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Tolerância geométrica
Tolerância geométrica
© SENAI-SP
ISBN 85-87090-77-1
TÍTULO
CDU 519.233.24
E-mail senai@sp.senai.br
Home page http:// www.sp.senai.br
Tolerância geométrica
Sumário
Apresentação 5
Conceitos gerais 7
Tolerâncias de forma 37
Tolerâncias de orientação 61
Tolerâncias de posição 89
Tolerâncias de batimento 107
Referências bibliográficas 121
Tolerância geométrica
Tolerância Geométrica
Apresentação
Embora procure retratar o estudo da arte, esta não pode ser considerada uma obra
definitiva, pois trata de um assunto em constante evolução, sujeito a revisões e
atualizações das Normas Técnicas. Assim, sugestões e colaborações serão bem-
vindas para subsidiar futuras edições.
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
Conceitos gerais
Isso ocorre porque vários fatores interferem nos processos de fabricação: instrumentos
de medição fora de calibração, folgas e desalinhamento geométrico das máquinas-
ferramenta, deformações do material, falhas do operador, etc.
Mas, a prática tem demonstrado que certas variações nas características das peças,
dentro de certos limites, são aceitáveis porque não chegam a afetar sua
funcionalidade.
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Tolerância Geométrica
Peças produzidas dentro das tolerâncias especificadas podem não ser idênticas entre
si, mas funcionam perfeitamente quando montadas em conjunto. Porém, se estiverem
fora das tolerâncias especificadas, deverão ser retrabalhadas ou refugadas, o que
representa desperdício de tempo e de dinheiro.
A tolerância dimensional, que não será aprofundada neste material, refere-se aos desvios
aceitáveis, para mais ou para menos, nas medidas das peças. Nos desenhos
técnicos este tipo de tolerância vem indicado ao lado da dimensão nominal da cota
tolerada, por meio de dois afastamentos: o superior e o inferior, como mostra o
desenho a seguir.
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Tolerância Geométrica
Mas, a execução da peça dentro da tolerância dimensional não garante, por si só, um
funcionamento adequado. Muitas vezes, não é suficiente que as dimensões efetivas da
peça estejam de acordo com a tolerância dimensional.
É necessário, também, que a peça apresente as formas previstas, para poder ser
montada e funcionar adequadamente.
O problema é que, do mesmo modo que é praticamente impossível obter uma peça
real com as dimensões nominais exatas, também é muito difícil obter uma peça real
com formas rigorosamente idênticas às da peça projetada.
Por outro lado, desvios de formas dentro de certos limites não chegam a prejudicar o
bom funcionamento das peças que constituem os conjuntos mecânicos.
Além das medidas e das formas, outro fator deve ser considerado quando dois ou mais
elementos de uma peça estão associados: trata-se da posição relativa desses
elementos entre si.
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Tolerância Geométrica
Todo produto é concebido para atender a uma função, com o menor número possível
de erros. A aplicação das tolerâncias dimensionais e geométricas permitirá atender à
função desejada com menor índice de rejeição. É de suma importância atingir os
requisitos de funcionalidade e exatidão de forma e de posição dos elementos
produzidos, para assegurar a durabilidade, a confiabilidade e o bom desempenho do
produto.
A norma que orienta sobre a execução dos símbolos para tolerância geométrica, suas
proporções e dimensões é a ISO 7083:1983, que ainda não foi traduzida e adaptada
pela ABNT.
Embora esse método continue sendo utilizado até hoje, em alguns casos essa
avaliação qualitativa já não é suficiente para garantir os requisitos de exatidão e
funcionalidade das peças. As tolerâncias geométricas são especificadas
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Tolerância Geométrica
Na falta de uma norma brasileira que oriente sobre os princípios de verificação, e tendo
em vista a necessidade de produzir dentro de padrões internacionais de qualidade,
impostos pelo processo de globalização da economia, é recomendável tomar como
referência os procedimentos para verificação das características geométricas
propostos pelo Relatório Técnico ISO / TR 5460:1985, que apresenta as diretrizes
para princípios e métodos de verificação de tolerâncias geométricas.
Todo corpo é separado do meio que o envolve por uma superfície. Esta superfície, que
limita o corpo, é chamada de superfície real.
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Tolerância Geométrica
O perfil real é o que resulta da interseção de uma superfície real por um plano
perpendicular.
As diferenças entre o perfil efetivo e o perfil geométrico, que são os erros apresentados
pela superfície em exame, classificam-se em dois grupos:
• Erros microgeométricos: são formados por sulcos ou marcas deixados nas
superfícies efetivas pelo processo de usinagem (ferramenta, rebolo, partículas
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
De acordo com as normas técnicas sobre tolerância geométrica (NBR 6409: 1997 e
ISO 1101:1983), as características toleradas podem ser relacionadas a: forma,
posição, orientação e batimento.
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Tolerância Geométrica
Retitude
Elementos
isolados
Planeza
Circularidade
Forma
Cilindricidade
isolados ou
associados
Elementos
Paralelismo
Orientação Perpendicularidade ⊥
Elementos associados
Inclinação
Posição
Concentricidade
Posição
Coaxialidade
Simetria
Circular
Batimento
Total
Cada uma dessas tolerâncias será explicada detalhadamente nos próximos capítulos.
