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A Filosofia Politica: da Idade Antiga a Moderna

1. A Filosofia Politica na Idade Antiga


PLATAO (428-347 a. C)
Seu pensamento político está contido nas obras A República e O Político e as Leis. Há
que considerar em Platão 4 abordagens:
1. A origem do estado – que para ele deve-se ao facto de o Homem não ser
autosuficiente, não se bastar a si mesmo, dai a necessidade de se associar-se aos outros.

2.Comunismo/idealismo – na obra A República, Platão imagina que todas as crianças


devem ser criadas pelo Estado e que até aos vinte anos devem receber a mesma
educação. A justiça constitui a principal virtude.

3.Classes Sociais – pelo facto de os Homens serem diferentes devem portanto, de


acordo com Platão ocupar posições distintas na sociedade a qual organiza-se em 3
classes: trabalhadores (camponeses, artesãos e comerciantes), soldados e magistrados
(governates). Os trabalhadores garantem a subsistência da cidade, soldados a sua defesa
e os magistrados dirigir a cidade mantendo-a coesa.

4.Formas de governo – para Platão a melhor forma de governo é a monarquia, sob o


comando de um filósofo-rei (sofocrático). A sua segunda opção é a aristocracia
composta por filósofos e guerreiros, que corrompida transformar-se-ia em timocracia
em que a virtude seria substituída pela norma de guerra, ficando a cidade nas mãos de
ambiciosos de poder e honra. A fase mais corrompida da aristocracia é a oligarquia,
em que a ganância pelo poder e pela honra é superada pela avidez de riqueza.
Democracia para Platão é o pior dos governos, pois estando o poder nas mãos do povo e
sendo este icapaz de conhecer a ciência política facilita através da demagogia o
aparecimento da tirania – o governo exercido por um só através da força.

ARISTOTELES(384/322 a.C)
Foi discípulo de Platão e tornou-se seu crítico. Aristóteles critica o autoritarismo de
Platão e não concorda com o seu idealismo, pois a cidade é constituída por indivíduos
naturalmente diferentes, sendo impossível uma unidade absoluta. Critica ainda a
sofocratcia, que atribui um poder ilimitado apenas a uma parte do corpo social – os mais
sábios (filósofos).

Origem do Estado – o Estado de acordo com Aristóteles é de origem natural. O


objectivo é proporcionar felicidade aos cidadãos.

Formas de governo – tendo como base que o fim do Estado é o bem comum,
Aristóteles pensava que cada Estado deveria aprovar uma constituição que respondesse
às suas necessidades. As formas de governo por ele estabelecidas são:
Monarquia – governo de um só, é teoricamente a melhor forma de governo, porque
preserva a unidade do estado, pode facilmente transformar-se em tirania – governo de
um só homem que se move por interesses próprios.
Aristocracia – governo de poucos homens virtuosos, os melhores que cuidam do bem
de todos. A sua forma corrupta é oligarquia – que é o governo de ricos os quais
procuram o bem económico pessoal.
República – governo de muitos, constituído pelo povo, que cuida do bem da polis,
quando o povo toma o poder e suprime todas as diferenças socias em nome da
igualidade, chama-se democracia – é a forma corrupta da república.
Em suma, Aristóteles foi o primeiro a fundamentar a origem do Estado numa base
racional, sua concepção do Homem como animal político evidencia a concepção
naturalista do Estado, evolutiva a partir da família.

2. Filosofia Política na Idade Média: a concepcao politica de


S.Agostinho e São Tomas de Aquino

SANTO AGOSTINHO
Seu pensamento político centra-se na obra A Cidade de Deus, para ele o mundo divide-
se em duas cidades: a de Deus e a Terrena.
A Igreja é a encarnação da cidade de Deus, o Estado da cidade terrena, como sendo
uma necessidade imposta ao Homem pelo pecado original.
Para S. Agostinho a existência da autoridade política é para a manuntenção da paz,
justiça, ordem e segurança, esta autoridade é entendida como dádiva divina aos homens.
Eis a razão dos cidadãos obedecerem aos governantes e não é da sua competência
distinguir entre governates bons ou maus, ou formas de governo justas ou injustas.

SÃO TOMAS DE AQUINO


Seu pensamento político encontra-se plasmado na obra, De Regimine Principum (Do
Governo dos Príncipes).
Quanto à Origem do Estado – nega a ideia de S. Agostinho segundo a qual deve-se ao
pecado original, e concorda com Aristóteles: este nasce da natureza social do Homem e
não das limitações do indivíduo. O Estado é uma sociedade perfeita, cujo fim é o bem
comum e os meios suficientes para o realizar.
Formas de governo – Aquino retoma a divisão aristotélica e considera como governo
ideal a monarquia absoluta. Porém na prática considera a monarquia constitucional a
melhor forma de governo.

Relação Estado e Igreja


Sendo o Estado uma sociedade perfeita, goza de perfeita autonomia, mas sendo a meta
da Igreja o bem sobrenatural, este é superior ao do Estado, que é simplesmente o bem
comum neste mundo. A Igreja é uma sociedade mais perfeita, com isso o Estado deve
subordinar-se a ela, em tudo que concerne ao fim sobrenatural do Homem.

