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TRABALHISTAS
Entenda e esteja em
Compliance com o eSocial
e a Fiscalização
GUIA DE CÁLCULOS
TRABALHISTAS
Entenda e esteja em
Compliance com o eSocial
e a Fiscalização
Presidente: Jorge Santos Carneiro
Gerente de Produtos: Vlamir Neves
Editorial: Equipe Técnica IOB
Diagramação: Ana Gomes
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-379-3595-8
APRESENTAÇÃO........................................................................................................................................................ 17
CAPÍTULO I - PREVALÊNCIA DO NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO .................................................. 19
CAPÍTULO II - SALÁRIO E REMUNERAÇÃO......................................................................................................23
Espécies de remuneração mínima......................................................................................................................................................24
Salário-utilidade...........................................................................................................................................................................................25
Habitação.................................................................................................................................................................................................26
Veículo.......................................................................................................................................................................................................27
Educação..................................................................................................................................................................................................28
Vestuário...................................................................................................................................................................................................29
Assistência médica..............................................................................................................................................................................29
Parcelas mais comuns concedidas aos empregados e suas implicações na remuneração........................... 30
Comissões................................................................................................................................................................................................32
Gorjetas.....................................................................................................................................................................................................34
Diárias para viagem.............................................................................................................................................................................34
Ajuda de custo.......................................................................................................................................................................................35
Prêmios......................................................................................................................................................................................................36
Gratificações...........................................................................................................................................................................................37
Quebra de caixa.....................................................................................................................................................................................38
Sobreaviso............................................................................................................................................................................................... 39
Abono.........................................................................................................................................................................................................40
Abono de férias...................................................................................................................................................................................... 41
Adicional de insalubridade...............................................................................................................................................................42
Adicional de periculosidade............................................................................................................................................................44
Adicional extraordinário.....................................................................................................................................................................45
Supressão de horas extra - Indenização....................................................................................................................................47
Adicional noturno.................................................................................................................................................................................48
Adicional de transferência............................................................................................................................................................... 50
Adicional de função............................................................................................................................................................................. 51
Adicional por tempo de serviço..................................................................................................................................................... 51
Verba de representação.....................................................................................................................................................................55
Indenizações...........................................................................................................................................................................................55
Multa rescisória do FGTS ou indenização compensatória................................................................................................55
Indenização por tempo de serviço.............................................................................................................................................. 56
Indenização por despedida sem justo motivo nos contratos a prazo determinado............................................57
Indenização adicional (dispensa antes da data-base)........................................................................................................57
Indenização por demissão voluntária.........................................................................................................................................58
Equiparação salarial...................................................................................................................................................................................58
Salário substituição................................................................................................................................................................................... 59
Substituição eventual........................................................................................................................................................................ 59
Substituição provisória ou temporária...................................................................................................................................... 60
Substituição permanente................................................................................................................................................................ 60
Acúmulo de funções.................................................................................................................................................................................. 61
Descontos nos salários - Possibilidades - Danos causados pelo empregado...............................................................62
Pagamento dos salários - Prazo, local e hora................................................................................................................................ 63
Proteção ao salário - Redução - Renúncia - Penhora - Falência.......................................................................................... 65
Salário-maternidade.................................................................................................................................................................................. 65
6 Guia de Cálculos Trabalhistas
Salário-família............................................................................................................................................................................................... 68
INSS, FGTS e IR/FONTE - Tabela prática de incidências...........................................................................................................77
CAPÍTULO III - JORNADA DE TRABALHO.........................................................................................................87
Prorrogação da jornada............................................................................................................................................................................88
Jornada 12 × 36.............................................................................................................................................................................................89
Jornada reduzida.........................................................................................................................................................................................89
Intervalos na jornada................................................................................................................................................................................ 90
Intervalo intrajornada (dentro da jornada)............................................................................................................................... 90
Períodos de descanso especiais................................................................................................................................................... 91
Motorista profissional................................................................................................................................................................................92
Intervalos não previstos em lei..............................................................................................................................................................92
Intervalos interjornadas (entre jornadas)..................................................................................................................................93
Quadros demonstrativos..................................................................................................................................................................93
Turnos Ininterruptos de revezamento................................................................................................................................................94
Empregados não subordinados à jornada...................................................................................................................................... 96
Controle da jornada de trabalho......................................................................................................................................................... 96
CAPÍTULO IV - REPOUSO SEMANAL REMUNERADO.................................................................................. 99
Proibição de trabalho nos dias de repouso............................................................................................................................. 99
Permissão permanente..................................................................................................................................................................... 99
Permissão transitória........................................................................................................................................................................100
Comércio em geral............................................................................................................................................................................. 101
Valor do RSR................................................................................................................................................................................................. 101
Empregado semanalista, diarista e horista............................................................................................................................ 101
Empregados tarefeiro e pecista................................................................................................................................................... 101
Empregado comissionista..............................................................................................................................................................102
Empregado mensalista e quinzenalista...................................................................................................................................103
Salário por produção.........................................................................................................................................................................103
Empregado com jornada reduzida....................................................................................................................................................103
Trabalhadores avulsos.............................................................................................................................................................................104
Jornada 12 × 36...........................................................................................................................................................................................104
Integração dos adicionais no cálculo do RSR..............................................................................................................................104
Adicional noturno...............................................................................................................................................................................104
Horas extras...........................................................................................................................................................................................105
Insalubridade e periculosidade.......................................................................................................................................................... 106
Gorjetas......................................................................................................................................................................................................... 106
Gratificações............................................................................................................................................................................................... 106
Escala de revezamento de folga (RSR)........................................................................................................................................... 106
Mulher..................................................................................................................................................................................................... 106
RSR - Pagamento em dobro.................................................................................................................................................................108
Feriados......................................................................................................................................................................................................... 109
Feriados estaduais............................................................................................................................................................................ 109
Feriados municipais ou religiosos.............................................................................................................................................. 112
Feriado que recai em dia de repouso........................................................................................................................................ 112
Feriado que recai em sábado compensado........................................................................................................................... 112
Desconto do RSR...................................................................................................................................................................................... 114
Admissão no curso da semana............................................................................................................................................................117
CAPÍTULO V - FÉRIAS INDIVIDUAIS.................................................................................................................. 119
Faltas não consideradas para fins de apuração do número de dias de férias.............................................................. 119
Período aquisitivo de férias...................................................................................................................................................................122
Período concessivo............................................................................................................................................................................122
Fracionamento............................................................................................................................................................................................123
Perda do direito..........................................................................................................................................................................................123
Guia de Cálculos Trabalhistas 7
Licença remunerada................................................................................................................................................................................123
Licença não remunerada.......................................................................................................................................................................124
Paralisação parcial ou total da empresa.........................................................................................................................................124
Serviço militar obrigatório.....................................................................................................................................................................125
Abono pecuniário......................................................................................................................................................................................126
Férias fracionadas e o abono...............................................................................................................................................................126
Remuneração do abono pecuniário.................................................................................................................................................128
Remuneração das férias......................................................................................................................................................................... 131
Cálculo das férias......................................................................................................................................................................................133
Adicionais...................................................................................................................................................................................................... 137
Trabalho em apenas alguns dias da semana...............................................................................................................................138
Salário-utilidade.........................................................................................................................................................................................138
Pagamento em dobro..............................................................................................................................................................................139
Férias parciais em dobro........................................................................................................................................................................139
Abono pecuniário......................................................................................................................................................................................140
Requisitos para concessão...................................................................................................................................................................140
Solicitação do adiantamento do 13º salário por ocasião das férias..................................................................................140
Prazo de pagamento das férias..........................................................................................................................................................140
Prescrição...................................................................................................................................................................................................... 141
Férias - fases legais - demonstrativo.........................................................................................................................................142
Férias na cessação do contrato de trabalho................................................................................................................................142
Férias vencidas....................................................................................................................................................................................142
Férias proporcionais .........................................................................................................................................................................143
Férias proporcionais na cessação do contrato de trabalho - Exemplo.....................................................................143
Trabalho a tempo parcial........................................................................................................................................................................146
Professores................................................................................................................................................................................................... 147
Direito às férias na rescisão contratual........................................................................................................................................... 147
Incidências sobre férias..........................................................................................................................................................................148
Férias gozadas na vigência do contrato de trabalho (simples e proporcionais)...................................................148
Férias em dobro pagas na vigência do contrato de trabalho........................................................................................149
Férias vencidas (simples ou em dobro) e proporcionais pagas na rescisão contratual...................................150
Abono pecuniário...............................................................................................................................................................................150
Terço constitucional - Férias.........................................................................................................................................................150
Terço constitucional sobre o abono pecuniário - Comentários...................................................................................150
Afastamentos do empregado das suas atividades na contagem do período concessivo de férias.................. 151
Prestação de serviços durante as férias - Proibição.................................................................................................................152
Empregado acometido de doença durante as férias...............................................................................................................152
Gestante - Superveniência de parto no gozo das férias.........................................................................................................152
Trabalho intermitente..............................................................................................................................................................................152
Férias coletivas...........................................................................................................................................................................................153
Concessão - Requisitos...................................................................................................................................................................153
Empregados afastados da atividade no curso das férias coletivas...................................................................................154
Empregados com menos de 12 meses de serviço.....................................................................................................................155
Exemplos de férias coletivas................................................................................................................................................................ 157
Concessão em dois períodos..............................................................................................................................................................159
Empregados com 12 ou mais meses de serviço......................................................................................................................... 161
Abono pecuniário......................................................................................................................................................................................163
Exemplos de férias coletivas................................................................................................................................................................163
CAPÍTULO VI - DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO................................................................................................167
1ª Parcela....................................................................................................................................................................................................... 169
Pagamento - Prazo............................................................................................................................................................................ 169
Valor..........................................................................................................................................................................................................170
Admissão até 17 de janeiro, inclusive........................................................................................................................................170
8 Guia de Cálculos Trabalhistas
Redução de jornada e salário e suspensão do contrato determinadas via negociação coletiva............... 454
Redução de jornada e salário ou a suspensão do contrato - Necessidade ou não de acordo com o
sindicato - Hipóteses....................................................................................................................................................................... 454
Empregados aposentados - Redução proporcional de jornada/salário ou suspensão do contrato -
Regras..................................................................................................................................................................................................... 455
Acordo coletivo celebrado após a pactuação de acordo individual - Consequências.................................... 455
Aviso prévio - Aplicação das medidas de redução de jornada e suspensão de contrato............................... 455
Factum principis - Não aplicação............................................................................................................................................... 455
Direito a futuro benefício de Seguro-desemprego - Manutenção.............................................................................456
Estabilidade provisória de emprego.........................................................................................................................................456
Dispensa do empregado durante o período de garantia - Consequências..........................................................456
Serviços essenciais - Manutenção............................................................................................................................................456
Fiscalização........................................................................................................................................................................................... 457
Curso ou programa de qualificação profissional................................................................................................................ 457
Contrato de trabalho na modalidade intermitente........................................................................................................... 457
Aspectos previdenciários..................................................................................................................................................................... 458
Prorrogação do prazo de recolhimento das contribuições previdenciárias relativas às competências
março, abril e maio de 2020.......................................................................................................................................................... 458
Contribuições ao Serviços Sociais Autônomos - Sistema S - Redução temporária de alíquotas...............460
Parcelamentos efetuados no âmbito da Receita Federal do Brasil e da Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional - Recolhimento - Prorrogação de prazo...............................................................................................................461
Abono anual..........................................................................................................................................................................................461
Benefício por incapacidade temporária (auxílio-doença)............................................................................................... 462
Pagamento dos 15 primeiros dias.............................................................................................................................................. 462
Benefício por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) - Antecipação de 1 salário-mínimo.......463
Complementação da contribuição previdenciária do empregado - Possibilidade............................................464
Gestante - Salário maternidade..................................................................................................................................................465
Programas de aprendizagem profissional - Atividades práticas e teóricas...........................................................465
Contribuinte individual, microempreendedor individual, trabalhador informal - Auxílio emergencial
de R$ 600,00.........................................................................................................................................................................................466
Requisitos exigidos...........................................................................................................................................................................466
Operacionalização............................................................................................................................................................................. 467
Acesso do trabalhador ao auxílio emergencial.................................................................................................................... 467
Preferência de pagamento............................................................................................................................................................468
Auxílio Emergencial Residual.......................................................................................................................................................468
Situações em que o benefício não será pago......................................................................................................................469
Exigência de CPF regular............................................................................................................................................................... 470
Número de cotas - Limites............................................................................................................................................................ 470
Renda e grupos familiares - Caracterização......................................................................................................................... 470
Trabalhador formal - Caracterização......................................................................................................................................... 470
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) - Observância................................................................................................... 471
Trabalhadores do setor cultural - Renda emergencial de R$ 600,00.......................................................................... 471
Requisitos exigidos............................................................................................................................................................................ 471
Atividades abrangidas......................................................................................................................................................................472
Modelo de Termo Aditivo ao Contrato de Trabalho............................................................................................................472
Trabalho portuário - Medidas especiais temporárias....................................................................................................... 475
Operações de empréstimos e financiamentos, com desconto em folha de pagamento................................476
CAPÍTULO XVIII - LEGISLAÇÃO..........................................................................................................................477
APRESENTAÇÃO
O Guia de Cálculos Trabalhistas foi elaborado com base na Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017
e alterações posteriores) e na Emenda Constitucional nº 103 (Reforma Previdenciária), portanto constitui
o necessário apoio para o cumprimento das obrigações do eSocial com assertividade.
Com o objetivo de manter as empresas atualizadas, tratamos neste Guia as modificações efetuadas
em diversos cálculos e trazendo para você exemplos práticos e desenvolvidos passo a passo.
Este conteúdo aborda, também, os encargos sociais incidentes sobre a remuneração, as parcelas
que integram e as que deixaram de integrar a remuneração do trabalhador, os direitos trabalhistas que
podem e os que não podem ser negociados, o trabalho intermitente, as modificações ocorridas na
concessão de férias e na jornada de trabalho. Tratamos também, das medidas emergenciais que podem
ser adotadas pelas empresas, no âmbito do trabalho, para o enfrentamento dos impactos econômicos
trazidos pela pandemia do coronavírus (COVID 19), ajudando-as a passar por este período de turbulência
com mais facilidade.
Por essas razões, este trabalho é indispensável para todos os empregadores e em especial para
os escritórios de contabilidade.
Boa leitura!
CAPÍTULO I
PREVALÊNCIA DO NEGOCIADO
SOBRE O LEGISLADO
A chamada Reforma Trabalhista, instituída pela Lei nº 13.467/2017, alterou mais de 100 artigos da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e seus efeitos passaram a ser observados desde 11.11.2017 (120
dias após a publicação da mencionada Lei ocorrida em 14.07.2017).
A principal alteração diz respeito à prevalência do negociado sobre o legislado. Isto significa que
aquilo que for acordado via negociação coletiva (acordo, convenção) será aplicado aos trabalhadores
representados ainda que contrário e menos vantajoso do que o determinado na legislação. Em outras
palavras, a negociação tem mais força do que a lei. Aplicam-se as normas estabelecidas em documen-
tos coletivos de trabalho, mesmo que elas sejam menos benéficas aos trabalhadores se comparadas
com a lei. Não há mais a garantia do mínimo legal.
Foi também determinado que o acordo coletivo (entre a(s) empresa(s) e o sindicato) tem mais
força do que a convenção coletiva (estabelecida entre o sindicato patronal e o sindicato da categoria
profissional). Assim, se no acordo coletivo for estabelecida uma condição prejudicial ao empregado, se
comparado à convenção, prevalecerá o acordo.
Direitos que podem ser negociados mediante documento coletivo de trabalho (CLT, art. 611-A)
A reforma determina que a convenção e o acordo coletivo têm prevalência sobre a lei quando,
entre outros (*), dispuseram sobre:
a) pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;
b) banco de horas anual;
c) intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de 30 minutos para jornadas superiores a 6
horas;
d) adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei nº 13.189/2015;
e) plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem
como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança;
f) regulamento empresarial;
g) representante dos trabalhadores no local de trabalho;
h) teletrabalho, regime de sobreaviso e trabalho intermitente;
i) remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado e remunera-
ção por desempenho individual;
j) modalidade de registro de jornada de trabalho;
k) troca do dia de feriado;
l) enquadramento do grau de insalubridade
m) prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades compe-
tentes da Secretaria Especial de Trabalho do Ministério da Economia;
20 Guia de Cálculos Trabalhistas
Direitos que não podem ser suprimidos ou reduzidos via negociação coletiva (CLT, art. 611-B)
As convenções e os acordos coletivos não podem suprimir ou reduzir, exclusivamente (*), os seguintes
direitos:
1) normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho;
2) seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
3) valor dos depósitos mensais e da multa rescisória do FGTS;
4) salário-mínimo;
5) valor nominal do décimo terceiro salário;
6) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
7) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
8) salário-família;
9) Repouso Semanal Remunerado (RSR);
10) adicional de horas extras mínimo de 50%;
11) número de dias de férias devidas ao empregado;
12) gozo de férias anuais remuneradas com o acréscimo do terço constitucional;
13) licença-maternidade com duração mínima de 120 dias;
14) licença-paternidade;
15) proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos;
16) aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo, no mínimo, de 30 dias;
17) normas de saúde, higiene e segurança do trabalho;
18) adicional de insalubridade, periculosidade e atividades penosas;
19) aposentadoria;
20) seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;
21) ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato de trabalho;
22) proibição de discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com
deficiência;
23) proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer tra-
balho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos;
24) medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;
25) igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
avulso;
Guia de Cálculos Trabalhistas 21
26) liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não so-
frer, sem sua expressa e prévia autorização, qualquer cobrança ou desconto salarial estabele-
cidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho;
27) direito de greve, competindo aos trabalhadores decidirem sobre a oportunidade de exercê-lo e
sobre os interesses que devam por meio dele defender;
28) definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendi-
mento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve;
29) tributos e outros créditos de terceiros;
30) condutas proibidas ao empregador relativas ao trabalho da mulher previstas no art. 373-A da
CLT;
Salário é a contraprestação devida ao empregado, pela prestação dos serviços ou pelo tempo à
disposição do empregador em decorrência do contrato de trabalho e é devido e pago diretamente pelo
empregador.
A remuneração é a soma do salário com outras parcelas salariais percebidas pelo empregado. Tais
parcelas decorrem da prestação de serviços, e, regra geral, são pagas diretamente pelo empregador.
Contudo, situações há em que o pagamento não vem diretamente do empregador, como, por exemplo,
a gorjeta, que é paga por terceiros.
Os salários poderão ser fixados por unidade de tempo ou por unidade de obra. O primeiro leva em
conta o tempo que o empregado fica à disposição da empresa e toma por base, para pagamento, o nú-
mero de horas, dias, etc. O segundo considera a produção dada pelo empregado (tarefa, peça, comissão,
etc.).
Note-se que o critério a ser adotado para a fixação do salário nada tem a ver com os intervalos
com que se paga o empregado. Assim, por exemplo, um empregado horista pode receber por mês. A
base de cálculo de seu salário é a hora, mas a forma de pagamento é mensal.
Exemplos
a) Contratação por unidade de tempo - Empregado mensalista contratado em fevereiro/2020 com jornada de 8
horas diárias e 44 horas semanais. Receberá como remuneração mínima R$ 1.045,00;
b) Contratação por unidade de obra (peças ou tarefa) - Empregado tarefeiro, contratado em janeiro/2020 com
jornada mensal de 220 horas e com valor de tarefa fixado em R$ 10,00. Apuração da remuneração:
Considerando que o valor das peças se refere apenas ao trabalho efetivamente realizado e que o empregado tem
direito ao repouso semanal remunerado é necessário obter o valor deste o qual corresponde à divisão do salário
relativo às tarefas ou peças executadas durante a semana ou mês, no horário normal de trabalho, pelo número
de dias de serviço (semanal ou mensal) efetivamente trabalhados.
Considerando que no mês 01/2020 produziu durante a sua jornada mensal 200 peças temos:
EXEMPLO
Tarefeiro
- valor do RSR e feriado: R$ 2.000,00 ÷ 26 (dias efetivamente trabalhados de segunda-feira a sábado): R$ 76,92
Não obstante o anteriormente exposto, ressaltamos que, conforme estabelece o art. 611-A da CLT,
acrescido pela Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), a qual vigora desde 11.11.2017, por meio de nego-
ciação coletiva (convenção ou acordo) poderá ser pactuada a forma de remuneração por produtividade
e por desempenho individual, situação em que, o que for negociado, terá prevalência sobre a disposição
legal. Baseados nesta determinação, poder-se-ia concluir, a princípio, que os mencionados documentos
coletivos poderiam autorizar salário por produção inferior ao mínimo legal, ou seja, o empregado seria
remunerado com base no que produziu independentemente de garantia de valor mínimo. Entretanto, é
bom lembrar que o art. 7º, VII, da Constituição Federal garante aos empregados que recebem remune-
ração variável salário nunca inferior ao mínimo. Desta forma, se o documento coletivo estabelecer forma
de remuneração inferior ao mínimo, esta regra poderá ter a sua constitucionalidade contestada.
Piso salarial estadual - A Lei Complementar nº 103/2000 autorizou os Estados e o Distrito Federal
a instituir, mediante lei de iniciativa do Poder Executivo, o piso salarial proporcional à extensão e à com-
plexidade do trabalho para os empregados que não tenham piso salarial definido em lei federal, conven-
ção ou acordo coletivo de trabalho. Desta forma, cada Estado da Federação pode instituir no âmbito do
seu respectivo território os pisos salariais para os empregados, desde que superior ao salário-mínimo
legalmente instituído e observadas as determinações da lei complementar em comento. Entretanto, os
pisos salariais fixados na Lei nº 6.702/2014, não se aplicam: aos empregados que têm piso salarial defini-
do em lei federal, convenção ou acordo coletivo e aos servidores públicos municipais.
Salário normativo - é o menor salário devido aos empregados que integram determinada catego-
ria profissional, o qual é fixado pelo documento coletivo de trabalho (acordo ou convenção) da categoria
respectiva.
Salário profissional - é o menor salário estabelecido por lei para trabalhadores que integram deter-
minada profissão (médicos, engenheiros, jornalistas, etc.).
Normalmente a remuneração mínima é fixada para uma jornada normal de trabalho (8 horas diá-
rias e 44 semanais. Entretanto, se a jornada for reduzida por força do contrato de trabalho, o salário-
-mínimo será observado em seu valor diário ou horário.
Exemplos
a) Considerando que um empregado mensalista tenha sido contratado em março/2020 para trabalhar apenas
4 horas por dia de segunda a sábado. Para apuração da remuneração mínima que lhe poderá ser paga temos:
Salário-mínimo mensal = R$ 1.045,00
Salário-mínimo/dia = R$ 34,83
Salário-mínimo/hora = R$ 4,75
Jornada mensal de trabalho contratada = 120 horas (4 × 30)
Remuneração mínima mensal = R$ 570,00 (120 × R$ 4,75)
Guia de Cálculos Trabalhistas 25
SALÁRIO-UTILIDADE
O salário poderá ser composto de utilidades, ou seja, prestações in natura concedidas com ha-
bitualidade, tais como habitação, transporte, etc. Todavia, não se permite que ao empregado seja pago
remuneração exclusivamente em utilidades, sendo-Ihe garantido, em dinheiro, um mínimo de 30% do
salário.
Entretanto, as importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimen-
tação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remu-
neração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência
de qualquer encargo trabalhista e previdenciário, conforme determinado pela nova redação do § 2º do
art. 457 da CLT, dada pela Lei nº 13.467/2017.
Em virtude de as utilidades integrarem o salário, desde que concedidas habitualmente, por força
de contrato ou do costume, deverão ser-lhes atribuídos valores, para efeito de integração nos cálculos
de férias, 13º salário, depósitos do FGTS, contribuição previdenciária, etc. Tais valores, todavia, devem
ser justos e razoáveis.
Só serão entendidas como salário as utilidades que realmente signifiquem vantagem ao trabalha-
dor. Assim, por exemplo, não se pode entender como tal o uniforme de trabalho que só pode ser utiliza-
do no local de serviço, fornecido pelo empregador, assim como o transporte destinado ao deslocamento
para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público.
Da mesma forma, os instrumentos de trabalho fornecidos ao empregado para que ele possa exer-
cer suas funções não são considerados como utiIidades.
26 Guia de Cálculos Trabalhistas
Entre as parcelas in natura fornecidas aos empregados, as mais comuns são: a habitação, o ves-
tuário, o transporte e a educação.
Habitação
Não raro, os empregadores concedem a alguns de seus empregados, cujos contratos de trabalho
sejam regidos pela CLT, a utilidade habitação.
Conforme vimos, a remuneração do empregado não é composta apenas pelo valor em pecúnia
(dinheiro), mas também pelas prestações in natura que o empregador lhe fornecer habitualmente, como
é o caso da habitação.
Entretanto, essa regra não é absoluta, uma vez que, em algumas situações, pode haver a conces-
são da utilidade habitação sem que o valor correspondente seja considerado salário, como é o caso, por
exemplo, do zelador, que, por exigência contratual, é obrigado a morar no edifício onde presta serviço.
Nessa situação, a moradia é concedida para que o trabalho seja realizado a contento, configurando,
assim, uma condição para o satisfatório desempenho da atividade do trabalhador. Ainda que haja inte-
resse do empregado em receber o benefício, o interesse maior é do empregador e, por essa razão, o valor
correspondente à habitação não integra a remuneração do empregado.
Nesse sentido, a Súmula nº 367 do TST determina que a habitação fornecida pelo empregador ao
empregado, quando indispensável para a realização do trabalho, não tem natureza salarial.
Dessa forma, entende-se que a integração ou não do valor da moradia na remuneração do traba-
lhador dependerá do motivo e da forma pela qual a utilidade é concedida, ou seja, se visar tão somente
o interesse do empregado e/ou de sua família e for concedida de forma habitual, será caracterizada
como parcela integrante da remuneração. Caso contrário, ou seja, se a utilidade concedida objetivar
a excelência no desenvolvimento do trabalho, ela é de interesse do empregador e, portanto, o valor
respectivo não integrará a remuneração.
A CLT, art. 458, § 3º, estabeleceu, entre outros, que a habitação fornecida como salário-utilidade
deve atender aos fins a que se destina e não poderá exceder a 25% do salário contratual, sem esclarecer
se esse percentual se aplica aos que ganham salário inferior ou superior ao mínimo legalmente fixado.
Entretanto, o TST entendeu, por meio da Súmula nº 258, que os percentuais fixados em lei apenas se
aplicam às hipóteses em que o empregado percebe salário-mínimo, apurando-se, nas demais, o real
valor da utilidade.
Exemplo
Empresa contrata três gerentes, todos com salário de R$ 5.800,00 e, concede a estes a utilidade habitação, para
utilização durante a vigência do contrato, das seguintes formas:
a) ao primeiro gerente fornece uma residência de propriedade da empresa;
b) para o segundo, aluga uma residência;
c) o terceiro gerente aluga um imóvel para sua moradia e o empregador efetua o reembolso das despesas havi-
das com o aluguel.
Para calcular a remuneração destes empregados, deve-se apurar o valor correspondente à moradia.
No caso da letra “a”, apura-se o valor de mercado da habitação fornecida. No caso da letra “b”, o valor do aluguel
e no caso da letra “c” o valor do reembolso.
Guia de Cálculos Trabalhistas 27
Considerando que no caso da letra “a” o valor de mercado do aluguel de propriedade equivalente à fornecida pelo
empregador seja de R$ 2.500,00, este empregado terá uma remuneração de R$ 8.300,00, ou seja: salário de
R$ 5.800,00 + valor da moradia de R$ 2.500,00.
No caso da letra “b”, considerando que o valor do aluguel pago pela empresa seja de R$ 1.800,00, o empregado
terá uma remuneração de R$ 7.600,00, ou seja, salário de R$ 5.800,00 + aluguel de R$ 1.800,00.
No caso da letra “c”, considerando que o valor do reembolso do aluguel pago pelo empregador seja de R$ 2.000,00,
o empregado terá uma remuneração de R$ 7.800,00, ou seja, salário de R$ 5.800,00 + reembolso de aluguel de
R$ 2.000,00;
Veículo
Alguns empregados exercem total ou parcialmente as suas atividades fora do estabelecimento da
empresa e, para desempenharem de forma satisfatória as suas obrigações contratuais, recebem de seus
empregadores veículos para facilitar o próprio deslocamento.
Outros empregados utilizam veículo próprio no desempenho de suas atividades e têm reembolsa-
das as despesas correspondentes (combustível, lubrificação, lavagem, reparos, aquisição de peças, etc.),
por meio da verba intitulada “quilometragem rodada” ou “reembolso de despesas”.
Quando o veículo é fornecido pelo empregador ao empregado como instrumento para o melhor
desempenho das atividades, não têm natureza salarial, ainda que seja ele utilizado pelo empregado
também em atividades particulares, conforme determina a Súmula nº 367 do TST.
367. UTILIDADES IN NATURA. HABITAÇÃO. ENERGIA ELÉTRICA. VEÍCULO. CIGARRO. NÃO INTEGRAÇÃO
AO SALÁRIO
I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis
para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo
empregado também em atividades particulares.
II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde.
A parcela salarial in natura se caracteriza quando a prestação é concedida não para o trabalho, e
sim pelo trabalho, ou seja, se o empregador concede o veículo que visa tão somente atender ao interes-
se do empregado, sem relação com o trabalho efetuado, a parcela correspondente (veículo) acresce o
patrimônio do trabalhador e, portanto, integra a sua remuneração.
Na hipótese de uso de veículo de propriedade do trabalhador em que há ressarcimento de des-
pesas, devem-se observar as mesmas considerações, ou seja, se o veículo é utilizado para o exercício
da atividade, o entendimento é de que o valor respectivo não integra a remuneração, caso contrário, ou
seja, se o ressarcimento das despesas visa somente o interesse do empregado, estará caracterizada a
parcela salarial.
Recomenda-se que o valor a ser pago seja justo e razoável, obedecendo, de preferência, ao cálculo
de custos elaborados por entidades especializadas, tais como o do Sindicato dos Condutores Autônomos.
Não obstante o anteriormente comentado em relação ao ressarcimento de despesas pelo uso
de veículo do empregado, considerando que a Reforma Trabalhista, instituída pela Lei nº 13.467/2017,
alterou o conceito de salário, determinando ser este constituído da importância fixa estipulada, das
gratificações legais, das comissões pagas pelo empregador e das gorjetas, não fica afastada a possibili-
dade de entendimento no sentido de que o ressarcimento das despesas decorrentes do uso do veículo
deixam de integrar a remuneração do trabalhador para efeitos trabalhistas.
Ressalte-se, porém, que, no âmbito previdenciário, o valor correspondente ao ressarcimento de
despesas somente não estará sujeito à contribuição correspondente se houver comprovação das des-
28 Guia de Cálculos Trabalhistas
pesas efetuadas, o que vale dizer que, se houver pagamento de valor superior às despesas efetivamente
comprovadas, o valor excedente sofrerá incidência de contribuição previdenciária.
O acerto de contas mediante apresentação de notas exclui a possibilidade da integração da verba
no salário do empregado, tanto no aspecto trabalhista como previdenciário e do FGTS.
Educação
O inciso II do § 2º do art. 458 da CLT determina que não será considerada como salário a utilidade
educação concedida pelo empregador, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, com-
preendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático.
Assim, temos que, para fins trabalhistas, os valores gastos com mensalidade escolar (ensino fun-
damental, ensino médio, curso técnico e ensino superior) não integram o salário do empregado para
efeitos de remuneração, ou seja, não serão computados para cálculo e pagamento, entre outras, das
parcelas trabalhistas de férias, do 13º salário, do repouso semanal remunerado e do aviso-prévio.
Entretanto, para fins previdenciários, a Lei nº 8.212/1991, art. 28, § 9º, “t”, com a redação dada pela
Lei nº 12.513/2011, dispõe que não integram o salário-de-contribuição, em relação à educação, exclusiva-
mente, o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de emprega-
dos e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação
profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e:
a) não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e
b) o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não
ultrapasse 5% da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma
vez e meia o valor do limite mínimo mensal do salário-de-contribuição, o que for maior.
Nota
O art. 39 da Lei nº 9.394/1996 determina:
“Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos dife-
rentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.
§ 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a
construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino.
§ 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos:
I - de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;
II - de educação profissional técnica de nível médio;
III - de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.
§ 3º Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne a
objetivos, características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Na-
cional de Educação.”
Conforme o inciso I do art. 21 da Lei nº 9.394/1996, educação básica é aquela formada pela educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio.
Assim, constata-se que a legislação trabalhista e a legislação previdenciária tratam a educação
de forma diferenciada, ou seja, a CLT adota um conceito amplo, e a legislação previdenciária restringe a
verba apenas à educação básica e aos cursos de capacitação e qualificação profissional, nos quais não
se enquadram os cursos universitários em geral.
No que se refere ao FGTS, a Lei nº 8.036/1990, art. 15, § 6º, com redação da Lei nº 9.711/1998, esta-
belece que não se incluem na remuneração, para os fins daquela lei, as parcelas elencadas no § 9º do
art. 28 da Lei nº 8.212/1991.
Guia de Cálculos Trabalhistas 29
Dessa forma, caso o valor pago pela empresa a título de educação atenda aos requisitos estabele-
cidos no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, ou seja, que vise à educação básica, na forma anteriormente
descrita, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas
pela empresa, e desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial, não se sujeita ao de-
pósito do FGTS.
A Instrução Normativa SIT nº 144/2018, a qual baixa instruções para a fiscalização do FGTS e das
contribuições sociais, determinou que não integra a remuneração para fins de depósitos de FGTS o valor
relativo à concessão de educação em estabelecimento de ensino do empregador ou de terceiros, com-
preendendo valores referentes a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático. Observe-
-se que a mencionada Instrução Normativa está contrariando as determinações da Lei nº 8.036/1990,
art. 15, § 6º, anteriormente mencionada, a qual estabelece que não integram a remuneração para efeito
de depósito do FGTS as parcelas relacionadas no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991.
Ante a divergência constatada nos 2 atos, deve-se verificar que a Lei nº 8.036/1990 é norma hierar-
quicamente superior à Instrução Normativa SIT nº 144/2018 e, portanto, deve prevalecer.
Vestuário
O art. 458 da CLT determina que a utilidade vestuário não será considerada salário quando forne-
cida para utilização no local de trabalho, para a prestação dos serviços. Nessas condições, o vestuário
(uniforme) fornecido não integra a remuneração do trabalhador por não constituir parcela in natura,
uma vez que é fornecido para o trabalho e não pelo trabalho.
Importante
O art. 456-A da CLT, na redação dada pela Lei nº 13.467/2017, determina que cabe ao empregador definir o padrão de
vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de
empresas parceiras e de outros itens de identificação relacionados à atividade desempenhada.
A higienização do uniforme é de responsabilidade do trabalhador, salvo nas hipóteses em que forem necessários proce-
dimentos ou produtos diferentes dos utilizados para a higienização das vestimentas de uso comum.
Caso contrário, ou seja, se o empregador fornecer vestuário sem exigência de utilização no am-
biente do trabalho, podendo, portanto, ser usado dentro e fora do ambiente do trabalho, como ternos,
saias, vestidos, todos sem logotipos da empresa, estará caracterizada a prestação in natura, pois repre-
senta um ganho para o empregado, posto que atende unicamente ao seu interesse e não ao do empregador.
Assistência médica
Ocorre, porém, que a Lei nº 13.467/2017, a qual instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vi-
goram desde 11.11.2017, determinou que tais valores, independentemente de abranger a totalidade de
empregados e dirigentes, não integram o salário do empregado para qualquer efeito, nem o salário de
contribuição previdenciária.
30 Guia de Cálculos Trabalhistas
Se a verba estiver sendo paga para retribuir o trabalho executado ou o tempo à disposição do em-
pregador, ou seja, paga pelo trabalho, e desde que se enquadre na definição legal, tem natureza salarial
e, portanto, integra a remuneração. Se a verba for paga para possibilitar que o empregado execute o
seu trabalho a contento, ou seja, paga para o trabalho e não pelo trabalho, a sua natureza jurídica é de
ressarcimento, indenização, e não salarial, portanto, não integra a remuneração.
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alte-
rou o art. 457 da CLT para determinar que se incluem na remuneração a importância fixa estipulada, as
gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador, bem como as gorjetas que receber.
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que não integram a remuneração do traba-
lhador as seguintes utilidades:
a) vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local
de trabalho, para a prestação do serviço;
b) educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores
relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;
c) transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não
por transporte público;
d) assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;
e) seguros de vida e de acidentes pessoais;
f) previdência privada;
g) o valor correspondente ao vale-cultura.
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017,
alterou o art. 457 da CLT para determinar que as verbas elencadas a seguir, mesmo quando pagas com
habitualidade, também não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de
trabalho e não constituem base de incidência de encargo trabalhista e previdenciário:
a) ajuda de custo;
b) auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro);
c) diárias para viagem (independentemente do valor);
d) prêmios (assim considerados as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens,
serviços ou valor em dinheiro, a empregado, ou a grupo de empregados em razão de desem-
penho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades);
e) abonos.
c) gorjetas: consideram-se gorjetas não só a importância dada de forma espontânea pelo cliente
ao empregado como também a que for cobrada pela empresa, como adicional nas notas e
destinada à distribuição aos empregados;
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-A à
CLT para determinar, entre outras disposições, que os documentos coletivos de trabalho (acordo e convenção) têm
prevalência sobre a lei, quando dispuserem, entre outros, sobre remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas
percebidas pelo empregado e remuneração por desempenho individual.
d) gratificações legais;
e) adicionais de periculosidade ou insalubridade: tais adicionais são devidos só e enquanto per-
durarem as condições desfavoráveis à segurança ou saúde do empregado.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à CLT
para determinar, entre outras disposições, que constitui objeto ilícito dos documentos coletivos de trabalho (acordo e
convenção) a supressão ou a redução do adicional de remuneração para as atividades insalubres e perigosas.
Alerta
A legislação do FGTS determina que integram a remuneração para efeito dos depósitos fundiários, entre outras, as seguin-
tes parcelas;
I - o salário-base, inclusive as prestações in natura;
II - as horas extras;
III - os adicionais de insalubridade, periculosidade e do trabalho noturno;
IV - o adicional por transferência de localidade de trabalho;
V - o salário-família, no que exceder o valor legal obrigatório;
VI - o abono ou gratificação de férias, desde que excedente a vinte dias do salário, concedido em virtude de cláusula con-
tratual, de regulamento da empresa ou de convenção ou acordo coletivo;
VII - o valor de um terço do abono constitucional das férias;
VIII - as comissões pagas pelo empregador;
IX - as etapas, no caso dos marítimos;
X - as gorjetas;
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-A à
CLT para determinar, entre outras disposições, que os documentos coletivos de trabalho (acordo e convenção) têm
prevalência sobre a lei, quando dispuserem, entre outros, sobre remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas
percebidas pelo empregado.
XI - a gratificação de natal, seu valor proporcional e sua parcela incidente sobre o aviso-prévio indenizado, inclusive na
extinção de contrato a prazo certo e de safra;
XII - as retiradas de diretores não empregados, quando haja deliberação da empresa, garantindo-lhes os direitos decorren-
tes do contrato de trabalho;
XIII - o valor pelo Repouso Semanal Remunerado;
XIV - o valor pelos domingos e feriados civis e religiosos trabalhados, bem como o valor relativo à dobra em razão de feriados
trabalhados, não compensados;
XV - o valor a título de aviso-prévio, trabalhado ou indenizado;
XVI - o valor do tempo de reserva, nos termos do § 6º do art. 235-E da CLT.
XVII - o valor contratual mensal da remuneração do empregado afastado da atividade com percepção de remuneração
ou contagem de tempo de serviço, inclusive sobre a parte variável, calculada segundo os critérios previstos na CLT e na
legislação esparsa, atualizada sempre que ocorrer aumento geral na empresa ou para a categoria;
XVIII - o valor da remuneração paga pela entidade de classe ao empregado licenciado para desempenho de mandato sindical,
idêntico ao que perceberia caso não licenciado, inclusive com as variações salariais ocorridas durante o licenciamento,
obrigatoriamente informadas pelo empregador à respectiva entidade;
32 Guia de Cálculos Trabalhistas
XIX - o salário contratual e o adicional de transferência devido ao empregado contratado no Brasil transferido para prestar
serviço no exterior;
XX - a remuneração percebida pelo empregado ao passar a exercer cargo de diretoria, gerência ou outro cargo de confiança
imediata do empregador, salvo se a do cargo efetivo for maior;
XXI - remuneração paga a empregado estrangeiro, em atividade no Brasil, independentemente do local em que for realizado
o pagamento.
Comissões
As comissões pagas pelo empregador constituem partes integrantes do salário propriamente
dito, isto é, comissão é salário principal, essencial, básico, e não parcela suplementar, ou seja, aquilo que
se dá a mais ao empregado. Portanto, as comissões não podem ser entendidas como parte adicional
ao salário.
Nesse contexto, podem as partes livremente estabelecer a forma de apuração da remuneração do
trabalhador, inclusive determinar a sua fixação exclusivamente com base em comissões sobre vendas.
Todos os empregados, inclusive os comissionistas puros (sem parte fixa), têm direito ao repouso
semanal remunerado. Não havendo cláusula mais benéfica no documento coletivo de trabalho da cate-
goria profissional respectiva (acordo, convenção ou sentença normativa), a remuneração dos repousos
semanais para esses trabalhadores será obtida dividindo-se o valor total das comissões recebidas no
mês pelo número de dias úteis, multiplicando-se o resultado pelo número de repousos semanais e feria-
dos existentes no respectivo mês.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, acresceu o art. 611-B à CLT para determinar, entre outras disposi-
ções, que constitui objeto ilícito dos documentos coletivos de trabalho (acordo e convenção) a supressão ou a redução
do direito ao Repouso Semanal Remunerado.
Importante
Não obstante o anteriormente exposto, ressaltamos que, conforme estabelece o art. 611-A da CLT, acrescido pela Lei nº
13.467/2017 (Reforma Trabalhista), a qual vigora desde 11.11.2017, por meio de negociação coletiva (convenção ou acordo),
poderá ser pactuada a forma de remuneração por produtividade e por desempenho individual, situação em que, o que
for negociado, terá prevalência sobre a disposição legal.
Baseados nesta determinação, poder-se-ia concluir, em princípio, que os mencionados documentos coletivos poderiam
autorizar salário por produção inferior ao mínimo legal, ou seja, o empregado seria remunerado com base no que pro-
duziu independentemente de garantia de valor mínimo.
Entretanto, é bom lembrar que o art. 7º, VII, da Constituição Federal garante aos empregados que recebem remunera-
ção variável salário nunca inferior ao mínimo. Desta forma, se o documento coletivo estabelecer forma de remuneração
inferior ao mínimo, esta regra poderá ter a sua constitucionalidade contestada.
Exemplos
a) considerando que um empregado contratado com salário fixado exclusivamente em comissões, no percentual
de 10% sobre as vendas que realizar. No mês de março/2020 vendeu o equivalente a R$ 50.000,00.
Mês 03/2020
26 dias úteis
5 RSR
Guia de Cálculos Trabalhistas 33
Gorjetas
As gorjetas são constituídas pelas importâncias espontaneamente dadas pelos clientes aos em-
pregados que os serviram, bem como por aquelas cobradas pelo estabelecimento comercial, como
adicional nas contas, a qualquer título, e destinadas à distribuição aos empregados.
São valores recebidos de terceiros (clientes) e não do empregador. Quando recebidos como adi-
cional na nota de serviço, tais valores formam um fundo especial, sob a custódia do empregador, que
fará a sua distribuição aos empregados. Portanto, a gorjeta não constitui receita própria dos emprega-
dores, destina-se aos trabalhadores.
O empregador não poderá contratar um empregado fixando a sua remuneração com base uni-
camente em gorjetas, posto ser esta um adicional ao salário e não salário propriamente dito. Por tais
razões sempre deverá ser fixado um salário não inferior ao mínimo nacionalmente unificado, em cuja
composição a gorjeta não poderá ser considerada.
As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes,
integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso prévio,
adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado.
Exemplo
Considerando que, no mês junho/2020, a empresa (restaurante) arrecadará o valor de R$ 6.500,00 relativo às
gorjetas cobradas nas notas fiscais, valor este que será rateado entre os 5 garçons que trabalham no estabele-
cimento, temos:
R$ 6.500,00 ÷ 5 = R$ 1.300,00 (valor das gorjetas devido a cada garçom)
Considerando que um dos garçons tenha salário mensal fixo de R$ 1.200,00, receberá a remuneração de R$
2.500,00 (R$ 1.200,00 (salário fixo) + R$ 1.300,00 de valor rateado da gorjeta que será distribuído pelo empregador).
b) haja habitualidade, necessidade contínua do pagamento, ou seja, que o serviço externo seja
sucessivamente realizado;
c) não haja a necessidade de comprovação das despesas efetuadas, o que vale dizer que, se o
valor pago for superior às despesas efetuadas, o empregado ficará com o excedente.
Lembramos, porém, que, embora a legislação não exija a comprovação das despesas efetuadas,
deve haver certa relação entre os valores gastos e o valor pago a título de diárias, não significando,
porém, que os valores devam ser idênticos, mas, numa comparação entre as quantias, não deve haver
desproporção que possa caracterizar remuneração disfarçada de diárias.
As diárias para viagem, independentemente do seu valor, não integram a remuneração do em-
pregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer
encargo trabalhista e previdenciário .
Exemplos
a) empregado com salário fixo de R$ 5.000,00, trabalha externamente e em janeiro/2020 realizou 10 viagens,
recebendo R$ 200,00 a título de diárias para cada viagem feita.
Assim temos:
Salário fixo = R$ 5.000,00
Diárias para viagem = R$ 2.000,00 (R$ 200,00 = valor da diária × 10 = nº de viagens efetuadas)
Remuneração devida = R$ 5.000,00. Portanto, o valor pago a título de diárias para viagem não integrou a remu-
neração.
b) empregado com salário fixo de R$ 3.000,00, trabalha externamente e, em janeiro/2020 realizou 12 viagens,
recebendo R$ 150,00 a título de diárias para cada viagem feita.
Assim temos:
Salário fixo = R$ 3.000,00
Diárias para viagem = R$ 1.800,00 (R$ 150,00 = valor da diária × 12 = nº de viagens efetuadas)
Remuneração mensal = R$ 3.000,00
Portanto, o valor pago a título de diárias para viagem não integrou a remuneração.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, em vigor desde 11.11.2017, alterou o § 2º do art. 457 da CLT e a letra “h” do § 9º do art. 28 da Lei nº
8.212/1991, para determinar que as importâncias pagas a título de diárias para viagem, ainda que habituais, não integram
a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de
qualquer encargo trabalhista e previdenciário. Observar que, nos termos da Instrução Normativa SIT nº 144/2018, art. 9º,
inciso X, consideram-se de natureza salarial para fins do FGTS as diárias para viagem, pelo seu valor global, desde que
não haja prestação de contas do montante gasto.
Constata-se que a citada Instrução Normativa condiciona a integração da parcela das diárias para viagem à não presta-
ção de contas dos valores gastos pelo trabalhador. Entretanto, o § 2º do art. 457 da CLT, na redação da Lei no 13.467/2017,
não trata de qualquer prestação de contas dos valores de diárias para viagem.
Ajuda de custo
Ajuda de custo é o valor (normalmente fixado unilateralmente pelo empregador) pago ao empre-
gado para cobrir despesas de deslocamento por ele realizadas, como, por exemplo, despesas de trans-
ferência, acompanhamento de clientes internos ou externos a eventos profissionais etc.
Da mesma forma que as diárias para viagem, a ajuda de custo se reveste da característica de
verba de natureza indenizatória, posto que visa ressarcir o empregado de despesas decorrentes da ne-
cessidade de serviço. Tal verba não está, também, sujeita à comprovação das despesas.
36 Guia de Cálculos Trabalhistas
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alte-
rou o art. 457 da CLT para determinar que a ajuda de custo mesmo quando paga com habitualidade, não
integra a remuneração do empregado, não se incorpora ao contrato de trabalho e não constitui base de
incidência de encargo trabalhista e previdenciário.
Exemplos
a) empregado com salário de R$ 4.000,00 foi participar de 2 eventos semestrais, recebendo a título de ajuda de
custo, para fazer frente às despesas efetuadas, o valor de R$ 500,00 para cada evento que participou.
Assim temos:
Salário = R$ 4.000,00
Ajuda de custo paga (2 vezes) = R$ 1.000,00 (R$ 500,00 × 2)
Remuneração do trabalhador = R$ 4.000,00, uma vez que a ajuda de custo não integra a remuneração, mesmo
quando paga de forma habitual.
b) um vendedor externo foi contratado com salário fixo de R$ 5.000,00, percebendo a título de “ajuda de custo”
a quantia de R$ 2.000,00.
- remuneração total mensal = R$ 5.000,00
Neste exemplo, o valor foi pago erroneamente com o título de “ajuda de custo”, pois na realidade se trata de “diá-
rias para viagem”, porém, independentemente do erro de nomenclatura utilizada, não integrou a remuneração
do trabalhador.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, em vigor desde 11.11.2017, alterou o § 2º do art. 457 da CLT para determinar que as importâncias pa-
gas a título de ajuda de custo, ainda que habituais, não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao
contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário.
Observar que, nos termos da Instrução Normativa SIT nº 144/2018, art. 10, incisos, XIII, XIV e XV, não integram a remune-
ração para efeito de FGTS:
a) ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de localidade de trabalho
do empregado, na forma do art. 470 da CLT;
b) ajuda de custo, quando paga mensalmente, recebida como verba indenizatória para ressarcir despesa relaciona-
da à prestação de serviço ou à transferência do empregado nos termos do art. 470 da CLT; e
c) ajuda de custo, em caso de transferência permanente, e o adicional mensal, em caso de transferência provisória,
recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei no 5.929/1973.
Prêmios
São considerados prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, servi-
ços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior
ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades.
Portanto, o prêmio se vincula a fatores pessoais do trabalhador, por exemplo: seu esforço, sua
produtividade.
Tais verbas podem ser individuais ou coletivas, conforme fixados por trabalhador ou globalmente
em função de um departamento. Quanto ao valor, pode ser fixo ou variável.
Determina o § 2º do art. 457 da CLT, na redação da Lei nº 13.467/2017, que, ainda que pago com
habitualidade, o valor do prêmio não integra a remuneração do trabalhador e não constitui base de inci-
dência de encargo trabalhista ou previdenciário.
Guia de Cálculos Trabalhistas 37
Exemplo
Prêmio assiduidade - A empresa determina que o empregado que não faltar ou chegar atrasado durante 3 me-
ses receberá, um prêmio equivalente a R$ 500,00. Assim, a cada 3 meses, os trabalhadores que atenderem ao
estipulado receberão o prêmio. Considerando um empregado com salário fixo de R$ 3.200,00 que atendeu aos
requisitos determinados, temos:
- salário fixo = R$ 3.200,00
- prêmio devido = R$ 500,00
- remuneração no mês do pagamento do prêmio = R$ 3.200,00, posto que o prêmio não integra a remuneração.
Gratificações
Não há na legislação uma definição para gratificação. Esta verba, via de regra, constitui uma re-
compensa, uma retribuição além do salário, que se dá ao empregado em virtude, entre outros motivos,
do reconhecimento do seu bom desempenho, do tempo de serviço na empresa, etc.
Constata-se, portanto, que o prêmio e a gratificação, embora com nomenclaturas diversas, têm
finalidades semelhantes.
Alguns autores afirmam que a gratificação está mais ligada a aspectos alheios à vontade do em-
pregado, como, por exemplo, gratificação de função, paga em decorrência do cargo ocupado, enquanto
o prêmio se vincula a fatores pessoais do trabalhador, tais como seu esforço, sua produtividade, haven-
do no prêmio um elemento de competição.
Em geral, a gratificação não é prevista na legislação , salvo exceções. Normalmente, a sua conces-
são depende da liberalidade do empregador, de cláusula constante do documento coletivo de trabalho
da categoria profissional respectiva, do contrato de trabalho ou, ainda, do Regulamento Interno da Em-
presa.
As condições para a sua concessão, da mesma forma que o prêmio, devem ser previamente fixa-
das no documento que lhe deu origem. O seu pagamento pode observar uma periodicidade mensal,
bimestral, semestral, anual, etc.; quanto ao valor, pode ser fixo ou variável.
Determina o § 2º do art. 457 da CLT, na redação da Lei nº 13.467/2017, que, ainda que pago com
habitualidade, o valor do prêmio, não integra a remuneração do trabalhador e não constitui base de in-
cidência de encargo trabalhista ou previdenciário.
Ainda que o mencionado § 2º do art. 457 da CLT não tenha textualmente mencionado a gratifica-
ção não determinada por lei, poder-se-ia entender que, por se tratar de verba de natureza semelhante
ao prêmio, a gratificação também não deveria integrar a remuneração para qualquer efeito. Entretanto,
o mencionado parágrafo a ela não se referiu.
Para efeitos trabalhistas, verifica-se que o caput e o §§ 1º e 2º do art. 457 e o caput do art. 458,
ambos da CLT, determinam que a remuneração é constituída pelo salário fixo, pelas gratificações legais,
pelas comissões pagas pelo empregador e pelas gorjetas. Portanto, para fins trabalhistas, as gratifica-
ções não determinadas por lei não integram a remuneração.
Não integram a remuneração, não se incorporam ao contrato de trabalho, ainda que pagos com
habitualidade e, portanto, não sofrem incidências trabalhistas e previdenciárias:
a) ajuda de custo
b) auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro);
38 Guia de Cálculos Trabalhistas
Por todas estas razões, o órgão competente, no caso, a Secretaria da Receita Federal do Brasil
(RFB), poderá ser consultada acerca da incidência da contribuição previdenciária sobre valores pagos a
título de gratificações não determinadas por lei.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alterou os §§ 1º e 4º do art.
457 da CLT, para determinar que integram o salário a importância fixa estipulada, as gorjetas, as comissões pagas pelo
empregador e as gratificações legais. Também alterou a Lei nº 8.212/1991 determinando que os prêmios e os abonos não
integram a remuneração para efeito previdenciário.
Determinou ainda que, consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, servi-
ços ou valor em dinheiro, a empregado ou grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente
esperado no exercício de suas atividades.
Observar que, nos termos da Instrução Normativa SIT nº 144/2018, art. 9º, inciso XIV, consideram-se de natureza salarial
para fins do FGTS, as gratificações legais, as de função e as que tiverem natureza de contraprestação pelo trabalho.
Ocorre que o § 1º do art. 457 da CLT na redação da Lei nº 13.467/2017, determina que integram a remuneração as gratifi-
cações legais, ou seja, aquelas previstas na legislação. A citada instrução normativa, por seu turno, determina integrar
a remuneração as gratificações legais, as de função e quaisquer outras gratificações que tenha relação com o trabalho.
Entende-se que a citada Instrução Normativa extrapolou a determinação legal, elastecendo o conceito de remuneração,
o qual passa a abarcar outras parcelas de gratificação que não as determinadas pelo mencionado dispositivo da CLT.
Lembra-se que a instrução normativa é um ato administrativo governamental que não tem competência para modificar
a lei.
Prêmio e gratificação são verbas que, embora com nomenclaturas diversas, têm finalidades semelhantes e constituem
uma forma de incentivo; a gratificação tem aspecto mais abrangente e o prêmio, mais restrito; em outras palavras, a
gratificação é o gênero e o prêmio, a espécie. Assim, conclui-se que as duas verbas deveriam ter o mesmo tratamento
tributário.
O caput do art. 15 da Lei nº 8.036/1990 (Lei do FGTS), determina que: “Para os fins previstos nesta Lei, todos os em-
pregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância
correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na
remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090,
de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965”. Assim, ocorrendo alteração nos
mencionados artigos da CLT, conclui-se que essas modificações alcançam as determinações do mencionado art. 15.
Quebra de caixa
A parcela quebra-de-caixa constitui verba que geralmente é paga a empregados que lidam perma-
nentemente com dinheiro, numerários da empresa, tais como caixas de bancos, de lojas, etc.
Sua finalidade é ressarcir os eventuais prejuízos sofridos pelo empregado no exercício da sua ativi-
dade, posto que as diferenças a menor apuradas no seu movimento diário podem ser deduzidas do seu
salário; por esta razão, é conferida a ele esta verba como forma, também, de remunerar a preocupação
que a atividade lhe impõe.
Guia de Cálculos Trabalhistas 39
Inexiste na legislação qualquer dispositivo determinando o pagamento dessa verba. Esta obriga-
ção, quando existe, deflui do documento coletivo de trabalho da categoria profissional respectiva, do
Regulamento Interno da Empresa ou, ainda, da liberalidade do empregador.
Normalmente o valor da quebra de caixa é fixado por meio dos documentos coletivos de trabalho
pelos sindicatos das categorias profissionais respectivas.
Lembramos que, dentre os Precedentes Normativos do TST, observa-se o de nº 103, o qual dis-
põe: “GRATIFICAÇÃO DE CAIXA (Positivo). Concede-se ao empregado que exercer permanentemente a
função de caixa a gratificação de 10% (dez por cento) sobre seu salário, excluídos do cálculo adicionais,
acréscimos e vantagens pessoais”.
Considerando que a Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram
desde 11.11.2017, alterou a redação do § 1º do art. 457 da CLT para determinar que integram o salário a
importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador, retirou de tal
integração as percentagens e gratificações ajustadas. Assim, em princípio, entende-se que, conforme
a nova redação do mencionado artigo, a quebra de caixa deixou de integrar a remuneração para efeitos
trabalhistas. Ressaltamos, porém, a possibilidade de entendimento diverso.