Por ora, é importante que você saiba como são feitas as indicações dessas tolerâncias
nos desenhos técnicos.
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Tolerância Geométrica
Altura do quadro 5 7 10 14 20 28 40
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Tolerância Geométrica
Na figura da direita, o símbolo mostra que está sendo indicada uma tolerância de
paralelismo. Este tipo de tolerância só se aplica a elementos associados. Portanto, é
necessário identificar o elemento de referência, neste exemplo representado pela letra
A.
No exemplo anterior, apenas um elemento foi tomado como referência. Mas, há casos
em que é necessário indicar mais de um elemento de referência. Quando isso ocorre,
algumas regras devem ser seguidas. Os exemplos a seguir mostram as formas
possíveis de indicação de mais de um elemento de referência.
Se a tolerância se aplicar a vários elementos repetitivos, isso deve ser indicado sobre o
quadro de tolerância, na forma de uma nota. O número de elementos aos quais a
tolerância se refere deve ser seguido por um sinal de multiplicação ou pode-se
escrever direto a quantidade de elementos a serem tolerados, como mostram as
figuras a seguir.
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Tolerância Geométrica
Nos exemplos apresentados, a inscrição “não convexo” significa que a superfície efetiva, além de
estar dentro dos limites especificados, não pode apresentar perfil convexo.
Pode ser necessário, em alguns casos, indicar uma tolerância mais apertada para uma
parte do elemento tolerado. Nesses casos, a indicação restrita a uma parte limitada da
peça deve vir indicada no quadro de tolerância, num compartimento abaixo da
tolerância principal, como na figura a seguir.
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Tolerância Geométrica
Algumas vezes, uma indicação de uma tolerância engloba outra e, portanto, não é
necessário indicar as duas. Basta especificar a mais abrangente. Por exemplo, a
condição de retitude está contida na especificação de paralelismo. Porém, o contrário
não é verdadeiro: a tolerância de retitude não limita erros de paralelismo.
O símbolo tanto pode aparecer após o valor da tolerância, como após a letra de
referência, ou ainda depois dos dois. A aplicação deste símbolo é padronizada pela
norma ISO 2692:1988.
Quando a tolerância for aplicada a um eixo como nas duas figuras à esquerda ou ao
plano médio de um elemento cotado, como mostra a figura à direita, o quadro de
tolerância pode ser ligado à linha de extensão, em prolongamento à linha de cota.
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Tolerância Geométrica
O quadro de tolerância pode ser ligado diretamente ao eixo ou plano médio tolerado,
quando a tolerância se aplicar a todos os elementos comuns a este eixo ou a este
plano médio.
Nos desenhos técnicos, essas mesmas letras maiúsculas devem ser inscritas num
quadro e ligadas ao elemento de referência por uma linha auxiliar (linha contínua
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Tolerância Geométrica
estreita), que termina num triângulo cheio ou vazio, apoiado sobre o elemento de
referência.
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Tolerância Geométrica
A base do triângulo pode ser apoiada diretamente sobre o eixo ou plano médio do
elemento de referência, quando se tratar do eixo ou plano médio de um elemento
único ou do eixo ou plano médio comum a dois elementos.
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Tolerância Geométrica
Do mesmo modo, se apenas parte do elemento de referência for tomada como base
para verificação da característica tolerada, esta parte deve ser delimitada no desenho
pela linha traço e ponto larga.
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Tolerância Geométrica
Essas cotas não devem ser toleradas diretamente. No desenho, elas são
representadas emolduradas, como mostra a figura a seguir.
Campo de tolerância
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Tolerância Geométrica
Neste exemplo, o campo de tolerância é determinado pela área entre dois círculos
concêntricos distantes radialmente de “t”. A peça para ser aprovada deve
apresentar efetivamente seu contorno dentro desta área.
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
A verificação das características de tolerância geométrica pode ser feita com o uso de
dispositivos relativamente simples, desde que estejam de acordo com os princípios
gerais de medição e de verificação, que serão abordados a seguir.
Mas, isso ainda não é tudo. Durante a execução e ao final da produção da peça é
necessária a constatação objetiva de que o produto atende a todos os requisitos
pretendidos.
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
Símbolo Interpretação
Suporte fixo
Suporte ajustável
Giro contínuo
Giro intermitente
Rotação
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
Se a referência for uma linha de simetria, como na figura seguinte, ela será simulada
por dois cilindros coaxiais circunscritivos sem folga.
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Tolerância Geométrica
Referência - Centro
Centro de uma esfera
Referência
Estabelecimento de referência
Elemento de
referência
Centro de um furo
Referência
Estabelecimentos de referência
Elemento de referência
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referência Elemento de Elemento de
Referência Referência Referência
referência referência
Tolerância Geométrica
Estabelecimento de
Estabelecimento de referência
referências
Estabelecimento de referências
SENAI
Referência - Linha
Centro de um eixo
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Tolerância Geométrica
Referência - Plano
Superfície
Referência
Estabelecimento de referências
Elemento de referência
Estabelecimento de referências
Elemento de
referência
Nos próximos capítulos, para cada tipo de tolerância abordada será apresentada pelo
menos um exemplo de método de verificação apropriado.
