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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO
Niterói, RJ
2017
LUAN NOVAIS CALEMBO
Orientador:
Prof. Arturo Rodrigo Ferreira Pardo
Niterói, RJ
2017
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por toda proteção e bênçãos concedidas, por todas as
conquistas pessoais, profissionais e por iluminar meu caminho para que eu pudesse chegar até
esse momento e me tornar Engenheiro de Petróleo.
Aos meus pais, José Calembo e Ivonilde, por todo suporte, carinho, apoio,
ensinamentos e pelo amor incondicional. Sem eles não seria possível percorrer esse caminho e
ter tido a possibilidade de cursar Engenharia de Petróleo em uma grande universidade
Federal. Agradeço pelos grandes esforços por eles realizados para que eu pudesse ter uma
excelente educação.
Aos meus irmãos, Laila e Kássio, por serem referências para mim como grandes
pessoas, excelentes alunos e belos profissionais. Além disso, agradeço também por todo o
apoio por eles prestado para que eu conseguisse enfrentar as dificuldades, superar os desafios
e alcançasse meus objetivos.
Aos meus padrinhos, Arnaud e Márcia, por terem me recebido em Niterói de braços
abertos, por terem me oferecido muito mais que uma casa, um lar, onde sempre fui tratado
com muito carinho e amor. Aos meus primos que me receberam como irmão. Ao meu tio
Marçal e a todos meus familiares que sempre me incentivaram e me apoiaram.
Aos meus amigos Alina, Aquiles, Arthur, Bruno, Eric, Fernanda, Filipe, Gabriel,
Gustavo, Ingrid, Jéssica, João Pedro, Louise, Lucas Achilles, Lucas Cruz, Mari, Matheus,
Pareto, Renan, Thiago, Viana e Vinícius por estarem comigo nos momentos de alegria e nas
dificuldades. Aos meus amigos do Ciências Sem Fronteiras espalhados pelo Brasil, pelo
excelente e proveitoso intercâmbio para os Estados Unidos, com momentos especiais e
marcantes. Aos amigos da minha cidade natal, Muriaé, pela amizade que se mantém até hoje.
Além da busca por fontes alternativas, por novas áreas de exploração, existe a
possibilidade de se aplicar conhecimentos da Engenharia de Petróleo para incrementar a
produção de campos maduros, buscando aumentar o fator de recuperação a partir da produção
de óleos residuais. Os métodos de recuperação avançada, EOR (Enhanced Oil Recovery, em
inglês) permitem isso. Entre as técnicas existentes, destaca-se a injeção alternada de água e
gás (WAG, em inglês Water Alternating Gas) que tem como um dos objetivos ajudar na
manutenção da pressão do reservatório e provocar o deslocamento do óleo residual. A adoção
do WAG é aconselhada também para contornar problemas relacionados com os fingerings
viscosos (caminhos preferenciais). Além disso, a técnica se destaca, por muitas vezes, na
redução da quantidade de água que está sendo produzida e também por evitar a queima de gás
quando não há rotas de exportação, reinjetando o mesmo.
Esse trabalho apresentará também conceitos de suma importância para que o método
WAG seja compreendido. O foco principal desse projeto é poder contrastar os diferentes
cenários em que cada Piloto foi realizado e comparar com a situação brasileira, de um campo
com grande importância para o país e para produção energética.
Due to our need to generate large amounts of energy to meet our demand and to seek
the development, the petroleum has been exploited from many places of the World, from
onshore to offshore fields. The oil from most of the reservoirs has already been produced or is
being exploited, forcing us to explore new areas, such as ultra-deep fields (pre-salt in Brazil)
and non-conventional sources (shale gas in the United States and tight oil in Canada).
Beside the search for alternatives, for new exploration areas, there is the possibility to
apply Petroleum Engineering’s knowledge to increase the production of fields that already
produce and to enhance the recovery factor from the displacement of residual oil. The
Enhanced Oil Recovery (EOR) allows it. Among the techniques its stands out the Water
Alternating Gas (WAG) that has as goals to maintain the reservoir pressure and to produce
part of the residual oil. WAG is also recommended to solve problems related to viscous
fingerings. In addition, the method stands out for often reduce the amount of the produced
water and to avoid gas flare when there is no exportation rote.
Many companies and countries choose WAG for the EOR and they generally do a
Pilot Project with the aim to analyze the efficiency. At this assignment it will be presented six
cases of offshore field, for example: Dulang Field (Malaysia), Quarantine Bay (U.S) and Lula
Field (Brazil). It will be taken into account reservoirs characteristics, implemented strategies,
operational problems, the results achieved and the performance.
This work will also present concepts that are important to understand the WAG
process. The main focus of this project is to be able to contrast the different scenarios in
which Pilot was implemented and to compare it with the Brazilian one, which is an important
field for Brazil and for the energy production.
Keywords: Enhanced Oil Recovery (EOR), Offshore Pilot Projects, Water Alternating
Gas (WAG).
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
ASP Álcali-Surfactante-Polímero
C2 Etano
C6 Hexano
CH4 Metano
CO2 WAG Water Alternating Gas utilizando o CO2 como fluido de injeção
ft Feet - Pés
in Inches - Polegadas
mi Miles - Milhas
N2 Nitrogênio
PMCP Perfluoro-methyl-cyclopentane
Ton Tonelada
µ𝑓 Viscosidade
𝐸𝐷 Eficiência de Deslocamento
M Razão de mobilidade
ø Porosidade
q Vazão do fluido
qg Vazão do gás
qo Vazão do óleo
qw Vazão da água
Sg Saturação de gás
So Saturação de óleo
Sw Saturação de água
Vt Volume Total
Vv Volume de Vazios
ΔP Diferencial de Pressão
λ Mobilidade
𝜇 Viscosidade do fluido
SUMÁRIO
1 Introdução ................................................................................................................ 18
2.2.4 Molhabilidade.............................................................................................. 23
4 Estudo de casos de projetos pilotos offshore com injeção WAG no mundo ........ 49
4.5.5 Conclusões sobre a realização do Projeto Piloto no Oeste da África: ...... 100
5.2.1 O desenvolvimento do Campo de Lula foi divido em três fases ............... 105
5.4 Razões para o EOR utilizando gás e critério da triagem .................................. 107
O trabalho aqui apresentado tem como principal objetivo realizar comparações entre
os cenários mundiais no qual o método de recuperação avançada WAG foi utilizado.
18
No capítulo 4, serão abordados projetos pilotos offshore de diversos países que
adotaram a técnica WAG em busca de aumentar o fator de recuperação dos campos.
19
2 Revisão Bibliográfica
2.1.1 Reservatório
2.2.1 Porosidade
Porosidade é o termo utilizado para definir a razão entre os espaços vazios existentes
na rocha e o volume total da mesma. A porosidade define a capacidade de armazenamento de
fluidos (Rosa et al., 2006). Geralmente seu valor é expresso na forma de fração ou
percentagem.
ø = 𝑉𝑝 ⁄𝑉𝑡 (1)
20
Segundo Craft e Hawkins (1991), o valor de porosidade pode ser reportado como
porosidade total ou efetiva, dependendo do tipo de medição. A porosidade total representa o
volume total de espaços vazios da rocha. Já a porosidade efetiva refere-se ao total de espaços
vazios que contribuem para o fluxo do fluido, ou seja, estão interconectados.
2.2.2 Permeabilidade
De acordo com Rosa et al. (2006), permeabilidade é uma medida utilizada para se
referir à capacidade da rocha de permitir que haja fluxo em seu interior. A permeabilidade
geralmente é medida em darcies ou milidarcies e é representada por k.
Onde:
k= permeabilidade absoluta do meio poroso [Darcy]
q= vazão do fluido [cm3/s]
𝜇= viscosidade do fluido [cp]
L= comprimento do meio poroso [cm]
ΔP= diferencial de pressão [atm]
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Darcy, levando-se em consideração a vazão de cada fluido, sendo qg para gás, qo para óleo e
qw utilizado para representar a vazão da água. Outro parâmetro importante é a viscosidade,
que também depende do fluido em questão, e mais uma vez os índices “g”, “o” e “w” foram
utilizados para representar fluidos como gás, óleo e água, respectivamente.
Onde:
Sg= Saturação de gás
So= Saturação de óleo
Sw= Saturação de água
Vg= Volume de gás na rocha
Vo= Volume de óleo na rocha
Vw= Volume de água na rocha
É importante ressaltar que devido ao fato dos poros serem preenchidos pelos fluidos, a
soma das saturações de gás, óleo e água resultam em 100%, logo:
22
𝑆𝑔 + 𝑆𝑜 + 𝑆𝑤 = 1 (14)
2.2.4 Molhabilidade
Devido a essa maior atratividade por um determinado fluido, o reservatório poderá ser
considerado molhável ao óleo, a água ou misto, influenciando na eficiência de deslocamento.
Quando θ é maior que 90°, evidencia que o líquido menos denso molha o sólido, porém,
quando θ é menor que 90°, expressa a predileção da rocha em ser molhável à água.
2.2.5 Capilaridade
Segundo Rosa et al. (2006), capilaridade é um fenômeno que ocorre nos poros das
formações rochosas e representa a interação das moléculas dos fluidos imiscíveis (mistura não
homogênea).
Para que os fluidos presentes no reservatório possam ser produzidos é necessário que se
tenha certa quantidade de energia. Segundo Rosa et al. (2006), a energia natural, também
chamada de energia primária, representa o resultado de circunstâncias e situações em que a
jazida passou para se formar completamente.
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Existem dois efeitos que são responsáveis pelo mecanismo de produção do reservatório:
a descompressão e o deslocamento de um fluido por outro. O primeiro se deve a expansão dos
fluidos contidos nos poros da formação e a contração do volume poroso. Já o segundo
mecanismo promove a substituição de um fluido por outro, como por exemplo, a ocupação
pela água e pelo gás nos espaços que antes estavam ocupados pelo óleo. (Rosa et al., 2006).
Segundo Paul Willhite (1986), existe cinco tipos de mecanismos de produção: influxo
de água, gás em solução, capa de gás, segregação gravitacional e o mecanismo combinado.
A razão de água-óleo (RAO) aumenta nos poços localizados nas seções mais inferiores
da estrutura. Os valores de vazões de produção influenciam muito na determinação do
fechamento ou recompletação de um poço que esteja produzindo grandes volumes de água.
De acordo com Paul Willhite (1986), o óleo cru sob o efeito da grande pressão pode
conter grandes quantidades de gás dissolvido, conforme Figura 2.2. Com a produção, a
pressão do reservatório reduz, ficando inferior a pressão de bolha (pressão de saturação)
permitindo assim a vaporização das frações mais leves do óleo, conforme exemplificado pela
Figura 2.3.
