas são provenientes da Lei de

21
Darcy, levando-se em consideração a vazão de cada fluido, sendo qg para gás, qo para óleo e
qw utilizado para representar a vazão da água. Outro parâmetro importante é a viscosidade,
que também depende do fluido em questão, e mais uma vez os índices “g”, “o” e “w” foram
utilizados para representar fluidos como gás, óleo e água, respectivamente.

Por fim, a permeabilidade relativa que é a razão entre a permeabilidade efetiva de um


fluido e a permeabilidade absoluta. As permeabilidades relativas do gás, óleo e água são
representadas respectivamente por krg, kro e krw, expressas nas equações (6), (7) e (8).
𝑘𝑔
𝑘𝑟𝑔 = (6)
𝑘
𝑘𝑜
𝑘𝑟𝑜 = (7)
𝑘
𝑘𝑤
𝑘𝑟𝑤 = (8)
𝑘
2.2.3 Saturação de Fluidos

Os poros de um reservatório podem ser ocupados por hidrocarbonetos (óleo e gás) e


água. De acordo com Craft e Hawkins (1991), a saturação é a razão entre o volume ocupado
pelo fluido em questão e o volume poroso. A saturação pode ser expressa em forma de fração
ou percentual. As fórmulas para cálculo de saturação são expressas pelas equações (11), (12)
e (13).
𝑉𝑔
𝑆𝑔 = (11)
𝑉𝑝
𝑉𝑜
𝑆𝑜 = (12)
𝑉𝑝
𝑉𝑤
𝑆𝑤 = (13)
𝑉𝑝

Onde:
Sg= Saturação de gás
So= Saturação de óleo
Sw= Saturação de água
Vg= Volume de gás na rocha
Vo= Volume de óleo na rocha
Vw= Volume de água na rocha
É importante ressaltar que devido ao fato dos poros serem preenchidos pelos fluidos, a
soma das saturações de gás, óleo e água resultam em 100%, logo:
22
𝑆𝑔 + 𝑆𝑜 + 𝑆𝑤 = 1 (14)
2.2.4 Molhabilidade

Segundo Dake (1978), a molhabilidade indica a preferência do fluido em aderir à


superfície da rocha e é definida em função do ângulo θ (ângulo de contato entre uma gotícula
e a formação rochosa).

Devido a essa maior atratividade por um determinado fluido, o reservatório poderá ser
considerado molhável ao óleo, a água ou misto, influenciando na eficiência de deslocamento.
Quando θ é maior que 90°, evidencia que o líquido menos denso molha o sólido, porém,
quando θ é menor que 90°, expressa a predileção da rocha em ser molhável à água.

2.2.5 Capilaridade

Segundo Rosa et al. (2006), capilaridade é um fenômeno que ocorre nos poros das
formações rochosas e representa a interação das moléculas dos fluidos imiscíveis (mistura não
homogênea).

2.3 Mecanismos de Produção de Reservatórios

Para que os fluidos presentes no reservatório possam ser produzidos é necessário que se
tenha certa quantidade de energia. Segundo Rosa et al. (2006), a energia natural, também
chamada de energia primária, representa o resultado de circunstâncias e situações em que a
jazida passou para se formar completamente.

Para ocorrer a produção, os fluidos precisam se deslocar até o poço produtor,


enfrentando tortuosidades e estrangulamentos dos canais porosos. Para tanto, é necessário que
se tenha uma pressão, que representa a energia do reservatório.

Os mecanismos de produção de reservatórios constituem um conjunto de fatores que


possibilitam o escoamento do fluido que se deseja produzir para os poços produtores. Para
isso, é necessário que ocorra a substituição do fluido de interesse por outro, ocupando o
espaço poroso.

23
Existem dois efeitos que são responsáveis pelo mecanismo de produção do reservatório:
a descompressão e o deslocamento de um fluido por outro. O primeiro se deve a expansão dos
fluidos contidos nos poros da formação e a contração do volume poroso. Já o segundo
mecanismo promove a substituição de um fluido por outro, como por exemplo, a ocupação
pela água e pelo gás nos espaços que antes estavam ocupados pelo óleo. (Rosa et al., 2006).

Segundo Paul Willhite (1986), existe cinco tipos de mecanismos de produção: influxo
de água, gás em solução, capa de gás, segregação gravitacional e o mecanismo combinado.

2.3.1 Mecanismo de Influxo de Água

O reservatório com mecanismo de influxo de água pode possuir uma conexão


hidráulica com uma rocha saturada em água chamada de aquífero, que pode está localizado
sob todo o reservatório de petróleo, conforme indicado na Figura 2.1, ou apenas em parte dele
(lateralmente).

Figura 2.1: Reservatório com Influxo de Água, Rosa et al. (2006)

É importante ressaltar que para a atuação do aquífero é necessário que o reservatório


esteja conectado com a grande acumulação de água. Com a produção de óleo, a pressão do
reservatório reduz, interferindo assim no aquífero, fazendo com que a água se expanda
criando um fluxo de água para a formação, mantendo a pressão necessária para produzir.

A razão de água-óleo (RAO) aumenta nos poços localizados nas seções mais inferiores
da estrutura. Os valores de vazões de produção influenciam muito na determinação do
fechamento ou recompletação de um poço que esteja produzindo grandes volumes de água.

Em alguns casos, quando o reservatório de água é grande e possui energia suficiente,


pode proporcionar um fator de recuperação de 70 a 80% do volume total de óleo presente na
formação, em inglês, original oil in place (OOIP). Fatores como geologia do reservatório,
heterogeneidade e posição estrutural afetam a eficiência de recuperação. Alguns casos de
24
grande sucesso na explotação com influxo de água estão presentes no mundo, por exemplo, o
Campo de East Field - Texas, reservatórios de Arbuckle - Kansas e reservatório Tensleep -
Wyoming (Willhite, 1986).

2.3.2 Mecanismo de Gás em Solução

De acordo com Paul Willhite (1986), o óleo cru sob o efeito da grande pressão pode
conter grandes quantidades de gás dissolvido, conforme Figura 2.2. Com a produção, a
pressão do reservatório reduz, ficando inferior a pressão de bolha (pressão de saturação)
permitindo assim a vaporização das frações mais leves do óleo, conforme exemplificado pela
Figura 2.3.

Figura 2.2: Reservatório com mecanismo de gás em solução com pressão acima da Pressão de Bolha (Rosa et al., 2006)

Além da vaporização, a queda na pressão permite com que os fluidos presentes na


formação se expandam. Como o gás é mais expansível que o liquido, vai permitir que o óleo
flua para os poços produtores enquanto passará a ocupar os espaços porosos deixados pelo
liquido.

Figura 2.3: Reservatório com a pressão abaixo da pressão de saturação (Rosa et al., 2006)

Segundo Rosa et al (2006), à medida que ocorre a produção de óleo, a pressão diminui
permitindo uma maior vaporização e uma expansão maior do gás. Porém, ao se abaixar muito
a pressão em relação ao ponto de bolha, ocasionará uma maior liberação de gás, fazendo com
25
que esse forme uma fase contínua, que começará a fluir e a ser produzido juntamente com o
óleo.

A produção contínua de óleo juntamente com o gás ocasionará uma queda maior na
pressão do reservatório, fazendo com que a razão gás-óleo (RGO) aumente. Esse mecanismo
de produção proporciona geralmente fatores de recuperação menores que 20%, devido à
constante perda de energia do sistema, proporcionando uma redução na vazão de produção.

2.3.3 Mecanismo de Capa de Gás

De acordo com Willhite (1986), quando um reservatório possui uma capa de gás
extensa (Figura 2.4), provavelmente existe uma quantidade grande de energia armazenada no
gás que se encontra comprimido. A formação da capa de gás se dá através da acumulação das
frações mais leves (fase gasosa) na parte superior do meio poroso.

Figura 2.4: Reservatório com mecanismo de capa de gás (Rosa et al., 2006)

Assim como nos mecanismos já apresentados, à medida que ocorre a produção de


óleo, a pressão no interior dos reservatórios diminui, possibilitando a expansão da capa de
gás. A expansão da fase gasosa possibilita que a produção continue ocorrendo sem que haja
quedas expressivas nos valores de pressão. Porém, a manutenção da pressão realizada pela
expansão do gás é limitada e pode possibilitar que o gás comece a ser produzido juntamente
com o óleo.

Em alguns casos, para a pressão do reservatório manter-se ideal para a produção de


óleo, é necessário que se tenha a injeção de gás para aumentar a atuação da capa. Em casos
em que o reservatório com capa de gás possui uma zona de água sob o mesmo, é necessário
que se tenha um programa de injeção combinado de água e gás. É importante ter cuidado
quando a injeção combinada é considerada devido ao risco do óleo ser deslocado para o
interior da capa de gás e permanecer aprisionado (Willhite, 1986).

26
A recuperação de óleo proporcionada por esse mecanismo gira em torno de 20 a 30%.
É importante ressaltar que a queda de pressão proporcionada pela produção de óleo requer um
determinado tempo para que seja transmitida até a capa de gás e tal fato não ocorrerá caso a
vazão de produção seja muito elevada (Rosa et al., 2006).

2.3.4 Mecanismo de Segregação Gravitacional

Segundo Paul Willhite (1986), a segregação gravitacional pode ser o primeiro


mecanismo de produção em reservatórios espessos que possuem uma boa comunicação
vertical ou com geometria de forma anticlinal.

O mecanismo de segregação gravitacional requer um determinado tempo para ocorrer


devido à necessidade do gás presente no reservatório se deslocar para o topo da formação com
o intuito de ocupar os espaços previamente preenchidos pelo óleo. A gravidade faz com que
os fluidos se rearranjem dentro do meio poroso devido as diferentes densidades (Paul
Willhite, 1986).

A segregação gravitacional possibilita a formação da capa de gás secundária, Figura


2.5. Segundo Rosa et al. (2006), a capa de gás secundária ocorre principalmente nos
reservatórios com mecanismo de gás em solução, visto que devido à ação da gravidade o gás
que se expande e ocupa o lugar do óleo produzido poderá buscar as partes superiores do meio
poroso. Esse efeito evita com que o gás expandido dentro do reservatório se desloque
juntamente com óleo e seja produzido.

Figura 2.5: Reservatório com segregação gravitacional (Rosa et al. 2006)

Esse mecanismo é importante em alguns reservatórios no estado da Califórnia, onde é


possível se encontrar óleos pesados e sem atuação de influxo de água. Em situações onde a
segregação gravitacional atua de forma eficiente, o fator de recuperação do óleo chega a 40%
(Paul Willhite, 1986).
27
2.3.5 Mecanismo Combinado

O mecanismo combinado tem por definição a produção de petróleo proporcionada por


mais de um mecanismo de produção de reservatórios, desde que não haja influência
preponderante de um sobre o outro. A Figura 2.6 exibe um modelo de reservatório com
mecanismo combinado.

Figura 2.6: Reservatório com mecanismo combinado (Rosa et al., 2006)

Vale ressaltar que devido à produção de óleo ocorrerá queda na pressão do


reservatório, podendo atingir valores inferiores à pressão de bolha, portanto, ocorrerá a
formação de gás livre.

2.4 Métodos de Recuperação Secundária

Na recuperação primária a energia presente no reservatório faz com que o óleo migre
do meio poroso para os poços produtores e os mecanismos que permitem esse deslocamento
foram apresentados no item “2.3. Mecanismos de Produção de Reservatórios”. Os métodos de
recuperação secundária exercem importante papel na busca pelo incremento da produção e
serão apresentados nessa seção.

2.4.1 Injeção de Água

Segundo Sajjadian et al. (2012), o grande objetivo da injeção de água é fornecer


energia para o reservatório com o intuito de evitar uma queda de pressão significativa,
permitindo uma maior produção de óleo. A ideia principal é manter a pressão em torno da
pressão de bolha com a menor viscosidade possível ou então fazer com que a água desloque o
óleo, quando a depleção natural não for mais eficaz.
28
Devido à injeção de água, a saturação de água aumenta nas áreas próximas aos poços
injetores, criando-se assim um banco de óleo à frente da água. É criada uma zona chamada de
frente de avanço, que representa a área entre a zona lavada e o banco de óleo.

Dois pontos são de grande importância para entender o funcionamento do método de


injeção de água: fill-up e breakthrough (erupção). Segundo Rosa et al. (2006), o fill-up é
definido como o tempo decorrido desde o início das operações e da chegada do óleo ao poço
produtor. Já o breakthrough é o ponto que marca um grande incremento da razão água/óleo
(RAO), indicando a chegada da frente de avanço ao poço produtor. Em alguns casos, a RAO
se torna elevada, fazendo com que o projeto não seja mais viável economicamente e
ocasionando o fechamento do poço ou então a conversão do mesmo em poço injetor.

2.4.2 Injeção de Gás

A injeção de gás é um dos métodos mais importante na recuperação de óleo em um


reservatório. Esse tipo de injeção é utilizado com objetivo de realizar a manutenção da
pressão e mover o óleo para o poço produtor. (Sajjadian et al., 2012).

Nos projetos de recuperação podem ser utilizados diversos tipos de gases e com
variados intervalos de injeção.

 Injeção imiscível: injeção de gás pobre em capas de gás ou em zonas de óleo. Óleo e
gás estão em diferentes fases e apenas as energias do gás injetado será utilizada.

 Injeção miscível: injeção de gases ricos nas zonas de óleo. Óleo e gás vão trocar
alguns componentes e passarão a constituir uma única fase.

Geralmente a injeção de gás imiscível tem uma eficiência de varrido menor quando
comparada ao uso de água, devido à razão de mobilidade entre o gás e o óleo ser muito maior
que entre a água e o óleo.

2.5 Métodos Especiais de Recuperação

Segundo Rosa et al. (2006), os métodos de especiais de recuperação também podem


ser chamados de recuperação terciária (termo utilizado antigamente, pois era geralmente

29
utilizado após a recuperação secundária convencional), ou Enhanced Oil Recovery (EOR) em
inglês. Outro termo bastante utilizado na língua inglesa é Improved Oil Recovery (IOR).

Em concordância com Green & Willhite (1998), a recuperação especial se dá


basicamente pela injeção de compostos químicos, líquidos ou utilização de energia térmica. A
injeção desses compostos ou a realização dos processos especiais possibilitam a manutenção
da pressão no reservatório e promovem o deslocamento do óleo para os poços produtores.

Além do fornecimento de energia para o sistema, os fluidos injetados interagem com o


sistema óleo/rocha criando condições que facilitam a produção. Efeitos como a redução na
viscosidade do óleo, modificações na molhabilidade e um comportamento de fase favorável
podem ser observados no EOR.

Entre os métodos especiais de recuperação destacam-se: os métodos térmicos, os


químicos e os miscíveis. Os processos geralmente são subdivididos em algumas classificações
que serão apresentadas indicando o conceito básico, vantagens e as limitações de cada técnica.

2.5.1 Métodos Miscíveis

O princípio básico dos métodos miscíveis constitui na injeção de um fluido que seja
miscível ao óleo, ou seja, forme apenas uma única fase ao entrar em contato com o petróleo
líquido.

No processo de injeção de fluido miscível há duas variações. A primeira é chamada de


miscibilidade ao primeiro contato, no qual o fluido injetado é diretamente miscível ao
reservatório de óleo nas condições de pressão e temperatura ali existentes. Existe também, a
miscibilidade a múltiplos contatos, no qual o componente inserido no reservatório não é
miscível ao primeiro contato, sendo necessárias modificações na fase de óleo ou do fluido
injetado e transferência de massa dos componentes para que a miscibilidade ocorra nas
condições de pressão e temperatura do reservatório (Green e Willhite, 1998).

2.5.1.1 Injeção Miscível de CO2

 Processo:

30
De acordo com Green e Willhite (1998), uma quantidade de CO2 relativamente puro é
injetada com o objetivo de causar o inchamento do óleo e provocar o deslocamento do óleo
residual. A temperatura crítica do dióxido de carbono é 31ºC (87,8ºF) e geralmente o CO2 é
injetado em reservatórios com temperaturas superiores a essa, logo o CO2 será injetado na
fase gasosa.

No primeiro contato, na maioria das vezes, o dióxido de carbono e o óleo não são
miscíveis, sendo necessária a ocorrência de múltiplos contatos para que, em condições ideais
de temperatura e pressão, o CO2 possa formar uma única fase com o óleo, deslocando-o. A
Figura 2.7 exibe a injeção miscível de dióxido de carbono no reservatório.

Figura 2.7: Injeção miscível de CO2 (Rosa et al., 2006)

 Vantagens:

A injeção de CO2 proporciona uma redução na saturação de óleo residual presente na


formação, indicando a boa eficiência de varrido. Devido à densidade do dióxido de carbono
ser próxima ao valor da água, minimiza os efeitos de segregação gravitacional.

 Limitações:

Uma das limitações apresentadas por Rosa et al. (2006) se diz a respeito da
indisponibilidade de CO2 em certas situações, como por exemplo, em áreas offshore. Outra
desvantagem e de grande influência é a ocorrência de fingerings (canalização), processo
proveniente da existência de caminhos preferenciais no deslocamento de um fluido sobre
outro, onde o CO2 escoará entre a fase de óleo diminuindo a eficiência de varrido. A
utilização do método de injeção alternada de gás e água (WAG, do inglês Water alternating
gas) pode ser uma das soluções para tentar reduzir os efeitos de canalização. O método WAG
será melhor apresentado no Capítulo 3 desse trabalho.

31
2.5.1.2 Injeção de Gás Enriquecido

 Processo:

O processo de injeção de gás enriquecido consiste na utilização de gás composto em


grande parte por etano, propano, butano e até hexano. O gás injetado é guiado (conduzido do
poço injetor em direção aos produtores) por um gás seco ou por água no processo de injeção
alternada de água e gás (WAG). Essas frações (C2 ao C6) são transferidas para as áreas
contendo óleo próximo ao ponto de injeção, enquanto o gás seco segue adiante.

A miscibilidade não é obtida no primeiro contato com o óleo residual, logo, ocorre a
necessidade de se haver múltiplos contatos. Eventualmente uma zona miscível entre o gás
injetado e o óleo é formada, deslocando o petróleo líquido (Farouq e Thomas, 1989). O
esquema desse método é apresentado na Figura 2.8.

Figura 2.8: Injeção de gás enriquecido (Rosa et al., 2006)

 Vantagens:

Segundo Rosa et al. (2006), uma grande vantagem desse processo é o deslocamento de
praticamente todo o óleo residual em que a mistura injetada entrou em contato no
reservatório. Outro fator importante é o custo do gás enriquecido, que é menor quando
comparado ao GLP (gás liquefeito de petróleo), por exemplo, tornando-se economicamente
viável.

 Limitações:

Uma grande desvantagem é presença de fingers gravitacionais em reservatórios


permeáveis espessos, devido à razão de mobilidade adversa. Durante a realização do projeto
desse tipo de recuperação especial tem-se a dificuldade em dimensionar o banco de gás
enriquecido, pois um banco muito pequeno deixará uma quantidade grande de óleo residual,
porém um banco de grande dimensão provocará um elevado custo adicional.

32
2.5.1.3 Injeção de Gás Seco a Alta Pressão

 Processo:

Conforme Rosa et al. (2006), esse método consiste na injeção, em altas pressões, de
um gás pobre com o objetivo de provocar a formação de uma frente miscível (formada pelo
gás e óleo) e uma vaporização retrógrada do cru. A Figura 2.9 exibe o esquema de injeção de
gás seco.

Figura 2.9: Injeção de gás seco a alta pressão (Rosa et al., 2006)

Após a ocorrência da miscibilidade, o gás injetado posteriormente provocará o


deslocamento da frente miscível. Porém, após percorrer certa distância, essa fração também se
tornará miscível ao óleo. E assim ocorrerá sucessivamente, até que o óleo seja deslocado para
o poço produtor.

 Vantagens:

Uma das principais vantagens desse processo se dá pela grande estabilidade da frente
miscível formada. Outro ponto importante é a grande eficiência de recuperação provocada por
essa técnica. Há uma reutilização do gás pobre, o qual ao ser produzido poderá ser reinjetado.

 Limitações:

Uma grande limitação desse método especial se dá em relação à qualidade do óleo


presente na formação, o qual deverá ser leve. As pressões de injeção são elevadas (3000 a
4500 psi), fazendo-se necessário o uso de grandes compressores, aumentando os custos do
projeto.

33
2.5.1.4 Injeção de Banco de GLP

 Processo:

Segundo Farouq e Thomas (1989), propano e GLP são injetados nesse tipo de
recuperação especial, sendo guiados por gases seco (gás natural e metano, por exemplo).
Usualmente, água também é injetada nesse processo baseando-se no processo WAG, com o
objetivo de promover um aumento na razão de mobilidade, melhorando a eficiência de
varrido.

A injeção de GLP tem o intuito de promover o deslocamento do banco de óleo


existente à sua frente, até que atinja os poços produtores. Enquanto o banco de GLP estiver no
estado líquido, a miscibilidade será mantida. Para isso, o reservatório deverá apresentar
temperaturas e pressões acima dos valores críticos. O esquema de injeção está representado
pela Figura 2.10.

Figura 2.10: Injeção de banco de GLP (Rosa et al., 2006)

 Vantagens:

Essa recuperação tem como vantagem o grande deslocamento provocado na formação,


deixando baixíssimos valores de óleos residuais nas áreas em que houve o contato. É um
processo muito utilizado devido à grande miscibilidade entre o fluido injetado e o óleo do
reservatório.

 Limitações:

Uma das maiores desvantagens é a eficiência de varrido geralmente baixa. Assim


como em outros métodos, o dimensionamento dos bancos de injeção é difícil de ser realizado.
O GLP e o gás podem atravessar o óleo por serem mais leves.