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Tolerância Geométrica
Tolerâncias de forma
Um tampo de mesa que não esteja perfeitamente plano pode servir a diversas
finalidades, sem prejuízo da sua funcionalidade. Mas, se esta mesa for usada como
desempeno, a planeza do seu tampo passa a ser um requisito de importância
fundamental. Neste caso, esta exigência quanto à exatidão da forma deve ser
especificada no desenho técnico e posteriormente verificada no objeto acabado.
Assim como esta, outras características relativas às formas dos objetos devem ser
especificadas nos projetos, indicadas nos desenhos técnicos, observadas nos
processos de produção e verificadas depois que o produto estiver pronto, sempre que
essas condições forem imprescindíveis para a funcionalidade do objeto.
Este capítulo trata do conjunto das tolerâncias geométricas agrupadas sob a categoria
das tolerâncias de forma, ou seja:
• Retitude,
• Planeza,
• Circularidade,
• Cilindricidade,
• Perfil de linha qualquer e
• Perfil de superfície qualquer.
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Tolerância Geométrica
Tolerância de retitude
Este tipo de tolerância só se aplica a elementos isolados, como linhas contidas nas
faces de peças, eixos de simetria, linhas de centro ou geratrizes de sólidos de
revolução.
Na figura a seguir, a seta que liga o quadro de tolerância ao elemento tolerado indica
que a tolerância é especificada somente em um plano.
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Tolerância Geométrica
Neste caso, o campo de tolerância é limitado por duas retas paralelas, separadas por
uma distância de 0,1mm.
Isso quer dizer que qualquer linha da face superior da peça, paralela ao plano de
projeção no qual é indicada a tolerância, deve estar contida entre duas retas paralelas
afastadas 0,1mm entre si.
Num caso como este, a verificação do desvio de retitude pode ser feita comparando-
se o elemento tolerado com um elemento-padrão, assumido como reto.
A verificação qualitativa da retitude pode ser feita com uma régua com fio, porém este
método não permite verificar se o desvio está ou não dentro do campo de tolerância.
A superfície tolerada quanto à retitude deve ser apoiada lateralmente por um suporte
fixo, para evitar mudanças de direção no deslocamento da peça. O suporte fixo e a
peça devem estar dispostos sobre um desempeno ao qual é acoplado um relógio
comparador.
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Tolerância Geométrica
A verificação deve ser repetida tantas vezes quanto necessário, como indica o
procedimento ➁.
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Tolerância Geométrica
A tolerância pode ser especificada em dois planos perpendiculares entre si, como
mostra a figura a seguir.
Portanto, neste caso, a linha de centro da peça pronta deve estar contida dentro de um
paralelepípedo de 0,1mm de altura por 0,2mm de largura, ao longo de toda a extensão
da peça.
Como não é possível verificar diretamente a retitude de uma linha de centro, a medição
do desvio deve ser feita indiretamente. O dispositivo apresentado a seguir permite
verificar a retitude da linha de centro a partir da medição dos desvios registrados em
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Tolerância Geométrica
duas linhas opostas, (a e b), em relação à linha de centro, situadas nas superfícies da
peça tolerada.
A verificação deve ser feita separadamente para cada direção especificada. Na figura
da esquerda, o dispositivo está preparado para verificação no sentido vertical e na
figura da direita a peça está posicionada para verificação no sentido horizontal.
A peça deve estar apoiada sobre um suporte fixo e um suporte ajustável, dispostos
sobre uma superfície plana (desempeno). O elemento a ser verificado deve estar
paralelo à superfície plana. Para garantir o paralelismo, utiliza-se um relógio
comparador.
Ma - Mb
Dr = , onde Ma corresponde a amplitude ao longo de a e Mb corresponde à
2
amplitude ao longo de b.
Nas duas verificações, os valores de desvio encontrado não podem ser superiores aos
valores prescritos no desenho para cada direção.
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Tolerância Geométrica
SENAI 43
Tolerância Geométrica
A medição deve ser feita em um número suficiente de seções axiais, como mostra o
procedimento ➁
Tolerância de planeza
Isso significa que qualquer ponto da superfície efetiva da face superior da peça
acabada deve estar situado na região entre dois planos paralelos distantes 0,08mm um
do outro, como mostra a figura.
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Tolerância Geométrica
Para peças de grandes dimensões, pode ser utilizado um dispositivo mais adequado,
como o que é apresentado na figura a seguir.
A peça deve ser apoiada sobre suportes fixos e ajustáveis dispostos sobre um
desempeno, de modo a garantir a horizontalidade da superfície a ser verificada.
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Tolerância Geométrica
Em outras palavras, depois de acabada a peça, bastará verificar quanto à planeza uma
área de 50mm x 100mm, livremente escolhida na sua face superior. Se todos os
pontos da superfície verificada estiverem compreendidos dentro de uma região
delimitada por dois planos paralelos distantes 0,1mm entre si, a peça deverá ser
aprovada quanto a este requisito.
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Tolerância Geométrica
Neste caso, a região a ser verificada é limitada a uma área circular livremente
escolhida sobre a face tolerada.