Figura 2.2: Reservatório com mecanismo de gás em solução com pressão acima da Pressão de Bolha (Rosa et al., 2006)
Figura 2.3: Reservatório com a pressão abaixo da pressão de saturação (Rosa et al., 2006)
Segundo Rosa et al (2006), à medida que ocorre a produção de óleo, a pressão diminui
permitindo uma maior vaporização e uma expansão maior do gás. Porém, ao se abaixar muito
a pressão em relação ao ponto de bolha, ocasionará uma maior liberação de gás, fazendo com
25
que esse forme uma fase contínua, que começará a fluir e a ser produzido juntamente com o
óleo.
A produção contínua de óleo juntamente com o gás ocasionará uma queda maior na
pressão do reservatório, fazendo com que a razão gás-óleo (RGO) aumente. Esse mecanismo
de produção proporciona geralmente fatores de recuperação menores que 20%, devido à
constante perda de energia do sistema, proporcionando uma redução na vazão de produção.
De acordo com Willhite (1986), quando um reservatório possui uma capa de gás
extensa (Figura 2.4), provavelmente existe uma quantidade grande de energia armazenada no
gás que se encontra comprimido. A formação da capa de gás se dá através da acumulação das
frações mais leves (fase gasosa) na parte superior do meio poroso.
Figura 2.4: Reservatório com mecanismo de capa de gás (Rosa et al., 2006)
26
A recuperação de óleo proporcionada por esse mecanismo gira em torno de 20 a 30%.
É importante ressaltar que a queda de pressão proporcionada pela produção de óleo requer um
determinado tempo para que seja transmitida até a capa de gás e tal fato não ocorrerá caso a
vazão de produção seja muito elevada (Rosa et al., 2006).
Na recuperação primária a energia presente no reservatório faz com que o óleo migre
do meio poroso para os poços produtores e os mecanismos que permitem esse deslocamento
foram apresentados no item “2.3. Mecanismos de Produção de Reservatórios”. Os métodos de
recuperação secundária exercem importante papel na busca pelo incremento da produção e
serão apresentados nessa seção.
Nos projetos de recuperação podem ser utilizados diversos tipos de gases e com
variados intervalos de injeção.
Injeção imiscível: injeção de gás pobre em capas de gás ou em zonas de óleo. Óleo e
gás estão em diferentes fases e apenas as energias do gás injetado será utilizada.
Injeção miscível: injeção de gases ricos nas zonas de óleo. Óleo e gás vão trocar
alguns componentes e passarão a constituir uma única fase.
Geralmente a injeção de gás imiscível tem uma eficiência de varrido menor quando
comparada ao uso de água, devido à razão de mobilidade entre o gás e o óleo ser muito maior
que entre a água e o óleo.
29
utilizado após a recuperação secundária convencional), ou Enhanced Oil Recovery (EOR) em
inglês. Outro termo bastante utilizado na língua inglesa é Improved Oil Recovery (IOR).
O princípio básico dos métodos miscíveis constitui na injeção de um fluido que seja
miscível ao óleo, ou seja, forme apenas uma única fase ao entrar em contato com o petróleo
líquido.
Processo:
30
De acordo com Green e Willhite (1998), uma quantidade de CO2 relativamente puro é
injetada com o objetivo de causar o inchamento do óleo e provocar o deslocamento do óleo
residual. A temperatura crítica do dióxido de carbono é 31ºC (87,8ºF) e geralmente o CO2 é
injetado em reservatórios com temperaturas superiores a essa, logo o CO2 será injetado na
fase gasosa.
No primeiro contato, na maioria das vezes, o dióxido de carbono e o óleo não são
miscíveis, sendo necessária a ocorrência de múltiplos contatos para que, em condições ideais
de temperatura e pressão, o CO2 possa formar uma única fase com o óleo, deslocando-o. A
Figura 2.7 exibe a injeção miscível de dióxido de carbono no reservatório.
Vantagens:
Limitações:
Uma das limitações apresentadas por Rosa et al. (2006) se diz a respeito da
indisponibilidade de CO2 em certas situações, como por exemplo, em áreas offshore. Outra
desvantagem e de grande influência é a ocorrência de fingerings (canalização), processo
proveniente da existência de caminhos preferenciais no deslocamento de um fluido sobre
outro, onde o CO2 escoará entre a fase de óleo diminuindo a eficiência de varrido. A
utilização do método de injeção alternada de gás e água (WAG, do inglês Water alternating
gas) pode ser uma das soluções para tentar reduzir os efeitos de canalização. O método WAG
será melhor apresentado no Capítulo 3 desse trabalho.
31
2.5.1.2 Injeção de Gás Enriquecido
Processo:
A miscibilidade não é obtida no primeiro contato com o óleo residual, logo, ocorre a
necessidade de se haver múltiplos contatos. Eventualmente uma zona miscível entre o gás
injetado e o óleo é formada, deslocando o petróleo líquido (Farouq e Thomas, 1989). O
esquema desse método é apresentado na Figura 2.8.
Vantagens:
Segundo Rosa et al. (2006), uma grande vantagem desse processo é o deslocamento de
praticamente todo o óleo residual em que a mistura injetada entrou em contato no
reservatório. Outro fator importante é o custo do gás enriquecido, que é menor quando
comparado ao GLP (gás liquefeito de petróleo), por exemplo, tornando-se economicamente
viável.
Limitações:
32
2.5.1.3 Injeção de Gás Seco a Alta Pressão
Processo:
Conforme Rosa et al. (2006), esse método consiste na injeção, em altas pressões, de
um gás pobre com o objetivo de provocar a formação de uma frente miscível (formada pelo
gás e óleo) e uma vaporização retrógrada do cru. A Figura 2.9 exibe o esquema de injeção de
gás seco.
Figura 2.9: Injeção de gás seco a alta pressão (Rosa et al., 2006)
Vantagens:
Uma das principais vantagens desse processo se dá pela grande estabilidade da frente
miscível formada. Outro ponto importante é a grande eficiência de recuperação provocada por
essa técnica. Há uma reutilização do gás pobre, o qual ao ser produzido poderá ser reinjetado.
Limitações:
33
2.5.1.4 Injeção de Banco de GLP
Processo:
Segundo Farouq e Thomas (1989), propano e GLP são injetados nesse tipo de
recuperação especial, sendo guiados por gases seco (gás natural e metano, por exemplo).
Usualmente, água também é injetada nesse processo baseando-se no processo WAG, com o
objetivo de promover um aumento na razão de mobilidade, melhorando a eficiência de
varrido.
Vantagens:
Limitações:
34
2.5.2 Métodos Químicos
Processo:
Vantagens:
Essa técnica proporciona uma boa eficiência de varrido da injeção da água e também
uma boa eficiência de deslocamento.
Limitações:
Uma das grandes desvantagens na utilização desse método especial está relacionada ao
alto custo gerado devido às grandes quantidades de produtos químicos necessários (Rosa et al,
2006).
Processo:
35
utilização de certos polímeros proporciona um aumento no valor da viscosidade aparente da
água e uma redução permanente na permeabilidade efetiva à água.
Vários fatores podem causar a degradação dos polímeros, como por exemplo, alta
salinidade intersticial da água, temperatura, envelhecimento do polímero, a formação de gel,
efeitos de cisalhamento, entre outros. Por isso, é necessário analisar as melhores condições
para início de operação, com intuito de obter os melhores resultados.
Vantagens:
Limitações:
Uma das desvantagens desse processo está relacionada ao manuseio dos polímeros. O
incorreto procedimento de manuseio pode proporcionar uma degradação da substância
química, reduzindo a sua eficiência de atuação.
Processo:
De acordo com Rosa et al. (2006), o método especial utilizando solução micelar
constitui na injeção de uma mistura micelar, que é descrita como uma microemulsão. Essa
microemulsão é composta por uma mistura de surfactantes (substâncias com moléculas
ambifílicas) em concentrações acima da quantidade crítica, água e óleo.
36
tem-se a necessidade de se injetar polímero para controlar a mobilidade. A Figura 2.11
exemplifica o processo de injeção micelar.
Vantagens:
Limitações:
A principal desvantagem se dá pelo alto custo gerado no processo, o qual requer altas
quantidades de químicos.
Segundo Green e Willhite (1998), os métodos térmicos têm como principal objetivo
fornecer calor para o reservatório, a fim de reduzir a viscosidade do óleo. Logo, a eficiência
de varrido será aumentada, assim como a atuação da expansão dos fluidos, proporcionando
um aumento no fator de recuperação.
Esse tipo de recuperação especial secundária pode ser divido em injeção de fluidos
quentes e combustão in-situ.
37
2.5.3.1 Injeção de Fluidos Quentes
Esse tipo de injeção pode ocorrer de três diferentes formas: injeção de água quente,
injeção cíclica de vapor e injeção contínua de vapor. Adiante, serão apresentadas as vantagens
e limitações desse método. O esquema de injeção de fluidos quentes é apresentado na Figura
2.12.
Figura 2.12: Esquema do reservatório com injeção de fluidos quentes (Rosa et al., 2006)
De acordo com Green e Willhite (1998), esse tipo de técnica proporciona uma melhora
na eficiência de varrido e uma expansão térmica do óleo. A injeção de água quente é vista
como uma técnica com baixo sucesso, devido à baixa capacidade de aquecer o reservatório
quando comparado ao uso de vapor de água.
A técnica cíclica de vapor, conhecida como huff ‘n’ puff em inglês, consiste na injeção
de vapor realizada por um poço em um período específico de tempo. Logo após, ocorre o
fechamento do poço durante um intervalo para que ocorra uma melhor distribuição do calor
no interior do reservatório. Posteriormente, o poço é reaberto para a produção até que seja
necessário um novo ciclo.
A recuperação especial pelo método térmico com injeção de fluido quente é de grande
valia para reservatórios de óleos viscosos, com baixo grau API. Essa técnica proporciona um
aumento nos valores de eficiência de deslocamento.
Conforme Green & Willhite (1998), a combustão in-situ é outro método térmico
utilizado que consiste na produção de calor dentro do reservatório através da combustão que
pode ser iniciada de forma espontânea, através do uso de aquecedores elétricos ou por
queimador de gás.
39
Figura 2.13: Esquema do reservatório com a realização da técnica de combustão in-situ (Rosa et al., 2006)
Segundo Rosa et al. (2006), uma das principais vantagens é a aplicação desse método
em reservatórios tanto de óleos leves quanto de óleos pesados. Além disso, essa técnica
proporciona uma boa eficiência de deslocamento.
Os equipamentos de produção podem ser danificados por corrosão e pelo calor gerado no
processo. Outra limitação importante é no quesito da distribuição do calor, que não é tão
eficiente.