34
2.5.2 Métodos Químicos

De acordo com Green e Willhite (1998), esse método se constitui na injeção de


químicos para provocar o deslocamento do óleo devido às propriedades no comportamento de
fase, o qual proporcionará uma redução na tensão interfacial entre o fluido deslocante e o
óleo. Geralmente ocorre a injeção de surfactantes e polímeros.

2.5.2.1 Injeção da Solução ASP

 Processo:

O processo de injeção da solução ASP (Álcali-Surfactante-Polímero, em inglês


Alkaline-Surfactant-Polymer), consiste no uso de uma solução contendo polímero, surfactante
e substância alcalina.

O objetivo principal do uso de substancias como surfactante e composto alcalino é


reduzir a tensão interfacial entre o óleo residual e o fluido injetado, possibilitando uma
melhora na eficiência de deslocamento. Já o uso de polímeros faz com que se tenha uma
redução na razão de mobilidade, aumentando a eficiência de varrido.

 Vantagens:

Essa técnica proporciona uma boa eficiência de varrido da injeção da água e também
uma boa eficiência de deslocamento.

 Limitações:

Uma das grandes desvantagens na utilização desse método especial está relacionada ao
alto custo gerado devido às grandes quantidades de produtos químicos necessários (Rosa et al,
2006).

2.5.2.2 Injeção de Polímeros

 Processo:

Conforme Farouq e Thomas (1989), a utilização desse método especial de recuperação


visa melhorar a eficiência de varrido através de uma redução na razão de mobilidade. A

35
utilização de certos polímeros proporciona um aumento no valor da viscosidade aparente da
água e uma redução permanente na permeabilidade efetiva à água.

O polímero é uma cadeia extensa formada por um conjunto de monômeros. Os


biopolímeros polissacarídeos e poliacrilamidas parcialmente hidrolisadas são alguns dos
compostos mais usados na indústria de petróleo (Thomas et al., 2013).

Vários fatores podem causar a degradação dos polímeros, como por exemplo, alta
salinidade intersticial da água, temperatura, envelhecimento do polímero, a formação de gel,
efeitos de cisalhamento, entre outros. Por isso, é necessário analisar as melhores condições
para início de operação, com intuito de obter os melhores resultados.

 Vantagens:

Segundo Farouq e Thomas (1989), o uso de polímeros aumenta a viscosidade aparente


da água injetada, provocando uma redução na razão de mobilidade, incrementando a
eficiência de varrido horizontal e vertical. Os custos operacionais podem ser reduzidos devido
a uma diminuição no volume de água injetada visto que para se conseguir uma melhor
produção de óleo é necessário um menor uso de água.

 Limitações:

Uma das desvantagens desse processo está relacionada ao manuseio dos polímeros. O
incorreto procedimento de manuseio pode proporcionar uma degradação da substância
química, reduzindo a sua eficiência de atuação.

2.5.2.3 Injeção de Solução Micelar

 Processo:

De acordo com Rosa et al. (2006), o método especial utilizando solução micelar
constitui na injeção de uma mistura micelar, que é descrita como uma microemulsão. Essa
microemulsão é composta por uma mistura de surfactantes (substâncias com moléculas
ambifílicas) em concentrações acima da quantidade crítica, água e óleo.

O processo consiste na criação de um banco de solução micelar no interior do


reservatório que terá a função de deslocar o óleo e a água presentes à sua frente. Além disso,

36
tem-se a necessidade de se injetar polímero para controlar a mobilidade. A Figura 2.11
exemplifica o processo de injeção micelar.

Figura 2.11: Injeção micelar (Rosa et al., 2006)

 Vantagens:

A injeção da solução micelar e posteriormente o uso de polímero proporciona uma boa


eficiência de deslocamento e de varrido.

 Limitações:

A principal desvantagem se dá pelo alto custo gerado no processo, o qual requer altas
quantidades de químicos.

2.5.3 Métodos Térmicos

Segundo Green e Willhite (1998), os métodos térmicos têm como principal objetivo
fornecer calor para o reservatório, a fim de reduzir a viscosidade do óleo. Logo, a eficiência
de varrido será aumentada, assim como a atuação da expansão dos fluidos, proporcionando
um aumento no fator de recuperação.

A viscosidade do óleo residual será reduzida devido ao aquecimento existente no


reservatório provocado pelos métodos térmicos. Em óleos com grau API mais baixo (e
geralmente mais viscosos) são observadas maiores reduções nos valores da viscosidade do
que em óleos mais leves. Outra importante observação se dá em relação à expansão de
fluidos, no qual o óleo ao ser aquecido sofre uma dilatação que proporcionará uma energia
extra para provocar o deslocamento até os poços produtores (Rosa et al, 2006).

Esse tipo de recuperação especial secundária pode ser divido em injeção de fluidos
quentes e combustão in-situ.
37
2.5.3.1 Injeção de Fluidos Quentes

Esse tipo de injeção pode ocorrer de três diferentes formas: injeção de água quente,
injeção cíclica de vapor e injeção contínua de vapor. Adiante, serão apresentadas as vantagens
e limitações desse método. O esquema de injeção de fluidos quentes é apresentado na Figura
2.12.

Figura 2.12: Esquema do reservatório com injeção de fluidos quentes (Rosa et al., 2006)

2.5.3.1.1 Injeção de Água Quente

De acordo com Green e Willhite (1998), esse tipo de técnica proporciona uma melhora
na eficiência de varrido e uma expansão térmica do óleo. A injeção de água quente é vista
como uma técnica com baixo sucesso, devido à baixa capacidade de aquecer o reservatório
quando comparado ao uso de vapor de água.

2.5.3.1.2 Injeção Cíclica de Vapor

A técnica cíclica de vapor, conhecida como huff ‘n’ puff em inglês, consiste na injeção
de vapor realizada por um poço em um período específico de tempo. Logo após, ocorre o
fechamento do poço durante um intervalo para que ocorra uma melhor distribuição do calor
no interior do reservatório. Posteriormente, o poço é reaberto para a produção até que seja
necessário um novo ciclo.

A produção é aumentada de acordo com uma combinação de mecanismos como a


redução na viscosidade, arrastamento com vapor e o inchamento do óleo. Esse método possui
boa atuação em reservatórios com óleos pesados (baixo grau API) (Green e Willhite, 1998).
38
2.5.3.1.3 Injeção Contínua de Vapor

Esse tipo de recuperação especial consiste na injeção contínua de vapor e na utilização


de mais de um poço. A injeção será efetuada de forma contínua no poço injetor e o calor se
propagará em direção ao poço produtor.

 Vantagens da Injeção de Fluidos Quentes:

A recuperação especial pelo método térmico com injeção de fluido quente é de grande
valia para reservatórios de óleos viscosos, com baixo grau API. Essa técnica proporciona um
aumento nos valores de eficiência de deslocamento.

 Limitações da Injeção de Fluidos Quentes:

A utilização desse método não é aconselhável para reservatórios profundos devido à


perda de calor existente no deslocamento do fluido aquecido na superfície até a formação. A
completação dos poços deve estar apta para receber uma grande fonte de calor (Rosa et al.,
2006).

2.5.3.2 Combustão in-situ

Conforme Green & Willhite (1998), a combustão in-situ é outro método térmico
utilizado que consiste na produção de calor dentro do reservatório através da combustão que
pode ser iniciada de forma espontânea, através do uso de aquecedores elétricos ou por
queimador de gás.

Nesse processo, o oxigênio é injetado com o objetivo de atuar como o comburente


para manter a combustão. Com o calor gerado, frações mais leves do óleo vão se vaporizar e
se deslocar adiante no meio poroso. Após um período de deslocamento, essas frações
vaporizadas estarão em constante contato com zonas mais frias do reservatório, se
condensando. Nesse processo ocorre a formação do coque pesado, que será o combustível
para ser queimado, gerando calor suficiente para o deslocamento das frações mais adiantes. A
Figura 2.13 exemplifica o funcionamento do processo.

39
Figura 2.13: Esquema do reservatório com a realização da técnica de combustão in-situ (Rosa et al., 2006)

 Vantagens da Combustão in-situ:

Segundo Rosa et al. (2006), uma das principais vantagens é a aplicação desse método
em reservatórios tanto de óleos leves quanto de óleos pesados. Além disso, essa técnica
proporciona uma boa eficiência de deslocamento.

 Limitações da Combustão in-situ:

Os equipamentos de produção podem ser danificados por corrosão e pelo calor gerado no
processo. Outra limitação importante é no quesito da distribuição do calor, que não é tão
eficiente.

3 Injeção alternada de água e gás (WAG)

Conforme já apresentado anteriormente, a injeção WAG representa um dos métodos de


recuperação avançada utilizados na indústria de petróleo. Razões de mobilidade não
favoráveis podem resultar em canalizações viscosas e em uma baixa eficiência de varrido.
Uma técnica desenvolvida para contornar problemas como os citados é injetar volumes
específicos de água alternadamente com o gás. Os fluxos simultâneos desses dois fluidos
resultam na redução da mobilidade de cada fase. A mobilidade combinada dessas duas fases é
menor que a do gás injetado separadamente e, além disso, a razão de mobilidade no processo
é melhorada.

Na injeção alternada, a razão de injeção água/gás varia de 0,5 a 4 volumes de água por
volume de gás nas condições de reservatório. Os volumes de CO2 geralmente empregados nos
projetos variam de 15 a 30% HCPV (volume poroso de hidrocarboneto ou hydrocarbon pore
volume em inglês) (Green e Willhite, 1998).

40
Segundo Green e Willhite (1998), um problema no processo WAG é o fato que a água
injetada bloqueia o contato entre o gás injetado e o óleo residual. Isso faz com que a eficiência
de deslocamento seja reduzida. Esse efeito tem sido determinado mais fortemente em função
da molhabilidade da rocha e notavelmente mais prejudicial em rochas molháveis a água.

A maioria dos projetos de injeção alternada de água e gás foi desenvolvida em campos
onshore. Grande parte dos projetos offshore foi desempenhada no Mar do Norte utilizando
gás como fluido injetado. (Choudhary et al., 2012).

Alguns fatores são motivadores para desenvolver esse método de recuperação


avançada offshore, como:

- Atingir zonas não varridas e que apenas com injeção de água não seria possível;

- Evitar queima de gás quando não se tem rotas de exportação;

- Promover flexibilidade na manipulação de gás sazonal;

- Reduzir o water cut enquanto promove efeito similar ao gas lift nos produtores.

Devido às questões econômicas do projeto e as instalações já existentes (exemplo:


indisponibilidade de bocas para conexão de novos poços), geralmente não são perfurados
novos poços, logo, poços injetores de água são utilizados como injetores WAG. A injeção
WAG abaixo do contato óleo-água faz com que a frente de gás rapidamente ascenda,
formando uma capa de gás secundária que removerá parte do óleo dos poros e posteriormente
será deslocado pela frente de água até o poço produtor.

Para entendermos melhor o mecanismo de funcionamento, alguns conceitos


importantes serão abordados neste capítulo.

3.1 Fator Miscibilidade

Consoante ao mencionado no item “2.5.1 - Métodos Miscíveis”, o deslocamento


miscível é definido como um processo resultante da miscibilidade entre o óleo in place e o
fluido injetado. São considerados fluidos deslocantes: solventes de hidrocarbonetos, dióxido
de carbono (CO2), nitrogênio e gás de combustão.

Após ocorrer a miscibilidade do fluido injetado (constituir uma única fase com o óleo
cru), seja ela por múltiplos contatos ou ao primeiro contato, condições são desenvolvidas no
41
reservatório através da alteração da composição do fluido injetado ou do óleo cru à medida
que a frente vai avançando no reservatório.

3.2 Pressão mínima de miscibilidade

A pressão mínima de miscibilidade (PMM) refere-se ao valor de pressão mínimo em


que pode ocorrer a miscibilidade entre o fluido injetado (gás no processo WAG) e o óleo cru
contido no reservatório. Vale ressaltar que a composição do gás utilizado no processo
influencia na determinação a PMM.

A PMM é um importante parâmetro para o processo de injeção alternada. Os métodos


para determinar essa pressão (PMM) se baseiam em testes experimentais, correlações
empíricas e cálculos da equação de estado. A previsão da PMM constitui uma importante
etapa para o sucesso da recuperação de óleo no campo. Caso o método de recuperação
utilizado seja um processo miscível é importante que a pressão do reservatório seja mantida
acima da PMM para que ocorra a miscibilidade entre os fluidos.

O CO2 geralmente possui uma menor PMM com o óleo que o metano, o hidrogênio e
o gás de combustão (Mello, 2015). Devido a esse fator, muitas vezes a utilização do dióxido
de carbono é preferida para ser utilizada como fluido de injeção.

Segundo Zhang (2004), a pressão de mínima de miscibilidade é afetada pelo teor de


impurezas existentes na composição do gás. Quanto maior a presença de N2 e/ou CH4, a PMM
será maior. Porém, quanto maior a concentração de sulfeto de hidrogênio (H2S) menor será a
PMM observada.

3.2.1 Métodos para calcular a pressão mínima de miscibilidade

A pressão de miscibilidade pode ser calculada através da realização de testes de


deslocamento sob condições idealizadas. O teste slim-tube se tornou um procedimento
aceitável, porém testes e interpretações precisas ainda não foram padronizados pela indústria
de petróleo. Outro método que apresenta resultados comparáveis ao slim-tube e ainda é
executado com menor tempo é o método rising-bubble (bolha ascendente).

42
3.2.1.1 Teste Slim-tube

O equipamento de teste do slim-tube consiste em um tubo de aço inoxidável de


aproximadamente 5/16 polegadas (in) de diâmetro interno e 40 pés (ft) de comprimento. O
tubo é preenchido uniformemente com uma fina camada de areia ou partículas de vidro. A
razão entre o tamanho da partícula e o diâmetro do tubo é o suficientemente pequena de modo
que os efeitos da parede sejam desprezíveis. O tubo está em uma forma espiral fazendo com
que o fluxo seja basicamente horizontal e o efeito da gravidade seja insignificante.

Existe um sistema com bombas que garante o fluxo no meio poroso da amostra e a
pressão é controlada por um regulador. O tubo e um equipamento auxiliar são inseridos em
um local com temperatura constante. Na extremidade final do tubo há a coleta do fluido e
sistemas de medição. Esse equipamento pode variar de um simples cilindro graduado e um
medidor molhabilidade a um sistema mais complexo que envolve cromatografia de gás. Uma
pequena célula visual também está presente na seção efluente do sistema que permite a
visualização do fluido.

Para conduzir o teste, o meio poroso no tubo é preenchido com o hidrocarboneto a ser
deslocado. Esse geralmente é o óleo cru do reservatório o qual se pretende aplicar o método
de injeção. O sistema é levado à temperatura de teste e a pressão é ajustada no regulador. O
fluido que será responsável pelo deslocamento será injetado a uma taxa constante. Uma taxa
linear de avanço consideravelmente maior do que a esperada no reservatório é utilizada para
completar o experimento em um tempo razoável. A queda de pressão no sistema geralmente é
a menor fração na média absoluta da pressão no tubo. Os dados de recuperação do
hidrocarboneto no deslocamento do fluido no ponto da erupção, da recuperação no momento
da injeção de uma específica pressão e volume (PV) e da recuperação total do hidrocarboneto
são gravados.

Todo o experimento é repetido por diversas em diferentes pressões, porém com todas
as outras varáveis mantidas constantes. As recuperações são plotadas em função da pressão de
deslocamento, conforme exibido na Figura 3.1. A pressão mínima de miscibilidade
geralmente é a pressão identificada ao final da curva no gráfico, a pressão onde o incremento
na recuperação já não é muito significativo. Por exemplo, o gráfico da Figura 3.1 exibe uma
PMM de 1800 psi.

43
Figura 3.1: Gráfico oriundo do teste do slim-tube para identificação da PMM (Adaptado da fonte Green e
Willhite, 1998)

O teste slim-tube é apropriado para processos de vaporização e condensação, porém é


sabido que a miscibilidade não é completamente desenvolvida. A eficiência é maior no
processo e o desempenho na recuperação se comporta na forma do processo de vaporização
ou condensação.

Segundo Green e Willhite (1998), a execução do teste slim-tube é simples, porém pode
levar bastante tempo e tem sido muito usada no design de processos miscíveis ou em amostras
de reservatórios para determinar processos miscíveis candidatos. A consideração de que
efeitos não ideais, como segregação gravitacional ou fingerings viscosos são desprezíveis nem
sempre é válida.

3.2.1.2 Método da bolha ascendente

O método da bolha ascendente para medir a PMM consiste um tubo de vidro montado
verticalmente em um indicador de nível de alta pressão em temperatura controlada. Uma luz
de fundo é utilizada no indicador de nível de modo que o comportamento possa ser
observado. O tubo e o indicador são os primeiros a serem preenchidos com água destilada.
Após essa etapa, a água é deslocada com o óleo para ser testada, exceto por uma pequena
coluna no fundo. A temperatura é mantida constante no valor desejado, usualmente a
temperatura do reservatório de interesse, já a pressão é mantida em um valor específico de
teste.

Logo após, uma pequena bolha de gás é injetada no fundo do tubo. A bolha de gás
ascende primeiramente pela coluna de água e posteriormente pelo óleo. Esse comportamento
é observado à medida que ascende pela região do visor de vidro.
44
O comportamento da bolha é bastante distinto acima ou na PMM. À medida que a
bolha ascende, o seu formato vai sendo alterado e se dispersando no óleo. Bem abaixo da
PMM, a bolha mantém o formato esférico à medida que sobe, porém diminui em tamanho
como resultado da transferência de massa entre o gás e o óleo. Muito acima da PMM, a bolha
se dispersa no óleo rapidamente. Tal comportamento pode ser observado pela Figura 3.2,
onde a imagem da esquerda exibe o comportamento da bolha em uma situação abaixo do
valor da PMM, enquanto a da direita mostra a dispersão da bolha em um cenário com valores
acima da PMM.

Figura 3.2: Imagens comparativas do teste referente ao método da bolha ascendente (Schlumberger Oifield
Glossary)

Os inventores do processo apresentaram os valores determinados da PMM bem


similares aos obtidos com o método slim-tube. Investigadores que usaram o método da bolha
ascendente concluíram que o método é significativamente mais rápido que o teste slim-tube e
possibilita a obtenção de mais dados no sistema em um determinado tempo.

3.2.2 Previsão da PMM

A pressão mínima de miscibilidade é comumente prevista a partir de correlações


empíricas baseadas em resultados experimentais e também a partir de cálculos do
comportamento de fase baseado na modelagem computacional e nas equações de estado.

A primeira abordagem relaciona-se às correlações empíricas e são simples de aplicar.


O valor previsto pode apresentar erros significativos, especialmente se a correlação é aplicada
em condições muito distantes das condições experimentais na qual a correlação estava
baseada. Correlações empíricas são geralmente usadas para obter as primeiras estimativas ou
como ferramenta de triagem.

45
A segunda abordagem envolve a aplicação da Equação de Estado e pode ser utilizada
para obter resultados mais confiáveis. Entretanto, essa abordagem exige a disponibilidade de
uma significativa quantidade de dados da composição dos fluidos do reservatório. Esses
dados muitas vezes não estão disponíveis, embora eles possam ser obtidos a partir de análises
de laboratório que nem sempre são simples. Além disso, os cálculos são complexos e
envolvem a aplicação de solução de algoritmos e computadores. Alguns algoritmos não estão
universalmente disponíveis para a indústria. Devido as constantes de equilíbrio exigidas nos
cálculos não serem conhecidas precisamente ou porque a Equação de Estado não possui
acurácia suficiente, os cálculos devem ser calibrados contra os dados experimentais de PVT
(pressão, volume e temperatura).

3.3 Eficiência de varrido


A eficiência de varrido pode ser calculada verticalmente, horizontalmente ou pela
combinação das duas anteriores, originando a eficiência volumétrica. Segundo Rosa et al.
(2006), os valores da eficiência de varrido dependem da razão de mobilidade, do volume
injetado e do esquema de injeção adotado (geometria da injeção).

3.3.1 Eficiência de varrido areal

Para reservatórios reais e com propriedades não uniformes, a eficiência areal deve ser
substituída pela eficiência de deslocamento. A eficiência areal é controlada por quatro fatores
principais: injeção/produção, permeabilidade em reservatórios heterogêneos, razão de
mobilidade e a importância de forças gravitacionais e viscosas.

A eficiência areal em um reservatório idealizado pode ser calculada pela a área varrida
dividida pela área total do reservatório.

3.3.2 Eficiência de varrido vertical

A eficiência de varrido areal deve ser combinada de uma maneira apropriada com a
eficiência de varrido vertical para determinar a volumétrica. Alguns fatores afetam a

46
eficiência vertical, são eles: segregação gravitacional devido à diferença nas densidades, razão
de mobilidade, variação na permeabilidade vertical para horizontal e forças capilares.

A eficiência de varrido vertical pode ser calculada pelo espaço poroso invadido pelo
fluido injetado divido pelo espaço poroso incluso em todas as camadas atrás da camada limite
frontal (camada que definiu a eficiência areal). A eficiência de varrido vertical está definida
pela região hachurada da Figura 3.3, onde k1>k2>k3.

Figura 3.3: Esquema demonstrativo para o cálculo da eficiência de varrido vertical (Rosa et al., 2006)

3.3.3 Eficiência de varrido volumétrica


A eficiência de varrido volumétrica pode ser considerada conceitualmente o produto
das eficiências de varrido areal e vertical. Considerando um reservatório com porosidade,
espessura e saturação de hidrocarbonetos uniformes, porém constituído por diferentes
camadas. A eficiência de varrido volumétrica (Ev) pode ser expressa por:

𝐸𝑣 = 𝐸𝐴 𝑥𝐸𝑡 (15)
Onde:

- EA – Eficiência de varrido areal;

- Et - Eficiência de varrido vertical;

3.4 Eficiência de deslocamento

Enquanto a eficiência de varrido volumétrica representava o parâmetro de análise da


injeção do fluido a um nível macroscópico, a eficiência de deslocamento representa um
parâmetro no nível microscópico.