Contudo, no aspecto previdenciário, é bom lembrar que o caput do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, o
qual não foi alterado pela Lei nº 13.467/2017, determina que se entende por salário-de-contribuição do
empregado a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendi-
mentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho,
qualquer que seja a sua forma.
Importante
A Lei nº 13.467/2017 alterou o art. 457, § 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para dispor que integram o sa-
lário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. Assim, a princípio,
para efeitos trabalhistas, a quebra de caixa não integra a remuneração, uma vez que não mais se enquadra nesse con-
ceito. O caput do art. 15 da Lei nº 8.036/1990 (Lei do FGTS), determina que: “para os fins previstos nesta Lei, todos os
empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância
correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na
remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090,
de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965”. Assim, ocorrendo alteração nos
mencionados artigos da CLT, conclui-se que essas modificações alcançam as determinações do mencionado art. 15.
Entretanto, vale lembrar que, nos termos da Instrução Normativa SIT nº 144/2018, art. 9º, inciso XXIII, considera-se a
quebra de caixa de natureza salarial para fins do FGTS. Como a CLT, em seus §§ 1º e 3º do art. 457, na redação da Lei nº
13.467/2017, determina que integram a remuneração a importância fixa estipulada, as gratificações legais, as gorjetas e
as comissões pagas pelo empregador, entende-se que a quebra de caixa não se enquadra no conceito de remuneração.
Sobreaviso
Regime de sobreaviso é aquele em que o empregado, mesmo estando em gozo dos seus perío-
dos de repouso, fica à disposição do empregador aguardando a qualquer momento o chamado para o
serviço.
A tecnologia eletrônica disponibiliza diversos sistemas e aparelhos que podem ser utilizados pelo
empregado quando ele permanece em regime de sobreaviso, ou seja, aguardando ordens do emprega-
dor. Enquadram-se nesses casos o uso de “bip”, radiocomunicador portátil (walkie talkie), rádio PX, pager,
telefone celular, laptop, etc., os quais visam não só à pronta localização do empregado como também à
transmissão de instruções para a execução dos trabalhos e possibilita o contato com clientes.
Embora o citado regime tenha origem e previsão legal nos serviços ferroviários, ele pode ser es-
tendido, por analogia, a empregados de outras atividades empresariais que permaneçam fora do local
da prestação dos serviços, na expectativa de serem chamados ao serviço em horas destinadas a des-
canso e lazer. A duração da escala de sobreaviso é de 24 horas, no máximo.
40 Guia de Cálculos Trabalhistas
O Tribunal Superior do Trabalho, por meio da Súmula nº 428 determinou que considera-se em so-
breaviso o empregado que, à distância e submetido a controle patronal por instrumentos telemáticos
ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento
o chamado para o serviço durante o período de descanso, observando-se que o uso de instrumentos
telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, por si só, não caracteriza o regi-
me de sobreaviso.
As horas de sobreaviso devem ser remuneradas à razão de 1/3 do salário normal e, em princípio,
entende-se que integram a remuneração do trabalhador por ser verba que remunera o tempo à disposi-
ção do empregador, tendo, portanto, natureza salarial.
Importante
Não obstante o anteriormente mencionado, a Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigo-
ram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-A à CLT para determinar, entre outras disposições, que os documentos coletivos
de trabalho (acordo e convenção) têm prevalência sobre a lei, quando dispuserem, entre outros, sobre o regime de
sobreaviso.
Assim, o mencionado documento deverá ser consultado a fim de verificar a existência de determinação acerca do so-
breaviso. Em caso positivo, valerá as disposições do documento coletivo.
Exemplos
a) Empregado mensalista com salário de R$ 1.500,40 ficou 10 horas sob regime de sobreaviso no mês janei-
ro/2020. Assim temos:
Jornada mensal = 220 horas
- valor da hora normal de trabalho: R$ 6,82 (R$ 1.500,40 ÷ 220)
- valor da hora de sobreaviso:
R$ 6,82 ÷ 3 = R$ 2,27
- valor a pagar a título de sobreaviso:
R$ 2,27 × 10 = R$ 22,70
Remuneração mensal = R$ 1.523,10 (R$ 1.500,40 + R$ 22,70)
b) Empregado mensalista com salário de R$ 3.801,60, permaneceu 12 horas de sobreaviso, tendo sido chamado
para trabalhar por 4 horas.
Cálculo:
- valor da hora normal = R$ 17,28 (R$ 3.801,60 ÷ 220)
- Valor da hora de sobreaviso = R$ 5,76 (R$ 17,28 ÷ 3)
- Período a ser pago a título de sobreaviso = 8 horas (12-4)
- Valor das horas de sobreaviso = R$ 46,08 (R$ 5,76 × 8)
- valor das horas extras realizadas após o chamado ao trabalho = R$ 103,68 (R$17,28 × 1,50 × 4)
- Remuneração mensal = R$ 3.951,36 (R$ 3.801,60 = salário + R$ 46,08 = horas de sobreaviso + R$ 103,68 = horas
extras)
Abono
Via de regra, a concessão ocorre como antecipação da correção salarial a se verificar na data-base
da categoria profissional respectiva. A concessão pode ocorrer por meio de percentual sobre o salário
ou mediante valor fixo.
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, al-
terou o art. 457 da CLT e acresceu a letra “z” ao § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 para determinar, entre
outros, que os abonos mesmo quando pagos com habitualidade, não integram a remuneração do em-
pregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer
encargo trabalhista e previdenciário.
Exemplos
a) empresa concede abono equivalente a 5% do salário dos empregados, no mês de janeiro/2020. Considerando
um empregado com salário fixado em R$ 2.300,00, temos:
- salário = R$ 2.300,00
- abono = R$ 115,00 (5% de R$ 2.300,00)
- salário de contribuição = R$ 2.300,00
b) a negociação coletiva estabeleceu a concessão de abono no valor de R$ 400,00 para os empregados. Consi-
derando um empregado com salário de R$ 2.000,00, temos:
- salário = R$ 2.000,00
- abono = R$ 400,00
- salário de contribuição = R$ 2.000,00
Abono de férias
A legislação trabalhista faculta ao empregado (e não ao empregador) a conversão de até 1/3 do
período de férias a que tiver direito, em abono pecuniário.
Dessa forma, um trabalhador com direito a 30 dias de férias pode converter em abono pecuniá-
rio alguns dias de suas férias desde que a conversão não ultrapasse 10 dias (1/3). Um trabalhador com
direito a 24 dias de férias (em virtude das faltas injustificadas verificadas no período aquisitivo), pode
converte até 8 dias em abono pecuniário (1/3).
O valor correspondente ao abono pecuniário, incluindo o terço constitucional sobre, ele não inte-
gra a remuneração do empregado.
Entretanto, algumas empresas, em virtude de determinações constante do documento coletivo
de trabalho da categoria profissional respectiva ou do seu regulamento interno, ou, ainda, da mera li-
beralidade do empregador, concedem aos seus empregados o chamado abono de férias, o qual não se
confunde com o abono pecuniário anteriormente comentado.
Desde que o abono de férias não ultrapasse quantia equivalente a 20 dias de salário do trabalha-
dor não integra a remuneração deste.
Exemplos
a) empregado com salário de R$ 3.000,00 gozará férias de 01 a 30 de abril/2020 e receberá, a título de abono de
férias, o valor correspondente a R$ 1.500,00. Assim temos:
- valor das férias = R$ 3.000,00
- valor equivalente a 20 dias de salário = R$ 2.000,00
42 Guia de Cálculos Trabalhistas
Adicional de insalubridade
O exercício do trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos
pela Secretaria de Previdência e Trabalho, assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 40%,
20% e 10%, conforme a insalubridade se classifique nos graus máximo, médio e mínimo, respectivamente.
A CLT estabelecia que a base de cálculo do adicional em comento era o salário-mínimo da região.
Entretanto, estes foram extintos e estabelecido o salário-mínimo nacionalmente unificado.
Ocorre que a Constituição Federal vedou a vinculação do salário-mínimo para qualquer fim. As-
sim, a base de cálculo do adicional de insalubridade passou a constituir matéria controvertida.
O Supremo Tribunal Federal acabou com a divergência de entendimentos, ao determinar por meio
da Súmula Vinculante nº 4, que a aplicação do salário-mínimo como base de cálculo do adicional de
insalubridade é inconstitucional.
Dessa forma, até seja divulgada norma legal estabelecendo a base de cálculo do adicional de
insalubridade, recomenda-se que as empresas se acautelem diante do critério a ser adotado nos casos
concretos de cálculo e pagamento do referido adicional aos empregados, lembrando principalmente
que:
a) por meio de negociação coletiva de trabalho é possível se estabelecer em documento coletivo
a base de cálculo do adicional de insalubridade a ser aplicada pelas partes, observando-se,
contudo, a Súmula Vinculante nº 4, que veda a utilização do salário-mínimo na citada base de
cálculo;
Guia de Cálculos Trabalhistas 43
b) como medida preventiva para definição da base de cálculo, a empresa poderá consultar, an-
tecipadamente, a respectiva entidade sindical representativa dos empregados, a fim de se
certificar se há cláusula expressa em documento coletivo de trabalho tratando da matéria.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, acresceu o art. 611-B à CLT para determinar, entre outras disposi-
ções, que constitui objeto ilícito dos documentos coletivos de trabalho (acordo e convenção) a supressão ou a redução
do direito relativo ao adicional de remuneração para as atividades insalubres.
O art. 611-A, inserido na CLT pela mesma Lei, determinou, entre outras disposições, que os documentos coletivos de
trabalho (acordo e convenção) têm prevalência sobre a lei, quando dispuserem, entre outros, sobre o enquadramento
do grau de insalubridade.
Assim, embora a negociação coletiva não possa reduzir ou suprimir o valor do adicional de insalubridade, poderá dispor
sobre o enquadramento da atividade no grau respectivo.
Exemplos
Observadas as alegações anteriores, procedemos aos cálculos do adicional de insalubridade utilizando como
base o salário-mínimo. Assim temos:
a) Considerando um trabalhador com salário de R$ 1.500,00, em março/2020, submetido a condições de insalu-
bridade no grau mínimo:
- salário = R$ 1.500,00
- salário-mínimo = R$ 1.045,00
- adicional aplicado = 10%
- adicional de insalubridade = R$ 104,50 (10% de R$ 1.045,00)
- remuneração total = R$ 1.604,50 (R$ 1.500,00 + R$ 104,50)
b) Considerando um trabalhador com salário de R$ 2.000,00 submetido a condições de insalubridade no grau
médio:
- salário = R$ 2.000,00
- salário-mínimo = R$ 1.045,00
- adicional aplicado = 20%
- adicional de insalubridade = R$ 209,00 (20% de R$ 1.045,00)
- remuneração total = R$ 2.209,00 (R$ 2.000,00 + R$ 209,00)
c) Considerando um trabalhador com salário de R$ 3.000,00 submetido a condições de insalubridade no grau
máximo:
- salário = R$ 3.000,00
- salário-mínimo = R$ 1.045,00
44 Guia de Cálculos Trabalhistas
Ocorrendo a presença simultânea dos agentes insalubres e perigosos na execução dos serviços,
o empregado poderá optar por apenas um dos adicionais devidos.
Uma vez caracterizada a eliminação ou neutralização da insalubridade, cessa a obrigatoriedade do
pagamento do adicional respectivo.
Adicional de periculosidade
As atividades ou operações perigosas são aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho,
impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a:
a) inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
b) roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pes-
soal ou patrimonial.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à CLT
para determinar, entre outras disposições, que constitui objeto ilícito dos documentos coletivos de trabalho (acordo
e convenção) a supressão ou a redução do direito relativo ao adicional de remuneração para as atividades perigosas.
Exemplos
a) Empregado mensalista com salário básico de R$ 2.000,00, cujo serviço é exercido em condições de periculo-
sidade:
- adicional de periculosidade = R$ 600,00 (30% de R$ 2.000,00);
- remuneração total = R$ 2.600,00 (R$ 2.000,00 + R$ 600,00)
b) Empregado diarista com salário básico de R$ 100,00 por dia, cujo serviço é exercido em condições de pericu-
losidade:
- adicional de periculosidade = R$ 30,00 (30% de R$ 100,00);
- remuneração/dia total = R$ 130,00 (R$ 100,00 + R$ 30,00)
Guia de Cálculos Trabalhistas 45
c) Empregado horista com salário básico de R$ 20,00 por hora, cujo serviço é exercido em condições de pericu-
losidade:
- adicional de periculosidade = R$ 6,00 (30% de R$ 20,00);
- remuneração/hora total = R$ 26,00 (R$ 20,00 + R$ 6,00)
Lembra-se que, tanto no exemplo “b” como no “c”, o empregado contratado nas modalidades de diarista e ho-
rista, o salário/dia e o salário/hora, ambos com o valor do adicional discriminado separadamente na folha de
pagamento da empresa e no recibo de pagamento do empregado, conforme o período trabalhado, não eximem
o empregador de efetuar em separado o cálculo do repouso semanal remunerado com a integração dos respec-
tivos adicionais de periculosidade, também lançados a parte.
Adicional extraordinário
Em geral, a duração normal do trabalho dos empregados no âmbito urbano ou rural não excederá
a 8 horas diárias e 44 semanais. Entretanto, algumas categorias profissionais por força de lei, de cláu-
sula de documento coletivo de trabalho ou ainda, do próprio contrato de trabalho tem jornada inferior
a esta.
A jornada de trabalho fixada poderá ser prorrogada em até 2 horas diárias mediante acordo indi-
vidual firmado por escrito em 2 vias, ficando uma delas com o empregador e outra com o empregado,
e deverá ser anotado em livros ou fichas de registro de empregados. O acordo poderá também ser co-
letivo.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à
CLT para determinar, entre outras disposições, que constitui objeto ilícito de documentos coletivos de trabalho (acordo
e convenção) a supressão ou redução do direito relativo à remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo,
em 50% à do normal.
O acordo pode ser firmado por prazo indeterminado ou determinado. Todavia, como a Justiça
do Trabalho, se solicitada, pode entender que durante o prazo de vigência do contrato o empregado
permanece à disposição do empregador fazendo jus às horas extras nele estipuladas, ainda que não
trabalhadas, aconselha-se:
a) firmá-lo por tempo determinado (10 dias, 4, 5, 6, meses, etc.), ou seja, pelo prazo necessário à
execução do serviço, renovando-o, se necessário;
b) incluir cláusula que faculte as partes cancelar a prorrogação ajustada, se, antes de findo o
prazo do contrato, a sua continuidade não for conveniente ao empregado, ou se terminar ou
diminuir o serviço que a ocasionou.
O acordo de prorrogação de horas não pode ser celebrado com:
a) os empregados contratados sob o regime de tempo parcial cuja duração não exceda a 30
horas semanais;
b) cabineiros de elevador (ascensoristas);
46 Guia de Cálculos Trabalhistas
c) telefonistas, as quais somente poderão prestar serviço, além do período normal (máximo 6
horas diárias), em caso de indeclinável necessidade;
d) empregados que exerçam atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho,
devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e no registro de empregados;
e) gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, os
diretores e chefes de departamento ou filial;
f) empregados em regime de teletrabalho.
Importante
Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a:
- 30 horas semanais, sem possibilidade de prorrogação de horas;
- 26 horas semanais, podendo haver até 6 horas suplementares semanais, compensadas diretamente até a semana ime-
diatamente posterior à da sua execução ou paga como hora extra (50%) na folha de pagamento do mês subsequente.
Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser estabelecido em número inferior a 26 horas se-
manais, as horas suplementares serão consideradas horas extras, estando também limitadas a 6 horas suplementares
semanais.
É vedado prorrogar a duração normal diária do trabalho do menor de 18 anos de idade, exceto nas
seguintes condições:
a) até 2 horas, independentemente de acréscimo salarial, mediante convenção ou acordo cole-
tivo, desde que o excesso de horas em um dia seja compensado pela diminuição em outro,
de modo a ser observado o limite máximo de 44 horas semanais e 10 horas diárias, ou outro
inferior, legalmente fixado;
b) até o máximo de 12, excepcionalmente, por motivo de força maior, com acréscimo salarial de,
pelo menos, 50% sobre a hora normal e desde que o trabalho do menor seja imprescindível ao
funcionamento do estabelecimento.
As horas extraordinárias devem ser calculadas com base na remuneração, ou seja, salário acrescido
das parcelas de natureza salarial.
Exemplos
a) Empregado com salário normal (sem parcelas adicionais de natureza salarial) de R$ 1.540,00 e com direito ao
adicional legal de 50% de hora extra, realizou no mês 20 horas extraordinárias. Assim temos:
- valor da hora normal = R$ 7,00 (R$ 1.540,00 ÷ 220)
- valor do adicional de horas extra = 50%
- valor da hora extra = R$ 10,50 (R$ 7,00 × 1,50)
- valor total das horas extras devidas = R$ 210,00 (R$ 10,50 × 20)
b) Empregado com remuneração de R$ 1.320,00 e com percepção de adicional de horas extras de 70% concedido
por meio de documento coletivo de trabalho, realizou no mês 46 horas extraordinárias. Assim temos:
- valor da hora normal = R$ 6,00 (R$ 1.320,00 ÷ 220)
- valor do adicional de horas extra = 70%
- valor da hora extra = R$ 10,20 (R$ 6,00 × 1,70)
- valor total das horas extras devidas = R$ 469,20 (R$ 10,20 × 46)
c) Empregado com remuneração de R$ 1.760,00 e, por força do documento coletivo de trabalho da categoria
profissional, tem direito a adicional de 60% na primeira hora extra e 70% na segunda hora extra, realizou no mês
2 horas extras diárias, totalizando 40 horas extras. Assim temos:
Guia de Cálculos Trabalhistas 47
Exemplos
Supressão total
a) Empregado presta serviços extraordinários durante 3 anos e 9 meses. As horas extras serão totalmente supri-
midas em fevereiro/2020. Seu salário/hora na data da supressão total das horas extras será de R$ 7,00.
Horas extras - Média - Apuração
Janeiro/2020 = 40h
Dezembro/2019 = 36h
Novembro/2019 = 39h
Outubro/2019 = 52h
48 Guia de Cálculos Trabalhistas
Setembro/2019 = 30h
Agosto/2019 = 28h
Julho/2019 = 25h
Junho/2019 = 14h
Maio/2019 = 33h
Abril/2019 = 44h
Março/2019 = 24h
Fevereiro/2019 = 23h
TOTAL = 388 horas
Média 388 ÷ 12 = 32,33
- Salário/hora normal = R$ 7,00
- Salário/hora extra = R$ 10,50 (R$ 7,00 × 1,50)
- Indenização/valor = R$ 1.357,88 (R$ 10,50 × 32,33 = R$ 339,47 × 4)
Supressão parcial
b) Empregado prestou 2 horas diárias de serviços extraordinários durante 3 anos e 2 meses. Em julho de 2019,
houve a supressão parcial de 1 hora extra por dia. Seu salário/hora na data da supressão total das horas extras
foi de R$ 8,00. Assim temos:
Horas extras - Média - Apuração
Junho/2019 = 40h
Maio/2019 = 36h
Abril/2019 = 39h
Março/2019 = 52h
Fevereiro/2019 = 30h
Janeiro/2019 = 28h
Dezembro/2018 = 25h
Novembro/2018 = 14h
Outubro/2018 = 33h
Setembro/2018 = 44h
Agosto/2018 = 24h
Julho/2018 = 23h
TOTAL = 388 horas
Média das horas extras total 388 ÷ 12 = 32,33
Média de horas extras suprimidas = 194 (388 ÷ 2)
Média mensal das horas extras suprimidas (194 ÷ 12 = 16,17)
- Salário/hora normal = R$ 8,00
- Salário/hora extra = R$ 12,00 (R$ 8,00 × 1,50)
- Indenização/valor = R$ 582,12 (R$ 12,00 × 16,17 = R$ 194,04 × 3)
Adicional noturno
O trabalho em horário noturno exige maior esforço do organismo humano, por desenvolver-se em
período normalmente destinado ao repouso do trabalhador e, ainda, pode gerar sérias dificuldades no
relacionamento familiar do trabalhador, comprometendo inclusive o seu bem-estar social.
Guia de Cálculos Trabalhistas 49
Por tais razões, à atividade noturna aplicam-se regras especiais de tutela ao trabalho, tanto no
que concerne à remuneração dos serviços quanto à duração da jornada, sem prejuízo de outras normas
gerais de proteção trabalhista.
É considerado noturno na atividade urbana o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as
5 horas do dia seguinte.
Nas atividades rurais, considera-se noturno o trabalho executado entre:
a) as 21 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte, na lavoura; e
b) as 20 horas de um dia e as 4 horas do dia seguinte, na pecuária.
A hora do trabalho noturno é computada como de 52 minutos e 30 segundos (7 minutos e 30 se-
gundos de redução em relação à hora diurna) para atividades urbanas.
Na prática, significa que 1 hora normal, trabalhada em período diurno, equivale a 60 minutos efeti-
vamente trabalhados, enquanto que no período noturno corresponde apenas a 52 minutos e 30 segun-
dos de efetivo trabalho. Nas atividades rurais, a hora noturna tem duração de 60 minutos, não sofrendo,
por conseguinte, qualquer redução temporal.
Aos empregados urbanos o trabalho noturno é remunerado com acréscimo de 20%, no mínimo,
sobre a hora diurna. Na área rural, esse acréscimo é de 25%.
Exemplos
a) considerando um empregado mensalista, com jornada de 220 horas mensais e com salário de R$ 1.100,00 e
que trabalha no horário das 22 horas às 5 horas, temos:
- salário-base mensal = R$ 1.100,00
- jornada mensal = 220 horas noturnas
Valor do adicional noturno mensal = R$ 220,00 (20% de R$ 1.100,00)
remuneração mensal = R$ 1.320,00 (R$ 1.100,00 + R$ 220,00)
b) considerando um empregado mensalista com salário de R$ 1.210,00, que labora parte da jornada em horário
noturno e parte em horário diurno e, em determinado mês realizou 80 horas noturnas, sem elastecer a jornada
mensal. Considerando que no mês houve 4 RSR, temos:
Dados fictícios
Salário-base mensal = R$ 1.210,00
Jornada mensal = 220 horas
Nº de horas noturnas trabalhadas = 80 horas
Nº de horas diurnas trabalhadas = 140 horas
Valor da hora diurna = R$ 5,50
Valor do adicional noturno = R$ 1,10
Valor da hora noturna = R$ 6,60
Remuneração mensal apurada
Salário-base = R$ 1.210,00
Adicional noturno devido = R$ 88,00 (R$ 1,10 × 80)
Integração do adicional noturno no RSR:
a) R$ 3,38 = R$ 88,00 ÷ 26 (nº de dias úteis no mês);
b) R$ 3,38 × 4 (nº de domingos e feriados no mês);
c) R$ 13,52 (valor a ser pago a título de integração do adicional noturno ao RSR).
Reflexo do adicional noturno no DSR = R$ 13,52
Total da remuneração = R$ 1.311,52 (R$ 1.210,00 +R$ 88,00 + R$ 13,52)
50 Guia de Cálculos Trabalhistas
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à CLT
para determinar, entre outras disposições, que constitui objeto ilícito de documentos coletivos de trabalho (acordo e
convenção) a supressão ou redução da remuneração do trabalho noturno superior ao do diurno.
Adicional de transferência
Em observância ao princípio da inalterabilidade do contrato proíbe-se ao empregador transferir o
empregado, sem sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando
transferência a que não acarretar, necessariamente, a mudança de domicílio. Portanto, caracteriza-se a
transferência quando o deslocamento do empregado de um estabelecimento para outro implica mu-
dança de domicílio.
Essa regra, no entanto, não é absoluta, admitindo exceções. Assim, em caso de real necessidade
de serviço, é lícito ao empregador efetuar a transferência quando se tratar de:
a) empregados que exerçam cargos de confiança;
b) condição implícita ou explícita de transferência constante do contrato;
c) transferência provisória; ou
d) extinção do estabelecimento.
Esse acréscimo tem natureza salarial, portanto, é computado para efeito de férias, 13º salário, re-
pouso semanal remunerado, desconto do Imposto de Renda na Fonte, contribuições previdenciárias,
depósito do FGTS, etc.
Exemplos
Empregado foi contratado para trabalhar em estabelecimento da empresa situado em São Paulo. Decorridos
alguns meses, em virtude de necessidade de serviço, a empresa deslocou este empregado, com a sua concor-
dância, para a filial situada em Osasco onde o mesmo passou a trabalhar.
Nesta situação foi caracterizada tão somente a mudança de local de trabalho e não a transferência, pois o des-
locamento de São Paulo para Osasco não determinou a mudança de domicílio do empregado, uma vez que este
pode diariamente se deslocar de São Paulo para Osasco e vice-versa. Assim não há que se falar em pagamento
de adicional de transferência, entretanto, se a mudança do local de trabalho acarretar aumento das despesas
com transporte, a empresa deverá pagá-las ao empregado.
Empregado contratado para trabalhar na filial de São Paulo foi transferido definitivamente, e com a sua concor-
dância, para a filial situada em Presidente Prudente.
Nesta situação ocorreu a transferência, pois é inviável o deslocamento diário deste trabalhador de São Paulo
para Presidente Prudente. Por tal razão a mudança de domicílio é inevitável. Entretanto, não é devido o pagamen-
to de adicional de transferência posto que a transferência foi definitiva e não provisória. Assim, a empresa deverá
arcar tão somente com as despesas com a transferência (viagem do empregado e familiares, mudança, etc.).
Empregado contratado para trabalhar em São Paulo, por necessidade de serviço e com a sua concordância,
foi transferido para trabalhar pelo período de 9 meses, na filial situada em Presidente Prudente. Nesta situação
ocorreu a transferência, pois é inviável o deslocamento diário deste trabalhador de São Paulo para Presidente
Prudente. Por tal razão a mudança de domicílio é inevitável e é devido o pagamento de adicional de transferência
posto que a transferência foi provisória, ocorrendo apenas durante 9 meses, findo os quais o trabalhador retor-
nará para o estabelecimento de São Paulo.
Guia de Cálculos Trabalhistas 51
Cálculo do adicional
Considerando que o empregado tenha salário de R$ 5.000,00, receberá durante o período em que perdurar a
transferência:
- salário básico R$ 5.000,00
- adicional de transferência = R$ 1.250,00 (25% de R$ 5.000,00)
- remuneração total durante a transferência = R$ 6.250,00 (R$ 5.000,00 + R$ 1.250,00)
Findo o período de transferência a remuneração do trabalhador voltará a ser de R$ 5.000,00, posto que o adicio-
nal deixará de ser pago.
Adicional de função
Esse acréscimo salarial é devido em observância às determinações do art. 468 da CLT, o qual
estabelece que nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições
por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Assim, se com a promoção havida o empregado passa a assumir maiores encargos e responsa-
bilidades, deverá receber o acréscimo salarial decorrente, sob pena de ficar configurada a alteração
contratual com prejuízo. Por tais razões, o adicional de função pago se reveste das características de
gratificação legal e, por conseguinte, integra a remuneração do trabalhador.
Exemplos
a) Empregado é promovido a diretor. Seu salário básico é R$ 15.000,00 e passa a receber o adicional de função
de 10%.
Neste caso, a remuneração do trabalhador corresponde a:
- salário básico = R$ 15.000,00 - adicional de função = R$ 1.500,00 (10% de R$ 15.000,00)
- remuneração = R$ 16.500,00
b) Empregado passa a exercer a função de gerente com salário básico de R$ 8.000,00 e adicional de função de
R$ 3.500,00.
- remuneração = R$ 11.500,00 (R$ 8.000,00 + R$ 3.500,00)
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alterou a redação do art.
468 da CLT para determinar, entre outras disposições, que, havendo a reversão do empregado ao cargo efetivo, ante-
riormente ocupado, com ou sem justo motivo, deixando o exercício de função de confiança, deixa de existir o direito à
manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo
de exercício da respectiva função.
Considerando que a Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram
desde 11.11.2017, alterou a redação do § 1º do art. 457 da CLT para determinar que integram o salário a
importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador, retirou de tal
integração as percentagens e gratificações ajustadas. Assim, em princípio, entende-se que, conforme
a nova redação do mencionado artigo, os adicionais por tempo de serviço, por não constituírem grati-
ficações legais, deixaram de integrar a remuneração para efeitos trabalhistas. Ressaltamos, porém, a
possibilidade de entendimento diverso.
Contudo, no aspecto previdenciário, é bom lembrar que o caput do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, o
qual não foi alterado pela Lei nº 13.467/2017, determina que se entende por salário-de-contribuição do
empregado a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendi-
mentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho,
qualquer que seja a sua forma.
Exemplos
a) o documento coletivo de trabalho da categoria profissional determina que a cada 5 anos completos trabalha-
dos na mesma empresa o empregado terá direito a 5% de adicional de tempo de serviço (quinquênio) calculado
sobre o seu salário básico.
Considerando um trabalhador com 16 anos de serviço na empresa e com salário básico de R$ 7.000,00 temos:
b) o contrato individual de trabalho contém cláusula determinado a concessão de adicional de tempo de serviço
de R$ 500,00 a cada 2 anos de trabalho prestados (biênio).
Considerando um empregado contratado com salário de R$ 5.000,00 e com 10 anos de trabalho, temos:
- biênios devidos = 5
Quanto à integração dos adicionais por tempo de serviço no salário-de-contribuição previdenciária, em virtude
da não alteração do caput do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil poderá
ser consultada.
Guia de Cálculos Trabalhistas 53
Importante
A legislação previdenciária (Lei nº 8.212/1991, art. 28, § 9º) determina que não integram a remuneração para efeito de
cálculo da contribuição previdenciária exclusivamente as seguintes parcelas:
a) os benefícios da Previdência Social, nos termos e limites legais, salvo o salário-maternidade;
b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929/1973;
c) a parcela in natura recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo antigo Ministério do
Trabalho, nos termos da Lei nº 6.321/1976;
Não obstante o mencionado na letra “c”, deve-se observar que a Lei nº 13.467/2017, a qual é posterior à Lei nº 8.212/1991,
determinou que o auxílio-alimentação não integra a remuneração, ainda que pago com habitualidade, e, portanto, não
sofre incidências trabalhistas e previdenciárias.
d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor
correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da CLT;
e) as importâncias:
1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;
2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo FGTS;
3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT;
4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889/1973;
5. recebidas a título de incentivo à demissão;
6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT;
7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário;
Lembrar que a Lei nº 13.467/2017, a qual é posterior à Lei nº 8.212/1991, determinou que o abono não integra a remunera-
ção, ainda que paga com habitualidade.
8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada;
9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238/1984;
f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria;
g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do
empregado, na forma do art. 470 da CLT;
Não obstante o mencionado na letra “g”, deve-se observar que a Lei nº 13.467/2017, a qual é posterior à Lei nº 8.212/1991,
determinou que a ajuda de custo, não integra a remuneração, ainda que paga com habitualidade, e, portanto, não sofre
incidências trabalhistas e previdenciárias.
h) as diárias para viagens;
i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos
da Lei nº 6.494/1977;
j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica;
l) o abono do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Assistência ao Servidor Público (Pasep);
m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado con-
tratado para trabalhar em localidade distante de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da
atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pela Secretaria Especial
de Previdência e Trabalho
n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio-doença, desde que este direito
seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa;
o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº
4.870/1965;
p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência comple-
mentar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que
couber, os arts. 9º e 468 da CLT;
q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela con-
veniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses,
despesas médico-hospitalares e outras similares
54 Guia de Cálculos Trabalhistas
XXIV - valor das contribuições efetivamente pagas pelo empregador a título de previdência privada;
XXV - valor relativo a assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente pelo empregador ou me-
diante seguro-saúde;
XXVI - valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados
no local de trabalho para prestação dos serviços;
XXVII - ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado, quando devidamente comprovadas;
XXVIII - valor relativo à concessão de educação, em estabelecimento de ensino do empregador ou de terceiros,
compreendendo valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático;
XXIX - valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais;
XXX - auxílio-creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, para ressarcimento de despesas devida-
mente comprovadas com crianças de até 6 (seis) anos de idade;
XXXI - auxílio-babá, limitado ao salário-mínimo, pago em conformidade com a legislação trabalhista e condicionado
a comprovação do registro na Carteira de Trabalho, para ressarcimento de despesas de remuneração e contribuição
previdenciária de empregado que cuide de crianças de até 6 anos de idade;
XXXII - valor de prêmios; e
XXXIII - o valor do tempo de espera, nos termos do § 9º do art. 235-C da CLT.
Verba de representação
Quando o empregado, em virtude do cargo ocupado, tem, entre suas atribuições, a de representar
a empresa em eventos realizados fora do estabelecimento desta, tais como reuniões, jantares, viagens
de negócios, etc., é comum receberem um valor determinado para cobrir as despesas efetuadas com
esta representação, que é a chamado “verba de representação”. Tais despesas não precisam ser com-
provadas mediante nota.
Essa verba tem, portanto, caráter de ressarcimento (indenização) e, desta forma, não integra a
remuneração do trabalhador.
Indenizações
A indenização tem por finalidade compensar o empregado por um dano ou prejuízo sofrido, por-
tanto, não tem relação com o trabalho ou com o tempo à disposição do empregador e, assim sendo, não
integra a remuneração.
Quando o empregador dispensa o empregado sem justo motivo fica obrigado a depositar na sua
conta vinculada do FGTS a importância correspondente a 40% de todos os depósitos efetuados na
vigência do contrato de trabalho devidamente corrigidos e acrescido dos valores devidos no mês da
rescisão e do mês anterior que ainda não tiver sido depositado.
Se a ruptura contratual ocorrer por culpa recíproca ou força maior, reconhecida pela Justiça do
Trabalho, a multa será de 20%.
Quando o contrato de trabalho for extinto por acordo entre as partes (empregado e empregador),
a multa rescisória é devida pela metade.
56 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplo
Empregado dispensado sem justa causa tem assegurados R$ 120.000,00 de depósitos na sua conta do FGTS no
momento da dispensa, já tendo sido depositado o valor relativo ao mês anterior à ruptura contratual.
O valor de FGTS devido sobre as verbas rescisórias é igual a R$ 1.050,00 (8% sobre parcelas de natureza salarial).
Assim temos:
Dados fictícios:
- valor dos depósitos efetuados na conta vinculada devidamente corrigidos e acrescido dos juros correspon-
dentes = R$ 120.000,00
- valor dos depósitos devidos sobre verbas rescisórias a ser depositado na conta = R$ 1.050,00.
- valor da multa rescisória ou indenização compensatória a ser paga pela empresa ao empregado = 40% de R$
121.050,00 (R$ 120.000,00 + R$ 1.050,00)
Exemplo
Empregado contratado em 1º.01.1980 na condição de não optante pelo FGTS, foi dispensado sem justo motivo
em 1º.10.2019. Sua maior remuneração na empresa foi R$ 2.500,00.
- tempo de serviço na condição de não optante = 8 anos e 9 meses (1º.01.1980 até 04.10.1988)
Portanto, no cálculo da indenização foi considerado apenas o tempo de serviço na condição de não optante, ou
seja, o tempo anterior à data da promulgação da Constituição Federal.
Exemplo
Empregado admitido em 1º.02.1977 na condição de não optante teve o seu contrato de trabalho rompido em
20.10.2019 em decorrência do fechamento total da empresa sem motivo de força maior. Sua maior remuneração
foi de R$ 3.000,00. Assim, temos:
- maior remuneração = R$ 3.000,00
- tempo de serviço como não optante = 11 anos, 8 meses e 4 dias (período de 1º.02.1977 a 04.10.1988)
- indenização devida = R$ 72.000,00 (R$ 3.000,00 × 12 × 2)
No cálculo da indenização foram considerados 12 anos, pois a fração apurada após os 11 anos trabalhados na
condição de não optante foi superior a 6 meses. Considerando-se que nesta hipótese de rescisão a remuneração
é dobrada, o resultado da indenização apurada foi multiplicado por 2.
Indenização por despedida sem justo motivo nos contratos a prazo determinado
Nos contratos a prazo determinado, sem cláusula assecuratória de rescisão antecipada, caso o
mesmo venha a ser rompido, sem justo motivo e por iniciativa do empregador, antes do termo final
avençado, o empregado terá direito à indenização correspondente à metade da remuneração que lhe
seria devida até o final previsto do contrato.
A rescisão antecipada, sem justa causa, motivada pelo empregado obriga-o a indenizar o empre-
gador dos prejuízos resultantes. A indenização, contudo, não pode exceder àquela a que o empregado
teria direito em idênticas condições. Ressalta-se, entretanto, que a Justiça do Trabalho tem exigido a
comprovação dos prejuízos por meio de documentos, não bastando a simples alegação do empregador
de que tal ato (rescisão) resultou em prejuízo para a empresa.
Exemplo
Empregado mensalista contratado a prazo determinado para prestar serviços no período de 1º.02 a 30.06.2019,
teve o contrato de trabalho rompido sem justo motivo por iniciativa do empregador, em 30.04.2019. Seu salário
na ocasião era de R$ 3.500,00.
Cálculo da indenização:
Remuneração = R$ 3.500,00
- tempo que faltava para o término do contrato = 2 meses (1º.05 a 30.06.2019)
- R$ 3.500,00 × 2 = R$ 7.000,00 ÷ 2 = R$ 3.500,00
- valor da indenização devida = R$ 3.500,00
Exemplos
a) Empregado foi dispensado sem justo motivo em 30.10.2019, com aviso-prévio indenizado correspondente a
30 dias, sendo que a data-base da categoria profissional respectiva é 1º.12. Na ocasião, o seu salário era de R$
1.800,00. Assim, temos:
- dia da dispensa: 30.10.2019
- último dia do aviso-prévio (projetado): 29.11.2019
- período de 30 dias que antecede a data-base: 1º a 30.11.2019
- indenização devida: R$ 1.800,00
58 Guia de Cálculos Trabalhistas
Observe-se que o último dia do aviso-prévio projetado recaiu dentro dos 30 dias que antecedem a data-base,
razão pela qual a indenização é devida.
b) Empregado foi dispensado sem justo motivo em 03.11.2019, com aviso-prévio indenizado correspondente a 30
dias, sendo que a data-base da categoria profissional respectiva é 1º.12. Na ocasião, o seu salário era de R$ 3.000,00.
Assim, temos:
- dia da dispensa: 03.11.2019
- último dia do aviso-prévio (projetado): 03.12.2019
- período de 30 dias que antecede a data-base: 1º a 30.11.2019
Neste exemplo, observa-se que o último dia do aviso-prévio projetado recaiu no mês da data-base e não no pe-
ríodo de 30 dias que a antecedem, razão pela qual a indenização não é devida.
Lembre-se que a Lei nº 13.467/2017 incluiu os arts 477 A e B à CLT para determinar que as dispen-
sas imotivadas individuais, plúrimas ou coletivas equiparam-se para todos os fins, não havendo neces-
sidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção coletiva ou acordo
coletivo de trabalho para sua efetivação e que o Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para
dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho,
enseja quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição
em contrário estipulada entre as partes.
EQUIPARAÇÃO SALARIAL
Para que os empregados que exercem as mesmas funções em uma determinada empresa tenham
direito ao mesmo salário é necessário que haja o atendimento dos seguintes requisitos:
a) identidade de funções - o serviço executado pelo empregado que pretende ter equiparação sala-
rial deve ser igual ao do paradigma. Não basta que o cargo tenha a mesma denominação ou que
o serviço seja semelhante, é necessário que ambos façam exatamente o mesmo serviço.
Exemplo
Duas empregadas contratadas para exercer o mesmo cargo (redatoras), sendo que uma redige textos comple-
xos, elabora pesquisas técnicas, dá pareceres, enquanto a outra seleciona notícias e redige textos simples.
Neste caso, embora a denominação do cargo seja a mesma, não há identidade de funções.
Guia de Cálculos Trabalhistas 59
b) trabalho de igual valor - é aquele feito com a mesma produtividade e com a mesma perfeição
técnica entre pessoas, cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja
superior a 4 anos e a diferença de tempo na função não seja superior a 2 anos;
Exemplo
Dois empregados produzem no mesmo lapso de tempo, o mesmo número de peças com igual qualidade.
Exemplo
Uma empresa com 2 estabelecimentos (matriz e filial) situados no mesmo município contrata 2 empregados, um
para trabalhar na matriz e outro na filial, exercendo a mesma função. Nesse caso, ainda que atendam aos demais
requisitos da equiparação salarial, os empregados não têm o direito de receber a mesma remuneração, uma vez
que o trabalho se dá em estabelecimentos distintos.
O trabalhador readaptado em nova função, por motivo de deficiência física ou mental atestada
por órgão competente da Previdência Social, não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial.
Não se aplicam as normas relativas à equiparação salarial quando o empregador tiver pessoal
organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação
coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão
público. Neste caso, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por antiguidade, ou por ape-
nas um destes critérios, dentro de cada categoria profissional.
Para efeito de equiparação salarial, é vedada qualquer distinção em virtude de sexo, etnia, nacio-
nalidade ou idade. Caso a equiparação não seja aplicada em virtude de comprovada discriminação por
motivo de sexo ou etnia, o juízo determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, mul-
ta, em favor do empregado discriminado, no valor de 50% do limite máximo dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social.
SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO
Substituição eventual
É aquela que observa um curto período de tempo, não tornando, por consequência, segura a si-
tuação de substituição. Atendem, a princípio, a situações não previstas, excepcionais. São substituições
que decorrem de acontecimentos incertos, fortuitos, não passíveis de previsão, porém, mesmo quando
previsíveis, são de curta duração.
60 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplos
Empregado que substitua colegas afastados das suas atividades normais por motivo de:
a) saúde, cujo afastamento seja de alguns dias apenas;
b) licença-paternidade;
c) viagens de curta duração;
d) casamento;
e) falecimento.
Exemplos
Estão situadas no âmbito das substituições provisórias ou temporárias as decorrentes de:
a) férias;
b) salário-maternidade;
c) afastamento do trabalho por motivo de saúde por período superior a um mês, etc.
Substituição permanente
Quando o titular é afastado do cargo ou da empresa em definitivo e outro trabalhador pertencente
ao quadro funcional da empresa ou contratado para esse fim passa a ocupar o cargo vago, não ocorre a
substituição, mas sim o preenchimento do cargo.
Exemplos
Entre os motivos que ensejam o afastamento do empregado do cargo ou da empresa em caráter definitivo, temos:
a) promoção;
b) remoção para outra função;
c) transferência definitiva;
d) ruptura contratual.
A legislação trabalhista não contém nenhum dispositivo que estabeleça a necessidade de pagar
ao empregado substituto a mesma remuneração do empregado substituído. Entretanto, o Tribunal Su-
perior do Trabalho (TST), por meio da Súmula nº 159 determinou:
Substituição de caráter não eventual e vacância do cargo.
I - Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual, inclusive nas
férias, o empregado substituto fará jus ao salário contratual do substituído.
II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a salário igual
ao do antecessor.
Dessa forma, observa-se ser devido o pagamento do salário-substituição quando a substituição
não for definitiva e tampouco se caracterizar como eventual, isto é, não decorrer de acontecimento in-
certo, imprevisível, depender do acaso e, ainda, observar certa duração.
Guia de Cálculos Trabalhistas 61
Assim, o pagamento será devido quando se tratar de substituição decorrente de fatos, a princípio,
passíveis de previsão (férias, salário-maternidade, licença remunerada e não remunerada que observe
certa duração, etc.). Nessa situação, embora a substituição seja provisória, portanto, não definitiva, não
é tão efêmera, gerando certa frequência.
ACÚMULO DE FUNÇÕES
No caso de trabalhador contratado com previsão expressa de exercício de duas ou mais funções,
entende-se que caberá à empresa fixar a sua remuneração observando a proporcionalidade, ou seja,
fixar o salário de cada função proporcionalmente à carga horária respectiva.
O empregador deverá incluir no contrato de trabalho cláusula que preveja o desempenho das
duas ou mais funções, especificando as condições, a jornada de trabalho a ser cumprida em cada uma
delas, observado no somatório o limite máximo de até 8 horas diárias e 44 semanais ou outro, se legal-
mente previsto ou estipulado em documento coletivo de trabalho.
Exemplos
1) Considere-se um empregado sujeito à jornada mensal de 220 horas, que exerce a atividade de auxiliar de co-
brança por 110 horas mensais e a atividade de motorista nas outras 110 horas. Esse trabalhador poderá ter a sua
remuneração fixada da seguinte forma:
110 horas calculadas com base no salário de motorista e 110 horas com base no salário de auxiliar de cobrança,
as quais, somadas, irão perfazer a remuneração total do empregado.
- salário mensal de auxiliar de cobrança: R$ 1.100,00 (jornada integral de 220 horas/mês);
- salário mensal de motorista: R$ 1.600,00 (jornada integral de 220 horas/mês);
- remuneração proporcional mensal do empregado:
a) função de auxiliar de cobrança = RS 1.100,00 × 110 ÷ 220 = R$ 550,00
b) função de motorista = RS 1.600,00 × 110 ÷ 220 = R$ 800,00
Remuneração total = R$ 1.350,00 (R$ 550,00 + R$ 800,00)
2) Considere-se um empregado, sujeito à jornada mensal de 220 horas, que exerce a atividade de auxiliar de
cobrança por 60 horas mensais e a atividade de motorista por 160 horas. Tal empregado poderá ter a sua remu-
neração fixada da seguinte forma: 60 horas calculadas com base no salário de motorista e 160 horas com base
no salário de auxiliar de cobrança, as quais, somadas, irão perfazer a remuneração total do empregado. Assim,
temos:
- salário mensal de auxiliar de cobrança: R$ 1.080,00 (jornada integral de 220 horas/mês);
- salário mensal de motorista: R$ 1.100,00 (jornada integral de 220 horas/mês);
- remuneração proporcional mensal do empregado:
a) função de auxiliar de cobrança = RS 1.080,00 × 60 ÷ 220 = R$ 294,55
b) função de motorista = RS 1.100,00 × 160 ÷ 220 = R$ 800,00
remuneração total = R$ 1.094,55 (R$ 294,55 + R$ 800,00)
Não obstante o exposto, há doutrinadores que entendem ser legalmente aceita a fixação de um
determinado salário que retribua o duplo exercício de função.
A legislação trabalhista, em princípio, veda qualquer desconto nos salários do empregado, salvo
quando este resultar de adiantamentos, dispositivos de lei ou de documento coletivo. Entre os descon-
tos decorrentes de lei a serem efetuados nos salários dos empregados, os mais comuns são os relativos
à contribuição previdenciária e a retenção de imposto de renda na fonte.
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alte-
rou a redação dos arts. 578, 579 e 582 da CLT para determinar, entre outras disposições, que o desconto
da contribuição sindical está condicionado à prévia e expressa autorização do empregado. Desta forma,
a empresa só fica obrigada a efetuar o desconto da contribuição sindical na remuneração do mês de
março ou mês seguinte à admissão, conforme o caso, daqueles empregados que previamente o auto-
rizaram por escrito. Assim, a contribuição sindical deixou de ser obrigatória, passando a constituir uma
faculdade do empregado. Podem ser descontados, ainda, os adiantamentos de salário concedidos ao
empregado, observando-se, contudo, que, na hipótese de rescisão contratual, qualquer compensação
no pagamento não poderá exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado.
Não obstante o acima exposto, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), por meio da Súmula nº 342,
exarou o seguinte entendimento:
Nº 342 - Descontos salariais. Art. 462 da CLT
Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para
ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada,
ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de
seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de
coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico.
Na hipótese de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilida-
de tenha sido previamente acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. Portanto, se o dano cau-
sado por empregado resultar da prática de ato doloso, ou seja, de ato praticado com o intuito deliberado
de prejudicar o empregador, é lícito o desconto, ainda que não previsto contratualmente.
No caso de dano decorrente de culpa do empregado, isto é, quando no exercício de suas funções,
embora não tenha tido ele a intenção de praticá-lo, tenha agido com imprudência, negligência ou impe-
rícia, o desconto ficará condicionado à existência de acordo firmado para este fim.
Assim, por ocasião da admissão do empregado, torna-se conveniente a inserção de cláusula no
seu contrato de trabalho que permita esse tipo de desconto salarial.
Referida cláusula pode, por exemplo, ter a seguinte redação:
“Além dos descontos previstos em Lei, reserva-se à empregadora o direito de descontar do empre-
gado as importâncias correspondentes aos danos causados por ele.”
Dicas eSocial
Com a implantação do eSocial, as verbas remuneratórias ou não, pagas ou devidas aos trabalhadores serão lançadas no
evento Tabelas de Rubricas e eventos de remuneração dos trabalhadores, do Manual de Orientação do eSocial.
O lançamento das rubricas propiciará o cruzamento dos dados lançados na Folha de Pagamento com o evento Tabela
de Natureza das rubricas da folha de pagamento (tabela 3 do eSocial). Portanto, todo lançamento na folha de pagamento
deverá ter uma rubrica correspondente na tabela 3.
Na simplificação do eSocial, a ser implantada em futuro próximo, está previsto que será criada uma tabela de rubrica
padrão com as incidências aplicáveis em cada uma. Se a empresa adotar a tabela padrão ficará dispensada de enviar
o evento S-1010 - Tabela de Rubricas.
Guia de Cálculos Trabalhistas 63
As informações relativas aos eventos “Tabelas” serão utilizadas para validação dos demais eventos (periódicos e não
periódicos).
Caberá ao empregador enquadrar cada rubrica, tanto para efeito de incidência de encargos (previdenciário, fundiário
e de imposto de renda retido na fonte) como para efeito de integração no cálculo das verbas trabalhistas (férias, 13º
salário, repouso semanal, etc.).
Dessa forma, se um enquadramento de verba for feito de forma incorreta, poderá acarretar recolhimento de tributo a
menor ou a maior. Por tais razões, o colaborador da empresa, responsável pela classificação e lançamento deve conhe-
cer profundamente os conceitos de remuneração, as parcelas que a integram ou não, as incidências que recaem sobre
as verbas salariais, etc., pois caberá a ele verificar, no momento do preenchimento dos eventos, se a verba será ou não
tributada.
As rubricas utilizadas pela empresa deverão ser adequadas às relacionadas na Tabela 3 do eSocial, ou seja, a empresa
não deve, a princípio, utilizar uma nomenclatura para determinada verba que não se encaixe em um dos tipos relacio-
nados na mencionada tabela. Assim, a empresa deverá proceder à adequação entre as rubricas usuais que utiliza e as
rubricas listadas na Tabela 3.
As informações relativas à remuneração também serão lançadas no evento S-1200 - Remuneração do Trabalhador vincu-
lado ao Regime Geral de Previdência Social e S- 1202 - Remuneração de servidor vinculado a Regime Próprio de Previ-
dência Social, no mês de referência. O evento deverá ser utilizado para todos os trabalhadores a serviço do empregador,
de qualquer categoria, ou seja, empregados, avulsos, contribuinte individual, dirigente sindical, estagiário e servidor
público.
Deve haver um evento Remuneração do Trabalhador para cada trabalhador utilizado pela empresa, seja ele empregado,
autônomo, estagiário, empresário, etc.
Quando o pagamento for estipulado por mês, deverá ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia
útil do mês subsequente ao vencido, devendo-se sempre observar se há cláusula de acordo ou conven-
ção coletiva da respectiva categoria estabelecendo prazo menor para o pagamento.
Quando estipulado por semana ou quinzena, deverá o pagamento ser efetuado até 5º dia após o
vencimento. Utilizando-se o empregador de sistema bancário para o pagamento dos salários, os valores
deverão estar à disposição do empregado, o mais tardar, até o quinto dia útil. Na contagem dos dias será
incluído o sábado, excluindo-se o domingo e o feriado, inclusive o municipal.
O pagamento deve ser feito em dia útil, e no local de trabalho, durante a jornada ou imediata-
mente após o seu término, salvo quando efetuado por depósito em conta bancária. Nessas condições,
o tempo que o empregado aguarda o pagamento ou dirige-se para local distante da empresa onde o
pagamento será realizado é considerado tempo de serviço, devendo, portanto, ser remunerado.
O pagamento será feito em moeda corrente, não se permitindo o uso de moeda estrangeira ou
Nota Promissória. Permite-se, contudo, o pagamento por meio de conta bancária, aberta para esse fim
em nome de cada empregado e com o consentimento deste, em estabelecimento de crédito próximo
ao local de trabalho, ou em cheque emitido diretamente pelo empregador em favor do empregado.
O pagamento do salário deve ser efetuado contra-recibo no qual serão discriminadas todas as
parcelas pagas. O recibo conterá a assinatura do empregado ou sua impressão digital, se analfabeto;
será assinado a rogo, caso não seja possível tal procedimento.
Terá força de recibo o comprovante de depósito em conta corrente, conforme anteriormente men-
cionado.
64 Guia de Cálculos Trabalhistas
R E C I B O D E P A G A ME N T O D E S A LÁ R I O S
Nome da Empresa
Nome do Empregado
Cargo Seção/Deptº Chapa nº
Período FGTS - Valor do Depósito
R E MU N E R A Ç Ã O
Dia a R$ R$
Horas a R$ R$
Horas a R$ R$
R$
R$
R$
R$
Total Bruto (A) R$
D E S CON T O S
INSS - % s/ R$
I. Renda s/ R$
R$
R$
R$
Total dos Descontos (B) R$
Salário-Família (C) Quotas R$
Líquido a Receber (A - B + C) R$
( )
por extenso
Recebi a importância mencionada, conforme demonstrativo, correspondente à minha remuneração relativa ao período acima.
O vendedor tem direito a receber as comissões sobre as vendas que realizar diretamente e, ainda,
sobre aquelas realizadas por outrem, dentro da zona que Ihe foi atribuída com exclusividade.
O pagamento será mensal, podendo ser estipulado por prazo superior desde que não exceda a
três meses.
Nas transações realizadas por prestações sucessivas (vendas a crédito), o pagamento das comis-
sões só é exigível de conformidade com o respectivo recebimento.
Guia de Cálculos Trabalhistas 65
SALÁRIO-MATERNIDADE
O salário-maternidade é benefício previdenciário concedido às seguradas inscritas no Regime
Geral de Previdência Social (RGPS), desde que atendidos os requisitos exigidos, independentemente de
serem enquadradas na condição de empregada, empregada doméstica, contribuinte individual, traba-
lhadora avulsa, segurada especial ou facultativa e é devido em virtude de:
a) parto, inclusive o antecipado;
b) aborto não criminoso (espontâneo ou autorizado por lei);
c) adoção de criança;
d) obtenção de guarda judicial de criança para fins de adoção.
O prazo de duração do salário-maternidade é de:
a) em caso de nascimento de filho da segurada, ainda que o parto seja antecipado ou que a
criança nasça sem vida - 120 dias, com início até 28 dias antes, mais o dia do parto, e término
91 dias depois dele;
66 Guia de Cálculos Trabalhistas
b) em caso de adoção de criança ou obtenção de guarda judicial para fins de adoção - 120 dias;
c) em caso de aborto não criminoso - 2 semanas.
No caso de adoção de criança o salário-maternidade é devido também ao segurado do sexo mas-
culino. Entretanto, somente um dos pais adotivos receberá o benefício.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à CLT
para determinar, entre outras disposições, que constitui objeto ilícito de documentos coletivos de trabalho (acordo e
convenção) a supressão ou redução do direito à licença-maternidade com duração mínima de 120 dias.
Exemplos
a) Empregada com remuneração de R$ 1.800,00 se afastou por licença-maternidade.
Valor da renda mensal do benefício = R$ 1.800,00, ou seja, sua remuneração integral.
b) Contribuinte individual se afastou por licença-maternidade em maio/2019, seus últimos 15 salários-de-contri-
buição corresponderam a:
Abril/2019:............................................R$ 2.000,00
Março/2019:........................................R$ 2.300,00
Fevereiro/2019:..................................R$ 2.500,00
Janeiro/2019:.......................................R$ 2.100,00
Dezembro/2018:................................ R$ 1.900,00
Guia de Cálculos Trabalhistas 67
Novembro/2018:............................... R$ 1.950,00
Outubro/2018:....................................R$ 2.050,00
Setembro/2018:..................................R$ 2.100,00
Agosto/2018:.......................................R$ 1.500,00
Julho/2018:..........................................R$ 2.000,00
Junho/2018:........................................ R$ 2.200,00
Maio/2018:............................................R$ 1.700,00
Abril/2018:.............................................R$ 1.800,00
Março/2018:........................................ R$ 1.600,00
Fevereiro/2018:...................................R$ 1.300,00
Total da soma dos 12 últimos salários-de-contribuição (abril/2019 a maio/2018) = R$ 24.300,00
Média apurada = R$ 2.025,00 (R$ 24.300,00 ÷12)
Portanto, nesse exemplo, o valor do salário-maternidade da segurada contribuinte individual corresponde a
R$ 2.025,00.
Para apuração do valor a deduzir a título de 13º salário correspondente ao período da licença, de-
verá a empresa observar o seguinte cálculo:
a) a remuneração correspondente ao 13º salário deverá ser dividida por 30;
b) o resultado da operação descrita na letra “a” deverá ser dividido pelo número de meses consi-
derados no cálculo da remuneração do 13º salário;
c) o valor apurado na forma da alínea “b” deverá ser multiplicado pelo número de dias de gozo de
licença-maternidade no ano. O resultado final corresponde ao valor da parcela referente ao 13º
salário proporcional ao período da licença-maternidade.
Exemplo
Empregada, com direito a 13º salário integral no valor de R$ 1.500,00, ficou afastada no curso do ano por 120 dias
em decorrência de salário-maternidade.