Na injeção alternada, a razão de injeção água/gás varia de 0,5 a 4 volumes de água por
volume de gás nas condições de reservatório. Os volumes de CO2 geralmente empregados nos
projetos variam de 15 a 30% HCPV (volume poroso de hidrocarboneto ou hydrocarbon pore
volume em inglês) (Green e Willhite, 1998).
40
Segundo Green e Willhite (1998), um problema no processo WAG é o fato que a água
injetada bloqueia o contato entre o gás injetado e o óleo residual. Isso faz com que a eficiência
de deslocamento seja reduzida. Esse efeito tem sido determinado mais fortemente em função
da molhabilidade da rocha e notavelmente mais prejudicial em rochas molháveis a água.
A maioria dos projetos de injeção alternada de água e gás foi desenvolvida em campos
onshore. Grande parte dos projetos offshore foi desempenhada no Mar do Norte utilizando
gás como fluido injetado. (Choudhary et al., 2012).
- Atingir zonas não varridas e que apenas com injeção de água não seria possível;
- Reduzir o water cut enquanto promove efeito similar ao gas lift nos produtores.
Após ocorrer a miscibilidade do fluido injetado (constituir uma única fase com o óleo
cru), seja ela por múltiplos contatos ou ao primeiro contato, condições são desenvolvidas no
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reservatório através da alteração da composição do fluido injetado ou do óleo cru à medida
que a frente vai avançando no reservatório.
O CO2 geralmente possui uma menor PMM com o óleo que o metano, o hidrogênio e
o gás de combustão (Mello, 2015). Devido a esse fator, muitas vezes a utilização do dióxido
de carbono é preferida para ser utilizada como fluido de injeção.
42
3.2.1.1 Teste Slim-tube
Existe um sistema com bombas que garante o fluxo no meio poroso da amostra e a
pressão é controlada por um regulador. O tubo e um equipamento auxiliar são inseridos em
um local com temperatura constante. Na extremidade final do tubo há a coleta do fluido e
sistemas de medição. Esse equipamento pode variar de um simples cilindro graduado e um
medidor molhabilidade a um sistema mais complexo que envolve cromatografia de gás. Uma
pequena célula visual também está presente na seção efluente do sistema que permite a
visualização do fluido.
Para conduzir o teste, o meio poroso no tubo é preenchido com o hidrocarboneto a ser
deslocado. Esse geralmente é o óleo cru do reservatório o qual se pretende aplicar o método
de injeção. O sistema é levado à temperatura de teste e a pressão é ajustada no regulador. O
fluido que será responsável pelo deslocamento será injetado a uma taxa constante. Uma taxa
linear de avanço consideravelmente maior do que a esperada no reservatório é utilizada para
completar o experimento em um tempo razoável. A queda de pressão no sistema geralmente é
a menor fração na média absoluta da pressão no tubo. Os dados de recuperação do
hidrocarboneto no deslocamento do fluido no ponto da erupção, da recuperação no momento
da injeção de uma específica pressão e volume (PV) e da recuperação total do hidrocarboneto
são gravados.
Todo o experimento é repetido por diversas em diferentes pressões, porém com todas
as outras varáveis mantidas constantes. As recuperações são plotadas em função da pressão de
deslocamento, conforme exibido na Figura 3.1. A pressão mínima de miscibilidade
geralmente é a pressão identificada ao final da curva no gráfico, a pressão onde o incremento
na recuperação já não é muito significativo. Por exemplo, o gráfico da Figura 3.1 exibe uma
PMM de 1800 psi.
43
Figura 3.1: Gráfico oriundo do teste do slim-tube para identificação da PMM (Adaptado da fonte Green e
Willhite, 1998)
Segundo Green e Willhite (1998), a execução do teste slim-tube é simples, porém pode
levar bastante tempo e tem sido muito usada no design de processos miscíveis ou em amostras
de reservatórios para determinar processos miscíveis candidatos. A consideração de que
efeitos não ideais, como segregação gravitacional ou fingerings viscosos são desprezíveis nem
sempre é válida.
O método da bolha ascendente para medir a PMM consiste um tubo de vidro montado
verticalmente em um indicador de nível de alta pressão em temperatura controlada. Uma luz
de fundo é utilizada no indicador de nível de modo que o comportamento possa ser
observado. O tubo e o indicador são os primeiros a serem preenchidos com água destilada.
Após essa etapa, a água é deslocada com o óleo para ser testada, exceto por uma pequena
coluna no fundo. A temperatura é mantida constante no valor desejado, usualmente a
temperatura do reservatório de interesse, já a pressão é mantida em um valor específico de
teste.
Logo após, uma pequena bolha de gás é injetada no fundo do tubo. A bolha de gás
ascende primeiramente pela coluna de água e posteriormente pelo óleo. Esse comportamento
é observado à medida que ascende pela região do visor de vidro.
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O comportamento da bolha é bastante distinto acima ou na PMM. À medida que a
bolha ascende, o seu formato vai sendo alterado e se dispersando no óleo. Bem abaixo da
PMM, a bolha mantém o formato esférico à medida que sobe, porém diminui em tamanho
como resultado da transferência de massa entre o gás e o óleo. Muito acima da PMM, a bolha
se dispersa no óleo rapidamente. Tal comportamento pode ser observado pela Figura 3.2,
onde a imagem da esquerda exibe o comportamento da bolha em uma situação abaixo do
valor da PMM, enquanto a da direita mostra a dispersão da bolha em um cenário com valores
acima da PMM.
Figura 3.2: Imagens comparativas do teste referente ao método da bolha ascendente (Schlumberger Oifield
Glossary)
45
A segunda abordagem envolve a aplicação da Equação de Estado e pode ser utilizada
para obter resultados mais confiáveis. Entretanto, essa abordagem exige a disponibilidade de
uma significativa quantidade de dados da composição dos fluidos do reservatório. Esses
dados muitas vezes não estão disponíveis, embora eles possam ser obtidos a partir de análises
de laboratório que nem sempre são simples. Além disso, os cálculos são complexos e
envolvem a aplicação de solução de algoritmos e computadores. Alguns algoritmos não estão
universalmente disponíveis para a indústria. Devido as constantes de equilíbrio exigidas nos
cálculos não serem conhecidas precisamente ou porque a Equação de Estado não possui
acurácia suficiente, os cálculos devem ser calibrados contra os dados experimentais de PVT
(pressão, volume e temperatura).
Para reservatórios reais e com propriedades não uniformes, a eficiência areal deve ser
substituída pela eficiência de deslocamento. A eficiência areal é controlada por quatro fatores
principais: injeção/produção, permeabilidade em reservatórios heterogêneos, razão de
mobilidade e a importância de forças gravitacionais e viscosas.
A eficiência areal em um reservatório idealizado pode ser calculada pela a área varrida
dividida pela área total do reservatório.
A eficiência de varrido areal deve ser combinada de uma maneira apropriada com a
eficiência de varrido vertical para determinar a volumétrica. Alguns fatores afetam a
46
eficiência vertical, são eles: segregação gravitacional devido à diferença nas densidades, razão
de mobilidade, variação na permeabilidade vertical para horizontal e forças capilares.
A eficiência de varrido vertical pode ser calculada pelo espaço poroso invadido pelo
fluido injetado divido pelo espaço poroso incluso em todas as camadas atrás da camada limite
frontal (camada que definiu a eficiência areal). A eficiência de varrido vertical está definida
pela região hachurada da Figura 3.3, onde k1>k2>k3.
Figura 3.3: Esquema demonstrativo para o cálculo da eficiência de varrido vertical (Rosa et al., 2006)
𝐸𝑣 = 𝐸𝐴 𝑥𝐸𝑡 (15)
Onde:
47
É sabido que o objetivo do fluido injetado é deslocar o máximo de óleo existente no
reservatório para que a produção do campo seja elevada, porém, nem todo o óleo ali existente
será deslocado, originando assim uma parcela residual. A eficiência de deslocamento analisa a
quantidade de óleo existente inicialmente e a saturação residual, conforme exibe a equação
16:
𝐸𝐷 = 𝑆𝑜 − 𝑆𝑜𝑟 (16)
Onde:
- 𝐸𝐷 – Eficiência de Deslocamento
𝑘𝑓 (17)
𝜆𝑓 =
µ𝑓
𝜆𝐷 𝑘𝐷 µ𝑜 (18)
𝑀= = 𝑥
𝜆𝑜 µ𝐷 𝑘𝑜
48
4 Estudo de casos de projetos pilotos offshore com injeção WAG no
mundo
Segundo Hsie e Moore (1988), a maioria dos projetos utilizando CO2 foi realizada na
Bacia Permian e poucos pilotos foram reportados na região do Golfo do México apesar de ser
uma base de recurso para injeção de CO2.
O desenvolvimento do projeto na Baía de Quarantine foi iniciado pela Gulf Oil E&P
(atualmente Chevron) para testar o processo WAG com CO2 miscível em um reservatório com
alto teor de BS&W (basic sediment and water). Reservatórios similares são comuns em
campos offshore e em baías extensas. Esses campos contém quantidade considerada de óleo
residual que poderia ser recuperado pela injeção WAG-CO2. Esse projeto conta com um poço
injetor, dois poços de monitoramento e cinco produtores. O processo foi iniciado em outubro
de 1981 e finalizado em fevereiro de 1983.
49
Figura 4.1: Localização do Campo de Quarantine (Hsie e Moore, 1988)
O piloto foi conduzido em uma área equivalente a 56,83 acres, com uma espessura
líquida da camada de óleo igual a 15,09 ft. Existe uma considerável heterogeneidade no
reservatório devido ao ambiente deposicional deltaico. A porosidade na região varia de 24,7%
no Norte a 27% no Sul. As permeabilidades calculadas a partir dos perfis e dos testemunhos
variam de 100 a 900 mD (Hsie e Moore, 1988).
Foi realizado um teste de pressão transiente antes do início da injeção de CO2 para
confirmar a continuidade de fluido no reservatório. Um banco de água foi injetado a uma
vazão média de 2.095 bbl/d durante 12 horas. Os valores de pressão eram monitorados em
diversos poços (40, 41, 140, 169, 214 e 318). Os resultados dos testes confirmaram a
comunicação entre os poços do projeto.
Foi realizado um teste de slim-tube a temperatura de 185 ºF e 3.480 psia, no qual após
a injeção de 1,2 HCPV de CO2, 96,5% do óleo original in place foi recuperado, indicando o
desenvolvimento de miscibilidade por múltiplos contatos. O deslocamento do CO2 WAG era
esperado ser miscível visto que a pressão média do reservatório era de 3.534 psia antes da
injeção de CO2.
As instalações de produção foram construídas por materiais capazes de operar até 100
psi. Inibidores de corrosão foram estrategicamente aplicados em vários pontos para proteger a
tubulação da plataforma e os vasos de produção. Devido à baixa pressão parcial de CO2 e ao
uso de inibidores químicos, não foi observada corrosão nos equipamentos de superfície.