Tolerância de circularidade
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Tolerância Geométrica
A verificação dos desvios de circularidade pode ser feita por vários métodos. O método
seguido na construção do dispositivo abaixo baseia-se no princípio de medição de três
pontos, representados pelos dois pontos de tangenciamento da circunferência com o
dispositivo em V e pela ponta de contato do relógio comparador, que deve estar em
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Tolerância Geométrica
A peça deve ser apoiada de modo a evitar o movimento axial. O relógio comparador
deve ser zerado em um ponto qualquer. A partir deste ponto, deve-se registrar a
maior oscilação do ponteiro durante uma rotação completa da peça ou do dispositivo,
como indicado no procedimento ➀. Para avaliar o desvio de circularidade deve-se
levar em conta além do número de lóbulos, o valor do ângulo a. Os ângulos mais
comuns para construção do dispositivo em V são: 90°, 120°, 72° e 108°.
Este método também pode ser usado para verificação de elementos internos.
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Tolerância Geométrica
Quando a peça apresenta número par de lóbulos, a medição deve ser feita em dois
pontos, como mostra o dispositivo a seguir.
O relógio comparador deve ser zerado em um ponto qualquer. A partir deste ponto,
deve-se registrar a maior oscilação do ponteiro durante uma rotação completa da peça
como indicado no procedimento ➀. O desvio de circularidade na seção avaliada é a
metade da variação máxima do ponteiro.
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Tolerância Geométrica
Isso quer dizer que o contorno de cada seção transversal da peça acabada deve estar
compreendido entre dois círculos concêntricos e coplanares afastados 0,1mm.
Entretanto, nos casos em que os erros permissíveis de forma são muito pequenos, a
tolerância dimensional não é suficiente para garantir a funcionalidade. Nesses casos, é
imprescindível especificar tolerância de circularidade. É o caso típico dos cilindros dos
motores de combustão interna, nos quais a tolerância dimensional pode ser aberta
(H11), porém a tolerância de circularidade tem de ser estreita, para evitar vazamentos.
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Tolerância Geométrica
Tolerância de cilindricidade
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
Em peças que apresentam número ímpar de lóbulos, a verificação pode ser feita com
um dispositivo de medição de três pontos, como o que é mostrado a seguir.
A peça deve ser apoiada sobre um suporte em V. Na primeira medição, deve-se zerar
o relógio comparador em qualquer ponto da seção verificada. Deve-se registrar a
variação máxima do ponteiro ao longo de uma rotação completa, como indicado no
procedimento ➀. As medições devem ser repetidas no número requerido de seções,
sem zerar o relógio comparador, como mostra o procedimento ➁.
Em alguns casos, a exatidão das formas irregulares de linhas com perfis compostos
por raios e concordâncias, pode ser imprescindível para a funcionalidade da peça.
Para garantir essa exatidão, é necessário especificar a tolerância de perfil de linha
qualquer.
Este tipo de tolerância pode aplicar-se, também, a elementos associados. Neste caso,
o desvio da linha tolerada deve ser verificado em relação à linha tomada como
elemento de referência.
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Tolerância Geométrica
Um dos princípios de verificação dos desvios de perfil de uma linha qualquer baseia-se
na comparação com um elemento que apresenta o perfil correto. Essa verificação é
feita de modo indireto e não fornece valores numéricos dos desvios.
A figura a seguir mostra o perfil de uma linha qualquer verificada por meio de um
gabarito de perfil biselado e com o fio lapidado.
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Tolerância Geométrica
O gabarito de perfil deve ser colocado sobre a peça e alinhado na direção especificada
no desenho. A verificação consiste em observar se há passagem de luz entre o perfil
da peça e o gabarito. A ausência de luz entre o gabarito e a peça indica que o valor do
desvio é obtido de modo empírico e corresponde, a aproximadamente 0,003mm.
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Tolerância Geométrica
O verificador deve ser colocado sobre o raio a ser verificado e alinhado na direção
especificada no desenho. O raio da peça deve ser comparado com o raio do
verificador. Não havendo passagem de luz, a peça está aprovada.
Como o desvio de uma linha qualquer resulta num campo de tolerância simétrico, as
dimensões dos dois verificadores serão determinadas em função do raio e do valor de
tolerância especificado.
No exemplo anterior, um dos verificadores deve ter o mesmo raio da peça, acrescido
de 0,05mm que corresponde à metade do valor da tolerância. O raio do outro
verificador deve ser igual ao raio da peça menos 0,05mm.
As superfícies das peças também podem apresentar perfis irregulares, compostos por
raios e concordâncias. Quando a exatidão da superfície irregular for um requisito
fundamental para a funcionalidade da peça, é necessário especificar a tolerância de
perfil de superfície qualquer.
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Tolerância Geométrica
A peça e o gabarito devem ser posicionados de forma a ficar alinhados entre si. Não
deve haver movimento relativo entre a peça e o gabarito de forma.
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
Tolerâncias de orientação
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Tolerância Geométrica
Tolerância de paralelismo
Uma linha é paralela a outra quando ambas são equidistantes em toda sua extensão.
Pode-se falar também em paralelismo de superfícies e paralelismo de linhas e
superfícies.
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Tolerância Geométrica
Na verificação, a linha de centro do furo superior deve estar contida entre duas retas
afastadas 0,1mm entre si e paralelas à linha de centro do furo inferior, tomada como
referência. Neste caso, a tolerância só se aplica no plano vertical.
Como não é possível verificar diretamente o paralelismo das linhas de centro dos furos
deve-se recorrer a um artifício que simule a posição correta dessas linhas. Para tanto,
utilizam-se mandris cilíndricos expansíveis ou justos que devem ser introduzidos no
furo de referência e no furo tolerado. O comprimento dos mandris deve ser maior que o
comprimento dos furos respectivos, uma vez que a medição ocorrerá na geratriz do
mandril cilíndrico inscrito no furo.