- 13º salário devido = R$ 1.500,00 (relativos aos 12 meses do ano)
- duração da licença-maternidade no ano = 120 dias
Cálculo
R$ 1.500,00 ÷ 30 = R$ 50,00
R$ 50,00 ÷ 12 = R$ 4,1667
R$ 4,1667 × 120 = R$ 500,00
Dicas eSocial
Com a implantação do eSocial, todos os afastamentos temporários por qualquer dos motivos elencados na Tabela 18
do Manual de Orientação do eSocial, entre os quais se encontra o decorrente de licença-maternidade, deverão ser
informados, no evento S-2230 - Afastamento Temporário.
68 Guia de Cálculos Trabalhistas
SALÁRIO-FAMÍLIA
Não é contraprestação pelo trabalho, mas sim benefício previdenciário pago ao segurado na pro-
porção do respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer condição com até 14 anos de idade,
ou inválidos de qualquer idade, independente de carência e desde que o salário-de-contribuição do
segurado seja inferior ou igual ao limite máximo permitido. É devido:
a) ao empregado, inclusive o doméstico, e ao trabalhador avulso;
b) ao empregado e ao trabalhador avulso em gozo de benefício por incapacidade temporária e
aposentado por incapacidade permanente ou por idade, urbano ou rural;
c) ao trabalhador rural aposentado por idade; e
d) aos demais aposentados com 65 anos ou mais de idade, se homem, ou 60 anos ou mais, se
mulher.
Tendo havido divórcio, separação judicial ou de fato dos pais, ou em caso de abandono legalmente
caracterizado ou perda do poder familiar, o benefício passará a ser pago diretamente àquele a cujo cargo
ficar o sustento do menor, ou a outra pessoa, se houver determinação judicial nesse sentido.
Quando o pai e a mãe são segurados empregados ou trabalhadores avulsos, ambos têm direito
ao benefício.
O valor da cota deste benefício, por filho ou equiparado de qualquer condição até 14 anos de
idade, ou inválido de qualquer idade, é de R$ 48,62 e será concedido apenas àqueles que tenham renda
bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.425,56.
Exemplos
a) empregada com remuneração mensal de R$ 1.045,00, em março/2020 e com 5 filhos com idade inferior a 14
anos e que atende aos requisitos estabelecidos para a concessão do benefício. Assim, temos:
Guia de Cálculos Trabalhistas 69
Cálculo:
- salário mensal = R$ 1.045,00
- valor da cota do salário-família = R$ 48,62
- Valor total pago a título de salário-família = R$ 243,10 (R$ 48,62 × 5)
- Valor da remuneração mensal = R$ 1.045,00
b) empregado com remuneração mensal de R$ 1.200,00, com 2 filhos com idade inferior a 14 anos e que atende
aos requisitos estabelecidos para a concessão do benefício. Assim, temos:
Cálculo:
- salário mensal = R$ 1.200,00
- valor da cota do salário-família = R$ 48,62
- total pago a título de salário-família = R$ 97,24 (R$ 48,62 × 2)
- valor da remuneração mensal = R$ 1.200,00
O benefício será concedido apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a
R$ 1.425,56.
No mês da admissão e da dispensa do empregado, a cota do salário-família deve ser paga pro-
porcionalmente ao número de dias trabalhados, considerando-se, nesses casos, o valor da cota pela
remuneração que seria devida no mês.
Exemplos
a) considerando que o empregado tenha sido admitido no dia 13.03.2020 com remuneração mensal de R$ 1.045,00
SF = R$ 48,62 : 31 × 19 (nº de dias de vigência do contrato no mês) => R$ 29,80
b) considerando que o empregado seja admitido no dia 06.03.2020 com remuneração mensal de R$ 1.200,00.
Cálculo:
Período de vigência do contrato no mês - 26 dias (06 a 31.03.2020)
- R$ 48,62 ÷ 31 × 26 = R$ 40,78.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à CLT
para determinar, entre outras disposições, que constitui objeto ilícito de documentos coletivos de trabalho (acordo e
convenção) a supressão ou redução do direito ao salário-família.
Dica Esocial
Os dados relativos ao salário-família serão lançados no evento S-1010 - Tabela de Rubricas do Manual de Orientação do
eSocial para propiciar o cruzamento dos dados lançados na Folha de Pagamento com os eventos Tabela de Natureza
das Rubricas da Folha de Pagamento (Tabela 3). Portanto, todo lançamento na folha de pagamento deve ter uma rubrica
correspondente na tabela 3.
Lembre-se que com a futura simplificação do eSocial, está prevista a criação de uma tabela de rubrica padrão com as
incidências aplicáveis em cada uma. Se a empresa adotar a tabela padrão ficará dispensada de enviar o evento S-1010 -
Tabela de Rubricas.
70 Guia de Cálculos Trabalhistas
Com base na legislação e jurisprudência vigentes, foi elaborada a tabela adiante, ressaltando a
necessidade de sua atualização sempre que ocorrerem alterações nos dispositivos utilizados como fun-
damento.
78 Guia de Cálculos Trabalhistas
Importante
A Lei nº 8.212/1991, que trata da organização da Seguridade Social e institui o Plano de Custeio da Previdência Social,
determina que, para o empregado e trabalhador avulso, salário-de-contribuição é a remuneração auferida em uma ou
mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante
o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob
a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados,
quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de
convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.
A mesma disposição anterior se encontra prevista no inciso I do art. 214 do RPS e no inciso I do art. 55 da Instrução Nor-
mativa RFB nº 971/2009, que dispõe sobre as normas gerais de tributação e de arrecadação das contribuições sociais
destinadas à Previdência Social e as destinadas a outras entidades ou fundos, administradas pela RFB.
Constata-se, portanto, que em geral a contribuição previdenciária incide sobre a contraprestação auferida decorrente
do exercício do trabalho no curso de uma relação empregatícia ou de trabalho avulso.
Desta forma, levando em consideração a conceituação legal de salário-de-contribuição anteriormente tratada, conclui-se
que o encargo previdenciário incide sobre a contraprestação auferida pelo trabalhador decorrente do exercício regular de
seu trabalho ou do tempo que esteja à disposição do empregador, no curso de uma relação empregatícia ou de trabalho.
O aviso-prévio, na sua forma meramente indenizatória, não representa contraprestação por trabalho executado, tam-
pouco tempo à disposição do empregador, visto que, durante o período de sua projeção, considerada para fins de pa-
gamento das demais verbas rescisórias, inexiste qualquer obrigação por parte do trabalhador em manter a prestação
de serviço que existia antes do rompimento do contrato laboral. Portanto, o empregador, ao indenizar o empregado,
libera-o totalmente de qualquer vínculo com a empresa.
Originariamente, a Lei nº 8.212/1991 (art. 28, § 9º, alínea “e”) e o Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo
Decreto nº 3.048/1999 (art. 214, § 9º, V, “f”), continham previsão expressa sobre a não incidência do encargo previdenciá-
rio sobre o aviso-prévio indenizado. Tais previsões foram suprimidas por legislações posteriores.
86 Guia de Cálculos Trabalhistas
Vale lembrar, porém, que a alínea “m” do inciso V do § 9º do art. 214 do RPS, a qual permanece em vigor, dispõe que não
integra o salário-de-contribuição as importâncias recebidas a título de “outras indenizações, desde que expressamente
previstas em lei”. Nesse aspecto, considerando que o aviso-prévio indenizado é verba de natureza indenizatória e tal
parcela é prevista em lei, estaria enquadrado na mencionada alínea “m”.
No que concerne ao encargo do FGTS sobre o aviso-prévio indenizado, há que se lembrar da sua incidência, conforme
expressa previsão contida na Instrução Normativa SIT nº 144/2018, art. 9º, XXI, bem como na Súmula TST nº 305 do TST.
Ressalte-se, ainda, que, apesar da expressa revogação dos dispositivos legais que previam expressamente a não inte-
gração do aviso-prévio indenizado no salário-de-contribuição, em nenhum momento a Lei nº 8.212/1991 ou o RPS previu
a sua integração.
Pela análise dos dispositivos legais anteriormente mencionados e considerando ser o aviso-prévio indenizado, tipica-
mente, verba de natureza indenizatória, o entendimento doutrinário e jurisprudencial predominante é no sentido da não
incidência do encargo previdenciário sobre os valores pagos a tal título.
No que concerne ao encargo previdenciário sobre a parcela (avo) correspondente do 13º salário proporcional decorren-
te da projeção do período do aviso-prévio indenizado, informamos que, atualmente, não há na Lei nº 8.212/1991, no seu
regulamento (Decreto nº 3.048/1999) e nem na Instrução Normativa RFB nº 971/2009 qualquer previsão expressa sobre
a não incidência previdenciária, conduzindo ao raciocínio de que, sobre a referida parcela acessória, haverá de se seguir
a mesma sorte da parcela principal, que é o aviso-prévio indenizado, observados todos os comentários anteriores.
Tanto em relação ao aviso-prévio indenizado quanto ao avo correspondente à projeção do aviso no 13º salário propor-
cional, vale lembrar que, por meio da Solução de Consulta Cosit nº 362/2017 - DOU 1 de 18.08.2017, ficou esclarecido que,
nos termos da Nota PGFN/CRJ nº 485/2016, e com esteio no art. 19, inciso V, §§ 4º, 5º e 7º, da Lei nº 10.522/2002 e no
art. 3º, § 3º, da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1/2014, o aviso-prévio indenizado, exceto seu reflexo no 13º salário, não
integra a base de cálculo para fins de incidência das contribuições sociais previdenciárias incidentes sobre a folha de
salários.
Por meio da Instrução Normativa RFB nº 925/2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.730/2017, a qual dispõe,
entre outras providências, sobre as informações a serem declaradas na GFIP, a RFB determinou que as pessoas jurídi-
cas ou os contribuintes equiparados que efetuarem rescisão de contrato de trabalho de seus empregados e pagarem
aviso-prévio indenizado deverão preencher o Sefip da seguinte forma:
a) o valor do aviso prévio indenizado não deverá ser informado; e
b) o valor do 13º salário correspondente ao aviso prévio indenizado deverá ser informado no campo “Base de Cálculo
13º salário da Previdência Social”, exceto no caso de empregado que tenha trabalhado por um período inferior a 15
dias durante o ano, cuja informação não poderá ser prestada até que o Sefip seja adaptado;
c) nas hipóteses mencionadas nas letras “a” e “b”:
c.1) até a competência maio/2016, a Guia da Previdência Social (GPS) gerada pelo Sefip deverá ser desprezada, e
os valores efetivamente devidos, incluindo as contribuições incidentes sobre o aviso prévio indenizado e sobre o
13º salário correspondente ao aviso prévio indenizado, devem ser recolhidos mediante GPS, preenchida manual-
mente, observado o disposto nas letras “d” e “e”;
c.2) a partir da competência junho/2016, o valor do aviso prévio indenizado não deve ser computado para fins de
preenchimento da GPS, podendo ser utilizada a GPS gerada pelo Sefip;
d) para fins de cálculo das contribuições e de enquadramento na tabela de salário-de-contribuição, o valor do aviso
prévio indenizado:
d.1) até a competência maio/2016, deverá ser somado, no mês em que o empregado for desligado da empresa, às
outras verbas rescisórias, sobre as quais incidem contribuições previdenciárias;
d.2) a partir da competência junho/2016, não deverá ser computado na base de cálculo das contribuições previ-
denciárias, exceto na base de cálculo das contribuições incidentes sobre o 13º salário, pelo valor correspondente
a 1/12 do valor do aviso prévio indenizado.
e) o 13º salário correspondente ao aviso prévio indenizado deve ser somado ao valor do 13º salário proporcional,
correspondente ao valor bruto da gratificação sem compensação dos adiantamentos pagos, mediante aplicação,
em separado, da tabela de salário-de-contribuição;
f) as informações prestadas em GFIP em desacordo com as letras anteriormente descritas poderão ser retificadas
por meio da apresentação de GFIP retificadora, circunstância que não sujeitará o sujeito passivo à multa prevista no
inciso II do art. 32-A da Lei nº 8.212/1991.
Observar ainda que, nos termos da Instrução Normativa SIT nº 144/2018, art. 9º, inciso XXII, considera-se de natureza
salarial para fins do FGTS, o valor não pago a título de aviso prévio indenizado, nos casos da extinção de contrato de
trabalho por acordo, previsto no art. 484-A da CLT. Assim, no caso de rescisão contratual por acordo entre as partes, o
aviso prévio indenizado é devido por metade, conforme determina a Lei nº 13.467/2017. Diante dessa previsão há polêmi-
ca instaurada pela citada instrução normativa, no sentido de que a outra metade do aviso prévio indenizado, que não é
devida por força de lei, seria parcela integrante da remuneração.
CAPÍTULO III
JORNADA DE TRABALHO
Jornada de trabalho é a duração diária das atividades do empregado, ou seja, o lapso de tempo em
que o empregado, por força do contrato de trabalho, fica à disposição do empregador, seja trabalhando
efetivamente ou aguardando ordens. Durante esse período o trabalhador não pode dispor de seu tempo
em proveito próprio.
A jornada máxima diária de trabalho, fixada pela Constituição Federal de 1988 (CF/1988), é de 8
horas, não podendo exceder a 44 horas semanais.
44 = 7,3333
6
Observa-se que o cálculo da divisão resulta em dízima periódica simples, não representando 7 horas
e 33 minutos, mas 7 horas e 20 minutos, tendo em vista que a operação matemática é realizada em
escala decimal, contrapondo-se, portanto, às frações de horário, cuja escala é sexagesimal (60 segundos
e 60 minutos), ou seja:
1 hora = 60 minutos
Podem as partes (empregado e empregador), no entanto, fixar limite diverso ao estabelecido legal-
mente. Ressalte-se que algumas categorias, por força de lei, têm jornada inferior à prevista constitucio-
nalmente.
88 Guia de Cálculos Trabalhistas
PRORROGAÇÃO DA JORNADA
A duração normal de trabalho pode ser prorrogada (horas extras em período diurno ou noturno,
ou, ainda, sistema misto) em até 2 horas diárias, mediante acordo individual ou documento coletivo de
trabalho, para empregados maiores de idade de ambos os sexos, com adicional de 50%, no mínimo, so-
bre o valor da hora normal, desde que não ultrapasse o limite de 10 horas.
Entretanto, será dispensado esse acréscimo salarial se, por força de acordo ou convenção coletiva
de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela respectiva diminuição em outro dia
(acordo de compensação de horas), de maneira que não exceda, no período máximo de 1 ano, à soma das
jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de 10 horas diárias. É o
chamado “banco de horas”, que nada mais é do que uma forma de compensação de jornada mais flexível.
Não obstante o anteriormente informado, alertamos que os documentos coletivos de trabalho
(acordo e convenção) têm prevalência sobre a lei, quando dispuserem, entre outros, sobre o banco de
horas anual.
O banco de horas pode também ser firmado por acordo individual escrito, desde que a compen-
sação ocorra no período máximo de 6 meses.
Normalmente, a implantação do “banco de horas” visa tanto ao interesse da empresa (por exem-
plo: aumento ou redução da produção) quanto ao interesse do empregado (por exemplo: necessidade
de se ausentar do trabalho).
Será também considerado lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo
individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês.
Exemplo
Tratando-se de acordo de compensação integral de horas do sábado, a jornada diária pode ser de 8 horas e 48
minutos de 2ª a 6ª feira, ou de 9 horas de 2ª a 5ª feira e de mais 8 horas na 6ª feira, ou, ainda, outra qualquer, sem-
pre ajustando a duração para totalizar as 44 horas semanais.
44 = 8,8
5
(8,8 - 8) × 60 = 48 minutos
8h48min (2ª a 6ª feira)
Nota
As mencionadas compensações de horas que recaírem no período noturno não eximem o empregador do pagamento
do respectivo adicional noturno.
Importante
O não atendimento das exigências legais para compensação de jornada, inclusive quando estabelecida mediante acor-
do tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada a
duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional.
A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas.
Nas atividades insalubres, o acordo de prorrogação deve ser antecedido de licença prévia das au-
toridades competentes em matéria de medicina do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos
Guia de Cálculos Trabalhistas 89
necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer
por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em en-
tendimento para tal fim. Não se submete à exigência da mencionada licença prévia as jornadas 12 × 36.
JORNADA 12 × 36
É facultado às partes por meio acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho, estabelecer a jornada 12 × 36, ou seja, 12 horas de trabalho seguidas por 36 horas ininterruptas
de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação.
A remuneração mensal pactuada pelo horário 12 × 36 abrange os pagamentos devidos pelo des-
canso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feria-
dos e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver.
JORNADA REDUZIDA
Embora, em geral, a jornada normal de trabalho seja de até 8 horas diárias e 44 horas semanais,
algumas atividades profissionais, consideradas as condições específicas em que se realizam, têm, por
força de lei, jornada de trabalho reduzida.
Reproduzimos a seguir uma relação de profissões com jornada legalmente reduzidas. Entretanto,
a mencionada relação é meramente exemplificativa, devendo ser consultadas as demais legislações
pertinentes a outras profissões, bem como recomendamos consultar o documento coletivo de trabalho
das categorias profissionais respectivas para saber se há condições mais favoráveis.
QUADRO DEMONSTRATIVO DAS PROFISSÕES
JORNADA
CATEGORIA PROFISSIONAL FUNDAMENTO LEGAL
DIÁRIA
4 horas Técnico em radiologia (operador de raio X) Lei nº 7.394/1985, art. 14
Jornalistas profissionais:
- arquivista-pesquisador
- diagramador
- editor
- ilustrador CLT, arts. 302 e 303
- noticiarista Decreto nº 83.284/1979, arts. 11 e 12
- radio-repórter
- redator
- repórter (cinematográfico, fotográfico e de setor)
- revisor
Fisioterapeuta Lei nº 8.856/1994
5 horas Músicos:
- arranjadores e orquestradores
- cantores de todos os gêneros e especialidades
- compositores de música erudita ou popular
- copistas de música
- diretores de cena lírica
Lei nº 3.857/1960, arts. 29 e 41
- diretores de orquestras ou conjuntos populares
- instrumentistas de todos os gêneros e especialidades
- professores particulares de música
- regentes de orquestras sinfônicas, óperas, bailados, operetas, orques-
tras mistas, de salão, ciganas, jazz-sinfônico, conjuntos corais e bandas
de músicas
90 Guia de Cálculos Trabalhistas
JORNADA
CATEGORIA PROFISSIONAL FUNDAMENTO LEGAL
DIÁRIA
Radialistas (setores de autoria e locução) Decreto nº 84.134/1979, art. 20
5 horas
Terapeuta ocupacional Lei nº 8.856/1994
Artistas (radiodifusão, fotografia, gravação, cinema, circo e variedades,
Decreto nº 82.385/1978, art. 44
dublagem)
Ascensoristas Lei nº 3.270/1957
Bancários (inclusive porteiros, telefonistas de mesa, contínuos e serventes) CLT, arts. 224 e 226
Empregados de empresas de crédito, financiamento ou investimento Súmula TST nº 55
Músicos de estabelecimentos de diversões públicas (cabarés, boates,
dancings, taxis-dancings, salões de danças e congêneres), onde atuem Lei nº 3.857/1960, art. 42
dois ou mais conjuntos
Operadores cinematográficos e ajudantes CLT, art. 234
6 horas Operadores em serviço de telefonia, telegrafia submarina e subfluvial, ra-
CLT, art. 227 e Súmula TST nº 178
diotelegrafia e radiotelefonia
Operadores telegrafistas do serviço ferroviário CLT, art. 246
Radialistas (setores de produção, interpretação, dublagem, tratamento e
registros sonoros e visuais, montagem e arquivamento, transmissão de
Decreto nº 84.134/1979, art. 20
sons e imagens, revelação e copiagem de filmes, artes plásticas e anima-
ção de desenhos e objetos e manutenção técnica)
Técnicos em espetáculos de diversões Decreto nº 82.385/1978, art. 44
Telefonistas de mesa Súmula TST nº 178
Trabalhadores em minas no subsolo CLT, art. 293
Empregados sujeitos a horários variáveis das seções de técnica, telefo-
nes, revisão, expedição, entrega e balcão das empresas que exploram
CLT, art. 229
serviços de telefonia, telegrafia submarina e subfluvial, radiotelegrafia e
7 horas radiotelefonia
Músicos (no caso de força maior ou festejos populares e serviço reclama-
Lei nº 3.857/1960, art. 42
do pelo interesse nacional)
Radialistas (setores de cenografia e caracterização) Decreto nº 84.134/1979, art. 20
INTERVALOS NA JORNADA
Nas jornadas de trabalho com duração superior a 6 horas é obrigatória a concessão de um inter-
valo para repouso ou alimentação, não computado na duração do trabalho, o qual será, no mínimo, de 1
hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 horas.
Quando a duração da jornada for superior a 4 horas e não exceder a 6 horas deverá ser concedido
um intervalo de 15 minutos, não computado na jornada de trabalho.
Nas jornadas de até 4 horas diárias não há obrigação legal de concessão de intervalo.
Exemplos
Considerando um empregado contratado com jornada normal de 8 diárias das 7 às 16 horas e com intervalo para
alimentação ou repouso de 1 hora. Assim temos:
- início da jornada = 7 horas
- intervalo para alimentação ou repouso = das 13 às 14 horas
- término da jornada = 16 horas.
Observa-se que neste exemplo o trabalhador cumpriu as 8 horas de trabalho, sendo que a hora destinada ao
intervalo para repouso e alimentação não foi computada na jornada.
Empregado contratado com jornada de 6 horas diárias das 8 às 14h15min.
- início da jornada = 8 horas
- intervalo para alimentação ou repouso = das 12 às 12h15min
- término da jornada = 14h15min
Observa-se que neste exemplo o trabalhador cumpriu as 6 horas de trabalho, sendo que o período destinado ao
intervalo para repouso e alimentação (15 minutos) não foi computado na jornada.
Dispõe o § 4º do art. 71 da CLT (com redação da Lei nº 13.467/2017 - reforma trabalhista) que a não
concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo para repouso e alimentação, a em-
pregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimi-
do, com acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
Exemplo
Empregado com jornada de trabalho com início às 8 horas, intervalo para alimentação das 12 às 13 horas e saída
às 17 horas, e com salário de R$ 3.300,00, por motivo de acúmulo de serviço, teve o seu horário de intervalo redu-
zido para 30 minutos. Neste caso, o empregado trabalhou no dia efetivamente, das 8 às 12 horas e das 12h30min
às 17 horas, totalizando 8 horas e 30 minutos trabalhados. Considerando que o período destinado ao repouso
e à alimentação foi reduzido para 30 minutos, mediante documento coletivo de trabalho, o empregador ficará
obrigado a efetuar o cálculo, conforme a seguir:
Cálculo
- salário mensal = R$ 3.300,00
- salário/hora = R$ 15,00 (R$ 3.300,00 ÷ 220)
- 30 minutos reduzidos do repouso = R$ 7,50 (R$ 15,00 ÷ 60 × 30)
- adicional de 50% sobre o período reduzido = R$ 3,75 (50% de R$ 7,50);
- Valor devido a título de indenização relativa à redução do intervalo = R$ 11,25 (R$ 7,50 + R$ 3,75)
Motorista profissional
É vedado ao motorista profissional dirigir por mais de 5 horas e meia ininterruptas veículos de
transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de transporte rodoviário de cargas.
Serão observados 30 minutos para descanso dentro de cada 6 horas na condução de veículo de
transporte de carga, sendo facultado o seu fracionamento e o do tempo de direção, desde que não ul-
trapassadas 5 horas e meia contínuas no exercício da condução.
Serão observados 30 minutos para descanso a cada 4 horas na condução de veículo rodoviário de
passageiros, sendo facultado o seu fracionamento e o do tempo de direção.
Além disto, são consideradas tempo de espera as horas em que o motorista profissional emprega-
do ficar aguardando carga ou descarga do veículo nas dependências do embarcador ou do destinatário
e o período gasto com a fiscalização da mercadoria transportada em barreiras fiscais ou alfandegárias,
não sendo computados como jornada de trabalho e nem como horas extraordinárias. As horas relativas
ao tempo de espera serão indenizadas na proporção de 30% do salário/hora normal.
Exemplo
Um empregado contratado para trabalhar na empresa Z, de 2ª a 6ª feira, das 8 às 17 horas, usufrui dos seguintes
intervalos:
a) para descanso e refeição, das 12 às 13 horas (obrigatório por lei);
b) dois descansos de 10 minutos cada um para tomar café, sendo um na parte da manhã e outro na parte da
tarde (concedidos por liberalidade do empregador).
Guia de Cálculos Trabalhistas 93
Neste exemplo, os dois intervalos de 10 minutos para café, por não serem previstos em lei, serão computados na
jornada de trabalho e, portanto, remunerados.
Caso o empregador considere que os 20 minutos (soma dos intervalos mencionados na letra “b”) não sejam
computados na duração do trabalho, e determine que eles sejam trabalhados ao final da jornada (no presente
exemplo, ocasionando a saída às 17h20), referidos minutos serão considerados como jornada extraordinária, ge-
rando direito ao pagamento adicional correspondente.
Exemplo
Se um empregado trabalha na empresa × das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas, e na empresa Y das 20 às 2h15min
(intervalo de 15 minutos), teremos que a jornada do dia seguinte poderá ser iniciada:
a) na empresa X, a partir das 4h00; e
b) na empresa Y, a partir das 13h15min.
Não obstante o anteriormente exposto, algumas categorias, como as a seguir relacionadas, obe-
decem intervalos diferenciados entre 2 jornadas de trabalho:
a) ferroviários cabineiros: 14 horas consecutivas;
b) serviços de equipagens de trem em geral: 10 horas contínuas;
c) serviços de telefonia, telegrafia submarina e subfluvial, radiotelegrafia e radiotelefonia: 17
horas, quando sujeitos a horários variáveis;
d) jornalistas profissionais: 10 horas;
e) operadores cinematográficos: 12 horas.
Quadros demonstrativos
INTERVALOS LEGAIS
DURAÇÃO DO TRABALHO
NA JORNADA ENTRE JORNADAS
Até 4 horas -0- 11 horas
Mais de 4 a 6 horas 15 minutos 11 horas
Mais de 6 horas 1 a 2 horas 11 horas
Trabalho noturno urbano (das 22 às 5 horas) 60 minutos no mínimo 11 horas
Importante
A escala de revezamento a seguir transcrita constitui tão somente uma demonstração hipotética de 8 semanas de
trabalho dos empregados de uma empresa comercial, em turnos fixos de trabalho, para fins de revezamento nos des-
cansos legais remunerados. As adequações em função das particularidades de trabalho devem feitas de acordo com
as necessidades de cada empresa, observando-se, contudo, as exigências legais para elaboração e funcionamento da
escala de revezamento, principalmente as disposições dos arts. 68 e 70 da CLT.
ESCALA DE REVEZAMENTO - EMPRESA COMERCIAL XXX & YYY Ltda. - CNPJ 99.999.999/0001-99
Empregador:
HORÁRIO DE TRABALHO SEMANA DE: 06.01.2020 A 12.01.2020 SEMANA DE: 13.01.2020 A 19.01.2020 SEMANA DE: 20.01.2020 A 26.01.2020 SEMANA DE: 27.01.2020 A 02.02.2020
EMPREGADOS
05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 01
ENTRADA INTERVALO SAÍDA SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
Homem A 08h00 13h00 - 14h00 18h00 A A A A A DSR A A A A A DSR A A A DSR A A A A DSR A A A A A DSR A
Guia de Cálculos Trabalhistas
Homem B 08h00 12h00 - 13h00 18h00 DSR B B B B B DSR B B B B B DSR B B B DSR B B B B DSR B B B B B DSR
Homem C 08h00 13h00 - 14h00 18h00 C DSR C C C C C DSR C C C C B DSR C C C DSR C C C C DSR C C C C C
Homem D 08h00 12h00 - 13h00 18h00 D D DSR D D D D D DSR D D D D D DSR D D D D D DSR D D DSR D D D D
Mulher E 08h00 13h00 - 14h00 18h00 E E E DSR E E E E E DSR E E E DSR E E E E E DSR E E E E DSR E E DSR
Mulher F 08h00 12h00 - 13h00 18h00 F F F F F F DSR F F F DSR F F F F DSR F F F F DSR F F F F DSR F F
Mulher G 08h00 13h00 - 14h00 18h00 G G G G DSR G G G G DSR G G G DSR G G G G G DSR G G G DSR G G G DSR
HORÁRIO DE TRABALHO SEMANA DE: 03.02.2020 A 09.02.2020 SEMANA DE: 10.02.2020 A 16.02.2020 SEMANA DE: 17.02.2020 A 23.02.2020 SEMANA DE: 24.02.2020 A 01.03.2020
EMPREGADOS
02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 01
ENTRADA INTERVALO SAÍDA SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
Homem A 08h00 13h00 - 14h00 18h00 A A A A DSR A A A DSR A A A A DSR A A A A A DSR A A A A A DSR A
Homem B 08h00 12h00 - 13h00 18h00 B B B B B DSR B B B DSR B B B B DSR B B B B B DSR B B B B B DSR B
Homem C 08h00 13h00 - 14h00 18h00 DSR C C C C C DSR C C C DSR C C C C DSR C C C C C DSR C C C C C DSR
Homem D 08h00 12h00 - 13h00 18h00 D DSR D D D D D DSR D D D D D DSR D D DSR D D D D D DSR D D D D D
Mulher E 08h00 13h00 - 14h00 18h00 E E DSR E E E E E DSR E E E E DSR E E E DSR E E E E E DSR E E E DSR
Mulher F 08h00 12h00 - 13h00 18h00 F F F DSR F F DSR F F F DSR F F F F F DSR F F F DSR F F F DSR F F F
Mulher G 08h00 13h00 - 14h00 18h00 G G DSR G G G G DSR G G G G G DSR G G G G G DSR G G G G G DSR G DSR
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96 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplos
a) a hipótese de um gerente ou um ocupante de cargo de chefia com poder de mando na empresa (contrata,
assalaria, demite, etc.), na seguinte situação:
- salário efetivo = R$ 4.000,00
- acréscimo pelo exercício do cargo de confiança = R$ 2.500,00
- total = R$ 6.500,00
Nesse caso, o total da remuneração (R$ 6.500,00) é superior ao salário efetivo do cargo, acrescido de 40% (R$
4.000,00 + 40% = R$ 5.600,00). Portanto, esse empregado não está submetido à jornada de trabalho.
b) a hipótese de um gerente ou um ocupante de cargo de chefia com poder de mando na empresa (contrata,
assalaria, demite, etc.), na seguinte situação:
- salário efetivo = R$ 4.000,00
- acréscimo pelo exercício do cargo de confiança = R$ 1.000,00
- total = R$ 5.000,00
Nesse caso, o valor do salário total auferido (R$ 5.000,00) é inferior ao salário efetivo do cargo, acrescido de 40%
(R$ 4.000,00 + 40% = R$ 5.600,00). Assim, esse empregado encontra-se submetido à jornada de trabalho.
Observe-se que a legislação não obriga a empresa a pagar o adicional de função, uma vez que utiliza a expressão
“se houver”. Contudo, ainda que não haja a separação da gratificação de função, mas se o salário do gerente, no
seu total, for superior em 40% do salário efetivo, aplicam-se às regras anteriormente referidas.
Lembre-se, porém, que os documentos coletivos de trabalho (acordo e convenção) têm prevalência sobre a lei,
quando dispuserem, entre outros, sobre a identificação dos cargos que se enquadram como funções de con-
fiança.
É também permitida a utilização de registro de ponto por exceção à jornada regular de trabalho,
mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
A marcação de ponto será observada por estabelecimento, e não por empresa, portanto, se uma
empresa com vários estabelecimentos contar, no total, com mais de 20 empregados, desde que ne-
nhum deles isoladamente conte com aquele número de trabalhadores, não estará obrigada a exigir dos
seus empregados a marcação de ponto.
Não há, portanto, obrigatoriedade de um estabelecimento com até 20 empregados observar a
marcação da hora de entrada e saída deles. Contudo, caso queira, poderá o empregador, muito embora
não esteja obrigado, instituir a marcação do ponto, a fim de fazer prova da jornada efetuada por seus
empregados em eventual questionamento judicial.
A maneira pela qual a jornada de trabalho será anotada dependerá exclusivamente do emprega-
dor, que poderá optar pela marcação manual (folha ou livro de ponto), mecânica (cartão de ponto, o qual
é marcado mecanicamente no relógio de ponto) ou eletrônica (marcação computadorizada) e poderá,
ainda, fixar um tipo de marcação para um setor da empresa e outro para outro setor. Por exemplo: esta-
belecer para os setores de produção a marcação por meio mecânico (relógio de ponto) e para os setores
administrativos a marcação manual (folhas de ponto).
A qualquer momento, o empregador poderá mudar a forma de marcação do ponto, independen-
temente da anuência do trabalhador, sem que tal fato caracterize alteração das condições de trabalho.
Inexiste um modelo oficial de documento de controle de jornada de trabalho, bem como qualquer
dispositivo legal que discipline quais os elementos que esse controle deve conter. Entretanto, conside-
rando que tal documento deve espelhar a jornada individualizada de cada trabalhador, é conveniente
que contenha, no mínimo, os seguintes elementos:
a) identificação do empregador: razão social ou nome do empregador, Cadastro Nacional de Pes-
soas Jurídicas (CNPJ), Código de Atividade Econômica (CNAE) e endereço;
b) identificação do empregado: nome, função, número e série da Carteira de Trabalho e número
de ordem no livro ou ficha de registro de empregado;
c) horário de trabalho do empregado, com indicação dos intervalos para repouso ou alimentação,
bem como para os repousos semanais remunerados;
d) espaços para as anotações da hora de entrada e saída na jornada diária, para assinatura do
empregado e para registros das ocorrências que interessarem.
As empresas que optarem pelo registro de ponto na forma eletrônica devem adotar o Sistema de
Registro Eletrônico de Ponto (SREP) que é o conjunto de equipamentos e programas informatizados
destinado à anotação por meio eletrônico da entrada e saída dos trabalhadores das empresas.
O Registrador Eletrônico de Ponto (REP) é o equipamento de automação utilizado exclusivamente
para o registro de jornada de trabalho e com capacidade para emitir documentos fiscais e realizar con-
troles de natureza fiscal, referentes à entrada e à saída de empregados nos locais de trabalho.
Para a utilização de SREP é obrigatório o uso do REP no local da prestação do serviço, vedados
outros meios de registro.
A Lei nº 13.874/2019, alterou a redação do art. 74 da CLT, para entre outras disposições, determinar
que fica permitida a utilização de registro de ponto por exceção à jornada regular de trabalho, mediante
acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
Não obstante o anteriormente informado, alertamos que os documentos coletivos de trabalho
(acordo e convenção) têm prevalência sobre a lei, quando dispuserem, entre outros, sobre modalidade
de registro de jornada de trabalho.
CAPÍTULO IV
REPOUSO SEMANAL
REMUNERADO
Todo empregado rural, urbano, inclusive doméstico, tem direito ao repouso semanal remunerado
(RSR) − também conhecido como descanso semanal remunerado (DSR) − de 24 horas consecutivas,
preferencialmente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis
e religiosos, de acordo com a tradição local.
Dessa forma, sendo semanal o direito ao repouso, o empregado terá direito a, pelo menos, 1 dia de
folga, no máximo após 6 dias trabalhados.
Importante
Constitui objeto ilícito de convenção ou acordo coletivo de trabalho a supressão ou a redução de direitos relativos ao
Repouso Semanal Remunerado.
Excetuados os casos em que a execução dos serviços seja imposta pelas exigências técnicas das
empresas, é vedado o trabalho nos dias de repouso, garantida, entretanto, a remuneração respectiva.
Constituem exigências técnicas aquelas que, em razão do interesse público, ou pelas condições
peculiares às atividades da empresa ou ao local onde estas se exercitarem, tornem indispensável a con-
tinuidade do trabalho em todos ou alguns dos respectivos serviços.
Permissão permanente
Permissão transitória
As empresas não enquadradas no parágrafo anterior podem, excepcionalmente, realizar trabalho
em dia de repouso:
a) por motivo de força maior, devendo comunicar o fato à Superintendência Regional do Trabalho
e Emprego (SRTE) no prazo de 10 dias; ou
b) para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarre-
tar prejuízo manifesto, com autorização prévia da SRTE e com discriminação do período auto-
rizado, o qual não excederá de 60 dias, de cada vez. Nesse caso, se a empresa não determinar
outro dia de folga, a remuneração será paga em dobro.
De acordo com a Portaria MTE nº 945/2015, a autorização transitória para trabalho aos domingos e
feriados civis e religiosos a que se refere o art. 68, parágrafo único, da CLT poderá ser concedida:
a) mediante acordo coletivo específico firmado entre empregadores e entidade representativa da
categoria profissional de empregados;
b) mediante ato de autoridade competente da Secretaria Especial do Trabalho, baseado em rela-
tório da inspeção do trabalho, por meio de requerimento do empregador.
Fica concedida autorização transitória para trabalho aos domingos e feriados civis e religiosos aos
empregadores que firmarem acordo coletivo específico de trabalho com entidade representativa da
categoria profissional, após o devido registro na SEPRT.
Referido acordo coletivo disciplinará a prestação do trabalho aos domingos e feriados civis e reli-
giosos, devendo versar, no mínimo, sobre:
a) escala de revezamento;
b) prazo de vigência da prestação do trabalho aos domingos e feriados civis e religiosos;
c) condições específicas de segurança e saúde para o trabalho em atividades perigosas e insalubres;
d) os efeitos do acordo coletivo específico na hipótese de cancelamento da autorização.
Para a análise da pertinência da pactuação sobre o trabalho aos domingos e feriados civis e reli-
giosos, as partes considerarão:
a) o histórico de cumprimento da legislação trabalhista pela empresa, por meio de consulta às
certidões de débito e informações processuais administrativas no âmbito da SEPRT, através do
endereço eletrônico http://consultacpmr.mte.gov.br/ConsultaCPMR;
b) as taxas de incidência ou gravidade de doenças e acidentes do trabalho do empregador em re-
lação ao perfil do setor econômico, com base nas estatísticas oficiais anualmente publicadas
pela Previdência Social.
O registro do acordo coletivo específico deve ser requerido por meio do Sistema Mediador em
http://www.trabalho.gov.br, conforme instruções previstas no sistema.
A autorização se encerrará:
a) com o decurso do prazo previsto no acordo coletivo específico;
b) pelo distrato entre as partes.
Em geral, fica subdelegada competência aos SRTE, com circunscrição no local da prestação do
serviço, para conceder autorização de trabalho aos domingos e feriados. Estas autorizações somente
serão concedidas após inspeção na empresa requerente e serão consideradas na avaliação do pedido
de autorização a ocorrência das seguintes situações:
Guia de Cálculos Trabalhistas 101
Comércio em geral
Compete à União, privativamente, de acordo com a CF/1988, art. 22, I, legislar, entre outros, sobre
direito do trabalho. Em outras palavras, cabe à legislação federal dispor sobre matéria trabalhista.
Obedecendo ao referido mandamento constitucional, dispõe a Lei nº 10.101/2000, nos seus arts.
6º, 6º-A e 6º-B, na redação dada pela Lei nº 11.603/2007, que fica autorizado o trabalho aos domingos nas
atividades do comércio em geral, observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, caput, inciso
I, da CF/1988.
O repouso semanal remunerado deverá coincidir, pelo menos uma vez no período máximo de 3
semanas, com o domingo, respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e outras a serem es-
tipuladas em negociação coletiva.
Quanto aos feriados, é permitido o trabalho nas atividades do comércio em geral, desde que au-
torizado em convenção coletiva de trabalho e observada a legislação municipal.
Importante ressaltar que a citada lei autoriza o trabalho aos domingos e feriados no comércio em
geral, cabendo aos municípios a decisão sobre a possibilidade de que haja o funcionamento dessa ati-
vidade específica, nesses dias, nos limites dos seus respectivos territórios.
Assim, antes de qualquer atitude no sentido de programar o funcionamento de um estabelecimen-
to dessa natureza aos domingos e feriados, é importante consultar a respectiva prefeitura municipal.
VALOR DO RSR
Empregado semanalista, diarista e horista
Para os contratados por semana, dia ou hora, a remuneração do repouso corresponde a um dia
normal de trabalho. Sendo a jornada normal diária de trabalho variável, a remuneração corresponderá a
1/6 do total de horas trabalhadas durante a semana.
Exemplos
a) empregado diarista com remuneração de R$ 40,00 por dia
- valor do RSR = R$ 40,00
b) empregado contratado por semana com jornada de 44 horas semanais e com remuneração semanal de
R$ 360,36
- jornada diária = 7h20m (44 ÷ 6 = 7,3333 que equivale a 7h20min)
- valor do salário/hora = R$ 8,19 (R$ 360,36 ÷ 44)
- valor do RSR = R$ 60,06 (R$ 8,19 × 7,3333)
Exemplos
a) tarefeiro
- nº de tarefas executadas na semana: 48
- valor da tarefa = R$ 6,00
- salário relativo às tarefas = R$ 288,00
- RSR = R$ 48,00 (R$ 288,00 ÷ 6 (dias efetivamente trabalhados na semana))
b) pecista
- nº de peças realizadas na semana: 700
- valor da peça = R$ 1,00
- salário relativo às peças = R$ 700,00 (R$ 1,00 × 700)
- RSR = R$ 116,67 (R$ 700,00 ÷ 6 - dias trabalhados na semana)
Cálculo mensal
a) tarefeiro - Considerando que tenha realizado 192 tarefas no mês 01/2020, no valor de R$ 6,00 a tarefa, que o
mencionado mês tenha 26 dias efetivamente trabalhados e 5 RSR, temos
- nº de tarefas executadas no mês: 192
- valor da tarefa = R$ 6,00
- salário relativo às tarefas = R$ 1.152,00 (R$ 6,00 × 192)
- RSR = R$ 221,50 (R$ 1.152,00 ÷ 26 (dias efetivamente trabalhados no mês) × 5 = número de RSR no mês)
b) pecista - Considerando que tenha realizado 2.800 peças no mês 01/2020, no valor de R$ 1,00 a peça, que o
mencionado mês tenha 26 dias úteis e 5 RSR, temos
- nº de peças realizadas no mês: 2.800
- valor da peça = R$ 1,00
- salário relativo às peças = R$ 2.800,00 (R$ 1,00 × 2.800)
- RSR = R$ 538,45 (R$ 2.800,00 ÷ 26 (dias efetivamente trabalhados no mês) × 5 = número de RSR no mês)
Empregado comissionista
Calcula-se o RSR somando-se as comissões percebidas durante a semana e dividindo-se o resul-
tado pelo número de dias úteis da respectiva semana.
Exemplos
a) Cálculo semanal
- valor total das comissões recebidas na semana = R$ 960,00
- nº de dias trabalhados na semana = 5
- nº de dias úteis da semana = 6
- RSR = R$ 160,00 (R$ 960,00 ÷ 6)
b) Cálculo mensal
Para o cálculo mensal, dividir o total das comissões pelo número de dias úteis e multiplicar pelo número de do-
mingos e feriados do mês. Considerando que o mês tenha 27 dias úteis e 4 RSR, temos:
- valor total mensal das comissões = R$ 3.840,00
Nº de dias de repouso = 4
- valor do RSR = R$ 568,88 (R$ 3.840,00 ÷ 27 × 4
Guia de Cálculos Trabalhistas 103
Não obstante o anteriormente exposto há doutrinadores que entendem que o cálculo do RSR so-
bre as comissões é feito dividindo-se a soma das comissões percebidas durante a semana pelo número
de dias de serviço efetivamente prestados ao empregador.
Exemplos
a) Cálculo semanal
- valor total das comissões recebidas na semana = R$ 960,00
- nº de dias trabalhados na semana = 5
- nº de dias úteis da semana = 6
- RSR = R$ 192,00 (R$ 960,00 ÷ 5)
b) Cálculo mensal
Para o cálculo mensal, dividir o total das comissões pelo número de dias efetivamente trabalhados no mês e
multiplicar pelo número de domingos e feriados do mês. Considerando que o mês tenha 22 dias efetivamente
trabalhados e 4 RSR, temos:
- valor total mensal das comissões = R$ 3.840,00
- nº de dias úteis do mês = 26
- nº de dias efetivamente trabalhados = 22
- nº de dias de repouso = 4
- valor do RSR = R$ 698,20 (R$ 3.840,00 ÷ 22 × 4)
Exemplos
a) Cálculo semanal
- valor da produção da semana = R$ 954,00
- valor do RSR = R$ 159,00 (R$ 954,00 ÷ 6)
b) Cálculo mensal - Considerando que o mês tenha 24 dias úteis e 6 RSR(domingos e feriados), temos:
- valor da produção do mês = R$ 3.816,00
- valor do RSR = R$ 954,00 (R$ 3.816,00 ÷ 24 × 6)
Exemplo
Empregado contratado para trabalhar 3 dias por semana com salário semanal de R$ 252,00. Assim temos:
- dias trabalhados na semana = 3
- salário semanal = R$ 252,00
RSR = R$ 42,00 (R$ 252,00 ÷ 6)
104 Guia de Cálculos Trabalhistas
TRABALHADORES AVULSOS
Para os trabalhadores avulsos (os que trabalham com interveniência do sindicato), o valor do repou-
so consiste no acréscimo de 1/6 calculado sobre os salários efetivamente percebidos pelo trabalhador.
Exemplo
Considerando um trabalhador avulso que na semana obteve o salário de R$ 250,00, temos:
- salário semanal = R$ 250,00
- RSR = R$ 41,67 (R$ 250,00 ÷ 6)
JORNADA 12 × 36
Em caso de empregado com jornada 12 × 36, a remuneração mensal pactuada abrange os paga-
mentos devidos pelo Repouso Semanal Remunerado e pelo descanso em feriados, e serão também
considerados compensados os feriados.
Adicional noturno
O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos
legais; portanto, repercute também na remuneração do repouso semanal.
Exemplos
a) cálculo semanal - considerando um empregado com salário/hora de R$ 8,00 e que durante a semana realizou
30 horas noturnas, temos:
- salário/hora...............................................................................................= R$ 8,00
- horas trabalhadas na semana.........................................................= 44
- horas noturnas trabalhadas na semana.....................................= 30
- valor do adicional noturno................................................................= R$ 1,60 (20% de R$ 8,00)
- valor do RSR.............................................................................................= R$ 58,67 (44 ÷ 6 × R$ 8,00)
- valor do reflexo do adicional noturno no RSR..........................= R$ 8,00 (30 ÷ 6 × R$ 1,60)
- valor total do RSR..................................................................................= R$ 66,67 (R$ 58,67 + R$ 8,00)
b) cálculo mensal - considerando um empregado com salário mensal de R$ 1.760,00 e que durante o mês realizou
100 horas noturnas, tendo o mês 26 dias úteis e 4 RSR, temos:
- salário mensal.........................................................................................= R$ 1.760,00
- nº de horas noturnas realizadas no mês....................................= 100
- nº de dias úteis do mês......................................................................= 26
- média diária das horas noturnas....................................................= 3,85 (100 ÷ 26)
- valor do salário/hora.............................................................................= R$ 8,00 (R$ 1.760,00 ÷ 220)
- valor do adicional noturno................................................................= R$ 1,60 (20% de R$ 8,00)
- valor do adicional noturno no mês...............................................= R$ 160,00 (R$ 1,60 × 100)
- valor do reflexo do adicional noturno no RSR..........................= R$ 24,64 (3,85 × R$ 1,60 × 4)
c) considerando um empregado que trabalha integralmente no horário noturno e com salário de R$ 1.800,00, temos:
- salário..........................................................................................................= R$ 1.800,00
- valor do adicional noturno................................................................= R$ 360,00 (20% de R$ 1.800,00)
- remuneração total.................................................................................= 2.160,00 (R$ 1.800,00 + R$ 360,00)
Guia de Cálculos Trabalhistas 105
Horas extras
No cálculo do RSR são computadas as horas extras habitualmente prestadas.
Para proceder ao cálculo devem ser somadas as horas extras realizadas no mês ou na semana. O
número obtido deve ser multiplicado pelo valor da hora extra (valor da hora normal acrescido do adicio-
nal respectivo). O resultado deve ser dividido pelo número de dias úteis e multiplicado pelo número de
domingos e feriados no mês ou semana, conforme o caso.
Exemplos
a) considerando um empregado mensalista com salário de R$ 1.980,00 e que em determinado mês realizou 48
horas extraordinárias. Considerando que o mês tenha 26 dias úteis e 5 RSR, temos:
- salário mensal = R$ 1.980,00
- salário/hora = R$ 9,00 (R$ 1.980,00 ÷ 220)
- adicional de hora extra = 50% (adicional legal, os sindicatos podem estabelecer adicional superior)
- valor da hora extra = R$ 13,50 (R$ 9,00 × 1.50)
- valor total das horas extras realizadas no mês = R$ 648,00 (R$ 13,50 × 48)
- valor da média diária de horas extras = R$ 24,92 (R$ 648,00 ÷ 26)
- valor do reflexo das horas extras no RSR mensal = R$ 124,60 (R$ 24,92 × 5)
b) considerando um empregado horista com salário/hora de R$ 7,00 e que no mês realizou 38 horas extras, sa-
bendo que o mês tem 24 dias úteis e 6 RSR, temos:
- salário/hora = R$ 7,00
- adicional de hora extra = 50% (adicional legal, os sindicatos podem estabelecer adicional superior)
- valor da hora extra = R$ 10,50 (R$ 7,00 × 1.50)
- valor total das horas extras realizadas no mês = R$ 399,00 (R$ 10,50 × 38)
- valor da média diária de horas extras = R$ 16,63 (R$ 399,00 ÷ 24)
- valor do reflexo das horas extras no RSR mensal = R$ 99,78 (R$ 16,63 × 6)
O empregado remunerado com base em comissões, quando realizar horas extras também tem
direito ao reflexo destas no seu RSR.
O cálculo é efetuado dividindo-se o valor das comissões recebidas no mês pelo número de horas
efetivamente trabalhadas, obtendo-se assim, o valor hora das comissões.
Exemplo
Considerando um empregado comissionista puro, com jornada de 220 horas e que realizou no mês 40 horas extras,
e recebeu a título de comissões no mês o valor de R$ 7.000,00. Sabendo-se que o mês tem 27 dias e 4 RSR, temos:
- jornada diária = 7h20min (44 ÷ 6)
- RSR do mês = 4
- nº de horas relativas aos RSR do mês = 29h20min (7h20 × 4)
- horas efetivamente trabalhadas = 198 horas
- valor hora das comissões auferidas no mês = R$ 35,35 (R$ 7.000,00 ÷ 198)
- valor da hora extra = R$ 53,03 (R$ 35,35 × 1,50)
- valor das horas extras realizadas no mês = R$ 2.121,20 (R$ 53,03 × 40)
- média diária das horas extras = R$ 78,56 (R$ 2.121,20 ÷ 27)
- valor do reflexo das horas extras nos RSR = R$ 314,24 (R$ 78,56 × 4)
106 Guia de Cálculos Trabalhistas
INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE
Não se faz qualquer cálculo que vise incluir os adicionais decorrentes de condições penosas de
trabalho (insalubridade, periculosidade e também noturno) no RSR, quando estes, pelos seus totais,
englobarem a remuneração mensal.
Exemplo
Considerando um empregado mensalista com salário de R$ 1.600,00 e que preste serviços em condições de
periculosidade, portanto, com direito ao adicional de 30% sobre o valor do salário.
- salário mensal = R$ 1.600,00
- valor do adicional de periculosidade = R$ 480,00 (30% de R$ 1.600,00)
- remuneração total = R$ 2.080,00 (R$ 1.600,00 + R$ 480,00)
Neste caso, constata-se que, em virtude de o adicional de periculosidade já englobar todos os dias do mês (in-
clusive os dias destinados ao RSR e feriados), não há de se efetuar qualquer cálculo que vise a integração do
adicional nos dias de descanso.
GORJETAS
As gorjetas, quer sejam espontâneas, quer constantes da nota fiscal, embora integrem a remune-
ração do trabalhador não são consideradas no cálculo do RSR.
GRATIFICAÇÕES
As gratificações por produtividade e por tempo de serviço mesmo quando pagas mensalmente
também não compõem a base de cálculo do RSR.
Mulher
O trabalho da mulher aos domingos exige a organização de escala de revezamento quinzenal, que
favoreça o repouso dominical.
Importante
A escala de revezamento a seguir transcrita constitui tão somente uma demonstração hipotética de 8 semanas de
trabalho dos empregados (todos homens) de uma empresa comercial, em turnos fixos de trabalho, para fins de reve-
zamento nos descansos legais remunerados. As adequações em função das particularidades de trabalho devem ser
feitas de acordo com as necessidades de cada empresa, observando-se, contudo, as exigências legais para elaboração
e funcionamento da escala de revezamento, principalmente as disposições do art. 67 da CLT.
ESCALA DE REVEZAMENTO - EMPRESA COMERCIAL
SEMANA DE: 06.01.2020 A 12.01.2020 SEMANA DE: 13.01.2020 A 19.01.2020 SEMANA DE: 20.01.2020 A 26.01.2020 SEMANA DE: 27.01.2020 A 02.02.2020
EMPREGADOS
05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 01
ENTRADA INTERVALO SAÍDA SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM
Guia de Cálculos Trabalhistas
B 08h00 12h00 - 13h00 18h00 DSR B B B B B DSR B B B B B DSR B B B DSR B B B B DSR B B B B B DSR
SEMANA DE: 03.02.2020 A 09.02.2020 SEMANA DE: 10.02.2020 A 16.02.2020 SEMANA DE: 17.02.2020 A 23.02.2020 SEMANA DE: 24.02.2020 A 01.03.2020
EMPREGADOS
02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 01
ENTRADA INTERVALO SAÍDA SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB Dom
C 08h00 13h00 - 14h00 18h00 DSR C C C C C DSR C C C DSR C C C C DSR C C C C C DSR C C C C C DSR
A expressão "em dobro" (constante na Lei nº 605/1949) foi objeto de ampla discussão jurídica,
tanto na doutrina como na jurisprudência.
Perante o Supremo Tribunal Federal (STF), existe a Súmula nº 461 em que está previsto que “é du-
plo, e não triplo, o pagamento do salário nos dias destinados a descanso”.
A citada súmula do STF foi publicada no Diário da Justiça (DJ) de 08, 09 e 12.10.1964, e teve como
precedente o Agravo de Instrumento (AI) nº 32.529, publicado no DJ de 20.08.1964.
Nos argumentos constantes do mencionado agravo de instrumento, que teve votação unânime, o
STF manifestou sua interpretação no sentido de que o pagamento em dobro do trabalho realizado pelo
empregado em dia destinado a descanso é o resultado do pagamento do respectivo dia já compreendi-
do no salário normal mais a remuneração simples equivalente ao dia de repouso trabalhado.
Não obstante a previsão contida na súmula do STF anteriormente descrita, o Tribunal Superior do
Trabalho (TST), por meio da Resolução nº 121/2003, publicada no DJ de 19, 20 e 21.11.2003 e republicada
em 25.11.2003, editou a Súmula nº 146, que reproduzimos a seguir para melhor entendimento:
O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da
remuneração relativa ao repouso semanal.
Embora a redação da mencionada súmula faça referência apenas ao trabalho prestado em domin-
gos e feriados, há entendimento tanto na doutrina como na jurisprudência de que a súmula também se
aplica aos casos de trabalho em outros dias destinados ao repouso semanal remunerado (RSR) e não
só para domingos e feriados.
Portanto, de acordo com a Súmula TST nº 146, que atualmente predomina e norteia as decisões do
Poder Judiciário Trabalhista, a expressão “em dobro” significa o valor dobrado das horas trabalhadas em
domingo, feriado ou outro dia destinado ao repouso, mais o valor desses dias incluso na remuneração
do empregado, ou por cumprimento integral da jornada semanal, conforme o caso, o que equivale ao
pagamento em triplo, ou seja, o pagamento do salário mensal mais 2 vezes o valor do dia do repouso.
Exemplo
- salário mensal do empregado = R$ 1.100,00
- salário/hora = R$ 5,00 (R$ 1.100,00 ÷ 220)
- número de horas trabalhadas no dia de repouso = 8
- valor em dobro relativo às horas trabalhadas no RSR = R$ 80,00 (R$ 5,00 × 8 × 2)
- Total da remuneração mensal = R$ 1.180,00 (R$ 1.100,00 + R$ 80,00)
Vale ressaltar que a remuneração em dobro do RSR não se caracteriza como horário extraordinário
e sim como uma forma de compensar financeiramente o empregado por um trabalho realizado num dia
consagrado ao seu descanso semanal.
Guia de Cálculos Trabalhistas 109
FERIADOS
Os feriados civis ou nacionais são declarados em lei federal. Os de âmbito estadual, correspon-
dentes às datas magnas dos Estados, devem ser pesquisados na legislação estadual. Os de âmbito mu-
nicipal (religiosos e os dias de início e término do ano do centenário de fundação do município) constam
de lei municipal.
Importante
Lembre-se que a Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o
art. 611-A à CLT para determinar, entre outras disposições, que os documentos coletivos de trabalho (acordo e conven-
ção) têm prevalência sobre a lei, quando dispuserem, entre outros, sobre a troca do dia de feriado.
Assim, o mencionado documento deverá ser consultado a fim de verificar a existência de determinação sobre a mudança
do dia comemorativo do feriado. Em caso positivo, valerá as disposições do documento coletivo.
DATAS SIGNIFICADO
1º de janeiro Dia da Confraternização Universal - Dia da Paz Mundial
21 de abril Dia de Tiradentes
1º de maio Dia do Trabalho - Dia do Trabalhador
7 de setembro Dia da Independência do Brasil
12 de outubro Dia Consagrado a Nossa Senhora da Conceição Aparecida - Padroeira do Brasil
2 de novembro Dia de Finados (Dia dos Mortos)
15 de novembro Dia da Proclamação da República do Brasil
25 de dezembro Natal - Dia do Natal de Nosso Senhor
O dia em que se realizarem eleições cuja data seja fixada pela Constituição Federal também é
considerado feriado nacional.