47
É sabido que o objetivo do fluido injetado é deslocar o máximo de óleo existente no
reservatório para que a produção do campo seja elevada, porém, nem todo o óleo ali existente
será deslocado, originando assim uma parcela residual. A eficiência de deslocamento analisa a
quantidade de óleo existente inicialmente e a saturação residual, conforme exibe a equação
16:

𝐸𝐷 = 𝑆𝑜 − 𝑆𝑜𝑟 (16)
Onde:

- 𝐸𝐷 – Eficiência de Deslocamento

- 𝑆𝑜 – Saturação de óleo inicial no reservatório

- 𝑆𝑜𝑟 – Saturação de óleo residual média

3.5 Mobilidade e Razão de mobilidade

A mobilidade (λ) refere-se a razão da permeabilidade efetiva de um fluido e a


viscosidade do mesmo em condições de reservatório, conforme a equação 17, onde “f”
representa um fluido qualquer.

𝑘𝑓 (17)
𝜆𝑓 =
µ𝑓

A razão de mobilidade (M) em um processo de deslocamento representa uma função


direta da viscosidade dos fluidos deslocados e deslocantes. A razão de mobilidade é definida
pela relação entre a mobilidade do fluido deslocante atrás da frente de avanço e a mobilidade
do fluido que está sendo deslocado, conforme apresentado na equação 18, onde o subscrito
“o” refere-se ao óleo e “D” ao fluido deslocante.

𝜆𝐷 𝑘𝐷 µ𝑜 (18)
𝑀= = 𝑥
𝜆𝑜 µ𝐷 𝑘𝑜

A razão de mobilidade afeta a estabilidade do processo. Analisando a equação da


razão de mobilidade (18), deduz-se que caso M seja maior que 1 (um), o fluido deslocante flui
de uma maneira melhor que o fluido deslocado (óleo), podendo gerar canais preferenciais pela
fase deslocante, deixando de deslocar uma grande quantia de óleo. Porém, se o valor da razão
de mobilidade for menor que 1, o deslocamento é estável.

48
4 Estudo de casos de projetos pilotos offshore com injeção WAG no
mundo

4.1 Baía de Quarantine – Golfo do México

Segundo Hsie e Moore (1988), a maioria dos projetos utilizando CO2 foi realizada na
Bacia Permian e poucos pilotos foram reportados na região do Golfo do México apesar de ser
uma base de recurso para injeção de CO2.

O desenvolvimento do projeto na Baía de Quarantine foi iniciado pela Gulf Oil E&P
(atualmente Chevron) para testar o processo WAG com CO2 miscível em um reservatório com
alto teor de BS&W (basic sediment and water). Reservatórios similares são comuns em
campos offshore e em baías extensas. Esses campos contém quantidade considerada de óleo
residual que poderia ser recuperado pela injeção WAG-CO2. Esse projeto conta com um poço
injetor, dois poços de monitoramento e cinco produtores. O processo foi iniciado em outubro
de 1981 e finalizado em fevereiro de 1983.

Houve a realização do trabalho de caracterização de reservatório, incluindo estudos


geológicos, análise de testemunhos e estudo de perfis. Foi conduzido um levantamento de
traçadores (tracers) radioativos e foi realizada uma simulação composicional 3D com
adequado ajuste histórico para avaliar a eficiência de varrido e o fator de recuperação previsto
(Hsie e Moore 1988).

4.1.1 Descrição do Reservatório

De acordo com Hsie e Moore (1988), o Campo está localizado cerca de 50 mi a


Sudeste de Nova Orleans, conforme a Figura 4.1. O campo da Baía de Quarantine está
disposto sobre uma camada de domo de sal. A produção é oriunda do arenito da idade do
Mioceno localizado em profundidades que variam de 8.000 a 13.000 pés.

49
Figura 4.1: Localização do Campo de Quarantine (Hsie e Moore, 1988)

O reservatório se localiza no flanco ocidental da falha C, que se estende do Nordeste


ao Sudoeste. O contato óleo-água está localizado a 8.300 ft de profundidade submarina. O
mapa estrutural do QB 4RC é apresentado na Figura 4.2.

Figura 4.2: Mapa estrutural do reservatório (Hsie e Moore, 1988)

A produção de óleo na QB 4RC começou em Janeiro de 1940. O reservatório continha


um volume estimado de óleo in place de 17,5 MMbbl. A produção acumulada decorrente da
produção primária de 23 poços é equivalente a 9,5 MMbbl de óleo, 26 MMbbl de água e
7.062 MMscf de gás. Todos os poços produtores produziam grandes quantidades de água
antes da injeção de CO2. Durante 42 anos de produção primária, a pressão do reservatório
50
declinou de 3.830 para 3.534 psi. A queda na pressão não foi tão acentuada devido à atuação
de um forte influxo de água.

Os arenitos do QB 4RC consistem em dois distintos membros separados por uma


camada de folhelho. Os testemunhos de reservatório indicaram que as areias que constituem o
arenito não consolidado são intercalado por finas e descontínuas camadas de folhelho. A parte
superior representa o reservatório de melhor qualidade e boa continuidade, enquanto a parte
inferior é argilosa. Devido à qualidade da parte superior do reservatório, este foi selecionado
para o projeto de injeção com CO2.

4.1.2 Área do Projeto Piloto

O piloto foi conduzido em uma área equivalente a 56,83 acres, com uma espessura
líquida da camada de óleo igual a 15,09 ft. Existe uma considerável heterogeneidade no
reservatório devido ao ambiente deposicional deltaico. A porosidade na região varia de 24,7%
no Norte a 27% no Sul. As permeabilidades calculadas a partir dos perfis e dos testemunhos
variam de 100 a 900 mD (Hsie e Moore, 1988).

A área do Piloto contém um VOIP (volume de óleo in place) estimado em 1,11


MMbbl. A saturação média de óleo residual calculada a partir de perfis nêutrons era de 38%
antes da injeção de CO2.

Foi realizado um teste de pressão transiente antes do início da injeção de CO2 para
confirmar a continuidade de fluido no reservatório. Um banco de água foi injetado a uma
vazão média de 2.095 bbl/d durante 12 horas. Os valores de pressão eram monitorados em
diversos poços (40, 41, 140, 169, 214 e 318). Os resultados dos testes confirmaram a
comunicação entre os poços do projeto.

Estudo dos fluidos do reservatório

Segundo Hsie e Moore (1988), um separador de bifásico obteve amostras oriundas do


poço 212 para determinar as propriedades do fluido e o comportamento de fase. Foi observada
uma pressão de saturação de 2.978 psia a uma temperatura de reservatório de 183 ºF. O
estudo realizado sobre o óleo indicou um fator volume de formação de 1,234 RB/STB, a RGO
de 435 scf/bbl e uma viscosidade de 0,94 cp na pressão de saturação. Algumas informações
sobre o reservatório e o fluido são apresentadas na Tabela 4.1.
51
Tabela 4.1: Características principais do fluido e do reservatório (Adaptado de Hsie e Moore, 1988)

Dados de Fluido e Reservatório


Área do Piloto (acres) 57
Volume do Piloto (acre-ft) 861
Temperatura (°F) 183
Pressão do Res. Atual (psia) 3.535
Datum (ft) 8180
Porosidade (%) 26,4
Permeabilidade (mD) 100 - 900
Espessura do arenito (ft) 15
Saturação de óleo residual (%) 38
Saturação de água irredutível (%) 23
API do óleo 32
Viscosidade do óleo (cp) 0,94
Massa específica do óleo (lb/ft3) 46,82
Fator Volume de Formação (RB/STB) 1,23
RGO (scf/bbl) 435

Foi realizado um teste de slim-tube a temperatura de 185 ºF e 3.480 psia, no qual após
a injeção de 1,2 HCPV de CO2, 96,5% do óleo original in place foi recuperado, indicando o
desenvolvimento de miscibilidade por múltiplos contatos. O deslocamento do CO2 WAG era
esperado ser miscível visto que a pressão média do reservatório era de 3.534 psia antes da
injeção de CO2.

4.1.3 Definição do Projeto e implementação

Foi desenvolvida uma simulação de reservatório com modelo para auxiliar na


definição do projeto preliminar. Seções transversais 2D foram criadas para determinar o
quanto o fator de recuperação seria afetado pela razão de permeabilidade vertical-horizontal,
para definir as dimensões do banco de CO2, delimitar razão do WAG e testar vários esquemas
de injeção (injeção contínua de CO2 x processo WAG). De acordo com os resultados da
simulação o projeto ideal considerado foi o processo WAG-CO2 com 19,5% HCPV e uma
razão WAG de 1 para 1. O valor de 19,5% de HCPV de CO2 pode parecer pequeno quando
comparado a outros projetos já publicados, entretanto, bancos maiores poderiam não ser
justificados economicamente baseado no incremento da recuperação (Hsie e Moore, 1988).
52
Posteriormente, a injeção era de apenas 18,9% HCPV de banco de CO2, equivalente a
483 MMcf. A redução foi resultado da melhoria no processo restringindo as perdas durante o
manuseio e transporte de CO2. A razão do processo WAG foi alterada para 2:1 após o quinto
ciclo, quando a simulação composicional posterior mostrou que uma razão maior geraria uma
maior vida útil do projeto e um melhor fator de recuperação.

Projeto de instalação na superfície

As instalações de injeção e produção foram locadas em duas plataformas separadas,


construídas especialmente para o projeto. A profundidade média da lamina d’água era de 5,91
ft. Um sistema foi instalado anexo à plataforma de injeção para acomodar as barcas de
transporte de CO2.

Conforme Hsie e Moore (1988), o CO2 líquido alimenta a plataforma de injeção


através da ação da gravidade por meio de tubos isolados. Bombas centrífugas elevam a
pressão para manter o estado líquido enquanto entra na seção de sucção das bombas tríplex. A
pressão de descarga das bombas tríplex é aproximadamente 1.100 psi enquanto a temperatura
gira em torno de 6 ºF. Após deixar a plataforma, o CO2 altamente pressurizado era conduzido
na tubulação com aproximadamente 0,5 mi até o poço injetor. Uma linha separada para
injeção de água foi instalada para o ciclo de água. Os fluidos de injeção eram mantidos
separados até o momento de entrada na cabeça do poço.

As instalações de produção foram construídas por materiais capazes de operar até 100
psi. Inibidores de corrosão foram estrategicamente aplicados em vários pontos para proteger a
tubulação da plataforma e os vasos de produção. Devido à baixa pressão parcial de CO2 e ao
uso de inibidores químicos, não foi observada corrosão nos equipamentos de superfície.

Desenvolvimento dos poços e design de completação

O projeto inicial incluía a perfuração do poço 318 e a recompletação dos outros seis
poços já existentes. O poço 212 foi convertido em produtor, já os poços 40 e 169 foram
completados como poços produtores e de monitoramento. O restante dos poços (41, 140, 214
e 318) foi completado como produtores e equipados para operação de gas lift. Um poço seria
utilizado como injetor WAG (Hsie e Moore, 1988).

53
Fornecimento e injeção de CO2

Segundo Hsie e Moore (1988), o CO2 líquido era transportado de Nova Orleans até a
Baía de Quarantine, equivalente a uma distância de 70 mi, resultando a uma viagem de
aproximadamente 12 horas dependendo das condições climáticas. Três embarcações com
capacidade unitária de 150 toneladas eram responsáveis por transportar o CO2 líquido para o
campo. O único problema operacional encontrado no fornecimento foi o de atrasos no
transporte durante os meses da primavera devido à baixa visibilidade.

A injeção de CO2 foi iniciada em 25 de outubro de 1981. Durante os 14 ciclos de


WAG, 2.000 tons de CO2 foram injetadas a uma vazão média de 87 tons/d. Em relação à
injeção de água a vazão media obtida foi de 2.500 bbl/d e 25.000 bbl por ciclo. A injeção
acumulada de CO2 foi de 28.100 tons, enquanto a de água resultou em 346 Mbbl durante
aproximadamente 16 meses do processo de WAG-CO2.

A injeção contínua de água teve início em 7 de fevereiro de 1983 após todo o CO2 ter
sido injetado. A injeção de água acumulada desde 1983 até outubro de 1987 foi de quase 2
MMbbl, ou 1,45 HCPV.

4.1.4 Desempenho do projeto

O primeiro poço a responder a injeção de CO2 foi o poço de monitoramento 40. A


pressão de shut-in incrementou de 800 para 2.700 psi em 15 de novembro de 1981. Amostras
coletadas em 18 de janeiro de 1982 continham 33% de CO2, indicando a ocorrência da
erupção. A produção de CO2 cresceu rapidamente junto com a produção de óleo, atingindo o
patamar de 90% em março de 1982, fazendo com que o poço fosse fechado devido ao alto
valor de CO2 produzido (Hsie e Moore, 1988).

A resposta de produção dos outros poços foi similar ao poço 40, onde o aumento da
produção de óleo estava associado à erupção do CO2. O poço 169 foi fechado em fevereiro de
1982 devido à alta produção de CO2. Os poços 41, 214 e 318 produziram até setembro de 82,
quando foram descobertos sérios problemas de corrosão. O poço 318 foi restaurado e voltou a
produzir em dezembro de 83, porém seis meses depois, a elevada produção de água o deixou
inoperável. O poço 41 passou por manutenção e voltou a operar em abril de 83 com o pico de
produção observado em agosto de 83 com 306 bbl/d, 37% de água e 56% de concentração de
CO2.

54
A presença de CO2 não foi observada no poço 140 até outubro de 1982, quando os
outros três poços foram fechados devido à corrosão. Com o fechamento dos poços 214 e 318,
o poço 140 passou a ser monitorado de forma mais cautelosa, com injeção contínua de
químicos e realização de coleta de amostras diárias objetivando checar a corrosão do tubo. O
poço produziu por 16 meses após a chegada de CO2. A produção de óleo atingiu 60 bbl/d em
janeiro de 1984, quando a corrosão também o atingiu. Porém, a produção no poço 140 estava
aumentando com o tempo e devido aos investimentos realizados, o poço não foi fechado,
resultando como o pior produtor no projeto.

De acordo com Hsie e Moore (1988), enquanto o poço 214 foi fechado devido
problemas de corrosão, uma resposta de produção foi verificada no poço 170. Este não estava
incluso no projeto inicial e estava fechado ao longo da operação. Nesse momento, foi
decidido substituir o poço 214 pelo 170 e expandir o projeto de 47 para 57 acres. O poço 170
produziu com equipamento padrão para gas lift e sem proteção para corrosão durante três
meses, porém foi recompletado em dezembro de 83 e equipado com 13% de cromo, com
gravel pack com tela e liner de aço inoxidável.

Os poços 41 e 170 foram os únicos produtores remanescentes, totalizando uma vazão


de produção média de óleo de 55 bbl/d com 96% de corte de água e 2% de CO2.Com exceção
do poço 214, o traçador chegou aos poços logo após a chegada de CO2.

Recuperação

A recuperação de óleo oriunda do projeto na QB 4R foi considerada um sucesso. Em


Outubro de 1987 a produção acumulada de óleo era de 187 Mbbl, 2.811 Mbbl de água e 283
MMcf de CO2. A produção é equivalente a 16,9% do VOIP da área do projeto. A produção
total de fluido foi superior ao volume injetado devido ao influxo de água oriundo do aquífero.
A produção de CO2 foi equivalente a 59% do CO2 injetado. A razão de CO2 por óleo
recuperado foi de 2,57 Mcf/bbl (Hsie e Moore, 1988).

A vazão de produção máxima de óleo obtida no projeto foi de 328 bbl/d observada no
dia 29 de setembro de 1982. O gráfico da Figura 4.3 apresenta a média das curvas de vazão
mensal, enquanto o gráfico da Figura 4.4 exibe a recuperação de óleo acumulada pelo HCPV
dos fluidos injetados (CO2 e água).

55
Figura 4.3: Produção de óleo ao longo dos anos (Hsie e Moore, 1988)

Figura 4.4: Recuperação Acumulada de óleo (Hsie e Moore, 1988)

O poço 41 contribuiu com 118.456 bbl de óleo produzido, equivalente a 63% do total
recuperado. Esse fator de recuperação para o poço não foi uma surpresa devido aos valores da
espessura do reservatório, da permeabilidade e da porosidade, pois são maiores na região
entre os poços 212 e 41 que no restante da área do piloto. A Tabela 4.2 resume as produções
acumuladas obtidas em cada poço do projeto.

56
Tabela 4.2: Resumo de dados de produção (Adaptado de Hsie e Moore, 1988)

Resumo dos dados de produção por poço


Projeto Atual Recuperação Final esperada
Poço Produção Acumulada (Outubro de 1987) Sem fluxo interrompido
Óleo (bbl) Água (Mbbl) CO2 (MMcf) Óleo (bbl)
40 482 14 6 1500
169 265 11 6 800
41 118456 1290 186 108200
214 10226 156 16 14900
318 4868 155 28 18500
140 6540 430 25 28100
170 47032 755 16 51300
Total 187869 2811 283 223300

Avaliação do projeto

A realização de uma análise das respostas de produção e dos dados dos fluidos indicou
que o mecanismo de deslocamento do CO2 foi caracterizado pela vaporização de
hidrocarbonetos. A frente miscível consistia principalmente de óleo rico em CO2 e de óleo
produzido acompanhado de quantidades significativas de dióxido de carbono. Banco de óleo
com pouco ou nenhuma concentração de CO2 parecem ter se formado a frente do banco de
CO2. Foi observado que o corte de óleo na produção raramente excedia 25% nos poços no
projeto, exceto no 41 (Hsie e Moore, 1988). A Figura 4.5 exibe a distribuição dos
componentes de hidrocarboneto no poço 41.

Figura 4.5: Distribuição dos componentes presentes no poço 41 (Hsie e Moore, 1988)

57
A frente miscível era aparentemente rica em hidrocarbonetos com peso molecular de
estruturas de C6 ao C19, indicando uma extração ampla pelo CO2. Entretanto, a porcentagem
de componentes C1 ao C6 permaneceu pequena e estável tanto antes quanto depois da erupção
de CO2.

O inchamento do óleo e a redução na viscosidade resultantes da solução em CO2 no


óleo também são considerados como contribuintes para o aumento da mobilidade do óleo
residual.

Controle da corrosão

Segundo Hsie e Moore (1988), a corrosão do material das tubulações criou não apenas
o maior problema operacional como também ocasionou atrasos e perca de produção. A
tentativa inicial de proteger a tubulação J-55 com injeção de químicos não foi bem sucedida.
Os inibidores de corrosão foram aparentemente ineficientes para controlar a corrosão nas
quantidades injetadas.

A produção de areia e a erosão também aceleraram o processo de corrosão removendo


a película de proteção dos metais. O reservatório não havia vivenciado problemas com areia
durante a produção primária e consequentemente os poços não estavam inicialmente
equipados com gravel pack. Foi notada principalmente no poço 318, após a chegada de CO2,
uma produção significativa de areia. Uma revisão do testemunho desse poço mostrou a
presença de carbonatos, como calcita, dolomita e siderita. A dissolução desses materiais
provavelmente ocorreu devido à presença do ácido carbônico formado da interação da água e
do CO2. Esse processo é evidenciado pelo aumento da produção de bicarbonatos e pode ser
verificado no gráfico da Figura 4.6.

Figura 4.6: Produção de bicarbonato no poço 41 e curva de injetividade no poço 212 (Hsie e Moore, 1988)
58
Os poços 41 e 318 passaram por reparos e foram recompletados com proteção plástica
para a tubulação N-80 e com gravel pack de aço inoxidável. O poço 170 foi equipado com
13% de cromo e com mesmo sistema de gravel pack.

Eficiência de varrido

A eficiência de varrido promovida pelo CO2 foi investigada através de estudo de uma
simulação composicional. Duas camadas com espessuras aproximadas foram usadas para
delinear a área do projeto na simulação. O CO2 foi previsto para varrer 39,54 acres da camada
superior e somente 19,52 acres da camada inferior devido à segregação gravitacional (Hsie e
Moore, 1988).

O projeto de produção e os dados do fluido não indicaram uma severa segregação


gravitacional e nem criação de caminhos preferenciais para o CO2. Uma comparação do
tempo da erupção do CO2 e do traçador radioativo (que marcava a água injetada) mostrou que
a água seguiu a frente de CO2 em todos os poços, exceto em um. O processo de injeção WAG
provavelmente foi efetivo em reduzir o a mobilidade do CO2 e também proporcionou um
incremento na varredura volumétrica. A heterogeneidade do reservatório, a dispersão e a
difusão foram consideradas os principais fatores de contribuição para distribuição do CO2 e
para minimizar os efeitos da gravidade.

Avaliação da recuperação

De acordo com Hsie e Moore (1988), uma simulação composicional foi utilizada e o
ajuste histórico foi realizado de forma bem sucedida para se obter a produção primária de
1940 a 1981 e da injeção WAG-CO2 de 1981 até junho de 85. O volume de óleo original in
place calculado antes da injeção de CO2 era de 1.170 Mbbl e de óleo residual in place
equivalente a 484 Mbbl. Esses valores correspondem a uma saturação de óleo média antes da
injeção de CO2 igual a 42%. Ao final do ano de 1986, o volume final previsto de óleo
recuperado era de 203 Mbbl ou 18,3% do volume original de óleo in place.

Para determinar o potencial de recuperação do processo de injeção WAG-CO2 foi


considerado uma situação hipotética com produção interrupta de todos os poços e produzindo
até o limite de água previsto, originando assim, um fator de recuperação de 20,1% do VOIP
(223 Mbbl). Ou seja, um valor ligeiramente superior ao encontrado pela simulação muito

59
devido ao fechamento prematuro do poço 140 e das interrupções na produção dos outros
produtores ocasionadas pela corrosão.