O projeto inicial incluía a perfuração do poço 318 e a recompletação dos outros seis
poços já existentes. O poço 212 foi convertido em produtor, já os poços 40 e 169 foram
completados como poços produtores e de monitoramento. O restante dos poços (41, 140, 214
e 318) foi completado como produtores e equipados para operação de gas lift. Um poço seria
utilizado como injetor WAG (Hsie e Moore, 1988).
53
Fornecimento e injeção de CO2
Segundo Hsie e Moore (1988), o CO2 líquido era transportado de Nova Orleans até a
Baía de Quarantine, equivalente a uma distância de 70 mi, resultando a uma viagem de
aproximadamente 12 horas dependendo das condições climáticas. Três embarcações com
capacidade unitária de 150 toneladas eram responsáveis por transportar o CO2 líquido para o
campo. O único problema operacional encontrado no fornecimento foi o de atrasos no
transporte durante os meses da primavera devido à baixa visibilidade.
A injeção contínua de água teve início em 7 de fevereiro de 1983 após todo o CO2 ter
sido injetado. A injeção de água acumulada desde 1983 até outubro de 1987 foi de quase 2
MMbbl, ou 1,45 HCPV.
A resposta de produção dos outros poços foi similar ao poço 40, onde o aumento da
produção de óleo estava associado à erupção do CO2. O poço 169 foi fechado em fevereiro de
1982 devido à alta produção de CO2. Os poços 41, 214 e 318 produziram até setembro de 82,
quando foram descobertos sérios problemas de corrosão. O poço 318 foi restaurado e voltou a
produzir em dezembro de 83, porém seis meses depois, a elevada produção de água o deixou
inoperável. O poço 41 passou por manutenção e voltou a operar em abril de 83 com o pico de
produção observado em agosto de 83 com 306 bbl/d, 37% de água e 56% de concentração de
CO2.
54
A presença de CO2 não foi observada no poço 140 até outubro de 1982, quando os
outros três poços foram fechados devido à corrosão. Com o fechamento dos poços 214 e 318,
o poço 140 passou a ser monitorado de forma mais cautelosa, com injeção contínua de
químicos e realização de coleta de amostras diárias objetivando checar a corrosão do tubo. O
poço produziu por 16 meses após a chegada de CO2. A produção de óleo atingiu 60 bbl/d em
janeiro de 1984, quando a corrosão também o atingiu. Porém, a produção no poço 140 estava
aumentando com o tempo e devido aos investimentos realizados, o poço não foi fechado,
resultando como o pior produtor no projeto.
De acordo com Hsie e Moore (1988), enquanto o poço 214 foi fechado devido
problemas de corrosão, uma resposta de produção foi verificada no poço 170. Este não estava
incluso no projeto inicial e estava fechado ao longo da operação. Nesse momento, foi
decidido substituir o poço 214 pelo 170 e expandir o projeto de 47 para 57 acres. O poço 170
produziu com equipamento padrão para gas lift e sem proteção para corrosão durante três
meses, porém foi recompletado em dezembro de 83 e equipado com 13% de cromo, com
gravel pack com tela e liner de aço inoxidável.
Recuperação
A vazão de produção máxima de óleo obtida no projeto foi de 328 bbl/d observada no
dia 29 de setembro de 1982. O gráfico da Figura 4.3 apresenta a média das curvas de vazão
mensal, enquanto o gráfico da Figura 4.4 exibe a recuperação de óleo acumulada pelo HCPV
dos fluidos injetados (CO2 e água).
55
Figura 4.3: Produção de óleo ao longo dos anos (Hsie e Moore, 1988)
O poço 41 contribuiu com 118.456 bbl de óleo produzido, equivalente a 63% do total
recuperado. Esse fator de recuperação para o poço não foi uma surpresa devido aos valores da
espessura do reservatório, da permeabilidade e da porosidade, pois são maiores na região
entre os poços 212 e 41 que no restante da área do piloto. A Tabela 4.2 resume as produções
acumuladas obtidas em cada poço do projeto.
56
Tabela 4.2: Resumo de dados de produção (Adaptado de Hsie e Moore, 1988)
Avaliação do projeto
A realização de uma análise das respostas de produção e dos dados dos fluidos indicou
que o mecanismo de deslocamento do CO2 foi caracterizado pela vaporização de
hidrocarbonetos. A frente miscível consistia principalmente de óleo rico em CO2 e de óleo
produzido acompanhado de quantidades significativas de dióxido de carbono. Banco de óleo
com pouco ou nenhuma concentração de CO2 parecem ter se formado a frente do banco de
CO2. Foi observado que o corte de óleo na produção raramente excedia 25% nos poços no
projeto, exceto no 41 (Hsie e Moore, 1988). A Figura 4.5 exibe a distribuição dos
componentes de hidrocarboneto no poço 41.
Figura 4.5: Distribuição dos componentes presentes no poço 41 (Hsie e Moore, 1988)
57
A frente miscível era aparentemente rica em hidrocarbonetos com peso molecular de
estruturas de C6 ao C19, indicando uma extração ampla pelo CO2. Entretanto, a porcentagem
de componentes C1 ao C6 permaneceu pequena e estável tanto antes quanto depois da erupção
de CO2.
Controle da corrosão
Segundo Hsie e Moore (1988), a corrosão do material das tubulações criou não apenas
o maior problema operacional como também ocasionou atrasos e perca de produção. A
tentativa inicial de proteger a tubulação J-55 com injeção de químicos não foi bem sucedida.
Os inibidores de corrosão foram aparentemente ineficientes para controlar a corrosão nas
quantidades injetadas.
Figura 4.6: Produção de bicarbonato no poço 41 e curva de injetividade no poço 212 (Hsie e Moore, 1988)
58
Os poços 41 e 318 passaram por reparos e foram recompletados com proteção plástica
para a tubulação N-80 e com gravel pack de aço inoxidável. O poço 170 foi equipado com
13% de cromo e com mesmo sistema de gravel pack.
Eficiência de varrido
A eficiência de varrido promovida pelo CO2 foi investigada através de estudo de uma
simulação composicional. Duas camadas com espessuras aproximadas foram usadas para
delinear a área do projeto na simulação. O CO2 foi previsto para varrer 39,54 acres da camada
superior e somente 19,52 acres da camada inferior devido à segregação gravitacional (Hsie e
Moore, 1988).
Avaliação da recuperação
De acordo com Hsie e Moore (1988), uma simulação composicional foi utilizada e o
ajuste histórico foi realizado de forma bem sucedida para se obter a produção primária de
1940 a 1981 e da injeção WAG-CO2 de 1981 até junho de 85. O volume de óleo original in
place calculado antes da injeção de CO2 era de 1.170 Mbbl e de óleo residual in place
equivalente a 484 Mbbl. Esses valores correspondem a uma saturação de óleo média antes da
injeção de CO2 igual a 42%. Ao final do ano de 1986, o volume final previsto de óleo
recuperado era de 203 Mbbl ou 18,3% do volume original de óleo in place.
59
devido ao fechamento prematuro do poço 140 e das interrupções na produção dos outros
produtores ocasionadas pela corrosão.
O projeto de recuperação de óleo foi considerado como bem sucedido mesmo usando
um banco pequeno de CO2 (18,9% HCPV). A simulação de reservatório mostrou que a
recuperação de óleo não é muito dependente do volume injetado quando se trabalhar na faixa
de 15 a 35% HCPV. Quanto menor o tamanho do banco mais atraente economicamente será a
injeção de CO2 porque usará uma menor quantidade de dióxido de carbono (Hsie e Moore,
1988).
Uma proteção eficiente para controle de corrosão pode ser formada por uma
combinação de fatores: uso de ligas especiais, uso de revestimento de plástico na parte interna
e injeção de químicos para controle;
60
O projeto QB 4RC demonstrou que o processo de WAG-CO2 poderá ser utilizado com
sucesso para recuperar volumes consideráveis de óleo residual de reservatórios na costa do
Golfo.
A produção de óleo de 692 Mbbl/d era considerada a média normal diária durante o
pico, porém, com o declínio da produção anteriormente a utilização do método WAG a vazão
girava em torno de 182 Mbbl/d.
61
Como tentativa de recuperar o óleo residual, a injeção WAG foi iniciada no
reservatório Brent através do poço piloto B-05 em Fevereiro de 1997 e devido ao sucesso dos
resultados, o projeto foi expandido para o Campo todo. Grandes quantias de óleo foram
identificadas, especialmente nas áreas do topo.
Segundo Crogh et al. (2002), o Campo de Statfjord está localizado entre a Noruega e o
Reino Unido, possuindo 15,53 mi de extensão e 2,49 mi de largura. A maior parte das
reservas originais é encontrada no semi-gráben da falha. Devido à instabilidade ao longo da
falha, um sistema múltiplo de deslizamento foi criado na parte leste do Campo. Essa área
descontínua é chamada de Flanco Leste.
Em 1997 a injeção de água no Brent (arenito) foi complementada com o método WAG
com o objetivo de deslocar o óleo residual do topo e para promover uma maior eficiência de
varrido em algumas áreas.
62
4.2.2 Injeção WAG nos reservatórios Brent
De acordo com Crogh et al. (2002), nos reservatórios que já estavam produzindo com
altos teores de BS&W, ainda seria possível recuperar uma quantia significativa de óleo
remanescente através da injeção alternada de água e gás. Após o período em que o Campo
ficou produzindo apenas com injeção de água, o fator de recuperação era de 56% e o corte de
água de 70%.
63
Entretanto, foram observados indícios de vaporização/inchamento no Campo e um processo
WAG de múltiplos contatos poderia ser alcançado (Crogh et al., 2002).
Implementação do WAG
Conforme Crogh et al. (2002), em 1997 foi iniciado o processo de injeção WAG no
poço piloto B-05 na parte inferior do reservatório Brent. O poço B-05 foi considerado ideal
para o WAG e os poços produtores potenciais localizam-se na parte superior da estrutura.
Devido à estrutura da área, assumiu-se que uma grande quantia de óleo no topo seria
contornada pela água. A localização dos poços em Statfjord pode ser verificada na Figura 4.9.
Figura 4.9: Localização dos poços na área do Piloto WAG (Crogh et al., 2002)
64
Os resultados do Piloto foram positivos e influenciaram na decisão de expandir a
implementação WAG para todo o Brent. A injeção WAG foi instalada em todo Campo de
forma gradual até cobrir todo o reservatório Brent. Nove poços injetores WAG foram
utilizados e resultados positivos foram observados em 22 poços produtores.
A estratégia foi canhonear os injetores de tal forma em que o gás deslocasse uma
maior quantidade de óleo possível durante o trajeto em direção aos produtores. Em relação
aos produtores, a ideia foi realizar desvios e canhonear os poços de modo que o óleo varrido
pelo gás fosse produzido com a menor quantidade de água e gás possível.