Feriados estaduais
Relacionamos, no quadro a seguir, os feriados instituídos por alguns Estados da Federação.
DIAS DA
ESTADOS DATAS SEMANA EM SIGNIFICADO BASE LEGAL
2020
23 de janeiro Quinta-feira Dia do Evangélico Lei estadual nº 1.538/2004
8 de março Domingo Dia Internacional da Mulher Lei estadual nº 1.411/2001
Elevação à categoria de Esta-
Acre 15 de junho Segunda-feira Lei estadual nº 14/1964
do - Aniversário do Estado
5 de setembro Sábado Dia da Amazônia Lei estadual nº 243/1968
17 de novembro (1) Terça-feira Tratado de Petrópolis Lei estadual nº 57/1965
24 de junho Quarta-feira São João Lei estadual nº 5.508/1993
29 de junho Segunda-feira São Pedro Lei estadual nº 5.509/1993
Alagoas Emancipação política do Es-
16 de setembro (2) Quarta-feira -0-
tado
20 de novembro Sexta-feira Zumbi dos Palmares Lei estadual nº 5.724/1995
110 Guia de Cálculos Trabalhistas
DIAS DA
ESTADOS DATAS SEMANA EM SIGNIFICADO BASE LEGAL
2020
Criação do ex-Território Fe-
13 de setembro Domingo Constituição do Estado/1991, art. 355
Amapá deral
20 de novembro Sexta-feira Dia da Consciência Negra Lei estadual nº 1.169/2007
Elevação à categoria de pro-
5 de setembro Sábado Lei promulgada nº 25/1977
víncia
Amazonas
Zumbi dos Palmares / Dia da
20 de novembro Sexta-feira Lei promulgada nº 84/2010
Consciência Negra
Consolidação da Indepen- Constituição do Estado/1989, art.
Bahia 2 de julho Quinta-feira
dência do Brasil 6º, § 3º
Constituição do Estado/1989, art.
Ceará 25 de março Quarta-feira Abolição da escravatura 18, parágrafo único, acrescido pela
Emenda Constitucional nº 73/2011
10 de abril Sexta-feira Sexta-Feira da Paixão Lei distrital nº 72/1989
21 de abril (3) Terça-feira Fundação de Brasília Lei distrital nº 72/1989
Distrito Federal 11 de junho Quinta-feira Corpus Christi Lei distrital nº 72/1989
12 de outubro (3) Segunda-feira Nossa Senhora Aparecida Lei distrital nº 72/1989
30 de novembro Segunda-feira Dia do Evangélico Lei distrital nº 963/1995
Espírito Santo 20 de abril (4) Segunda-feira Nossa Senhora da Penha Lei estadual nº11.010/2019
Adesão à Independência do
Maranhão 28 de julho Terça-feira Lei estadual nº 2.457/1964
Brasil
Zumbi dos Palmares / Dia da
Mato Grosso 20 de novembro Sexta-feira Lei estadual nº 7.879/2002
Consciência Negra
Mato Grosso do Sul 11 de outubro Domingo Criação do Estado Lei estadual nº10/1979
Constituição do Estado/1989 art.
256, caput e inciso I, com reda-
Minas Gerais 21 de abril (5) Terça-feira Tiradentes
ção da Emenda à Constituição nº
89/2011
Adesão à Independência do
Pará 15 de agosto Sábado Lei n° 5.999/1996
Brasil
Paraíba 5 de agosto Quarta-feira Fundação do Estado Lei estadual nº 10.601/2015
Eclosão da Revolução Per-
Pernambuco 6 de março Sexta-feira Lei estadual nº 16.241/2017, art. 49
nambucana de 1817
Dia do Piauí - Aclamação da
Piauí 19 de outubro Segunda-feira Lei estadual nº 176/1937
Independência
25 de fevereiro (6.a) Terça-feira Terça-feira de Carnaval Lei estadual nº 5.243/2008
23 de abril Quinta-feira São Jorge Lei estadual nº 5.198/2008
Rio de Janeiro 10 de maio (6.b) Domingo Dia das Mães Lei estadual nº 8.174/2018
Zumbi dos Palmares / Dia da
20 de novembro Sexta-feira Lei estadual nº 4.007/2002
Consciência Negra
Dia Estadual à Memória dos
Rio Grande do Norte 3 de outubro Sábado Protomártires de Uruaçu e Lei estadual nº 8.913/2006
Cunhaú
Constituição do Estado/1989, art.
Rio Grande do Sul 20 de setembro Domingo Revolução Farroupilha 6º, parágrafo único, com redação da
Emenda Constitucional nº 11/1995
4 de janeiro Sábado Criação e instalação do Estado Lei estadual nº 2.291/2010
Rondônia
18 de junho Quinta-feira Dia dos Evangélicos Veja nota (7)
Elevação do ex-território à
Roraima 5 de outubro Segunda-feira Constituição do Estado/1991 art. 9º
categoria de Estado
Guia de Cálculos Trabalhistas 111
DIAS DA
ESTADOS DATAS SEMANA EM SIGNIFICADO BASE LEGAL
2020
Lei estadual nº 10.306/1996 com
as alterações da Lei estadual nº
Dia do Estado de Santa Ca-
11 de agosto (8) Terça-feira 12.906/2004, da Lei estadual nº
tarina
13.408/2005 e consolidada pela Lei
estadual nº 17.335/2017
Santa Catarina
Lei estadual nº 10.306/1996, com
as alterações da Lei estadual nº
Dia de Santa Catarina de Ale-
25 de novembro (8) Quarta-feira 12.906/2004, da Lei estadual nº
xandria
13.408/2005 e consolidada pela Lei
estadual nº 17.335/2017
Revolução Constitucionalis-
São Paulo 9 de julho Quinta-feira Lei estadual nº 9.497/1997
ta de 1932
Constituição do Estado/1989, art.
269, com redação Emenda Consti-
Sergipe 8 de julho Quarta-feira Independência do Estado
tucional nº 20/2000
Decreto estadual nº 30.129/2015
Nossa Senhora da Nativida-
8 de setembro Terça-feira Lei estadual nº 627/1993
de - Padroeira do Estado
Tocantins Criação do Estado / Promul-
5 de outubro Segunda-feira gação da primeira Constitui- Lei estadual nº 098/1989
ção Estadual
(1) No Estado do Acre, a Lei estadual nº 2.126/2009, com as alterações da Lei estadual nº 2.247/2009, estabeleceu que serão
comemorados por adiamento, nas sextas-feiras, os feriados estaduais que caírem entre as terças e quintas-feiras, à exceção
do alusivo ao aniversário do Estado do Acre (15 de junho).
(2) Tendo em vista que a Lei nº 9.093/1995 (federal) prevê como feriado civil a data magna do Estado, fixada em lei estadual,
o feriado de 16 de setembro no Estado de Alagoas deverá ser previamente confirmado perante os Poderes Executivo e
Legislativo desse Estado, uma vez que esse feriado tem sido definido por meio de Decreto (ex.: em 2019, Decreto estadual
nº 62.819/2018) e não por uma lei estadual.
(3) No Distrito Federal, não obstante a Lei distrital nº 72/1989 tenha instituído os dias 21 de abril e 12 de outubro como
feriados estaduais, referidas datas foram, posteriormente, declaradas como feriados federais.
(4) No Estado do Espírito Santo, a Lei estadual nº 11.010/2019 definiu que a comemoração da Data Magna - dia dedicado
à Padroeira do Estado, Nossa Senhora da Penha, será sempre na segunda-feira, 8º dia posterior ao domingo de Páscoa.
(5) No Estado de Minas Gerais, não obstante a Constituição do Estado/1989 tenha instituído o dia 21 de abril como feriado
estadual, referida data foi, posteriormente, declarada como feriado federal.
(6) No Estado do Rio de Janeiro:
a) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) nº 4131-2, que questionou a Lei estadual nº 5.243/2008, não foi conhe-
cida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), conforme decisão monocrática divulgada no DJE em 24.09.2018 e transitada
em julgado em 25.10.2018;
b) a Lei estadual nº 8.174/2018, que instituiu o segundo domingo do mês de maio como feriado estadual, em comemo-
ração ao Dia das Mães, é objeto da Adin nº 6133-2, em tramitação perante o STF.
(7) A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3.940, questionando a lei estadual de Rondônia que criou o feriado
estadual de 18 de junho. Foi julgada procedente pelo STF, declarando a inconstitucionalidade da Lei nº 1.026/2001, do Estado
de Rondônia, nos termos do voto do Relator e publicada no DOU de 14.08.2020.
(8) Lei estadual nº 12.906/2004, art. 1º, com as alterações da Lei estadual nº 13.408/2005, determinou que sempre que os
dias 11 de agosto (Dia do Estado de Santa Catarina) e 25 de novembro (Dia de Santa Catarina de Alexandria) coincidirem
com dias úteis da semana, os feriados e os eventos alusivos às datas serão transferidos para o domingo subsequente.
Não obstante o quadro anterior, os feriados estaduais, tanto nos Estados ora relacionados como
nas demais Unidades da Federação, deverão ser verificados e confirmados perante a legislação do res-
pectivo Estado, tendo em vista a possibilidade de alterações posteriores.
112 Guia de Cálculos Trabalhistas
São feriados religiosos os dias de guarda, declarados em lei municipal, segundo a tradição local e
em número não superior a 4, neste incluída a Sexta-feira da Paixão.
Quando o feriado recai em dia que já é destinado ao repouso semanal do empregado o pagamento
do dia correspondente não é dobrado, ou seja, o empregado recebe a remuneração simples.
Exemplo
Considerando que o repouso semanal do empregado seja no domingo. O dia 15 de novembro (Proclamação da
República - feriado nacional) no ano de 2020 irá recair no domingo. Portanto, apesar de este domingo ser feria-
do, como haverá coincidência com o RSR do empregado, não há que se falar em remuneração dobrada, ou seja,
o empregado receberá remuneração do domingo, dia 15.11, de forma simples.
Empregado diarista com salário de R$ 50,00, temos:
- semana anterior integralmente trabalhada
- RSR = dia 15.11.2020 (coincide com o feriado)
- remuneração dos dias trabalhados na semana = R$ 300,00 (R$ 50,00 × 6)
- RSR relativo à semana = R$ 50,00
- remuneração total da semana = R$ 350,00 (R$ 300,00 + R$ 50,00)
A compensação mais comum é a que visa ter o sábado livre em cada semana de trabalho. Entre-
tanto, pode ocorrer um feriado nesse dia e o empregado trabalhar horas a mais durante a semana para
compensar um sábado sem expediente.
Há os que entendem que as referidas horas trabalhadas a mais devem ser remuneradas como
extras, acrescidas de, no mínimo, 50% sobre a hora normal. Outros propõem a remuneração em dobro
de feriado que recai aos sábados.
Situação diversa ocorre, ainda, em feriado durante a semana (2ª a 6ª feira), e o empregado não
trabalha para compensar as horas correspondentes a esse dia.
Guia de Cálculos Trabalhistas 113
Quando o feriado recair num sábado, o empregado cumprirá as horas excedentes trabalhadas
durante a semana, sem qualquer acréscimo salarial, como faz habitualmente, e, em troca, o empregado
percebe as horas normais mais as compensadas, quando o feriado recair em qualquer outro dia da se-
mana (de 2ª a 6ª feira).
a) feriado em sábado
4ª feira 8h48min
5ª feira 8h48min
6ª feira 8h48min
Total 44h
6ª feira 8h48min
2ª feira 07h20min
3ª feira 07h20min
4ª feira 07h20min
5ª feira 07h20min
6ª feira 07h20min
Domingo 07h20min
Total 51h20min
114 Guia de Cálculos Trabalhistas
b) quando o feriado recair de 2ª a 6ª feira, os empregados completam as horas faltantes para com-
pensar o sábado nos demais dias, observando-se o limite máximo de 2 horas diárias, ou seja, 1
hora e 28 minutos do feriado distribuída nos outros 4 dias (88 minutos ÷ 4 = 22 minutos).
HORAS EFETIVAMENTE TRABALHADAS
2ª feira 09h10min
3ª feira 09h10min
5ª feira 09h10min
6ª feira 09h10min
Domingo 07h20min
Total 51h20min
DESCONTO DO RSR
Para que o empregado tenha direito à remuneração do RSR, é necessário que o seu horário de
trabalho na semana anterior seja integralmente cumprido, sem faltas, atrasos ou saídas durante o expe-
diente, desde que tenham ocorrido sem motivo justificado ou em virtude de punição disciplinar.
“Semana anterior” corresponde ao período de segunda-feira a domingo anterior à semana em que
recair o dia de repouso.
Esse entendimento, contudo, não é pacífico, pois existe corrente que entende por “semana ante-
rior” aquela que inclui o repouso da semana em que ocorreu a falta.
SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19
20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30
Guia de Cálculos Trabalhistas 115
1º entendimento:
2º entendimento
Todavia, entre outras, as ausências a seguir são legais e não prejudicam a remuneração do RSR:
III - por 5 dias, enquanto não for fixado outro prazo em lei, como licença-paternidade
IV - por 1 dia, em cada 12 meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente
comprovada;
V - até 2 dias consecutivos ou não, para fins de alistamento eleitoral, nos termos da lei respectiva;
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na Lei
nº 4.375/1964, art. 65, “c” (Lei do Serviço Militar);
VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingres-
so em estabelecimento de ensino superior;
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver de comparecer a juízo;
IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sin-
dical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro;
X - até 2 dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período
de gravidez de sua esposa ou companheira;
XI - por 1 dia por ano para acompanhar filho de até 6 anos em consulta médica;
XIII - justificadas pela empresa, assim entendidas as que não tiverem determinado o desconto do
correspondente salário;
XIV - durante a suspensão preventiva para responder a inquérito administrativo ou de prisão pre-
ventiva, quando for impronunciado ou absolvido;
XVIII - afastamento por doença ou acidente do trabalho, nos 15 primeiros dias pagos pela empresa
mediante comprovação, observada a legislação previdenciária;
XX - greve, desde que tenha havido acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do
Trabalho que disponha sobre a manutenção dos direitos trabalhistas aos grevistas durante a paralisação
das atividades;
XXII - para o(a) professor(a), por 9 dias, em consequência de casamento ou falecimento de cônju-
ge, pai, mãe ou filho;
XXIII - dos representantes dos trabalhadores em atividade, decorrentes das atuações do Conselho
Nacional de Previdência Social (CNPS), as quais são computadas como jornada efetivamente trabalha-
da para todos os fins e efeitos legais;
XXIV - período de férias, que, inclusive, é computado para todos os efeitos como tempo de serviço;
XXV - dos representantes dos trabalhadores no Conselho Curador do FGTS, decorrentes das ativi-
dades desse órgão, serão abonadas, computando-se como jornada efetivamente trabalhada para todos
os fins e efeitos legais;
XXVI - o período de afastamento do representante dos empregados quando convocado para atuar
como conciliador nas Comissões de Conciliação Prévia, sendo computado como tempo de trabalho
efetivo o despendido nessa atividade;
XXVIII - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo, 6
consultas médicas e demais exames complementares durante a gravidez;
XXXI - até 3 dias (em cada 12 meses de trabalho) para realização de exames preventivos de câncer
devidamente comprovada;
XXXII - outros motivos previstos em acordo, convenção ou dissídio coletivo de trabalho da entida-
de sindical representativa da categoria profissional.
Há corrente jurisprudencial que entende que o mensalista e o quinzenalista não estão sujeitos à
assiduidade para fazer jus ao repouso remunerado, ou seja, ainda que faltem ao trabalho sem justifica-
tiva legal, desconta-se somente o valor correspondente ao dia da falta, visto os dias de repouso serem
considerados já remunerados.
Corrente contrária entende que os requisitos para a concessão do RSR, assiduidade e pontualida-
de, se aplicam a todos os empregados, mensalistas ou não, sob pena de ferir o princípio da igualdade.
Guia de Cálculos Trabalhistas 117
Exemplo
Considerando um empregado mensalista que em um mês de 30 dias tenha faltado injustificadamente ao serviço
por 1 dia e, com salário mensal de R$ 2.220,00, temos:
1ª corrente de entendimento que defende que o mensalista não está sujeito à assiduidade para fazer jus ao RSR.
- salário mensal = R$ 2.220,00
- salário/dia = R$ 74,00 (R$ 2.220,00 ÷ 30)
- desconto do dia da falta = R$ 74,00
- remuneração mensal devida = R$ 2.146,00 (R$ 2.220,00 - R$ 74,00)
Observe-se que, neste exemplo, em virtude do entendimento desta corrente, o dia do repouso relativo à semana
da falta não foi descontado.
2ª corrente de entendimento que defende que o mensalista está sujeito à assiduidade para fazer jus ao RSR.
- salário mensal = R$ 2.220,00
- salário/dia = R$ 74,00 (R$ 2.220,00 ÷ 30)
- desconto do dia da falta = R$ 74,00
- desconto do repouso relativo à semana da falta = R$ 74,00
- desconto total = R$ 148,00 (R$ 74,00 + R$ 74,00)
- remuneração mensal devida = R$ 2.072,00 (R$ 2.220,00 - R$ 148,00)
Observe-se que, neste exemplo, em virtude do entendimento desta 2ª corrente, foi descontado tanto o dia da
falta como o RSR correspondente.
EXEMPLO
4ª feira 7h20min
5ª feira 7h20min
6ª feira 7h20min
Sábado 7h20min
Domingo 7h20min
Total 44h
118 Guia de Cálculos Trabalhistas
Dicas do eSocial
As informações relativas ao Repouso Semanal Remunerado serão lançadas no eSocial observando os códigos do even-
to S-1010 - Tabela de Rubricas, a qual será utilizada para validação do evento de Remuneração dos Trabalhadores.
Na simplificação do eSocial, a ser implantada em futuro próximo, está previsto que será criada uma tabela de rubrica
padrão com as incidências aplicáveis em cada uma. Se a empresa adotar a tabela padrão ficará dispensada de enviar
o evento S-1010 - Tabela de Rubricas.
CAPÍTULO V
FÉRIAS INDIVIDUAIS
Todo empregado tem direito, anualmente, ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remu-
neração. A finalidade básica das férias é a recuperação das forças gastas pelo trabalhador no decurso
de cada ano de serviços prestados ao mesmo empregador.
Assim, após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado tem
direito a férias na seguinte proporção.
30 Até 5
24 de 6 a 14
18 de 15 a 23
12 de 24 a 32
Os empregados contratados pelo regime de tempo parcial, ou seja, aquele cuja duração não exce-
da a 30 horas semanais, sem possibilidade de horas suplementares ou aquele cuja duração não exceda
26 horas semanais com possibilidade de até 6 horas suplementares semanais, também têm direito a 30,
24, 18 ou 12 dias de férias, conforme o número de faltas injustificadas no período aquisitivo respectivo.
Conclui-se que mais de 32 faltas injustificadas no curso do período aquisitivo implicam, para o
empregado, a perda do direito às férias correspondentes.
Cumpre observar, portanto, que, para fins do cálculo do período de férias a que o empregado terá
direito, não poderá o empregador descontar diretamente as faltas do empregado ao serviço. Deve, para
tanto, cumprir a escala proporcional de férias anteriormente mencionada.
Lembre-se de que a Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram
desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à CLT para determinar, entre outras disposições, que constitui
objeto ilícito de documentos coletivos de trabalho (acordo e convenção) a supressão ou redução do
número de dias de férias devidas ao empregado, bem como do gozo de férias anuais remuneradas com
pelo menos um terço a mais do que o salário normal.
Uma vez justificada pela lei ou abonada por mera liberalidade do empregador (ambas não sujeitas
a desconto na remuneração), a falta não deve ser computada para efeito de reduzir o gozo das férias,
sendo, pois, ilegal qualquer acordo entre empregado e empregador para desconto de falta nas férias,
bem como o acordo firmado para que sejam “descontados” das férias os dias relativos a “pontes en-
tre feriados” em que não tenha havido expediente na empresa, como por exemplo, compensação das
120 Guia de Cálculos Trabalhistas
sextas e das segundas-feiras que, respectivamente, sucedem e antecedem os feriados das quintas e
terças-feiras.
Importante
Lembre-se de que a Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acres-
ceu o art. 611-A à CLT para determinar, entre outras disposições, que os documentos coletivos de trabalho (acordo e
convenção) têm prevalência sobre a lei, quando dispuserem, entre outros, sobre a troca do dia de feriado.
Assim, o mencionado documento deverá ser consultado a fim de verificar a existência de determinação sobre a mudan-
ça do dia comemorativo do feriado. Em caso positivo, valerão as disposições do documento coletivo.
Não se consideram faltas ao serviço para fins de apuração do direito às férias, entre outras:
XVIII - afastamento por doença ou acidente do trabalho, nos 15 primeiros dias pagos pela empresa
mediante comprovação, observada a legislação previdenciária;
Guia de Cálculos Trabalhistas 121
XX - greve, desde que tenha havido acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do
Trabalho que disponha sobre a manutenção dos direitos trabalhistas aos grevistas durante a paralisação
das atividades;
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à
CLT para determinar, entre outras disposições, que constitui objeto ilícito de documentos coletivos de trabalho (acordo
e convenção) a supressão ou redução:
a) do direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses
que devam por meio dele defender;
b) definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessi-
dades inadiáveis da comunidade em caso de greve.
XXII - para o(a) professor(a), por 9 dias, em consequência de casamento ou falecimento de cônju-
ge, pai, mãe ou filho;
XXIII - dos representantes dos trabalhadores em atividade, decorrentes das atuações do Conselho
Nacional de Previdência Social (CNPS), as quais são computadas como jornada efetivamente trabalha-
da para todos os fins e efeitos legais;
XXIV - período de férias, que, inclusive, é computado para todos os efeitos como tempo de serviço;
XXV - dos representantes dos trabalhadores no Conselho Curador do FGTS, decorrentes das ativi-
dades desse órgão, serão abonadas, computando-se como jornada efetivamente trabalhada para todos
os fins e efeitos legais;
XXVI - o período de afastamento do representante dos empregados quando convocado para atuar
como conciliador nas Comissões de Conciliação Prévia, sendo computado como tempo de trabalho
efetivo o despendido nessa atividade;
XXVIII - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo,
6 consultas médicas e demais exames complementares durante a gravidez;
XXIX - por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade atestados pelo INSS, salvo se o bene-
fício perdurar por mais de 6 meses, ainda que descontínuos, dentro de um mesmo período aquisitivo,
hipótese em que o empregado não tem direito às férias;
XXX - nos dias em que não tenha havido serviço, exceto se o empregado deixar de trabalhar por
mais de 30 dias com percepção de salário no curso do período aquisitivo em virtude de paralisação par-
cial ou total dos serviços de empresas, caso em que não faz jus às férias;
XXXI - até 3 dias (em cada 12 meses de trabalho) para a realização de exames preventivos de cân-
cer devidamente comprovada;
XXXII - outros motivos previstos em acordo, convenção ou dissídio coletivo de trabalho da entida-
de sindical representativa da categoria profissional.
122 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplo
Empregado admitido em 02.01.2014.
Períodos aquisitivos de férias:
1º) 02.01.2014 a 1º.01.2015
2º) 02.01.2015 a 1º.01.2016
3º) 02.01.2016 a .1º.01.2017
4º) 02.01.2017 a .1º.01.2018
5º) 02.01.2018 a 1º.01.2019
6º) 02.01.2019 a 1º.01.2020
7º) 02.01.2020 a .... (período ainda em curso que se completará em 1º.01.2021, caso não ocorra afastamentos do
trabalho que interfira na contagem de férias.
Período concessivo
Vencido o período aquisitivo, o empregador tem o prazo de 12 meses a contar de então, para con-
ceder as férias ao empregado. Entretanto, a época de concessão das férias deve atender tanto ao inte-
resse do empregador como ao do empregado, ou seja, a ocasião em que as férias serão gozadas será
determinada pelo empregador, após consulta ao empregado, levando-se em conta as necessidades do
trabalho e as possibilidades de repouso e diversão do empregado.
Dessa forma, constata-se que não pode o empregador, unilateralmente, decidir sobre a época em
que o seu empregado gozará as férias, sendo necessário, para tanto, analisar não só as necessidades
da empresa, mas também o interesse do empregado no que se relaciona ao seu repouso e diversão;
portanto, o período de gozo de férias deve ser decidido em comum acordo.
É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de Repouso Se-
manal Remunerado. Por exemplo, se ocorrer um feriado na quarta-feira, o empregado não poderá entrar
em férias na segunda feira antecedente.
Exemplo
Empregado admitido em 02.01.2014.
Períodos aquisitivos de férias Período concessivo de férias
1º) 02.01.2014 a 1º.01.2015 02.01.2015 a 1º.01.2016
2º) 02.01.2015 a 1º.01.2016 02.01.2016 a 1º.01.2017
3º) 02.01.2016 a 1º.01.2017 02.01.2017 a 1º.01.2018
4º) 02.01.2017 a 1º.01.2018 02.01.2018 a 1º.01.2019
5º) 02.01.2018 a 1º.01.2019 02.01.2019 a 1º.01.2020
6º) 02.01.2019 a 1º.01.2020 02.01.2020 a 1º.01.2021
Guia de Cálculos Trabalhistas 123
a) o empregado estudante, menor de 18 anos de idade, tem o direito de fazer coincidir suas férias
com o período de suas férias escolares;
b) as férias dos trabalhadores aprendizes devem coincidir, preferencialmente, com as férias es-
colares, sendo vedado ao empregador fixar período diverso daquele definido no programa de
aprendizagem;
c) os membros de uma família, que trabalham no mesmo estabelecimento ou empresa, têm direi-
to a gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem e se deste fato não resultar prejuízo
para o serviço.
FRACIONAMENTO
Reza a CLT que, desde que haja concordância do empregado, independentemente de sua idade,
as férias poderão ser usufruídas em até 3 períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a 14 dias
corridos e os demais não poderão ser inferiores a 5 dias corridos, cada um.
PERDA DO DIREITO
b) deixar de trabalhar, com percepção de salário, por mais de 30 dias em virtude de paralisação
parcial ou total dos serviços da empresa; e
Nota
O item 2, do art. 6º, da Convenção OIT nº 132 dispõe que, em condições a serem determinadas pela autoridade compe-
tente ou pelo órgão apropriado de cada país, os períodos de incapacidade para o trabalho resultantes de doença ou de
acidentes não poderão ser computados como parte do período mínimo de férias anuais remuneradas previsto no § 3º do
art. 3º da mencionada Convenção. Portanto, entende-se que esta determinação fica na dependência de norma legal que
a regulamente.
Nestes casos, anota-se a interrupção da prestação de serviços na Carteira de Trabalho. Em consequência, inicia-se o
decurso de novo período aquisitivo quando o empregado, após o implemento de qualquer das condições previstas neste
tópico, retornar ao serviço.
LICENÇA REMUNERADA
A licença remunerada, não é disciplinada pela legislação trabalhista, ficando a critério do empre-
gador sua concessão ou não ao empregado. Quando concedida acarreta a interrupção do contrato de
trabalho.
Assim, caso haja concessão da citada licença no curso do período aquisitivo por mais de 30 dias,
o empregado perde o direito às férias do respectivo período.
Lembra-se que, caso a licença, embora superior a 30 dias, recaia em períodos aquisitivos distintos,
de tal forma que em nenhum deles ultrapasse a 30 dias, não haverá a perda do direito às férias.
124 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplos
a) licença remunerada de 31 dias dentro do mesmo período aquisitivo (perda do direito a férias)
b) licença remunerada de 44 dias em aquisitivos distintos (manutenção do direito a férias)
- Licença total = 44 dias (16.02 a 31.03.2018), porém em períodos aquisitivos distintos, assegurando a manutenção
das férias de ambos os períodos, visto que, em nenhum deles o período de licença ultrapassou a 30 dias.
c) licença remunerada de 56 dias (manutenção e perda do direito a férias em períodos aquisitivos distintos)
- Manutenção do direito a férias: aquisitivo de 08.07.2017 a 07.07.2018 (16 dias de licença remunerada);
- Perda do direito a férias: aquisitivo de 08.07.2018 a 07.07.2019 (40 dias de licença).
Assim como a licença remunerada, a licença não remunerada não é prevista em lei, podendo ser
concedida ou não pelo empregador, a pedido do empregado. Sua concessão, entretanto, acarreta a
suspensão temporária de todos os efeitos do contrato de trabalho.
Independentemente do seu tempo de duração, não ocasiona a perda do direito a férias, mas so-
mente suspende a contagem do período aquisitivo, cujo tempo de serviço deve ser complementado
pelo empregado quando de seu retorno ao trabalho, com o cumprimento do período aquisitivo que
ficou suspenso.
Observar que, a partir do dia seguinte ao término do cumprimento do aquisitivo restante, inicia-se
a contagem de novo período aquisitivo.
Suspensão contratual
3 meses 9 meses
92 dias
A soma dos 3 meses anteriores à licença com os 9 meses após a licença, totalizam o período
aquisitivo de 12 meses.
Prestações por doença ou acidente superiores a 6 meses, ainda que descontínuos, no mesmo
período aquisitivo
O afastamento por motivo de doença ou acidente, com recebimento de benefício pelo INSS, du-
rante mais de 6 meses, no mesmo aquisitivo ainda que descontínuos, implica a perda do direito às férias
correspondentes.
Exemplos
a) empregado admitido em 06.01.2019 afastou-se por motivo de doença ou acidente no período de 1º.05.2019
(16º dia de afastamento) a 30.11.2019, retornando ao serviço em 1º.12.2019. Observa-se que o período aquisitivo
iniciado em 06.01.2019 foi interrompido pelo acidente ou doença durante 7 meses contínuos. Portanto, ao em-
pregado não são devidas férias, iniciando-se novo período aquisitivo em 1º.12.2019.
b) o período aquisitivo do empregado, iniciado em 06.01.2018, foi interrompido pelos períodos de afastamento
(doença ou acidente) seguintes:
- de 1º.02.2019 (16º dia de afastamento) a 30.04.2019 e retorno em 1º.05. 2019;
- de 1º.08.2019 a 30.11.2019 e retorno em 1º.12.2019.
Assim:
Observa-se que a soma dos dois períodos de afastamento no curso do mesmo período aquisitivo resultou em
7 meses.
Neste exemplo, o empregado não tem direito a férias relativas ao período aquisitivo de 06.01.2019 a 05.01.2020
por ter-se afastado durante 7 meses, embora descontínuos, no mesmo período aquisitivo.
a) empregado admitido em 08.01.2018 afastou-se por motivo de doença ou acidente no período de 08.07.2018
(16º dia de afastamento) a 07.07.2019, retornando em 08.07.2019.
Portanto, o empregado afastou-se por 12 meses, dos quais 6 recaíram no aquisitivo de 08.01.2018 a 07.01.2019
(08.07.2018 a 07.01.2019) e os outros 6 no aquisitivo de 08.01.2019 a 07.01.2020 (08.01.2019 a 07.07.2019).
Neste caso, o empregado tem direito a férias (30, 24, 18 ou 12 dias corridos, conforme a escala proporcional),
relativas a cada um dos períodos aquisitivos, embora tenha recebido prestações de benefícios por 12 meses.
O período de benefício por incapacidade temporária (auxílio-doença) não é considerado falta.
b) empregado admitido em 04.01.2018 afastou-se por motivo de doença ou acidente no período de 04.03.2018
(16º dia de afastamento) a 03.09.2019, retornando em 04.09.2019.
Logo, o empregado afastou-se por 18 meses, dos quais 10 recaíram no aquisitivo de 04.01.2018 a 03.01.2019
(04.03.2018 a 03.01.2019) e 8 meses no aquisitivo de 04.01.2019 a 03.01.2020 (04.01.2019 a 03.09.2019).
No caso, o empregado não faz jus a férias relativas a ambos os períodos aquisitivos, posto ter recebido presta-
ções de benefícios por período superior a 6 meses, em cada um, acarretando, portanto, o início da contagem de
novo período aquisitivo por ocasião de seu retorno em 04.09.2019.
O tempo de trabalho anterior à apresentação do empregado para prestar serviço militar obrigató-
rio computa-se no período aquisitivo, desde que ele compareça ao estabelecimento dentro do prazo de
90 dias da data em que se verificar a respectiva baixa.
Portanto, o período de afastamento não é computado para efeito de férias, sendo considerado
o período anteriormente trabalhado e complementado com o tempo que falta quando o empregado
retornar ao serviço.
126 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplos
a) empregado admitido em 1º.02.2018 se afastou para cumprimento do serviço militar obrigatório de 1º.01.2019 a
31.12.2019 e retornou ao trabalho em 19.01.2020 (dentro dos 90 dias após a baixa). Como trabalhou efetivamente
de 1º.02.2018 a 31.12.2018 (11 meses), deverá trabalhar mais 1 mês de 19.01.2020 a 18.02.2020, completando, por-
tanto, 1 período aquisitivo de férias.
b) empregado admitido em 1º.02.2018 se afastou para cumprimento do serviço militar obrigatório de 1º.01.2019 a
31.12.2019 e retorna ao trabalho em 25.04.2020 (vencido o prazo de 90 dias após a baixa). Embora o empregado
tenha efetivamente trabalhado de 1º.02.2018 a 31.12.2018 (11 meses), não se cogitará da complementação de 1
mês do período aquisitivo de férias, pois houve perda das férias em virtude de o retorno ao serviço ter ocorrido
em 25.04.2020 (após 90 dias da data da baixa no serviço militar).
ABONO PECUNIÁRIO
É facultado ao empregado, converter 1/3 do período de férias a que tiver direito em abono pecu-
niário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes.
Assim, conforme o número de dias corridos de férias a que faz jus, o empregado pode pleitear a
conversão e o pagamento do abono pecuniário na seguinte proporção:
8 16 24 dias - de 6 a 14 faltas
6 12 18 dias - de 15 a 23 faltas
4 8 12 dias - de 24 a 32 faltas
Embora a CLT fixe em 1/3 o limite do abono pecuniário, há quem admita ser possível a conversão
inferior a esse limite, mediante acordo entre empregado e empregador, pois, no caso, se amplia o perío-
do de gozo atendendo à finalidade principal das férias, ou seja, o descanso. Todavia, é ilegal aumentar o
período de abono pecuniário para reduzir as férias além do terço permitido.
O abono deve ser requerido pelo empregado, até 15 dias antes do término do período aquisitivo.
Se for requerido após o citado prazo, a concessão ou não do abono fica a critério exclusivo do empre-
gador.
Conforme vimos, a CLT determina que, com a concordância do empregado, as suas férias podem
ser fracionadas em até 3 períodos, sendo que um deles não pode ser inferior a 14 dias e os dois restantes
não podem ser inferiores a 5 dias.
A Convenção nº 132 da OIT determina que, excetuada previsão em contrário contida em acordo,
um dos períodos das férias fracionadas não poderá ser inferior a 14 dias.
Guia de Cálculos Trabalhistas 127
Assim, conclui-se que, ao fixar a possibilidade de fracionamento das férias em 3 períodos, o legis-
lador entendeu que o gozo de 24 dias de férias ao ano, considerando os 3 períodos (14+5+5), é o tempo
necessário para que o trabalhador se restabeleça física e mentalmente do desgaste provocado pelo ano
de trabalho transcorrido.
Dessa forma, considerando que o legislador, ao fixar o período de férias, buscou privilegiar o des-
canso e a higidez do trabalhador, entendemos que, em havendo o fracionamento das férias, atendidos
os requisitos legais já mencionados, o empregado poderá usar da faculdade legal que lhe é atribuída e
converter até 1/3 de suas férias individuais em abono pecuniário, desde que observe os períodos mínimos
de gozo.
Exemplos
a) empregado com direito a 30 dias de férias solicita o fracionamento das férias em 2 períodos
de 15 dias cada um. Goza o primeiro período e, quando da concessão do 2º período, solicita
a conversão de 10 dias em abono pecuniário. Assim temos:
b) empregado com direito a 30 dias de férias solicita o seu fracionamento em dois períodos:
um de 20 dias e o outro de 10 dias. Goza os 20 dias de férias relativos ao primeiro período e,
na concessão do 2º período, solicita a conversão de parte das férias em abono pecuniário;
Observe-se que, neste exemplo, somente foi possível converter 5 dias em abono, a fim de observar o período
mínimo de gozo de 5 dias estabelecido pela lei.
c) empregado com direito a 30 dias de férias solicita o seu fracionamento em 3 períodos (14,
9 e 7 dias). Goza o primeiro período e, quando da concessão do 2º e 3º períodos, solicita a
conversão de parte das férias em abono pecuniário.
Exemplos
a) mensalista - empregado que faz jus a 30 dias de férias e aufere um salário mensal de R$ 1.500,00, goza férias
em dois períodos de 15 dias cada um e opta pela conversão de 10 dias do segundo período de férias a que tem
direito em abono pecuniário, tem-se:
- 1º período de 15 dias já integralmente gozados.
- 2º período concedido em um mês de 30 dias
Base de cálculo = remuneração mensal (R$ 1.500,00).
- Direito ao período restante de férias = 15 dias
- Abono pecuniário - 10 dias
Gozo de férias - 5 dias
Remuneração das férias
- dias de férias = R$ 1.500,00 × 5 ÷ 30.......................................................................................R$ ....250,00
- adicional de 1/3 CF/1988 = R$ 250,00 ÷ 3.. ........................................................................... R$.......83,33
- Remuneração do abono
- 10 dias de abono pecuniário = R$ 1.500,00 × 10 ÷ 30.................................................................= R$ 500,00
- adicional de 1/3 CF/1988 = R$ 500,00 × 10 ÷ 30............................................................................= R$ 166,67
Valor total = (férias + abono) => R$ 333,33 + R$ 666,67..............................................................= R$ 1.000,00
Observar que, além da remuneração mencionada, o empregado tem direito a receber o saldo de salário
normal (sem o acréscimo de 1/3) relativo aos 10 dias que trabalhar do período de férias convertido em abono
pecuniário.
130 Guia de Cálculos Trabalhistas
Assim, na folha de pagamento para um mês de 30 dias, por exemplo (férias de 1 a 5 e abono de 6 a 15), devem
constar, entre outros elementos:
- 5 dias de férias.............................................................................................................................................= R$ 250,00
- adicional de 1/3 sobre férias..................................................................................................................= R$ 83,33
- 10 dias de abono pecuniário.................................................................................................................= R$ 500,00 +
- adicional de 1/3 sobre abono pecuniário........................................................................................= R$ 166,67
- 15 dias de saldo de salário......................................................................................................................= R$ 750,00
Total.....................................................................................................................................................................= R$ 1.750,00
b) diarista (base de 30 dias por mês):
Empregado percebe um salário/dia de R$ 36,00, teve 4 faltas injustificadas no curso do período aquisitivo (30 dias
de férias) e opta pelo gozo das férias em 3 períodos (1º de 14 dias, e os outros dois de 8 dias cada um), solicita que,
nos dois períodos restantes, parte das férias seja convertida em abono pecuniário.
Neste caso, considerando que o período mínimo de gozo em cada um dos dois períodos restantes de férias é de
5 dias, somente 3 dias em cada período podem ser convertidos em abono. Considerando que os 3 períodos de
férias sejam concedidos em meses de 30 dias, tem-se:
- Remuneração de férias
1º período
- dias de férias 14 = R$ 36,00 × 30 ÷ 30 × 14 =................................................................................................................. R$ 504,00
- terço constitucional sobre férias R$ 504,00 ÷ 3 =..................................................................................................... R$ 168,00
Total relativo ao 1º período de férias (R$ 504,00 + R$ 168,00)=.............................................................................. R$ 672,00
2º período de férias
dias de férias 5 = R$ 36,00 × 30 ÷ 30 × 5 =....................................................................................................................... R$ 180,00
- terço constitucional sobre férias R$ 180,00 ÷ 3 =...................................................................................................... R$ 60,00
Total férias....................................................................................................................................................................................... R$ 240,00
Abono pecuniário - 3 dias = R$ 36,00 × 30 ÷ 30 × 3..................................................................................................... R$ 108,00
- Terço constitucional sobre o abono - R$ 108,00 ÷ 3................................................................................................. R$ 36,00
Total abono..................................................................................................................................................................................... R$ 144,00
Total geral relativo ao 2º período de férias (R$ 240,00 + R$ 144,00) =.................................................................. R$ 384,00
3º período de férias
dias de férias - 5 = R$ 36,00 × 30 ÷ 30 × 5 =..................................................................................................................... R$ 180,00
- terço constitucional sobre férias R$ 180,00 ÷ 3 =...................................................................................................... R$ 60,00
Total férias....................................................................................................................................................................................... R$ 240,00
Abono pecuniário 3 dias = R$ 36,00 × 30 ÷ 30 × 3....................................................................................................... R$ 108,00
- terço constitucional sobre o abono (R$ 108,00 ÷ 3)................................................................................................. R$ 36,00
Total abono..................................................................................................................................................................................... R$ 144,00
Total geral relativo ao 3º período de férias (R$ 240,00 + R$ 144,00) =................................................................. R$ 384,00
Guia de Cálculos Trabalhistas 131
Ocorrendo reajuste salarial durante o período de conversão das férias em abono pecuniário, cujo
período foi previamente fixado pelo empregador, deve-se pagar as diferenças salariais existentes, visto
que a remuneração deve corresponder àquela que seria devida nos dias correspondentes.
O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração que lhe for devida na data da sua con-
cessão.
As férias são pagas em número de dias. Desta forma, deve-se, primeiramente, encontrar a remu-
neração diária, qualquer que seja a forma de pagamento, observando-se os cálculos a seguir descritos:
Exemplos
a) Mês de 28 dias
TOTAL DA REMUNERAÇÃO
REMUNE-
REMUNERA- REMUNE- DE MARÇO SALDO
INÍCIO TÉRMINO RAÇÃO
ÇÃO DIÁRIA RAÇÃO DE (SEM FALTAS
MENSAL
FÉRIAS INJUSTIFICADAS)
Fevereiro Março Fevereiro Março Março
R$ 53,57 R$ 48,39 R$ 1.500,00 R$ 96,78
R$ 1.403,31
1º.02 02.03 R$ 1.500,00 (R$ 1.500,00 ÷ (R$ 1.500,00 ÷ (28 × R$ 53,57) + 1/3 (2 × R$ 48,39)
(29 × R$ 48,39)
28) 31) CF/1988 + 1/3 CF/1988
Período
Férias
posterior
Na hipótese de ter havido opção pelo gozo de férias em um só período e por abono pecuniário de 10 dias, no
{
caso de 1º a 10.02 por exemplo, tem-se:
- abono pecuniário (10 dias) = 10 × R$ 48,39................................................................R$ 483,90
1/3 da CF........................................................................R$ 161,30 +
{
soma................................................................................R$ 645,20
b) Mês de 29 dias
Remuneração diária = Remuneração mensal ÷ 29
(quadro demonstrativo de gozo de férias de 30 dias)
REMUNE- REMUNE-
RAÇÃO DE RAÇÃO DE
TOTAL DA
FEVEREIRO/ REMUNE- REMUNE- MARÇO/
REMUNE-
SALDO (SEM INÍCIO TÉRMINO RAÇÃO RAÇÃO SALDO (SEM
RAÇÃO DE
FALTAS MENSAL DIÁRIA FALTAS
FÉRIAS
INJUSTIFICA- INJUSTIFICA-
DAS) DAS)
Fevereiro Março Fevereiro Março Março
R$ 744,80 R$ 37,24 R$ 34,84 R$ 446,88 R$ 975,52
21.02 21.03 R$ 1.080,00 R$ 348,40
(20 × R$ 37,24) (R$ 1.080,00 (R$ 1.080,00 (9 × R$ 37,24) + (21 × R$ 34,84)
(10 × R$ 34,84)
÷ 29) ÷ 31) 1/3 CF/1988 + 1/3 CF/1988
Período Período
Férias
anterior posterior
Na hipótese de ter havido opção pelo gozo de férias em um só período e por abono pecuniário de 10 dias, no
caso de 12 a 21.03, por exemplo, tem-se:
{
- abono pecuniário (10 dias) = 10 × R$ 34,84................................................................R$
1/3 CF..............................................................................R$
soma................................................................................R$
348,40
116,13 +
464,53
{
- férias (descanso) 11.02 a 02.03 = 9 × R$ 37,24...................................................................R$ 335,16
1/3 CF..............................................................................R$ 111,72 +
11 dias × R$ 34,84.......................................................R$ 383,24
1/3 CF..............................................................................R$ 127,75
soma................................................................................R$ 957,87
c) Mês de 30 dias
Exemplo de férias gozadas em período único e com abono pecuniário (de 6 a 14 faltas injustificadas) = (16 dias
de férias e 8 de abono)
- remuneração = R$ 1.200,00
- remuneração diária = R$ 1.200,00 ÷ 30 = R$ 40,00
- férias de 16 dias = R$ 40,00 × 16 = R$ 640,00
- 1/3 da CF/1988 = R$ 640,00 ÷ 3 = R$ 213,33
- total de férias + 1/3 da CF/1988 = R$ 640,00 + R$ 213,33 = R$ 853,33 (valor bruto)
- abono de 8 dias = R$ 40,00 × 8 = R$ 320,00
- 1/3 da CF/1988 = R$ 320,00 ÷ 3 = R$ 106,67
- total do abono pecuniário + 1/3 da CF/1988 = R$ 320,00 + R$ 106,67 = R$ 426,67 (valor bruto)
- total bruto de férias + abono pecuniário = R$ 853,33 + R$ 426,67 = R$ 1.280,00
Remuneração diária = Remuneração mensal ÷ 30 (Férias sem abono)
(quadro demonstrativo de gozo de férias de 30 dias)
REMUNERAÇÃO REMUNERAÇÃO DIÁRIA DE
INÍCIO TÉRMINO REMUNERAÇÃO DE FÉRIAS + 1/3 CF/1988
MENSAL FÉRIAS
1º.04 30.04 R$ 1.500,00 R$ 2.000,00 = R$ 1.500,00 + (1/3 de R$ 1.500,00) R$ 66,67 (R$ 2.000,00 ÷ 30)
Guia de Cálculos Trabalhistas 133
d) Mês de 31 dias
Remuneração diária = Remuneração mensal ÷ 31 Férias sem abono
(quadro demonstrativo de gozo de férias de 30 dias)
REMUNE- REMUNERAÇÃO
REMUNERAÇÃO DIA 31.03 - EMPREGADO
INÍCIO TÉRMINO RAÇÃO DE FÉRIAS + 1/3
DIÁRIA SE:
MENSAL CF/1988
R$ 2.000,00 Falta injustificadamente Trabalha
R$ 50,00
1º.03 30.03 R$ 1.550,00 (R$ 50,00 × 30) + recebe + R$ 50,00
(R$ 1.550,00 ÷ 31) nada recebe
1/3 CF/1988 como saldo de salário
Férias Período posterior
Exemplos
Nos exemplos “a” a “f” adiante, foram utilizadas as alíquotas de desconto previdenciário em função da remunera-
ção global nos meses a que se referem (salário + férias + acréscimo constitucional de 1/3 sobre férias).
As alíquotas estão de acordo com a tabela de desconto da contribuição previdenciária vigente para efeito de
pagamento de remuneração a partir de 1º.03.2020 nos termos da Emenda Constitucional nº 103 e na Portaria
SEPRT nº 3.659/2020.
A Emenda Constitucional nº 103/2019 estabeleceu em seu art. 28 que até que lei altere as alíquotas de contribui-
ção previdenciária dos empregados, as alíquotas previstas em seu caput (7,5%, 9%, 12% e 14%) serão aplicadas
de forma progressiva sobre o salário de contribuição, incidindo cada alíquota sobre a faixa de valores com-
preendida nos respectivos limites. A Portaria SEPRT nº 3.659/2020, divulgou a seguinte tabela de contribuição
previdenciária de empregados, domésticos e avulsos, válida a partir de 1º.03.2020. Portanto, os cálculos a seguir
observam a mencionada tabela.
b) empregado com salário mensal de R$ 6.500,00 (acima do teto máximo de contribuição), temos:
ALIQUOTAS VALOR DA
FAIXAS SALARIAIS (R$) CÁLCULO
(%) CONTRIBUIÇÃO (R$)
até 1.045,00 7,5% 7,5% de R$ 1.045,00 78,37
de 1.045,01 até 2.089,60 9% 9% de R$ 1.044,60, ou seja, R$ 2.089,60 menos R$ 1.045,00 94,01
de 2.089,61 até 3.134,40 12% 12% de R$ 1.044,80, ou seja, R$ 3.134,40 menos R$ 2.089,60 125,37
de 3.134,41 até 6.101,06 14% 14% de R$ 2.966,66, ou seja R$ 6.101,06 menos R$ 3.134,40 415,33
CONTRIBUIÇÃO TOTAL 713,08
Atenção:
Os cálculos das contribuições previdenciárias foram efetuados considerando duas casas decimais sem qual-
quer arredondamento, posto que até o momento, não há dispositivo legal determinando arredondamento de
valores de contribuição apurados em cada faixa salarial.
Contribuição total = R$ 713,08
Exemplos de Cálculo de Férias
a) mensalistas
Remuneração mensal vigente no mês da concessão das férias, acrescidas de 1/3 da CF/1988.
Remuneração do empregado com mais de 1 ano de serviço e salário mensal de R$ 1.209,00, ao receber 30 dias
de férias em março/2020:
- salário mensal.................................. R$ 1.209,00
- salário/dia........................................... (R$ 1.209,00 ÷ 31) = R$ 39,00
- remuneração..................................... R$ 39,00 × 30 = R$ 1.170,00
- acréscimo de 1/3 da CF/1988 (R$ 1.170,00 ÷ 3) = R$ 390,00
- total de férias + 1/3 da CF/1988 = (R$ 1.170,00 + R$ 390,00).............= R$ 1.560,00
- Contribuição previdenciária..........................................................................- R$ 124,72
- líquido...................................................................................................................... R$ 1.435,28
IRRF: isento
b) horistas
Remuneração horária vigente no mês da concessão das férias, multiplicada pelo número de horas de férias a
que o empregado fizer jus, acrescida de 1/3.
Supondo um horista (base de 220 h/mês), com jornada diária de 7 horas e 20 minutos, e salário/hora de R$ 9,00,
que recebeu 30 dias de férias em março/2020:
- salário/hora........................................ R$ 9,00
- salário/dia........................................... R$ 9,00 × 7,333333............................. = R$ 66,00
- remuneração..................................... R$ 66,00 × 30....................................... = R$ 1.980,00
- acréscimo de 1/3 da CF/1988 (R$ 1.980,00 ÷ 3)...................................... R$ 660,00
- total de férias + 1/3 da CF/1988 (R$ 1.980,00 + R$ 660,00)............... = R$ 2.640,00
- Contribuição previdenciária.......................................................................... - R$ 238,42
líquido........................................................................................................................ R$ 2.401,58
- Retenção de Imposto de Renda Retido na Fonte
Considerando que o trabalhador não tenha dependente, temos:
Remuneração total de férias + 1/3................................................................. = R$ 2.640,00
Dedução de contribuição previdenciária.................................................. = R$ 238,42
Base cálculo do IRRF........................................................................................... = R$ 2.401,58
- alíquota de IRRF = 7,5%.................................................................................... = R$ 180,12
- parcela a deduzir................................................................................................ = R$ 142,80
Guia de Cálculos Trabalhistas 135
Junho/2019 R$ 1.200,00
Julho/2019 R$ 1.100,00
Agosto/2019 R$ 1.500,00
Setembro/2019 R$ 1.300,00
Outubro/2019 R$ 1.500,00
Novembro/2019 R$ 1.600,00
Dezembro/2019 R$ 1.300,00
Janeiro/2020 R$ 1.400,00
Fevereiro/2020 R$ 1.500,00
Março/2020 R$ 1.300,00
Abril/2020 R$ 2.000,00
Maio/2020 R$ 2.750,00
Total R$ 18.450,00
- média mensal:
- R$ 18.450,00 ÷ 12 = R$ 1.537,50
- remuneração de férias acrescida de 1/3 da CF/1988:
(R$ 1.537,50 + R$ 512,50 (1/3 de R$ 1.537,50)..............................................= R$ 2.050,00
- Contribuição previdenciária.........................................................................- R$ 168,82
- líquido...................................................................................................................... R$ 1.881,18
IRRF: isento
Sendo misto o salário, como comissões e fixo, por exemplo, à média do variável soma-se o fixo da época do afas-
tamento, para gozo das férias.
Atenção:
Os cálculos das contribuições previdenciárias foram efetuados considerando duas casas decimais sem qual-
quer arredondamento, posto que até o momento, não há dispositivo legal determinando arredondamento de
valores de contribuição apurados em cada faixa salarial.
Guia de Cálculos Trabalhistas 137
ADICIONAIS
Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso são computados no sa-
lário que serve de base de cálculo da remuneração das férias. Também sofrem acréscimos de 1/3 da
CF/1988 na remuneração total de férias.
Exemplo
- nº de horas extras no período aquisitivo: 396
- média mensal de horas extras: 396 ÷ 12 = 33
- salário/hora normal: R$ 5,00
- adicional da hora extra no período: 50%
- valor da hora extra: R$ 5,00 × 1,50 = R$ 7,50
- valor a ser integrado à base de cálculo das férias: 33 × R$ 7,50 = R$ 247,50
Quando, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo o mesmo adicional do
período aquisitivo, ou o valor deste não tiver sido uniforme, computa-se a média duodecimal recebida
naquele período, após a atualização das importâncias pagas, mediante incidência dos percentuais dos
reajustamentos salariais supervenientes.
Na hipótese de percepção de adicionais extraordinários variáveis (50%, 60%, 70%, 80%, 90%, 100%
etc.), deve-se fazer um cálculo separado para cada média.
Importante
Lembre-se que, nos termos da Súmula TST nº 347 o cálculo do valor das horas extras habituais, para efeito de reflexos em
verbas trabalhistas deve observar o número das horas efetivamente prestadas e sobre ele aplica-se o valor do salário/
hora da época do pagamento daquelas verbas.
Exemplo
Um empregado perfaz um total de 460 horas extras (HE) durante 12 meses do período aquisitivo de férias, das
quais, 215 HE a 50% por 4 meses e 245 HE a 75%, por 8 meses. O salário/hora normal do mês de férias é de R$ 6,00
a) HE a 50 %
- média mensal do nº de HE a 50% (215 ÷ 4)......................................................................... 53,75
- valor da HE com adicional de 50% (R$ 6,00 × 1,50)....................................................R$ 9,00
- valor da média do nº de HE prestadas a 50% (R$ 9,00 × 53,75)...........................R$ 483,75
- proporcionalidade: [(R$ 483,75 ÷ 12) × 4].....................................................................= R$ 161,24
b) HE a 75%
- média mensal do nº de HE a 75% (245 ÷ 8)......................................................................... 30,625
- valor da HE com adicional de 75% (R$ 6,00 × 1,75)................................................= R$ 10,50
- valor da média do nº de HE prestadas a 75% (R$ 10,50 × 30,625).......................R$ 321,56
- proporcionalidade: [(R$ 321,56 ÷ 12) × 8]..........................................................................R$ 214,40
Valor total de horas extras a ser integrado à base de cálculo de remuneração de férias:
(R$ 161,24 + R$ 214,40) = R$ 375,64
138 Guia de Cálculos Trabalhistas
No caso de adicionais que não variam, como, por exemplo, insalubridade (10%, 20% ou 40%, con-
forme o tipo de atividade desenvolvida) e periculosidade de 30%, integra-se o valor vigente à época de
concessão das férias, sem apurar qualquer média de importâncias anteriormente recebidas.
Exemplo
Supondo-se que um empregado diarista foi contratado para trabalhar às 2ªs, 4ªs e 6ªs feiras, com direito a 30 dias
de férias, que serão gozadas de 1º a 30.04.2020, percebe remuneração referente a férias de 12 dias, acrescido do
Descanso Semanal Remunerado (DSR), porque foi este o número de dias que trabalharia no citado mês, como
se verifica:
- salário/dia: R$ 36,00
- remuneração de férias:
- 12 dias (nºs de dias em que receberia salário se estivesse trabalhado) × R$ 36,00 = R$ 432,00
- 6 dias (DSR e feriado no período de 1º a 30.04.2020) Remuneração da semana R$ 36,00 × 3 = R$ 108,00 ÷ 6 (1/6
da remuneração semanal) × 6 = R$ 108,00
- total das férias (R$ 432,00 + R$ 108,00) = R$ 540,00
- adicional de 1/3 CF/1988 sobre férias (R$ 540,00 ÷ 3) = R$ 180,00
- remuneração total a pagar de férias: (R$ 540,00 + R$ 180,00).......= R$ 720,00
- contribuição previdenciária: .........................................................................= - R$ 54,00
- líquido...................................................................................................................... R$ 666,00
IRRF: isento
SALÁRIO-UTILIDADE
Computa-se na base de cálculo das férias a parte do salário paga em utilidades (por exemplo,
vestuário e outras prestações in natura), integrantes da remuneração. Contudo, as utilidades usufruídas
durante as férias (habitação, por exemplo) não são computadas, salvo para o cálculo do terço constitu-
cional de férias, o qual deverá ser apurado e pago separadamente.
Exemplo
Supondo um empregado com salário de R$ 2.000,00 e que receba moradia concedida pelo empregador cujo
valor de mercado de aluguel é de R$ 700,00 e goza férias no período de 1º a 30.04.2020.
Cálculo das férias:
- salário = R$ 2.000,00
- salário in natura (habitação) = R$ 700,00
- valor dos 30 dias de férias = R$ 2.000,00 (R$ 2.000,00 ÷ 30 × 30)
- valor de 1/3 sobre férias = R$ 900,00 (R$ 2.000,00 + R$ 700,00 = R$ 2.700,00 ÷ 3)
- Valor total das férias = R$ 2.900,00 (R$ 2.000,00 + R$ 900,00)
Observe-se que, neste exemplo, o valor da habitação (salário in natura) não compôs a base de cálculo dos dias de
férias, posto que, durante as férias, o empregado continua utilizando a moradia, contudo o valor foi considerado
para se encontrar a base de cálculo sobre a qual incide o terço constitucional.