O projeto de recuperação de óleo foi considerado como bem sucedido mesmo usando
um banco pequeno de CO2 (18,9% HCPV). A simulação de reservatório mostrou que a
recuperação de óleo não é muito dependente do volume injetado quando se trabalhar na faixa
de 15 a 35% HCPV. Quanto menor o tamanho do banco mais atraente economicamente será a
injeção de CO2 porque usará uma menor quantidade de dióxido de carbono (Hsie e Moore,
1988).

A excelente resposta do projeto e a recuperação promovida demonstrou a viabilidade


técnica do processo de injeção miscível de WAG-CO2 para produzir o óleo residual no Golfo.
Os dados coletados e as experiências adquiridas da operação do projeto piloto terão grande
importância na implementação de injeção de CO2 em outros reservatórios do Golfo.

4.1.5 Conclusões sobre a realização do Projeto piloto no Golfo do México:

 A recuperação acumulada do projeto foi 187,9 Mbbl, equivalente a 16,9% VOIP. A


recuperação oriunda da simulação apresentava um valor de 203 Mbbl (18,3% VOIP);

 Um banco de 18,9% HCPV foi o suficiente para obter um incremento na recuperação;

 A frente miscível consistia principalmente de CO2 e hidrocarbonetos de C6 a C19. A


presença de C1 a C6 no óleo tiveram pouco efeito no mecanismo de deslocamento;

 A formação de ácido carbônico é apontada como principal fator da dissolução de


materiais carbonáticos no reservatório. A produção de areia ocorreu como consequência, fato
que não era observado antes do processo de injeção de CO2. A erosão causada pela areia
acelerou o processo de corrosão;

 Uma proteção eficiente para controle de corrosão pode ser formada por uma
combinação de fatores: uso de ligas especiais, uso de revestimento de plástico na parte interna
e injeção de químicos para controle;

 A segregação gravitacional foi prevista na simulação, porém os dados do campo não


indicaram forte atuação gravitacional e nem a criação de caminhos preferenciais para o CO2;

60
 O projeto QB 4RC demonstrou que o processo de WAG-CO2 poderá ser utilizado com
sucesso para recuperar volumes consideráveis de óleo residual de reservatórios na costa do
Golfo.

4.2 Campo de Statfjord – Mar do Norte

A injeção alternada de água e gás é bastante utilizada para melhorar a recuperação de


óleo devido ao aumento da eficiência de varrido macro e microscópica. Essa técnica foi
implementada em 1997 como suplemento da injeção de água no campo de Statfjord, operado
pela Statoil. O campo encontrava-se com a produção em declínio apresentando um fator de
recuperação de 54% e um corte de água de 70% (Crogh et al., 2002).

O Campo de Statfjord foi descoberto no Mar do Norte em 1973 e foi considerada a


maior quantidade de óleo descoberta na Europa até então. O volume de óleo original in place
foi estimado em aproximadamente 6.289 MMbbl e o fator de recuperação esperado era de
65%. O campo foi desenvolvido por 3 (três) plataformas integradas, conforme exibido na
Figura 4.7. A Plataforma Statfjord A entrou em operação em 1979, já a Statfjord B em 1982 e
a Statfjord C em 1985. A venda de gás para o Reino Unido e para o continente Europeu
começou em Outubro de 85.

Figura 4.7: Visão geral do Campo de Statfjord (Crogh et al., 2002)

A produção de óleo de 692 Mbbl/d era considerada a média normal diária durante o
pico, porém, com o declínio da produção anteriormente a utilização do método WAG a vazão
girava em torno de 182 Mbbl/d.

61
Como tentativa de recuperar o óleo residual, a injeção WAG foi iniciada no
reservatório Brent através do poço piloto B-05 em Fevereiro de 1997 e devido ao sucesso dos
resultados, o projeto foi expandido para o Campo todo. Grandes quantias de óleo foram
identificadas, especialmente nas áreas do topo.

4.2.1 Descrição do Reservatório

Segundo Crogh et al. (2002), o Campo de Statfjord está localizado entre a Noruega e o
Reino Unido, possuindo 15,53 mi de extensão e 2,49 mi de largura. A maior parte das
reservas originais é encontrada no semi-gráben da falha. Devido à instabilidade ao longo da
falha, um sistema múltiplo de deslizamento foi criado na parte leste do Campo. Essa área
descontínua é chamada de Flanco Leste.

O Flanco Leste é bem complexo, com grande número de falhas. Complementando o


desafio das condições estrutural, os sedimentos se reorganizaram ao longo do tempo devido
aos movimentos deslizantes e de soerguimento. Geralmente, as porções do Flanco Leste não
são bem conhecidas, porém a comunicação entre essa área e área Central é boa.

O reservatório Brent é dividido em parte Superior e Inferior, separado por xisto


(barreira de pressão) em partes basais da formação Ness. A parte Superior consiste na
formação de Tabert no topo e de Ness no parte de baixo. O Brent inferior contém a formação
Etive no topo, seguida da formação Rannoch e Broom no fundo. O Brent inferior possui uma
variação na permeabilidade de 10 a 1000 mD na formação de Rannoch. A qualidade do
reservatório da formação Broom é baixa para ser produzida.

A estratégia inicial para desenvolvimento do reservatório era separar a produção do


Brent Superior e do Inferior, utilizando-se a injeção de água para manutenção da pressão.
Uma linha de injetores de água foi completada abaixo do contato óleo-água. Os produtores,
em sua maioria, estavam localizados próximos ao topo estrutural do campo principal. A
eficiência da injeção de água foi avaliada utilizando informações dos perfis de saturação. Um
aumento estável do contato óleo água foi observado, bem como a boa eficiência de
deslocamento do óleo (Crogh et al., 2002).

Em 1997 a injeção de água no Brent (arenito) foi complementada com o método WAG
com o objetivo de deslocar o óleo residual do topo e para promover uma maior eficiência de
varrido em algumas áreas.

62
4.2.2 Injeção WAG nos reservatórios Brent

De acordo com Crogh et al. (2002), nos reservatórios que já estavam produzindo com
altos teores de BS&W, ainda seria possível recuperar uma quantia significativa de óleo
remanescente através da injeção alternada de água e gás. Após o período em que o Campo
ficou produzindo apenas com injeção de água, o fator de recuperação era de 56% e o corte de
água de 70%.

A geologia estrutural do Campo de Statfjord é propícia para o sucesso da utilização do


método WAG. Um dos efeitos importantes do WAG era promover o deslocamento do óleo das
áreas crestais da parte Central para os poços produtores localizados no Flanco Leste. A Figura
4.8 ilustra o processo WAG no Campo.

Figura 4.8: Ilustração da injeção WAG (Crogh et al., 2002)

Além disso, acreditava-se que a injeção WAG aumentaria o varrido microscópico do


reservatório através da produção do óleo residual. Esperava-se que os ciclos menores de WAG
favorecessem a presença de três fases, resultando em uma redução da permeabilidade relativa
do gás, dando assim, maior razão de mobilidade gás-óleo e consequentemente um melhor
deslocamento no processo comparado ao fluxo de gás óleo duas fases.

Para os reservatórios Brent, testes de laboratório indicaram que a pressão de


miscibilidade poderia ser atingida apenas em condições superiores a 6.004 psi, ou em
aproximadamente 406 psi acima da pressão inicial do reservatório. A pressão do reservatório
estava na faixa de 4.786 psi; consequentemente, o processo WAG no Brent é imiscível.

63
Entretanto, foram observados indícios de vaporização/inchamento no Campo e um processo
WAG de múltiplos contatos poderia ser alcançado (Crogh et al., 2002).

Tanto a frente de água quanto a de gás contribuem para o incremento de óleo na


injeção WAG. O óleo do topo é drenado principalmente pelo gás, deslocando o óleo para áreas
onde serão posteriormente drenadas pela frente de água. Esse mecanismo tem sido observado
nos poços produtores, visto que a produção de óleo aumentou depois que os injetores
passaram a injetar água ao invés de gás.

Potencial WAG no Campo Statfjord

O potencial da técnica WAG no Brent é significativo. Uma grande quantidade de óleo


remanescente era esperada ser produzida através da utilização dessa técnica. Esse potencial é
proveniente de estudos de simulação de alta qualidade, mapeamento do óleo presente no topo
da estrutura no Flanco Leste e Central, além da curva de aprendizado adquirida ao longo de
cinco anos do processo WAG.

Implementação do WAG

Conforme Crogh et al. (2002), em 1997 foi iniciado o processo de injeção WAG no
poço piloto B-05 na parte inferior do reservatório Brent. O poço B-05 foi considerado ideal
para o WAG e os poços produtores potenciais localizam-se na parte superior da estrutura.
Devido à estrutura da área, assumiu-se que uma grande quantia de óleo no topo seria
contornada pela água. A localização dos poços em Statfjord pode ser verificada na Figura 4.9.

Figura 4.9: Localização dos poços na área do Piloto WAG (Crogh et al., 2002)
64
Os resultados do Piloto foram positivos e influenciaram na decisão de expandir a
implementação WAG para todo o Brent. A injeção WAG foi instalada em todo Campo de
forma gradual até cobrir todo o reservatório Brent. Nove poços injetores WAG foram
utilizados e resultados positivos foram observados em 22 poços produtores.

A quantia de gás disponível para o processo de injeção no Campo de Statfjord era


limitada. A utilização do gás era dividida entre a exportação, injeção no Brent e injeção em
outros reservatórios. Portanto, a otimização na utilização do gás seria importante a fim de
maximizar o lucro. O tempo de início da injeção em um poço e a flexibilidade ao longo dos
diferentes poços injetores é importante para assegurar que o gás esteja sendo empregado de
forma eficiente.

4.2.3 Estratégia WAG

A estratégia de desenvolvimento do reservatório foi modificada em 1997 quando a


injeção WAG foi implementada como meio de drenagem. A estratégia WAG, até então, era
converter os poços verticais injetores de água no Brent Inferior em injetores WAG no Brent
Superior, enquanto os novos injetores WAG no Brent Inferior seriam perfurados, em sua
maioria, como poços horizontais abaixo do contato óleo-água (Crogh et al., 2002).

A estratégia foi canhonear os injetores de tal forma em que o gás deslocasse uma
maior quantidade de óleo possível durante o trajeto em direção aos produtores. Em relação
aos produtores, a ideia foi realizar desvios e canhonear os poços de modo que o óleo varrido
pelo gás fosse produzido com a menor quantidade de água e gás possível.

Nos casos delicados dos injetores WAG no Brent Inferior, os poços foram
posicionados e canhoneados na formação Rannoch almejando atingir a maior eficiência de
deslocamento vertical possível.

Os poços produtores existentes ditam a estratégia WAG adotada nos injetores. Isso
significa que em alguns casos, os poços injetores somente irão injetar em algumas zonas ao
longo da seção horizontal. Posteriormente, ao longo da sua vida útil, eles serão canhoneados
em outras partes dependendo da cobertura do poço produtor.

De acordo com Crogh et al. (2002), a estratégia adotada em relação à duração dos
ciclos foi fazer uso de longos ciclos de gás de 1 a 3 anos. Um fator crucial para ocorrer a

65
inversão da injeção de gás para água nos poços era a erupção do gás e/ou a ocorrência de
recirculação do gás.

Monitoramento do processo WAG

Uma equipe multidisciplinar é responsável pelo monitoramento da injeção WAG,


analisando as respostas, recomendando operações nos poços, seguindo o programa de
aquisição de dados relacionados ao WAG. Além disso, a equipe monitora a frente de fluido,
avalia os perfis de produção e o potencial originado através do processo WAG (Crogh et al.,
2002).

Com o objetivo de produzir o potencial máximo através da injeção WAG é necessário


otimizar o processo. Portanto, a aquisição de dados adequados e monitoramento do campo
como um todo, bem como as resposta do WAG, são elementos importantes para o sucesso do
projeto. Um extenso programa de perfis de saturação e de produção foi planejado e realizado.
A proposta desses tipos de perfis é determinar o grau de avanço da água e do gás e identificar
áreas com elevadas saturações de gás.

O uso da tecnologia com traçadores foi muito utilizado no Campo. O uso de traçador
permite que informações importantes sejam adquiridas proporcionando um melhor
entendimento da estrutura e da complexidade dos caminhos de fluxo nas diferentes áreas.

4.2.4 Performance do WAG no Campo

Após 5 anos de injeção WAG, os resultados foram considerados animadores segundo


Crogh et al. (2002). Em Maio de 2002, o incremento total estimado na produção de óleo foi
de aproximadamente 22 MMbbl (3,5 MMm3). Em torno de 45% do gás injetado retornou à
produção. Os volumes totais na produção em resposta ao WAG confirmaram o potencial do
método. O aumento médio na vazão em 2001 foi de 22,6 Mbbl/d (3.600 m3/d). O incremento
total do processo WAG é exibido pelo gráfico da Figura 4.10.

66
Figura 4.10: Incremento total na produção de óleo devido ao WAG (Crogh et al., 2002)

Todos os poços injetores WAG proporcionaram um incremento na produção de óleo


nos respectivos produtores. A maioria dos poços já concluiu o primeiro ciclo. O piloto WAG
finalizaria o segundo ciclo e posteriormente daria início ao terceiro ciclo no verão de 2002. A
resposta da injeção WAG apresentou tendências variadas, dependendo de fatores como:

 A complexidade do reservatório/espessura da formação;


 A comunicação entre a parte do Campo Central e o Flanco Leste;
 O raio de drenagem dos produtores;
 A distância entre o injetor WAG e os poços produtores.

O gráfico da Figura 4.11 exibe os volumes injetados de gás e o incremento de óleo.


Porém, nota-se a existência de uma curva tracejada que se refere a uma modificação do perfil
de incremento de óleo. A curva foi deslocada para a esquerda para ter o princípio na mesma
data em que a injeção de gás foi iniciada (Fevereiro de 1997), objetivando coincidir a resposta
do processo WAG com a tendência de injeção de gás.

67
Figura 4.11: Performance do WAG - Vazões diárias (Crogh et al., 2002)

O incremento inicial na produção de óleo é explicado como resposta do WAG oriundo


dos primeiros poços produtores a sofrerem os efeitos da injeção alternada. Esses poços
tiveram incremento na vazão de mais de 6.290 bbl/d (1.000 m3/d), enquanto outros poços
tiveram aumento na taxa de 1.257 a 2.515 bbl/d (200 a 400 m3/d).

De Abril de 1998 até Janeiro de 1999, não houve correspondência entre a taxa de
injeção de gás e o incremento na vazão de óleo. Esse foi o período de implantação da injeção
WAG.

O tempo de resposta inicial do WAG é de aproximadamente 10 meses. Ao estudar os


dados individuais de cada área do WAG, a resposta para o primeiro ciclo variou de 5 a 12
meses. No poço B-05, a resposta do segundo ciclo reduziu de 9 para 6 meses, resultando em
uma redução de 20% de volume de gás injetado.

Existe uma correlação clara entre a taxa de injeção do gás e o incremento na vazão de
óleo, observa-se tal fato no período de Novembro de 1999 e meses posteriores. Uma alta taxa
de injeção de gás corresponde a um alto incremento na vazão de óleo.

Um efeito positivo foi observado em áreas do WAG quando houve a inversão da


injeção de gás para água, fato que pode ser observado no período de Maio de 2000 a Julho de
2001.

É importante ressaltar que um volume de 14.125 MMscf (400 MMm3) de gás foi
necessário no injetor WAG antes de se obter qualquer resposta nos poços produtores. Isso se

68
deve a longa distância entre os injetores e os produtores, bem como a complexa comunicação
estrutural.

Observações no campo indicaram a existência de uma extensa migração de gás no


sentido ascendente da formação. Essa migração vertical resulta em uma varredura volumétrica
relativamente pobre do gás, efeito que muitas vezes é subestimado no modelo de simulação de
reservatório. A baixa eficiência de deslocamento horizontal também é um desafio. Simulações
de reservatório indicaram também que os poços injetores WAG horizontais proporcionam um
melhor varrido volumétrico comparado aos poços WAG verticais. As informações obtidas do
campo confirmaram essa hipótese (Crogh et al., 2002).

Geralmente o primeiro ciclo WAG é o mais eficiente; não se espera que o ciclo
subsequente de gás proporcione tanto incremento na produção de óleo quanto o primeiro.

Alguns dos efeitos típicos devido ao método WAG são proporcionar aumento na vazão
de produção do óleo, diminuir o corte de água e aumentar o RGO com o avanço da produção.
Em alguns poços a queda no corte de água observada foi de 90 para 20%. Vários poços
produtores duplicaram ou triplicaram a vazão de produção. O aumento da taxa de produção de
óleo foi observado antes da erupção do gás, conforme apresentado na Figura 4.12.

Figura 4.12: Desempenho do poço B-07 com a injeção WAG (Crogh et al., 2002)

Estimativa do incremento de óleo

O incremento no óleo devido à injeção alternada de gás e água foi estimado através de
comparações entre da curva de declínio prevista com a produção atual, conforme exibido na
Figura 4.13.

69
Figura 4.13: Análise da curva de declínio (Crogh et al., 2002)

Segundo Crogh et al. (2002), ao se plotar o corte de água versus a produção


cumulativa de óleo também se pode estimar o potencial da injeção WAG. A linha de tendência
de corte de água é calculada antes e depois da resposta do WAG, conforme ilustrado na Figura
4.14. As curvas de tendências são extrapoladas até o limite de produção devido a grande
quantidade de água (cut-off) e a diferença na produção acumulada é calculada. Em alguns
casos existe uma incerteza na estimativa, visto que o corte de água tende a se manter
constante quando atinge 90-95% de água.

Figura 4.14: Análise da curva de corte de água com a produção acumulada (Crogh et al., 2002)

Uma comparação entre os dois métodos para estimar o volume incrementado é uma
confirmação de que os resultados são condizentes.

70
4.2.5 Conclusões sobre a realização do Piloto WAG no Mar do Norte:

 A injeção WAG nos reservatórios Brent no Campo de Statfjord foi considerada um


sucesso. Até Maio de 2002 quase 22 MMbbl (3,5 Mm3) de óleo foi esperado ser recuperado
devido aos efeitos do método de recuperação. Aproximadamente 45% do gás injetado
retornaram à produção. O aumento na vazão da produção diária de óleo foi aproximadamente
22,6 Mbbl/d (3.600 m3/d), sendo a produção original do campo igual a 182 Mbbl/d (29
Mm3/d).
 Aumento na vazão de produção do óleo, diminuição do corte de água e aumento da
RGO são alguns dos principais efeitos devido ao método WAG. Em alguns poços o corte de
água foi reduzido de 90 para 20%. Vários poços produtores duplicaram ou triplicaram a vazão
de produção.
 Geralmente o primeiro ciclo do WAG é mais eficiente; o ciclo subsequente não
esperado proporcionar o mesmo incremento na produção quanto o anterior.
 O potencial estimado do método WAG no reservatório Brent era significativo.
Uma grande parte do óleo restante era esperada ser recuperada através da injeção WAG. Esse
potencial foi baseado em estudos de simulações com alta qualidade que mapeia o óleo no topo
da estrutura no Flanco Leste e também na parte Central, além de levar em consideração os
dados históricos dos cinco anos de experiência WAG no Campo.
 A equipe multidisciplinar de monitoramento do WAG foi outro importante
elemento no sucesso da implementação e no entendimento do processo WAG. Estudos
integrados foram necessários para o desenvolvimento do projeto, avaliação e otimização da
injeção alternada. O monitoramento do WAG tem o objetivo de assegurar que o gás esteja
disponível para a injeção e que esteja sendo utilizado de forma eficiente.

4.3 Campo VLE - Lago de Maracaibo, Venezuela

4.3.1 Descrição do campo

De acordo com Alvarez et al. (2001), o Piloto VLE-305 Lagocinco está localizado em
uma área offshore com aproximadamente 0,17 acres. Existem 4 (quatro) reservatórios
sobrepostos (C-20, 21, 22 e 23), sendo os três primeiros desenvolvidos com injeção de água
desde os anos 60 e com fatores de recuperação em torno de 25 a 40% do VOIP. Já o
71
reservatório C-23 opera sob injeção de água desde os anos 90 e nele a maior parte das
reservas restantes é encontrada. Por esse motivo, o C-23, localizado a uma profundidade de
12.500 ft e com VOIP estimado em 434 MMstb, foi escolhido para o piloto WAG. A Figura
4.15 apresenta a localização da área do Piloto.

Figura 4.15: Posição dos poços no Campo de Lagocinco (Alvarez et al., 2001)

A área VLE-305 contém óleo leve com API de aproximadamente 32°. A temperatura
do reservatório é 236 °F e a pressão de 1.500 psi, que incialmente era de 5.400 psi. Devido a
essa queda de pressão o processo de injeção WAG será imiscível, porém os efeitos de
“inchamento” podem exercer um importante papel no incremento de recuperação de óleo.

Modelo do Reservatório

Foi utilizada descrição estocástica do reservatório C-23 para a construção do modelo


do projeto piloto. Dados de poços disponíveis foram usados para a criação do modelo
geológico. A saturação de água foi distribuída deterministicamente, enquanto a porosidade e
permeabilidade foram distribuídas de forma estocástica. O reservatório é formado por rochas
areníticas com heterogeneidades laterais e areais (Alvarez et al., 2001).

4.3.2 Design do Piloto WAG

Segundo Alvarez et al. (2001), a injeção alternada de água e gás foi realizada com o
objetivo de aumentar a recuperação de óleo em relação ao caso base, que considera a injeção
de água. A injeção WAG foi modelada usando nitrogênio e gás de hidrocarbonetos. A injeção
72
com gás de hidrocarbonetos gerou um incremento de 25% na produção de óleo em relação ao
caso base. Foi observado também incremento de 3% na produção quando se realizou o
fechamento (shut-in) do poço após o ciclo de água.