SENAI 63
Tolerância Geométrica
indicar que o resultado deve ser expresso em módulo, ou seja, será sempre positivo.
Matematicamente, essa relação é expressa com o segue:
Dp L1
=
M1 - M2 L2
M1 - M2 x L1
Dp =
L2
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Tolerância Geométrica
Neste caso, o campo de tolerância é definido por duas retas horizontais, paralelas à
linha de centro do furo inferior tomada como referência, como mostra a figura a seguir.
SENAI 65
Tolerância Geométrica
O mesmo dispositivo utilizado nos casos anteriores pode ser utilizado quando a
tolerância é indicado nos procedimentos ➀ e ➁.
66 SENAI
Tolerância Geométrica
Para verificação, pode ser usado o mesmo dispositivo mostrado nos exemplos
anteriores. Os suportes ajustáveis devem possibilitar as medições em várias posições
angulares, entre 0º e 180º.
O desvio de paralelismo é calculado para cada posição angular por meio da fórmula já
apresentada e não deve ser maior do que a tolerância especificada no desenho, em
cada ponto de medição.
SENAI 67
Tolerância Geométrica
No exemplo, o eixo do furo cilíndrico deve estar paralelo à superfície inferior da peça.
O desvio de paralelismo admitido é de 0,01mm. Isso significa que o eixo do furo deve
estar situado entre dois planos distantes 0,01mm entre si e paralelos à superfície da
peça tomada como referência.
Como não é possível medir diretamente o desvio do eixo do furo, a verificação deve
ser feita a partir das geratrizes internas diametralmente opostas, na direção indicada
no desenho técnico, desde que o tamanho do elemento tolerado possibilite a
introdução da ponta do relógio comparador, como mostra o dispositivo a seguir.
Na medição da primeira seção transversal (M1 e M2), os relógios devem ser zerados
nas duas geratrizes. O número de medições deve ser suficiente para cobrir a extensão
do elemento tolerado.
Caso seja utilizado um único relógio, deve-se registrar a distância entre os pontos de
medição para garantir o mesmo posicionamento da ponta do relógio na geratriz oposta.
68 SENAI
Tolerância Geométrica
M1 - M2
A metade da diferença das duas leituras dos relógios comparadores, ou seja,
2
corresponde ao desvio de paralelismo naquele ponto. A maior variação encontrada ao
longo das medições é o desvio de paralelismo da linha tolerada.
Aqui o eixo do furo foi tomado como elemento de referência para verificação do
paralelismo da superfície superior da peça.
A superfície efetiva deve estar contida entre dois planos afastados 0,1mm e paralelos
ao eixo do furo da peça.
com a linha de centro do furo O mandril pode ser expansível ou selecionado para que
se ajuste ao furo sem folga, como mostra o dispositivo a seguir.
Antes do início das medições, a superfície tolerada deve ser posicionada de tal modo
que a distância L1 seja igual a L2. Para obter essa equalização, pode-se utilizar o
relógio comparador. O relógio deve ser zerado em L1 e em seguida levado a L2. Se a
distância L1 for diferente de L2, a posição da peça deverá ser corrigida até que o
ponteiro indique o mesmo valor tanto em L1 como em L2.
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Tolerância Geométrica
Se o valor da tolerância for limitado a uma extensão da peça, como aparece indicado
no desenho a seguir, a verificação do paralelismo deve restringir-se ao comprimento
indicado, em qualquer lugar da superfície.
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Tolerância Geométrica
Tolerância de perpendicularidade
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Tolerância Geométrica
O elemento tolerado é o eixo do furo que na vista frontal aparece inclinado. O elemento
de referência, em relação ao qual será verificada a perpendicularidade é o eixo do furo
da peça. O valor da tolerância é de 0,06mm.
O campo de tolerância é limitado por duas retas paralelas, afastadas 0,06mm, neste
exemplo, e perpendiculares à linha de referência, constituída pelo eixo do furo
horizontal. A peça será aprovada se o eixo do furo inclinado estiver contido entre essas
duas paralelas.
SENAI 73
Tolerância Geométrica
O eixo de referência da peça deve ser apoiado em suportes fixos dispostos sobre um
desempeno, garantindo o seu paralelismo com a superfície plana. A peça deve ser
posicionada de tal modo que o eixo tolerado fique alinhado com as pontas dos relógios
comparadores.
M1 - M2 x L1
Dp=
L2
O campo de tolerância correspondente fica limitado por duas retas paralelas, afastadas
0,1mm e perpendiculares à superfície de referência, uma vez que a tolerância está
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Tolerância Geométrica
especificada somente m uma direção. Isso quer dizer que, na peça pronta, o eixo do
cilindro deve estar contido entre essas duas retas paralelas que definem o campo de
tolerância na direção especificada.
A forma da superfície que simula o elemento tolerado influencia essa medição. Para
neutralizar essa influência, é necessário medir os diâmetros da peça (d1 e d2) nos
pontos que determinam a distância L2, que corresponde à distância entre as pontas
dos relógios comparadores.