Guia de Cálculos Trabalhistas 139
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alterou o art. 457 da
CLT para determinar que, mesmo quando pagas com habitualidade, não integram a remuneração do empregado,
não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e
previdenciário, entre outros, o auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro), a assistência médica ou odon-
tológica (própria ou conveniada) e o reembolso de despesas médico-hospitalares, com medicamentos, óculos, apare-
lhos ortopédicos, próteses, órteses e outras similares.
PAGAMENTO EM DOBRO
O empregado adquire direito à remuneração em dobro das férias quando o empregador não as
concede nos 12 meses subsequentes à aquisição do respectivo período, ou seja, quando não observa o
período concessivo.
O pagamento de férias em dobro tem, por conseguinte, caráter de penalidade, imposta ao empre-
gador que descumpre o prazo legal de concessão. Daí o gozo simples e a remuneração dobrada.
Logo, o empregado com direito a 30 dias corridos de férias faz jus à remuneração correspondente
a 60 dias, sem prejuízo do adicional de 1/3 da CF/1988. O gozo, contudo, corresponde a 30 dias.
Exemplo
Empregado admitido em 02.01.2016 e que nunca gozou férias. Temos:
Exemplo
Supondo um empregado admitido em 15.01.2018 e que teve suas primeiras férias de 30 dias concedidas no
período de 08.01 a 06.02.2020.
Assim, tem-se:
- 7 dias remunerados de forma simples (08 a 14.01.2020); e
- 23 dias remunerados em dobro (15.01 a 06.02.2020).
140 Guia de Cálculos Trabalhistas
ABONO PECUNIÁRIO
Na hipótese de férias devidas em dobro e tendo o empregado solicitado o abono pecuniário, este
também é devido em dobro. Vale dizer: a remuneração relativa a 10, 8, 6 ou 4 dias, conforme o caso, é
paga em dobro (20, 16, 12 ou 8 dias, respectivamente), sem prejuízo do acréscimo constitucional de 1/3.
Contudo, o empregado trabalha apenas o correspondente à metade, ou seja, 10, 8, 6 ou 4 dias, conforme
a hipótese.
REMUNERAÇÃO TOTAL DA
DIAS DE ABONO ABONO EM DIAS DE DESCANSO
EM DOBRO DOS DIAS REMUNERAÇÃO
FÉRIAS (SIMPLES) DOBRO (A) (SIMPLES)
DE DESCANSO (B) (A + B)
30 10 20 20 40 60 (30 em dobro)
24 8 16 16 32 48 (24 em dobro)
18 6 12 12 24 36 (18 em dobro)
12 4 8 8 16 24 (12 em dobro)
Lembra-se que o adiantamento da 1ª parcela, por ocasião das férias, somente é possível quando
estas são gozadas entre os meses de fevereiro e novembro.
A legislação trabalhista é silente quanto à forma de contagem dos dias que antecedem o gozo
das férias, não determinando expressamente se esses dias são úteis ou corridos, e as decisões judiciais
sobre o assunto são escassas.
Ante a omissão legal, entendemos, salvo melhor juízo, que, sendo o pagamento efetuado median-
te depósito em conta bancária e considerando ser a finalidade do pagamento antecipado das férias a
de prover o empregado com recursos econômicos necessários para que este as desfrute da melhor
forma possível, o referido pagamento deve ocorrer com a antecedência mínima de 2 dias úteis. Esse é o
posicionamento também adotado por boa parte dos doutrinadores.
Tendo havido opção pelo abono pecuniário, a legislação trabalhista é omissa quanto ao respecti-
vo período em que o empregado deva trabalhar, se antes ou depois do período fixado para o gozo das
férias. Nesse caso, entendemos ser possível a ocorrência de ambas as situações, ficando a critério do
empregador a sua fixação. O prazo de pagamento, no entanto, conforme entendemos, será de 2 dias
úteis antes do início do gozo, no mínimo, desde que o período de férias convertido em trabalho seja
posterior ao de descanso.
Tratando-se, contudo, de período de abono fixado pelo empregador antes do início do gozo das
férias, entendemos que o pagamento de ambos (férias e abono) deva ocorrer até 2 dias úteis antes do
início do respectivo período de abono.
PRESCRIÇÃO
É o modo pelo qual o direito de ação se extingue em consequência da falta do seu exercício, por
determinado lapso de tempo.
A prescrição não extingue o direito em si, mas o direito à ação que o protege. Logo, caso o devedor
pague o débito, ainda que decorrido o prazo prescricional, o pagamento é válido, não podendo pleitear
o respectivo reembolso, posteriormente.
O direito de ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, observa o prazo pres-
cricional de 5 anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a extinção do
contrato de trabalho.
Exemplos
a) prescrição do direito de reclamar a não concessão de férias na vigência do contrato de trabalho.
Período em que persistiu o direito de reclamar a concessão de férias 1º.08.2009 a 31.07.2014 (5 anos)
b) prescrição do direito de reclamar a não remuneração de férias por ocasião da rescisão do contrato de
trabalho
Período em que persistiu o direito de reclamar a remuneração das férias de 08.08.2009 a 07.08.2011 (2 anos após a res-
cisão contratual)
DEMONSTRATIVO
Férias vencidas
Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa (dispensa com ou sem justa
causa, culpa recíproca, aposentadoria, morte, etc.), assegura-se ao empregado a remuneração simples ou
em dobro, conforme o caso, correspondente ao período de férias vencidas cujo direito tenha adquirido.
Guia de Cálculos Trabalhistas 143
Férias proporcionais
Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa, exceto na demissão por justa
causa, tenha o contrato vigorado por mais ou menos de um ano, o empregado terá direito à remunera-
ção relativa ao período incompleto de férias (férias proporcionais), na proporção de 1/12 (um doze avos)
por mês de serviço ou fração superior a 14 dias.
Nestes casos, o empregado faz jus à remuneração relativa ao período incompleto de férias, na
proporção de 1/12 de 30, 24, 18 ou 12 dias, segundo as faltas injustificadas no período aquisitivo, por mês
de serviço ou fração igual ou superior a 15 dias, contados do início do período aquisitivo, e não dentro
do mês civil.
Exemplos
Considerando-se que a dispensa foi motivada pela empresa, sem justa causa; que o período
correspondente às férias proporcionais se estende de 08.06.2019 a 20.12.2019 (6 meses e 13 dias) e que
o empregado teve 5 faltas injustificadas, tem-se:
1/12 de R$ 1.500,00 = R$ 125,00 × 6 = R$ 750,00 +1/3 da CF/1988 (R$ 250,00) = R$ 1.000,00
Contagem:
Neste exemplo, caso o último dia do aviso prévio trabalhado recaísse em 22.12.2019, o empregado
faria jus a 7/12 (6 meses e mais a fração de 15 dias).
No caso de rescisão por justa causa o empregado não faz jus a férias proporcionais.
1/12 2,5 dias ou 18h20min 2 dias ou 14h40min 1,5 dia ou 11h 1 dia ou 7h20min
3/12 7,5 dias ou 55h 6 dias ou 44h 4,5 dias ou 33h 3 dias ou 22h
144 Guia de Cálculos Trabalhistas
5/12 12,5 dias ou 91h40min 10 dias ou 73h20min 7,5 dias ou 55h 5 dias ou 36h40min
7/12 17,5 dias ou 128h20min 14 dias ou 102h40min 10,5 dias ou 77h 7 dias ou 51h20min
9/12 22,5 dias ou 165h 18 dias ou 132h 13,5 dias ou 99h 9 dias ou 66h
11/12 27,5 dias ou 201h40min 22 dias ou 161h20min 16,5 dias ou 121h 11 dias ou 80h40min
1ª) Mais de 32 faltas injustificadas no período aquisitivo implicam, para o empregado, a perda das
férias correspondentes.
2ª) Remuneração em horas calculada com base na jornada mensal de 220 horas (44 semanais ÷
6 × 30), conforme CF/1988, art. 7º, inciso XIII.
Exemplos
Aplicação da tabela de férias proporcionais
a) empregado admitido em 05.10.2019 é dispensado sem justa causa e cumpre o último dia de aviso-prévio em
30.04.2020. Faltou, injustificadamente, ao serviço, nesse período, 10 vezes. Salário mensal vigente no mês de
rescisão: R$ 1.200,00.
- tempo de serviço: 6 meses e 26 dias (05.10.2019 a 30.04.2020)
- férias proporcionais: 7/12 de 24 = 14 dias
- remuneração diária:
R$ 40,00 (R$ 1.200,00 ÷ 30)
valor das férias proporcionais - R$ 560,00 (R$ 40,00 × 14)
acréscimo do terço constitucional - R$ 186,67 (R$ 560,00 ÷ 3)
Total bruto das férias proporcionais = R$ 746,67 (R$ 560,00 + R$ 186,67)
ou
considerando que, conforme a tabela anteriormente descrita, o empregado faz jus a 14 dias ou 102h40min de
férias, temos que:
- R$ 1.200,00 ÷ 220h (base horária mensal) = R$ 5,4545 p/hora
- 102h 40min corresponde a 102,667, ou seja, 40min equivale a 0,667 em fração decimal
- R$ 5,4545 × 102,667 = R$ 560,00
- 1/3 da CF/1988 - R$ 560,00 ÷ 3 = R$ 186,67
- total de férias proporcionais + acréscimo de 1/3 CF/1988 − R$ 560,00 + R$ 186,67 = R$ 746,67
Guia de Cálculos Trabalhistas 145
PROFESSORES
Considerando as condições peculiares de trabalho dos professores, o gozo de suas férias indivi-
duais deve coincidir com um dos períodos de recesso escolar (férias escolares), tendo em vista que a
atividade do estabelecimento de ensino não sofre interrupção.
Normalmente, o período de gozo de férias dos professores ocorre no mês de julho, tendo em vista
que nesse mês não há exames e que coincide com o período de férias escolares dos alunos.
a) contribuição previdenciária
A Emenda Constitucional nº 103/2019 estabeleceu em seu art. 28 que até que lei altere as alíquo-
tas de contribuição previdenciária dos empregados, as alíquotas previstas em seu caput (7,5%, 9%, 12%
e 14%) serão aplicadas de forma progressiva sobre o salário de contribuição, incidindo cada alíquota
sobre a faixa de valores compreendida nos respectivos limites. A Portaria SEPRT nº 3.659/2020, divulgou
a seguinte tabela de contribuição previdenciária de empregados, domésticos e avulsos válida a partir
de 1º.03.2020.
Será considerado para efeito de contribuição previdenciária, o valor do período de férias gozadas
no mês, com o respectivo adicional de 1/3 da CF/1988, mais o salário devido no mês e outras parcelas,
porventura pagas, que integram o salário-de-contribuição, ou seja, a incidência da contribuição sobre a
Guia de Cálculos Trabalhistas 149
remuneração das férias deverá ocorrer no mês a que elas se referirem, mesmo quando pagas antecipa-
damente na forma da legislação trabalhista.
b) FGTS
Deposita-se a importância de 8%, calculada sobre o valor das férias, acrescido do terço constitu-
cional, relativo ao mês de gozo, juntamente com o salário devido no respectivo mês.
O prazo de pagamento, sem acréscimos, vai até o dia 07 do mês subsequente ao da competência
da remuneração. Não sendo dia útil, antecipar o recolhimento.
c) IRRF
O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) incide sobre o resultado da soma das férias e do
adicional de 1/3 estabelecido pelo CF, separadamente da soma do salário percebido no mês, segundo
tabela progressiva vigente na data do pagamento.
É devida a contribuição previdenciária sobre a remuneração simples. Não incide, porém, sobre
o valor correspondente à dobra da remuneração de férias.
Exemplo
- remuneração simples de férias já incluído o terço constitucional = R$ 1.500,00 (base de cálculo da
contribuição previdenciária);
Desse total, portanto, apenas metade sofrerá incidência previdenciária na vigência do contrato laboral.
b) FGTS
É devido o depósito do FGTS sobre a remuneração simples das férias. Não incide, contudo,
sobre o valor correspondente à dobra da remuneração das férias.
Exemplo
a) remuneração simples de férias já incluído o terço constitucional = R$ 1.500,00 (base de cálculo dos
depósitos do FGTS);
b) valor correspondente à dobra = + R$ 1.500,00 (não é base de cálculo dos depósitos do FGTS);
Desse total, portanto, apenas metade serve de base de cálculo para o depósito do FGTS.
c) IRRF - as férias pagas em dobro na vigência do contrato de trabalho, são tributadas pelo Imposto
de Renda na Fonte.
150 Guia de Cálculos Trabalhistas
Abono pecuniário
a) contribuição previdenciária - havendo pagamento do abono pecuniário (até 1/3 do período de
férias), o respectivo valor não estará sujeito à incidência da contribuição previdenciária.
b) FGTS - o valor do abono pecuniário não é base de cálculo para fins de depósito do FGTS;
c) IRRF - está dispensado da retenção do IRRF o valor pago a título de abono pecuniário de férias
de que trata o art. 143 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Embora não haja expressa previsão legal quanto à incidência ou não do encargo previdenciário
sobre o adicional de 1/3 de férias apurado sobre o abono pecuniário de férias, há quem entenda que,
da mesma forma que não incide o encargo previdenciário sobre as férias indenizadas com o respectivo
acréscimo constitucional de 1/3 (pagos em rescisão contratual), também não haverá incidência previ-
denciária sobre o adicional de 1/3 pago juntamente com o abono pecuniário de férias. Os defensores
dessa linha de entendimento argumentam com a tese de que o acessório (adicional de 1/3) segue a
sorte do principal (abono de férias). Assim, como não incide contribuição previdenciária sobre o abono
de férias, também não há que se cogitar da incidência sobre o respectivo terço constitucional.
do encargo previdenciário sobre o adicional de 1/3 pago em função do abono pecuniário de férias, a
contribuição deve incidir sobre a parcela relativa ao adicional de 1/3 da Constituição Federal/1988, inde-
pendentemente de essa parcela referir-se ao abono pecuniário de férias.
Até que não haja um ato oficial mais esclarecedor sobre as controvérsias ora comentadas, reco-
menda-se que o empregador consulte, antecipadamente a Secretaria Especial da Receita Federal do
Brasil (RFB), a fim de certificar-se do correto procedimento a ser adotado.
Exemplo
Considerando que o empregado tenha se afastado das suas atividades para percepção de benefício por inca-
pacidade temporária (auxílio-doença) quando faltavam 3 meses para vencer o seu período concessivo de férias.
Neste caso, após a alta da perícia médica da Previdência Social, o empregador teria os mesmos 3 meses para
conceder as férias respectivas ao trabalhador.
Dados fictícios
- período concessivo de férias - 01.09.2019 a 31.08.2020
- afastamento para percepção de benefício previdenciário - 1º.06.2020 (3 meses antes do vencimento do concessivo)
- retorno ao trabalho - 1º.09.2020
- prazo final para o gozo integral das férias respectivas a serem pagas de forma simples - 31.11.2020
Portanto, após o retorno ao trabalho o empregador terá os mesmos 3 meses para conceder integralmente as
férias ao empregado.
TRABALHO INTERMITENTE
O trabalho intermitente é uma figura nova criada pela Reforma Trabalhista, instituída pela Lei nº
13.467/2017, em vigor desde 11.11.2017. É considerado intermitente o contrato de trabalho no qual a pres-
tação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de pres-
tação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo
de atividade do empregado e do empregador.
Determina a lei em comento que, havendo o chamamento para o trabalho, ao final de cada perío-
do de prestação dos serviços o empregado receberá, de imediato, o pagamento, entre outras parcelas,
das férias proporcionais com acréscimo do terço constitucional.
Haverá, portanto, pagamento de férias em parcelas, ou seja, se o empregado for chamado no ano
4 vezes, haverá 4 parcelas de férias.
Dispõe, ainda, que, a cada 12 meses (período aquisitivo), o empregado adquire direito a usufruir,
nos 12 meses subsequentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar
serviços pelo mesmo empregador, podendo mediante acordo com o empregador parcelar suas férias
em até 3 períodos.
Lembre-se, porém, de que a remuneração relativa às férias já foram pagas no curso do ano, de
forma proporcional, ao final de cada período de prestação dos serviços.
Outra questão a ressaltar é que este empregado pode nunca ter direito ao repouso relativo às
férias, uma vez que, embora esteja em gozo de férias em relação a um empregador, poderá estar sendo
convocado para o trabalho em relação aos demais.
Guia de Cálculos Trabalhistas 153
A norma em comento também estabelece que o empregado terá um mês de férias. Entretanto,
conforme determina a CLT, as férias são concedidas em dias e não em mês. Pretendeu o legislador criar
um novo cálculo de férias ou se trata de um equívoco?
Aguarda-se, portanto, que esta questão venha a ser esclarecida mediante futuros atos legais dos
órgãos competentes.
FÉRIAS COLETIVAS
Muitas empresas, em virtude de aumento de seus estoques motivado pela diminuição do volume
de vendas, precisam paralisar ou diminuir a sua atividade produtiva visando dar vazão aos produtos
estocados ou enfrentar períodos de desaquecimento comercial. Nesse cenário, as férias coletivas se
apresentam como a solução mais indicada, tendo em vista que, além de atenderem às necessidades
empresariais, quitam direitos trabalhistas dos empregados.
São coletivas as férias concedidas simultaneamente a todos os empregados da respectiva empre-
sa ou de um ou mais estabelecimentos ou setores da empresa e, normalmente, visam atender a uma
necessidade do empregador. Podem ser concedidas em 2 períodos anuais, desde que nenhum deles
seja inferior a 10 dias corridos.
Concessão - Requisitos
As condições para concessão de férias coletivas podem ser objeto de acordo coletivo entre a
empresa e a entidade sindical representativa dos respectivos empregados ou de convenção coletiva de
trabalho entre sindicatos das categorias econômica e profissional. Na falta desses instrumentos ou na
ausência de previsão específica, cabe ao empregador determinar o regime e a época de férias coletivas
dos empregados.
Para esse fim, o empregador deve:
a) comunicar à Secretaria Especial de Trabalho, com antecedência mínima de 15 dias, as datas de
início e fim das férias;
b) precisar, na comunicação, quais os estabelecimentos ou setores abrangidos pela medida;
c) enviar, no prazo de 15 dias, cópia da aludida comunicação aos sindicatos representativos da
respectiva categoria profissional;
d) providenciar a afixação de aviso nos locais do trabalho, sobre a adoção do regime.
Modelo de Comunicação
As microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) estão dispensadas de efetuar a co-
municação à Secretaria Especial de Trabalho, porém devem comunicar o fato ao sindicato.
Comunicação nos termos da CLT, art. 139, § 3º, aos empregados do ____________________________________
(estabelecimento(s), setor(es) ou seção(ões))
_________________________que, no período de ___/___/___ a ___/___/___, gozarão férias coletivas.
Referidos empregados devem procurar o Departamento Pessoal até ___/___/___, a fim de que sejam toma-
das as providências administrativas e financeiras necessárias.
A Direção
Nesse aspecto, os empregados afastados por motivo de benefício por incapacidade temporá-
ria (auxílio-doença), licença-maternidade, prestação de serviço militar, licença remunerada ou não etc.
continuam normalmente a usufruir o benefício ou a situação trabalhista em que se encontram fora do
exercício da atividade na empresa. Assim, esses empregados não gozarão as férias coletivas com os
demais empregados, salvo se o afastamento terminar antes da paralisação das atividades da empresa.
Caso o afastamento se encerre no curso das férias coletivas e não havendo condições de retorno
do empregado ao trabalho (por exemplo, paralisação total das atividades empresariais), este será consi-
derado em licença remunerada.
Exemplos
a) supondo que a empresa concedeu férias coletivas de 15 dias aos empregados no período de 11 a 25.11.2019, e
no citado período, uma empregada encontrava-se afastada por licença-maternidade, temos a seguinte situação:
- dias considerados como férias coletivas: 15 dias (11 a 25.11.2019);
- período da licença-maternidade de 120 dias (29.08 a 26.12.2019): a empregada, no caso, não entra no gozo de
férias coletivas e continua afastada pela licença-maternidade.
Guia de Cálculos Trabalhistas 155
b) supondo que uma empregada afastada por licença-maternidade retornou em 20.11.2019, sabendo-se que a
empresa concedeu férias coletivas aos empregados no período de 10 a 24.11.2019, temos a seguinte situação:
- data do retorno da licença-maternidade: 20.11.2019;
- dias considerados como licença remunerada: 5 dias (20 a 24.11.2019).
A empregada recebeu 5 dias da licença remunerada, desde que não tenha havido a possibilidade de retorno ao
trabalho em função da paralisação das atividades da empresa.
Os empregados que contem com menos de 12 meses de serviço por ocasião da concessão das
férias coletivas, gozam, na oportunidade, férias proporcionais relativas ao período de vigência dos res-
pectivos contratos individuais de trabalho, calculadas na proporção de 1/12 por mês de serviço ou fração
superior a 14 dias, de 30, 24, 18 ou 12 dias, conforme a quantidade de faltas injustificadas no curso do
período aquisitivo, remuneradas com 1/3 a mais que o salário normal, iniciando-se, então, novo período
aquisitivo.
Elaboramos a tabela prática de férias proporcionais a seguir, nos termos da CLT, art. 130.
1/12 2,5 dias ou 18h20min 2 dias ou 14h40min 1,5 dia ou 11h 1 dia ou 7h20min
3/12 7,5 dias ou 55h 6 dias ou 44h 4,5 dias ou 33h 3 dias ou 22h
5/12 12,5 dias ou 91h40min 10 dias ou 73h20min 7,5 dias ou 55h 5 dias ou 36h40min
7/12 17,5 dias ou 128h20min 14 dias ou 102h40min 10,5 dias ou 77h 7 dias ou 51h20min
9/12 22,5 dias ou 165h 18 dias ou 132h 13,5 dias ou 99h 9 dias ou 66h
11/12 27,5 dias ou 201h40min 22 dias ou 161h20min 16,5 dias ou 121h 11 dias ou 80h40min
Notas
(1) Mais de 32 faltas injustificadas no período aquisitivo implicam, para o empregado, a perda das férias correspondentes.
(2) Remuneração em horas calculada com base na jornada mensal de 220 horas = (44 semanais ÷ 6) × 30.
156 Guia de Cálculos Trabalhistas
1/12 2,5 dias ou 10h50min 2 dias ou 8h40min 1,5 dia ou 6h30min 1 dia ou 4h20min
3/12 7,5 dias ou 32h30min 6 dias ou 26h 4,5 dias ou 19h30min 3 dias ou 13h
5/12 12,5 dias ou 54h10min 10 dias ou 43h20min 7,5 dias ou 32h30min 5 dias ou 21h40min
7/12 17,5 dias ou 75h50min 14 dias ou 60h40min 10,5 dias ou 45h30min 7 dias ou 30h20min
9/12 22,5 dias ou 97h30min 18 dias ou 78h 13,5 dias ou 58h30min 9 dias ou 39h
11/12 27,5 dias ou 119h10min 22 dias ou 95h20min 16,5 dias ou 71h30min 11 dias ou 47h40min
1/12 2,5 dias ou 12h30min 2 dias ou 10h 1,5 dia ou 7h30min 1 dia ou 5h
3/12 7,5 dias ou 37h30min 6 dias ou 30h 4,5 dias ou 22h30min 3 dias ou 15h
5/12 12,5 dias ou 62h30min 10 dias ou 50h 7,5 dias ou 37h30min 5 dias ou 25h
7/12 17,5 dias ou 87h30min 14 dias ou 70h 10,5 dias ou 52h30min 7 dias ou 35h
9/12 22,5 dias ou 112h30min 18 dias ou 90h 13,5 dias ou 67h30min 9 dias ou 45h
11/12 27,5 dias ou 137h30min 22 dias ou 110h 16,5 dias ou 82h30min 11 dias ou 55h
Exemplos
a) férias coletivas inferiores ao direito adquirido:
Dados hipotéticos:
- Admissão: 05.01.2019
- Férias coletivas: 10 dias (04 a 13.11.2019)
- Faltas injustificadas ao serviço: 5
- Direito adquirido: 25 dias (10/12: 05.01.2019 a 03.11.2019)
- Início do novo período aquisitivo: 04.11.2019
- Remuneração:
- Salário = R$ 1.350,00 (mensalista)
- 10 dias de férias
- R$ 1.350,00 × 10 ÷ 30............................................................ = R$ 450,00 +
- 1/3 (CF) de R$ 450,00........................................................... = R$ 150,00
- Total bruto.................................................................................... R$ 600,00 −
- Contribuição previdenciária - 8% de R$ 600,00..... = R$ 48,00
Líquido.............................................................................................. R$ 552,00
ou
- salário = R$ 6,14 p/h (horista base 220h/mês)
- 10 dias de férias = 73h20min (7h20min × 10)
- R$ 6,14 × 73,33333..................................................................... R$ 450,00 +
- 1/3 (CF) de R$ 450,00............................................................... R$ 150,00
- Total bruto.................................................................................... R$ 600,00 −
- Contribuição previdenciária - 8% de R$ 600,00......... R$ 48,00
- Líquido........................................................................................... R$ 552,00
Nesse caso, o empregado tem um saldo favorável de 15 dias, cujo gozo deve observar o período concessivo.
Nota
Para fins de incidência do encargo previdenciário sobre as férias, o mês de competência é determinado em função do
período de seu gozo, cuja alíquota para desconto, no ano de 2019, incidiu sobre o total da remuneração mensal: valor do
período de férias gozadas no mês, com o respectivo adicional de 1/3 da CF, mais o salário devido no mês e outras parcelas
porventura pagas, que integram o salário-de-contribuição.
Lembrar que a partir de 1º.03.2020 o critério de cálculo da contribuição previdenciária a ser descontada da remuneração
do empregado sofreu alterações (Emenda Constitucional nº 103/2019), conforme já anteriormente mencionado.
Importante
Desde 1º.03.2020, o critério de cálculo da contribuição previdenciária dos empregados foi alterado, pois a Emenda Cons-
titucional nº 103/2019 determinou em seu art. 28 que até que lei altere as alíquotas de contribuição previdenciária dos
empregados, domésticos e avulsos, as alíquotas previstas em seu caput (7,5%, 9%, 12% e 14%) serão aplicadas de forma
progressiva sobre o salário de contribuição, incidindo cada alíquota sobre a faixa de valores compreendida nos respecti-
vos limites. A Portaria SEPRT nº 3.659/2020, divulgou a seguinte tabela de contribuição previdenciária de empregados,
domésticos e avulsos, válida a partir de março/2020.
ALIQUOTAS VALOR DA
FAIXAS SALARIAIS (R$) CÁLCULO
(%) CONTRIBUIÇÃO (R$)
até 1.045,00 7,5% 7,5% de R$ 1.045,00 78,37
de 1.045,01 até 2.089,60 9% 9% de R$ 1.044,60, ou seja, R$ 2.089,60 menos R$ 1.045,00 94,01
de 2.089,61 até 3.134,40 12% 12% de R$ 1.044,80, ou seja, R$ 3.134,40 menos R$ 2.089,60 125,37
de 3.134,41 até 6.101,06 14% 14% de R$ 65,60, ou seja R$ 3.200,00 menos R$ 3.134,40 9,18
CONTRIBUIÇÃO TOTAL 306,93
Atenção:
Os cálculos das contribuições previdenciárias foram efetuados considerando duas casas decimais sem qualquer arre-
dondamento, posto que até o momento, não há dispositivo legal determinando arredondamento de valores de contri-
buição apurados em cada faixa salarial.
Contribuição previdenciária total = R$ 306,93
b) empregado recebe no total a título de férias coletivas o valor R$ 6.500,00 (acima do teto máximo de contribuição),
temos:
ALIQUOTAS VALOR DA
FAIXAS SALARIAIS (R$) CÁLCULO
(%) CONTRIBUIÇÃO (R$)
até 1.045,00 7,5% 7,5% de R$ 1.045,00 78,37
de 1.045,01 até 2.089,60 9% 9% de R$ 1.044,60, ou seja, R$ 2.089,60 menos R$ 1.045,00 94,01
de 2.089,61 até 3.134,40 12% 12% de R$ 1.044,80, ou seja, R$ 3.134,40 menos R$ 2.089,60 125,37
de 3.134,41 até 6.101,06 14% 14% de R$ 2.966,66, ou seja R$ 6.101,06 menos R$ 3.134,40 415,33
CONTRIBUIÇÃO TOTAL 713,08
Atenção:
Os cálculos das contribuições previdenciárias foram efetuados considerando duas casas decimais sem qualquer arre-
dondamento, posto que até o momento, não há dispositivo legal determinando arredondamento de valores de contri-
buição apurados em cada faixa salarial.
Contribuição previdenciária total = R$ 713,08
1ª hipótese: o empregado, ao gozar o 2º período de férias coletivas, conta com 12 ou mais meses
de vigência do contrato de trabalho.
Nesse caso, concede-se o 2º período de férias coletivas a título de antecipação do gozo de férias
individuais. Vale dizer que se segue rotina de concessão de férias coletivas idêntica à dos empregados
com 12 ou mais meses de vigência contratual na empresa.
Exemplos
I - Empregado admitido em 24.06.2019 gozou o 1º período de férias coletivas de 04 a 18.11.2019. Iniciou-se a conta-
gem de novo período aquisitivo em 04.11.2019. Em julho/2020, de 06 a 15, gozará o 2º período de férias coletivas.
Terá faltado, injustificadamente, 5 vezes ao serviço. No caso, observa-se:
1º período de gozo de férias coletivas (04 a 18.11.2019):
a) tempo de serviço: 4 meses e 11 dias (24.06 a 03.11.2019);
b) férias proporcionais: 4/12 de 30 dias = 10 dias;
c) férias coletivas: 15 dias, dos quais 10 dias são pagos como férias e 5 dias, como licença remunerada.
2º período de gozo de férias coletivas (06 a 15.07.2020):
a) tempo de vigência do contrato de trabalho: 12 meses e 12 dias (24.06.2019 a 05.07.2020);
b) férias coletivas: 10 dias, como antecipação do período aquisitivo em curso de 04.11.2019 a 03.11.2020.
INÍCIO
FÉRIAS COLETIVAS - DE NOVO FÉRIAS COLETIVAS -
ADMISSÃO
1º PERÍODO PERÍODO 2º PERÍODO
AQUISITIVO
Nesse exemplo, observar que, por ocasião da concessão de férias coletivas no 2º período (06 a 15.07.2020), não
há que se cogitar de gozo de férias proporcionais adquiridas, pois nessa data o empregado contará com mais de
12 meses de vigência do contrato de trabalho.
Assim, referido período de férias coletivas (10 dias) caracteriza apenas antecipação do aquisitivo em curso
(04.11.2019 a 03.11.2020), cujo saldo de férias a ser apurado, conforme as faltas injustificadas até 03.11.2020, deverá
ser concedido e quitado pelo empregador até 03.11.2021, sob pena de pagamento em dobro.
II - Empregado admitido em 04.08.2018 gozou o 1º período de férias coletivas de 03 a 17.11.2018. A contagem de
novo período aquisitivo iniciou-se em 03.11.2018. Em julho/2019, de 06 a 15, gozou o 2º período de férias coletivas.
Faltou, injustificadamente, 3 vezes ao serviço. Neste caso, tem-se:
1º período de gozo de férias coletivas (03 a 17.11.2018):
a) tempo de serviço: 2 meses e 30 dias (04.08 a 02.11.2018);
b) férias proporcionais: 3/12 de 30 dias = 7,5 dias;
c) férias coletivas: 15 dias, dos quais 7,5 dias são pagos como férias e 7,5 dias, como licença remunerada.
2º período de gozo de férias coletivas (06 a 15.07.2019):
a) tempo de vigência do contrato de trabalho: 11 meses e 2 dias (04.08.2018 a 05.07.2019);
b) tempo de serviço para efeito de férias proporcionais: 8 meses e 2 dias (03.11.2018 a 05.07.2019);
Guia de Cálculos Trabalhistas 161
INÍCIO INÍCIO
FÉRIAS COLETIVAS - DE NOVO FÉRIAS COLETIVAS - DE NOVO
ADMISSÃO
1º PERÍODO PERÍODO 2º PERÍODO PERÍODO
AQUISITIVO AQUISITIVO
Nessa hipótese, por ocasião da concessão do 2º período de férias coletivas (06 a 15.07.2019), o empregado con-
tinuava com menos de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, devendo ser apuradas as férias proporcio-
nais consoante a regra da CLT, art. 140, iniciando-se, então, novo período aquisitivo a partir do 1º dia de gozo das
férias coletivas (2º período), em 06.07.2019. No caso, as férias proporcionais adquiridas correspondem a 20 dias
(8/12 de 30 dias), restando ao empregado um saldo favorável de 10 dias, que deverá ser concedido e pago pelo
empregador até 05.07.2020, ou seja, 12 meses após o 1º dia de gozo do 2º período de férias coletivas, sob pena
de pagamento em dobro.
Exemplo
a) Dados hipotéticos:
- admissão: 06.10.2018
- férias coletivas: 15 dias (04 a 18.11.2019)
- faltas injustificadas ao serviço: 4
- direito adquirido: 30 dias (06.10.2018 a 05.10.2019) = 12/12 de 30 dias
- início do novo período aquisitivo: 06.10.2018 (sem alteração)
- remuneração: o empregador opta por uma das seguintes hipóteses:
- o empregado goza integralmente o período adquirido de férias, isto é, 30 dias, retornando ao trabalho em
04.12.2019; ou
- o empregado goza apenas 15 dias concedidos a título de férias coletivas, restando-lhe um saldo favorável de 15
dias, cujo término do período de gozo deve ocorrer até 05.10.2020 (data-limite do período concessivo).
162 Guia de Cálculos Trabalhistas
Visualizando:
FÉRIAS COLETIVAS
O GOZO DE FÉRIAS
COLETIVAS, DE 04 A
18.11.2019, CONSTITUI
ADMISSÃO TÉRMINO CONCESSÃO PARCIAL TÉRMINO
INÍCIO DO
E INÍCIO DO DO 1º DE GOZO RELATIVO ÀS DO 2º
PERÍODO 2º PERÍODO
1º PERÍODO PERÍODO FÉRIAS ADQUIRIDAS DE PERÍODO
AQUISITIVO AQUISITIVO GOZO
AQUISITIVO AQUISITIVO 06.10.2018 A 05.10.2019, AQUISITIVO
EM CURSO
CUJO SALDO RESTANTE
(15 DIAS) DEVERÁ SER
QUITADO E CONCEDIDO
PELO EMPREGADOR ATÉ
05.10.2020.
b) Dados hipotéticos:
- Admissão: 16.05.2015;
- 16.05.2015 a 15.05.2016;
- 16.05.2016 a 15.05.2017;
- 16.05.2017 a 15.05.2018;
- 16.05.2018 a 15.05.2019.
Nesse caso, a concessão do período de férias coletivas de 04 a 18.11.2019 constituiu antecipação do gozo de
férias relativas ao período aquisitivo em curso (16.05.2019 a 15.05.2020), cujo saldo de férias a ser apurado, con-
forme as faltas injustificadas até 15.05.2020, deverá ser concedido e quitado pelo empregador até 15.05.2021, sob
pena de pagamento em dobro. Assim, observa-se o quadro seguinte:
FÉRIAS COLETIVAS
INÍCIO TÉRMINO PERÍODO
PERÍODO
FÉRIAS QUITADAS E DE NOVO DO CONCESSIVO
ADMISSÃO AQUISITIVO
GOZADAS PERÍODO PERÍODO DE FÉRIAS
GOZO EM CURSO DE
AQUISITIVO AQUISITIVO NORMAIS
16.05.2019 A
15.05.2020
O gozo de férias
- 16.05.2015 a 15.05.2016 coletivas, de 04 a
18.11.2019, consti-
- 16.05.2016 a 15.05.2017; tui antecipação de 16.05.2020 a
16.05.2015 16.05.2019 04 a 18.11.2019 15.05.2020
- 16.05.2017 a 15.05.2018 gozo relativo ao pe- 15.05.2021
ríodo aquisitivo em
- 16.05.2018 a 15.05.2019 curso de 16.05.2019
a 15.05.2020.
Guia de Cálculos Trabalhistas 163
ABONO PECUNIÁRIO
A conversão de 1/3 do período de férias a que o empregado tem direito em abono pecuniário, no
caso de férias coletivas, é objeto de acordo coletivo entre o empregador e o sindicato representativo da
respectiva categoria profissional, independentemente de sua concessão por requerimento individual.
Modelo de Abono Pecuniário - Acordo Coletivo
a) Mensalistas
Na remuneração de empregado com mais de 1 ano de serviço e salário mensal de R$ 2.280,00, que recebeu 15
dias de férias coletivas em junho/2019, observou-se:
- salário mensal.................................................................................................................R$ 2.280,00
- salário/dia (R$ 2.280,00 ÷ 30)....................................................................................R$ 76,00
- remuneração:
- período de gozo (15 dias × R$ 76,00).....................................................................R$ 1.140,00 +
- 1/3 (CF/1988) de R$ 1.140,00.......................................................................................R$ 380,00
- total bruto.........................................................................................................................R$ 1.520,00 -
- contribuição previdenciária 9% de R$ 1.520,00..............................................R$ 136,80
- líquido.................................................................................................................................R$ 1.383,20
b) Horistas
Supondo-se um horista, com jornada diária de 7h 20min e salário/hora de R$ 12,00, recebeu 10 dias de férias
coletivas em junho/2019, tem-se:
- salário/hora (base de 220h/mês)............................................................................R$ 12,00
- salário/dia (7h20min, ou seja, 7,333333 × R$ 12,00).................................. =R$ 88,00
- remuneração:
- período de gozo (10 dias × R$ 88,00)................................................................ = R$ 880,00 +
- 1/3 (CF/1988) de R$ 880,00..................................................................................... = R$ 293,33
- total bruto.........................................................................................................................R$ 1 .173,33 -
- Contribuição previdenciária 11% de R$ 1.173,33 = a.......................................R$ 129,07
- líquido.................................................................................................................................R$ 1.044,26
164 Guia de Cálculos Trabalhistas
Importante
A Emenda Constitucional nº 103/2019 estabeleceu em seu art. 28 que até que lei altere as alíquotas de contribuição
previdenciária dos empregados, domésticos e avulsos, as alíquotas previstas em seu caput (7,5%, 9%, 12% e 14%) serão
aplicadas de forma progressiva sobre o salário de contribuição, incidindo cada alíquota sobre a faixa de valores com-
preendida nos respectivos limites. Esta determinação é aplicada a partir de competência março/2020.
A Portaria SEPRT nº 3.659/2020, divulgou a seguinte tabela de contribuição previdenciária de empregados, domésticos
e avulsos a ser observada a partir de março/2020.
Assim sendo, o cálculo da contribuição previdenciária aplicada sobre férias coletivas concedidas
a partir de 1º.03.2020, observará esta tabela.
166 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplo
Considerando que a remuneração total a título de férias coletivas (férias + terço constitucional) seja de R$
6.500,00, temos:
ALIQUOTAS VALOR DA
FAIXAS SALARIAIS (R$) CÁLCULO
(%) CONTRIBUIÇÃO (R$)
até 1.045,00 7,5% 7,5% de R$ 1.045,00 78,37
de 1.045,01 até 2.089,60 9% 9% de R$ 1.044,60, ou seja, R$ 2.089,60 menos R$ 1.045,00 94,01
de 2.089,61 até 3.134,40 12% 12% de R$ 1.044,80, ou seja, R$ 3.134,40 menos R$ 2.089,60 125,37
de 3.134,41 até 6.101,06 14% 14% de R$ 2.966,66, ou seja R$ 6.101,06 menos R$ 3.134,40 415,33
CONTRIBUIÇÃO TOTAL 713,08
Atenção:
Os cálculos das contribuições previdenciárias foram efetuados considerando duas casas decimais sem qual-
quer arredondamento, posto que até o momento, não há dispositivo legal determinando arredondamento de
valores de contribuição apurados em cada faixa salarial.
Dicas do eSocial
No eSocial, as informações relativas às férias (vencidas, simples, em dobro, proporcionais, indenizadas, abono pecuniá-
rio, terço constitucional, incidências, etc.) serão lançadas em eventos, tais como: S-1010 - Tabela de Rubricas, S-1200 -
Remuneração de Trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previdência Social e S-2230 - Afastamento Temporário.
Na simplificação do eSocial, a ser implantada em futuro próximo, está previsto que será criada uma tabela de rubrica
padrão com as incidências aplicáveis em cada uma. Se a empresa adotar a tabela padrão ficará dispensada de enviar o
evento S-1010 - Tabela de Rubricas.
CAPÍTULO VI
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO
Lembre-se de que a Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram
desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à CLT para determinar, entre outras disposições, que constitui ob-
jeto ilícito de documentos coletivos de trabalho (acordo e convenção) a supressão ou redução do valor
nominal do 13º salário.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alterou os arts. 457 e 458
da CLT para determinar que as verbas elencadas a seguir, mesmo quando pagas com habitualidade, não integram a re-
muneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo
trabalhista e previdenciário:
a) ajuda de custo;
b) auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro);
c) diárias para viagem (independentemente do valor);
d) prêmios;
e) abonos
f) assistência médica ou odontológica (própria ou conveniada);
g) reembolso de despesas médico-hospitalares, com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses
e outras similares.
Para efeito de pagamento e cálculo do valor da gratificação de natal, é necessário apurar, mês a
mês, as faltas não justificadas pelo empregado, a fim de verificar se houve pelo menos 15 dias de trabalho.
Assim, para cada mês, restando um saldo de, no mínimo, 15 dias após o desconto das faltas injus-
tificadas nos respectivos meses, assegura-se ao empregado o recebimento de 1/12 de 13º salário.
Ressalte-se que as faltas legais e justificadas ao serviço não são computadas a esse efeito.
punição disciplinar, não poderão ser computados para efeito da contagem dos 15 dias trabalhados no
mês para o empregado fazer jus a 1/12 de 13º salário proporcional por mês de serviço, ou seja, não di-
minuirá a contagem da proporcionalidade a que o empregado tiver direito. Esse critério é adotado para
não haver a ocorrência de dupla penalidade ao empregado, ou seja, uma vez, por ocasião do desconto
dos repousos durante o ano e outra vez, para fins de diminuir a contagem da proporcionalidade de 13º
salário.
Não se consideram faltas ao serviço para fins de apuração do 13º salário as seguintes ausências:
IV - por 1 dia, em cada 12 meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente
comprovada;
V - até 2 dias consecutivos ou não, para fins de alistamento eleitoral, nos termos da lei respectiva;
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do serviço militar referidas na Lei
nº 4.375/1964, art. 65, “c” (Lei do Serviço Militar);
VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso
em estabelecimento de ensino superior;
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver de comparecer a juízo;
IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sin-
dical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro;
X - até 2 dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período
de gravidez de sua esposa ou companheira;
XI - por 1 dia por ano para acompanhar filho de até 6 anos em consulta médica;
XIII - justificadas pela empresa, assim entendidas as que não tiverem determinado o desconto do
correspondente salário;
XIV - durante a suspensão preventiva para responder a inquérito administrativo ou de prisão pre-
ventiva, quando for impronunciado ou absolvido;
XVIII - o afastamento por doença ou acidente do trabalho, nos 15 primeiros dias pagos pela empre-
sa mediante comprovação, observada a legislação previdenciária;
XX - por greve, desde que tenha havido acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do
Trabalho que disponha sobre a manutenção dos direitos trabalhistas aos grevistas durante a paralisação
das atividades;
XXII - para o(a) professor(a), por 9 dias, em consequência de casamento ou falecimento de cônjuge,
pai, mãe ou filho;
XXIII - dos representantes dos trabalhadores em atividade, decorrentes das atuações do Conselho
Nacional de Previdência Social (CNPS), as quais são computadas como jornada efetivamente trabalha-
da para todos os fins e efeitos legais;
XXIV - o período de férias, que, inclusive, é computado para todos os efeitos como tempo de serviço;
XXV - dos representantes dos trabalhadores no Conselho Curador do FGTS, decorrentes das ati-
vidades desse órgão, que serão abonadas, computando-se como jornada efetivamente trabalhada para
todos os fins e efeitos legais;
XXVI - o período de afastamento do representante dos empregados quando convocado para atuar
como conciliador nas Comissões de Conciliação Prévia, sendo computado como tempo de trabalho
efetivo o despendido nessa atividade;
XXVIII - a dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo,
6 consultas médicas e demais exames complementares durante a gravidez;
XXXI - até 3 dias (em cada 12 meses de trabalho) para realização de exames preventivos de câncer
devidamente comprovada;
XXXII - outros motivos previstos em acordo, convenção ou dissídio coletivo de trabalho da entida-
de sindical representativa da categoria profissional.
1ª PARCELA
Pagamento - Prazo
O pagamento da 1ª parcela do 13º salário deve ser efetuado até o dia 30 de novembro, salvo se o
empregado já o recebeu por ocasião das férias.
Nota
O adiantamento é efetuado ao ensejo das férias, se requerido pelo empregado no mês de janeiro do correspondente ano.
170 Guia de Cálculos Trabalhistas
Valor
Para os empregados admitidos até o dia 17 de janeiro, portanto, com direito ao 13º salário integral,
o valor da 1ª parcela corresponderá à metade da remuneração relativa ao mês anterior ao pagamento
da gratificação.
Exemplos
a) mensalistas, horistas e diaristas:
Metade do salário contratual percebido no mês anterior.
1 - mensalistas com salário de R$ 2.530,00 percebem R$ 1.265,00, ou seja:
R$ 2.530,00 = R$ 1.265,00
2
2 - Horista com salário de R$ 20,00 faz jus à metade de 220 horas (contratadas à base de 220 h mensais):
R$ 20,00 × 220 = R$ 2.200,00
2
3 - Diaristas com salário de R$ 200,00 recebem metade de 30 diárias:
R$ 200,00 × 30 = R$ 3.000,00
2
b) Salário variável
Metade da média mensal até o mês de outubro, aos que percebem salário variável (comissionistas, tarefeiros,
contratistas e modalidades semelhantes).
No caso de salário variável sem parte fixa, somam-se as parcelas percebidas mensalmente, divide-se o total
pelo número de meses trabalhados, encontrando-se a média mensal. A 1ª parcela do 13º salário corresponde à
metade dessa média mensal.
Comissionista
Empregado comissionista puro (sem parte fixa) recebeu, de janeiro a outubro/2019:
Nota
Há quem entenda que o total das comissões deve ser divido pelo nº de dias efetivamente trabalhados e não pelo nº de
dias úteis do mês.
Total R$ 5.148,38 (valor total do reflexo das comissões sobre RSR nos meses de Janeiro a outubro/2019)
Média mensal
R$ 27.400,00 + R$ 5.148,38 = R$ 32.548,38 ÷ 10 = R$ 3.254,84
Cálculo da 1ª parcela do 13º salário:
R$ 3.254,84 = R$ 1.627,42
2
Nota
Verificar se há cláusula de acordo, convenção coletiva de trabalho da respectiva categoria profissional ou sentença
normativa que estabeleça critério de cálculo diverso, tal como período reduzido (meses) de comissões auferidas para
apuração da média, e/ou indexador de atualização.
Tarefeiro (pecista)
Empregado tarefeiro produziu 1.000 peças de janeiro a outubro/2019, com a média mensal de produção de 100
peças.
172 Guia de Cálculos Trabalhistas
Assim, temos:
R$ 2.087,40 = R$ 1.043,70
2
Salário misto
No caso de salário misto (fixo + variável), apura-se a média mensal da parte variável e adiciona-se o salário fixo
contratual vigente no mês anterior ao pagamento. Logo, para um fixo de R$ 1.070,00 e comissões + RSR, de ja-
neiro a outubro/2019, no montante de R$ 44.000,00, temos:
=> R$ 44.000,00 ÷ 10 = R$ 4.400,00 =>
=> R$ 4.400,00 + R$ 1.070,00 = R$ 5.470,00 =>
=> R$ 5.470,00 = R$ 2.735,00 (1ª parcela)
2
Deve ser considerado o salário ou a parte fixa dos salários mistos do mês anterior ao do pagamento e não a
média de janeiro a outubro. A média só é utilizada para apuração da parte variável ou da produção.
Veja adiante os encargos sociais sobre o 13º salário
Exemplos
Mensalista
Empregado admitido em 15.04.2019 com salário de R$ 4.800,00, mantido em outubro, recebeu a 1ª parcela de
R$ 1.400,00, isto porque:
=> R$ 4.800,00 = R$ 400,00 (valor de 1/12) =>
12
=> R$ 400,00 × 7 (nº de meses de serviço até outubro) = R$ 2.800,00 =>
=> R$ 2.800,00 = R$ 1.400,00
2
Encargos sociais
• Contribuição previdenciária - Sobre a 1ª parcela do 13º salário não haverá incidência da contri-
buição previdenciária.
• FGTS - O depósito é efetuado até o dia 07 do mês seguinte àquele em que for paga ou devida a
1ª parcela.
2ª PARCELA
O pagamento da 2ª parcela do 13º salário deve ser efetuado até o dia 20 de dezembro, tendo por
base de cálculo a remuneração correspondente a este mês, deduzindo-se, após o desconto dos encar-
gos legais incidentes, o valor pago referente à 1ª parcela.
A 2ª parcela, que totaliza o 13º salário, corresponde a um salário mensal de dezembro para os men-
salistas, horistas e diaristas, admitidos até 17 de janeiro.
Exemplos
a) mensalista
Empregado mensalista, com salário de R$ 1.800,00 em outubro, recebe a 1ª parcela do 13º salário em novembro.
Qual o valor bruto da 2ª parcela, sabendo-se que o salário vigente em dezembro ficou mantido em R$ 1.800,00?
- remuneração em dezembro = R$ 1.800,00
- 13º salário integral = R$ 1.800,00
- 1ª parcela percebida = R$ 900,00
- 2ª parcela a receber:
=> R$ 1.800,00 − R$ 900,00 = R$ 900,00
b) horista (base: 220h mensais)
Empregado horista recebe a 1ª parcela do 13º salário em maio, por ocasião de suas férias, com salário/hora de R$
10,00 em abril. Qual o valor bruto da 2ª parcela, quando o salário/hora em dezembro é R$ 12,00?
1ª Parcela
- salário/hora em abril = R$10,00
- remuneração/base (R$ 10,00 × 220) = R$ 2.200,00
2
2ª Parcela
- salário/hora em dezembro = R$ 12,00
- 13º salário integral (R$ 12,00 × 220) = R$ 2.640,00
- 2ª parcela (R$ 2.640,00 - R$ 1.100,00 => 1ª parcela) = R$ 1.540,00
c) diarista
Empregado diarista recebe a 1ª parcela do 13º salário por ocasião das férias em abril, à razão da remuneração de
R$ 170,00 diários vigentes em março. Em dezembro passa a R$ 190,00 diários. Qual o valor bruto da 2ª parcela?
176 Guia de Cálculos Trabalhistas
1ª Parcela
- salário/dia em março = R$ 170,00
- 1ª parcela em abril => R$ 170,00 × 30 = R$ 2.550,00
2
2ª Parcela
- salário/dia em dezembro = R$ 190,00
- 13º salário integral (R$ 190,00 × 30) = R$ 5.700,00
- 2ª parcela (R$ 5.700,00 - R$ 2.550,00 => 1ª parcela) = R$ 3.150,00
Veja adiante os encargos sociais sobre o 13º salário
SALÁRIO VARIÁVEL
Para os que recebem remuneração essencialmente variável (comissões, tarefas, etc.) apura-se a
média mensal das importâncias percebidas de janeiro a novembro.
Aos que auferem salário misto (fixo mais variável) apura-se a média da parte variável percebida de
janeiro a novembro, a qual será adicionada ao fixo vigente no mês de dezembro.
Em resumo, para apurar a remuneração integral mensal, em todos os casos, usa-se critério idên-
tico ao utilizado na apuração da remuneração integral mensal para pagamento da 1ª parcela: somar o
salário fixo de dezembro à média da parte variável de janeiro a novembro ou da admissão a novembro.
Exemplos
a) Comissionista
I - empregado percebe comissões de janeiro a novembro à média mensal de R$ 3.100,00 (já incluído o valor da
integração dos RSR). A parte fixa é de R$ 1.800,00 e o 13º salário, R$ 4.900,00 (R$ 1.800,00 + R$ 3.100,00), menos
a quantia eventualmente recebida como 1ª parcela e sujeita a acerto até 10 de janeiro do ano seguinte (*), em
decorrência das comissões percebidas em dezembro.
II - empregado comissionista recebe comissões de janeiro a junho no valor de R$ 9.600,00 (já incluído o valor da
integração dos RSR). O salário fixo na época era R$ 1.500,00. Recebe a 1ª parcela do 13º salário, por ocasião das
férias, em julho.
Nesse caso, temos:
1ª Parcela
- total das comissões de janeiro a junho = R$ 9.600,00
- média mensal das comissões (R$ 9.600,00 ÷ 6) = R$ 1.600,00
- 1ª parcela => (R$ 1.500,00 + R$ 1.600,00) ÷ 2 = R$ 1.550,00
2ª Parcela
Sabendo-se que de julho a novembro recebe mais R$ 16.000,00 de comissões e um fixo de R$ 1.600,00, tem-se:
- total das comissões de janeiro a novembro =>
=> R$ 9.600,00 + R$ 16.000,00 = R$ 25.600,00
- média mensal (R$ 25.600,00 ÷ 11) = R$ 2.327,27 − 2ª parcela (R$ 2.327,27 + R$ 1.600,00 − R$ 1.550,00 => 1ª parcela)
=> R$ 2.377,27
Guia de Cálculos Trabalhistas 177
a) empregado admitido em 13 de julho recebe a 1ª parcela do 13º salário em novembro, baseada na remuneração
de R$ 4.200,00 mensais (salário de outubro). Em dezembro passa a R$ 4.700,00 mensais.
1ª Parcela
- salário mensal em outubro = R$ 4.200,00
R$ 1.400,00 ÷ 2 = R$ 700,00
- 1ª parcela (4/12 de R$ 4.200,00) =>
=> R$ 4.200,00 × 4 = R$ 1.400,00 =>
12
=> (R$ 1.400,00 ÷ 2) = R$ 700,00
2ª Parcela
- salário mensal em dezembro = R$ 4.700,00
- 2ª parcela (6/12 de R$ 4.700,00) =>
=> R$ 4.700,00 × 6 = R$ 2.350,00 =>
12
=> (R$ 2.350,00 − R$ 700,00) = R$ 1.650,00
b) empregado admitido em 21 de setembro recebe a 1ª parcela do 13º salário em novembro, com salário/hora de
R$ 28,00 em outubro, que em dezembro passa a R$ 30,00.
1ª Parcela
- salário/hora em outubro = R$ 28,00
- remuneração/base (R$ 28,00 × 220) = R$ 6.160,00
- 1ª parcela (1/12 de R$ 6.160,00) =>
=> R$ 6.160,00 × 1 = R$ 513,33 =>
12
=> (R$ 513,33 ÷ 2) = R$ 256,67
178 Guia de Cálculos Trabalhistas
2ª Parcela
- salário/hora = R$ 30,00
- remuneração/base em dezembro (R$ 30,00 × 220) = R$ 6.600,00
- 2ª parcela (3/12 de R$ 6.600,00) =>
=> R$ 6.600,00 × 3 = R$ 1.650,00
12
=> (R$ 1.650,00 − R$ 256,67) = R$ 1.393,33
c) empregado admitido em 10 de agosto produziu 990 tarefas até outubro. A tarefa vigente em outubro, por oca-
sião do pagamento da 1ª parcela, foi de R$ 27,00, passando a R$ 29,00 em novembro.
1ª Parcela
- produção de agosto a outubro = 990
- média mensal (990 ÷ 3) = 330
- remuneração/base (330 × R$ 27,00) = R$ 8.910,00
Reflexo no RSR
Agosto: 300 × R$ 27,00 × 4 = R$ 1.472,72
22
Setembro: 350 × R$ 27,00 × 6 = R$ 2.700,00
21
Outubro: 340 × R$ 27,00 × 5 = R$ 1.995,65
23
Total R$ 6.168,37
Média do reflexo sobre RSR = R$ 2.056,12 (R$ 6.168,37 ÷ 3)
Média mensal total = R$ 10.966,12 (R$ 8.910,00 + R$ 2.056,12)
- 1ª parcela (3/12 de R$ 10.966,12) =>
=> R$ 10.966,12 × 3 = R$ 2.741,53
12
=> (R$ 2.741,53 ÷ 2) = R$ 1.370,77
2ª Parcela
Em novembro o empregado produziu 410 tarefas, o pagamento da 2ª parcela observou:
- produção de agosto a novembro (990 + 410) = 1.400
- média mensal (1.400 ÷ 4) = 350
- remuneração/base (350 × R$ 29,00) = R$ 10.150,00
Reflexo no RSR
Novembro: 410 × R$ 29,00 × 6 = R$ 3.567,00
20
Média do reflexo sobre RSR = R$ 2.433,84 (R$ 9.735,37 ÷ 4)
Média mensal total = R$ 12.583,84 (R$ 10.150,00 + R$ 2.433,84)
- 2ª parcela (5/12 de R$ 12.583,84) =>
=> R$ 12.583,84 × 5 = R$ 5.243,27
12
=> (R$ 5.243,27 - R$ 1.370,77) = R$ 3.872,50
Guia de Cálculos Trabalhistas 179
1ª Parcela
- média mensal (R$ 14.300,00 ÷ 4) = R$ 3.575,00
- 1ª parcela (4/12 de R$ 3.575,00) =>
=> R$ 3.575,00 × 4 = R$ 1.191,67 =>
12
=> (R$ 1.191,67 ÷ 2) = R$ 595,83
2ª Parcela
Admitindo-se que em novembro o empregado recebeu R$ 4.400,00 de comissões, observou-se:
- total das comissões de julho a novembro =>
=> (R$ 14.300,00 + R$ 4.400,00) = R$ 18.700,00
- média mensal (R$ 18.700,00 ÷ 5) = R$ 3.740,00
- 2ª parcela (6/12 de R$ 3.740,00) =>
=> R$ 3.740,00 × 6 = R$ 1.870,00 =>
12
=> (R$ 1.870,00 - R$ 595,83) = R$ 1.274,17
180 Guia de Cálculos Trabalhistas
2ª Hipótese: admitindo-se que o empregado, em dezembro, ganhe R$ 550,00 de comissões e não R$ 4.300,00,
tem-se:
=> R$ 19.580,00 + R$ 550,00 + R$ 1.400,00 = R$ 3.077,50
12
=> R$ 3.180,00 - R$ 3.077,50 = R$ 102,50
O empregado recebeu R$ 3.180,00, mas a média mensal final encontrada, incluídos o fixo e as comissões de
dezembro, é R$ 3.077,50. A diferença de R$ 102,50, recebida a mais, poderá ser descontada em janeiro.