O grau de comunicação entre as camadas do reservatório C-23 na área do Piloto é


incerto. Os dados de produção e da erupção do gás fornecem informações valiosas sobre a
continuidade e a comunicação entre as camadas. Além disso, esses dados podem ser utilizados
para promover ajustes na descrição do reservatório da área do piloto.

Os estudos de previsões indicaram:

- Erupção precoce nos poços VLE-0773, LPG-1462 e VLE-1328 ao final do ano 2000
sobre alguns cenários de injeção de gás;

- Erupção precoce de água nos poços VLE-1328 e VLE-1342.

O poço VLE-1328 aparenta ser o poço mais afetado pela injeção de água e pelo
processo WAG. Os dados da erupção e dos traçadores são utilizados para o ajuste histórico da
produção e para melhorias no modelo de simulação.

Operações no Campo

O projeto de desenvolvimento utilizou o modelo five-spot , com o injetor localizado na


parte central. Em fase anterior ao início das operações, testes de injetividade foram
conduzidos e indicaram que a injetividade na parte inferior do reservatório era
aproximadamente 50% menor que na parte superior (Alvarez et al., 2001).

A injeção foi iniciada no poço VLE-1324, em 25 de maio de 2000, com uma taxa de
3.000 bbl/d durante os três primeiros meses. O programa de monitoramento começou com a
injeção de traçadores juntamente ao primeiro banco de água e consequentemente o
acompanhamento de cada poço produtor por meio das vazões, da RGO, pressão, temperatura.
O poço VLE-1459 foi monitorado de forma especial por ser o mais próximo ao injetor.

Ocorreu a transição no poço injetor (VLE-1324), onde houve a tentativa de se injetar


gás a uma pressão de 2.200 psi em 18 de agosto de 2000, porém foi observada a necessidade
de uma pressão mínima de 2.300 psi na cabeça do poço para que o gás pudesse atingir a
formação. Por dois meses a injeção ficou sendo operada a uma pressão de 2.200 psi, todavia
nenhum fluxo de gás foi observado no reservatório. Após a alteração necessária na planta,

73
passou-se a injetar gás a uma pressão de 2.300 psi com uma vazão de 2,2 MMscf/d (11 de
outubro de 2000). Foram realizadas simulações para avaliar os efeitos provocados pelo atraso
da injeção de gás. Esses resultados estão apresentados na Tabela 4.3.
Tabela 4.3: Comparativo da injeção WAG x Injeção de água. Característica de produção em 01/01/2005 (Adaptado de
Alvarez et al., 2001)

Fator de
Produção Acumulada Incremento de
Simulação Recuperação
obtida (STB) óleo (%)
(fração)
Injeção de Água 3.713.509 0,38251 0

WAG - Gás de Hidrocarboneto 4.664.934 0,48055 25


WAG - Gás de Hidrocarboneto com
4.764.806 0,49084 28
fechamento de poço na metade do ciclo
WAG - Nitrogênio 4.139.152 0,42639 11

Conforme o artigo de Alvarez et al. (2001), o atraso no início da injeção de gás na


formação mostrou um efeito positivo em relação à produção. No dia 23 de janeiro de 2001 foi
realizada novamente a conversão no poço injetor, com intuito de se injetar água a uma vazão
de 3.000 bbl/d, dando início assim ao segundo ciclo de injeção de água, conforme apresentado
na Tabela 4.4.

Tabela 4.4: Sequência e duração dos ciclos do Piloto (Adaptado de Alvarez et al., 2001)

Número do Ciclo Início Fim Tempo Vazão

I Água Maio de 2000 Agosto de 2000 90 dias 3000 bbl/d

Procedimento de espera Agosto de 2000 Dezembro de 2000 90 dias -

I Gás Dezembro de 2000 Janeiro de 2001 30 dias 2,2 MMscf/d

II Água Janeiro de 2001 Março de 2001 90 dias 3000 bbl/d

Procedimento de espera Março de 2001 Junho 2001 60 dias -

II Gás Junho de 2001 Não definido Não definido 2,2 MMscf/d

Monitoramento

O monitoramento do processo WAG foi planejado para se obter uma avaliação efetiva
dos resultados alcançados. O programa incluiu injeção de traçadores, monitoramento das
vazões de produção e injeção por poço e acompanhamento das pressões e temperaturas
(Alvarez et al., 2001).

74
O esquema de monitoramento identificou que até o final de dezembro de 2000 houve
um modesto incremento em relação à saturação de óleo e uma redução na saturação de água
na formação dos poços produtores, indicando o processo de deslocamento ocasionado pelo
WAG, conforme exibido na Figura 4.16.

Figura 4.16: Perfis de saturação observados (Alvarez et al., 2001)

A injeção de traçadores possibilitou identificar a erupção precoce no poço VLE-773.


No poço VLE-1342 os traçadores injetados (4-FBA – Fluorobenzoic Acids e PMCP –
Perfluoro-methyl-cyclopentane) apresentaram respostas com diferentes tempos na erupção.
As Figura 4.17 e Figura 4.18 apresentam os tempos de resposta de cada traçador utilizado e os
poços produtores nos quais eles foram detectados.

Figura 4.17: Traçador químico 4-FBA (Alvarez et al., 2001)


75
Figura 4.18: Traçador químico PMCP (Alvarez et al., 2001)

Foi observada também a presença de traçador no poço VLE-1459, porém este não
estava incluso no projeto inicial. Tanto o poço VLE-773 quanto o VLE-1342 responderam ao
processo WAG com um incremento na produção de óleo e uma redução no corte de água.
Essas informações são confirmadas pelos gráficos da Figura 4.19 e Figura 4.20.

Figura 4.19: Resposta operacional do poço VLE-773 - Vazão de óleo, Corte de água e RGO (Alvarez et al.,
2001)

76
Figura 4.20 Resposta operacional do poço VLE-1342 - Vazão de óleo, Corte de água e RGO (Alvarez et al.,
2001)

4.3.3 Utilização de outros métodos de recuperação avançada

Devido ao fato de não se ter disponibilidade de grande quantidade de gás de


hidrocarbonetos para injeção na área, outras técnicas de recuperação avançada foram levadas
em consideração.

4.3.3.1 Injeção de Nitrogênio

De acordo com Alvarez et al. (2001), a injeção de nitrogênio (N2) para substituir o gás
de hidrocarbonetos no processo WAG foi considerada. Uma potencial fonte poderia ser a
planta de separação de ar criogênico que seria construída próxima ao local. Para uma
comparação de confiança, os testes PVT foram obtidos da mesma maneira e as vazões de
injeção (3.000 bbl/d) foram as mesmas utilizadas no piloto com gás de hidrocarboneto. Os
resultados indicaram um deslocamento promovido 4% menor que o apresentado pelo gás de
hidrocarboneto.

O fator de recuperação da injeção de água em 01/01/2005 era 38,25% do VOIP. As


simulações indicaram que a injeção WAG com N2 no período de Outubro de 2000 até Janeiro
de 2005 forneceria um incremento de 4,4% do VOIP comparado à injeção de água.
77
Considerando que as instalações de N2 só estariam prontas em anos posteriores, a
empresa venezuelana considerou utilizar uma unidade de separação de N2 portátil para dar
continuidade ao piloto de injeção WAG e ainda estender o projeto para mais um poço,
possibilitando experimentar injeção imiscível de N2.

4.3.3.2 Injeção cíclica de água

Foi considerada também a injeção cíclica de água para poder acelerar a produção de
óleo e reduzir o corte de água, tornando a produção mais econômica e dispensando
investimentos adicionais no campo. A injeção cíclica é um método concebido com intuito de
melhorar a eficiência da injeção de água em reservatórios heterogêneos (Alvarez et al., 2001).
Algumas características do reservatório do Campo favorecem a injeção cíclica, destacam-se:

 Presença de camadas heterogêneas;

 Comunicação entre as zonas de alta e baixa permeabilidade;

 Grandes diferenciais de pressão entre as unidades do reservatório;

 Reservatório fraturado;

 Fluidos compressíveis.

A proposta principal da injeção cíclica era criar condições de pressão através de


pulsações transientes em zonas heterogêneas, contrastando assim, com as propriedades do
reservatório. Essa técnica tem por objetivo intensificar a redistribuição da saturação de óleo
sob efeito das forças capilares e gravitacionais.

Na injeção cíclica na área do projeto piloto, a água é injetada com taxa de vazão
crescente até metade do ciclo e depois sob taxa decrescente de vazão na metade restante do
ciclo, ou até mesmo com o fechamento do poço. As simulações indicaram um aumento na
produção de óleo de 2 a 3% no período de quatro anos. Os efeitos do fluxo acelerado
transversal e gravitacionais são responsáveis por esse incremento. A Tabela 4.5 apresenta os
resultados desse método.

78
Tabela 4.5: Comparativo da injeção cíclica com a Injeção de água. Característica de produção em 01/02/2005
(Adaptado de Alvarez et al., 2001)

Produção Fator de Incremento Produção


Simulação Acumulada Recuperação na produção Acumulada de
(STB) (fração) (%) água (Mstb)
Injeção de Água 4.171.287 0,4315 0 4.171

3 meses de ciclo 4.224.217 0,4377 1,3 2.838

6 meses de ciclo 4.256.317 0,4415 2,0 2.748


3 meses de ciclo em 2001, 6 meses em
4.259.861 0,4461 3,0 2.765
2002, 12 meses em 2003 e 2004

4.3.4 Conclusões sobre a realização do Piloto WAG na Venezuela:

 O Projeto Piloto no Campo offshore VLE-305 no Lago de Maracaibo foi planejado,


projetado e executado;

 Durante três anos a equipe desenvolveu estudos com o intuito de identificar as


melhores condições para o projeto piloto (seleção da área, simulações numéricas,
monitoramento, análise de perfis e integração com os resultados dos traçadores);

 Medições de saturações indicaram a formação de banco de óleo devido ao processo de


injeção WAG;

 A injeção de traçadores permitiu uma melhor análise e entendimento do reservatório,


fornecendo informações valiosas;

 As simulações mostraram que a recuperação de óleo poderia ser aumentada em 11%


do VOIP devido à injeção de gases de hidrocarbonetos. Sequências de interrupções no
processo WAG, como o fechamento do poço durante o período de troca de fluido injetado
(água para o gás) têm efeitos positivos na produção. A injeção com N2 pode aumentar 4,4%
do VOIP comparado ao caso base (injeção de água). A injeção WAG com gás de
hidrocarboneto (75% de metano) é mais eficiente quanto ao deslocamento provocado
comparado ao N2, devido à maior solubilidade no óleo e ao maior efeito de inchamento
provocado.

 O estudo preliminar da injeção cíclica na área do projeto piloto indicou um aumento


na produção de 2-3%, com potencial ainda melhor se o projeto puder ser ampliado para uma
área maior do campo.

79
4.4 Campo de Dulang – Malásia

O Campo de Dulang está localizado a 80 milhas ao nordeste de Kerteh, conforme


apresentado na Figura 4.21 e possui uma lâmina d’água (LDA) de aproximadamente 250 ft. O
desenvolvimento da região onde o projeto piloto foi instalado contava com 6 (seis) poços e
produzia por depleção no começo dos anos 90. Porém, com o declínio da produção e a queda
na pressão, foi iniciada a injeção de água periférica em 1996 (Nadeson et al., 2004).

Figura 4.21: Localização do Campo de Dulang (Nadeson et al., 2004)

EOR foi considerado para o campo offshore de Dulang com o objetivo de aumentar o
fator de recuperação. Estudos indicaram que a técnica de reinjeção de parte do gás produzido,
rico em CO2 (50% CO2), teria bom custo benefício. A injeção de gás imiscível foi considerada
na injeção WAG devido ao relevante controle da mobilidade e do aumento da eficiência de
varrido.

Segundo Nadeson et al. (2004), o projeto piloto com injeção WAG foi iniciado em
2002 com o objetivo de aumentar a recuperação dos reservatórios E12/13 e E14. Além disso,
visava analisar os resultados dessa técnica de recuperação avançada para que pudesse ser
aplicada ao restante do Campo e também para outros campos da Malásia.

4.4.1 Reservatório

Os reservatórios escolhidos se formaram em ambientes de marés. E12/E13 são bem


representados por bancos de arenitos com canais percorrendo entre eles. Os sedimentos dos
reservatórios E12/13 são capeados por carvão ao longo de toda sua extensão. Esses
reservatórios estão separados do E14 devido à existência de formações extensas de folhelho e
carvão (Nadeson et al., 2004).
80
A permeabilidade horizontal da rocha reservatório geralmente é maior que a da
direção vertical devido ao ambiente deposicional de maré no E14 e ao desague fluvial de
sedimentos no E12/13. A permeabilidade no intervalo E14 é maior que nas seções E12/13,
porém a espessura líquida (net) é maior, logo o volume original de óleo in-place nos
intervalos é equivalente. Também é observada uma maior variação dos valores de
permeabilidade ao longo dos reservatórios E12/13 do que na seção E14. Portanto, o avanço de
água/gás no intervalo E12/13 será mais lento que no intervalo E14 e também relativamente
mais ineficaz e heterogêneo. De acordo com esses critérios, no limite econômico da produção,
a injeção de água proporcionará um baixo fator de recuperação do óleo.

4.4.2 Estudo de Viabilidade

Segundo Nadeson et al. (2004), o critério de seleção foi iniciado em 1998 para
verificar a viabilidade de processos EOR em campos da Malásia. Estudos de laboratório sobre
o comportamento de fases, vaporização, pressão mínima de miscibilidade, eficiência de
deslocamento e tensão superficial foram realizados. Além disso, foi necessária a realização de
modelos geofísicos e geológicos, seguido por simulações de reservatório realizadas com
ajuste histórico e previsão de desempenho.

A técnica WAG geralmente é aplicada com o objetivo de reduzir a existência de canais


preferenciais do gás e ainda promover uma melhor eficiência de varrido vertical. Alguns
projetos indicaram o uso de CO2 imiscível. Devido à temperatura do reservatório de 215 °F, o
CO2 não seria miscível ao óleo cru nas condições de pressão atual e nem mesmo na pressão
inicial do reservatório.

Através de modelagem das equações de estado foi determinado a pressão de


miscibilidade por múltiplos contatos para o CO2 e para gases de hidrocarbonetos produzidos,
sendo respectivamente 3.230 psi e 3.340 psi. Essas pressões são significativamente maiores
que a pressão de reservatório inicial, 1.800 psi (Nadeson et al., 2004).

Estudos de laboratório indicaram uma vaporização significativa de 15% do stock tank


oil com o CO2 puro. Porém, baseado na equação de estado, a vaporização é estimada entre 2 a
5% na pressão de operação do reservatório de 1.400 a 1.800 psi sobre a reinjeção do gás
produzido.

81
Em vista das questões apresentadas e dos custos, o processo de EOR escolhido foi de
injeção WAG imiscível envolvendo reinjeção do gás produzido contendo alto teor de CO2.

Conforme Nadeson et al. (2004), estudos em laboratório foram realizados com o


objetivo de se obter dados para avaliar o processo de injeção imiscível de WAG. A injeção de
água teve papel importante na recuperação de óleo, equivalente a 56,8% do óleo original in-
place. Dois ciclos de injeção de água e gás foram realizados em rápida sucessão. Em torno de
6,2% adicionais de óleo foram recuperados durante esse período. É provável que parte do óleo
tenha se vaporizado no gás. Acredita-se que ainda seja possível recuperar mais óleo
realizando-se injeção de água alternada com gás.

Seguindo os estudos laboratoriais, uma detalhada simulação de reservatório foi


realizada, primeiramente no ano de 1999 e posteriormente em 2001. Esses estudos foram
pontos de partida e a base para o planejamento e desenvolvimento do projeto piloto IWAG
(immiscible water alternating gas - processo WAG que ocorre de modo imiscível) no Campo
de Dulang.

4.4.3 Piloto IWAG

De acordo com o artigo de Nadeson et al. (2004), um ano foi dedicado para se
identificar os poços produtores e injetores adequados, assim como planejar o piloto e a planta.
Essa etapa incluiu uma engenharia para planejar as instalações requeridas, aquisição e análise
de dados (pressão, integridade dos tubos, completação e outros serviços de poços),
implementação da estratégia, monitoramento e avaliação das atividades.

A simulação WAG foi realizada adotando-se o modelo black-oil (não composicional)


com o intuito de estudar o incremento na produção de óleo comparado ao caso base (injeção
de água). Vários cenários foram criados utilizando todos os produtores e injetores existentes
na área. Um poço foi perfurado em 2001 e indicou as diversas complexidades geológicas que
necessitavam ser revisadas nas simulações e no plano do piloto. Ao todo são 6 (seis) poços
utilizados durante o processo WAG, sendo 3 (três) produtores. A Figura 4.22 demonstra a
disposição dos poços no Bloco S3.

82
Figura 4.22: Diagrama esquemático da estratégia IWAG no Bloco S3 (Nadeson et al., 2004)

Desafios na recuperação de óleo

Os três principais desafios destacados por Nadeson et al. (2004) são:

1- Drenar óleo da região mais alta do poço em um bloco com falhas;

2- Drenar óleo de reservatórios de baixa qualidade enquanto reservatórios de qualidade


superior aceitam melhor a injeção e contribuem de maior forma para a produção de óleo;

3- Drenar o óleo deixado pela injeção de água periférica no intervalo de reservatório


E12/13 e as piscinas de óleo no E14.

Objetivos do projeto piloto

 Verificar se IWAG vai contribuir para varredura no bloco selecionado;

 Quantificar a variação no fator de recuperação e os custos do projeto;

 Determinar se IWAG apresenta um custo benefício significativo para ser utilizado


como método de recuperação avançada no campo de Dulang;

 Obter informações que possam ser utilizadas para promover melhorias em projetos
futuro de WAG

Alguns testes são realizados antes da execução do projeto piloto. Esses testes têm
como objetivo:

1- Informar a performance dos poços;

2- Indicar a capacidade dos poços de atuarem como injetores ou produtores;


83
3- Exibir a injetividade de gás e água;

4- Definir a conectividade do reservatório – dos injetores aos produtores.

4.4.4 Estratégia IWAG

A viabilidade econômica do projeto anterior ao WAG era prevista para até 2013.
Baseado nos resultados das simulações, a injeção de gás se mostrou mais eficiente no
deslocamento do óleo em zonas mais espessas (E12/13), enquanto a injeção de água obteve
melhores resultados em áreas menos heterogêneas e mais permeáveis (E14). Uma combinação
dos poços A10 e A29 injetando alternadamente 3.500 bbl/d de água e 3 MMscf/d de gás com
ciclos de três meses, injeção de gás no poço A14 (1 MMscf/d) e com atuação da injeção
continua de água no poço A31 foi considerado favorável (Nadeson et al., 2004). O gráfico da
Figura 4.23 apresenta três curvas comparativas dos cenários.

Figura 4.23: Incremento na recuperação de óleo esperada pela simulação (Modificado da fonte Nadeson et al.,
2004)

4.4.5 Implementação da Estratégia

A execução do IWAG no campo de Dulang envolve reinjeção de gás produzido,


tratamento da água do mar para se tornar adequada para injeção e ainda promover
recuperação adicional de óleo.

A aplicação do método de recuperação avançada possibilita o uso de traçadores. Um


total de seis diferentes tipos de traçadores foi injetado com o objetivo de:

1- Identificar a comunicação das falhas e canais;

2- Identificar fontes de produção de água e gás nos produtores;


84
3- Calibrar os simuladores baseados no tempo de erupção dos traçadores;

4- Verificar a contribuição dos injetores.

Operação

A aquisição de dados de pressão foi fundamental para definir o grau de comunicação e


a pressão máxima admissível entre o Bloco 3 e os adjacentes, assim como determinar o
desempenho de cada reservatório e a integridade/condições dos tubos e dutos.

Monitoramento

O monitoramento consiste no acompanhamento frequente da injeção e produção de


fluidos (RGO, RAO, Corte de água e vazão de óleo) para cada poço, análise da performance
de cada compressor (vazões, pressões de sucção e descarga, e temperatura) e verificação da
composição de óleo, gás e água.

É necessário também verificar periodicamente a injetividade do gás e da água, a


corrosão e a erosão provocada pelo CO2, a produção de areia e os problemas operacionais. O
acompanhamento contínuo de todos os poços injetores e produtores é necessário para garantir
a efetividade do gás injetado.

É fundamental a manutenção da pressão através do balanço entre volumes injetados e


produzidos. Se o volume injetado não for suficiente para preencher os espaços porosos
criados, a pressão e a vazão de produção do óleo diminuirão e o avanço do gás dissolvido
também reduzirá a produção. Por outro lado, se ocorrer uma injeção excessiva, haverá uma
pressurização exagerada podendo provocar perda de óleo móvel em regiões improdutivas,
como capa de gás, e em casos extremos até mesmo perder fluido injetado para formação
(através de fraturas).

4.4.6 Desempenho IWAG

A injeção iniciou-se em novembro de 2002, com o poço A29 injetando água, o poço
A14 injetando gás e o A10 injetando gás nos reservatórios E12/13 e no E14 de forma
misturada. Traçadores radioativos e químicos foram injetados em fevereiro de 2002.

85
Desempenho dos produtores: antes e após o IWAG

Poço A2:

Segundo Nadeson et al. (2004), esse poço produzia com elevados teores de BS&W
antes do processo IWAG. Apenas os intervalos do E12/13 estavam abertos para produção em
Agosto 2002. As vazões de produção giravam em torno de 10 bbl/d e o corte de água era de
95%. Em Novembro de 2002, a injeção de gás foi iniciada nos poços A10 e A14. O poço
passou a produzir entre 100 a 300 bbl/d, conforme exibido na Figura 4.24. A pressão nesse
poço estava em torno de 1.450 psi comparado a 1.385 psi antes da injeção.