Nos casos delicados dos injetores WAG no Brent Inferior, os poços foram
posicionados e canhoneados na formação Rannoch almejando atingir a maior eficiência de
deslocamento vertical possível.
Os poços produtores existentes ditam a estratégia WAG adotada nos injetores. Isso
significa que em alguns casos, os poços injetores somente irão injetar em algumas zonas ao
longo da seção horizontal. Posteriormente, ao longo da sua vida útil, eles serão canhoneados
em outras partes dependendo da cobertura do poço produtor.
De acordo com Crogh et al. (2002), a estratégia adotada em relação à duração dos
ciclos foi fazer uso de longos ciclos de gás de 1 a 3 anos. Um fator crucial para ocorrer a
65
inversão da injeção de gás para água nos poços era a erupção do gás e/ou a ocorrência de
recirculação do gás.
O uso da tecnologia com traçadores foi muito utilizado no Campo. O uso de traçador
permite que informações importantes sejam adquiridas proporcionando um melhor
entendimento da estrutura e da complexidade dos caminhos de fluxo nas diferentes áreas.
66
Figura 4.10: Incremento total na produção de óleo devido ao WAG (Crogh et al., 2002)
67
Figura 4.11: Performance do WAG - Vazões diárias (Crogh et al., 2002)
De Abril de 1998 até Janeiro de 1999, não houve correspondência entre a taxa de
injeção de gás e o incremento na vazão de óleo. Esse foi o período de implantação da injeção
WAG.
Existe uma correlação clara entre a taxa de injeção do gás e o incremento na vazão de
óleo, observa-se tal fato no período de Novembro de 1999 e meses posteriores. Uma alta taxa
de injeção de gás corresponde a um alto incremento na vazão de óleo.
É importante ressaltar que um volume de 14.125 MMscf (400 MMm3) de gás foi
necessário no injetor WAG antes de se obter qualquer resposta nos poços produtores. Isso se
68
deve a longa distância entre os injetores e os produtores, bem como a complexa comunicação
estrutural.
Geralmente o primeiro ciclo WAG é o mais eficiente; não se espera que o ciclo
subsequente de gás proporcione tanto incremento na produção de óleo quanto o primeiro.
Alguns dos efeitos típicos devido ao método WAG são proporcionar aumento na vazão
de produção do óleo, diminuir o corte de água e aumentar o RGO com o avanço da produção.
Em alguns poços a queda no corte de água observada foi de 90 para 20%. Vários poços
produtores duplicaram ou triplicaram a vazão de produção. O aumento da taxa de produção de
óleo foi observado antes da erupção do gás, conforme apresentado na Figura 4.12.
Figura 4.12: Desempenho do poço B-07 com a injeção WAG (Crogh et al., 2002)
O incremento no óleo devido à injeção alternada de gás e água foi estimado através de
comparações entre da curva de declínio prevista com a produção atual, conforme exibido na
Figura 4.13.
69
Figura 4.13: Análise da curva de declínio (Crogh et al., 2002)
Figura 4.14: Análise da curva de corte de água com a produção acumulada (Crogh et al., 2002)
Uma comparação entre os dois métodos para estimar o volume incrementado é uma
confirmação de que os resultados são condizentes.
70
4.2.5 Conclusões sobre a realização do Piloto WAG no Mar do Norte:
De acordo com Alvarez et al. (2001), o Piloto VLE-305 Lagocinco está localizado em
uma área offshore com aproximadamente 0,17 acres. Existem 4 (quatro) reservatórios
sobrepostos (C-20, 21, 22 e 23), sendo os três primeiros desenvolvidos com injeção de água
desde os anos 60 e com fatores de recuperação em torno de 25 a 40% do VOIP. Já o
71
reservatório C-23 opera sob injeção de água desde os anos 90 e nele a maior parte das
reservas restantes é encontrada. Por esse motivo, o C-23, localizado a uma profundidade de
12.500 ft e com VOIP estimado em 434 MMstb, foi escolhido para o piloto WAG. A Figura
4.15 apresenta a localização da área do Piloto.
Figura 4.15: Posição dos poços no Campo de Lagocinco (Alvarez et al., 2001)
A área VLE-305 contém óleo leve com API de aproximadamente 32°. A temperatura
do reservatório é 236 °F e a pressão de 1.500 psi, que incialmente era de 5.400 psi. Devido a
essa queda de pressão o processo de injeção WAG será imiscível, porém os efeitos de
“inchamento” podem exercer um importante papel no incremento de recuperação de óleo.
Modelo do Reservatório
Segundo Alvarez et al. (2001), a injeção alternada de água e gás foi realizada com o
objetivo de aumentar a recuperação de óleo em relação ao caso base, que considera a injeção
de água. A injeção WAG foi modelada usando nitrogênio e gás de hidrocarbonetos. A injeção
72
com gás de hidrocarbonetos gerou um incremento de 25% na produção de óleo em relação ao
caso base. Foi observado também incremento de 3% na produção quando se realizou o
fechamento (shut-in) do poço após o ciclo de água.
- Erupção precoce nos poços VLE-0773, LPG-1462 e VLE-1328 ao final do ano 2000
sobre alguns cenários de injeção de gás;
O poço VLE-1328 aparenta ser o poço mais afetado pela injeção de água e pelo
processo WAG. Os dados da erupção e dos traçadores são utilizados para o ajuste histórico da
produção e para melhorias no modelo de simulação.
Operações no Campo
A injeção foi iniciada no poço VLE-1324, em 25 de maio de 2000, com uma taxa de
3.000 bbl/d durante os três primeiros meses. O programa de monitoramento começou com a
injeção de traçadores juntamente ao primeiro banco de água e consequentemente o
acompanhamento de cada poço produtor por meio das vazões, da RGO, pressão, temperatura.
O poço VLE-1459 foi monitorado de forma especial por ser o mais próximo ao injetor.
73
passou-se a injetar gás a uma pressão de 2.300 psi com uma vazão de 2,2 MMscf/d (11 de
outubro de 2000). Foram realizadas simulações para avaliar os efeitos provocados pelo atraso
da injeção de gás. Esses resultados estão apresentados na Tabela 4.3.
Tabela 4.3: Comparativo da injeção WAG x Injeção de água. Característica de produção em 01/01/2005 (Adaptado de
Alvarez et al., 2001)
Fator de
Produção Acumulada Incremento de
Simulação Recuperação
obtida (STB) óleo (%)
(fração)
Injeção de Água 3.713.509 0,38251 0
Tabela 4.4: Sequência e duração dos ciclos do Piloto (Adaptado de Alvarez et al., 2001)
Monitoramento
O monitoramento do processo WAG foi planejado para se obter uma avaliação efetiva
dos resultados alcançados. O programa incluiu injeção de traçadores, monitoramento das
vazões de produção e injeção por poço e acompanhamento das pressões e temperaturas
(Alvarez et al., 2001).
74
O esquema de monitoramento identificou que até o final de dezembro de 2000 houve
um modesto incremento em relação à saturação de óleo e uma redução na saturação de água
na formação dos poços produtores, indicando o processo de deslocamento ocasionado pelo
WAG, conforme exibido na Figura 4.16.
Foi observada também a presença de traçador no poço VLE-1459, porém este não
estava incluso no projeto inicial. Tanto o poço VLE-773 quanto o VLE-1342 responderam ao
processo WAG com um incremento na produção de óleo e uma redução no corte de água.
Essas informações são confirmadas pelos gráficos da Figura 4.19 e Figura 4.20.
Figura 4.19: Resposta operacional do poço VLE-773 - Vazão de óleo, Corte de água e RGO (Alvarez et al.,
2001)
76
Figura 4.20 Resposta operacional do poço VLE-1342 - Vazão de óleo, Corte de água e RGO (Alvarez et al.,
2001)
De acordo com Alvarez et al. (2001), a injeção de nitrogênio (N2) para substituir o gás
de hidrocarbonetos no processo WAG foi considerada. Uma potencial fonte poderia ser a
planta de separação de ar criogênico que seria construída próxima ao local. Para uma
comparação de confiança, os testes PVT foram obtidos da mesma maneira e as vazões de
injeção (3.000 bbl/d) foram as mesmas utilizadas no piloto com gás de hidrocarboneto. Os
resultados indicaram um deslocamento promovido 4% menor que o apresentado pelo gás de
hidrocarboneto.
Foi considerada também a injeção cíclica de água para poder acelerar a produção de
óleo e reduzir o corte de água, tornando a produção mais econômica e dispensando
investimentos adicionais no campo. A injeção cíclica é um método concebido com intuito de
melhorar a eficiência da injeção de água em reservatórios heterogêneos (Alvarez et al., 2001).
Algumas características do reservatório do Campo favorecem a injeção cíclica, destacam-se:
Reservatório fraturado;
Fluidos compressíveis.
Na injeção cíclica na área do projeto piloto, a água é injetada com taxa de vazão
crescente até metade do ciclo e depois sob taxa decrescente de vazão na metade restante do
ciclo, ou até mesmo com o fechamento do poço. As simulações indicaram um aumento na
produção de óleo de 2 a 3% no período de quatro anos. Os efeitos do fluxo acelerado
transversal e gravitacionais são responsáveis por esse incremento. A Tabela 4.5 apresenta os
resultados desse método.
78
Tabela 4.5: Comparativo da injeção cíclica com a Injeção de água. Característica de produção em 01/02/2005
(Adaptado de Alvarez et al., 2001)
79
4.4 Campo de Dulang – Malásia
EOR foi considerado para o campo offshore de Dulang com o objetivo de aumentar o
fator de recuperação. Estudos indicaram que a técnica de reinjeção de parte do gás produzido,
rico em CO2 (50% CO2), teria bom custo benefício. A injeção de gás imiscível foi considerada
na injeção WAG devido ao relevante controle da mobilidade e do aumento da eficiência de
varrido.
Segundo Nadeson et al. (2004), o projeto piloto com injeção WAG foi iniciado em
2002 com o objetivo de aumentar a recuperação dos reservatórios E12/13 e E14. Além disso,
visava analisar os resultados dessa técnica de recuperação avançada para que pudesse ser
aplicada ao restante do Campo e também para outros campos da Malásia.
4.4.1 Reservatório
Segundo Nadeson et al. (2004), o critério de seleção foi iniciado em 1998 para
verificar a viabilidade de processos EOR em campos da Malásia. Estudos de laboratório sobre
o comportamento de fases, vaporização, pressão mínima de miscibilidade, eficiência de
deslocamento e tensão superficial foram realizados. Além disso, foi necessária a realização de
modelos geofísicos e geológicos, seguido por simulações de reservatório realizadas com
ajuste histórico e previsão de desempenho.