SENAI 75
Tolerância Geométrica
A outra medida que interessa para estabelecer a proporcionalidade entre os lados dos
triângulos é L1, que corresponde à dimensão do elemento tolerado.
d1 - d2 L1
Dp = M1 - M2 - X
2 L2
Aqui a tolerância aparece indicada tanto na vista frontal como na vista lateral esquerda.
O elemento tolerado é o eixo da parte cilíndrica e o elemento de referência é a
superfície da base da peça. A diferença, em relação ao caso anterior, é o que a
tolerância está especificada em duas direções.
76 SENAI
Tolerância Geométrica
O dispositivo para verificação requer uma mesa rotativa, apoiada sobre a superfície
plana de um desempeno. A superfície de referência da peça deve ser apoiada sobre a
mesa rotativa, de tal modo que o eixo de simetria tolerado coincida em pelo menos
uma seção com o eixo de rotação da mesa. Normalmente, a seção mais próxima da
mesa rotativa é utilizada para estabelecer essa centralização.
SENAI 77
Tolerância Geométrica
Para garantir a exatidão das medições, o furo do dispositivo deve ser perpendicular à
superfície que entra em contato com o desempeno.
SENAI 79
Tolerância Geométrica
A peça deve ser posicionada de tal modo que a superfície de referência fique
totalmente encostada em um dos lados de um esquadro-padrão e que não haja
contato direto entre a peça e a superfície plana do desempeno. Para tanto, deve ser
utilizado um suporte fixo e um suporte ajustável, os quais, devidamente ajustados,
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Tolerância Geométrica
Tolerância de inclinação
Quando o ângulo entre duas partes de uma peça for diferente de 90º e sua exatidão for
imprescindível por razões de funcionalidade, é necessário especificar no desenho a
tolerância de inclinação.
SENAI 81
Tolerância Geométrica
82 SENAI
Tolerância Geométrica
M1 - M2 x L1
Di =
L2
SENAI 83
Tolerância Geométrica
A verificação pode ser feita com o mesmo dispositivo apresentado no caso anterior.
84 SENAI
Tolerância Geométrica
Neste exemplo, o campo de tolerância compreende a região limitada por duas retas
paralelas, distantes 0,08mm uma da outra, que formam com a superfície de referência
um ângulo de 60º.
Para verificação deste tipo de desvio, pode-se utilizar mesa seno ou outro dispositivo
específico. O ângulo do dispositivo pode ser o determinado no desenho ou o seu
ângulo complementar. A escolha do ângulo do dispositivo depende da posição de
medição.
A linha de centro tolerado deve ser simulada por meio de um mandril cilíndrico justo. O
comprimento do mandril deve ser suficiente para permitir as medições das distâncias
M1 e M2 com um ou dois relógios comparadores fixados a um esquadro-padrão. A
peça deve ser movimentada sobre a superfície angular até que a diferença entre as
distâncias M1 e M2 seja algebricamente mínima.
SENAI 85
Tolerância Geométrica
M1 - M2 x L1
Di =
L2
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Tolerância Geométrica
SENAI 87
Tolerância Geométrica
O campo de tolerância, dentro do qual deve estar contida a superfície inclinada efetiva
da peça, corresponde à região limitada por dois planos paralelos, distantes 0,08mm um
do outro, e que formam com a base da peça um ângulo de 40º.
A peça deve ser movimentada até que se obtenha a menor amplitude do desvio
registrado pelo relógio comparador para anular a influência dos desvios de paralelismo
provocados pelo posicionamento incorreto da peça no dispositivo. Em seguida, o
relógio comparador deve ser movimentado em múltiplas direções sobre a superfície
tolerada. O desvio de inclinação corresponde à amplitude máxima registrada pelo
ponteiro do relógio comparador.
Até aqui foram analisados todos os casos previstos na norma técnica para
especificação de tolerância de orientação nos desenhos técnicos. No próximo capítulo
serão analisados os diferentes tipos de tolerância de posição.
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Tolerância Geométrica
Tolerâncias de posição
Os elementos geométricos que podem ser tolerados quanto a posição, nas peças, são
pontos, retas e planos.
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
A verificação dos desvios de posição do ponto pode ser feita pela medição de
coordenadas ou de distâncias, como mostra a figura a seguir.
O valor do desvio (Dp) não pode exceder a metade do valor da tolerância de posição
especificado no desenho técnico, uma vez que o campo de tolerância de forma circular
é delimitado pelo seu raio.
A tolerância de posição de uma linha delimita o desvio aceitável da posição dos pontos
que compõem a linha efetiva em relação a sua posição ideal. Este tipo de indicação
limita, ao mesmo tempo, os desvios de forma da linha.
O desenho a seguir é um
exemplo de aplicação de
tolerância de posição de linhas.
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Tolerância Geométrica
O campo de tolerância de cada linha é limitado por duas retas paralelas, afastadas
0,05mm entre si, dispostas simetricamente em torno da posição ideal das linhas
toleradas (0,025mm para cada lado da posição teórica).
No exemplo apresentado, cada linha tolerada quanto à posição deve ser verificada
independentemente das demais. A verificação consiste em apoiar a superfície de
referência sobre a superfície plana de um desempeno e efetuar um número suficiente
de medidas efetivas, das distâncias X1, X2 e X3, ao longo de cada uma das linhas
toleradas.
