ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3
1. GENERALIDADES ............................................................................................................. 4
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 15
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 16
3
INTRODUÇÃO
1
DIREITO de Acrescer. In PRATA, Ana – Dicionário Jurídico. 5ª ed. Coimbra: Almedina, 2008. Vol. 1. p.
502.
2
Doravante, toda a legislação citada sem indicação em contrário será o Código Civil.
3
Cf. SOUSA, Rabindranath Capelo de – Lições de direito das Sucessões. 4.ª ed. renov. Coimbra: Coimbra
Editora, 2000. Vol. 1. p. 349-350.
4
Cf. SOUSA, op. cit., p. 350.
4
1. GENERALIDADES
5
Cf. CAMPOS, Diogo Leite de – Lições de Direito da Família e Sucessões. 2.ª ed. Coimbra: Almedina,
2008. p. 485-486.
6
VOCAÇÃO Sucessória. In PRATA, op. cit.; CAMPOS, op. cit., p. 527, 530.
7
Cf. CAMPOS, op. cit., p. 530.
8
TELLES, Inocêncio Galvão – Sucessão Testamentária. Coimbra: Coimbra Editora, 2006. p. 104.
9
Cf. SOUSA, op. cit., p. 350-351. Independentemente da sua instituição (enquanto herdeiro) ou nomeação
(enquanto legatário) ser ou não conjunta (arts. 2301.º e 2302.º).
5
ou legado, a quota que lhe tocaria acresce às dos outros. Assim, no caso de falta de qualquer
dos demais, cada herdeiro goza da faculdade de ver a sua quota aumentada, recebendo assim
mais do que o que lhe estava destinado.10 Tal encontra-se disposto no art. 2301.º, preceito
inspirado no art. 307.º do Anteprojecto de Galvão Telles.11
Veremos em seguida que a existência do direito de acrescer depende da verificação
de determinados pressupostos, entre outras particularidades.
10
Cf. TELLES, Inocêncio Galvão – Direito das Sucessões: Noções Fundamentais. 6.ª ed. rev. e actual.
Coimbra: Coimbra Editora, 1991. p. 236. PROENÇA, José João Gonçalves de – Direito das Sucessões.
3.ª ed. rev. e actual. Lisboa: Quid Juris, 2009. p. 45.
11
TELLES, Inocêncio Galvão – Direito das Sucessões: Anteprojecto de uma parte do futuro Código Civil portu-
guês. In Separata do Boletim do Ministério da Justiça. N.º 54. (1956) Segundo o citado art. 307.º : “Se dois
ou mais herdeiros forem instituídos na universalidade ou numa quota dos bens, ou dois ou mais legatá-
rios no mesmo objecto, sem determinação de partes ou em partes iguais, ainda que determinadas, e
algum deles não puder ou não quiser aceitar, acrescerá a sua parte à dos outros instituídos na universali-
dade, na quota ou no objecto, salvo se o testador tiver disposto outra coisa e salvo também o direito de
representação.” O preceituado ocupa-se do direito de acrescer no âmbito dos herdeiros e dos legatários.
TELLES, Sucessão Testamentária, p. 104.
6
Nos termos do art. 2304.º, não há direito de acrescer se o testador manifestar a sua
vontade em sentido contrário. O testador pode estipular que, não querendo ou não podendo o
beneficiário da disposição aceitá-la, ela fica sem efeito. Desse modo, os bens reverterão,
normalmente, para os herdeiros legais por abertura da sucessão legítima (art. 2131.º). Pode
também prever uma substituição directa.16
12
Cf. SOUSA, op. cit., p. 351.
13
Cf. TELLES, Direito das Sucessões: Noções Fundamentais, p. 238.
14
Cf. COIMBRA, Armando de Freitas Ribeiro Gonçalves – O Direito de Acrescer no novo Código Civil.
Coimbra: Almedina, 1974. p. 132.
15
Cf. SOUSA, op. cit., p. 351-352.
16
FERNANDES, Luís A. Carvalho – Lições de Direito das Sucessões. 3.ª ed. rev. e actual. Lisboa: Quid
Juris, 2008. p. 228.