81
Em vista das questões apresentadas e dos custos, o processo de EOR escolhido foi de
injeção WAG imiscível envolvendo reinjeção do gás produzido contendo alto teor de CO2.
De acordo com o artigo de Nadeson et al. (2004), um ano foi dedicado para se
identificar os poços produtores e injetores adequados, assim como planejar o piloto e a planta.
Essa etapa incluiu uma engenharia para planejar as instalações requeridas, aquisição e análise
de dados (pressão, integridade dos tubos, completação e outros serviços de poços),
implementação da estratégia, monitoramento e avaliação das atividades.
82
Figura 4.22: Diagrama esquemático da estratégia IWAG no Bloco S3 (Nadeson et al., 2004)
Obter informações que possam ser utilizadas para promover melhorias em projetos
futuro de WAG
Alguns testes são realizados antes da execução do projeto piloto. Esses testes têm
como objetivo:
A viabilidade econômica do projeto anterior ao WAG era prevista para até 2013.
Baseado nos resultados das simulações, a injeção de gás se mostrou mais eficiente no
deslocamento do óleo em zonas mais espessas (E12/13), enquanto a injeção de água obteve
melhores resultados em áreas menos heterogêneas e mais permeáveis (E14). Uma combinação
dos poços A10 e A29 injetando alternadamente 3.500 bbl/d de água e 3 MMscf/d de gás com
ciclos de três meses, injeção de gás no poço A14 (1 MMscf/d) e com atuação da injeção
continua de água no poço A31 foi considerado favorável (Nadeson et al., 2004). O gráfico da
Figura 4.23 apresenta três curvas comparativas dos cenários.
Figura 4.23: Incremento na recuperação de óleo esperada pela simulação (Modificado da fonte Nadeson et al.,
2004)
Operação
Monitoramento
A injeção iniciou-se em novembro de 2002, com o poço A29 injetando água, o poço
A14 injetando gás e o A10 injetando gás nos reservatórios E12/13 e no E14 de forma
misturada. Traçadores radioativos e químicos foram injetados em fevereiro de 2002.
85
Desempenho dos produtores: antes e após o IWAG
Poço A2:
Segundo Nadeson et al. (2004), esse poço produzia com elevados teores de BS&W
antes do processo IWAG. Apenas os intervalos do E12/13 estavam abertos para produção em
Agosto 2002. As vazões de produção giravam em torno de 10 bbl/d e o corte de água era de
95%. Em Novembro de 2002, a injeção de gás foi iniciada nos poços A10 e A14. O poço
passou a produzir entre 100 a 300 bbl/d, conforme exibido na Figura 4.24. A pressão nesse
poço estava em torno de 1.450 psi comparado a 1.385 psi antes da injeção.
Figura 4.24: Vazão de óleo pelo tempo, Poço A2 (Modificada de Nadeson et al., 2004)
Poço B16:
86
para 3.000 scf/stb. Os traçadores injetados no A10 foram detectados no gás produzido em
Junho de 2003, indicando comunicação entre o A10 e o B16, encerrando a dúvida sobre o
B16 estar isolado em um compartimento da formação. O gráfico da Figura 4.25 apresenta o
comportamento da produção nesse poço.
Figura 4.25: Vazão de óleo pelo tempo, Poço B16 (Modificada de Nadeson et al., 2004)
Poço B5:
Esse poço começou a produzir água a partir de 2001 e após esse fato, houve uma
queda significativa na vazão de produção. Em Novembro de 2002, após o início da injeção de
gás no A10, a produção no B5 estava em torno de 350 bbl/d, a RGO equivalente a 2.000
scf/stb e com um corte de água de 60%. Durante o primeiro quadrimestre de 2003, o foi
observado um pequeno incremento na produção e um leve declínio na RGO, provavelmente
devido à pressurização causada pela a injeção. Até Setembro de 2003 não havia sido
observada a presença de traçadores (Nadeson et al., 2004). A Figura 4.26 apresenta o gráfico
da produção do B5 antes e depois do processo IWAG.
87
Figura 4.26: Vazão de óleo pelo tempo, Poço B5 (Modificada de Nadeson et al., 2004)
Lições aprendidas
Por ter sido o primeiro projeto piloto implementado pela PETRONAS na Malásia,
algumas lições foram aprendidas:
88
b. A integração dos estudos no laboratório;
Lições aprendidas são valiosas e poderão ser utilizadas em projetos de EOR futuros;
89
Figura 4.27: Presença de cânions na região do reservatório (Choundhary et al., 2012)
O contato óleo-água foi definido no poço de avaliação a 3.989 ft. Não foi observada
presença de gás livre nos poços do campo. A pressão inicial a profundidade de referência
(datum = 3.445 ft) era em torno de 1.591 psi.
Figura 4.28: Localização dos poços e das plataformas (Choundhary et al., 2012)
91
A injeção de gás e a injeção WAG foram consideradas opções viáveis para solucionar
os desafios mencionados. A injeção WAG foi selecionada como escolha preferencial visto que
seria mais fácil de implantar exigindo menores modificações nas instalações existentes. Desse
modo, atingiria o objetivo principal de reduzir a queima de gás e proporcionando,
simultaneamente, o aumento na recuperação de óleo.
De acordo com Choundhary et al. (2012), a injeção de gás deve ser projetada para ser
um processo de deslocamento estável em relação à atuação da segregação gravitacional. Para
um deslocamento gás-óleo estável ao efeito da gravidade, tanto para condições miscíveis
quanto imiscíveis, é necessário uma combinação da injeção, baixa viscosidade do óleo (menor
que 2 cp), alta permeabilidade vertical (geralmente maior que 1.000 md), baixa ou moderada
taxas de fluxo e baixa queda de pressão que não são prováveis de ocorrer em ambientes de
reservatório.
Injeção WAG é um método comumente usado para evitar uma chegada rápida de gás
nos poços produtores (erupção) e para reciclagem de grandes volumes de gás devido à alta
mobilidade relativa (baixa viscosidade) do gás. Segundo Christensen et al. (2001), o processo
pode ser classificado como WAG miscível (MWAG), WAG imiscível (IWAG) e WAG
simultâneo (SWAG – a injeção de gás e água no poço ocorre ao mesmo tempo, porém não é
comum). Os objetivos principais tanto da injeção WAG miscível quanto a imiscível são
fornecer controle de mobilidade, melhorar a eficiência de varrido volumétrica e minimizar
efeitos gravitacionais.
Conforme Choundhary et al. (2012), durante a fase de design do piloto WAG havia
cinco poços injetores no Campo E. Dois desses poços, A1i e A3i, localizados na plataforma
satélite (SAT A) não possuíam linha de injeção de gás, portanto, foram excluídos do cenário
WAG. Três injetores da SAT B (B5i, B6i e B9i) foram considerados injetores do piloto WAG.
92
impactos negativos devido à injeção WAG na produção existente. Os poços foram testados
baseado nos seguintes critérios:
1. Número de produtores influenciados por cada injetor e a vazão total de óleo associada;
A Tabela 4.7 resume as variáveis relacionadas aos injetores. A injeção WAG no B9i
proporcionou o maior incremento de óleo. Entretanto, considerações de outros riscos e
disponibilidade limitada de alta pressão para o gás determinaram a opção pelo poço B6i como
piloto WAG. O Campo E tem apenas um compressor de gás de alta pressão com capacidade
de 16 MMcf/d. Aproximadamente 10 MMcf/d de gás de alta pressão são necessários para o
gas lift, restando apenas 6 MM cf/d disponíveis para o WAG.
Tabela 4.7: Possíveis candidatos a serem injetores WAG (Adaptado de Choundhary et al., 2012)
Candidatos WAG
Conforme a Figura 4.29, a conversão do B6i em injetor WAG iria requerer apenas 3
MMcf/d para repor o volume de injeção de água, que é bem menor comparado aos outros
poços. Além disso, o B6i influencia apenas 2 (dois) poços produtores com uma vazão total
associada de 7.500 bbl/d, consequentemente possui menores riscos da ocorrência de uma
erupção precoce de gás ou da perda de injetividade da água (Choundhary et al., 2012).
93
Figura 4.29: Taxa de injeção de água e os valores equivalentes para injeção de gás (Choundhary et al., 2012)
Figura 4.30: Taxa de injeção de gás e os períodos sensitivos dos ciclos (Choundhary et al., 2012)
Segundo Choundhary et al. (2012), a RGO do Campo e o corte de água previsto como
resultado da injeção de gás a uma taxa de 6 MMcf/d durante o ciclo de 15 dias é exibido na
Figura 4.31. Os resultados do modelo indicaram erupção do gás no produtor B1 em 199 dias e
a RGO com valores crescentes. O modelo também indicou que aproximadamente 50% do gás
injetado seriam reciclados e em torno de 50% ficaria no reservatório, cumprindo parcialmente
os objetivos primários de armazenamento de gás e da redução na queima.
Figura 4.31: Resposta da variação da RGO e do corte de água (Choundhary et al., 2012)
Figura 4.32: Impacto da injeção WAG no corte de água e na vazão de produção do B1 (Choundhary et al.,
2012)
95
De acordo com Choundhary et al. (2012), com os resultados do modelo indicando
mais de 50% do gás injetado sendo mantido no reservatório (consequente redução na queima
de gás) e sem impactos negativos na recuperação geral do campo ou na produção de óleo nos
poços, a decisão foi tomada em converter o B6i em injetor WAG e monitorar de perto a
performance dos produtores (B1, B2 e B7).
A conversão do injetor de água B6i em injetor WAG exigiu algumas modificações nas
instalações existentes. A plataforma SAT B tem manifold de injeção de alta pressão de gás.
Uma linha de 4 polegadas para injeção de gás foi adicionada do manifold ao poço. A
conversão do B6i também requereu a instalação de válvula no poço para permitir a troca da
injeção de alta pressão de gás para baixa pressão de água (Choundhary et al., 2012).
Uma preocupação foi sobre a situação após a injeção de gás em alta pressão, onde não
teria pressão de injeção de água suficiente para vencer a alta pressão do gás e reestabelecer a
baixa pressão de injeção de água. A instalação da válvula proporcionou duas opções para
reestabelecer a injeção de baixa pressão da água. A primeira opção seria aliviar a pressão do
gás existente acima da válvula para uma pressão menor que a necessária para injeção de água
antes de realizar a troca de gás para água. Outra opção seria injetar água sob alta pressão no
poço e posteriormente mudar para baixa pressão.
Foi realizada uma avaliação de risco que indicou que seria mais seguro ter uma linha
de alta pressão para água do que ter uma linha de ventilação de gás de alta pressão
percorrendo do poço ao manifold de produção. Portanto, optou-se pela opção de alta pressão
de água através de uma linha de injeção de 1 polegada.
O início da injeção WAG e a mudança da água para injeção de gás não teve problemas
operacionais. O poço B6i estava apto para injetar à taxa de gás planejada de 6 MMcf/d.