3. A Filosofia Política na Idade Moderna


A época moderna apresenta 3 características fundamentais: a) a libertação do Homem
em relação às explicações teológicas da realidade, através da razão; b) a libertação do
Homem dos regimes ditatoriais através da democracia; c) a libertação do Homem da
dependência em relação à natureza, através da técnica.

Nicolau Maquiavel (1469-1527)


Na sua obra O Principe, desenha em linhas gerais o comportamento de um príncipe que
pudesse unificar a sua Itália fragmentada, nesta perspectiva os fins justificam os meios
(pode usar-se qualquer meio para o alcance de um fim desejado). O Príncipe deve
impor-se mais pelo temor do que pelo amor, para alcançar seus objectivos (ditadura):
preservar a sua vida e a do Estado. Portanto o príncipe não deve esquecer sua reputação.

Thomas Hobbes (1588-1679)


De naturalidade inglesa, Hobbes interessou-se por problemas do conhecimento e da
política, a sua doutrina sobre a política encontra-se patente nas obras De Cive e Leviatã.
A origem do Estado para ele é o contrato social, decorrendo de conflitos entre os
indivíduos. Para ele o Homem conheceu dois estados o natural e o contratual. Os
interesses egoístas predominam e o Homem torna-se um lobo para o outro homem
(homo homini lupus), as disputas geram uma guerra de todos contra todos (bellum
omnium contra omnes). o medo e o desejo de paz levam o homem a fundar um
estado social e a autoridade política, abdicando dos seus direitos em favor do
soberano, que por sua vez terá um poder absoluto. Cabe ao soberano julgar sobre o
bem e o mal, justo e injusto.

John Locke (1632-1704)


Contemporâneo e conterrâneo de Hobbes, Locke contribui politicamente na obra Dois
Tratados Sobre o Governo, e distingue também dois estados em que o Homem terá
estado: o natural e o contratual. Em que no natural os Homens são livres iguais e
independentes, e não um estado de guerra de todos contra todos tal como defende
Hobbes. Ninguém pode ser submetido ao poder do outro sem o seu consentimento. A
renúncia à liberdade natural da pessoa acontece quando as pessoas acordam em juntar-
se e unir-se em comunidade para viver com segurança, paz e conforto com os outros.
Locke defende a propriedade privada e a democracia na idade moderna. Ele estabelece a
diferença entre sociedade política e civil, entre o público e o privado, que devem ser
regidos por leis diferentes. Contudo, o poder político não deve ser determinado pelas
condições de nascimento, e o Estado não deve intervir, mas sim garantir e tutelar o livre
exercício da propriedade, da palavra e da iniciativa económica.
Em suma, tanto para Hobbes como para Locke no contrato social, existem regras de
convivência social e uma direcção que orienta a sociedade.
Charles de Montesquieu (1689-1755)
É considerado pai do constitucionalismo liberal moderno, em 1748 escreveu Espírito
das Leis, na qual procura descobrir as leis naturais da vida social. Lei social como sendo
relação dos fenómenos empíricos. As leis são relações indispensáveis emanadas da
natureza das coisas. Para Montesquieu existem dois tipos de leis: leis da natureza –
igualdade de todos seres inferiores; procura de alimentação; desejo de viver em
sociedade; encanto entre seres de sexos diferentes. Leis positivas – existem para regular
a convivência entre os homens. Ex. direito político que regula o relacionamento entre o
governo e o governado; direito civil regulador da convivência entre os cidadãos. Os
tipos sociológicos do Estado que Montesquieu estabelece são os seguintes: democracia,
monarquia, despotismo. O grande mérito de Montesquieu na política foi o de ter
desenvolvido a teoria da separação dos poderes legislativo, executivo e judicial, com o
objectivo de estabelecer condições institucionais de liberdade política através de uma
equilibrada divisão de funções entre os órgãos do Estado (parlamento, governo e
tribunais), impedindo deste modo que algum deles actue despoticamente. O legislativo
tem a função de criar leis, este papel é desempenhado no parlamento. O executivo tem
a função de implementar as leis e de as fazer cumprir esse papel é desempenhado pelo
governo. O poder judicial serve para julgar os que violam as leis, têm essa tarefa os
tribunais.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)


Nasce em Genebra na Suíça, e vive a partir de 1742 em Paris (França), inicia sua
reflexão política partindo da hipótese de o homem se ter encontrado num estado de
natureza e num estado contratual, cujo primeiro é descrito na obra Discurso Sobre a
Desigualdade Entre os Homens, e o segundo em O Contrato Social. Para ele a
propriedade introduz a desigualdade entre os homens a diferenciação entre o rico e o
pobre, surgindo um homem corrompido pelo poder e esmagado pela violência. Trata-se
portanto de um falso contrato. O contrato social deve ser fruto do consentimento de
todos membros da sociedade. A democracia de Rousseau, critica o regime da
democracia representativa em que alguns cidadãos representam o povo nas decisões dos
destinos do país e na elaboração e aprovação de leis. Ele propõe uma democracia
participativa ou directa.

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