Figura 4.24: Vazão de óleo pelo tempo, Poço A2 (Modificada de Nadeson et al., 2004)

Poço B16:

Esse poço iniciou a produção em Agosto de 2002, produzindo a partir dos


reservatórios E12/13/14. Entre Agosto e Novembro, a vazão de óleo declinou de 405 para 105
bbl/d e a RGO aumentou de 2.700 para 4.500 scf/stb. Durante o mesmo período, o corte de
água foi de 50 para 80%. A injeção dos poços A10 e A14 teve início em Novembro de 2002,
logo após a injeção foi observado um incremento na pressão e na vazão de óleo (300 bbl/d).
Foi observada também uma redução na RGO para 2.200 scf/b e no corte de água que passou a
ser em torno de 70%. Entre Janeiro e Março de 2003, a RGO voltou a aumentar, passando

86
para 3.000 scf/stb. Os traçadores injetados no A10 foram detectados no gás produzido em
Junho de 2003, indicando comunicação entre o A10 e o B16, encerrando a dúvida sobre o
B16 estar isolado em um compartimento da formação. O gráfico da Figura 4.25 apresenta o
comportamento da produção nesse poço.

Figura 4.25: Vazão de óleo pelo tempo, Poço B16 (Modificada de Nadeson et al., 2004)

Poço B5:

Esse poço começou a produzir água a partir de 2001 e após esse fato, houve uma
queda significativa na vazão de produção. Em Novembro de 2002, após o início da injeção de
gás no A10, a produção no B5 estava em torno de 350 bbl/d, a RGO equivalente a 2.000
scf/stb e com um corte de água de 60%. Durante o primeiro quadrimestre de 2003, o foi
observado um pequeno incremento na produção e um leve declínio na RGO, provavelmente
devido à pressurização causada pela a injeção. Até Setembro de 2003 não havia sido
observada a presença de traçadores (Nadeson et al., 2004). A Figura 4.26 apresenta o gráfico
da produção do B5 antes e depois do processo IWAG.

87
Figura 4.26: Vazão de óleo pelo tempo, Poço B5 (Modificada de Nadeson et al., 2004)

Lições aprendidas

Por ter sido o primeiro projeto piloto implementado pela PETRONAS na Malásia,
algumas lições foram aprendidas:

1- Piloto deve estar em um ambiente controlado;

2- Os dados do pré-piloto devem ser utilizados para interpretação;

3- Uma interpretação geológica correta do reservatório é fundamental;

4- Falhas devem ser corretamente modeladas;

5- Uma equipe multidisciplinar para EOR é requerida;

6- Integração das instalações e acompanhamento das atividades e das pessoas é


necessário para o sucesso no monitoramento.

4.4.7 Conclusões sobre a realização do Piloto no Campo de Dulang – Malásia:

 O projeto piloto foi projetado, planejado e executado pela PETRONAS;

 Durante 4 anos a equipe desempenhou trabalho de estudos em busca da melhor


execução do piloto e para avaliar a performance do projeto no Campo, levando em
consideração:

a. A seleção da área candidata;

88
b. A integração dos estudos no laboratório;

c. Realização da modelagem geológica e geofísica;

d. Realização da simulação de reservatório;

e. Simulação numérica do processo IWAG;

f. Monitoramento utilizando traçadores químicos e radioativos;

g. Integração de perfis e dados operacionais com os resultados dos traçadores para se


otimizar o processo IWAG;

 A injeção de traçadores proporcionou um melhor entendimento das interações entre os


poços e possibilitou uma alta transmissibilidade de fluido entre os poços;

 Os estudos de simulação indicou que o IWAG pode aumentar a recuperação de óleo


em 7% do VOIP comparado à injeção de água no campo de Dulang no bloco 3;

 Respostas positivas foram observadas em relação ao incremento da vazão de óleo e


redução das taxas de água e gás nos poços A2 e B5;

 Lições aprendidas são valiosas e poderão ser utilizadas em projetos de EOR futuros;

 Uma expansão do projeto WAG é proposta e uso de técnicas de recuperação avançadas


de óleo são consideradas promissoras no futuro para o campo todo de Dulang.

4.5 Campo E - Oeste da África

Segundo Choundhary et al. (2012), o Campo E está localizado no Oeste da África.


Esse campo foi descoberto em 2001. O poço exploratório encontrou areias turbidíticas
oleaginosas do Campaniano (acima da idade do cretáceo). Vários poços exploratórios e de
avaliação foram perfurados, identificando múltiplas acumulações de óleo.

O Campo E possui reservatório a uma profundidade de 32.808 ft e uma lâmina d’água


de 213 ft. Mapas sísmicos identificaram dois cânions sinuosos, conforme exibido na Figura
4.27. O cânion mais ao Nordeste é onde o Campo E está posicionado. O campo possui
diversas falhas e que agem como defletores para o fluxo do fluido. A trapa no Campo E é
essencialmente estratigráfica com algumas falhas estruturais nas interseções.

89
Figura 4.27: Presença de cânions na região do reservatório (Choundhary et al., 2012)

O contato óleo-água foi definido no poço de avaliação a 3.989 ft. Não foi observada
presença de gás livre nos poços do campo. A pressão inicial a profundidade de referência
(datum = 3.445 ft) era em torno de 1.591 psi.

O Campo E é subdividido verticalmente em zonas ou unidades definidas pelas


superfícies limitantes de erosão. Dentro de cada zona, eventos sísmicos definiram
individualmente os arenitos e as fácies associadas. Arenitos podem estar isolados ou
desconectados devido a truncamentos de erosão entre as zonas, mudanças de fácies dentro do
elemento geológico do reservatório e/ou falhas. Eventos de erosão podem aumentar a
conectividade. A maioria dos elementos geológicos do reservatório parece estar comunicados
baseado no desenvolvimento da perfuração (Choundhary et al., 2012).

Propriedades do fluido e do reservatório do Campo E são exibidos na Tabela 4.6.

Tabela 4.6: Dados de fluido e de reservatório (Adaptado de Choundhary et al., 2012)

Dados de Fluido e Reservatório


Porosidade (%) 25
Permeabilidade (mD) 1250
Saturação média de água (%) 16
Pressão Inicial (psia) 1591@3445 ft tvd
Pressão de bolha (psia) 951- 1031
RGO (scf/stb) 210 -230
API do óleo 25 - 31
Viscosidade do óleo (cp) 1.5 - 2

As características do óleo variam com a profundidade, podendo apresentar grau API


de 25° em seções profundas a 31° em profundidades menores. A viscosidade do óleo varia de
90
1,5 a 2 cp. O Campo E possui uma razão de mobilidade levemente adversa resultando em uma
eficiência de varrido abaixo da ideal, indicando assim uma oportunidade de se buscar
melhorias por outros métodos além da injeção de água.

O Campo E é produzido e desenvolvido a partir da Instalação de Processamento


Central (IPC) e de três plataformas satélites, conforme a Figura 4.28. Atualmente existem 15
poços produtores e 6 injetores ativos.

Figura 4.28: Localização dos poços e das plataformas (Choundhary et al., 2012)

A produção começou em Dezembro de 2006 e a injeção de água foi iniciada em Abril


de 2007. Alguns meses após o começo da injeção de água, alguns produtores apresentaram
desenvolvimento no valor do corte de água. O Campo E está sendo operado estrategicamente
sob uma combinação balanceada para manutenção da pressão e da depleção objetivando
máxima recuperação de óleo. Para maximizar as reservas, elementos chave de gerenciamento
do campo tem sido adotados, por exemplo, conservação da energia do reservatório, aplicação
de artificial lift, monitoramento do reservatório e balanço de injeção.

Mesmo com esforços para gerenciamento do reservatório, de acordo com Choundhary


et al. (2012), o Campo E apresenta diversos desafios que precisam ser solucionados:

1- Estratégia de utilização de gás em longo prazo e redução da queima;

2- Reposição dos poros deixados livres pela a capacidade de água injetada;

3- Melhoria na eficiência de varrido.

91
A injeção de gás e a injeção WAG foram consideradas opções viáveis para solucionar
os desafios mencionados. A injeção WAG foi selecionada como escolha preferencial visto que
seria mais fácil de implantar exigindo menores modificações nas instalações existentes. Desse
modo, atingiria o objetivo principal de reduzir a queima de gás e proporcionando,
simultaneamente, o aumento na recuperação de óleo.

4.5.1 Aspectos chave do WAG e a aplicação no Campo

De acordo com Choundhary et al. (2012), a injeção de gás deve ser projetada para ser
um processo de deslocamento estável em relação à atuação da segregação gravitacional. Para
um deslocamento gás-óleo estável ao efeito da gravidade, tanto para condições miscíveis
quanto imiscíveis, é necessário uma combinação da injeção, baixa viscosidade do óleo (menor
que 2 cp), alta permeabilidade vertical (geralmente maior que 1.000 md), baixa ou moderada
taxas de fluxo e baixa queda de pressão que não são prováveis de ocorrer em ambientes de
reservatório.

Injeção WAG é um método comumente usado para evitar uma chegada rápida de gás
nos poços produtores (erupção) e para reciclagem de grandes volumes de gás devido à alta
mobilidade relativa (baixa viscosidade) do gás. Segundo Christensen et al. (2001), o processo
pode ser classificado como WAG miscível (MWAG), WAG imiscível (IWAG) e WAG
simultâneo (SWAG – a injeção de gás e água no poço ocorre ao mesmo tempo, porém não é
comum). Os objetivos principais tanto da injeção WAG miscível quanto a imiscível são
fornecer controle de mobilidade, melhorar a eficiência de varrido volumétrica e minimizar
efeitos gravitacionais.

Projeto Piloto do WAG

Conforme Choundhary et al. (2012), durante a fase de design do piloto WAG havia
cinco poços injetores no Campo E. Dois desses poços, A1i e A3i, localizados na plataforma
satélite (SAT A) não possuíam linha de injeção de gás, portanto, foram excluídos do cenário
WAG. Três injetores da SAT B (B5i, B6i e B9i) foram considerados injetores do piloto WAG.

Todos os três injetores da plataforma SAT B podem injetar em múltiplas zonas e


suportam diversos produtores. A consideração principal para a triagem era minimizar os

92
impactos negativos devido à injeção WAG na produção existente. Os poços foram testados
baseado nos seguintes critérios:

1. Número de produtores influenciados por cada injetor e a vazão total de óleo associada;

2. Taxa de injeção de gás necessária para corresponder à injeção de água;

3. Estimativa do incremento final na recuperação.

A Tabela 4.7 resume as variáveis relacionadas aos injetores. A injeção WAG no B9i
proporcionou o maior incremento de óleo. Entretanto, considerações de outros riscos e
disponibilidade limitada de alta pressão para o gás determinaram a opção pelo poço B6i como
piloto WAG. O Campo E tem apenas um compressor de gás de alta pressão com capacidade
de 16 MMcf/d. Aproximadamente 10 MMcf/d de gás de alta pressão são necessários para o
gas lift, restando apenas 6 MM cf/d disponíveis para o WAG.

Tabela 4.7: Possíveis candidatos a serem injetores WAG (Adaptado de Choundhary et al., 2012)

Candidatos WAG

Variáveis B5i B6i B9i

Número de produtores impactados 3 2 4

Vazão de óleo (stb/d) 11400 7500 17700

Taxa de injeção de água (Rb/d) 17000 6000 13000


Taxa equivalente de injeção de gás
8817 3112 6743
(MSCF/d)
Incremento (normalizado em relação ao
1 1,5 4,4
B5i)

Conforme a Figura 4.29, a conversão do B6i em injetor WAG iria requerer apenas 3
MMcf/d para repor o volume de injeção de água, que é bem menor comparado aos outros
poços. Além disso, o B6i influencia apenas 2 (dois) poços produtores com uma vazão total
associada de 7.500 bbl/d, consequentemente possui menores riscos da ocorrência de uma
erupção precoce de gás ou da perda de injetividade da água (Choundhary et al., 2012).

93
Figura 4.29: Taxa de injeção de água e os valores equivalentes para injeção de gás (Choundhary et al., 2012)

4.5.2 Resultado da sensibilidade

Um ajuste histórico do campo inteiro foi realizado no modelo de simulação para a


análise de sensibilidade. A análise foi feita com diferentes vazões de injeção de gás e
durações do ciclo WAG para otimizar o ganho de óleo. Os resultados são mostrados na Figura
4.30.

Figura 4.30: Taxa de injeção de gás e os períodos sensitivos dos ciclos (Choundhary et al., 2012)

A taxa de injeção de gás de 6 MMcf/d e o ciclo WAG de 15 dias originaram o melhor


incremento na recuperação de óleo, logo, foi o cenário escolhido para determinar os
parâmetros do piloto WAG.
94
Previsão dos resultados

Segundo Choundhary et al. (2012), a RGO do Campo e o corte de água previsto como
resultado da injeção de gás a uma taxa de 6 MMcf/d durante o ciclo de 15 dias é exibido na
Figura 4.31. Os resultados do modelo indicaram erupção do gás no produtor B1 em 199 dias e
a RGO com valores crescentes. O modelo também indicou que aproximadamente 50% do gás
injetado seriam reciclados e em torno de 50% ficaria no reservatório, cumprindo parcialmente
os objetivos primários de armazenamento de gás e da redução na queima.

Figura 4.31: Resposta da variação da RGO e do corte de água (Choundhary et al., 2012)

A Figura 4.32 exibe o impacto da injeção WAG no corte de água e na vazão de


produção do óleo no produtor B1. O corte de água no poço B1 era esperado ser reduzido em
5% e a vazão de produção do óleo diminuiria de forma suave, indicando a melhoria na
eficiência de varrido. A recuperação adicional devido à injeção WAG no B6i foi estimada em
uma faixa de 0,5 a 2 MMbbl dependendo da duração da injeção. Para o cenário apresentado, a
razão de utilização do WAG estimada foi de 9,4 Mcf de gás injetado para cada 1 bbl no
incremento de óleo. De acordo com Awan et al. (2006), seis projetos WAG, sendo 4 IWAG e
2 MWAG, apresentaram razões de 4 a 25 Mcf/bbl no incremento de óleo e uma média de 10,8
Mcf/bbl.

Figura 4.32: Impacto da injeção WAG no corte de água e na vazão de produção do B1 (Choundhary et al.,
2012)
95
De acordo com Choundhary et al. (2012), com os resultados do modelo indicando
mais de 50% do gás injetado sendo mantido no reservatório (consequente redução na queima
de gás) e sem impactos negativos na recuperação geral do campo ou na produção de óleo nos
poços, a decisão foi tomada em converter o B6i em injetor WAG e monitorar de perto a
performance dos produtores (B1, B2 e B7).

4.5.3 Implementação do Piloto WAG

A conversão do injetor de água B6i em injetor WAG exigiu algumas modificações nas
instalações existentes. A plataforma SAT B tem manifold de injeção de alta pressão de gás.
Uma linha de 4 polegadas para injeção de gás foi adicionada do manifold ao poço. A
conversão do B6i também requereu a instalação de válvula no poço para permitir a troca da
injeção de alta pressão de gás para baixa pressão de água (Choundhary et al., 2012).

Uma preocupação foi sobre a situação após a injeção de gás em alta pressão, onde não
teria pressão de injeção de água suficiente para vencer a alta pressão do gás e reestabelecer a
baixa pressão de injeção de água. A instalação da válvula proporcionou duas opções para
reestabelecer a injeção de baixa pressão da água. A primeira opção seria aliviar a pressão do
gás existente acima da válvula para uma pressão menor que a necessária para injeção de água
antes de realizar a troca de gás para água. Outra opção seria injetar água sob alta pressão no
poço e posteriormente mudar para baixa pressão.

Foi realizada uma avaliação de risco que indicou que seria mais seguro ter uma linha
de alta pressão para água do que ter uma linha de ventilação de gás de alta pressão
percorrendo do poço ao manifold de produção. Portanto, optou-se pela opção de alta pressão
de água através de uma linha de injeção de 1 polegada.

O início da injeção WAG e a mudança da água para injeção de gás não teve problemas
operacionais. O poço B6i estava apto para injetar à taxa de gás planejada de 6 MMcf/d.
Porém, alguns problemas associados à inversão da injeção de gás para água foram relatados.
Segundo Choundhary et al. (2012), imediatamente após a troca do fluido injetado (gás para
água), o poço mostrou menor injetividade de água. Uma menor vazão de água inicial poderia
ser atribuída à redução na injetividade da água que seguiu imediatamente a injeção de gás,
sendo que o gás apresentava altas saturações nas áreas próximas ao poço. Não foram
observados outros grandes problemas com o WAG no B6i e tudo prosseguiu conforme o
planejado.
96
Plano de monitoramento do Piloto WAG

De acordo com o artigo de Choundhary et al. (2012), um plano detalhado de


monitoramento foi desenvolvido para acompanhar o processo do piloto WAG. Um dos
objetivos principais do piloto WAG era explorar oportunidades de armazenamento de gás com
o menor impacto na produção de óleo. O plano foi projetado para incorporar o plano de
mitigação para prevenir qualquer impacto adverso e para analisar o potencial de expansão do
método WAG para outros injetores, caso o resultado fosse positivo.

O plano envolvia o monitoramento da performance dos produtores adjacentes B1, B2


e B7 em relação à RGO e à tendência do corte de água. O monitoramento da RGO foi
essencial para a equipe estar apta em detectar e prontamente reagir à erupção precoce de gás.
O corte de água no B1, B2 e B7 foi monitorado para capturar impactos positivos do WAG.
Corte de água com valores baixos ou constantes podem ser uma indicação que o gás injetado
está mobilizando o óleo e aumentando a recuperação.

Anterior ao início da injeção WAG, testes foram realizados nos poços da proximidade
(B1, B2 e B7). Todos os poços estavam apresentando incremento no corte de água e uma
RGO constante, conforme a Figura 4.33 e Figura 4.34. A frequência de testes nos poços foi
aumentada de uma para duas vezes ao mês.

O uso de traçadores no gás para monitorar a erupção também foi discutido, porém não
foi utilizado pelas seguintes razões:

 O Campo E possuía um programa de traçadores da água em andamento para


determinar a conectividade entre o B6i e produtores adjacentes;
 Além dos dados dos traçadores, dados de pressão medidos no fundo do poço em
cada produtor seriam utilizados para determinar a conectividade dos poços.

Como resultado, a equipe não poderia justificar o valor adicional para o uso de
traçadores no gás, visto que são caros e logisticamente desafiadores (Choundhary et al.,
2012).

A equipe de monitoramento era composta por membros de diferentes formações, por


exemplo, geólogos, engenheiro de reservatório, engenheiro de produção. A execução do plano
de monitoramento teve uma abordagem multidisciplinar capaz de:

1- Garantir bom controle das taxas de injeção e a duração dos ciclos;

2- Acompanhar o plano de aquisição de dados;


97
3- Analisar as respostas observadas;

4- Implantar mudanças operacionais necessárias.

O engenheiro de reservatório é responsável por acompanhar os testes de poços e


reportar para a equipe ao menos uma vez ao mês. O plano de mitigação é para finalizar o
piloto WAG em caso de erupção inesperado de gás ou fechamento do produtor afetado. Por
outro lado, se os resultados fossem o esperado ou acima do previsto, por exemplo, em casos
com os produtores apresentando baixo corte de água ou nenhuma erupção inesperada de gás,
o plano seria continuar com injeção WAG no piloto e considerar uma possível expansão do
projeto para outros injetores.

4.5.4 Desempenho do Piloto WAG

O piloto WAG no B6i teve início em Junho de 2009 e o desempenho foi monitorado
rigorosamente para detectar qualquer resposta (Choundhary et al., 2012). A Figura 4.33 exibe
a performance do produtor B1 para o período avaliado de sucesso no projeto, levando-se em
consideração alguns meses antes do início do piloto WAG até Setembro de 2010. A injeção
WAG B6i continuou na taxa de vazão e nos períodos dos ciclos projetados.

Figura 4.33: Histórico de produção do poço B1 (Choundhary et al., 2012)

A Figura 4.33 exibe uma suave tendência de aumento da RGO e uma vazão de
produção de óleo com declínio pequeno. As curvas apresentadas nesse gráfico apresentam
valores melhores que os resultados obtidos da simulação. O tempo da erupção do gás
observado no B1 foi estimado em 170 dias, enquanto a RGO estava acima do inicial.

98
A redução no declínio da produção de óleo pode ser observada na Figura 4.34
sugerindo uma melhoria na eficiência de varrido devido à injeção WAG. O declínio anterior
ao método WAG era de 55% e um ano após o WAG, a taxa de declínio caiu para menos de
25%. O incremento de óleo estava estimado em aproximadamente 60 Mbbl a partir de 900
MMcf de gás injetado durante o piloto WAG (até Setembro de 2010). Esses valores
representam uma razão na utilização de gás de 17 Mcf/bbl, enquanto alguns projetos na
indústria estão na faixa de 4 a 25 Mcf/bbl.

Figura 4.34: Mudança na curva de declínio (Choundhary et al., 2012)

Expansão do WAG

Segundo Choundhary et al. (2012), ao monitorar o desempenho do piloto WAG B6i


por mais de um ano apresentado resultados positivos, a confiança da utilização desse método
de recuperação avançada aumentou e estudos foram iniciados com o intuito de expandir o
projeto para outros injetores. Baseado nas triagens anteriores, B9i foi selecionado como
segundo candidato para conversão em injetor WAG. O modelo de simulação foi atualizado
com os dados adicionais do histórico, incluindo os resultados do WAG. A análise sensitiva foi
realizada para otimizar a taxa de injeção de gás e o período dos ciclos. Os estudos sugeriram
uma taxa de injeção de 15 MMcf/d e um período de ciclo de 15 dias. Devido à limitação na
disponibilidade de gás de alta pressão, apenas 6 MMcf/d poderia ser injetado no B9i. O
desempenho dos produtores foi monitorado para verificar a erupção de gás e mudanças no
corte de água.