Porém, alguns problemas associados à inversão da injeção de gás para água foram relatados.
Segundo Choundhary et al. (2012), imediatamente após a troca do fluido injetado (gás para
água), o poço mostrou menor injetividade de água. Uma menor vazão de água inicial poderia
ser atribuída à redução na injetividade da água que seguiu imediatamente a injeção de gás,
sendo que o gás apresentava altas saturações nas áreas próximas ao poço. Não foram
observados outros grandes problemas com o WAG no B6i e tudo prosseguiu conforme o
planejado.
96
Plano de monitoramento do Piloto WAG
Anterior ao início da injeção WAG, testes foram realizados nos poços da proximidade
(B1, B2 e B7). Todos os poços estavam apresentando incremento no corte de água e uma
RGO constante, conforme a Figura 4.33 e Figura 4.34. A frequência de testes nos poços foi
aumentada de uma para duas vezes ao mês.
O uso de traçadores no gás para monitorar a erupção também foi discutido, porém não
foi utilizado pelas seguintes razões:
Como resultado, a equipe não poderia justificar o valor adicional para o uso de
traçadores no gás, visto que são caros e logisticamente desafiadores (Choundhary et al.,
2012).
O piloto WAG no B6i teve início em Junho de 2009 e o desempenho foi monitorado
rigorosamente para detectar qualquer resposta (Choundhary et al., 2012). A Figura 4.33 exibe
a performance do produtor B1 para o período avaliado de sucesso no projeto, levando-se em
consideração alguns meses antes do início do piloto WAG até Setembro de 2010. A injeção
WAG B6i continuou na taxa de vazão e nos períodos dos ciclos projetados.
A Figura 4.33 exibe uma suave tendência de aumento da RGO e uma vazão de
produção de óleo com declínio pequeno. As curvas apresentadas nesse gráfico apresentam
valores melhores que os resultados obtidos da simulação. O tempo da erupção do gás
observado no B1 foi estimado em 170 dias, enquanto a RGO estava acima do inicial.
98
A redução no declínio da produção de óleo pode ser observada na Figura 4.34
sugerindo uma melhoria na eficiência de varrido devido à injeção WAG. O declínio anterior
ao método WAG era de 55% e um ano após o WAG, a taxa de declínio caiu para menos de
25%. O incremento de óleo estava estimado em aproximadamente 60 Mbbl a partir de 900
MMcf de gás injetado durante o piloto WAG (até Setembro de 2010). Esses valores
representam uma razão na utilização de gás de 17 Mcf/bbl, enquanto alguns projetos na
indústria estão na faixa de 4 a 25 Mcf/bbl.
Expansão do WAG
99
Figura 4.35: Histórico de produção do poço B2 (Choundhary et al., 2012)
De acordo com Choundhary et al. (2012), decisões futuras sobre a expansão WAG
dependem no plano em longo prazo da disponibilidade de gás de alta pressão tanto para o gas
lift quanto para a injeção alternada. As instalações de compressão estão limitadas em apenas
16 MMcf/d de gás, que é dividido para o sistema de gas lift e para a injeção WAG. Futura
expansão do WAG iria requerer capacidade adicional de injeção de alta pressão, exigindo
assim, modificações na planta e investimentos.
A conversão do injetor de água B6i em injetor WAG foi bem sucedida na redução da
queima de gás e na recuperação incremental de óleo no Campo offshore E, localizado no
Oeste da África.
100
Devido ao sucesso do piloto WAG B6i, o poço B9i também foi convertido em injetor
WAG após resultados preliminares.
Futura expansão WAG pode ser considerada, porém necessitará maiores modificações
na planta e maiores custos serão gerados.
Essa técnica muitas vezes não é adotada devido à inviabilidade logística de se fornecer
dióxido de carbono para a planta ou pelo custo no fornecimento. Alguns projetos se tornam
economicamente viáveis devido à possibilidade da captura de carbono de plantas de geração
de energia elétrica próximas aos campos. Além disso, outra grande fonte de CO2 pode ser o
fluido presente no reservatório, como por exemplo, em campos do pré-sal brasileiro ou no
Campo de Dulang, na Malásia, onde o gás produzido é rico em dióxido de carbono.
101
A complexidade para implantar projetos de recuperação avançada em campos de águas
ultraprofundas é bem grande. Como os investimentos são elevados, mais aquisições de dados
e avaliações são necessárias para diminuir as incertezas e mitigar os riscos associados antes de
sancionar o projeto. Entretanto, devido aos altos custos, usualmente as informações de
aquisição são equilibradas adotando-se certos riscos ou adicionando-se flexibilidades ao
projeto. Esse contexto torna desafiador a implantação de um projeto EOR. Geralmente,
métodos especiais de recuperação exigem instalações adicionais que necessitam ser bem
planejadas, especialmente em plataformas por possuírem limitações de espaço, peso e altura
dos equipamentos. Existem grandes incertezas relacionadas às propriedades do reservatório,
especialmente em carbonatos, pois apresentam alto grau de heterogeneidade.
Segundo Pizarro e Branco (2012), o Campo de Lula foi descoberto pela Petrobras em
2006 e é considerado como um dos gigantes no Brasil. A área conhecida como Pré-sal da
Bacia de Santos está localizada em águas ultraprofundas, com lâminas d’água entre 5.905 e
7.874 ft e aproximadamente a 186 mi da costa do Rio de Janeiro. A Figura 5.1 exibe o Campo
de Lula e outros campos do pré-sal na Bacia de Santos que se encontram em fase de
desenvolvimento.
Figura 5.1: Localização do Campo de Lula (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)
102
continentes. Como a separação continuou a correr e a água do oceano começou a preencher os
espaços, criou-se um ambiente de alta salinidade e baixa energia, propiciando o crescimento
de colônias de bactérias especiais. A secreção desses microrganismos, juntamente com a
precipitação de sais de carbonato, criaram-se núcleos para formar rochas carbonáticas,
conhecidas como microbiolitos.
Figura 5.2: Ambiente do Pré-sal na Bacia de Santos (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)
No geral, Lula apresenta um óleo com API entre 28 e 30°, alto RGO (200 a 300
scf/stb). Assim como em outros reservatórios carbonáticos, o gás apresenta CO2 na sua
composição. A quantidade de dióxido de carbono varia de 8 a 15%. A Petrobras é a operadora
103
e possui 65% da participação no campo. O Grupo BG E&P possui 25% e a Petrogal Brasil
conta com os 10% restantes (Pizarro e Branco, 2012). Alguns poços perfurados na área são
apresentados no mapa da Figura 5.3.
Figura 5.3: Alguns dos poços perfurados no Campo (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)
Em Maio de 2009 foi instalado na área de Lula o FPSO (Floating Production Storage
and Offloading) Cidade de São Vicente, ancorado em lâmina d’água de 7.086 ft e em torno de
174 mi da costa. Aproximadamente 15.000 bbl/d são produzidos em média por um poço com
restrições. Ao final de 2010, o bloco BM-S-11 teve a comercialidade declarada para a
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
104
2- Pilotos de produção para testar o desempenho dos métodos de recuperação;
3- O Piloto de Lula, no qual o FPSO afretado foi projetado para produzir 100.000 b/d,
iniciou a operação em Outubro de 2010 com um TLD no poço P1.
105
proveniente da produção, ou CO2 originalmente contido no gás associado, separado na planta
de processamento do FPSO. Essa fase incluirá também a implantação de outros FPSOs no
Campo.
Avaliação Dinâmica: a análise do fluxo no reservatório pode ser feita através dos
testes de curta duração, geralmente com um curto período de produção (menos de 72 horas) e
também por meio dos TLDs que consiste em uma operação com produção por um período de
6 (seis) meses, analisando as taxas de vazão, temperaturas e as pressões de fundo e na cabeça
do poço.
107
avanço. A Figura 5.4 (do Relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos)
esquematiza o funcionamento do processo no reservatório.
Alguns estudos, como o apresentado por Christensen et al. (2001), indicaram que o
processo WAG apresentou melhores resultados de recuperação quando comparado à injeção
de água na maioria dos casos estudados. Os autores mencionaram também alguns problemas
comuns reportados, por exemplo, erupção precoce nos poços produtores, injetividade
reduzida, corrosão, precipitação de asfaltenos, formação de hidratos e parafinas.
Além dos aspectos clássicos, a eficiência do processo WAG poderia ser melhorada em
reservatórios contínuos, sem inclinações, no qual o óleo apresenta alto poder de inchamento e
baixa viscosidade na presença de gás injetado. Uma reduzida razão da permeabilidade vertical
sobre a horizontal também pode ajudar evitando grandes efeitos gravitacionais sobre o gás
injetado, aumentando o varrido.
Portanto, baseado nos estudos descritos por Pizarro e Branco (2012), experimentos
adicionais e estudos numéricos foram iniciados para investigar profundamente o potencial da
injeção miscível no campo.
109
5.5 Caracterização do reservatório
Atualmente, a indústria está mais preparada para gerar modelos com maior acurácia
sobre os processos de recuperação avançada de óleo em reservatórios de petróleo. Entretanto,
a combinação do uso de processo de recuperação miscível em reservatórios carbonáticos de
campos ultraprofundos ainda é um grande desafio e algumas especificidades do ambiente
carbonático devem ser consideradas.
110
Segundo Pizarro e Branco (2012), o modelo de Lula foi baseado no modelo geológico
conceitual associado ao modelo deposicional e também à impedância sísmica que apresenta
boa correlação da porosidade. Um grande esforço foi destinado para a definição das fácies
geológicas e petrofísicas baseadas nos perfis, testemunhos e análises especiais. Também foi
dado ênfase na correlação dos atributos da sísmica sobre dados de saturação e porosidade,
objetivando identificar as principais heterogeneidades. Essa etapa foi auxiliada fortemente
pelos dados dinâmicos dos TLDs e dos poços de aquisição de dados do reservatório (ADRs)
perfurados em locais estratégicos.
Uma questão existente era em relação sobre qual fluido começar a injeção. A partir de
pontos técnicos e conceituais, iniciar o processo WAG com gás poderia fornecer maiores
fatores de recuperação. No processo miscível ao primeiro contato, o gás tenderia a deslocar
todo o óleo (móvel e residual). Depois, a água subsequente deslocaria o banco miscível e
pressurizaria o reservatório. Também agiria como agente controlador da mobilidade para o
próximo ciclo de gás, forçando o gás a procurar caminhos alternativos para melhorar o
processo de deslocamento e a eficiência de varrido. Entretanto, a maioria dos processos WAG
se inicia com água devido a um simples fator: geralmente esse método é aplicado em campos
já maduros e que fazem uso da injeção de água como método de recuperação. Iniciar o
processo com água também possui alguns pontos positivos relativos à manutenção da pressão,
onde a injeção de água é mais efetiva em fornecer massa para o reservatório e pode promover
uma re-pressurização mais rápida. No piloto de Lula, o processo WAG se iniciou com a
injeção de água devido às razões de cronograma. A intenção também é testar a primeira
injeção com gás no futuro (Pizarro e Branco, 2012).