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Tolerância Geométrica
No desenho a seguir, os elementos tolerados quanto a posição são os eixos dos furos
da peça. A tolerância aparece especificada em duas direções perpendiculares entre si.
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Tolerância Geométrica
Na peça pronta, o eixo efetivo deve estar totalmente situado dentro da região limitada
pelas faces do paralelepípedo.
Para verificação, a peça deve ser posicionada corretamente em relação aos eixos X e
Y , de modo a manter o paralelismo e a perpendicularidade com o equipamento de
medição. Cada furo tolerado deve ser verificado independentemente dos demais para
evitar o acúmulo de erros de medição gerados pela cotagem em cadeia.
O desvio de posição (Dp) é calculado separadamente para cada direção. No eixo das
abscissas, a fórmula para este cálculo é:
X2 + X1 - X teórico
Dpx =
2
O valor do desvio não pode exceder metade da tolerância, que no eixo X é de 0,05mm.
Portanto, Dpx não pode ser maior que 0,025mm.
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Tolerância Geométrica
Y2 + Y1 - Y teórico
Dpy =
2
Do mesmo modo, o valor do desvio não pode exceder metade da tolerância na direção
especificada. Portanto, Dpy não pode ser maior que 0,1mm.
Finalmente, o campo de tolerância de posição de uma linha pode ter a forma cilíndrica,
se o símbolo indicativo de diâmetro aparecer antes do valor da tolerância, como no
desenho a seguir.
Para verificar este tipo de desvio, deve-se alinhar a peça com o dispositivo de medição
de coordenadas e medir as distâncias diametralmente opostas: X1, X2, Y1 e Y2.
As posições dos eixos efetivos nas direções X e Y são obtidas, respectivamente, pelas
fórmulas:
X2 + X1 Y2 + Y1
X= eY=
2 2
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Tolerância Geométrica
No próximo desenho, o
elemento tolerado quanto a
posição é uma superfície
plana inclinada, conforme
indica o quadro de tolerância.
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Tolerância Geométrica
Antes de iniciar a verificação do desvio de posição, a peça deve ser movimentada até
reduzir ao mínimo as variações registradas no relógio comparador, decorrentes do
posicionamento incorreto no dispositivo.
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Tolerância Geométrica
Tolerância de concentricidade
Dois elementos são concêntricos quando seus centros ocupam a mesma posição no
plano. Para que se possa verificar essa condição, a posição de um dos elementos tem
de ser tomada como referência.
O centro do círculo tolerado deve estar contido dentro do círculo de 0,01mm, cujo
centro coincide com o centro do círculo de referência e que limita o campo de
tolerância.
Quando um eventual erro de forma puder ser desprezado, isto é, quando não
influenciar a funcionalidade da peça, um método de verificação consiste em medir a
menor distância entre a circunferência tolerada e a circunferência de referência (a),
SENAI 99
Tolerância Geométrica
g
Dependendo da exatidão requerida, as medições podem ser feitas com paquímetro ou
micrômetro.
Tolerância de coaxialidade
Dois elementos são chamados coaxiais quando seus eixos ocupam a mesma posição
no espaço. Para verificar a coaxialidade é necessário escolher um dos elementos
como referência.
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Tolerância Geométrica
O desenho mostra uma peça composta por vários rebaixos cilíndricos. O eixo de
referência é o que aparece identificado pelas letras A e B. O eixo tolerado é o da parte
cilíndrica central, de diâmetro maior. O valor da tolerância é de 0,08mm.
O eixo tolerado deve situar-se dentro da região limitada pelo cilindro que define o
campo de tolerância, com 0,08mm de diâmetro. Deve-se assumir que o eixo deste
cilindro coincide com o eixo do elemento de referência.
Para verificação, a peça pode ser presa entre pontas, de modo a garantir que o eixo de
referência seja realmente a linha de centro da peça.
O relógio comparador deve ser zerado em qualquer posição sobre a superfície tolerada.
Durante uma rotação completa da peça, deve-se registrar a amplitude máxima das
variações do ponteiro do relógio comparador, como indica o procedimento ➀.
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Tolerância Geométrica
Tolerância de simetria
Pode-se tolerar quanto à simetria o plano médio da peça e eixos (ou linhas).
Isso significa que o plano médio efetivo do rasgo deve estar contido entre dois planos
paralelos, afastados 0,08mm um do outro, simetricamente dispostos em torno do plano
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Tolerância Geométrica
médio da peça. Esses dois planos paralelos eqüidistantes do plano médio da peça
0,04mm cada um, limitam o campo de tolerância de simetria.
Para verificar este tipo de tolerância, a superfície de referência da peça deve ser
apoiada sobre a superfície plana de um desempeno, como mostra a figura a seguir.
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Tolerância Geométrica
Na peça acabada, o eixo efetivo do furo deverá estar contido dentro do campo de
tolerância, que neste caso compreende a região limitada por duas retas paralelas,
afastadas 0,08mm entre si e dispostas simetricamente em torno da localização ideal do
eixo.
Para verificação deste tipo de tolerância, é necessário apoiar uma superfície interna do
rasgo sobre um suporte fixo e a superfície do outro rasgo sobre um suporte ajustável.
Os suportes devem estar sobre um desempeno, de modo a possibilitar a simulação do
plano médio dos rasgos, utilizando um relógio comparador.