Nos exemplos anteriormente mencionados em que o salário é variável, já está incluída a integração dos repou-
sos semanais remunerados (RSR).
Veja adiante os encargos sociais sobre o 13º salário
Exemplo
Empregada com salário mensal de R$ 2.200,00 de janeiro a dezembro/2019, recebeu da empresa, durante todo o
ano, o reembolso do valor do aluguel de sua moradia, correspondente a R$ 880,00. Assim, temos:
13º salário/2019
1ª parcela paga em 30.11.2019
R$ 2.200,00 + R$ 880,00 = R$ 1.540,00
2
2ª parcela paga até 20.12.2019
R$ 2.200,00 + R$ 880,00 = R$ 3.080,00 - R$ 1.540,00 = R$ 1.540,00
Veja adiante os encargos sociais sobre o 13º salário
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alterou os arts. 457 e 458
da CLT para determinar que:
Integram o salário:
a) a importância fixa estipulada;
b) as gorjetas;
c) as gratificações legais; e
d) as comissões pagas pelo empregador.
Não integram a remuneração, ainda que pagas com habitualidade e, portanto, não sofrerão incidências trabalhistas
e previdenciárias:
a) ajuda de custo;
b) auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro);
c) diárias para viagem (independentemente do valor);
d) prêmios;
e) abonos
f) assistência médica ou odontológica (própria ou conveniada);
g) reembolso de despesas médico-hospitalares, com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órte-
ses e outras similares.
182 Guia de Cálculos Trabalhistas
ADICIONAIS - INTEGRAÇÃO
Considerando que a base de cálculo do 13º salário é a remuneração integral do empregado vigen-
te em dezembro, deverá ser efetuado na mesma a inclusão dos adicionais que integram remuneração,
tais como extraordinários, noturno, insalubridade, etc.
Exemplos
Para encontrar o valor do adicional a ser incluído na remuneração, a empresa deve:
a) Hora extra - empregado realiza horas extras habitualmente durante todos os meses do ano. Neste caso, a em-
presa obtém a média mensal da quantidade de horas extras prestadas, multiplicando o número médio obtido
pelo salário/hora vigente, no momento do pagamento, acrescido do adicional extraordinário.
Empregado com salário/hora de R$ 12,00 tem direito em dezembro a R$ 18,00 por hora extra (R$ 12,00 × 1,50).
Trabalha em horário extraordinário 550 horas, de janeiro a novembro, portanto, em média 50 horas por mês (550
÷ 11). No 13º deve-se acrescentar R$ 900,00 (50 × R$ 18,00). Na impossibilidade de acrescentar, à média, as horas
extras de dezembro, deve-se fazer o acerto em janeiro do ano seguinte.
Ainda no exemplo, se o empregado tivesse trabalhado apenas 10 meses (vigência contratual), a média seria de
55 horas (550 ÷ 10). Obtém-se a média dividindo o total das horas extras pelo número de meses trabalhados.
Nota
Há quem entenda que a média, para cálculo de horas extras, é sempre duodecimal (divisor 12), não importando quantos
meses no ano o empregado tenha efetuado horas extras.
Todavia, a empresa deve, por medida preventiva, verificar se há cláusula no acordo, convenção coletiva de tra-
balho da respectiva categoria profissional que estabeleça critério de cálculo diverso.
b) Horas noturnas - empregado realiza horas noturnas habitualmente durante todos os meses do ano. Neste
caso, a empresa obtém a média mensal da quantidade de horas noturnas prestadas, multiplicando o número
médio obtido pelo valor do adicional noturno.
Empregado com salário/hora de R$ 12,00 realizou 216 horas noturnas (janeiro a dezembro); portanto, em média
18 horas noturnas por mês (216 ÷ 12).
Valor do adicional noturno = R$ 2,40 (20% de R$ 12,00)
No 13º deve-se acrescentar R$ 43,20 (R$ 2,40 × 18).
Veja adiante os encargos sociais sobre o 13º salário
Exemplo
Empregado admitido em 08.02.2000 ficou afastado do trabalho por motivo de benefício por incapacidade tem-
porária (auxílio-doença) não decorrente de acidente do trabalho, no ano de 2019, de 1º.09 (16º dia de afastamen-
to da atividade) até 25.10. Nesse caso, a empresa calculou e quitou o 13º salário desse empregado proporcio-
nalmente aos períodos tidos como efetivamente trabalhados, antes e depois do lapso de tempo em que esteve
afastado percebendo benefício previdenciário.
Assim, no caso, a empresa computou 10/12 relativos ao 13º proporcional em 2019, dos quais:
a) 8/12 correspondem ao período de 1º.01 a 31.08.2019 (anterior ao início do benefício previdenciário); e
b) 2/12 são relativos ao período de 26.10 a 31.12.2019 (posterior ao afastamento).
Nesse caso, tendo em vista que o empregado receberá o abono anual da Previdência Social, en-
tende-se que a empresa deve apenas complementar o valor do 13º salário, calculando-o como se o
contrato de trabalho não tivesse sido interrompido pelo acidente. Assim, o valor do abono anual pago
pela Previdência Social mais o complemento a cargo da empresa devem corresponder ao valor integral
do 13º salário do empregado mencionado.
Nesse sentido, cumpre notar que já existem cláusulas estabelecidas em acordos, convenções co-
letivas de trabalho ou sentenças normativas, as quais deverão ser sempre consultadas pela empresa a
fim de certificar-se se há algum procedimento a ser adotado por ocasião do afastamento do empregado
por motivo de acidente do trabalho.
Exemplo
Empregado admitido em 10.05.2000 ficou afastado do trabalho por motivo de auxílio-doença decorrente de
acidente do trabalho, no período de 22.06.2019 (16º dia seguinte ao do afastamento do trabalho) até 19.10.2019.
Nesta hipótese, a empresa calculou e pagou o 13º salário/2019 desse empregado proporcionalmente aos perío-
dos tidos como efetivamente trabalhados, antes e depois do lapso de tempo em que esteve afastado por aci-
dente do trabalho, bem como pagou a diferença entre o efetivo valor do 13º salário no período de afastamento
e o valor do abono anual pago pela Previdência Social.
De acordo com o exemplo em questão, a empresa pagou o 13º salário/2019 de acordo com os seguintes critérios:
a) 6/12 correspondentes ao período de 1º.01 a 21.06.2019 (anterior ao afastamento);
b) 2/12 relativos ao período de 20.10 a 31.12.2019 (posterior ao afastamento); e
c) 4/12 pertinentes ao período de afastamento de 22.06 a 19.10.2019, deduzido o valor do abono anual pago pela
Previdência Social relativo a esse período de afastamento.
184 Guia de Cálculos Trabalhistas
SERVIÇO MILITAR
No caso de convocação para prestação do serviço militar obrigatório, o empregado não faz jus ao
13º salário correspondente ao período de afastamento. O período referente à ausência só é computado
para fins de indenização e estabilidade, não gerando qualquer outro direito.
Observe-se que o cargo anterior fica à disposição do empregado afastado para cumprir as exi-
gências do serviço militar. No entanto, para o exercício desse direito, ele deve apresentar-se à empresa
dentro do prazo de 30 dias contados da baixa.
Exemplo
Empregado admitido em 10.03.2018 ficou afastado do trabalho em 2019 para cumprimento das exigências do
serviço militar obrigatório no período de 11.03 até 06.12 e retornou em 07.12.2019 às atividades normais na mes-
ma empresa em que fora admitido.
Nessa hipótese, a empresa calculou e pagou o 13º salário/2019 desse empregado proporcionalmente aos pe-
ríodos tidos como efetivamente trabalhados, antes e depois do lapso de tempo em que esteve afastado para
cumprimento do serviço militar.
De acordo com o exemplo em questão, a empresa computou somente 3/12 relativos ao 13º proporcional em
2019, dos quais:
a) 2/12 correspondem ao período de 1º.01 a 11.03.2019 (anterior ao afastamento); e
b) 1/12 é relativo ao período de 07 a 31.12.2019 (posterior ao afastamento).
SALÁRIO-MATERNIDADE
Cabe à empresa pagar o salário-maternidade devido à sua empregada gestante, o qual será com-
pensado quando do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais ren-
dimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço.
Nota
A Lei nº 12.873/2013, objeto de conversão, com emendas, da Medida Provisória nº 619/2013, estabeleceu que o empregado
do sexo masculino que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança terá direito à licença e ao salário-
-maternidade pelo período de 120 dias. O benefício do salário-maternidade será pago diretamente pela Previdência Social.
Observa-se que a adoção ou a guarda judicial conjunta ensejará a concessão de licença-maternidade a apenas um dos
adotantes ou guardiães empregado ou empregada.
b) empregada doméstica;
c) empregada do microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar
nº 123/2006;
d) contribuinte individual (autônoma e empresária);
e) trabalhadora avulsa;
f) segurada especial;
g) segurada facultativa.
Guia de Cálculos Trabalhistas 185
Para apuração do valor a deduzir a título de 13º salário correspondente ao período da licença, de-
verá a empresa observar o seguinte cálculo:
a) a remuneração correspondente ao 13º salário deverá ser dividida por 30;
b) o resultado da operação mencionada deverá ser dividido pelo número de meses considerados
no cálculo da remuneração do 13º salário;
c) o valor apurado na forma da letra “b” deverá ser multiplicado pelo número de dias de gozo de
licença-maternidade no ano. O resultado final corresponde ao valor da parcela referente ao 13º
salário proporcional ao período da licença-maternidade.
Exemplo
Empregada com remuneração mensal de R$ 2.280,00. Neste caso, temos:
R$ 2.280,00 ÷ 30 = R$ 76,00
R$ 76,00 ÷ 12 = R$ 6,333333
R$ 6,333333 × 120 = R$ 760,00
Exemplo
Empregada ficou afastada do trabalho por motivo de licença-maternidade (adoção de criança) durante 120 dias,
no período de 07.02 a 06.06.2019. Nesta hipótese, a Previdência Social arca com o pagamento do abono anual
de 4/12 correspondente ao período de afastamento por licença-maternidade e a empresa calculará e pagará o
13º salário/2019 dessa empregada proporcionalmente aos períodos tidos como efetivamente trabalhados, antes
e depois do lapso de tempo em que esteve afastada, bem como quitará eventual diferença entre o efetivo valor
do 13º salário no período de afastamento e o valor do abono anual pago pelo INSS, ou seja:
a) 1/12 correspondente ao período de 1º.01 a 06.02.2019 (anterior ao afastamento);
b) 7/12 relativos ao período de 07.06 a 31.12.2019 (posterior ao afastamento);
c) 4/12 pertinentes ao período de afastamento de 07.02 a 06.06.2019, deduzido o valor do abono anual pago pela
Previdência Social relativo a esse período de afastamento.
186 Guia de Cálculos Trabalhistas
MORTE DO EMPREGADO
A morte do empregado extingue automaticamente a relação empregatícia. Em consequência, o
13º salário é devido, proporcionalmente, à data do evento.
PRESCRIÇÃO
O direito de ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, segundo a CF/1988,
art. 7º, XXIX, na redação dada pela Emenda Constitucional nº 28/2000, tem prazo prescricional de 5 anos
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a extinção do contrato. Assim, se o
empregado ingressar com ação dentro dos 2 anos da data da cessação do contrato de trabalho, poderá
reclamar os últimos 5 anos.
O art. 440 da CLT determina que contra empregados menores de 18 anos, não corre prazo prescri-
cional. Vale dizer: somente quando o empregado completar 18 anos de idade é que o prazo prescricional
começará a fluir.
Determina a lei em comento que, havendo o chamamento para o trabalho, ao final de cada perío-
do de trabalho, o empregado receberá, de imediato, entre outras parcelas, do 13º salário proporcional.
Haverá, portanto, pagamento de 13º salário em mais de 2 parcelas, ou seja, se o empregado for
chamado no ano 4 vezes, haverá 4 parcelas de 13º salário.
Contribuição previdenciária
Recolhimento - Prazo
Em geral, a contribuição previdenciária incidente sobre o 13º salário é devida por ocasião do paga-
mento ou crédito da última parcela e deve ser recolhida até o dia 20 de dezembro do ano corresponden-
te. Na hipótese de não haver expediente bancário na mencionada data, a contribuição previdenciária
deverá ser recolhida no dia útil imediatamente anterior ao do vencimento.
Importante
Observar o item anterior relativo ao contrato de trabalho intermitente.
Guia de Cálculos Trabalhistas 187
Base de cálculo
Para fins de cálculo da contribuição, utiliza-se como base de incidência o valor bruto da remu-
neração do 13º salário, sem a compensação dos adiantamentos pagos, aplicando-se, em separado, as
alíquotas normais de contribuição, conforme procedimentos adiante descritos.
Parte do empregado
No ano de 2019, o empregado contribuiu, por ocasião do pagamento ou crédito da última parcela
ou na rescisão do contrato de trabalho, com alíquotas aplicadas de forma não cumulativa de 8%, 9% ou
11%, conforme o valor integral do 13º salário (gratificação natalina), sem compensação dos adiantamen-
tos pagos, mediante aplicação, em separado, da tabela de desconto previdenciário do empregado do
mês de dezembro ou do mês da rescisão, conforme o caso.
até 1.751,81 8%
até 1.830,29 8%
Desde 1º.03.2020, o critério de cálculo da contribuição previdenciária foi alterado, pois a Emenda
Constitucional nº 103/2019 determinou em seu art. 28 que até que lei altere as alíquotas de contribuição
previdenciária dos empregados, domésticos e avulsos, as alíquotas previstas em seu caput (7,5%, 9%,
12% e 14%) serão aplicadas de forma progressiva sobre o salário de contribuição, incidindo cada alíquota
sobre a faixa de valores compreendida nos respectivos limites. A Portaria SEPRT nº 3.659/2020, divulgou
a seguinte tabela de contribuição previdenciária dos empregados, domésticos e avulsos, válida desde
março/2020.
a) empregado com o total do 13º salário no valor de R$ 3.600,00 (abaixo do teto máximo de contribuição), temos:
ALIQUOTAS VALOR DA
FAIXAS SALARIAIS (R$) CÁLCULO
(%) CONTRIBUIÇÃO (R$)
de 2.089,61 até 3.134,40 12% 12% de R$ 1.044,80, ou seja, R$ 3.134,40 menos R$ 2.089,60 125,37
de 3.134,41 até 6.101,06 14% 14% de R$ 465,60, ou seja R$ 3.600,00 menos R$ 3.134,40 65,18
Atenção:
Os cálculos das contribuições previdenciárias foram efetuados considerando duas casas decimais sem qual-
quer arredondamento, posto que até o momento, não há dispositivo legal determinando arredondamento de
valores de contribuição apurados em cada faixa salarial.
b) empregado com o total do 13º salário no valor de R$ 6.500,00 (acima do teto máximo de contribuição), temos:
ALIQUOTAS VALOR DA
FAIXAS SALARIAIS (R$) CÁLCULO
(%) CONTRIBUIÇÃO (R$)
de 2.089,61 até 3.134,40 12% 12% de R$ 1.044,80, ou seja, R$ 3.134,40 menos R$ 2.089,60 125,37
de 3.134,41 até 6.101,06 14% 14% de R$ 2.966,66, ou seja R$ 6.101,06 menos R$ 3.134,40 415,33
Por esta razão, os cálculos de desconto de contribuição previdenciária dos empregados sobre 13º salário a ser
pago (2º parcela ou na rescisão) a partir de 1º.01.2020, deverão observar os valores constantes das novas tabelas.
Parte da empresa
A empresa assume, geralmente, o encargo patronal de 20% (ou 22,5% no caso de instituições fi-
nanceiras) sobre o total bruto (sem limite) das remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no
decorrer do mês, aos segurados empregados (no caso, em uma GPS distinta, sobre o 13º salário). Sobre
o total bruto (sem limite), incide, ainda, geralmente, a contribuição da empresa devida a “Terceiros” e a
destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade
laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (GIIL-RAT).
Importante
Desde 1º.03.2020, o critério de cálculo da contribuição previdenciária dos empregados, domésticos e avulsos, foi alterado,
pois a Emenda Constitucional nº 103/2019 determinou em seu art. 28 que até que lei altere as alíquotas de contribuição
previdenciária destes, as alíquotas previstas em seu caput (7,5%, 9%, 12% e 14%) serão aplicadas de forma progressiva
sobre o salário de contribuição, incidindo cada alíquota sobre a faixa de valores compreendida nos respectivos limites.
A Portaria SEPRT nº 3.659/2020, divulgou a seguinte tabela de contribuição previdenciária dos empregados, domésticos
e avulsos, válida desde março/2020.
Exemplo de cálculo de contribuição previdenciária do empregado com base nos novos critérios
a) empregado com salário mensal de R$ 4.200,00 (abaixo do teto máximo de contribuição), temos:
ALIQUOTAS VALOR DA
FAIXAS SALARIAIS (R$) CÁLCULO
(%) CONTRIBUIÇÃO (R$)
até 1.045,00 7,5% 7,5% de R$ 1.045,00 78,37
de 1.045,01 até 2.089,60 9% 9% de R$ 1.044,60, ou seja, R$ 2.089,60 menos R$ 1.045,00 94,01
de 2.089,61 até 3.134,40 12% 12% de R$ 1.044,80, ou seja, R$ 3.134,40 menos R$ 2.089,60 125,37
de 3.134,41 até 6.101,06 14% 14% de R$ 1.065,60, ou seja R$ 4.200,00 menos R$ 3.134,40 149,18
CONTRIBUIÇÃO TOTAL 446,93
Atenção:
Os cálculos das contribuições previdenciárias foram efetuados considerando duas casas decimais sem qual-
quer arredondamento, posto que até o momento, não há dispositivo legal determinando arredondamento de
valores de contribuição apurados em cada faixa salarial.
Contribuição total = R$ 446,93
b) empregado com salário mensal de R$ 7.000,00 (acima do teto máximo de contribuição), temos:
ALIQUOTAS VALOR DA
FAIXAS SALARIAIS (R$) CÁLCULO
(%) CONTRIBUIÇÃO (R$)
até 1.045,00 7,5% 7,5% de R$ 1.045,00 78,37
de 1.045,01 até 2.089,60 9% 9% de R$ 1.044,60, ou seja, R$ 2.089,60 menos R$ 1.045,00 94,01
de 2.089,61 até 3.134,40 12% 12% de R$ 1.044,80, ou seja, R$ 3.134,40 menos R$ 2.089,60 125,37
de 3.134,41 até 6.101,06 14% 14% de R$ 2.966,66, ou seja R$ 6.101,06 menos R$ 3.134,40 415,33
CONTRIBUIÇÃO TOTAL 713,08
Exemplo
Exemplos de pagamento de 13º salário a partir de março de 2020
a) Remuneração de dezembro e 13º salário inferiores ao teto de contribuição previdenciária:
- teto de contribuição previdenciária em 2020: R$ 6.101,06;
- salário do empregado em 12/2020: R$ 1.310,00;
- 13º salário (valor integral): R$ 1.310,00;
- salário-de-contribuição do empregado relativo à remuneração de 12/2020: R$ 1.310,00.
Valor a ser descontado: R$ 102,22;
- salário-de-contribuição do empregado relativo ao 13º salário/2020: R$ 1.310,00. Valor a ser descontado: R$ 102,22;
- valor total da contribuição previdenciária por parte do empregado: R$ 204,44 (R$ 102,22 + R$ 102,22);
- encargo patronal relativo à competência 12/2020 incidente sobre R$ 2.620,00 (R$ 1.310,00 + R$ 1.310,00);
b) Remuneração de dezembro superior e 13º salário inferior ao teto de contribuição previdenciária:
- teto de contribuição previdenciária em 12/2020: R$ 6.101,06
- salário do empregado em 12/2020: R$ 6.900,00;
- 13º salário (valor proporcional devido) = R$ 4.025,00;
- salário-de-contribuição do empregado relativo à remuneração de 12/2020: R$ 6.101,06 (teto). Valor a ser des-
contado = R$ 713,08);
- salário-de-contribuição do empregado relativo ao 13º salário: R$ 4.025,00. Valor a ser descontado: R$ 422,43;
- valor total da contribuição previdenciária por parte do empregado: R$ 1.135,51 (R$ 713,08 + R$ 422,43);
- encargo patronal relativo à competência 12/2020 incidente sobre R$ 10.925,00 (R$ 6.900,00 + R$ 4;025,00);
c) Remuneração de dezembro e 13º salário superiores ao teto de contribuição previdenciária:
- teto de contribuição previdenciária em 12/2020: R$ 6.101,06
- salário do empregado em 12/2020: R$ 6.900,00;
- 13º salário (valor integral): R$ 6.900,00;
- salário-de-contribuição do empregado relativo à remuneração de 12/2020: R$ 6.101,06 (teto). Valor a ser des-
contado = R$ 713,08;
- salário-de-contribuição do empregado relativo ao 13º salário: R$ 6.101,06 (teto máximo em 12/2020). Valor a ser
descontado = R$ 713,08;
- valor total da contribuição previdenciária por parte do empregado: R$ 1.426,16 (R$ 713,08 + R$ 713,08);
- encargo patronal relativo à competência 12/2020 incidente sobre R$ 13.800,00 (R$ 6.900,00 + R$ 6.900,00).
Exemplo
Considerando que o empregado comissionista puro recebeu em dezembro a título de 13º salário, considerando as
comissões até novembro, o valor de R$ 1.800,00. Em 20.12 foram recolhidas em GPS com competência 13, as contribui-
ções previdenciárias sobre este valor.
Posteriormente apurou-se o valor do 13º salário integral, computadas as comissões de dezembro, totalizando R$ 2.100,00.
As contribuições previdenciárias incidentes sobre a diferença apurada R$ 300,00 serão recolhidas na GPS relativa à
competência 12, com vencimento em 20.01.
192 Guia de Cálculos Trabalhistas
Nota
Vale destacar que é proibido a utilização de documento de arrecadação previdenciária de valor inferior a R$ 10,00. Se o
valor a recolher na competência for inferior ao valor mínimo estabelecido (R$ 10,00), deverá ser adicionado ao devido na
competência seguinte, e assim sucessivamente, até atingir o valor mínimo permitido para recolhimento.
Portanto, quanto ao critério para recolhimento ou restituição, conforme o caso, da quantia corres-
pondente ao acerto da diferença para os empregados que percebem salário variável, deve-se observar que:
a) a contribuição previdenciária sobre o valor favorável ao empregado deverá ser efetuada na
competência dezembro do mesmo ano a que se refere o pagamento do 13º salário, no docu-
mento de arrecadação normal da própria empresa. Nesse caso, recalcula-se a contribuição
previdenciária sobre o 13º salário (computado o valor favorável ao empregado). A diferença
entre a contribuição apurada e a efetivamente recolhida será somada às contribuições previ-
denciárias sobre a remuneração de dezembro, observando-se, em seguida, os procedimentos
descritos adiante;
b) apurado o valor da contribuição previdenciária conforme anteriormente mencionado, o em-
pregador deverá, então, registrá-lo no campo 6 da GPS (Valor do INSS). Assim, o valor da con-
tribuição previdenciária patronal relativo à diferença do 13º salário favorável ao empregado é
recolhido em conjunto com as demais contribuições normais da empresa e do empregado,
recolhidas no campo 6 da GPS, relativas à folha de pagamento da competência dezembro
(contribuições dos empregados mais a cota previdenciária patronal de, geralmente, 20% - ou
22,5%, no caso de instituições financeiras -, mais a contribuição relativa ao risco ambiental do
trabalho, GIIL-RAT de 1%, 2% ou 3%, conforme a atividade preponderante, observadas as regras
do FAP, incidentes sobre o valor bruto, sem limite, da folha de salários dos empregados, me-
nos o valor correspondente às deduções legalmente permitidas). No campo 9 da GPS - “Valor
de Outras Entidades”, a empresa também deverá lançar o valor da contribuição destinada a
“Terceiros”, apurado sobre o total bruto da folha de salários dos empregados, ressalvadas as
hipóteses legais de convênio de arrecadação direta entre a empresa e a entidade beneficiária
da contribuição;
c) por outro lado, tratando-se de recolhimento indevido de contribuição previdenciária decor-
rente de diferença favorável à empresa, a compensação do valor recolhido a maior poderá ser
efetuada pela empresa, nos termos da legislação própria. A parte relativa ao desconto pre-
videnciário que eventualmente tenha sido cobrada a maior do empregado deverá a ele ser
reembolsada, mediante discriminação em recibo.
O recolhimento da contribuição previdenciária sobre o 13º salário deve ser efetuado por intermé-
dio da GPS utilizada especificamente para essa finalidade, ou seja, uma GPS separada da que for utiliza-
da para recolhimento das contribuições sobre a folha de pagamento normal da competência dezembro.
d) há incidência de contribuição para as demais entidades e fundos (Terceiros), devendo ser lan-
çado o valor no campo “9 - Valor de Outras Entidades”.
Entretanto, para as empresas a seguir, que já passaram a substituir a Guia de Recolhimento do
FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), para efeitos previdenciários, pela Declaração de Dé-
bitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb), o
recolhimento das contribuições previdenciárias passou a ser efetuado por meio do DARF emitido pelo
próprio aplicativo:
INÍCIO
CONTRIBUINTES
(FATO GERADOR)
Contribuintes não enquadrados nas situações anteriores (entidades com faturamento até R$ 4.800.000,00,
Data a ser definida optantes pelo Simples Nacional, empregadores pessoas físicas, entidades sem fins lucrativos, entes
públicos, etc.)
Ressalte-se que a DCTFWeb Anual, para a prestação de informações relativas aos valores pagos
aos trabalhadores a título de 13º salário, deve ser transmitida até o dia 20 de dezembro de cada ano, ou
dia útil imediatamente anterior.
Recolhimento em atraso
De acordo com o art. 26 da Lei nº 11.941/2009 que altera, entre outros, a redação do art. 35 da Lei nº
8.212/1991, ficou estabelecido que os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previs-
tas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212/1991, das contribuições instituídas
a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e
fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de
mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/1996.
Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria
da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos
previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três cen-
tésimos por cento, por dia de atraso.
§ 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do
prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento.
§ 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §
3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do
pagamento e de um por cento no mês de pagamento.
194 Guia de Cálculos Trabalhistas
Empresas que tiveram a base de cálculo da contribuição previdenciária patronal básica (20%)
substituída pela receita bruta
A desoneração da folha de pagamento das empresas beneficiadas e optantes pela medida con-
siste, exclusivamente, na substituição da base de cálculo da contribuição previdenciária patronal básica
(20%), a qual é a folha de pagamento de empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais,
pela receita bruta (chamada "contribuição substitutiva").
A adoção do sistema de desoneração da folha de pagamento é temporária (podendo ocorrer até
31.12.2020) e opcional, ou seja, a empresa, antes de optar, irá verificar se a contribuição previdenciária
patronal básica (20%) sobre a folha de pagamento lhe acarretará aumento ou diminuição do encargo
previdenciário se comparado com a contribuição calculada sobre a sua receita bruta.
O cálculo da contribuição previdenciária referente ao 13º salário pago na rescisão será realizado
utilizando-se a mesma sistemática aplicada às contribuições relativas às demais parcelas do salário-de-
-contribuição pagas no mês.
Exemplo
Considerando que, no ano de 2019, a empresa se encontrava sob o regime da desoneração e contou com:
Receita bruta total = R$ 600.000,00 - (período de dezembro/2018 a novembro/2019)
Receita bruta de atividade desonerada = R$ 450.000,00 - (período de dezembro/2018 a novembro/2019)
Guia de Cálculos Trabalhistas 195
EMPREGADO DOMÉSTICO
O desconto previdenciário relativo ao 13º salário deve ser efetuado, por ocasião do pagamento da
parcela final, em separado do salário do mês, sem abatimento da antecipação.
Nota
Nos Estados da Federação onde houver legislação fixando piso salarial para a classe de empregados domésticos, este
deverá ser observado.
No ano de 2020, deverão ser observadas as seguintes tabelas de desconto previdenciário dos
empregados domésticos:
FGTS - DEPÓSITO
O depósito relativo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) (8%) é devido com base na
remuneração paga ou devida no mês anterior, nela incluída, além de outras parcelas, a Gratificação de
Natal. Assim o depósito deve ser efetuado por ocasião do pagamento, tanto da 1ª como da 2ª parcela do
13º salário ou nos casos de rescisão contratual.
Importante
Observar que, com relação ao contrato de trabalho intermitente, o empregador efetuará o depósito do Fundo de Garan-
tia do Tempo de Serviço (FGTS), com base nos valores pagos no período mensal, e fornecerá ao empregado compro-
vante do cumprimento dessa obrigação.
Portanto, ao final de cada mês, tendo havido convocação para o trabalho, o empregador efetuará o depósito do FGTS
sobre o total da remuneração paga no mês (um ou mais chamamentos ao trabalho) até o dia 7 do mês subsequente.
Os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao mês imediatamente anterior
que ainda não houver sido recolhido, bem como a importância igual a 40% (despedida sem justa causa
ou indireta) ou 20%, no caso de culpa recíproca ou força maior, do montante de todos os depósitos rea-
lizados na conta vinculada do FGTS, durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetaria-
mente e acrescidos dos respectivos juros, devem ser depositados por meio da Guia de Recolhimento
Rescisório do FGTS (GRRF).
Importante
Lembrar que, nas rescisões contratuais ocorridas por acordo entre empregado e empregador (possibilidade instituída
pela Reforma Trabalhista), a multa rescisória do FGTS é reduzida pela metade.
Exemplo
Empregado com remuneração mensal de R$ 8.500,00 em dezembro/2020, com 2 dependentes para fins de IR.
Assim, temos:
Remuneração integral de 13º salário/2020
(1ª + 2ª parcelas) = R$ 8.500,00
Desconto de INSS = R$ 713,08
Desconto relativo aos dependentes = R$ 379,18
Base de incidência do IR R$ 7.407,74
Imposto de Renda (27,5%) R$ 2.037,12
Parcela a deduzir = R$ 869,36
Total do Imposto de Renda a reter = R$ 1.167,76
198 Guia de Cálculos Trabalhistas
Importante
O trabalho intermitente é uma figura nova criada pela Reforma Trabalhista, instituída pela Lei nº 13.467/2017, em vigor des-
de 11.11.2017. Determina a lei em comento que, havendo o chamamento para o trabalho, ao final de cada período de pres-
tação de serviço, o empregado receberá, de imediato, o pagamento, entre outras parcelas, do 13º salário proporcional.
Haverá, portanto, pagamento de 13º salário em mais de 2 parcelas, ou seja, se o empregado for chamado no ano 4 vezes,
haverá 4 parcelas de 13º salário. Como o chamamento ao trabalho só ocorre em caso de necessidade, não há como
prever qual será o último chamamento do ano, a fim de apurar a parcela final do 13º salário.
O empregador efetuará o recolhimento das contribuições previdenciárias próprias e do empregado e o depósito do
FGTS com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas
obrigações.
Dicas do eSocial
No eSocial, as informações relativas ao 13º salário (integral e proporcional, etc.) serão lançadas nos eventos:
S-1010 - Tabela de Rubricas;
S-1200 - Remuneração do Trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previdência Social;
S-1210 - Pagamentos de Rendimentos do Trabalho;
S-2299 - Desligamento.
Lembramos, porém que no processo de simplificação do eSocial, será criada uma tabela de rubrica padrão com as
incidências aplicáveis em cada uma. Se a empresa adotar a tabela padrão ficará dispensada de enviar o evento S-1010.
Está prevista também a unificação dos eventos S-1200 e S-1210.
CAPÍTULO VII
CONTRATO DE TRABALHO
INTERMITENTE
CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE
É considerado intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordi-
nação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inativida-
de, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e
do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria.
O contrato de trabalho intermitente será celebrado por escrito e registrado na Carteira de Traba-
lho, ainda que previsto em acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva, e conterá:
a) identificação, assinatura e domicílio ou sede das partes;
b) valor da hora ou do dia de trabalho, que não poderá ser inferior ao valor horário ou diário do
salário mínimo, nem inferior àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que
exerçam a mesma função, assegurada a remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
c) o local e o prazo para o pagamento da remuneração.
CONVOCAÇÃO
O empregador convocará o empregado para o trabalho, com antecedência mínima de 3 dias cor-
ridos, sendo aceita como válida a comunicação feita por qualquer meio de comunicação eficaz (e-mail,
whatsapp, telegrama, carta, etc.). Recomenda-se, portanto, que seja utilizada forma de comunicação
passível de ser comprovada. A informação deverá esclarecer qual será a jornada.
Após o recebimento da convocação, o empregado terá o prazo de 1 dia útil para responder ao
chamado. Caso não o faça no mencionado prazo, será caracterizada a recusa, a qual, para este tipo de
contrato, não descaracteriza a subordinação.
A recusa também não pode ser entendida como ato faltoso de insubordinação do empregado.
Constatada a prestação dos serviços pelo empregado, estarão satisfeitos os prazos mencionados
anteriormente.
Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descumprir, sem justo motivo,
pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% da remuneração que seria devida, permitida
a compensação em igual prazo.
Na hipótese de o período de convocação exceder um mês, o pagamento das parcelas devidas não poderá ser estipulado
por período superior a um mês, contado a partir do primeiro dia do período de prestação de serviço e deve ocorrer até
o 5º útil do mês seguinte ao trabalhado.
200 Guia de Cálculos Trabalhistas
PERÍODO DE INATIVIDADE
Considera-se período de inatividade o intervalo temporal distinto daquele para o qual o emprega-
do intermitente haja sido convocado e tenha prestado serviços.
O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador e não será
remunerado, hipótese em que restará descaracterizado o contrato de trabalho intermitente caso haja
remuneração por tempo à disposição no período de inatividade.
REMUNERAÇÃO
Ao final de cada período de prestação de serviços, o empregado receberá, de imediato, as seguin-
tes parcelas:
a) remuneração relativa ao período trabalhado;
b) repouso semanal remunerado correspondente;
c) férias proporcionais com acréscimo do terço constitucional;
d) 13º salário proporcional;
e) adicionais legais.
O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma das
parcelas devidas.
Exemplo
Empregado foi convocado para trabalhar com jornada de 7 horas diárias, de segunda a sábado, no período de 1º
a 25.02.2020. Aceita a convocação e presta os serviços.
Considerando que o seu salário/hora seja de R$ 25,00, temos:
a) nº de dias úteis (segunda-feira a sábado) no período de 1º a 25.02.2020 = 21
b) horas trabalhadas no período = 147
c) dias de RSR no período = 4
Cálculo
a) Remuneração das horas trabalhadas = R$ 3.675,00 (R$ 25,00 × 147)
b) RSR = R$ 700,00 (R$ 25,00 × 7 × 4)
c) Remuneração Total = R$ 4.375,00 (R$ 3.675,00 + R$ 700,00)
d) Férias proporcionais (1/12) = R$ 364,58 (R$ 4.375,00 ÷ 12)
e) Terço constitucional sobre férias = R$ 121,53 (R$ 364,58 ÷ 3)
f) 13º salário proporcional (1/12) = R$ 364,58 (R$ 4.375,00 ÷ 12)
Total bruto devido ao empregado: R$ 5.225,69 (R$ 4.375,00 + R$ 364,58 + R$ 121,53 + R$ 364,58)
Na hipótese de o período de convocação exceder um mês, o pagamento das parcelas devidas não poderá ser estipulado
por período superior a um mês, devendo ocorrer até o 5º dia útil do mês subsequente.
Guia de Cálculos Trabalhistas 201
ENCARGOS LEGAIS
O empregador efetuará o recolhimento das contribuições previdenciárias próprias e do empre-
gado e o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com base nos valores pagos no
período mensal, e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações.
Para efeitos previdenciários, considera-se ocorrido o fato gerador da contribuição quando for
paga, devida ou creditada, o que ocorrer primeiro, a remuneração acrescida das parcelas mencionadas
anteriormente.
FÉRIAS
A cada 12 meses (período aquisitivo), o empregado adquire direito a usufruir, nos 12 meses subse-
quentes, um mês de férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo
empregador.
O empregado, mediante prévio acordo com o empregador, poderá usufruir suas férias em até três
períodos.
Lembre-se, porém, de que a remuneração relativa às férias já foram pagas no curso do ano, de
forma proporcional, ao final de cada período de prestação de serviços.
O fato gerador da contribuição previdenciária incidente sobre a parcela relativa às férias propor-
cionais ocorrerá mensalmente quando essas parcelas forem pagas, devidas ou creditadas.
Outra questão a ressaltar é que este empregado pode nunca ter direito ao repouso relativo às
férias, uma vez que, embora esteja em gozo de férias em relação a um empregador, poderá estar sendo
convocado para o trabalho em relação aos demais.
Ainda, a norma estabelece que o empregado terá um mês de férias. Entretanto, conforme estabe-
lece a CLT, as férias são concedidas em dias e não em mês. Pretendeu o legislador criar um novo cálculo
de férias ou se trata de um equívoco?
202 Guia de Cálculos Trabalhistas
SALÁRIO-MATERNIDADE
O salário-maternidade devido à empregada contratada para trabalho intermitente constitui base
de cálculo da contribuição previdenciária devida pelo contratante.
A base de cálculo da contribuição será o valor correspondente à soma das remunerações pagas
no período de 12 meses anteriores à data de início do pagamento do salário-maternidade, dividido pelo
número de meses em que houve pagamento de remuneração.
A contribuição devida pela segurada empregada contratada para trabalho intermitente, incide
sobre a parcela do 13º salário proporcional aos meses em que houve pagamento de salário-maternidade.
Exemplo
Considerando que o trabalhador no ano de 2019 prestou serviços intermitentes em apenas 2 oportunidades,
tendo auferido os seguintes valores:
Novembro - R$ 1.500,00 (já inseridos os RSR)
Dezembro - R$ 1.600,00 (já inseridos os RSR)
Cálculo da média mensal
R$ 1.5000 + R$ 1.600 = R$ 3.100,00 ÷ 2 = R$ 1.550,00
CAPÍTULO VIII
AVISO-PRÉVIO
A Constituição Federal/1988, art. 7º, XXI, prevê que é direito dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social, o aviso-prévio proporcional ao tempo de
serviço, sendo no mínimo de 30 dias, nos termos da Lei.
Concedido pelo empregador, possibilita ao empregado a procura de novo emprego. Por outro
lado, se o empregado pede demissão, a finalidade é dar ao empregador a oportunidade de contratar
outro empregado para o cargo.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, acresceu o art. 611-B à CLT
para determinar, entre outras disposições, que constitui objeto ilícito de documentos coletivos de trabalho (acordo e
convenção) a supressão ou redução do aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias, nos
termos da lei.
a.1) alguns doutrinadores sustentam que o acréscimo de 3 dias a cada ano trabalhado pelo
empregado, será devido após completar 1 ano seguinte àquele que lhe garantiu os 30
dias iniciais, ou seja, com 2 anos completos de serviço ao mesmo empregador, estarão
garantidos 33 dias de aviso, equivalentes aos 30 dias do 1º ano e mais 3 dias do 2º ano, e
assim sucessivamente, de modo que o período máximo de 90 dias de aviso-prévio só será
garantido ao empregado com 21 anos ou mais de serviço prestado na mesma empresa;
a.2) outros alegam que na aplicação da proporcionalidade o primeiro ano de trabalho deve ser
considerado, pois não há previsão legal para sua exclusão. Desta forma, um empregado
com exatos 12 meses de serviço teria direito a 33 dias de aviso-prévio, pois segundo esta
corrente de entendimento, uma vez completado o primeiro ano, este lapso deve ser com-
putado;
b) a 2ª corrente de entendimento sustenta que a fração de ano deve ser considerada na aplica-
ção da norma. Dentre os que abraçam esta corrente há, também, divergência ainda quanto à
fração de ano a ser considerada;
b.1) alguns defendem a posição de que a partir do primeiro dia de trabalho após os 12 primei-
ros meses já seria assegurado ao empregado a contagem de mais 3 dias de aviso-prévio.
Assim, o empregado com 12 meses e 1 dia de trabalho ao ser dispensado sem justa causa
fará jus ao aviso-prévio de 33 dias;
b.2) outros alegam que o acréscimo de 3 dias seria devido quando o empregado tiver traba-
lhado pelo menos 6 meses após o ano completo, por analogia ao disposto no art. 478 da
CLT o qual determina que o cálculo da indenização decenal devida na rescisão do con-
trato a prazo indeterminado deve ser calculada considerando o ano de serviço ou o ano e
fração igual ou superior a 6 meses.
Posição do antigo Ministério do Trabalho (MTb) divulgada por meio de nota técnica
No ano da publicação da lei (2011), a Secretaria de Relações do Trabalho (SRT), no intuito de orientar
os servidores das seções de relações do trabalho, divulgou o Memo. Circular nº 10/2011 esclarecendo,
entre outros, que:
5. O aviso-prévio proporcional terá uma variação de 30 a 90 dias, dependendo do tempo de serviço na em-
presa. Dessa forma, todos terão no mínimo 30 dias durante o primeiro ano de trabalho, somado a cada ano
mais três dias, devendo ser considerada a projeção do aviso-prévio para todos os efeitos. Assim, o acréscimo
de que trata o parágrafo único da lei, somente será computado a partir do momento em que se configure
uma relação contratual de dois anos ao mesmo empregador.
Observa-se, portanto, que até então, o antigo MTb entendia que apenas após o 2º ano completo
de prestação de serviço ao mesmo empregador o empregado teria direito ao acréscimo proporcional ao
tempo de serviço.
Posteriormente (maio/2012) foi divulgada no site do antigo MTb a Nota Técnica CGRT/SRTMTE
nº 184/2012, a qual, entre outros, esclarece:
O aviso-prévio proporcional terá uma variação de 30 a 90 dias, conforme o tempo de serviço na empresa.
Dessa forma, todos os empregados terão no mínimo 30 dias durante o primeiro ano de trabalho, somado a
cada ano mais três dias, devendo ser considerada a projeção do aviso-prévio para todos os efeitos. Assim, o
acréscimo de que trata o parágrafo único da lei, somente será computado a partir do momento em que se
configure uma relação contratual que supere um ano na mesma empresa. (grifo nosso)
Guia de Cálculos Trabalhistas 205
0 30
1 33
2 36
3 39
4 42
5 45
6 48
7 51
8 54
9 57
10 60
11 63
12 66
13 69
14 72
15 75
16 78
17 81
18 84
19 87
20 90
Nota-se que, se no entender do antigo MTb, conforme informado no item 2 da Nota Técnica
nº 184/2012, o acréscimo de 3 dias só é devido na relação contratual que supere 1 ano, a tabela anterior-
mente transcrita está em desacordo com este entendimento, pois, na coluna relativa a 1 ano completo
de atividade encontramos a informação de ser devido 33 dias de aviso.
Ademais, o mesmo entendimento do antigo MTb encontra-se repetido no item III (Conclusão) da
mencionada Nota Técnica que esclarece:
3) o acréscimo de 3 (três) dias por ano de serviço prestado ao mesmo empregador, computar-se-á a partir
do momento em que a relação contratual supere um ano na mesma empresa.
Nota
Lembramos que as Notas Técnicas não são divulgadas no Diário Oficial da União (DOU) e não têm força coercitiva, apenas
divulgam o entendimento do órgão público sobre determinado tema.
206 Guia de Cálculos Trabalhistas
Dr. Sérgio Pinto Martins - Desembargador do TRT da 2ª Região - Professor titular de Direito do Trabalho da
Faculdade de Direito da USP
[...]
O art. 1º da Lei nº 12.506 é claro no sentido de que o aviso-prévio “será concedido na proporção de 30 (trinta)
dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa”. Logo, tendo o empregado
apenas um ano de empresa ou apenas 12 meses de empresa, faz jus a 30 dias de aviso-prévio.
Para cada ano de serviço haverá acréscimo de três dias no aviso-prévio de 30 dias. É preciso que o ano seja
completo, pois a lei faz referência a três dias por ano de serviço prestado na mesma empresa.
Se o empregado tiver um ano e seis meses de casa, terá direito apenas a 30 dias de aviso-prévio, pois ainda
não tem dois anos de empresa para se falar em 33 dias de aviso-prévio.
[...].
Jorge Cavalcanti Boucinhas Filho - Mestre e Doutorando em Direito do Trabalho pela USP, Professor de
Direito do Trabalho e Processo do Trabalho em Diversos Cursos de Graduação e Pós-Graduação, Membro
pesquisador do Instituto Brasileiro de Direito Social Cesarino Júnior, Advogado Militante. Autor de obras e
artigos jurídicos
[...]
No silêncio da norma, há que se concluir que os três dias a mais de aviso-prévio serão devidos a partir de
cada aniversário. Quando, entretanto, o empregador dispensar os trabalhadores com salário muito alto ime-
diatamente antes de completar mais um ano de contrato de trabalho, deverá ele incluir nos dias de trabalho
ou no pagamento mais três dias de aviso-prévio.
[...].
[...]
O legislador optou por um mecanismo menos ousado que aqueles indicados pelos debates no STF. Manteve
os trinta dias tradicionais do aviso-prévio para o primeiro ano de emprego do trabalhador e, a partir do segundo
(não fazendo menção alguma a fração de ano, destaco3), acrescentou três dias de benefício para cada ano
trabalhado. Dessa forma, se o trabalhador laborou cinco anos e seis meses na empresa, nos termos da nova
legislação, deveria fazer jus a um aviso-prévio de 62 (sessenta e dois) dias, ou seja, trinta dias em razão do
primeiro ano e mais três dias para cada um dos demais (quatro) anos que completou na empresa. No caso
do empregado que venha a ser despedido depois de dez anos e dois meses de emprego, o raciocínio seria
o mesmo: trinta dias para o primeiro ano e mais vinte e sete dias em razão de outros três dias para cada um
dos nove anos restantes de trabalho.
3. Algumas interpretações têm surgido no sentido de que o empregado que completa 12 meses de contra-
to teria direito a um aviso-prévio de 33 dias, pois receberia 30 dias em razão do primeiro ano e 3 dias pela
projeção do aviso-prévio para o ano seguinte. Ocorre que o texto legal dispõe que o acréscimo ocorre por
ano prestado, ou seja, ano trabalhado e não parcela ou fração do ano. Outra interpretação com que travei
contato foi no sentido que o primeiro ano de trabalho já significaria o direito a 33 dias de aviso-prévio, mas
essa possibilidade parece contrariar ainda mais o texto do dispositivo legal.
[...].
Guia de Cálculos Trabalhistas 207
Guilherme Guimarães Ludwig - Juiz do Trabalho no TRT da 5ª Região/BA, Ex-Membro do Conselho Consul-
tivo da Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (2005-2011), Mestre em Direito Público
pela Universidade Federal da Bahia, Extensão Universitária em Economia do Trabalho pelo Cesit/Unicamp
[...]
[...] Por outro lado, a Lei nº 12.506/2011 fixa uma constante de proporcionalidade, na razão de três dias para cada
ano de serviço prestado na empresa, silenciando quanto às frações de tempo de serviço inferiores a um ano.
Nesse particular, entendemos que a nova lei regula suficiente e razoavelmente a proporcionalidade consignada
no inciso XXI do art. 7º da Constituição, tendo o legislador claramente eleito a unidade temporal correspon-
dente ao ano para a contagem da variável tempo de serviço do empregado. Não se tratou de frações, mas
exclusivamente do ano completo.
[...].
Lírio Denoni - Professor das Faculdades Inesc, Advogado do Escritório Lírio Denoni Sociedade de Advogados
[...]
Segundo a nova lei, o aviso-prévio será de 30 dias para os empregados que tenham até 1 (um) ano de em-
prego. Daí por diante, a cada ano de emprego, o empregado terá direito a um acréscimo de 3 (três) dias no
prazo do aviso-prévio, até o limite de 60 (sessenta) dias de acréscimo, perfazendo um total de, no máximo,
90 (noventa) dias.
[...].
Sonia Mascaro Nascimento - Mestre e Doutora em Direito do Trabalho
[...]
Aplicação da regra de acréscimo de 3 dias por ano de serviço.
A Lei 12.503/2011 estipula que a proporcionalidade do aviso-prévio prevista no artigo 7º, XXI da Constituição,
passa a ser computada a partir do primeiro ano de contrato do empregado, de forma que, para contratos com
prazos inferiores a esse, aplica-se o mínimo constitucional de 30 dias. Assim, depois de completar um ano
no emprego, o trabalhador terá direito ao acréscimo de 3 dias ao aviso-prévio por ano de serviço prestado,
com a limitação de que não ultrapassem 60 dias de acréscimo.
Por exemplo: um empregado com 2 anos completos de trabalho na empresa terá direito a 33 dias de aviso-
-prévio; um empregado com 3 anos de trabalho terá direito a 36 dias; e assim sucessivamente até que para
21 anos ou mais de serviço prestado o empregado terá direito a 90 dias de aviso-prévio.
[...].
Não obstante a posição dos renomados juristas anteriormente transcritas, há, também jurista não
menos renomado, com posição de que na contagem do acréscimo será considerado o primeiro ano
completo de atividade.
Gustavo Filipe Barbosa Garcia - Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo,
Livre-Docente pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Professor Universitário em Cursos
de Graduação e Pós-Graduação em Direito, Procurador do Trabalho do Ministério Público do Trabalho da
2ª Região, Ex-Juiz do Trabalho das 2ª, 8ª e 24ª Regiões, Ex-Auditor Fiscal do Trabalho
[...]
Manteve-se o prazo mínimo de 30 dias de aviso-prévio, devido aos empregados com até um ano de serviço
ao empregador (nas hipóteses de dispensa sem justa causa e despedida indireta). Após esse primeiro ano,
o empregado passa a ter o direito ao acréscimo de três dias de aviso-prévio, por ano de serviço prestado ao
mesmo empregador.
A interpretação lógica e teleológica do preceito deve ser no sentido de que esse acréscimo decorre da maior
duração do mesmo contrato individual de trabalho, firmado entre empregado e empregador, levando em
conta, quanto a este, as hipóteses de sucessão trabalhista (arts. 10 e 448 da CLT).
O limite máximo de acréscimo é de 60 dias, os quais, somados aos 30 dias iniciais, resultam no aviso-prévio
total de 90 dias.
Não há uma tabela expressa na lei, com o escalonamento dos prazos de aviso-prévio devidos. Embora a re-
dação dos dispositivos não seja totalmente clara, é certo que os empregados com “até 1 (um) ano de serviço
na mesma empresa” têm direito ao aviso-prévio de 30 dias (art. 1º, caput - destaquei).
Logo, os empregados com mais de 12 meses de serviço prestado na mesma empresa passam a ter direito
ao acréscimo no aviso-prévio, na proporção de “3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa”
(parágrafo único).
Exemplificando, o empregado com um ano e quatro meses de serviço, justamente por ter mais de um ano
de serviço na empresa (art. 1º, caput, a contrario sensu) e por ter completado um ano de serviço (parágrafo
único), ao ser dispensado sem justa causa, passa a ter direito a 33 dias de aviso-prévio.
Tanto é assim que o parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.506/2011 não dispõe que o acréscimo de três dias
decorre de cada novo ano de serviço prestado depois de se completar o primeiro, mas sim que ao aviso-prévio
(de 30 dias) “serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa”.
Ou seja, o empregado com 11 meses de serviço tem direito ao aviso-prévio de 30 dias, por estar inserido na
hipótese de “até 1 ano de serviço” (art. 1º, caput).
Guia de Cálculos Trabalhistas 209
Nessa linha de entendimento, ao ultrapassar os 12 meses iniciais de serviço, o empregado passa a ter direito
ao aviso-prévio de 33 dias (parágrafo único). Ou seja, a partir de (após) 12 meses de serviço, até dois anos, o
aviso-prévio devido (em caso de dispensa sem justa causa ou despedida indireta) é de 33 dias.
Após dois anos de serviço, mas até três anos, o aviso-prévio total é de 36 dias, e assim sucessivamente.
[...].
Jurisprudência
No âmbito jurisprudencial verifica-se que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem decidido no
sentido de incluir na contagem do aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço o primeiro ano de tra-
balho na empresa, conforme se verifica nas decisões a seguir reproduzidas.
[...] Aviso-prévio proporcional - Cada ano de serviço na mesma empresa gera direito ao acréscimo de três
dias no prazo de seu aviso-prévio, não havendo que se falar em exclusão do primeiro ano de serviço, para o
cômputo do aviso-prévio proporcional, nos termos do art. 1º, da Lei nº 12.506/2011. Julgados. Recurso de re-
vista não conhecido. (TST - RR 57-65.2014.5.06-0121 - 8ª Turma - Rel. Min. Márcio Eurico Vitral - DJe 19.05.2017)
[...] Aviso-prévio proporcional - Contagem - Acréscimo dos primeiros três dias - Interpretação da Lei
nº 12.506/2011 - O entendimento predominante no âmbito desta Corte, acerca da interpretação da Lei
nº 12.506/2011, que em seu artigo 1º, parágrafo único, previu o acréscimo de três dias por ano de serviço pres-
tado na mesma empresa, até o máximo de sessenta dias, é de que os primeiros três dias são acrescidos a
partir do término do primeiro ano, ainda que não se tenha completado o segundo ano de serviço, não havendo
como excluir o primeiro ano de serviço do cômputo do aviso-prévio proporcional, por falta de previsão legal.
Estando a decisão de acordo com a jurisprudência desta Corte, não se conhece da Revista, nos termos do
artigo 896, § 7º, da CLT. Recurso de Revista não conhecido. (TST - ARR 689-39.2014.5.09-0661 - 4ª Turma - Relª
Min. Maria de Assis Casting - DJe 12.05.2017)
[...] 2 - Aviso-prévio proporcional - Rescisão do contrato na vigência da Lei 12.506/2011 - É pacífica a jurispru-
dência do TST no sentido de que o aviso-prévio de 30 dias incide apenas nos contratos de trabalho que não
superem 1 (um) ano de vigência. Consequentemente, quando o contrato ultrapassa 1 (um) ano, já é devido
o acréscimo de 3 (três) dias a ano, nos termos do artigo 1º, parágrafo único, da Lei12.506/2011. No caso dos
autos, em que o contrato de trabalho perdurou por mais de 2 anos, são devidos 36 dias de aviso-prévio. Re-
curso de revista conhecido e provido. (TST - ARR 1566-39.2013.5.12-0011 - 7ª Turma - Rel. Min. Douglas Alencar
Rodrigues - DJe 19.12.2016)
dias por ano de serviço prestado na mesma empresa. Isso significa que o ano é contado depois dos primeiros
12 meses, porque com 12 meses, não faz jus a 33 dias de aviso-prévio. A lei em exame não contemplou ano
incompleto de trabalho. Logo, ainda que o autor tenha trabalhado por mais de dois anos faz jus a 33 dias de
aviso-prévio proporcional. Recurso ordinário da reclamada a que se dá provimento, neste aspecto. (TRT 2ª
Região - RO 00010732520125020254 - (20140188309) - 18ª T. - Relª Juíza Maria Cristina Fisch - DOE/SP 17.03.2014)
[...] 2. Aviso-prévio - Lei nº 12.506/2011 - Contagem - Consoante a Lei 12.506/2011, o aviso-prévio de trinta dias
será concedido aos empregados que possuem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa (caput), acrescidos
três dias por ano de serviço (parágrafo único). Para este mister, a contagem proporcional não considera o ano
inicial, somente se iniciando após o primeiro ano de trabalho, pois a este se aplica a regra geral dos trinta dias.