Resultados preliminares da expansão WAG no B9i são exibidos na Figura 4.35.

99
Figura 4.35: Histórico de produção do poço B2 (Choundhary et al., 2012)

Desde a expansão do WAG para B9i, os resultados foram considerados positivos.


Existem indicações que a RGO no B2 possui uma resposta similar ao observado no B1. O
corte de água e a vazão de óleo indicaram uma melhora na eficiência de varrido devido ao
WAG.

De acordo com Choundhary et al. (2012), decisões futuras sobre a expansão WAG
dependem no plano em longo prazo da disponibilidade de gás de alta pressão tanto para o gas
lift quanto para a injeção alternada. As instalações de compressão estão limitadas em apenas
16 MMcf/d de gás, que é dividido para o sistema de gas lift e para a injeção WAG. Futura
expansão do WAG iria requerer capacidade adicional de injeção de alta pressão, exigindo
assim, modificações na planta e investimentos.

4.5.5 Conclusões sobre a realização do Projeto Piloto no Oeste da África:

 A conversão do injetor de água B6i em injetor WAG foi bem sucedida na redução da
queima de gás e na recuperação incremental de óleo no Campo offshore E, localizado no
Oeste da África.

 A previsão da razão de utilização do gás (9,4 Mcf/bbl) e reciclagem do gás


(aproximadamente 50%) desse projeto estão em concordância com outros estudos de caso.

100
 Devido ao sucesso do piloto WAG B6i, o poço B9i também foi convertido em injetor
WAG após resultados preliminares.

 O design do piloto WAG, a implantação e o monitoramento necessitaram uma


abordagem multidisciplinar. Uma boa comunicação com entre as equipes é uma chave
importante para o sucesso.

 Os resultados do WAG foram mais otimistas que os indicados nos modelos de


simulação.

 Ambos os testes WAG exigiram modificações mínimas nas instalações e investimentos


de capital.

 Futura expansão WAG pode ser considerada, porém necessitará maiores modificações
na planta e maiores custos serão gerados.

5 Utilização do método WAG no Brasil

Diversos campos utilizaram tecnologias baseadas em experiências com injeção de CO2


de forma bem sucedida. É sabido que métodos de recuperação avançada com uso de CO2
aumentaram a produção de óleo em reservatórios offshore já em fase de depleção (Pizarro e
Branco, 2012).

Essa técnica muitas vezes não é adotada devido à inviabilidade logística de se fornecer
dióxido de carbono para a planta ou pelo custo no fornecimento. Alguns projetos se tornam
economicamente viáveis devido à possibilidade da captura de carbono de plantas de geração
de energia elétrica próximas aos campos. Além disso, outra grande fonte de CO2 pode ser o
fluido presente no reservatório, como por exemplo, em campos do pré-sal brasileiro ou no
Campo de Dulang, na Malásia, onde o gás produzido é rico em dióxido de carbono.

Estratégias de explotação dos reservatórios de petróleo localizados em campos


offshore ultraprofundos apresentam diferenças quando comparados aos campos onshore.
Como os campos offshore são geralmente maiores que os onshore, os recursos remanescentes
após a recuperação convencional são consideráveis (Bondor et al., 2005). Porém, as restrições
e os altos custos por se tratar de campo marítimo implicam em riscos econômicos e técnicos
adicionais.

101
A complexidade para implantar projetos de recuperação avançada em campos de águas
ultraprofundas é bem grande. Como os investimentos são elevados, mais aquisições de dados
e avaliações são necessárias para diminuir as incertezas e mitigar os riscos associados antes de
sancionar o projeto. Entretanto, devido aos altos custos, usualmente as informações de
aquisição são equilibradas adotando-se certos riscos ou adicionando-se flexibilidades ao
projeto. Esse contexto torna desafiador a implantação de um projeto EOR. Geralmente,
métodos especiais de recuperação exigem instalações adicionais que necessitam ser bem
planejadas, especialmente em plataformas por possuírem limitações de espaço, peso e altura
dos equipamentos. Existem grandes incertezas relacionadas às propriedades do reservatório,
especialmente em carbonatos, pois apresentam alto grau de heterogeneidade.

5.1 Ambiente do Pré-sal na Bacia de Santos

Segundo Pizarro e Branco (2012), o Campo de Lula foi descoberto pela Petrobras em
2006 e é considerado como um dos gigantes no Brasil. A área conhecida como Pré-sal da
Bacia de Santos está localizada em águas ultraprofundas, com lâminas d’água entre 5.905 e
7.874 ft e aproximadamente a 186 mi da costa do Rio de Janeiro. A Figura 5.1 exibe o Campo
de Lula e outros campos do pré-sal na Bacia de Santos que se encontram em fase de
desenvolvimento.

Figura 5.1: Localização do Campo de Lula (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)

A geologia estrutural foi formada há aproximadamente 160 milhões de anos, quando a


houve a separação do supercontinente Gondwana, dando origem aos continentes da África e
América. A fase de rift criou condições para a deposição de sedimentos entre os dois

102
continentes. Como a separação continuou a correr e a água do oceano começou a preencher os
espaços, criou-se um ambiente de alta salinidade e baixa energia, propiciando o crescimento
de colônias de bactérias especiais. A secreção desses microrganismos, juntamente com a
precipitação de sais de carbonato, criaram-se núcleos para formar rochas carbonáticas,
conhecidas como microbiolitos.

Posteriormente, devido às severas mudanças climáticas na Terra, o sal que estava


dissolvido no mar, em um ambiente de baixa energia, precipitou. Assim, foi formada a
camada de sal com grande capacidade selante para a migração de hidrocarbonetos oriundos
dos reservatórios microbiolitos. A Figura 5.2 exibe a geologia estrutural do pré-sal.

Figura 5.2: Ambiente do Pré-sal na Bacia de Santos (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)

De acordo com Pizarro e Branco (2012), a descoberta do Campo de Lula se deu em


2006 através da perfuração do poço 1-RJS-628A. Esse poço foi testado e produziu óleo com
API de 28° e uma razão de gás óleo de 240 scf/stb. O reservatório está localizado abaixo da
camada de sal de espessura aproximada de 6.561 ft.

Em julho de 2007, o poço de avaliação 3-RJS-646 foi perfurado em uma posição de


6,21 milhas ao Sul do poço descobridor. Esse poço confirmou os resultados anteriores e
indicou características de reservatório ainda melhores que as encontradas pelo poço 1-RJS-
628. Como passo seguinte, o plano de avaliação de descoberta (PAD) foi instaurado,
incluindo perfuração de outros poços, realização de diversos testes de curta duração (TCD) e
execução de sísmica com alta resolução.

No geral, Lula apresenta um óleo com API entre 28 e 30°, alto RGO (200 a 300
scf/stb). Assim como em outros reservatórios carbonáticos, o gás apresenta CO2 na sua
composição. A quantidade de dióxido de carbono varia de 8 a 15%. A Petrobras é a operadora
103
e possui 65% da participação no campo. O Grupo BG E&P possui 25% e a Petrogal Brasil
conta com os 10% restantes (Pizarro e Branco, 2012). Alguns poços perfurados na área são
apresentados no mapa da Figura 5.3.

Figura 5.3: Alguns dos poços perfurados no Campo (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)

A estratégia de desenvolvimento considera sistemas de produção flexíveis para operar


em diferentes cenários. Grande parte dessa flexibilidade está ligada à implementação de
métodos de recuperação avançados. Para antecipar informações dinâmicas que vão permitir
otimizações no design dos sistemas de produção e nas estratégias de recuperação, a Petrobras
e as outras concessionárias optaram por realizar testes de longa duração (TLDs) e sistemas
Piloto.

Em Maio de 2009 foi instalado na área de Lula o FPSO (Floating Production Storage
and Offloading) Cidade de São Vicente, ancorado em lâmina d’água de 7.086 ft e em torno de
174 mi da costa. Aproximadamente 15.000 bbl/d são produzidos em média por um poço com
restrições. Ao final de 2010, o bloco BM-S-11 teve a comercialidade declarada para a
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

5.2 Conceito do desenvolvimento em fases

O desenvolvimento de cada área do pré-sal consiste em:

1- Testes de longa duração para avaliar o comportamento na produção dos poços;

104
2- Pilotos de produção para testar o desempenho dos métodos de recuperação;

3- Sistemas definitivos para produções de grande escala, incorporando os conhecimentos


adquiridos nas fases anteriores.

Segundo Pizarro e Branco (2012), o desenvolvimento em fases objetiva diminuir os


riscos progressivamente, otimizar o sistema de produção e também equilibrar os gastos com
as receitas. Naturalmente, com a ampliação dos conhecimentos e da confiança, menores
valores serão destinados aos pilotos e TLDs. É notável que as operações dos projetos pilotos
forneçam informações valiosas para futuros métodos de recuperação, por exemplo, a injeção
alternada (WAG).

5.2.1 O desenvolvimento do Campo de Lula foi divido em três fases

Fase 0 – Aquisição de informações: essa fase consiste na perfuração de poços de


avaliação, retirada de testemunhos do reservatório, análise de perfis, testes de laboratório e
coleta de fluidos, aquisição e interpretação de sísmica de alta resolução, testes de poços,
avaliação de poços de diferentes geometrias, testes de diferentes técnicas de simulação de
reservatórios e análise da garantia de escoamento.

Nessa etapa, alguns projetos foram implantados, destacam-se:

1- Teste de longa duração no poço RJS-646 em Maio de 2009. O potencial de produção


do teste era de 23.000 bbl/d, porém foi limitado a 15.000 bbl/d devido ao valor de queima
permitido pela regulação brasileira;

2- O segundo TLD na área Nordeste do campo foi realizado em Novembro de 2011. Os


resultados forma similares ao obtido no primeiro teste, porém com informações adicionais
sobre o reservatório;

3- O Piloto de Lula, no qual o FPSO afretado foi projetado para produzir 100.000 b/d,
iniciou a operação em Outubro de 2010 com um TLD no poço P1.

Fase 1A – Desenvolvimento definitivo com soluções convencionais: essa fase


ocorrerá no período de 2012 a 2017 e compreenderá a implantação de um FPSO adicional
afretado para atuar como piloto de produção em Lula Nordeste, com o primeiro óleo para
2013 e objetivando avaliar a expansão do Piloto de Lula com o desempenho da injeção de
água, de gás e alternada (WAG). No processo WAG, o gás pode ser de hidrocarboneto,

105
proveniente da produção, ou CO2 originalmente contido no gás associado, separado na planta
de processamento do FPSO. Essa fase incluirá também a implantação de outros FPSOs no
Campo.

Fase 1B – Desenvolvimento definitivo com soluções não convencionais em larga


escala: nessa fase o objetivo é aplicar soluções não convencionais em grande escala, para
completar o desenvolvimento do pré-sal, objetivando redução nos custos e o aumento na
produção de óleo. Provavelmente unidades serão empregadas para atender as necessidades,
bem como uma ampla aplicação de processos EOR baseados no WAG com gás
hidrocarboneto e no WAG com CO2.

5.3 Aspectos técnicos importantes

Avaliação Dinâmica: a análise do fluxo no reservatório pode ser feita através dos
testes de curta duração, geralmente com um curto período de produção (menos de 72 horas) e
também por meio dos TLDs que consiste em uma operação com produção por um período de
6 (seis) meses, analisando as taxas de vazão, temperaturas e as pressões de fundo e na cabeça
do poço.

Os TLDs são excelentes fontes de informações para o desempenho da dinâmica do


poço e do reservatório; aspectos do comportamento da produtividade, avaliação de danos e
garantia de escoamento podem ser estudados de forma mais aprofundada quando comparado
aos TCDs. Variação das propriedades dos fluidos, por exemplo, gradiente composicional,
também pode ser avaliada durante o TLD através do monitoramento da composição do óleo e
do gás produzidos. Além disso, quando se avalia poços de regiões próximas, é possível
analisar a conectividade lateral e vertical ao longo do reservatório através da interferência da
pressão. As informações adquiridas nos testes irão fornecer suporte para o plano de drenagem
e a estratégia de varrido no pré-sal.

Flexibilidade das unidades de produção: Segundo Pizarro e Branco (2012), as


unidades estão aptas para injetar tanto gás quanto água. Como os fluidos produzidos contêm
certa quantidade de contaminante CO2, desde o início do projeto piloto de Lula, a Petrobras e
as parceiras do BM-S-11 consideraram não ventilar o CO2 produzido juntamente com o gás
em solução. Para atingir esse objetivo, a planta de processamento deve ser equipada com um
106
complexo sistema de separação para remover o CO2 do gás de hidrocarboneto. A corrente de
dióxido de carbono é comprimida e reinjetada sob alta pressão no reservatório. A reinjeção da
corrente rica em CO2 poderá ser utilizada para o incremento da recuperação de óleo. Um
investimento significativo foi realizado na questão do desenvolvimento tecnológico, não
apenas para a planta de processamento de gás, mas também para o sistema submarino,
equipamentos e materiais do poço.

5.4 Razões para o EOR utilizando gás e critério da triagem

De acordo com Pizarro e Branco (2012), desde os estágios primários de


desenvolvimento do projeto no pré-sal, estudos foram realizados para avaliar as opções para
atingir uma alta recuperação econômica final nos campos. Em outras palavras, problemas no
EOR devem ser solucionados desde o início do ciclo. O principal fator para os esforços era a
presença de CO2 e a decisão estratégica de não ventilar esse contaminante, aliados à alta RGO
do fluido de reservatório.

Estudos preliminares da simulação de reservatório apresentaram que o fator de


recuperação de óleo poderia ser melhorado com a utilização de métodos secundários e
terciários. Injeção de água foi considerada como a opção lógica devido às razões econômicas
e técnicas. Esse é um método muito conhecido e extremamente usado pela Petrobras nos
campos offshore e que beneficiaria a eficiência de deslocamento devido à baixa viscosidade
do óleo. Entretanto, algumas medições da permeabilidade relativa água-óleo apresentaram
alta saturação de óleo residual. Essa característica poderia incentivar a aplicação de métodos
de recuperação avançados.

Estudos foram desenvolvidos e diversos métodos foram considerados. Devido às


variadas limitações offshore em termos de logística e de plantas para injeção de fluidos,
processos químicos foram desconsiderados. Consequentemente, métodos de recuperação
avançada em campos offshore nos reservatórios do pré-sal teriam que utilizar como vantagem
os recursos disponíveis no local: a água do mar e o gás (produzido e/ou importado).
Combinando os dois elementos, a injeção alternada de água e gás (WAG) poderia ser
eficiente.

O objetivo da injeção WAG é aumentar o varrido do gás injetado, principalmente


utilizando água para controlar a mobilidade do deslocamento e para estabilizar a frente de

107
avanço. A Figura 5.4 (do Relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos)
esquematiza o funcionamento do processo no reservatório.

Figura 5.4: Processo conceitual do WAG (DOE/NETL 2010)

Alguns estudos, como o apresentado por Christensen et al. (2001), indicaram que o
processo WAG apresentou melhores resultados de recuperação quando comparado à injeção
de água na maioria dos casos estudados. Os autores mencionaram também alguns problemas
comuns reportados, por exemplo, erupção precoce nos poços produtores, injetividade
reduzida, corrosão, precipitação de asfaltenos, formação de hidratos e parafinas.

A erupção precoce geralmente está correlacionada à pobre caracterização do


reservatório. Normalmente o fenômeno ocorre devido aos canais de preferência criados ou ao
deslocamento do fluido injetado sobre o óleo, onde a frente de avanço não empurra o óleo e
sim o ultrapassa. Para resolver isso, o plano é adicionar robustez ao modelo geológico através
do ajuste histórico das pressões e das produções do Piloto e do TLD, incluindo dados obtidos
do monitoramento da pressão e dos traçadores.

A injetividade tende a reduzir após cada ciclo devido ao fenômeno da histerese na


permeabilidade relativa. Em rochas carbonáticas, entretanto, alguns campos mostraram que a
injetividade aumentou devido à dissolução do carbonato ocorrida pela mistura entre a água e o
gás contendo CO2.

Problemas de corrosão devido à presença de CO2 no fluido original do reservatório


não são esperados desde que seja adotado o uso de ligas resistentes à corrosão nos poços de
Lula. Estudos foram realizados para solucionar os problemas da formação de hidratos e
asfaltenos. Em suma, informações adquiridas da fase Piloto irão fornecer a base para lidar de
forma bem sucedida com os prováveis problemas.
108
O WAG mais efetivo seria aquele onde o processo de miscibilidade se desenvolveria
nas condições predominantes do reservatório, onde o gás injetado formaria uma única fase
com fluido presente no reservatório (Pizarro e Branco, 2012). A condição de miscibilidade é
atingida dependendo da composição dos fluidos do reservatório e da profundidade do mesmo,
geralmente a mais de 6.561 ft. Maiores pressões e menores temperaturas favorecem a
miscibilidade. Também é importante a viscosidade do óleo, idealizada na faixa entre 1 e 10
cP. Em termos de permeabilidade do reservatório, o processo de injeção de gás pode ser
aplicado em uma variada faixa de valores, esperançosamente sem muita heterogeneidade para
evitar erupção precoce. Apesar do CO2 ser até melhor que o gás de hidrocarboneto para o
deslocamento miscível, o CO2 impõe dificuldades em termos de segurança, saúde, meio
ambiente e seleção de material.

Além dos aspectos clássicos, a eficiência do processo WAG poderia ser melhorada em
reservatórios contínuos, sem inclinações, no qual o óleo apresenta alto poder de inchamento e
baixa viscosidade na presença de gás injetado. Uma reduzida razão da permeabilidade vertical
sobre a horizontal também pode ajudar evitando grandes efeitos gravitacionais sobre o gás
injetado, aumentando o varrido.

Ao analisar o cenário de Lula, foi concluído que as condições de reservatório eram


compatíveis para a aplicação do método miscível e consequentemente o CO2 e a injeção de
gás foram selecionadas para futuras investigações no laboratório. A baixa temperatura do
reservatório (140 a 158 °F) e a alta pressão inicial permitiram previsões eficientes sobre o
processo miscível para deslocar o óleo através da corrente rica de CO2 e até mesmo de gás de
hidrocarboneto.

A decisão de considerar a injeção CO2 como potencial método de recuperação para o


Campo de Lula foi beneficiada pela concentração de CO2 existente nos fluidos do
reservatório, exigindo o uso de ligas metalúrgicas especiais nos produtores e injetores. Como
a concentração de CO2 é baixa, uma opção é selecionar uma região específica do reservatório
para desenvolver o WAG- CO2 ou para reinjetar todo o gás produzido, o que poderia ser feito
em toda extensão do reservatório.

Portanto, baseado nos estudos descritos por Pizarro e Branco (2012), experimentos
adicionais e estudos numéricos foram iniciados para investigar profundamente o potencial da
injeção miscível no campo.

109
5.5 Caracterização do reservatório

Conforme Pizarro e Branco (2012), a motivação inicial para desenvolver técnicas


capazes de descrever e incorporar toda a complexidade existente no reservatório de petróleo
surgiu quando os resultados estavam sendo analisados sobre um projeto de recuperação
avançada cujo comportamento divergiu do esperado. Desde 1978 até 1985, vários métodos de
recuperação foram implantados no mundo motivados pelo aumento do preço de óleo. Apesar
da maioria desses projetos terem tido a viabilidade testada em laboratório e simulações, os
resultados obtidos foram desmotivadores.

Atualmente, a indústria está mais preparada para gerar modelos com maior acurácia
sobre os processos de recuperação avançada de óleo em reservatórios de petróleo. Entretanto,
a combinação do uso de processo de recuperação miscível em reservatórios carbonáticos de
campos ultraprofundos ainda é um grande desafio e algumas especificidades do ambiente
carbonático devem ser consideradas.

Reservatórios carbonáticos são diferentes em vários aspectos sobre os siliciclásticos e,


portanto, um projeto secundário ou de EOR nesse tipo de rocha deve levar em consideração
essas características. Devido à natureza mais reativa, carbonatos geralmente sofrem mais
diagêneses químicas que criam heterogeneidade ao sistema do reservatório. A recuperação de
óleo é fortemente controlada pela conectividade horizontal e vertical. Altos contrastes na
permeabilidade e a presença provável de falhas e fraturas, visto que carbonatos são rochas
menos dúcteis, podem criar caminhos preferenciais para os fluidos injetados.

Já em escala microscópica as heterogeneidades nos carbonatos se manifestam na


forma de barreira para os fluidos causados pela cimentação ou pela presença de estilólitos.
Além disso, os carbonatos têm a tendência de serem neutros em relação à molhabilidade ao
óleo, o que pode provocar impactos no deslocamento multifásico e no comportamento da
capilaridade do meio poroso. A associação das fácies de alta com as de baixa permeabilidade
trazem maior importância ao efeito capilar no sistema poroso.

Particularmente no pré-sal da Bacia de Santos, a principal rocha do reservatório é o


carbonato biogênico chamado estromatólito, formado em um ambiente de alta salinidade.
Além das características mencionadas, ele possui grande anisotropia da permeabilidade
vertical para a horizontal, principalmente quando intercalados por finas camadas de
carbonatos.

110
Segundo Pizarro e Branco (2012), o modelo de Lula foi baseado no modelo geológico
conceitual associado ao modelo deposicional e também à impedância sísmica que apresenta
boa correlação da porosidade. Um grande esforço foi destinado para a definição das fácies
geológicas e petrofísicas baseadas nos perfis, testemunhos e análises especiais. Também foi
dado ênfase na correlação dos atributos da sísmica sobre dados de saturação e porosidade,
objetivando identificar as principais heterogeneidades. Essa etapa foi auxiliada fortemente
pelos dados dinâmicos dos TLDs e dos poços de aquisição de dados do reservatório (ADRs)
perfurados em locais estratégicos.