7
Nos termos do art. 2304.º, se o legado tiver natureza puramente pessoal (como, por
exemplo, uma pensão) não há quanto a ele direito de acrescer. Trata-se dos legados de coisa
destinada a satisfazer um gosto subjectivo do legatário ou dos legados de prestação de facto a
custear pela herança ou por um legatário, mas também destinados a satisfazer um interesse
individual ou particular do legatário.19
Se o legatário nomeado não puder ou não quiser aceitar tal legado, este não acresce
aos co-sucessíveis e o legado extingue-se, porque fora previsto apenas em função da pessoa
do beneficiário. Assim, o legado em si mesmo deixa de existir no património hereditário, que
segue o seu destino como se o legado não tivesse existido.20
17
Cf. SOUSA, op. cit., p. 352.
18
Cf. SOUSA, op. cit., p. 352.
19
Cf. LIMA, Pires de; VARELA, Antunes, anot. – Código Civil Anotado. Coimbra: Worters Kluwer Por-
tugal sob a marca Coimbra Editora, 2010. Vol. VI. p. 479.
20
Cf. SOUSA, op. cit., p. 352-353; PROENÇA, op. cit., p. 221.
8
Importa que exista uma quota vaga (ou fracção do todo, da herança ou do legado)
que resulta de o herdeiro ou legatário não terem podido (pré-morte, incapacidade, ausência,
nulidade ou anulabilidade de disposição testamentária e caducidade da mesma) ou não terem
querido aceitar a sua quota no objecto sucessório comum.23
Para Galvão Telles, como o direito de acrescer se traduz no preenchimento de uma
quota vaga, implicando assim uma verdadeira substituição do herdeiro (ou legatário)
instituído pelo sucessor titular daquele direito, irá ocorrer a transmissão de uma situação
jurídica.24
21
Quota ou fracção do todo, da herança ou do legado, que é objecto sucessório.
22
Cf. SOUSA, op. cit., p. 351 e 353.
23
Cf. SOUSA, op. cit., p. 353.
24
Cf. TELLES, Sucessão Testamentária, p. 105.
25
Cf. SOUSA, op. cit., p. 354-355.
9
Urge distinguir situações consoante estejamos perante uma sucessão entre herdeiros,
nomeadamente, só com herdeiros testamentários ou com herdeiros legais e testamentários),
entre legatários e ainda entre herdeiros e legatários.
26
Cf. SOUSA, op. cit., p. 356.
27
Por exemplo: A morre deixando dois irmãos B e C e testamento em que atribui metade da herança a D e
E. Se B repudia, a sua quota acresce unicamente à de C; se repudia D, a quota dele acresce apenas à de
E. Cf. TELLES, Direito das Sucessões: Noções Fundamentais, p. 237.
28
SOUSA, op. cit., p. 356-357. No mesmo sentido, CORTE-REAL, Carlos Pamplona – Direito da Família
e das Sucessões. Lisboa: Lex, 1993. Vol. II. p. 151-152.
10
No Código anterior, dizia-se que os legatários, ao contrário dos herdeiros, não tinham
direito de acrescer. No presente Código, os co-legatários acrescem em quotas de bens
determinados, ao passo que os co-herdeiros acrescem em quotas da universalidade.30
Assim, nos termos do art. 2302.º, n.º 1, é admitido um direito de acrescer entre
legatários que tenham sido nomeados relativamente ao mesmo objecto. Objecto esse cuja
noção é, mais do que material, jurídica, abrangendo assim qualquer espécie de legado. O
direito de acrescer tem lugar independentemente dos legatários terem sido nomeados conjunta
ou individualmente, observando-se uma preferência inicial entre os nomeados
conjuntamente.31
Nos termos dos arts. 2302.º, n.º 2, e 2301.º, n.º 1 e 2, o direito de acrescer tem lugar
quando hajam dois ou mais legatários instituídos e quer sejam iguais ou desiguais as quotas
dos legatários no objecto sucessório. Mas, havendo mais do que um legatário com o direito de
acrescer, a parte ou partes acrescidas são divididas pelos outros, respeitando-se a proporção
entre legatários com direito de acrescer.32 Sempre relativamente ao mesmo objecto.
O que dizer de uma situação em que existam dois ou mais legados distintos? Para
Galvão Telles,33 o objecto é reabsorvido na universalidade, aproveitando aos herdeiros.
Oliveira Ascensão defende ainda que não há lugar a direito de acrescer dos legatários
sobre os herdeiros, ainda que falte disposição legal neste sentido.34
Decorrem ainda dos arts. 2303.º e 2306.º situações particulares entre os legatários. Se
o legado, cujo objecto acresce, tiver sido deixado com o encargo do seu cumprimento imposto
pelo testador a outro legatário (possível por força do art. 2276.º) é a este legatário que é
atribuído aquele legado. Contudo, se o objecto de um legado estiver genericamente
compreendido noutro legado, tal legado será atribuído ao legatário genérico.35 Também,
29
Cf. SOUSA, op. cit., p. 357-358.