(TRT 10ª Região - RO 755-58.2012.5.10.0015 - Rel. Des. Dorival Borges de Souza Neto - DJe 09.08.2013 - p. 60)
Aplicação da proporcionalidade considerando o ano completo de atividade, mas silente no que tange à
inclusão ou não do 1º ano
Aviso-prévio proporcional - Contagem do prazo - A Lei nº 12.506/2011 não permite dúvida quanto à interpre-
tação ao seu conteúdo, claramente garantindo ao empregado o pagamento de aviso-prévio proporcional
composto do lapso mínimo de 30 (trinta) dias, e acrescido de 3 (três) dias para cada ano de serviço completo
prestado em favor da mesma empresa. (TRT 12ª Região - RO 0000602-73.2013.5.12.0002 - 6ª C. - Relª Teresa
Regina Cotosky - DJe 26.09.2013)
Aviso-prévio proporcional - Contagem do prazo - A Lei nº 12.506/2011 não permite dúvida quanto à interpre-
tação ao seu conteúdo, claramente garantindo ao empregado o pagamento de aviso-prévio proporcional
composto do lapso mínimo de 30 (trinta) dias, e acrescido de 3 (três) dias para cada ano de serviço completo
prestado em favor da mesma empresa. (TRT 12ª Região. - RO 0002809-18.2013.5.12.0011 - 6ª C. - Relª Teresa
Regina Cotosky - DJe 13.06.2014)
Aviso-prévio proporcional - Lei 12.506/11 - Contagem - O parágrafo único do art. 1º da Lei 12.506/11 dispõe
que o aviso-prévio proporcional deverá ser acrescido de 3 (três) dias para cada ano completo de serviço
até o máximo de 60 (sessenta dias), perfazendo, no total, 90 (noventa) dias. Observância dos critérios es-
tabelecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE mediante a edição da Nota Técnica nº 184/2012/
CGRT/SRT/MTE. (TRT 4ª Região - RO 0000015-36.2012.5.04.0252 - 7ª T. - Rel. Des. Marcelo Gonçalves de
Oliveira - DJe 13.12.2013)
Aviso-prévio proporcional - Contagem - Com a edição da Lei nº 12.506/2011, o empregado faz jus ao aviso-
-prévio com duração mínima de 30 (trinta) dias e a um acréscimo de 3 (três) dias para cada ano completo de
serviço, limitado a 90 (noventa) dias. Observância do disposto na Nota Técnica nº 184/2012 do MTE. (TRT 18ª
R. - RO 2416-74.2012.5.18.0007 - 1ª T. - Rel. Eugênio José Cesário Rosa - DJe 12.12.2013 - p. 91)
Recurso ordinário - Rito sumaríssimo - Aviso-prévio proporcional - Contagem - Com a edição da Lei nº
12.506/2011, o empregado faz jus ao aviso-prévio com duração mínima de 30 (trinta) dias e a um acréscimo
de 3 (três) dias para cada ano completo de serviço, limitado a 90 (noventa) dias. Observância do disposto
na Nota Técnica nº 184/2012 do MTE. (TRT 18ª R. - RO 955-73.2012.5.18.0102 - Rel. Daniel Viana Júnior - DJe
22.10.2012 - p. 83)
Aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço - Contagem - Lei nº 12.506/11 - Nos termos da referida Lei, o
aviso-prévio de que trata o Capítulo VI do Título IV da CLT, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias
aos empregados que laboram até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. Nele, serão acrescidos 3 (três)
dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um
total de até 90 (noventa) dias. Ou seja, o tempo mínimo devido a todos os empregados é de 30 (trinta) dias
durante o primeiro ano de trabalho. Uma vez completado esse período, deve ser somado, a cada ano, mais
três dias, considerando a projeção do aviso-prévio para todos os efeitos. Nesse sentido, inclusive, foi a Nota
Técnica nº 184/2012/CGRT/SRT/MTE, editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego para esclarecer os pontos
controversos da nova lei. (TRT 8ª Região - RO 0000240-46.2013.5.08.0111 - Rel. Jose Edilsimo Eliziario Bentes
- DJe 23.05.2014 - p. 10)
Guia de Cálculos Trabalhistas 211
ção analógica dos dispositivos que regulam o pagamento de verbas proporcionais, deve ser considerado o ano
completo ou o lapso superior a seis meses. Aplicação analógica do art. 478 da CLT, do art. 146, parágrafo único,
da mesma Consolidação e também do art. 1º da Lei nº 4.090/62 [...]. (TRT 12ª Região - RO 0000899-36.2013.5.12.0049
- 5ª C. - Rel. José Ernesto Manzi - DJe 23.06.2014)
Aplicação da proporcionalidade considerando a fração anual independentemente de limite mínimo de fração
Aviso-prévio proporcional - Lei 12.506/11 - A Lei 12.506/11 dispõe em seu artigo 1º, parágrafo único. “Ao aviso-
-prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa,
até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias”. Outrossim, a aplicação da
lei em referência gerou interpretações diversas, o que obrigou o Ministério de Trabalho e Emprego a emitir
recentemente a Nota Técnica nº 184/2012, orientando sobre a forma de contagem do aviso-prévio propor-
cional, vazado nos seguintes termos: “O acréscimo de 3 (três) dias por ano de serviço prestado ao mesmo
empregador, computar-se-á a partir do momento em que a relação contratual supere um ano na mesma
empresa”. Frise-se que referida interpretação se coaduna com as diretrizes do Direito Trabalhista e merece
ser prestigiada. Assim, não se há falar que somente é devido o aviso-prévio proporcional com acréscimo de
três dias somente após o segundo ano trabalhado. (TRT 3ª Região - RO 01008/2013-022-03-00.7 - Rel. Des.
Julio Bernardo do Carmo - DJe 14.07.2014 - p. 188)
Aviso-prévio proporcional - Lei 12.506/2011 - Forma de contagem - Lei do aviso-prévio proporcional dispondo
que “o aviso-prévio [...] será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um)
ano de serviço na mesma empresa. Parágrafo único. Ao aviso-prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3
(três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo
um total de até 90 (noventa) dias”. Diante dos termos da nova legislação, conclui-se que, até um ano de pres-
tação de serviço, o aviso é de trinta dias, sendo acrescido de 03 dias por ano de serviço. Logo, ultrapassados
os primeiros 12 meses de trabalho, o aviso-prévio passa a ser de trinta e três dias. Nota Técnica emitida pelo
MTE que corrobora a interpretação ora emprestada à lei. Caso em que o reclamante laborou por cerca de
1 ano e sete meses para a reclamada. Recurso provido para acrescer à condenação 3 dias de aviso-prévio
proporcional. (TRT 4ª Região - RO 0001193-98.2011.5.04.0302 - 1ª T. - Rel. Juiz Conv. José Cesário Figueiredo
Teixeira - DJe 25.09.2012)
Não obstante todas as considerações aqui tratadas, considerando que a Lei nº 12.506/2011 não
trouxe os esclarecimentos necessários sobre as várias implicações legais decorrentes da aplicação do
aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço e, até que a Secretaria Especial de Trabalho venha a pu-
blicar uma portaria ou instrução normativa ou outro ato disciplinando tais implicações, recomendamos,
por medida preventiva, que o empregador antes de abraçar o entendimento que entender mais coeren-
te, consulte antecipadamente a mencionada Secretaria, e a entidade sindical da respectiva categoria
profissional, a fim de obter as orientações cabíveis. Recorda-se, por fim, que a decisão final sobre as
controvérsias decorrentes da aplicação da Lei nº 12.506/2011 competirá ao Poder Judiciário desde que
intentada a competente ação.
Trabalhado
Exemplo
Empregado recebeu ou concedeu aviso-prévio de 30 dias, com data da comunicação em 02.01.2020 e trabalhou
até o dia 1º.02.2020.
Guia de Cálculos Trabalhistas 213
No âmbito doutrinário a matéria também não comporta entendimento pacífico, alguns doutos
alegam que a bilateralidade ou reciprocidade do contrato se aplica apenas aos primeiros 30 dias do
aviso-prévio, após este prazo, constitui apenas benefício ao empregado. Nesta situação em caso de
dispensa do empregado, o período excedente aos 30 dias de aviso-prévio deverá ser indenizado. Em
caso de pedido de demissão o empregado estaria obrigado a conceder apenas 30 dias de aviso-prévio
ao empregador.
Outros, entendem que a bilateralidade ou reciprocidade deve ser considerada em todo o período
do aviso, portanto, o empregador pode optar por exigir o trabalho do empregado dispensado durante
todo o período do aviso-prévio proporcional. Em caso de pedido de demissão o empregado estaria tam-
bém obrigado a conceder o aviso-prévio proporcional ao empregador.
As decisões judiciais acerca do tema também são controvertidas, conforme se verifica das a seguir
transcritas.
Decisões judiciais favoráveis à possibilidade de exigência de trabalho durante todo o período do aviso-prévio
Recurso de revista - Aviso-prévio trabalhado - Lei nº 12.506/2011 - Consigna o acórdão que o aviso-prévio foi
corretamente concedido, na forma da Lei nº 12.506/2011, que dispõe sobre a proporcionalidade do respectivo
pagamento, bem como que “não existe amparo jurídico para a tese de que o tempo excedente aos trinta
dias de aviso seriam obrigatoriamente indenizados, sem que houvesse qualquer labor nesse período, como
pretende o sindicato autor”. Não se vislumbra, pois, violação dos dispositivos invocados. Recurso de revista
não conhecido. (TST - RR 0067000-25.2013.5.17.0014 - Relª Min. Maria de Assis Calsing - DJe 07.11.2014 - p. 1389)
Aviso-prévio proporcional trabalhado por mais de trinta dias - Lei 12.506/11 - Validade - É válida a exigência
do empregador para que o empregado trabalhe no período total do aviso-prévio proporcional, ainda que por
mais de trinta dias, desde que observe a regra contida no artigo 488 da CLT. (TRT 17ª Região - RO 0151300-
29.2013.5.17.0010 - 3ª T. - Rel. Des. Carlos Henrique Bezerra Leite - J. 12.05.2014)
[...] II - Recurso de revista - Sumaríssimo - Ruptura contratual por iniciativa patronal - Aviso-prévio proporcional
ao tempo de serviço - Direito exclusivo do empregado - Ausência de bilateralidade - Período proporcional
indenizado - Hipótese em que o empregado foi dispensado sem justa causa após trabalhar 5 (cinco) anos
para reclamada. Diante disso, a reclamada concedeu o aviso-prévio trabalhado no prazo de 45 dias com
base na Lei 12.506/2011. O reclamante sustenta que trabalhou 15 dias indevidamente em virtude de aplicação
equivocada do aviso-prévio proporcional, pois este período deve ser somente indenizado e não trabalhado,
214 Guia de Cálculos Trabalhistas
por constituir direito exclusivo do empregado. A Norma Técnica 184/2012 do Ministério do Trabalho consigna
que o aviso-prévio proporcional é direito exclusivo do trabalhador. A bilateralidade do aviso-prévio não se
estende no período proporcional, pois não se pode exigir que o empregado permaneça na empresa por mais
tempo, impedindo-o de receber logo suas verbas rescisórias, se sujeitando, muitas vezes, a um ambiente
de trabalho hostil, com vulnerabilidade a assédios. O Tribunal Regional, ao manter a sentença do Juízo de
primeiro grau no sentido de que o aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço trabalhado, na verdade,
beneficiou o empregado viola o art. 7º, XXI, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e provido.
(TST - RR 0001560-92.2012.5.07.0015 - Relª Min. Delaíde Miranda Arantes - DJe 17.10.2014 - p. 858)
Aviso-prévio proporcional trabalhado - Período superior a trinta dias - Invalidade - Lei 12.506/11 - O aviso-prévio
proporcional tem por destinatário apenas o empregado, pois é um direito fundamental social do trabalhador,
e não do empregador. Logo, não se trata de um direito da parte (empregado ou empregador) que pretende
resilir o contrato individual de trabalho, mas um direito apenas do empregado. Neste diapasão, considera-se
restrita a reciprocidade prevista no inciso II do art. 487 da CLT ao período inicial de 30 dias do aviso-prévio,
devendo ser indenizado o lapso subsequente, referente aos dias acrescidos para cada ano de serviço traba-
lhado na empresa, nos termos da Lei 12.506/2011. (TRT 17ª Região - RO 0185600-26.2013.5.17.0007 - 3ª T. - Rel.
Des. Carlos Henrique Bezerra Leite - J. 06.10.2014)
Aviso-prévio indenizado
Importante
Lembre-se de que, desde 11.11.2017, com a entrada em vigor da Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017), além das demais
formas de rescisão, o contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador. Nesta situa-
ção, serão devidas por metade as verbas pagas a título de aviso-prévio indenizado e a multa rescisória do FGTS e pela
integralidade todas as demais verbas rescisórias.
Neste caso, o empregador dispensa o empregado, sem justa causa, e não concede o aviso-prévio,
lhe indenizando, portanto, o valor correspondente.
Exemplos
a) empregador dispensa sem justa causa o empregado no dia 02.03.2020, sem conceder o aviso-prévio, portan-
to, indenizando o período respectivo. Este empregado tem direito a 36 dias de aviso em virtude do tempo de
serviço na empresa. A sua remuneração em março/2020 é de R$ 1.395,00. Assim, temos:
Cálculo do aviso-prévio
Período do aviso = 03.03 a 07.04.2020 (36 dias)
Remuneração/dia em março = R$ 45,00 (R$ 1.395,00 ÷ 31 - nº de dias do mês)
Remuneração/dia em abril = R$ 46,50 (R$ 1.395,00 ÷ 30 - nº de dias do mês)
Valor do aviso-prévio relativo aos 29 dias de março = R$ 1.305,00 (R$ 45,00 × 29)
Valor do aviso-prévio relativo aos 7 dias de abril = R$ 325,50 (R$ 46,50 × 7)
Valor total dos 36 dias de aviso-prévio devido = R$ 1.630,50 (R$ 1.305,00 + R$ 325,50)
Guia de Cálculos Trabalhistas 215
b) empregador dispensou sem justa causa o empregado no dia 02.01.2020, sem conceder o aviso-prévio, por-
tanto, indenizando o período respectivo. Este empregado tem direito a 90 dias de aviso em virtude do tempo de
serviço na empresa. A sua remuneração em janeiro/2020 foi de R$ 1.178,00. Assim, temos:
Cálculo do aviso-prévio
Período do aviso-prévio = 03.01 a 1º.04.2020 (90 dias)
Remuneração/dia em janeiro = R$ 38,00 (R$ 1.178,00 ÷ 31 - nº de dias do mês)
Remuneração/dia em fevereiro = R$ 40,62 (R$ 1.178,00 ÷ 29 - nº de dias do mês)
Remuneração/dia em março = R$ 38,00 (R$ 1.178,00 ÷ 31 - nº de dias do mês)
Remuneração/dia em abril = R$ 39,27 (R$ 1.178,00 ÷ 31 - nº de dias do mês)
Valor do aviso-prévio relativo aos 29 dias de janeiro = R$ 1.102,00 (R$ 38,00 × 29)
Valor do aviso-prévio relativo aos 29 dias de fevereiro = R$ 1.177,98 (R$ 40,62 × 29)
Valor do aviso-prévio relativo aos 30 dias de março = R$ 1.178,00 (R$ 38,00 × 31)
Valor do aviso-prévio relativo a 1 dia de abril = R$ 39,27 (R$ 39,27 × 1)
Valor total dos 90 dias de aviso-prévio devido = R$ 3.497,25 (R$ 1.102,00 + R$ 1.177,98 + R$ 1.178,00 + R$ 39,27)
até mesmo do trabalhador estável ou com garantia de emprego (que tem- ou tinha- vantagem enorme em
seu benefício) qualquer óbice ao exercício de seu pedido de demissão. Ora, o cumprimento de um aviso de
60, 80 ou 90 dias ou o desconto salarial nessa mesma proporção fariam a ordem jurídica retornar a períodos
selvagens da civilização ocidental, antes do advento do próprio Direito do Trabalho - Situação normativa
incompatível com o espírito da Constituição da República e do Direito do Trabalho brasileiros. Recurso de
revista conhecido e parcialmente provido. (TST - RR 1682-51.2015.5.17.0006 - 3ª Turma - Rel. Min. Mauricio
Godinho Delgado - DJe 26.05.2017)
Recurso de revista interposto na vigência da Lei nº 13.015/2014 - Aviso-prévio - proporcionalidade ao tempo de
serviço - Direito do empregado e do empregador - Bilateralidade - 1- O aviso-prévio é obrigação recíproca de
empregado e de empregador, em caso de rescisão unilateral do contrato de trabalho, sem justa causa, como
deriva do art. 487, caput, da . A circunstância de o art. 1º da Lei nº 12.506/2011 haver regulamentado o aviso-prévio
proporcional ao tempo de serviço dos empregados não significa que não se aplica a referida proporcionalida-
de também em favor do empregador. A própria Lei nº 12.506/2011 reporta-se expressamente ao aviso-prévio
de que trata "o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho", cujo art. 487 alude "à parte"
que, sem justo motivo, "quiser rescindir", aplicando a ambos os sujeitos do contrato de emprego a mesma
duração do aviso-prévio. A nova lei somente mudou a duração do aviso-prévio, tomando em conta o maior ou
menor tempo de serviço do empregado. 2- Afrontaria o princípio constitucional da isonomia reconhecer, sem
justificativa plausível para tal discrímen, a duração diferenciada para o aviso-prévio conforme fosse concedido
pelo empregador ou pelo empregado. Assim como é importante o aviso-prévio para o empregado, a fim de
buscar recolocação no mercado de trabalho, igualmente o é para o empregador, que se vê na contingência de
recrutar e capacitar um novo empregado. 3- Ademais, ainda que assim não se entendesse, o prolongamento
do aviso-prévio concedido pelo empregado ao empregador, observada sempre a mesma duração proporcional
ao tempo de serviço, não causa prejuízo ao empregado passível de gerar direito à indenização. Há pagamento
de salário correspondente aos dias supostamente trabalhados sem exigência legal e há a própria projeção
do contrato de emprego, asseguradas todas as demais obrigações contratuais e legais. 4- Recurso de revista
da Reclamante de que não se conhece. (TST - RR 1964-73.2013.5.09.0009 - 4ª Turma - Rel. Min. João Oreste
Dalazen - DJe 25.11.2016)
Recurso de revista - Aviso-prévio proporcional trabalhado - Limitação do período de trabalho aos trinta primei-
ros dias - Ausência de amparo legal - 1. A Lei nº 12.506/2011, que regulamentou o aviso-prévio proporcional,
não impôs a determinação de que o período correspondente, além dos 30 (trinta) primeiros dias, deva ser
pago em pecúnia, é dizer, na modalidade indenizada. 2. No aspecto, permanece em vigor a disposição contida
no art. 487, § 1º, da CLT, segundo a qual “a falta de aviso-prévio por parte do empregador dá ao empregado
o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período
no seu tempo de serviço”. 3. Concedido o aviso-prévio na modalidade trabalhada, portanto, não encontra
amparo legal a pretensão de que o período que ultrapassar os 30 (trinta) primeiros dias seja indenizado. 4.
Não constitui determinação prejudicial ao empregado a imposição de que permaneça prestando serviços
no período correspondente ao aviso-prévio proporcional, uma vez que ocorrerá a percepção de salário nos
dias respectivos, os quais serão projetados no contrato de emprego, aliado ao fato de que passará a dispor
de mais tempo para procurar novo posto de trabalho, dada a redução da jornada laboral ou, quando inexis-
tente, a equivalente dispensa de dias de trabalho. Violação do art. 7º, caput e XXI, da Constituição Federal
não reconhecida. Precedentes. 5. Recurso de revista do sindicato autor não conhecido. (TST - RR 0091500-
58.2013.5.17.0014 - Rel. Min. João Oreste Dalazen - DJe 21.08.2015 - p. 1755)
Recurso de revista - Lei 12.506/11 - Aviso-prévio proporcional - Elastecimento do Prazo - Indenização - Os
empregados beneficiados com o aviso-prévio proporcional previsto na Lei nº 12.506/2011 devem trabalhar a
totalidade dos dias apurados, não havendo que se falar em limitação do trabalho ao período de trinta dias
previstos no artigo 487 da CLT com pagamento da indenização correspondente aos dias que sobejam. Pre-
cedentes. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR 0105900-89.2013.5.17.0010 - Rel. Des. Conv. Marcelo
Lamego Pertence - DJe 07.08.2015 - p. 662)
Agravo de instrumento - Recurso de revista - Aviso-prévio proporcional - Indenização - Nega-se provimento
a agravo de instrumento pelo qual a parte recorrente não consegue infirmar os fundamentos do despacho
Guia de Cálculos Trabalhistas 217
denegatório do recurso de revista. In casu, a decisão colegiada regional, ao registrar que não há previsão
legal a amparar a pretensão da recorrente de que o tempo excedente aos trinta dias de aviso-prévio sejam
obrigatoriamente indenizados, sem que houvesse qualquer labor nesse período, não contraria os artigos
apontados como violados, a teor do art. 896, “c”, da CLT. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
(TST - AIRR 1286-70.2013.5.09.0005 - Rel. Min. Américo Bedê Freire - DJe 26.06.2015)
Recurso de revista - Aviso-prévio proporcional - Lei 12.506/2011 - Limitação do período trabalhado a 30 dias
- Inviabilidade - A tese segundo a qual o empregador não pode exigir o cumprimento de todo o período do
aviso-prévio proporcional carece de amparo legal. A Lei 12.506/2011, a qual regulamentou o aviso-prévio pro-
porcional, não prevê a obrigação de o empregador conceder, de forma indenizada, a parcela proporcional
excedente ao mínimo de trinta dias. Com efeito, a citada lei dispõe tão somente que os três dias acrescidos
para cada ano de serviço sejam acrescentados ao aviso-prévio de trinta dias, mas não determina que tal
período deva ser indenizado. Conclui-se, dessa forma, que, não havendo impedimento legal e não sendo
demonstrado que tal interpretação é nociva às condições sociais do empregado, não há óbice à concessão,
pelo empregador, de aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, de forma trabalhada, no caso de dispensa
sem justa causa. Recurso de revista conhecido e não provido. (TST - RR 0000410-54.2013.5.04.0232 - Relª Min.
Dora Maria da Costa - DJe 19.06.2015 - p. 4453)
Exemplos
a) empregado que em caso de dispensa sem justa causa teria direito a 45 dias de aviso-prévio em virtude
do tempo de serviço na empresa, e com salário de R$ 1.200,00, pede demissão em 11.03.2020 e declara por
escrito que não cumprirá o aviso-prévio, autorizando o empregador a deduzir o valor respectivo das verbas
rescisórias.
Cálculo considerando a corrente de entendimento de que a parte do aviso-prévio proporcional ao tempo de
serviço é direito exclusivo do empregado e não do empregador. Portanto não há reciprocidade.
Assim sendo, o empregador só poderá descontar das verbas rescisórias o valor equivalente a 30 dias de aviso.
Cálculo do aviso-prévio devido ao empregador
Período do aviso-prévio = 12.03 a 10.04.2020 (30 dias)
Remuneração/dia em março = R$ 38,71 (R$ 1.200,00 ÷ 31 - nº de dias do mês)
Remuneração/dia em abril = R$ 40,00 (R$ 1.200,00 ÷ 30 - nº de dias do mês)
Valor do aviso-prévio relativo aos 20 dias de março = R$ 774,20 (R$ 38,71 × 20)
Valor do aviso-prévio relativo aos 10 dias de abril = R$ 400,00 (R$ 40,00 × 10)
Valor total dos 30 dias de aviso-prévio que pode ser deduzido das verbas rescisórias = R$ 1.174,20 (R$ 774,20 +
R$ 400,00)
Cálculo conforme a corrente de entendimento que defende a aplicação da bilateralidade ou reciprocidade du-
rante todo o período do aviso-prévio
b) Considerando a mesma situação da letra “a”, ou seja, empregado que em caso de dispensa sem justa causa
teria direito a 45 dias de aviso-prévio em virtude do tempo de serviço na empresa, e com salário de R$ 1.200,00,
pede demissão em 11.03.2020 e declara por escrito que não cumprirá o aviso-prévio autorizando o empregador
a deduzir o valor respectivo das verbas rescisórias.
Segundo esta corrente de entendimento o empregador poderia descontar o valor corresponde ao total do pe-
ríodo do aviso-prévio não cumprido.
218 Guia de Cálculos Trabalhistas
- Orientação Jurisprudencial nº 82: “A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término
do prazo do aviso-prévio, ainda que indenizado (Inserida em 28.04.1997)”.
- Súmula nº 371: “A projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão do aviso-prévio inde-
nizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso, ou seja, salários,
reflexos e verbas rescisórias. No caso de concessão de auxílio-doença no curso do aviso-prévio, todavia,
só se concretizam os efeitos da dispensa depois de expirado o benefício previdenciário (Resolução TST
nº 129/2005)”.
Observa-se que, embora a OJ 82, inserida em 1997, tenha determinado que a data da baixa na CTPS
deve corresponder à do último dia do aviso-prévio, a Súmula nº 371, de 2005, portanto posterior àquela,
dispõe que o efeito da projeção do contrato limita-se às vantagens econômicas, portanto, não ocasio-
nando a projeção para fins de contagem de tempo de serviço.
Por todas as razões anteriormente expostas, entendemos que no caso de concessão de aviso-
-prévio indenizado por parte do empregador a ruptura contratual ocorre no dia da comunicação da
dispensa, devendo por consequência a data da rescisão contratual a ser aposta na Carteira de Trabalho
corresponder à do último dia de trabalho do empregado dispensado e não à do último dia do aviso-
-prévio projetado.
Transcrevemos a seguir algumas decisões acerca do assunto, que ilustram a controvérsia rela-
tiva ao tema. Lembramos que as decisões são anteriores à Reforma Trabalhista, instituída pela Lei nº
13.467/2017, a qual unificou a data de pagamento de verbas rescisórias no 10º dia após o término do
contrato e determinou que a anotação da data da baixa na Carteira de Trabalho é documento hábil para
requerer o seguro-desemprego e efetuar o saque do saldo do FGTS.
[...] Aviso-prévio indenizado - Data da baixa da CTPS - “A data de saída a ser anotada na CTPS deve corres-
ponder à do término do prazo do aviso-prévio, ainda que indenizado” (Orientação Jurisprudencial nº 82 da
SDI-1 do TST). Recurso não conhecido. (TST - RR 691/2000-030-02-00.0 - 4ª T. - Rel. Min. Barros Levenhagen
- DJU 09.09.2005)
Aviso-prévio - Baixa na CTPS - O aviso-prévio indenizado integra o tempo de serviço do empregado para
todos os efeitos legais, conforme prevê o art. 487, § 1º, da CLT, devendo coincidir, portanto, na CTPS do autor
a data de saída com o término do aviso-prévio. Nesse sentido pacificou-se a jurisprudência desta Corte, nos
termos da Orientação Jurisprudencial nº 82 da SDI-1. Recurso de revista conhecido e provido, no particular.
(TST - RR 689/2002-071-02-00.9 - 4ª T. - Rel. Min. Milton de Moura França - DJU 18.02.2005)
Decisões favoráveis à anotação da data da baixa no momento da ruptura contratual (data da comunicação
da dispensa)
Aviso-prévio indenizado - Anotação de baixa na carteira do reclamante - A data a ser lançada na CTPS é a do
momento em que a dispensa se concretizou. Recurso de revista a que se dá provimento parcial. (TST - RR
148171/1994 - 1ª T. - Rel. Min. Lourenço Prado - DJU 23.06.1995 - p. 19689)
Recurso de revista - Estabilidade provisória - Gestante - Concepção ocorrida na projeção do aviso-prévio
indenizado - A projeção do contrato de trabalho para o futuro, pelo aviso-prévio indenizado, tem efeitos limi-
tados às vantagens econômicas obtidas nesse período, não abarcando a estabilidade pretendida. Recurso
de Revista de que se conhece e a que se dá provimento. (TST - RR 1.031/2003-004-02-00.3 - 5ª T. - Rel. Min.
João Batista Brito Pereira - DJU 03.02.2006)
Aviso-prévio indenizado - Contribuição previdenciária. Não-incidência. Inteligência do art. 214, § 9º, V, “f”,
do Decreto nº 3.048/99 e art. 78, V, “f”, da Instrução Normativa INSS/DC nº 100/2003. É certo que após a re-
forma da Lei Previdenciária pelo Diploma nº 9.528, de 10.12.1997, suprimiu-se do art. 28, § 9º, “e”, a expressão
aviso-prévio indenizado, antes existente. Contudo, nem por isso a indenização pelo aviso-prévio passou a
constituir verba sujeita à contribuição social, tratando-se, na espécie, de simples omissão legislativa sem
maiores repercussões. A falta de aviso-prévio por parte do empregador, como é cediço, dá ao empregado o
direito à correspondente indenização; mas a garantia de integração desse período no seu tempo de serviço
(art. 487, § 1º, CLT) está limitada às vantagens econômicas (v.g., salários, reflexos e verbas rescisórias) obtidas
no interregno de pré-aviso, consoante entendimento firmado pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho,
em sua Orientação Jurisprudencial SDI-1 nº 40. Nesse contexto, impossível elastecer o instituto para fins de
incidência da contribuição previdenciária, restando acertada (e válida) a disposição contida no art. 214, § 9º,
V, “f”, do Decreto nº 3.048/1999 e no art. 78, V, “f”, da Instrução Normativa INSS/DC nº 100/2003, ao declararem
que o aviso-prévio indenizado continua a não integrar a base de cálculo daquela contribuição. Acordo judi-
cial. Discriminação de verbas salariais e indenizatórias. Flexibilização em relação ao postulado. Observância,
todavia, aos limites lógicos e jurídicos do pedido. Fraude à lei. Invalidade. Fixada a lide trabalhista, reputa-se
plenamente válido o acordo firmado pelas partes, e homologado pelo juízo, quando estiver especificada a
natureza jurídica das parcelas constantes do pactuado, ainda que não correspondam exatamente aos limites
oriundos do exórdio. Em sendo a transação ato bilateral e de mútuas concessões (art. 1.025 do Código Civil
de 1916 e art. 840 do novo Código Civil), deve ser perquirida à luz do princípio da razoabilidade, dispensando
correlação precisa com o postulado. Entretanto, tal flexibilização não afasta a análise entre a transação e
os limites lógicos dos pedidos, impondo-se a rejeição, pelo Poder Judiciário, de ato das partes destinado a
fraudar a lei. Inteligência do art. 129 do CPC. (TRT 15ª Região - RO 000648-2003-004-15-00-0 - 2ª T. - Rel. Juiz
Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva - DJ SP 19.11.2004, p. 65, acórdão unânime)
Aviso-prévio indenizado - Elasticidade [...] dar-se elasticidade maior que o legislador pátrio atribuiu ao aviso-
-prévio indenizado será legislar em seara alheia porque sua projeção no tempo de serviço tem só efeitos
jurídicos econômicos e nada mais. (TRT 2ª Região - RO 15738200290202007 - 6ª T. - Relª Juíza Jucirema Maria
Godinho Gonçalves - DO SP 18.10.2002, p. 33)
Previdenciário - Contagem do tempo de serviço - Aviso-prévio não trabalhado - Impossibilidade - Inviável a
contagem do aviso-prévio não trabalhado como tempo de serviço para fins previdenciários, dado o seu caráter
indenizatório e à ausência de previsão legal que o ampare, sob pena de ofensa ao princípio da vinculação
entre o custeio e as prestações previsto no § 5º do artigo 195 da Constituição Federal. (TRF 4ª Região - AC
1998.04.01.020110-8/PR - 5ª T. - Relª p/o Ac. Juíza Maria Lúcia Luz Leiria - DJU-e 12.01.2000, p. 143)
Cômputo do período do aviso-prévio para efeito de anotação na CTPS da data de desligamento do empregado.
Nas hipóteses em que o empregador tem o direito potestativo de dispensa imediata do empregado, a data
a ser anotada na carteira de trabalho é a da saída, do desligamento, do rompimento de fato do contrato de
trabalho, ainda que se trate de dispensa que assegure ao empregado o direito à indenização do aviso-prévio.
A projeção do período do aviso-prévio será apenas para assegurar ao empregado o direito de ser beneficiado
por qualquer espécie de vantagem que venha a surgir no período. (TST - RR 145.546/94.1-3ª R. - 4ª T. - Rel. Min.
Galba Velloso - DJU 1 09.06.1995, p. 17518 - acórdão unânime)
Guia de Cálculos Trabalhistas 221
Carteira de trabalho - Anotação - Aviso-prévio indenizado. O aviso-prévio indenizado projeta-se como tem-
po de serviço para efeito de receber o empregado os direitos trabalhistas a que faria jus, se trabalhando
estivesse no seu curso. Na Carteira de Trabalho, todavia, a data a ser lançada é aquela que corresponda
ao efetivo momento em que se deu o rompimento do contrato de trabalho, e não aquela relativa ao último
dia do período do aviso indenizado, mesmo porque esta ficção jurídica não é reconhecida pela Previdên-
cia Social, seja para efeito de benefícios, seja com vistas às contribuições (art. 28, § 9º, da Lei nº 8.212, de
24.07.1991). (TST - RR 112.334/94.7-4ª R. - 1ª T. - Rel. Min. Indalécio Gomes Neto - DJU 1 21.10.1994, p. 28574
- acórdão unânime)
A jurisprudência trabalhista, diante da realidade dessa forma de aviso, tem se manifestado, em sua
maioria, no sentido de considerar válida a adoção do aviso-prévio “cumprido em casa”.
Aviso-prévio trabalhado
No caso de aviso-prévio trabalhado, havendo redução facultativa em dias corridos do prazo do
aviso, o prazo para pagamento das verbas rescisórias conta-se do último dia do aviso.
Nestes casos, o prazo para pagamento é de 10 dias corridos, contados da data da notificação da
demissão.
Há quem interprete que o aviso-prévio “cumprido em casa” é o próprio aviso-prévio trabalhado que
o empregador concede na dispensa sem justa causa, o qual, ao invés de acarretar a redução diária de
2 horas ou de dias corridos, permite que o dispensado tenha um tempo integral para procura de novo
emprego. Os defensores dessa linha de entendimento afirmam que o próprio trabalhador é beneficia-
do, pois não terá que continuar trabalhando para o seu empregador durante o período do aviso e, por
tal razão, somente após o transcurso do período correspondente ao aviso, é que a empresa efetuará o
pagamento das verbas rescisórias no 10º dia contado do término do contrato. Todavia, a maioria dos
doutrinadores defende o entendimento de que o aviso-prévio “cumprido em casa”, embora não esteja
expressamente previsto na CLT, acarreta o pagamento das parcelas rescisórias até o 10º dia contado da
data da notificação da dispensa. Os que defendem esse posicionamento afirmam que essa modalidade
corresponde ao aviso-prévio indenizado ou mesmo ao aviso com dispensa de seu cumprimento.
Em caso de aviso-prévio cumprido em casa, o prazo para pagamento das verbas rescisórias é até o décimo
dia da notificação de despedida.
situação, será devido o pagamento dos dias trabalhados a título de aviso-prévio. Pode ocorrer, ainda, de
a empresa, a pedido do empregado, o dispensar do cumprimento do citado aviso-prévio.
O pagamento das verbas rescisórias, neste caso, deverá ser feito até o 10º dia, contado a partir da
data da dispensa do cumprimento, desde que não ocorra primeiro o termo final do aviso-prévio.
Diária (2 horas)
A duração normal da jornada de trabalho do empregado, durante o aviso-prévio, quando a resci-
são tiver sido promovida pelo empregador, é reduzida em 2 horas, diariamente, sem prejuízo do salário
integral. O objetivo principal desta redução é propiciar ao empregado tempo para que possa encontrar
uma nova colocação no mercado de trabalho.
Exemplo
Empregado com jornada normal diária de 7h e 20min, durante o curso do aviso trabalhará apenas 5h e 20min,
ou seja, há uma redução diária de 2 horas.
Ao tratar da redução horária, o legislador não fez distinção aos empregados com jornada reduzi-
da, por força de lei, ou de cláusula de documento coletivo de trabalho, ou ainda, disposição contratual,
aplicando-se, em qualquer hipótese, a redução integral de 2 horas diárias.
Assim, ocorrendo a dispensa sem justa causa mediante concessão de aviso-prévio por parte do
empregador, o horário normal de trabalho do empregado durante o respectivo prazo será reduzido de
2 horas diárias.
Exemplos
a) empregado com jornada diária normal de 5 horas, durante o curso do aviso trabalhará apenas 3 horas por dia.
b) empregado realiza apenas 2 horas diárias de trabalho, neste caso ele permanecerá os 30 dias de cumprimento
do aviso-prévio sem atividade.
A redução da jornada de trabalho tem por finalidade permitir que o empregado, durante o horário
comercial, tenha tempo hábil para procurar nova colocação no mercado de trabalho, sem sofrer qual-
quer redução em seus vencimentos.
O art. 488 da CLT prevê que na dispensa sem justa causa, o horário normal de trabalho do empre-
gado será reduzido em 2 horas diárias ou por 7 dias corridos de acordo com a opção do empregado.
Assim, quando o empregado dispensado sem justa causa tem direito a aviso-prévio superior a 30
dias em virtude da proporcionalidade ao tempo de serviço, a questão dos dias de redução comporta
divergências:
a) parte da doutrina e jurisprudência, favorável à reciprocidade do aviso, entende que guardadas
as devidas proporções, havendo a concessão do aviso-prévio por parte do empregador, o em-
pregado que tiver aviso-prévio com duração superior a 30 dias de trabalho, deve fazer jus, na
hipótese de opção pela redução do cumprimento do aviso em número de dias, a uma escala
proporcional de 7 a 21 dias, conforme o aviso-prévio lhe seja devido de 30 a 90 dias.
Lembra-se que as frações de dias, convertidas em horas e minutos poderão ser arredondadas
para a concessão de mais um dia de redução a critério do empregador, ou redução da fração em horas
e minutos.
b) os que defendem a posição de que a proporcionalidade do aviso beneficia apenas o empre-
gado e, que, portanto, quando dispensado sem justa causa, este deve trabalhar apenas 30
dias do aviso, sendo o restante indenizado, entendem que a Lei nº 12.506/2011 não alterou as
determinações do art. 488 da CLT, portanto, o empregado pode optar por faltar 7 dias corridos
de aviso.
Vejas as seguintes decisões acerca do assunto.
Aviso-prévio trabalhado proporcional ao tempo de serviço - Lei nº 12.506/2011 - O elastecimento do período do
aviso-prévio, promovido pela Lei 12.506/2011, não alterou a finalidade do instituto, ou seja, a de assegurar um
período de tempo mínimo destinado à busca de novo emprego ao trabalhador dispensado sem justa causa.
Também não há, na citada lei, previsão de tratamento diverso ao período relativo à proporcionalidade do aviso-
-prévio que decorre do tempo de serviço. Entende-se, assim, que o empregador pode exigir que o empregado
pré-avisado cumpra o período respectivo trabalhando, independentemente de o aviso ser equivalente ao
período mínimo de 30 dias ou não. Todavia, para preservar a finalidade do instituto, o empregador deve tam-
bém atender estritamente ao que determina o art. 488 da CLT em relação a todo o período do aviso-prévio,
e não apenas em relação àquele período mínimo de 30 dias. Assim, o empregador deve facultar a opção ao
empregado em reduzir a jornada em 2 horas durante todo o período do aviso ou reduzir, proporcionalmente,
em dias, o período de trabalho. Havendo opção em “faltar ao serviço”, o lapso de 7 dias previsto no art. 488,
parágrafo único, da CLT, deve ser acrescido, obtendo-se aquele devido com uma mera regra de 3, pois se 7 dias
correspondem a um aviso-prévio de 30 dias, “x” dias corresponderão ao aviso-prévio proporcional ao tempo
de serviço. Entender-se que o empregador pode simplesmente exigir o trabalho em período normal em todo
o lapso acrescido pela Lei 12.506/2011 seria o mesmo que torna letra morta a vantagem por ela instituída em
favor do trabalhador. Recurso da reclamada desprovido. (TRT 4ª Região - RO 0000302-12.2013.5.04.0301 - 7ª
T. - Rel. Des. Wilson Carvalho Dias - DJe 21.11.2014)
Aviso-prévio proporcional - Concessão - Lei nº 12.506/2011 - Em que pese a Lei 12.509/2011 tenha estabeleci-
do a proporcionalidade no aviso-prévio de acordo com o tempo trabalhado na mesma empresa (acréscimo
de 3 dias a cada ano trabalhado), esta proporção não é aplicada em relação aos 7 dias de faltas ao final, ou
seja, independentemente do número de dias de aviso, os dias de faltas serão sempre conforme o estabele-
cido pelo parágrafo único do art. 488 da CLT. Isto porque a nova legislação em nada alterou o disposto pela
mencionada norma consolidada. (TRT 5ª Região - RO 0000606-70.2012.5.05.0025 - 2ª T. - Relª Desª Graça
Laranjeira - DJe 05.05.2014)
Momento da redução
Conforme vimos, observados os comentários anteriores, havendo a concessão do aviso-prévio
trabalhado, o empregado dispensado terá, no seu curso, a redução da sua jornada diária em 2 horas, po-
dendo ainda optar por substituir tal redução (2 horas diárias) pelo direito de faltar dias corridos durante
o período do aviso sem prejuízo do salário.
Guia de Cálculos Trabalhistas 225
A questão que se impõe é saber se, a critério das partes, as reduções temporais (diárias ou em dias
corridos) podem ser acordadas para ocorrerem no início, no meio ou no fim da respectiva jornada diária
de trabalho ou do período do aviso-prévio, conforme o caso.
Vale ressaltar que, embora possa haver polêmica quanto a legalidade ou não da redução em dias
no início, no meio ou no final, mediante opção do empregado, a maioria dos doutrinadores é omissa a
respeito, simplesmente determina que essa redução é uma substituição da redução de 2 horas, a qual,
de acordo com alguns doutrinadores que abordaram o assunto, somente poderia ocorrer no início ou no
final, uma vez que a redução (de 2 horas) durante a jornada (no meio) poderá acarretar dois problemas:
1º) intervalo para repouso superior a 2 horas;
2º) oneraria o empregado, que teria de voltar para a empresa.
Há na doutrina uma posição minoritária que menciona que a redução em dias corridos deve ocor-
rer no final do prazo do aviso.
Ante o exposto e considerando que o legislador não determinou em qual momento da jornada
diária ou do curso do aviso-prévio as reduções temporais deveriam ser concedidas, entendemos, s.m.j.,
que, uma vez atendidas as determinações do mencionado art. 488 da CLT, com a concessão da redução
da jornada diária em 2 horas ou em dias corridos de faltas (este último dependendo da opção do empre-
gado), estará cumprida a obrigação legal do empregador.
Observe-se que a concessão das reduções temporais no início, no meio ou ao final da jornada ou
do período, conforme o caso, não prejudica a finalidade do instituto do aviso-prévio, que é permitir que
o trabalhador dispensado procure nova colocação.
Dessa forma, salvo previsão expressa em documento coletivo de trabalho da respectiva categoria
profissional disciplinando o assunto, a opção pela redução temporal no início, no meio ou no curso da
jornada ou do período do aviso, conforme o caso, poderá ser formalizada (por escrito) entre as partes,
para evitar questionamentos futuros.
Observe-se que, apesar do posicionamento ora adotado, tendo em vista a inexistência de disposi-
tivo legal expresso que discipline a questão e, ainda, a escassez de decisões judiciais acerca do assunto,
o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da situação ora retratada, podendo,
por medida preventiva, consultar a Secretaria Especial de Trabalho, bem como o sindicato da respectiva
categoria profissional, e lembrar que caberá à Justiça do Trabalho a decisão final da controvérsia, caso
seja proposta ação nesse sentido.
Assim, é ilegal substituir o período de redução do aviso-prévio por horas extras, compensações, ou
mesmo pelo pagamento do respectivo período em dinheiro.
Nesse aspecto, vale ressaltar que a possibilidade de o empregado realizar horas extras durante o
cumprimento do aviso-prévio constitui assunto polêmico, existindo correntes divergentes de entendi-
mentos na doutrina e jurisprudência trabalhistas.
Assim, se a jornada de trabalho desse empregado for, por exemplo, de 10 horas diárias, ou seja, 8
horas normais e 2 horas extras, no decorrer do cumprimento do aviso-prévio, em decorrência da redução
da jornada de trabalho prevista no art. 488 da CLT, trabalhará o equivalente a 8 horas diárias, compreen-
dendo 6 horas normais de trabalho e 2 horas extraordinárias, anteriormente pactuadas com a empresa.
Por outro lado, grande parte dos doutrinadores e da jurisprudência dos Tribunais Trabalhistas
posiciona-se no sentido de que a realização de horas extras durante o período de cumprimento do
aviso-prévio, ainda que haja um acordo de prorrogação de horas precedente, descaracteriza a finalidade
desse instituto, desvirtuando a intenção do legislador ao instituir a obrigatoriedade de redução da jor-
nada de trabalho.
O nosso entendimento acerca do tema coaduna-se com a segunda corrente, visto que o aviso-
-prévio concedido pelo empregador tem 2 objetivos básicos:
a) comunicação de que o contrato de trabalho irá terminar;
b) concessão de tempo para que o empregado procure novo emprego.
Assim, fica evidente que a execução de horas extras (as quais, em geral, só podem ser realizadas
mediante acordo de prorrogação de horas previamente firmado com o empregador) durante o cumpri-
mento do aviso-prévio pode comprometer sobremaneira uma das principais funções do aviso-prévio
trabalhado, na medida em que retira do trabalhador a possibilidade de, durante o horário comercial, ter
tempo hábil para procurar uma nova colocação no mercado de trabalho. Assim, frustrado o objetivo de
possibilitar ao empregado pré-avisado a procura de novo emprego, fica, no nosso entender, descaracte-
rizado o aviso-prévio concedido.
Exemplo
Empregado admitido em 02.01 é dispensado, sem justa causa, com aviso-prévio indenizado em 03.12 do mesmo
ano:
- basicamente temos as seguintes verbas rescisórias:
a) saldo de salário;
b) aviso-prévio indenizado de 30 dias;
Guia de Cálculos Trabalhistas 227
c) 12/12 de 13º salário proporcional (a empresa poderá deduzir o valor do adiantamento de 13º pago durante o ano);
d) 12/12 de férias proporcionais (30 dias, se não teve mais de 5 faltas injustificadas no período);
e) acréscimo de 1/3 sobre as férias;
f) Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS: 8% referente ao mês da rescisão, mês anterior, se ainda não
foi depositado, e multa rescisória de 40% do montante do FGTS.
Constata-se, no exemplo, que o valor do aviso-prévio indenizado integra o tempo de serviço totalizando 12
meses, motivo pelo qual faz jus, o empregado, ao recebimento dos valores proporcionais de 13º salário e férias,
observadas as alíneas “c”, “d” e “e” anteriormente transcritas.
Conforme já mencionado anteriormente, observar que a citada integração somente ocorre quando o aviso-
-prévio for indenizado pelo empregador. O mesmo não acontece na hipótese de o empregado pedir demissão e
indenizar o empregador pela falta de cumprimento do aviso.
RECONSIDERAÇÃO
Qualquer das partes (empregado ou empregador) pode propor a reconsideração do aviso-prévio
concedido.
Levando-se em conta que os efeitos do contrato de trabalho terminam somente após o termo
final do aviso-prévio, é Iícita a reconsideração do ato pela parte notificante, sendo facultado à parte no-
tificada aceitá-la ou não.
Exemplos
a) Empregador dispensa o empregado, porém durante o prazo do aviso-prévio, encaminha ao empregado soli-
citação, por escrito, para desconsiderar o pré-aviso. O empregado, a seu critério, pode aceitar ou não o pedido
de reconsideração do empregador;
b) Empregado pede demissão do emprego e no curso do aviso-prévio que está cumprindo, pede por escrito
ao empregador, a desconsideração do aviso. Neste caso, competirá ao empregador aceitar ou não o pedido de
reconsideração formulado pelo empregado;
c) Empregador dispensa o empregado com o término do aviso-prévio previsto para 14.05. Entretanto, este con-
tinua a trabalhar após essa data. Neste caso, se o empregador quiser fazer valer a dispensa, terá que conceder
novo aviso ao empregado;
d) Empregado pede demissão do emprego, cujo término do aviso-prévio que está cumprindo, está previsto para
08.05. Contudo, o empregado permanece trabalhando após aquela data normalmente, como se não houvesse
pedido demissão.
Em todas as situações mencionadas, desde que haja a reconsideração expressa (com aceitação da parte no-
tificada) ou tácita (continuidade normal da prestação dos serviços após o prazo previsto para o término do
aviso-prévio), o contrato continua a vigorar como se o aviso-prévio não tivesse sido comunicado, tampouco
cumprido, restabelecendo-se, automaticamente, a plena vigência do contrato laboral entre as partes.
Assim, por exemplo, se o empregado tem acordo de compensação de horas para não trabalhar aos
sábados, não deve compensar durante a semana as horas que recairão em data posterior ao término do
aviso-prévio trabalhado, pois sua inobservância acarretará a presunção do prolongamento indevido do
período de aviso a que o empregado estava legalmente obrigado a cumprir.
REMUNERAÇÃO
O valor a ser pago a título do aviso-prévio trabalhado ou aviso-prévio indenizado corresponde à
remuneração do respectivo período.
Exemplos
a) empregado com menos de um ano de serviço na empresa e que recebe somente salário fixo de R$ 1.200,00 e
que durante o período do aviso-prévio de 1º a 30.09) não teve alteração salarial:
- Aviso-prévio = R$ 1.200,00 (valor devido tanto no aviso-prévio trabalhado, sem prejuízo da concessão da redu-
ção temporal, como no aviso-prévio indenizado);
b) empregado com menos de um ano de serviço - aviso-prévio trabalhado com início 05.02 e término dia 06.03
e salário mensal de R$ 1.500,00 nos meses de fevereiro e março:
- saldo de salário de 1º a 04.02 (4 dias) = R$ 206,90 (R$ 1.500,00 ÷ 29 × 4);
- aviso-prévio trabalhado de 05 a 29.02 (25 dias em fevereiro) = R$ 1.293,10 (R$ 1.500 ÷ 29 × 25);
- aviso-prévio trabalhado de 1º a 05.03 (5 dias em março) = R$ 241,94 (R$ 1.500 ÷ 31 × 5);
- valor total do aviso-prévio a ser pago = R$ 1.535,04 (R$ 1.293,10 + R$ 241,94);
c) empregado com menos de um ano de serviço - aviso-prévio trabalhado com início 15.10 e término dia 13.11 e
salário mensal de R$ 1.800,00 nos meses de outubro e novembro:
- saldo de salário de 1º a 14.10 (14 dias) = R$ 812,90 (R$ 1.800,00 ÷ 31 × 14);
- aviso-prévio trabalhado de 15 a 31.10 (17 dias em outubro) = R$ 987,10 (R$ 1.800,00 ÷ 31 × 17);
- aviso-prévio trabalhado de 1º a 13.11 (13 dias em novembro) = R$ 780,00 (R$ 1.800,00 ÷ 30 × 13);
- valor total do aviso-prévio a ser pago = R$ 1.767,10 (R$ 987,10 + R$ 780,00);
Note-se que nos exemplos mencionados, o empregado receberá durante o período a mesma remuneração que
receberia se não estivesse cumprindo seu aviso-prévio trabalhado.
d) empregado com menos de um ano de serviço na empresa - aviso-prévio indenizado com início da contagem
em 08.03 e término (projeção) no dia 06.04 e salário mensal de R$ 1.600,00 nos meses de março e abril:
- saldo de salário de 1º a 07.03 (7 dias) = R$ 361,29 (R$ 1.600,00 ÷ 31 × 7);
- aviso-prévio indenizado (projeção de 08 a 31.03 - 24 dias em março) = R$ 1.238,71 (R$ 1.600,00 ÷ 31 × 24);
- aviso-prévio indenizado (projeção de 1º a 06.04 - 6 dias em abril) = R$ 320,00 (R$ 1.600,00 ÷ 30 × 6);
- valor total do aviso-prévio indenizado a ser pago = R$ 1.558,71 (R$ 1.238,71 + R$ 320,00);
e) empregado com menos de um ano de serviço na empresa - empregado diarista com salário/dia de R$ 35,00
nos meses de maio e junho e aviso-prévio trabalhado com início em 07.05 e término em 05.06:
- saldo de salário de 1º a 06.05 (6 dias) = R$ 210,00 (R$ 35,00 × 6);
- aviso-prévio trabalhado de 07 a 31.05 (25 dias em maio) = R$ 875,00 (R$ 35,00 × 25);
- aviso-prévio trabalhado de 1º a 05.06 (5 dias em junho) = R$ 175,00 (R$ 35,00 × 5);
- valor total do aviso-prévio a ser pago = R$ 1.050,00 (R$ 875,00 + R$ 175,00).
Guia de Cálculos Trabalhistas 229
Exemplos
a) empregado com 1 ano ou mais de serviço: Apura-se a média das comissões auferidas nos últimos 12 meses
de serviço.
Cálculo efetuado considerando a corrente que defende o entendimento de que na contagem da proporcionali-
dade do aviso-prévio deve ser considerado o ano completo de atividade considerando o primeiro ano.
Empregado admitido em 02.01.2019, com salário fixo mais comissões, é demitido em 31.05.2020, ocasião em que
seu salário fixo é de R$ 1.500,00.
A título de comissões (já computada mês a mês a integração dos repousos semanais remunerados - RSR, ou
seja, total das comissões auferidas durante o mês, dividido pelo nº de dias úteis do mês - 2ª feira a sábado,
inclusive, vezes o nº de domingos e feriados do respectivo mês), recebeu:
MÊS/ANO (R$)
06/2019 1.200,00
07/2019 1.000,00
08/2019 900,00
09/2019 950,00
10/2019 1.150,00
11/2019 1.250,00
12/2019 1.500,00
01/2020 1.700,00
02/2020 1.750,00
03/2020 1.800,00
04/2020 2.000,00
05/2020 2.200,00
Total recebido 17.400,00
Média mensal (R$ 17.400,00 ÷ 12) R$ 1.450,00
+
Salário fixo (05/2020) R$ 1.500,00
Base de cálculo do Aviso-prévio indenizado devido = R$ 2.950,00
(R$ 1.500,00 + R$ 1.450,00)
Valor total do Aviso-prévio = R$ 3.235,48
(R$ 2.950,00 relativos aos 30 dias de junho (R$ 2.950,00 ÷ 30 × 30)
e R$ 285,48 relativo a 3 dias de julho (R$ 2.950,00 ÷ 31 × 3)
Observar que alguns documentos coletivos de trabalho garantem a correção dos valores das comissões, ou
ainda determinam prazo inferior para a apuração da média destas.
b) empregado com menos de 1 ano de serviço
O cálculo do aviso-prévio indenizado observa a média dos meses trabalhados até a data da rescisão.
Empregado admitido em 03.01.2019, com salário fixo mais comissões, foi demitido em 30.11.2019 , ocasião em
que seu salário fixo era de R$ 1.200,00.
A título de comissões (já computada mês a mês a integração dos repousos semanais remunerados - RSR, recebeu:
230 Guia de Cálculos Trabalhistas
MÊS/ANO (R$)
01/2019 1.800,00
02/2019 1.800,00
03/2019 2.000,00
04/2019 2.200,00
05/2019 2.250,00
06/2019 2.500,00
07/2019 2.700,00
08/2019 2.750,00
09/2019 2.800,00
10/2019 3.000,00
11/2019 3.200,00
Total recebido 27.000,00
Média mensal (R$ 27.000,00 ÷ 11) R$ 2.454,54
+
Salário fixo (11/2019) R$ 1.200,00
Aviso-prévio indenizado devido relativo ao período projetado (1º a 30.12)
R$ 3.536,70 ( R$ 3.654,54 ÷ 31 × 30)
O empregado recebe o fixo atual (no caso de remuneração mista), mais as comissões corres-
pondentes às vendas efetuadas no prazo do aviso, computada a integração das comissões na redução
temporal do aviso-prévio quando oriundo de dispensa sem justa causa. Ao resultado soma-se o repouso
semanal remunerado (RSR) a apurar, segundo as comissões percebidas no período.
Apuração do aviso-prévio trabalhado de empregado que recebe salário fixo e comissão com
direito a 30 dias de aviso - Exemplo
a) Redução de 2 horas diárias
Empregado comissionista é demitido sem justa causa, cujo aviso-prévio trabalhado é de 1º a
30.05.2020. A média das comissões (já incluídas as integrações mensais das comissões no RSR, dos 12
últimos meses é de R$ 1.232,00. O fixo em maio/2020 é de R$ 1.000,00:
a.1) Comissões auferidas
- comissões nos dias trabalhados do aviso-prévio, durante a jornada reduzida
em 05/2020................................................................................................................. R$ 2.210,00 (1)
+
- fixo em 05/2020...................................................................................................... R$ 1.000,00
- total.............................................................................................................................. R$ 3.210,00
Guia de Cálculos Trabalhistas 231
Corresponde à média aritmética das tarefas produzidas nos últimos 12 meses, ou da data da
admissão à rescisão contratual (já incluídas as integrações mensais dos valores das tarefas no RSR.
Exemplo
Empregado com 11 meses e 29 dias de serviço na empresa produziu, nos últimos 12 meses, 4.800 tarefas. O valor
vigente à data da rescisão é R$ 6,00, por tarefa executada. Considerando a indenização do aviso em mês de 30
dias.
- média aritmética das tarefas produzidas nos últimos
12 meses: (4.800 ÷ 12) =...................................................................................... 400;
- valor por tarefa executada:............................................................................. R$ 6,00;
Tratando-se de dispensa sem justa causa, o tarefeiro recebe o valor correspondente às tarefas
produzidas na jornada diária reduzida em 2 horas, mais o valor relativo à média das 2 horas de redução,
232 Guia de Cálculos Trabalhistas
durante o prazo do aviso-prévio trabalhado. Ao resultado soma-se o repouso semanal remunerado (RSR)
a apurar, segundo o valor das tarefas produzidas no período.
Assim, o RSR corresponde ao total das tarefas ou peças produzidas durante o mês, vezes o valor
da tarefa vigente no mês, dividido pelo número de dias úteis (de 2ª feira a sábado, inclusive), vezes o
número de domingos e feriados que ocorreram no respectivo período.