5.6 Modelos de simulação

Estudos de reservatórios foram realizados através de modelagem numérica e testes de


laboratório. Foi levado em consideração à aplicação da injeção alternada de água e CO2
(WAG-CO2) e os resultados obtidos foram comparados ao mecanismo de injeção de água,
considerado o caso base.

A equação de estado baseou a simulação composicional e foi adotada tanto para a


injeção de água quanto para processo WAG com o objetivo de representar corretamente o
comportamento de fase dos fluidos. Experimentos de laboratório como testes PVT,
viscosidades, pressão mínima de miscibilidade (obtida através do método bolha em ascensão e
do teste slim-tube) forneceram dados adequados para os parâmetros da Equação de Estado.

As simulações composicionais apresentaram potenciais incrementos na recuperação de


óleo comparado ao caso base, onde o reservatório de temperaturas relativamente baixas (entre
140 a 158 °F) e alta pressão inicial tende a promover um eficiente processo de deslocamento
miscível do óleo pelo gás de hidrocarboneto e a corrente rica de CO2. Diversos números de
poços e condições de injeção foram considerados; um estudo sensitivo da capacidade de
processamento de gás da plataforma também foi realizado. Algumas restrições na produção e
nos poços injetores foram criadas, como: máxima razão gás-líquido (RGL) e razão de água-
óleo (RAO), máxima pressão de injeção e mínima vazão de óleo. Os estudos destacaram a
importância da capacidade da planta de processamento de gás, considerando que essa
capacidade de gás iria limitar o processamento de óleo.

Estudos adicionais relacionados à geometria do poço e às operações do WAG no


campo exigiram atenção. Várias técnicas foram testadas para otimizar a recuperação através
da injeção de fluido em carbonatos: estimulação ácida, perfuração de poços horizontais e
111
posicionamento dos injetores em áreas de baixa permeabilidade. A combinação de geometrias
especiais dos poços com os processos convencionais de EOR podem gerar uma boa
recuperação em longo prazo, com alta produtividade e injetividade em curto prazo,
necessários para a recuperação em cenários não convencionais do pré-sal brasileiro.

Uma questão existente era em relação sobre qual fluido começar a injeção. A partir de
pontos técnicos e conceituais, iniciar o processo WAG com gás poderia fornecer maiores
fatores de recuperação. No processo miscível ao primeiro contato, o gás tenderia a deslocar
todo o óleo (móvel e residual). Depois, a água subsequente deslocaria o banco miscível e
pressurizaria o reservatório. Também agiria como agente controlador da mobilidade para o
próximo ciclo de gás, forçando o gás a procurar caminhos alternativos para melhorar o
processo de deslocamento e a eficiência de varrido. Entretanto, a maioria dos processos WAG
se inicia com água devido a um simples fator: geralmente esse método é aplicado em campos
já maduros e que fazem uso da injeção de água como método de recuperação. Iniciar o
processo com água também possui alguns pontos positivos relativos à manutenção da pressão,
onde a injeção de água é mais efetiva em fornecer massa para o reservatório e pode promover
uma re-pressurização mais rápida. No piloto de Lula, o processo WAG se iniciou com a
injeção de água devido às razões de cronograma. A intenção também é testar a primeira
injeção com gás no futuro (Pizarro e Branco, 2012).

Apesar da injeção de gás ser benéfica para a recuperação de óleo, existe também
alguns problemas operacionais conforme já mencionado. Entre eles, existe a possibilidade da
deposição de asfaltenos e, por ser um solvente não polar, o CO2 ou o gás de hidrocarboneto
podem criar condições para flocular componentes pesados de asfaltenos presentes no óleo.
Formações de hidrato e de parafina também podem ser afetadas pelo CO2, pois a
despressurização de altas vazões de óleo nos risers de produção faz com que o gás se
desprenda da solução, reduzindo a temperatura do fluxo e aumentando a possibilidade de
deposição de parafinas. Carbonato de cálcio também é um problema associado à injeção de
CO2 em rochas carbonáticas.

Outro problema é o potencial de corrosão nos poços, causados pela associação do CO2
com a água injetado/produzida. Esse problema pode ser contornado através da utilização de
ligas especiais, tubos revestidos com plástico e injeção contínua de químicos. O design
especial de linhas flexíveis e risers para lidar com o CO2 é outro aspecto importante no

112
projeto. Esses problemas foram levados em consideração no projeto nas seções de integridade
e da garantia de escoamento.

Como consequência dos estudos, o Piloto de Lula foi projetado para permitir a injeção
WAG tanto utilizando o gás produzido, quanto o CO2, bem como a mistura de gás de
hidrocarboneto e CO2. Por conseguinte, ao menos três poços de injeção foram planejados para
serem perfurados na área piloto, sendo dois injetores WAG e um injetor de gás, conforme
exibido na Figura 5.5.

Figura 5.5: Localização do Piloto de Lula (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)

Segundo Pizarro e Branco (2012), para melhorar o gerenciamento do reservatório, a


completação inteligente foi adotada. Vários fatores podem afetar a decisão de empregar ou
não a completação inteligente nos poços, por isso, não é sempre recomendável esse tipo de
configuração. Um dos aspectos considerado foi a geologia que para ser efetiva é desejável ter
um isolamento vertical entra as zonas do reservatório.

A Figura 5.6 ilustra uma seção transversal de três poços do Piloto de Lula. Por
instância, o poço injetor de gás (RJS-665) foi completado em dois intervalos diferentes e
medidores de pressão instalados. Enquanto a injeção se iniciou no intervalo superior, a
pressão foi monitorada na seção inferior. O poço RJS-660 também foi completado em duas
zonas, isoladas mecanicamente, produzindo no intervalo inferior. O outro produtor, RJS-646,
foi completado em uma única zona na região superior do reservatório. Sendo possível
monitorar a pressão de fundo e o uso de traçadores químicos no fluido injetado, podendo
obter informações importantes para a realização do ajuste histórico e para a calibração dos
modelos de simulação.

113
Figura 5.6: Seção transversal esquemática dos poços (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)

O tipo de completação pode ser uma alternativa eficiente para mitigar riscos de fluxos
preferenciais e a erupção precoce dos fluidos injetados no reservatório. O sucesso do uso
dessa técnica, juntamente com a flexibilidade de se injetar tanto água quanto gás, além da
capacidade de alternar a injeção de gás em diversos poços, serão fundamentais para confirmar
a recuperação adicional de óleo esperada no campo através do método especial.

5.7 Primeiros resultados

Após dois anos de TLD e Piloto de produção, importantes resultados foram obtidos.
Conforme Pizarro e Branco (2012), os dados da produção do TLD foram analisados em
conjunto com o fluido coletado e as medições de pressão proveniente dos poços de avaliação
e de aquisição de dados de reservatório perfurados no Campo. Dentre os diversos tópicos
aprendidos, destacam-se:

 A RGO e a concentração de CO2 variam ao longo da profundidade e lateralmente;


 Identificação de áreas drenadas com comunicação vertical, barreiras de
permeabilidade e locais com falhas geológicas;
 Otimização da localização dos poços, redefinição dos intervalos canhoneados e
estratégia seletiva baseada nas características e no comportamento do reservatório;
 Otimização da localização dos FPSOs devido às revisões dos modelos geológicos e
de fluxos;
 Ausência de problemas no escoamento devido à formação de parafinas ou
deposição de asfaltenos;
 O bom desempenho do processo de separação do CO2 no FPSO, utilizando a
tecnologia da membrana;

114
 Teste de injeção de água no campo de Lula com bom índice de injetividade e
distribuição vertical.

O Piloto de Lula estava produzindo através de três poços e possuía um injetor de gás.
A injeção foi iniciada em Abril de 2011, injetando em torno de 35 MMscf/d. O gás era uma
mistura de CO2 e principalmente gás de hidrocarbonetos. A Figura 5.7 exibe a produção desde
o princípio. A partir de Setembro de 2011, o sistema de exportação de gás teve início e desde
então, parte do gás produzido era separado do CO2 e exportado para a costa. O poço injetor
começou a injetar principalmente CO2 com taxas de injeção em torno de 12 MMscf/d, tal gás
era permeado através das membranas, com concentrações de dióxido de carbono superiores as
80%. Como todos os poços possuem medidores de pressão, a mesma vem sendo monitorada.
O uso de traçador para monitoramento do gás tem sido realizado desde Junho de 2011.

Figura 5.7: Performance da produção do Piloto (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)

No Piloto, importantes resultados foram adquiridos, os quais podem ser interpretados


tanto em curto prazo através do gerenciamento da produção quanto em médio prazo
analisando o processo WAG como método de recuperação. O comportamento da taxa de
injeção do primeiro injetor de gás é exibido na Figura 5.8. A concentração média de CO2 no
gás injetado era de 50%.

115
Figura 5.8: Desempenho da injeção no poço RJS-665 (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)

Durante esse período, amostras de gás foram coletadas duas vezes ao mês nos
produtores para investigar a presença dos traçadores injetados. Até então, nenhum traçador foi
detectado. Outra informação importante é relacionada à pressão dos produtores que
apresentou uma mudança na tendência após a redução na taxa de injeção do gás. Isso pode ser
verificado durante o período de Junho a Novembro de 2011, onde a taxa de produção foi
mantida praticamente constante e a injeção de gás havia sido reduzida. Isso é uma indicação
que existe uma boa continuidade entre eles.

A produção e a injeção total do campo são exibidas na Tabela 5.1:


Tabela 5.1: Produção e injeção acumuladas – Campo de Lula até Dezembro de 2011 (Jorge Pizarro e Celso
Branco, 2012)

Produzido Injetado
Água (MM
Área Óleo (MM bbl) Gás (MM cf) Gás (MM cf)
bbl)
Piloto de Lula 19,5 29.840 0 6.261
EWT NE 2,5 3.842 0 0
TOTAL LULA 22 33.682 0 6.261

Os resultados do Piloto de Lula são fundamentais para calibrar os estudos de


simulação e para selecionar a melhor estratégia para maximizar a recuperação de óleo e a
rentabilidade do projeto. Além disso, os resultados fornecem base para a adoção de estratégias
no desenvolvimento dos sistemas definitivos, não apenas para a área de Lula, mas também
para outras áreas do pré-sal na Bacia de Santos.

116
Informações adicionais são esperadas ao término do Piloto de Lula com os futuros
poços perfurados e/ou completados. Entre elas:

 O desempenho do WAG (com a realização do ciclo 3 em 2012);


 A performance e os benefícios da perfuração horizontal;
 Aprimorar os conhecimentos sobre a conectividade do reservatório de Lula
devido aos poços adicionais e aos testes de pressão;
 O aumento da produção de gás vai permitir uma avaliação mais robusta sobre a
planta de processamento e o sistema de remoção do CO2.

5.8 Conclusões sobre o Projeto Piloto no Brasil:

 Os estudos do reservatório do Campo de Lula indicaram que a aplicação do


método miscível, injeção de CO2 ou WAG, podem ser benéficas para a recuperação de óleo.
Para que seja viável no Campo inteiro, foram adotadas flexibilidades no sistema de produção
desde a fase conceitual do projeto;
 A injeção de CO2 em campos offshore apresenta diversos desafios
tecnológicos. Esses desafios precisam ser solucionados para que a implementação seja viável
e bem sucedida no Campo de Lula. Diversas ações não convencionais foram adotadas para
atender a estratégia de gerenciamento do reservatório, destacam-se: o uso de traçadores no
fluido injetado, completação inteligente em alguns poços e o monitoramento diário da
produção por diversos parâmetros (pressão, temperatura, taxas de injeção, composição do
fluido);
 A avaliação dinâmica forneceu informações sobre a conectividade do
reservatório, para avaliações dos métodos de estimulação, suporte para estudos da
caracterização do reservatório e definição de aspectos relacionados às linhas submarinas. A
estratégia de desenvolvimento em fases ajudou na aquisição de informações e na aceleração
do fluxo de caixa;
 Os resultados da primeira injeção de CO2 indicaram que a estratégia escolhida
tem bom potencial. A continuidade da produção e o monitoramento da pressão sobre o WAG
vão fornecer definições mais conclusivas sobre a viabilidade. Respostas positivas significarão
a implantação do método no Campo inteiro.

117
6 Análise dos projetos pilotos e comparações com o Brasil

De acordo com informações da Petrobras, na seção de “Fatos e Dados” da companhia,


o Campo de Lula foi dividido em 10 (dez) módulos, onde 6 (seis) desses módulos já estão em
produção. Segundo o Boletim da Produção Mensal de Óleo e Gás da ANP de Setembro de
2016, a produção oriunda do pré-sal brasileiro (1.464,6 Mboe/d) representa aproximadamente
44% do total do país, sendo grande parte proveniente do Campo de Lula (819,59 Mboe/d),
exibindo assim a grande importância desse campo no Brasil.

Apesar do Campo de Lula ser o maior campo produtor brasileiro atualmente, algumas
informações sobre o projeto Piloto, especialmente sobre o desempenho da injeção WAG,
ainda não foram mensuradas, porém, conforme outros pilotos apresentados nesse trabalho
espera-se uma boa recuperação em Lula.

Com o objetivo de se comparar os cenários de outros Projetos Pilotos offshore


realizado pelo mundo com o cenário brasileiro, a Tabela 6.1 resume algumas informações
interessantes. Percebe-se que apesar do método de recuperação avançada baseado na injeção
alternada estar em alta no Brasil, devido ao desenvolvimento dos campos do pré-sal, essa
técnica também já foi utilizada anos anteriores em outros países.

O primeiro caso analisado foi de 1981, no campo da Baía de Quarantine (QB 4RC),
nos Estados Unidos. O projeto foi desenvolvido pela empresa Gulf Oil E&P em um campo
offshore, porém com lâmina d’água muito pequena, o que difere bastante das condições
encontradas na Bacia de Santos. Uma grande similaridade no projeto foi a utilização do CO2
como principal gás de injeção, porém o dióxido de carbono era transportado de uma base
terrestre localizada em Nova Orleans até o Campo por intermédio de embarcações, gerando
atrasos no fornecimento durante meses da primavera, onde a visibilidade geralmente é baixa.
Outro empecilho, e o maior problema operacional enfrentado no piloto, foi o controle da
corrosão, ocasionando atrasos e perca de produção, já que os inibidores químicos utilizados
não foram eficientes, mesmo assim a recuperação adicional foi de 16,9%, gerando uma razão
de utilização de CO2 igual a 2,57 Mcf/bbl.

No Mar do Norte, onde diversos projetos do setor petrolífero foram desenvolvidos, o


método WAG foi testado em 1997. O campo Statfjord possui lâmina d’água de 475 ft (uma
das maiores encontradas nos projetos pilotos) e apresentava óleo mais leve do que o
encontrado nos reservatórios do pré-sal da Bacia de Santos. A utilização dessa técnica
118
proporcionou um incremento na produção diária e ainda reduziu o corte de água nos poços.
Uma grande divergência de projeto foi a opção de se realizar completação inteligente nos
poços do Campo de Lula, enquanto no Campo de Statfjord era considerada a realização
completações posteriores para atingir as zonas desejadas.

No Campo VLE na Venezuela, operado pela estatal “Petróleos de Venezuela”


(PDVSA), o projeto WAG nos anos 2000 contou com a injeção de gás de hidrocarboneto,
composto por 75% de metano, o que difere do projeto brasileiro. O Piloto proporcionou um
adicional de 10% na recuperação de óleo. É importante destacar que o Campo da Venezuela
possuía uma lâmina d’água (197 ft) um pouco maior que a observada em QB 4RC, porém
ainda distante do cenário de Lula.

A recuperação avançada utilizando injeção alternada de água e gás também foi


aplicada em um Piloto na Malásia, no Campo de Dulang, em 2002. Esse projeto possui grande
similaridade com o adotado no Piloto de Lula por utilizar gás rico em CO2, em torno de 50%,
como fluido de injeção. Esse projeto na Malásia proporcionou uma recuperação adicional de
pouco mais de 6%. Uma divergência observada entre o Campo de Dulang e de Lula, além da
profundidade da lâmina d’água, é a característica do óleo, tendo menor grau API no caso
brasileiro.

Mais recente, em 2009, foi executado um Piloto no Campo E, localizado no Oeste da


África. Nesse projeto observou-se a adoção de ciclos mais curtos que os demais, considerando
o prazo de 15 dias. Outra característica que difere dos demais, inclusive do Campo de Lula,
foi a opção de não se utilizar traçadores na injeção do gás, visto que esse procedimento
acarretaria custos adicionais e que o mesmo já era adotado nos poços injetores de água
objetivando analisar a conectividade do reservatório. A razão de utilização de gás oriunda do
Piloto no Campo E foi equivalente a 17 Mcf/bbl.

Além das grandes diferenças nos valores de lâmina d’água observadas nos projetos
Pilotos offshore ao redor do mundo comparado ao cenário do Campo de Lula, uma importante
característica que torna o piloto no pré-sal brasileiro muito desafiador é o tipo de rocha
reservatório. Nos demais projetos o reservatório era arenítico, enquanto no campo de Lula a
formação é carbonática. Possíveis adicionais problemas devido a esse tipo de formação, por
exemplo, a grande heterogeneidade e criação de caminhos preferenciais podem ocorrer em
Lula. Portanto, a equipe responsável pelo piloto teve que realizar vários estudos e analisar
diversos cenários para evitar problemas e otimizar o processo.

119
Tabela 6.1: Quadro com informações comparativas dos Projetos Pilotos com injeção WAG
Baía de
Campo
Quarantine Statfjord Mar VLE Dulang Campo E Lula
(QB 4RC) do Norte Venezuela Malásia África Brasil
Informação
EUA
Descoberta do
1940 1973 1958 1981 2001 2006
Campo
Lâmina
6 475 197 250 213 5.905 – 7.874
d'água (ft)
Inicial: 5P e
Número de 5P, 1 WAG e 2 1WAG 3P, 1Ig e 3P, 2WAG e
22P e 9WAG 3P e 1 WAG
poços Monitores Final: 6P e 2WAG 1Ig
1WAG
Método
utilizado Inj. de água Inj. de água Inj. de água Inj. de água Inj. de água Inj. de água (1)
anteriormente
Característica
32 40 32 39 25 - 31 28 - 30
do óleo (°API)
Tipo de Gás CO2 e HC Gás de HC Gás rico em Gás rico em
Gás de HC Gás de HC
injetado (C6 a C19) (75% metano) CO2 (50%) CO2 (50%)
Água:
Água: Água: Água: Água: -
Taxa de 2.500 bbl/d - 3.000 bbl/d 3.500 bbl/d Gás (4):
6 MMcf/d
injeção WAG Gás: Gás (2): Gás: Gás: 35 MMscf/d
87 tons/d 2,8 MMscf/d 2,2 MMscf/d 3MMscf/d Gás (5):
12 MMscf/d
Início do
1981 1997 2000 2002 2009 2011
Piloto
Rocha
Arenito Arenito Arenito Arenito Arenito Carbonato
Reservatório
Temperatura
183 °F 206,6 °F 236 °F 215 °F - 140 a 158 °F
Reservatório
Pressão do
3.534 psi 4.786 psi 1.500 psi 1.800 psi 1.591 psi 4.000 psi
Reservatório
Recuperação 22 Mbbl ao
Em fase de
adicional pelo 16,9% término do 10% 6.20% 60 Mbbl
teste
WAG Ciclo I
Já utilizavam
tracers na
Uso de
Sim Sim Sim Sim água para Sim
traçadores
determinar
conectividade
Aprox. 1 mês
Duração de Em fase de
cada (14 ciclos 1 a 3 anos (3) 7 meses 3 meses 15 dias
cada Ciclo teste
ao todo)
(1) Projeto ainda em execução
(2) Valor calculado a partir do total acumulado de gás injetado
(3) Ciclos de 6 a 10 meses estão sendo testados
(4) Valor referente à injeção antes da disponibilidade da rota de exportação
(5) Valor referente à injeção após a construção da rota de exportação
(6) P – Poço produtor / Ig – Injetor de gás / WAG – Poço com injeção alternada de água e gás
(-) Valor não encontrado
120
7 Conclusão

Os métodos de recuperação avançada são muito utilizados na indústria do petróleo e


possuem grande importância na produção dos campos. Muitas vezes, campos offshore
apresentam cenários com maiores dificuldades de operação e implementação de projetos,
além dos altos investimentos necessários para realização de estudos que objetivam reduzir os
riscos.

O método WAG, consiste na injeção alternada de água e gás para promover maior
deslocamento do óleo, aumentando a eficiência de varrido e consequentemente incrementando
o fator de recuperação.

Esse trabalho apresentou vários campos offshore ao redor do mundo que realizaram
Piloto adotando a técnica WAG em busca de mais informações e com o objetivo de testar a
eficiência do método para que se expandissem o projeto ao campo todo, caso o piloto fosse
bem sucedido.

Em todos os casos aqui apresentados, os pilotos apresentaram resultados promissores,


proporcionando incremento no fator de recuperação até em campos já maduros e que
produziam sobre grande taxa de declínio. Alguns projetos enfrentaram problemas
operacionais durante o período de injeção WAG, como corrosão, restrições na planta e até
mesmo no fornecimento de gás/CO2 para injeção. Porém, mesmo com as limitações, os
resultados obtidos foram promissores.

O Brasil está testando a eficiência da injeção alternada no Campo de Lula, localizado


no pré-sal da Bacia de Santos. Os pilotos apresentados possuem algumas similaridades, mas
também divergências em relação ao cenário brasileiro, por exemplo, o tipo de rocha
reservatório e dimensão da lâmina d’água.

Este trabalho apresentou casos no mundo que utilizaram o método WAG e os


comparou ao panorama do Campo de Lula. Foram considerados projetos pilotos de diversos
lugares do globo, levando-se em questão as características dos campos e dos projetos. É
esperado que o Campo de Lula, já considerado o maior produtor do país, se torne ainda maior,
aumentando a eficiência de varrido e a produção devido à utilização da injeção alternada de
água e gás (WAG).

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