30
Cf. TELLES, Sucessões: Noções Fundamentais, p. 237-238.
31
SOUSA, op. cit., p. 358-359.
32
SOUSA, op. cit., p. 359.
33
Cf. TELLES, Sucessões: Noções Fundamentais, p. 238.
34
Cf. ASCENSÃO, op. cit., p. 213.
35
SOUSA, op. cit., p. 359; COIMBRA, op. cit., p. 163. O Tribunal da Relação do Porto entendeu que “o
legado de uma pura e simples quantia pecuniária, como de «quantia de um milhão de Escudos em
dinheiro», é um legado genérico.”. ACÓRDÃO do Tribunal da Relação do Porto de 03.05.1967. Juris-
11
prudência das Relações: Acórdãos das Relações de Lisboa, Porto e Coimbra. Coimbra: edição do autor
(Albanho Cunha). Ano 13.º, Tomo III (Jul.-Out. 1967). p. 530.
36
Isto é, encargos que não os gerais, a que estão sujeitos em princípio os herdeiros (arts. 2068.º e ss. e
2097.º e ss.) mas também os legatários, quando a herança tenha sido toda partilhada em legados (art.
2277.º). Cf SOUSA, op. cit., p. 360
37
SOUSA, op. cit., p. 360.
38
SOUSA, op. cit., p. 360.
39
Cf. ASCENSÃO, José de Oliveira – Direito Civil: Sucessões. 5.ª ed. rev. Coimbra: Coimbra Editora,
2000. p. 204.
40
SOUSA, op. cit., p. 360-361.
12
41
Cf. CORTE-REAL, p. 150. Neste sentido: PROENÇA, op. cit., p. 223.
42
Cf. CAMPOS, op. cit., p. 539.
43
SOUSA, op. cit., p. 362-363. Tal aplica-se igualmente à vocação dos herdeiros testamentários e também
assim à dos legatários co-sucessores em relação ao mesmo objecto. Cf. CAMPOS, op. cit., p. 539.
44
Cf. FERNANDES, op. cit., p. 240.
45
SOUSA, op. cit., p. 361. Neste sentido, TELLES, Direito de Representação..., p. 258.
13
enquanto que no direito de acrescer stricto sensu o beneficiário ingressa nas situações
jurídicas do titular da vocação conjunta extinta.46
É certo que, ao admitir-se, no art. 2306.º, a possibilidade de repúdio sempre que
sobre a parte acrescida recaiam encargos especiais, e ainda, em sede do art. 2307.º, que “os
herdeiros ou legatários que houverem o acrescido sucedem nos mesmos direitos e obrigações,
de natureza não puramente pessoal, que caberiam àquele que não pôde ou não quis receber a
deixa”, favorece-se a tese do direito de acrescer.47 Porém, Leite de Campos, ao defender, e
bem, a tese do direito de não decrescer, sustenta que a aquisição da parte que acresce se faz
por força da lei, sem necessidade de aceitação do beneficiário (art. 2306.º). Isto por que como
a aceitação tem efeito constitutivo, a aquisição dos bens não se opera sem ela, pelo que o facto
dos bens acrescidos se adquirirem sem necessidade de aceitação, significa que a vocação e a
aceitação anterior produzem os seus efeitos, potencialmente, em relação à totalidade da
herança, compreendida a parte que vem a acrescer.48 Posição com a qual concordamos e,
inclusivamente, a possibilidade de repúdio presente no art. 2306.º é, face a esse preceito,
excepcional. Contudo, tal não implica que se possa ignorar o facto de existirem verdadeiros
casos de direito de acrescer em que ocorre uma vocação indirecta, nomeadamente no que diz
respeito à deixa onerada com encargos (primeira parte do art. 2306.º) e no que toca à deixa
onerada com encargos, se o beneficiário do acrescer repudiar a parte acrescida (nos termos da
segunda parte do art. 2306.º e se considerarmos que não ocorre aqui outro fenómeno jurídico
que não o direito de acrescer).49
Capelo de Sousa considera que esta é uma questão teórica e que não existe para ela
uma solução uniforme em sede de sucessão testamentária, definindo-se esta tendo em conta o
conteúdo e extensão da vontade do de cuius em cada sucessão em concreto.50
Se, nos termos do art. 2187.º, o testador nada declarar relativamente ao acrescer entre
sucessíveis (o que acontece na maioria dos casos), os sucessíveis aceitantes e com acrescer
sucederão a dois títulos relativamente a duas vocações (por força da vontade declarada do
autor da sucessão na vocação inicial e ex lege no acrescer) e serão chamados inicialmente por
46
Cf. CORTE-REAL, p. 150-151.