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Tolerância Geométrica
A peça deve sofrer um giro de 180° e a ponta do relógio comparador deve ser
colocada sobre a geratriz oposta do mandril na mesma posição da medição anterior. A
metade do valor apresentado pelo relógio comparador corresponde ao desvio de
simetria. Este valor não pode ser maior que a metade da tolerância de simetria
indicada no desenho técnico.
Nesta peça, a simetria do eixo do furo deve ser observada tanto no sentido horizontal
como no sentido vertical. No plano vertical, o elemento de referência é o plano médio
da peça, identificado pelas letras A e B. No plano horizontal, o elemento de referência
é o plano médio do rasgo assimétrico, identificado pelas letras C e D.
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
Tolerância de batimento
A verificação desses erros só pode ser feita de modo indireto, a partir de outras
referências que estejam relacionadas ao eixo de simetria da peça inspecionada,
porque é praticamente impossível determinar o eixo de revolução verdadeiro.
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Tolerância Geométrica
Tais erros são aceitáveis até certos limites, desde que não comprometam o
funcionamento da peça. A tolerância de batimento representa a variação máxima
admissível da posição associada à forma de um elemento, observada quando se dá
um giro completo da peça em torno de um eixo de referência, ou seja, quando a peça
sofre uma rotação completa. Durante a verificação, é necessário que a peça esteja
travada, de modo a evitar deslocamento axial que pode levar a erros de leitura do
desvio.
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
Como as referências são formadas por elementos distintos (A e B), é necessário que
os dispositivos sejam montados de modo a garantir a coaxialidade entre os elementos
de referência, a retitude de movimento do relógio comparador, o paralelismo entre a
linha de referência e a superfície plana do desempeno e a possibilidade de travar as
peças axialmente.
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Tolerância Geométrica
A verificação com dispositivo entre pontas (figura abaixo), só pode ser usada se a peça
apresentar furos de centro. Neste caso, o resultado da medição do desvio debatimento
na superfície tolerada é afetado pelo desvio de batimento dos elementos de referência.
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Tolerância Geométrica
Nesta peça, a referência deverá ser simulada por um mandril cilíndrico expansível ou
justo. O batimento deverá ser verificado apenas em relação à superfície delimitada
pela linha traço e ponto larga, isto é, não será necessário imprimir uma rotação
completa à peça para avaliar o desvio de batimento circular.
Quando a peça não tem a forma circular completa, o batimento deverá ser verificado
somente na superfície à qual está ligado o quadro de tolerância. A verificação é
semelhante à descrita nos exemplos anteriores.
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Tolerância Geométrica
Para verificar este tipo de tolerância, a referência, que é a linha de centro da peça, é
simulada por meio de um furo guia sem folga. A peça deve ser travada no sentido
axial, de modo a garantir que não haja contato entre o rebaixo da peça e o dispositivo.
O valor encontrado, em cada posição, não deve ser maior que o valor da tolerância de
batimento axial especificada no desenho técnico.
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
A referência é a linha de centro da peça que é simulada por meio de um furo guia
circunscritivo. A peça deve ser travada axialmente de modo que seu rebaixo não toque
no dispositivo.
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Tolerância Geométrica
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Tolerância Geométrica
Este tipo de batimento também pode ser verificado no sentido radial e no sentido
axial.
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Tolerância Geométrica
O campo de tolerância é limitado por dois cilindros coaxiais, separados por uma
distância “t” que corresponde ao valor da tolerância (0,1mm neste exemplo). O eixo
desses dois cilindros coincide com o eixo de referência teórico.
A peça deve ser colocada entre dois furos-guia circunscritivos coaxiais, sobre um
suporte fixo e um suporte ajustável, dispostos sobre a superfície plana de um
desempeno. A referência pode ser estabelecida, também, por meio de blocos em V ou
entre pontas.
O paralelismo entre a linha de referência e a superfície plana deve ser ajustado por
meio de um relógio comparador. A peça deve ser fixada axialmente.
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Tolerância Geométrica
Neste exemplo, a superfície tolerada quanto ao batimento total é a face lateral direita
da peça. O valor da tolerância é de 0,1mm.
O campo de tolerância é formado por dois círculos paralelos, que devem estar
afastados 0,1mm um do outro e perpendiculares à linha de referência.
Na peça acabada, o batimento não pode ser maior que 0,1mm em qualquer ponto
especificado da superfície tolerada, durante várias rotações em torno da linha de
referência D.
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Tolerância Geométrica
Este caso esgota os tipos de tolerâncias geométricas normalizadas pela ISO e ABNT.
A compreensão do significado de cada tolerância e a capacidade de interpretação da
sua representação no desenho técnico são condições essenciais para a realização de
um trabalho de qualidade na área de produção industrial.
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Tolerância Geométrica
Referências bibliográficas
NBR 6405; rugosidade das superfícies; procedimento. Rio de Janeiro, 1988. 9p.
ISO 5459; technical drawings; geometrical tolerancing; datums and datum-systems for
geometrical tolerances. Switzerland, 1981. 16p.
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Tolerância Geométrica
ISO 7083; technical drawings; symbols for geometrical tolerancing; proportions and
dimensions. Switzerland, 1983. 8p.
ISO 8015; technical drawings; fundamental tolerancing principle. Switzerland, 1985. 5p.
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