Apesar da injeção de gás ser benéfica para a recuperação de óleo, existe também
alguns problemas operacionais conforme já mencionado. Entre eles, existe a possibilidade da
deposição de asfaltenos e, por ser um solvente não polar, o CO2 ou o gás de hidrocarboneto
podem criar condições para flocular componentes pesados de asfaltenos presentes no óleo.
Formações de hidrato e de parafina também podem ser afetadas pelo CO2, pois a
despressurização de altas vazões de óleo nos risers de produção faz com que o gás se
desprenda da solução, reduzindo a temperatura do fluxo e aumentando a possibilidade de
deposição de parafinas. Carbonato de cálcio também é um problema associado à injeção de
CO2 em rochas carbonáticas.
Outro problema é o potencial de corrosão nos poços, causados pela associação do CO2
com a água injetado/produzida. Esse problema pode ser contornado através da utilização de
ligas especiais, tubos revestidos com plástico e injeção contínua de químicos. O design
especial de linhas flexíveis e risers para lidar com o CO2 é outro aspecto importante no
112
projeto. Esses problemas foram levados em consideração no projeto nas seções de integridade
e da garantia de escoamento.
Como consequência dos estudos, o Piloto de Lula foi projetado para permitir a injeção
WAG tanto utilizando o gás produzido, quanto o CO2, bem como a mistura de gás de
hidrocarboneto e CO2. Por conseguinte, ao menos três poços de injeção foram planejados para
serem perfurados na área piloto, sendo dois injetores WAG e um injetor de gás, conforme
exibido na Figura 5.5.
Figura 5.5: Localização do Piloto de Lula (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)
A Figura 5.6 ilustra uma seção transversal de três poços do Piloto de Lula. Por
instância, o poço injetor de gás (RJS-665) foi completado em dois intervalos diferentes e
medidores de pressão instalados. Enquanto a injeção se iniciou no intervalo superior, a
pressão foi monitorada na seção inferior. O poço RJS-660 também foi completado em duas
zonas, isoladas mecanicamente, produzindo no intervalo inferior. O outro produtor, RJS-646,
foi completado em uma única zona na região superior do reservatório. Sendo possível
monitorar a pressão de fundo e o uso de traçadores químicos no fluido injetado, podendo
obter informações importantes para a realização do ajuste histórico e para a calibração dos
modelos de simulação.
113
Figura 5.6: Seção transversal esquemática dos poços (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)
O tipo de completação pode ser uma alternativa eficiente para mitigar riscos de fluxos
preferenciais e a erupção precoce dos fluidos injetados no reservatório. O sucesso do uso
dessa técnica, juntamente com a flexibilidade de se injetar tanto água quanto gás, além da
capacidade de alternar a injeção de gás em diversos poços, serão fundamentais para confirmar
a recuperação adicional de óleo esperada no campo através do método especial.
Após dois anos de TLD e Piloto de produção, importantes resultados foram obtidos.
Conforme Pizarro e Branco (2012), os dados da produção do TLD foram analisados em
conjunto com o fluido coletado e as medições de pressão proveniente dos poços de avaliação
e de aquisição de dados de reservatório perfurados no Campo. Dentre os diversos tópicos
aprendidos, destacam-se:
114
Teste de injeção de água no campo de Lula com bom índice de injetividade e
distribuição vertical.
O Piloto de Lula estava produzindo através de três poços e possuía um injetor de gás.
A injeção foi iniciada em Abril de 2011, injetando em torno de 35 MMscf/d. O gás era uma
mistura de CO2 e principalmente gás de hidrocarbonetos. A Figura 5.7 exibe a produção desde
o princípio. A partir de Setembro de 2011, o sistema de exportação de gás teve início e desde
então, parte do gás produzido era separado do CO2 e exportado para a costa. O poço injetor
começou a injetar principalmente CO2 com taxas de injeção em torno de 12 MMscf/d, tal gás
era permeado através das membranas, com concentrações de dióxido de carbono superiores as
80%. Como todos os poços possuem medidores de pressão, a mesma vem sendo monitorada.
O uso de traçador para monitoramento do gás tem sido realizado desde Junho de 2011.
Figura 5.7: Performance da produção do Piloto (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)
115
Figura 5.8: Desempenho da injeção no poço RJS-665 (Jorge Pizarro e Celso Branco, 2012)
Durante esse período, amostras de gás foram coletadas duas vezes ao mês nos
produtores para investigar a presença dos traçadores injetados. Até então, nenhum traçador foi
detectado. Outra informação importante é relacionada à pressão dos produtores que
apresentou uma mudança na tendência após a redução na taxa de injeção do gás. Isso pode ser
verificado durante o período de Junho a Novembro de 2011, onde a taxa de produção foi
mantida praticamente constante e a injeção de gás havia sido reduzida. Isso é uma indicação
que existe uma boa continuidade entre eles.
Produzido Injetado
Água (MM
Área Óleo (MM bbl) Gás (MM cf) Gás (MM cf)
bbl)
Piloto de Lula 19,5 29.840 0 6.261
EWT NE 2,5 3.842 0 0
TOTAL LULA 22 33.682 0 6.261
116
Informações adicionais são esperadas ao término do Piloto de Lula com os futuros
poços perfurados e/ou completados. Entre elas:
117
6 Análise dos projetos pilotos e comparações com o Brasil
Apesar do Campo de Lula ser o maior campo produtor brasileiro atualmente, algumas
informações sobre o projeto Piloto, especialmente sobre o desempenho da injeção WAG,
ainda não foram mensuradas, porém, conforme outros pilotos apresentados nesse trabalho
espera-se uma boa recuperação em Lula.
O primeiro caso analisado foi de 1981, no campo da Baía de Quarantine (QB 4RC),
nos Estados Unidos. O projeto foi desenvolvido pela empresa Gulf Oil E&P em um campo
offshore, porém com lâmina d’água muito pequena, o que difere bastante das condições
encontradas na Bacia de Santos. Uma grande similaridade no projeto foi a utilização do CO2
como principal gás de injeção, porém o dióxido de carbono era transportado de uma base
terrestre localizada em Nova Orleans até o Campo por intermédio de embarcações, gerando
atrasos no fornecimento durante meses da primavera, onde a visibilidade geralmente é baixa.
Outro empecilho, e o maior problema operacional enfrentado no piloto, foi o controle da
corrosão, ocasionando atrasos e perca de produção, já que os inibidores químicos utilizados
não foram eficientes, mesmo assim a recuperação adicional foi de 16,9%, gerando uma razão
de utilização de CO2 igual a 2,57 Mcf/bbl.
Além das grandes diferenças nos valores de lâmina d’água observadas nos projetos
Pilotos offshore ao redor do mundo comparado ao cenário do Campo de Lula, uma importante
característica que torna o piloto no pré-sal brasileiro muito desafiador é o tipo de rocha
reservatório. Nos demais projetos o reservatório era arenítico, enquanto no campo de Lula a
formação é carbonática. Possíveis adicionais problemas devido a esse tipo de formação, por
exemplo, a grande heterogeneidade e criação de caminhos preferenciais podem ocorrer em
Lula. Portanto, a equipe responsável pelo piloto teve que realizar vários estudos e analisar
diversos cenários para evitar problemas e otimizar o processo.
119
Tabela 6.1: Quadro com informações comparativas dos Projetos Pilotos com injeção WAG
Baía de
Campo
Quarantine Statfjord Mar VLE Dulang Campo E Lula
(QB 4RC) do Norte Venezuela Malásia África Brasil
Informação
EUA
Descoberta do
1940 1973 1958 1981 2001 2006
Campo
Lâmina
6 475 197 250 213 5.905 – 7.874
d'água (ft)
Inicial: 5P e
Número de 5P, 1 WAG e 2 1WAG 3P, 1Ig e 3P, 2WAG e
22P e 9WAG 3P e 1 WAG
poços Monitores Final: 6P e 2WAG 1Ig
1WAG
Método
utilizado Inj. de água Inj. de água Inj. de água Inj. de água Inj. de água Inj. de água (1)
anteriormente
Característica
32 40 32 39 25 - 31 28 - 30
do óleo (°API)
Tipo de Gás CO2 e HC Gás de HC Gás rico em Gás rico em
Gás de HC Gás de HC
injetado (C6 a C19) (75% metano) CO2 (50%) CO2 (50%)
Água:
Água: Água: Água: Água: -
Taxa de 2.500 bbl/d - 3.000 bbl/d 3.500 bbl/d Gás (4):
6 MMcf/d
injeção WAG Gás: Gás (2): Gás: Gás: 35 MMscf/d
87 tons/d 2,8 MMscf/d 2,2 MMscf/d 3MMscf/d Gás (5):
12 MMscf/d
Início do
1981 1997 2000 2002 2009 2011
Piloto
Rocha
Arenito Arenito Arenito Arenito Arenito Carbonato
Reservatório
Temperatura
183 °F 206,6 °F 236 °F 215 °F - 140 a 158 °F
Reservatório
Pressão do
3.534 psi 4.786 psi 1.500 psi 1.800 psi 1.591 psi 4.000 psi
Reservatório
Recuperação 22 Mbbl ao
Em fase de
adicional pelo 16,9% término do 10% 6.20% 60 Mbbl
teste
WAG Ciclo I
Já utilizavam
tracers na
Uso de
Sim Sim Sim Sim água para Sim
traçadores
determinar
conectividade
Aprox. 1 mês
Duração de Em fase de
cada (14 ciclos 1 a 3 anos (3) 7 meses 3 meses 15 dias
cada Ciclo teste
ao todo)
(1) Projeto ainda em execução
(2) Valor calculado a partir do total acumulado de gás injetado
(3) Ciclos de 6 a 10 meses estão sendo testados
(4) Valor referente à injeção antes da disponibilidade da rota de exportação
(5) Valor referente à injeção após a construção da rota de exportação
(6) P – Poço produtor / Ig – Injetor de gás / WAG – Poço com injeção alternada de água e gás
(-) Valor não encontrado
120
7 Conclusão
O método WAG, consiste na injeção alternada de água e gás para promover maior
deslocamento do óleo, aumentando a eficiência de varrido e consequentemente incrementando
o fator de recuperação.
Esse trabalho apresentou vários campos offshore ao redor do mundo que realizaram
Piloto adotando a técnica WAG em busca de mais informações e com o objetivo de testar a
eficiência do método para que se expandissem o projeto ao campo todo, caso o piloto fosse
bem sucedido.
121
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