47
SOUSA, op. cit., p. 362. Neste sentido, Galvão Telles e Gonçalves Coimbra defendem que o verdadeiro
direito de acrescer se dá com encargos, ao contrário do direito de não decrescer. TELLES, Direito de
Representação, Substituição Vulgar e Direito de Acrescer. Lisboa: Faculdade de Direito da Universida-
de de Lisboa, 1943. p. 260-261; COIMBRA, op. cit., p. 82-83.
48
Cf. CAMPOS, op. cit., p. 539.
49
Cf. FERNANDES, op. cit., p. 242.
50
SOUSA, op. cit., p. 362.
14
51
Por exemplo: A declara em testamento que deixa a B e C um quadro em partes iguais. Ambos são cha-
mados a suceder em metade no quadro, por força da vontade de A, e gozam reciprocamente ex lege de
direito de acrescer. Cf. SOUSA, op. cit., p. 362-363.
52
Por exemplo: A declara em testamento que deixa a B e C um quadro em partes iguais, determinando ain-
da que se um deles não puder ou não quiser aceitar a sua parte, esta será atribuída àquele que desde logo
aceitar a sua parte, sem possibilidade de repúdio em separado. Desta forma, B e C são chamados a suce-
der uma única vez, quer em metade do quadro, quer na parte acrescida, por força directa da vontade de
A. Cf. SOUSA, op. cit., p. 363.
53
Por exemplo: A declara em testamento que deixa a B e C um quadro em partes iguais, determinando ain-
da que os co-legatários se substituirão reciprocamente, para o caso de um deles não poder ou não querer
aceitar o legado. B e C serão chamados duas vezes: para aceitar ou não a sua parte e para aceitar ou não
a substituição. Cf. SOUSA, op. cit., p. 363.
15
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ASCENSÃO, José de Oliveira – Direito Civil: Sucessões. 5.ª ed. rev. Coimbra: Coimbra Edi-
tora, 2000. 592 p. ISBN 972-32-0932-2.
CAMPOS, Diogo Leite de – Lições de Direito da Família e das Sucessões. 2.ª ed. rev. e
actual. Coimbra: Almedina, 2008. 618 p. ISBN 978-972-40-0993-3.
CORTE-REAL, Carlos Pamplona – Direito da Família e das Sucessões. Lisboa: Lex, 1993.
366 p. Vol. 2. ISBN 972-9495-08-4.
DIREITO de Acrescer, Vocação Sucessória. In PRATA, Ana – Dicionário Jurídico. 5.ª ed.
Coimbra: Almedina, 2008. 1531 p. Vol. 1. ISBN 978-972-40-3393-8.
FERNANDES, Luís A. Carvalho Fernandes – Lições de Direito das Sucessões. 3.ª ed. rev. e
actual. Lisboa: Quid Juris, 2008. 608 p. ISBN 978-972-724-400-3.
LIMA, Pires de; VARELA, Antunes, anot. - Código Civil Anotado. Coimbra: Worters Kluwer
Portugal sob a marca Coimbra Editora, 2010. 523 p. Vol. VI. ISBN 972-32-0840-7.
PROENÇA, José João Gonçalves de – Direito das Sucessões. 3.ª ed. rev. e actual. Lisboa:
Quid Juris, 2009. 240 p. ISBN 978-972-724-457-7.
SOUSA, Rabindranath Capelo de – Lições de Direito das Sucessões. 4.ª ed. renov. Coim-
bra: Coimbra Editora, 2000. 373 p. Vol. 1. ISBN 972-32-0968-3.
TELLES, Inocêncio Galvão – Direito das Sucessões: Anteprojecto de uma parte do futuro
Código Civil português. In Separata do Boletim do Ministério da Justiça. N.º 54 (1956), p.
109-110.
TELLES, Inocêncio Galvão – Direito das Sucessões: Noções Fundamentais. 6.ª ed. rev. e
actual. Coimbra: Coimbra Editora, 1991. 340 p. ISBN 972-32-0455-X.