Exemplo
Cálculo efetuado considerando a corrente que defende o entendimento de que na contagem da proporcionalidade
do aviso-prévio deve ser considerado o ano completo de atividade incluindo o primeiro ano e que a bilateralidade
se aplica apenas aos 30 primeiros dias.
a) redução de 2 horas diárias
Empregado admitido em 30.04.2019 é dispensado sem justa causa, com aviso-prévio trabalhado no período de
1º a 30.05.2020. Produção nos últimos 12 meses = 5.280 tarefas (já incluídas as integrações mensais das tarefas
no RSR.
a.1) Tarefas realizadas
- produção (tarefas) nos 30 dias trabalhados do aviso-prévio durante a jornada reduzida = 360
- valor da tarefa em 05/2020 ....................................................................... R$ 4,00
- valor total das tarefas produzidas (R$ 4,00 × 360) ......................... R$ 1.440,00 (1)
a.2) Horas reduzidas
- média dos 12 últimos meses (neste exemplo), ou da admissão à rescisão (na hipótese de empregado com
menos de 1 ano de serviço), ou ainda, outro critério (estabelecido em documento coletivo de trabalho), relativa
às tarefas produzidas por hora de trabalho: [(5.280 ÷ 12) ÷ 220] = 2
- valor das tarefas relativas às 60 horas de redução (2 × R$ 4,00 × 60) R$ 480,00 (2)
- soma das tarefas realizadas e das horas reduzidas (1 + 2) = R$ 1.920,00
- RSR [(R$ 1.440,00 ÷ 25) × 5] = R$ 288,00
- Valor base para o cálculo do aviso-prévio devido (R$ 1.920,00 + R$ 288,00) ........................... R$ 2.208,00
Valor do aviso-prévio equivalente a 33 dias = R$ 2.357,70 (R$ 2.136,90 (30 dias de maio) + R$ 220,80 relativo aos
3 dias de junho)
Aviso-prévio indenizado
Para efeito de cálculo, somam-se às horas extras realizadas nos últimos 12 meses ou da data da
admissão à rescisão (na hipótese de empregado com menos de 1 ano de serviço), ou ainda, outro cri-
tério (estabelecido em documento coletivo de trabalho), e divide-se por 12, ou pelo número de meses
trabalhados, se inferior, ou o previsto em documento coletivo de trabalho. O resultado (média do núme-
ro de horas extras) multiplica-se pelo valor da hora extra vigente à data do pagamento do aviso-prévio
indenizado.
Na hipótese de, no período de apuração, o empregado ter realizado hora extra com percentuais
diversos (50%, 75%, 100%, etc.), apura-se a média separadamente para cada percentual.
Guia de Cálculos Trabalhistas 233
Exemplo
Cálculo efetuado considerando um empregado com 11 meses e 28 dias de serviço e, portanto, com direito a 30
dias de aviso-prévio
a) Empregado com salário-hora normal, na data da rescisão, de R$ 6,00.
- número de horas extras realizadas nos 12 últimos meses de trabalho ... 480
- média mensal do número de horas extras (480 ÷ 12) .......................................... 40
- valor da hora extra com adicional de 50% (R$ 6,00 × 1,50) R$ 9,00
- valor da média do número de horas extras realizadas (R$ 9,00 × 40)
= R$ 360,00
- salário contratual................................................................................................. R$ 1.320,00
- Aviso-prévio devido (R$ 360,00 + R$ 1.320,00) ....................................... R$ 1.680,00
b) Empregado com 3 meses de tempo de serviço e salário-hora normal, na data da rescisão, de R$ 6,00.
- meses trabalhados na empresa ....................................................................................... 3
- nº de horas extras realizadas .......................................................................................... 96
- média mensal do nº de horas extras (96 ÷ 3) ........................................................... 32
- valor da hora extra com adicional de 50% (R$ 6,00 × 1,50) = R$ 9,00
- valor da média do nº de horas extras realizadas (R$ 9,00 × 32) R$ 288,00
- salário contratual................................................................................................ R$ 1.320,00
- Aviso-prévio devido (R$ 1.320,00 + R$ 288,00) ....................................... R$ 1.608,00
Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a ali-
mentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato
ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento
com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. Entretanto, a Lei nº 13.467/2017, a qual instituiu a Reforma
Trabalhista, em vigor desde 11.11.2017, alterou a redação dos arts. 457 e 458 da CLT para determinar que
integram o salário:
a) a importância fixa estipulada;
b) as gorjetas;
c) as gratificações legais; e
d) as comissões pagas pelo empregador.
Não integram a remuneração, não se incorporam ao contrato de trabalho, ainda que pagos com
habitualidade e, portanto, não sofrem incidências trabalhistas e previdenciárias:
a) ajuda de custo;
b) auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro);
c) diárias para viagem (independentemente do valor);
d) prêmios;
e) abonos;
234 Guia de Cálculos Trabalhistas
FORMAS DE TRANSPORTE
O vale-transporte é utilizável em todas as formas de transporte coletivo público urbano ou, ainda,
intermunicipal e interestadual com características semelhantes ao urbano, operado diretamente pelo
poder público ou mediante delegação, em linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade com-
petente.
PROIBIÇÃO
Nota
Com o desenvolvimento tecnológico, muitas cidades e Estados da Federação vêm substituindo os vales-transportes em
meio papel pelo cartão eletrônico, o qual traz muitas vantagens tanto para o empregador como para o empregado, tais
como: facilidade na aquisição, maior segurança, uma vez que em caso de perda ou roubo, o cartão pode ser bloqueado e
o saldo devolvido ao trabalhador, menor custo, maior controle, etc. Quando o vale-transporte for emitido para utilização
num sistema determinado de transporte ou para valer entre duas ou mais operadoras, sua aceitação será compulsória,
conforme acordo a ser firmado previamente.
INCIDÊNCIAS
O benefício do vale-transporte:
a) não tem natureza salarial nem se incorpora à remuneração do beneficiário para quaisquer efei-
tos;
b) não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS);
c) não é considerado para efeito de pagamento da Gratificação de Natal (13º salário);
d) não configura rendimento tributável do beneficiário.
As referidas informações serão atualizadas anualmente ou sempre que ocorrer alteração das cir-
cunstâncias mencionadas, sob pena de suspensão do benefício até o cumprimento das exigências.
A declaração falsa ou o uso indevido do vale-transporte constituem falta grave praticada pelo
empregado.
Dessa forma, o trabalhador que, por exemplo, utiliza veículo próprio para seu deslocamento resi-
dência-trabalho e vice-versa não terá direito ao vale-transporte. Caso venha a optar pelo recebimento
do benefício e continuar utilizando o veículo próprio para o deslocamento em questão estará cometen-
do falta grave, ficando configurado o uso indevido do vale-transporte.
Guia de Cálculos Trabalhistas 237
Não obstante o anteriormente mencionado, verifica-se em alguns tribunais trabalhistas a não ca-
racterização da justa causa em caso de uso indevido do benefício, especialmente nos casos de empre-
gados que até então apresenta vida profissional irrepreensível ou ainda nos casos em que não houve
prejuízo à empresa apesar do uso indevido do benefício. Veja as decisões a seguir.
Agravo de instrumento em recurso de revista - Utilização do vale-transporte pela esposa do empregado
- Dispensa por justa causa - Não configuração - Ausência de proporcionalidade entre a conduta do traba-
lhador e a penalidade aplicada - 1- O Colegiado de origem noticiou que o reclamante "cedeu à esposa o
cartão vale eletrônico metropolitano (VEM)", todavia, aquela Corte não entendeu tratar-se de falta revestida
de gravidade suficiente, "a ponto de romper a confiança, tornando insustentável a relação entre as partes",
máxime por não haver "registro de faltas anteriores (...), do que resulta inobservada a gradação na aplicação
das penalidades", consoante preconiza o artigo 493 da CLT , segundo o qual "constitui falta grave a prática
de qualquer dos fatos a que se refere o art. 482, quando por sua repetição ou natureza representem séria
violação dos deveres e obrigações do empregado". Dito isso, o e. TRT manteve a sentença que reverteu para
imotivada a modalidade da dispensa do autor. 2- Este Tribunal firmou jurisprudência no sentido de que para
o adequado exercício do poder disciplinar do empregador, há que se observar o preenchimento de certos
requisitos, entre eles a proporcionalidade entre o ato faltoso e a pena aplicada. Precedentes. 3- Na hipótese
dos autos, conclui-se que a conduta praticada pelo reclamante, de permitir a utilização do vale-transporte
eletrônico por sua esposa, não obstante repreensível, não se reveste da gravidade necessária à configuração
da justa causa ensejadora da dispensa motivada ( artigo 482, "a", da CLT ), máxime por se tratar de infração
isolada no histórico do reclamante, de modo que, ante o cenário delineado, reputa-se inviolado o mencionado
dispositivo. 4- Divergência jurisprudencial formalmente válida e específica não demonstrada (Súmulas 296
e 337 do TST). Agravo de instrumento conhecido e não provido. (TST - AIRR 646-12.2012.5.06.0191 - 1ª T. - Rel.
Min. Hugo Carlos Scheuermann - DJe 11.09.2015)
Agravo de instrumento - Recurso de revista - Justa causa - Utilização indevida de vale-transporte - Despro-
porcionalidade - Justa causa não configurada - O entendimento deste Tribunal é que deve haver, dentre
outros, o requisito da proporcionalidade para que se configure a rescisão do contrato de trabalho por justa
causa. O egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região entendeu que a conduta do reclamante em
utilizar indevidamente o vale-transporte não possuiu potencial para ensejar a demissão por justa causa,
conforme trecho: (...) No caso dos autos, o reclamante se utilizou irregularmente do vale transporte, mas
sua conduta não causou prejuízo provado nos autos (...). Assim, fica claro que a medida extrema tomada
pela reclamada de encerrar o contrato do reclamante por justa causa se mostrou como demasiadamente
exagerada. O quadro fático delineado no r. acórdão só seria alterado por meio da análise do conteúdo fático-
-probatório constante dos autos, o que é inviável a teor da Súmula nº 126 desta Corte. HORAS EXTRAS.
A e. Corte Regional deu provimento ao recurso do reclamante e fixou a sua jornada laboral das 7h às 19h30
a partir da prova testemunhal. A reclamada sustenta que houve ofensa ao artigo 131 do CPC na medida em
que a prova testemunhal indicou que o autor - (...) saía às 19/19h30 (...) - E, baseado nisso, fixou a jornada do
reclamante - (...) como sendo de 7:00 às 19:30 horas (...)-. Contudo, o e. TRT, baseado no livre convencimento
motivado, ponderou os fatos e as provas constantes dos autos do processo para dirimir a controvérsia e es-
tabelecer qual o termo inicial e final da jornada de trabalho do reclamante. Não há, assim, como afirmar que
houve violação do referido dispositivo legal, o que torna inviável a análise do recurso de revista. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido. (TST - AIRR 715-13.2010.5.01.0075 - 3ª T. - Rel. Min. Alexandre de Souza
Agra Belmonte - DJe 05.12.2014)
Ressaltamos, porém, a existência de decisões aplicando com rigor as determinações legais acerca
do tema, conforme podemos verificar:
Recurso ordinário obreiro - Justa causa - Uso indevido do vale-transporte - O uso indevido do vale-transporte
se caracteriza como justa causa, nos termos do art. 7º, 3º, do Decreto nº 95.247, de 17-11-87, que regulamenta
a Lei 7.418, de 16-12-85. (TRT-6ª R. - RO 0000282-42.2014.5.06.0006 - Rel. Ruy Salathiel de Albuquerque e Mello
Ventura - DJe 15.03.2016 - p. 494)
238 Guia de Cálculos Trabalhistas
Uso indevido do vale-transporte pelo trabalhador - Justa causa configurada - A utilização indevida do vale
transporte pelo trabalhador, configura a justa causa na rescisão contratual, por desvendar o ato de impro-
bidade tipificado no artigo 7º, parágrafo 3º do Decreto nº 95.247/87 que regulamenta a concessão do vale-
-transporte (Leis 7.418/85 e 7.619/87). (TRT-2ª R. - RO 00015436720125020315 - (20140540037) - 2ª T. - Relª Rosa
Maria Villa - DJe 03.07.2014)
A legislação que rege o vale-transporte não contém dispositivo expresso que determine a obriga-
toriedade de sua concessão para cobrir despesas com o deslocamento efetuado pelo empregado no
período destinado a repouso e alimentação. A locomoção no horário de alimentação é, portanto, mera
faculdade do empregado, não se enquadrando, portanto, no fato gerador da obrigação.
No âmbito jurisprudencial, existem acórdãos que, em maioria, não asseguram o direito do traba-
lhador ao recebimento do vale-transporte nos deslocamentos durante o intervalo para alimentação.
Desta forma, em princípio, a empresa não está obrigada a fornecer vale-transporte para suprir
as despesas efetuadas com deslocamento no horário de alimentação, podendo, contudo, por mera li-
beralidade, concedê-lo, ajustando com o empregado as condições em que essa prática será adotada.
Para tanto, é recomendável elaborar um documento, por meio do qual cientificará o empregado de que
o fornecimento dos vales para o deslocamento efetuado no horário de almoço é condição contratual
ajustada livremente entre as partes, e não obrigatória.
É importante mencionar, para o embasamento jurídico da questão em exame, que mesmo sendo a
concessão do vale-transporte no mencionado período mero ato volitivo da empresa, os vales recebidos
devem obrigatoriamente ser utilizados com a finalidade à qual se destinam, não sendo lícito, portanto, o
empregado receber o vale-transporte e fazer uso diverso daquele preestabelecido.
Não obstante as disposições anteriores, destacamos que, com base no Ofício SRT/GAB/Circ/s/nº,
datado de 24.08.1988 e não publicado no Diário Oficial da União, o Secretário de Relações do Trabalho
manifestou seu entendimento no sentido de que o vale-transporte também é devido ao beneficiário
Guia de Cálculos Trabalhistas 239
para a cobertura das despesas de transporte durante o intervalo para repouso e alimentação, quando
esteja obrigado a fazê-lo em sua residência.
O Secretário entendeu ainda que, quando o empregador fornecer alimentação aos seus emprega-
dos em refeitório próprio, mantiver locais para tomada de refeições nos termos da Norma Regulamenta-
dora (NR 24) ou fornecer alimentação mediante o uso de vales-refeição, torna-se dispensável a exigência
desse benefício.
Vale lembrar que o referido Ofício não especifica quaisquer situações ou condições em que o em-
pregado está obrigado a fazer as refeições em sua residência.
CUSTEIO
O vale-transporte é custeado:
a) pelo beneficiário, na parcela equivalente a 6% do seu salário básico ou vencimento, excluídos
quaisquer adicionais;
b) pelo empregador, no que exceder à parcela referida.
DESCONTO
A concessão do vale-transporte autorizará o empregador a descontar, mensalmente, do beneficiá-
rio que exercer o respectivo direito, o valor da parcela que lhe cabe.
O valor da parcela a ser suportada pelo beneficiário será descontada proporcionalmente à quanti-
dade de vale-transporte concedida para o período a que se refere o salário ou vencimento e por ocasião
de seu pagamento, salvo estipulação em contrário, em convenção ou acordo coletivo de trabalho.
Assim, a base de cálculo para determinar a parcela a ser paga pelo beneficiário é o seu salário
básico ou vencimento (mês integral) e não o salário correspondente aos dias úteis.
240 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplos
a) empregado com salário mensal de R$ 1.200,00 e que trabalha de segunda a sexta-feira, utiliza diariamente 4
conduções para ir e voltar do trabalho, no valor unitário de R$ 4,30.
No mês de janeiro/2020, considerando os 22 dias úteis (2ª a 6ª feira), recebeu 88 vales-transporte.
Valor do desconto
Valor dos vales-transporte fornecidos = R$ 378,40 (R$ 4,30 × 4 × 22)
Salário do empregado = R$ 1.200,00
Teto do desconto a ser efetuado = R$ 72,00 (6% de R$ 1.200,00)
Desconto a ser feito pela empresa = R$ 72,00
Valor a ser suportado pela empresa = R$ 306,40 (R$ 378,40 - R$ 72,00)
Observe-se que nesta hipótese o valor total dos vales foi superior ao limite máximo do desconto permitido.
Dessa forma, a empresa descontará apenas o valor equivalente aos 6% do salário do empregado, arcando com
o valor restante.
b) empregado com salário mensal de R$ 3.500,00, e que trabalha de segunda a sexta-feira, utiliza diariamente
2 conduções para ir e voltar do trabalho, no valor unitário de R$ 4,30.
No mês de janeiro/2020 considerando os 22 dias úteis (2ª a 6ª feira), recebeu 44 vales-transporte.
Valor do desconto
Valor dos vales-transporte fornecidos = R$ 189,20 (R$ 4,30 × 2 × 22)
Salário do empregado = R$ 3.500,00
Teto do desconto permitido = R$ 210,00 (6% de R$ 3.500,00)
Desconto a ser feito pela empresa = R$ 189,20.
Observe-se que nesta hipótese o valor total dos vales foi inferior ao limite máximo do desconto permitido. Dessa
forma, a empresa descontará o valor total dos vales, ou seja, o empregado arcará com o total do valor.
Neste caso, considerando que a despesa com o deslocamento do beneficiário foi inferior a 6% do salário básico
ou vencimento, o empregado poderá optar pelo recebimento antecipado do vale-transporte, cujo valor será
integralmente descontado por ocasião do pagamento do respectivo salário ou vencimento.
c) empregado com salário fixo mensal de R$ 1.050,00 e adicional de periculosidade de R$ 315,00 (30% de R$
1.050,00) que trabalha de segunda a sexta-feira, utiliza diariamente 2 conduções para ir e voltar do trabalho, no
valor unitário de R$ 4,30.
No mês de janeiro/2020 considerando os 22 dias úteis (2ª a 6ª feira), recebeu 44 vales-transporte.
Valor do desconto
Valor dos vales-transporte fornecidos = R$ 189,20 (R$ 4,30 × 2 × 22)
Remuneração total do empregado = R$ 1.365,00 (R$ 1.050,00 + R$ 315,00)
Salário básico = R$ 1.050,00
Teto do desconto permitido = R$ 63,00 (6% de R$ 1.050,00)
Desconto a ser feito pela empresa = R$ 63,00
Valor dos vales a ser suportado pela empresa = R$ 126,20 (R$ 189,20 - R$ 63,80)
Observe-se que nesta hipótese o valor total dos vales foi superior ao limite máximo do desconto permitido.
Dessa forma, a empresa descontará do salário do empregado o valor equivalente a 6% do seu salário básico
(sem a integração do adicional de periculosidade) e arcará com o valor restante dos vales fornecidos.
Guia de Cálculos Trabalhistas 241
Relativamente ao empregado que tem a unidade salarial fixada em horas, a empresa calculará o
salário mensal do empregado para efetuar o desconto de 6% sobre este valor.
Exemplo
Empregado cumpre jornada de 44 horas semanais, com salário de R$ 6,00 por hora, no mês de 30 dias, o
total de sua jornada de trabalho mensal será equivalente a 220 horas. Utiliza 2 conduções por dia para o seu
deslocamento residência/trabalho e vice-versa no valor de R$ 4,30 cada. Considerando que o mês tenha 22 dias
úteis, temos:
Mês de 30 dias
Salário mensal = R$ 1.320,00 (R$ 6,00 × 220)
Nº de vales recebidos = 44
Valor dos vales fornecidos = R$ 189,20
Desconto máximo permitido = R$ 79,20 (6% de R$ 1.320,00)
Valor a ser suportado pela empresa = R$ 110,00
Neste caso, considerando que o valor dos vales fornecidos foi superior a 6% do salário básico do empregado, o
empregador descontará R$ 79,20 (6% de R$ 1.320,00) e arcará com o valor excedente.
No mês de 31 dias, cuja jornada equivalerá a 227 horas e 20 minutos, o empregador descontará R$ 81,84 (6% de
R$ 1.364,00).
Visualizando apuração do salário mensal
227 × R$ 6,00 = R$ 1.362,00
R$ 6,00 ÷ 60 × 20 = R$ 2,00
Valor total do salário mensal = R$ 1.364,00 (R$ 1.362,00 + R$ 2,00)
Não obstante o nosso entendimento, ressaltamos que grande parte da doutrina e da jurispru-
dência entende que, nessa forma de remuneração (fixo mais comissões), o desconto da parcela de
vale-transporte a ser suportada pelo empregado deve incidir apenas sobre a parte fixa do salário, e não
sobre esta acrescida das comissões.
242 Guia de Cálculos Trabalhistas
Apesar do posicionamento que adotamos, tendo em vista a inexistência de dispositivo legal ex-
presso que fixe a base de cálculo a ser utilizada para o cálculo do desconto relativo ao vale-transporte
quando o empregado aufere salário misto (fixo mais comissões), o empregador deverá acautelar-se
diante da ocorrência concreta da situação ora retratada, caso em que é aconselhável, por medida pre-
ventiva, consultar antecipadamente a Secretaria Especial de Trabalho, bem como o sindicato da res-
pectiva categoria profissional, e atentar para o fato de que caberá ao Poder Judiciário a decisão final da
controvérsia, caso seja proposta ação nesse sentido.
Exemplos
Considerando o entendimento de que as comissões pagas pelo empregador integram a base de cálculo para o
desconto do vale-transporte:
a) empregado com salário fixo mensal de R$ 900,00, recebeu no mês de abril/2020 comissões no valor de
R$ 2.000,00. Considerando que trabalha de 2ª a 6ª feira e no mês houve 20 dias úteis, e que utiliza 2 conduções
diárias no valor unitário de R$ 4,30, temos:
Salário total = R$ 2.900,00 (R$ 900,00 + R$ 2.000,00)
Nº de vales recebidos = 40
Valor dos vales fornecidos = R$ 172,00
Desconto máximo permitido = R$ 174,00 (6% de R$ 2.900,00)
Valor total a ser suportado pelo empregado = R$ 172,00
Neste caso, considerando que o valor dos vales fornecidos foi inferior a 6% do salário básico do empregado, o
empregador descontará a totalidade do valor dos vales.
b) Considerando o entendimento de que as comissões não integram a base de cálculo para o desconto do vale-
transporte.
Considerando um empregado com salário fixo mensal de R$ 1.050,00, recebeu no mês de abril/2020 comissões
no valor de R$ 2.000,00. Considerando que trabalha de 2ª a 6ª feira e no mês houve 20 dias úteis, e que utiliza 2
conduções diárias no valor unitário de R$ 4,30, temos:
Salário total = R$ 3.050,00 (R$ 1.050,00 + R$ 2.000,00)
Salário fixo = R$ 1.050,00
Nº de vales recebidos = 40
Valor dos vales fornecidos = R$ 172,00
Desconto máximo permitido = R$ 63,00 (6% de R$ 1.050,00)
Valor a ser suportado pelo empregado = R$ 63,00
Valor a ser suportado pela empresa = R$ 109,00
Neste caso, considerando que as comissões não integram a base de cálculo do desconto do vale-transporte, o
valor dos vales fornecidos foi superior a 6% do salário básico do empregado. Assim, o empregador descontará o
limite máximo permitido (R$ 63,00) e arcará com o valor excedente.
No mês do retorno, como a quantidade de vales fornecida foi inferior ao número habitualmente
utilizado para o mês integral, a parcela a ser suportada pelo beneficiário será descontada proporcional-
mente à quantidade de vales-transporte concedida para o período a que se refere o saldo de salário ou
vencimento, salvo estipulação em contrário em convenção ou acordo coletivo de trabalho.
Exemplo
Considerando que um empregado cujo salário é de R$ 1.395,00 e que utiliza 2 vales-transporte por dia,
trabalhando de 2ª-feira a sábado, afastou do trabalho por motivo de saúde no dia 17.01.2020, retornando ao
trabalho em 11.02.2020.
Considerando que o valor do vale-transporte é R$ 4,30 e que em 1º.01.2020 recebeu 52 vales para serem utilizados
nos 26 dias úteis do mês de janeiro/2020, temos:
Custeio do vale-transporte no mês de janeiro/2020:
- Valor dos 52 vales-transporte = R$ 223,60
- Parcela a ser suportada pelo empregado = R$ 83,70 (6% de R$ 1.395,00)
- Parcela a ser suportada pelo empregador: R$ 139,90 (R$ 4,30 × 2 × 26 = R$ 223,60 - R$ 83,70)
- Dias de trabalho em janeiro/2020 = 13 (1º a 16.01)
244 Guia de Cálculos Trabalhistas
- Vales-transporte utilizados = 26
- Vales-transporte não utilizados = 26
- Mês de fevereiro
- 25 dias úteis
- total de vales-transportes para o mês integral = 50
- data do retorno ao trabalho - 11.02.2020
- dias úteis a trabalhar em fevereiro = 17
- nº de vales-transporte necessários = 34
- vales-transportes que sobraram no mês de janeiro/2020 = 26
- nº de vales-transporte a ser concedido ao trabalhador = 8
- parcela a ser suportada pelo empregado = R$ 13,39
- R$ 83,70 ↔ 50
×↔8
Onde R$ 83,70 × 8 ÷ 50 = R$ 13,39
Observa-se que para obter o valor proporcional dos vales-transportes fornecidos utilizou-se o cálculo matemático
denominado “regra de três”.
- Parcela a ser suportada pelo empregador: R$ 21,01 (R$ 4,30 × 8 = R$ 34,40 - R$ 13,39)
Não obstante o entendimento ora esposado, considerando a omissão legal acerca do tema, o em-
pregador, antes de decidir-se pela aplicação ou não do procedimento anteriormente mencionado, deve
consultar o documento coletivo de trabalho da categoria profissional respectiva (acordo, convenção ou
sentença normativa) a fim de verificar a existência de cláusula que solucione a questão e, na ausência
desta, poderá contatar o sindicato representativo da categoria profissional respectiva, bem como a Se-
cretaria Especial de Trabalho, para obter os seus posicionamentos sobre o assunto.
Dicas do eSocial
Com a implantação do eSocial, as informações relativas ao vale-transporte serão lançadas nos eventos
S-1010 - Tabela de Rubricas;
S-1200 - Remuneração do Trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previdência Social.
Na simplificação do eSocial, a ser implantada em futuro próximo, está previsto que será criada uma tabela de rubrica
padrão com as incidências aplicáveis em cada uma. Se a empresa adotar a tabela padrão ficará dispensada de enviar o
evento S-1010 - Tabela de Rubricas.
CAPÍTULO X
ESTABILIDADES
A estabilidade, qualquer que seja, representa uma das maiores conquistas dos trabalhadores ao
longo do tempo e consiste no direito de permanecer no emprego, desde que haja a ocorrência das
hipóteses reguladas em lei. É adquirida pelo empregado a partir do momento em que seja legalmente
vedada sua dispensa sem justa causa.
A estabilidade no emprego pode ser determinada por lei, documento coletivo de trabalho ou re-
gulamento interno da empresa.
MEMBRO DA CIPA
É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de
Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipa), desde o registro de sua candidatura até um ano
após o final de seu mandato.
A Justiça do Trabalho tem entendido que essa garantia se estende, também, ao suplente da Cipa.
Nesse sentido, os itens I e II da Súmula TST nº 339 do Tribunal Superior do Trabalho dispõe:
I - O suplente da Cipa goza da garantia de emprego prevista no art. 10, inciso II, alínea “a”, do ADCT a partir
da promulgação da Constituição Federal de 1988.
II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos
membros da Cipa, que somente tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento,
não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a indenização do período
estabilitário.
Essa estabilidade não se estende aos representantes dos empregadores, titulares e suplentes.
Estes, designados pelos empregadores, como se sabe, não participam do processo eletivo.
Exemplo
Em 10.03.2019, a empresa convocou, mediante edital, os empregados para se candidatarem a cargo de repre-
sentação dos empregados na Cipa, cuja eleição foi realizada em 20.04.2019, para o mandato relativo ao período
de 03.06.2019 a 02.06.2020.
246 Guia de Cálculos Trabalhistas
Considerando que o empregado tenha registrado a sua candidatura em 15.03.2019 e tenha sido eleito, estará
estável no período de:
Data da candidatura: 15.03.2019
Mandato da Cipa = 03.06.2019 a 02.06.2020
Período de 1 ano após o mandato: 03.06.2020 a 02.06.2021
Portanto, este representante dos empregados na Cipa gozará de estabilidade no emprego no período de
15.03.2019 a 02.06.2021.
GESTANTE
É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação
da gravidez até 5 meses após o parto.
Exemplo
Considerando que a empregada teve a gravidez confirmada em 1º.04.2019 e que a criança nasceu em 20.11.2019.
Período de estabilidade no emprego: 1º.04.2019 a 19.04.2020.
As empregadas dispensadas sem justo motivo que comprovarem a ocorrência da gravidez duran-
te o prazo do aviso-prévio indenizado deverão ser reintegradas no emprego.
Entretanto, o TST, alterou a redação do item III da sua Súmula nº 244, para determinar:
SÚMULA Nº 244. GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão do Tribunal
Pleno realizada em 14.09.2012)
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indeni-
zação decorrente da estabilidade (art. 10, II, “b”, do ADCT).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabi-
lidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de
estabilidade.
III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por
tempo determinado.
Observa-se, portanto, que, com a alteração da redação do item III da Súmula nº 244 anteriormente
transcrita, a posição do mencionado Tribunal foi alterada, passando este a ser favorável à concessão da
estabilidade provisória da gestante mesmo nos contratos de trabalho por tempo determinado.
Guia de Cálculos Trabalhistas 247
DIRIGENTE SINDICAL
Reza o art. 543, § 5º, da CLT que, para que o empregado tenha direito à estabilidade é necessário
que a entidade sindical comunique por escrito à empresa, dentro de 24 horas, o dia e a hora do registro
da candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse.
O TST, por meio da Súmula nº 369, com a redação dada pela Resolução TST nº 185/2012, adiante
reproduzida, determinou:
“SÚMULA Nº 369. DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I alterada na sessão
do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012)
I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do re-
gistro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT,
desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho.
II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade
a que alude o art. 543, § 3º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.
III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na
empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente.
IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para
subsistir a estabilidade.
Exemplo
Empregado sindicalizado registrou sua candidatura a cargo de direção sindical em 10.03.2019 cuja eleição foi
realizada em 06.04.2019, para o mandato relativo ao período de 02.05.2019 a 1º.05.2022.
Considerando que o empregado tenha sido eleito estará estável no período de:
Data da candidatura: 10.03.2019
Mandato sindical = 02.05.2019 a 1º.05.2022 (3 anos)
Período de 1 ano após o mandato: 02.05.2022 a 1º.05.2023
Portanto, este representante sindical gozará de estabilidade no emprego no período de 10.03.2019 a 1º.05.2023.
Aos membros do Conselho Curador do FGTS, enquanto representantes dos trabalhadores, efeti-
vos e suplentes, é assegurada a estabilidade no emprego, desde a nomeação até um ano após o término
248 Guia de Cálculos Trabalhistas
do mandato de representação, somente podendo ser demitidos por motivo de falta grave, regularmente
comprovada por meio de processo sindical (Lei nº 8.036/1990, art. 3º, § 9º).
Exemplo
Representantes dos trabalhadores devidamente indicados e nomeados em 02.01.2019 para o mandato de 2
anos.
- período do mandato - 10.02.2019 a 09.02.2021.
- 1 ano após o mandato = 10.02.2021 a 09.02.2022.
- período de estabilidade - 02.01.2019 a 09.02.2022.
Aos empregados admitidos como não optantes pelo regime do FGTS anteriormente à Constitui-
ção Federal/1988 confere-se a estabilidade no emprego, desde que contassem com 10 ou mais anos de
serviço na mesma empresa em 05.10.1988.
Exemplo
Empregado contratado em 02.02.1977 e que não optou pelo regime do FGTS, quando da contratação.
Tempo de serviço até 05.10.1988 (data em que o regime do FGTS passou a abranger todos os trabalhadores
independentemente de opção) = 11 anos, 8 meses e 4 dias.
Portanto este empregado goza de estabilidade decenal, pois em 05.10.1988 já contava com mais de 10 anos na
empresa.
Exemplo
Representantes dos trabalhadores, dos empregadores e dos aposentados e pensionistas no CNPS regularmen-
te indicados e nomeados em 10.01.2019 para o mandato de 2 anos.
- período do mandato - 10.02.2019 a 09.02.2021.
- 1 ano após o mandato = 10.02.2021 a 09.02.2022.
- período de estabilidade - 10.01.2019 a 09.02.2022.
ACIDENTE DO TRABALHO
O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de 12 meses, a
manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do benefício previdenciário,
independentemente de percepção de auxílio-acidente (Lei nº 8.213/1991, art. 118).
Dessa forma, para ter direito à estabilidade é necessário que o acidente do trabalho tenha ocasio-
nado o afastamento do trabalhador das suas atividades por mais de 15 dias, posto que somente nesta
hipótese haverá concessão do benefício previdenciário, findo o qual inicia-se a contagem do período de
estabilidade.
Guia de Cálculos Trabalhistas 249
I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período
de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida
em 01.10.1997)
III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de
emprego, decorrente de acidente de trabalho, prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/1991.”
Exemplo
Empregado sofreu acidente do trabalho em 24.05.2019, o qual acarretou seu afastamento da atividade a partir
da data do acidente até 15.10.2019. Recebeu o benefício previdenciário até 15.10.2019, retornando ao trabalho em
16.10.2019.
Data da cessação do benefício previdenciário = 15.10.2019.
Período de estabilidade - 16.10.2019 a 15.10.2020.
Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores de sociedades cooperativas pelos mes-
mos criadas, gozam das mesmas garantias asseguradas aos dirigentes sindicais.
Por força da Lei nº 11.340/2006, foram criados mecanismos para coibir e prevenir a violência do-
méstica e familiar contra a mulher e, entre as medidas de assistência e proteção asseguradas, foi de-
terminado que, para preservar a integridade física e psicológica da mulher em situação de violência
doméstica e familiar, o juiz lhe assegurará, entre outros, a manutenção do vínculo trabalhista por até 6
meses, quando for necessário o seu afastamento do local de trabalho.
Entre as estabilidades concedidas por meio de documento coletivo de trabalho, as mais comuns são:
250 Guia de Cálculos Trabalhistas
DECISÕES TST
Estabilidade garantida por norma coletiva. Inexistente motivo relevante para a dispensa do empregado, cabível
a condenação da estabilidade prevista no dissídio coletivo da categoria. (TRT 6ª Região - RO 527/1996 - 1ª
T. - Rel. Juiz Geraldo Costa - DJPE 27.03.1997, p. 37 - maioria de votos)
DISCRIMINAÇÃO
Veda-se a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado por motivo de discriminação
de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade, ressalvadas, neste caso, as hipóte-
ses de proteção ao menor, em que se proíbe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos que ainda
não tenham completado 18 anos e qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de
aprendiz.
O TST por meio da Súmula nº 443, adiante reproduzida entende ser presumida a discriminação na
dispensa de empregado portador de doença grave.
Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que
suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.”
Guia de Cálculos Trabalhistas 251
Reintegração - Despedida nula - Discriminação por idade. A “usual” prática da reclamada de promover a des-
pedida de funcionários por motivo de idade extrapola o poder potestativo do empregador e vai de encontro a
parâmetros constitucionais refletidos nos artigos 5º, caput, e 7º, XXX. Sentença que se reforma para declarar
a nulidade da despedida e determinar a reintegração ao emprego. (TRT 9ª Região - RO 16633/95 - 2ª T. - Rel.
Juiz Ricardo Sampaio - DJPR 18.07.1997, p. 58, acórdão unânime)
Não obstante o anteriormente exposto, a Reforma Trabalhista, instituída pela Lei nº 13.467/2017, re-
gulamentou o dano extrapatrimonial (moral) mediante inclusão de um capítulo específico na CLT (arts.
223-A a 223-G).
Causa dano de natureza extrapatrimonial (moral) a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou
existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação.
São responsáveis pelo dano extrapatrimonial (moral) todos os que tenham colaborado para a
ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão.
Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a reparação a ser paga, a cada um dos ofendidos, ob-
servada a tabela a seguir, sendo vedada a acumulação.
leve até 3
média até 5
grave até 20
gravíssima 50
Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos parâme-
tros, mas em relação ao salário contratual do ofensor.
Uma questão que tem causado polêmica no direito trabalhista refere-se à estabilidade provisória
dos empregados, em caso de encerramento das atividades da empresa ou do estabelecimento em que
trabalham. Nesse aspecto, indaga-se se a empresa pode rescindir os contratos de trabalho dos empre-
gados em gozo de estabilidade, sem o pagamento da indenização dos salários relativos ao período da
estabilidade.
Por outro lado, em se tratando de estabelecimento único, dada a extinção total da empresa, é pos-
sível a rescisão contratual dos empregados detentores de estabilidade provisória de emprego, sendo
devidas, nesta situação, as verbas correspondentes a uma dispensa sem justa causa.
Quando a estabilidade é garantia pessoal, tais como acidentado no trabalho e gestante, há deci-
sões tanto no sentido de considerar devida a indenização somente até a data da extinção da empresa
como no sentido de que a indenização é devida por todo o período da estabilidade, e não apenas até o
fechamento da empresa.
Nesse sentido, o Tribunal Superior do Trabalho, por meio das Súmulas a seguir, se manifestou:
Extinto, automaticamente, o vínculo empregatício com a cessação das atividades da empresa, os salários só
são devidos até a data da extinção. Ex-prejulgado nº 53. (RA 102/1982 - DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982)
Guia de Cálculos Trabalhistas 253
339. CIPA. Suplente. Garantia de emprego. CF/1988. (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 25 -
329 da SDI-1) - Res. 129/2005 - DJ de 20, 22 e 25.04.2005)
[...]
II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos
membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento,
não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a indenização do período
estabilitário (ex-OJ nº 329 - DJ 09.12.2003)
369. Dirigente sindical. Estabilidade provisória. (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 34, 35, 86,
145 e 266 da SDI-1) (Res. 129/2005 - DJ de 20, 22 e 25.04.2005)
[...]
IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para
subsistir a estabilidade.
Para melhor visualização do assunto tratado neste texto, apresentamos adiante alguns acórdãos do TST
atinentes ao assunto.
Cipeiros
Membro da Cipa - Estabilidade provisória - Extinção da unidade da empresa - A garantia de emprego do tra-
balhador eleito membro da Cipa apenas obsta sua dispensa arbitrária ou sem justa causa. Havendo motivo
de natureza técnica, econômica ou financeira, como a extinção do estabelecimento, é cabível a dispensa,
não sendo devido qualquer ressarcimento pela frustração do restante do período estabilitário. A extinção das
atividades no setor da empresa na qual prestava serviços o empregado detentor da estabilidade provisória faz
cessar a causa ou o fato gerador da garantia de emprego, ficando afastada, via de consequência, a hipótese
de indenização substitutiva. Recurso de revista provido. (TST - RR 81590 - 5ª T. - Rel. Min. Rider Nogueira de
Brito - DJU 21.05.2004)
Estabilidade provisória - Cipeiro - Extinção do estabelecimento - Encontra-se consagrado nesta Corte, através
da Orientação Jurisprudencial nº 329 da SDI-1 do TST, o entendimento de que a estabilidade provisória do
cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente
tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a despedida
arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a indenização do período estabilitário. Acrescente-se
a irrelevância de terem sido transferidos para outro estabelecimento 65% dos empregados, haja vista que o
que infirma a estabilidade é a extinção do estabelecimento. Assim, não se vislumbra a ofensa legal e consti-
tucional apontada, bem como encontra-se superada a assinalada divergência jurisprudencial, nos termos do
Enunciado nº 333 do TST, erigido a pressuposto negativo de admissibilidade do recurso de revista. Recurso
não conhecido. (TST - RR 43012 - 4ª T. - Rel. Min. Barros Levenhagen - DJU 05.03.2004)
Estabilidade provisória de membro da Cipa - Extinção da empresa - Consonância com entendimento pacífico
do TST - Não-conhecimento dos embargos - Se o estabelecimento em que prestava serviços o reclamante
vem a ser extinto, torna-se insubsistente a estabilidade de que era detentor em razão de integrar a Cipa, ten-
do em vista que deixa de existir o próprio fato gerador do direito em si. Exegese que se extrai da Orientação
254 Guia de Cálculos Trabalhistas
Jurisprudencial nº 329 da SBDI-1. Recurso de Embargos de que não se conhece. (TST - E-RR 625634 - SBDI
1 - Rel. Min. João Batista Brito Pereira - DJU 06.02.2004)
Acidentado no trabalho
Violação do art. 896 da CLT - Acidente de trabalho - Estabilidade provisória - Estabelecimento empresarial
- Fechamento na localidade da prestação de serviços - O encerramento das atividades e o fechamento do
estabelecimento empresarial na localidade em que trabalhava o empregado não implica extinção do seu
contrato de trabalho se, no mesmo período, encontrava-se afastado do emprego em decorrência de aciden-
te de trabalho. O contrato nesse período fica suspenso e, portanto, garantida a estabilidade provisória no
emprego. Recurso de embargos conhecido e não provido. (TST - ERR 503124 - SBDI 1 - Rel. Min. José Luciano
de Castilho Pereira - DJU 27.08.2004)
Violação do art. 896 da CLT - Acidente de trabalho - Estabilidade provisória - Estabelecimento empresarial
- Fechamento na localidade da prestação de serviços - O encerramento das atividades e o fechamento do
estabelecimento empresarial na localidade em que trabalhava o empregado não implica extinção do seu
contrato de trabalho se, no mesmo período, encontrava-se afastado do emprego em decorrência de aciden-
te de trabalho. O contrato nesse período fica suspenso e, portanto, garantida a estabilidade provisória no
emprego. Recurso de Embargos conhecido e não provido. (TST - ERR 503124 - SBDI 1 - Rel. Min. José Luciano
de Castilho Pereira - DJU 27.08.2004)
Dirigente sindical
Recurso de revista - Empresa individual - Extinção - Morte do empregador - Dirigente sindical - Estabilidade
- Insubsistência - A iterativa e notória jurisprudência da SBDI-1 há muito firmou o entendimento de não sub-
sistir a estabilidade do dirigente sindical, em caso de extinção da atividade empresarial no âmbito da base
territorial do sindicato (Orientação Jurisprudencial nº 86). A conclusão de insubsistência da estabilidade do
dirigente sindical, em razão do falecimento do empregador constituído em empresa individual, é a mesma,
uma vez que o seu falecimento acarretou a extinção da empresa, conforme verificou o eg. Tribunal Regional.
(TST - RR 549068 - 1ª T. - Rel. Juiz Conv. Aloysio Corrêa da Veiga - DJU 30.04.2004)
Recurso ordinário em ação rescisória - Dirigente sindical - Extinção do estabelecimento - Fim da estabilidade
- In casu, não se há falar em violação dos arts. 8º, VIII, da CF e 543, § 3º, da CLT, eis que, extinto o estabe-
lecimento onde prestava serviços o obreiro, cessa o fundamento que respalda a estabilidade conferida ao
dirigente sindical, uma vez que esta não é uma garantia pessoal do empregado, mas, sim, uma prerrogativa
256 Guia de Cálculos Trabalhistas
da categoria para possibilitar o exercício da representação sindical. Desse modo, extinto o vínculo laboral
com o fechamento da empresa naquela localidade, não tem mais razão de existir a estabilidade (Inteligência
da Orientação Jurisprudencial nº 86 da SBDI-1)... Recurso ordinário parcialmente provido. (TST - ROAR 82554
- SBDI 2 - Rel. Min. José Simpliciano Fernandes - DJU 05.09.2003)
Ação rescisória - Violação literal de lei - Dirigente sindical - Extinção do estabelecimento - Indenização do
período de garantia - 1. Viola o art. 498 da CLT acórdão que defere à empregada detentora de estabilidade
sindical salários e vantagens decorrentes do vínculo de emprego, até o término do período de estabilidade,
apesar do fechamento de agência do Banco na localidade. 2. Sobrevindo o fechamento do estabelecimento
empresarial, o empregado dirigente sindical faz jus ao pagamento dos salários somente até a extinção, pois
a garantia de emprego esvai-se com o encerramento das atividades da empresa. Orientação Jurisprudencial
nº 86, da eg. SBDI 1. 3. Recurso ordinário do requerente a que se dá parcial provimento. (TST - ROAR 579970
- SBDI 2 - Rel. Min. João Oreste Dalazen - DJU 29.06.2001)
Estabilidade no emprego - Dirigente sindical - Extinção da empresa - Apesar de ter opinião pessoal de ser
devida ao empregado a indenização substitutiva da garantia de emprego descumprida pelo empregador,
com a extinção da empresa ou o fechamento do estabelecimento, a verdade é que esta Corte tem posição
diametralmente oposta, conforme se infere do Verbete 86 da Orientação Jurisprudencial da SDI-I, no sentido
de não subsistir estabilidade do dirigente sindical no caso de extinção da atividade empresarial no âmbito
da base territorial do sindicato. Dele emerge incontrastável a tese majoritária de a extinção da empresa ou o
fechamento do estabelecimento não ser óbice ao poder potestativo de resilição contratual, cujo exercício não
acarreta para o empregador o pagamento de indenização compensatória da garantia de emprego, limitando-se
o direito do empregado aos proverbiais títulos trabalhistas referentes ao contrato de trabalho resilido. Recurso
conhecido e provido. (TST - RR 577003 - 4ª T. - Rel. Min. Antônio José de Barros Levenhagen - DJU 29.06.2001)
Estabilidade provisória - Dirigente sindical - Encerramento das atividades da empresa - No caso de encerra-
mento das atividades da empresa, não subsiste a estabilidade do empregado dirigente sindical, razão pela
qual é indevida qualquer indenização pelo período correspondente ao mandato extinto. Recurso de revista
não conhecido. (TST - RR 691355 - 2ª T. - Rel. Juiz Conv. Samuel Corrêa Leite - DJU 12.03.2004)
garantia de emprego esvai-se com o encerramento das atividades da empresa. 2. Recurso de revista de que
se conhece e a que se dá provimento. (TST - RR 510776 - 1ª T. - Rel. Min. João Oreste Dalazen - DJU 14.03.2003)
Gestante
Garantia de emprego à gestante - Fechamento de empresa - Art. 10, inciso II, letra “b”, do ADCT - A empregada
gestante faz jus à estabilidade de emprego conferida pelo art. 10, inciso II, alínea “b”, do ADCT, ainda que a
despedida tenha ocorrido em virtude do fechamento da empresa, a qual assume os riscos da atividade eco-
nômica e com eles deve arcar em casos de perdas advindas do empreendimento, consoante o disposto no
artigo 2º da CLT. O fato referente à recusa da empregada a transferir-se para a cidade de Criciúma não pode
por si gerar prejuízos à gestante, em que pese não haver condições de mudar-se de localidade e afastar-se
do apoio financeiro e afetivo de familiares, essenciais para uma gestação e recebimento de uma nova vida.
Revista conhecida e provida. (TST - RR 3197 - 1ª T. - Rel. Min. Conv. Vieira de Mello Filho - DJU 08.08.2003)
negócio é inerente à figura do empregador no desempenho da sua atividade econômica, nos termos do art.
2º da CLT, especialmente levando em consideração que o Banco continuou existindo como pessoa jurídica,
sujeitando-se aos riscos do empreendimento. Nesse passo, pode equiparar-se o encerramento parcial da
atividade econômica à imprevidência patronal, motivo que afasta a alegação de força maior, nos termos do
§ 1º do 501 da CLT. Cumpre observar que, em relação ao empregado dirigente sindical, esta Corte firmou sua
jurisprudência no sentido de afastar o direito quando o estabelecimento fechado situa-se no âmbito da base
territorial do sindicato, conforme diretriz abraçada pela Orientação Jurisprudencial nº 86 da SBDI-1 desta
Corte. A estabilidade do empregado dirigente sindical é diferente da relativa à empregada gestante, embora
ambos tenham adquirido estabilidade provisória por força de mandamento constitucional. A diferença reside
no fato de a estabilidade do dirigente sindical estar ligada a representação da categoria naquela base terri-
torial, enquanto que a da gestante independe da localidade em que a empregada irá prestar seus serviços.
A garantia, para o dirigente sindical, é institucional, enquanto a da gestante é pessoal. Recurso conhecido
e desprovido no particular, e provido quanto à correção monetária. (TST - RR 635682 - 4ª T. - Rel. Min. Ives
Gandra Martins Filho - DJU 25.10.2002)
Gestante - Garantia de emprego - Fechamento de empresa - Art. 10, II, letra “b”, do ADCT - A empregada
gestante faz jus à estabilidade de emprego conferida pelo art. 10, II, letra “b”, do ADCT, ainda que a despedida
tenha ocorrido em virtude do fechamento da empresa, por se tratar, no caso, de uma garantia visando a não
privar a gestante da conservação de um emprego que é vital para o nascituro, já que o salário percebido
será utilizado em favor da subsistência e nutrição deste. (TST - RR 402.630/1997.6 - 2ª T. - Rel. Min. Vantuil
Abdala - DJU 05.10.2001)
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS
Todos aqueles que exercem atividade remunerada vinculada ao Regime Geral de Previdência So-
cial (RGPS) estão sujeitos às contribuições previdenciárias. Dessa forma, ficam obrigados ao recolhi-
mento correspondente: as empresas (públicas ou privadas), os equiparados às empresas (tais como
profissionais liberais que contratem empregados), os empregados, os trabalhadores avulsos, os traba-
lhadores domésticos e os contribuintes individuais.
Estabelece o caput do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 que considera-se remuneração a totalidade dos
rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título durante o mês, destinados a retribuir o
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utili-
dades, os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados,
quer pelo tempo à disposição do empregador ou do tomador dos serviços, nos termos da lei ou do con-
trato ou, ainda, de documento coletivo de trabalho (acordo, convenção ou sentença normativa).
Importante
O § 9º do mencionado art. 28 da Lei nº 8.212/1991, alterado pela Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), determina que
não integram o salário-de-contribuição para efeitos previdenciários, exclusivamente:
a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o salário-maternidade;
b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929/1973;
260 Guia de Cálculos Trabalhistas
Nota
Lembrar que o § 2º do art. 457 da CLT, na redação da Lei nº 13.467/2017, determina que a ajuda de custo, ainda que paga
com habitualidade não integra a remuneração, não se incorpora ao contrato de trabalho e não constitui base de inci-
dência de encargo trabalhista e previdenciário.
c) a parcela in natura recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo antigo Ministério do Traba-
lho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321/1976.
Nota
Não obstante o mencionado na letra “c”, o § 2º do art. 457 da CLT, na redação dada pela Lei nº 13.467/2017, determinou
que não integra a remuneração, ainda que pago com habitualidade e, portanto, não sofre incidências trabalhistas e
previdenciárias, entre outras parcelas, o auxílio-alimentação, sendo vedado o pagamento em dinheiro.
d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor corres-
pondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da CLT;
e) as importâncias:
1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;
2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 05 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo FGTS;
3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT;
4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889/1973;
5. recebidas a título de incentivo à demissão;
6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT;
7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário;
8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada;
9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238/1984;
f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria;
g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do
empregado, na forma do art. 470 da CLT;
Nota
Não obstante o mencionado na letra “g”, o § 2º do art. 457 da CLT, na redação dada pela Lei nº 13.467/2017, determinou
que não integra a remuneração, ainda que paga com habitualidade e, portanto, não sofre incidências trabalhistas e
previdenciárias, entre outras parcelas, a ajuda de custo.
s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade
com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as
despesas realizadas;
t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus
dependentes, e desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica
de empregados, nos termos da Lei nº 9.394/1996, e:
1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e
2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por
cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite
mínimo mensal do salário-de-contribuição, o que for maior;
u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de
acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069/1990;
v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais;
x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT.
y) o valor correspondente ao vale-cultura;
z) os prêmios e os abonos;
aa) os valores recebidos a título de bolsa-atleta, em conformidade com a Lei nº 10.891/2004.
Assim, feita a opção no mês de janeiro, durante todo o ano, o cálculo da contribuição previdenciá-
ria patronal básica será efetuado sobre o valor da receita bruta, somente podendo haver alteração no
ano seguinte.
No caso de empresas que contribuam simultaneamente com base no exercício de atividades de-
soneradas e fabricação dos produtos desonerados, a opção valerá para as duas situações, sendo vedada
a opção por contribuir com base em apenas uma delas. A empresa abrangida que não fizer a opção pela
desoneração ficará sujeita à contribuição previdenciária patronal básica sobre a folha de pagamento
durante todo o ano calendário.
Também é equiparado à empresa o consórcio constituído nos termos dos arts. 278 e 279 da Lei nº
6.404/1976, que realizar a contratação e o pagamento, mediante a utilização de CNPJ próprio do consór-
cio, de pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem vínculo empregatício, ficando as empresas consorcia-
das solidariamente responsáveis pelos tributos relacionados às operações praticadas pelo consórcio.
A contribuição previdenciária patronal básica sobre a receita bruta observa a aplicação de 6 dife-
rentes alíquotas, conforme a atividade da empresa.
Alíquota de 4,5%
Nota
São considerados serviços de TI e TIC:
a) análise e desenvolvimento de sistemas;
b) programação;
c) processamento de dados e congêneres;
d) elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos;
e) licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação;
f) assessoria e consultoria em informática;
g) suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de programas de computação e ban-
cos de dados, bem como serviços de suporte técnico em equipamentos de informática em geral;
h) planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas;
i) a atividade de execução continuada de procedimentos de preparação ou processamento de dados de gestão empre-
sarial, pública ou privada, e gerenciamento de processos de clientes, com o uso combinado de mão de obra e sistemas
computacionais.
Nota
Enquadram-se nas classe:
412 - construção de edifícios;
432 - instalações elétricas, hidráulicas e outras instalações em construções;
433 - obras de acabamento;
439 - outros serviços especializados para construção.
d) de construção de obras de infraestrutura, enquadradas nos grupos 421, 422, 429 e 431 da CNAE 2.0.
Notas
(1) Enquadram-se na classe:
421 - construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras-de-arte especiais;
422 - obras de infra-estrutura para energia elétrica, telecomunicações, água, esgoto e transporte por dutos;
429 - construção de outras obras de infra-estrutura;
431 - demolição e preparação do terreno.
(2) As empresas para as quais a substituição da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento pela CPRB estiver
vinculada ao seu enquadramento no CNAE deverão considerar apenas o CNAE principal, observando:
a) o enquadramento no CNAE principal será efetuado pela atividade econômica principal da empresa, assim considerada,
dentre as atividades constantes no ato constitutivo ou alterador, aquela de maior receita auferida ou esperada;
b) a “receita auferida” será apurada com base no ano-calendário anterior, que poderá ser inferior a 12 meses, quando se
referir ao ano de início ou de reinício de atividades da empresa;
c) a”receita esperada” é uma previsão da receita do período considerado e será utilizada no ano-calendário de início ou de
reinício de atividades da empresa.
No caso de empresas que tiveram suas atividades reiniciadas, aplica-se o disposto na letra “b” se o período em que ficou
inativa for inferior a 12 meses ou o disposto na letra “c” se o período em que ficou inativa for superior a 12 meses.
(3) A contribuição patronal relativa aos segurados administrativos das empresas de construção civil seguirá a mesma sis-
temática estabelecida para o recolhimento da contribuição previdenciária efetuada no CNPJ.
No caso de empresa construtora que não seja responsável pela matrícula da obra, o recolhimento da contribuição previ-
denciária relativa aos segurados da administração e da obra será consolidado em um único documento de arrecadação
vinculado ao CNPJ da empresa.
264 Guia de Cálculos Trabalhistas
Lembre-se que as empresas de construção civil, enquadradas nos grupos 412, 432, 433 e 439 da
CNAE 2.0, responsáveis pela matrícula da obra, observam para as obras matriculadas no CEI:
a) até 31.03.2013, o recolhimento da contribuição previdenciária patronal básica sobre a folha de
pagamento, até o seu término;
b) no período compreendido entre 1º.04 e 31.05.2013, a contribuição previdenciária patronal bási-
ca incide sobre a receita bruta, até o seu término;
c) no período compreendido entre 1º.06 a 31.10.2013, a contribuição previdenciária patronal bási-
ca pode incidir, mediante opção, sobre a receita bruta ou sobre a folha de pagamento; e
d) no período compreendido entre 1º.11.2013 e 30.11.2015, a contribuição previdenciária patronal
básica incide sobre a receita bruta, até o seu término;
e) a partir de 1º.12.2015, a contribuição previdenciária patronal básica poderá incidir sobre a recei-
ta bruta ou sobre a folha de pagamento, de acordo com a opção.
Notas
(1) A opção a que se referem as letras “c” e “e” será exercida por obra de construção civil e manifestada mediante o paga-
mento da contribuição incidente sobre a receita bruta relativa à competência de cadastro no CEI ou CNO ou à 1ª compe-
tência subsequente para a qual haja receita bruta apurada para a obra, e será irretratável até o seu encerramento.
(2) No cálculo da CPRB pelas empresas de construção civil em comento, serão excluídas da base de cálculo, entre outros,
as receitas provenientes das obras a que se referem a letra “a” e as letras “c” e “e” que optarem por recolher a contribuição
previdenciária sobre a folha de pagamento.
(3) O anteriormente mencionado aplica-se somente aos segurados vinculados especificamente às obras matriculadas no
CEI de responsabilidade da empresa construtora e não se aplica às empresas de construção civil de obras de infraestrutu-
ra, enquadradas nos grupos 421, 422, 429 e 431 da CNAE 2.0.
Nas situações mencionadas nas letras “b”, “c” e “d” a contribuição previdenciária patronal básica sobre a receita bruta per-
manecerá com alíquota de 2% até o final da obra.
Alíquota de 3%
Até 31.12.2020, podem contribuir com a alíquota de 3% sobre a receita bruta as empresas que
prestam serviços de call center.
Alíquota de 2,5%
Até 31.12.2020, podem contribuir com a alíquota de 2,5% as empresas que fabricam os produtos
classificados na TIPI nos códigos relacionados com tal alíquota, no Anexo V da Instrução Normativa RFB
nº 1.812/2018, reproduzido adiante.
Importante
Caso a empresa tenha dúvidas se seu produto industrializado está ou não enquadrado na Nomenclatura Comum do
Mercosul (NCM) como desonerado, deverá consultar a Receita Federal do Brasil (RFB), a fim de obter os esclarecimen-
tos necessários sobre o assunto.
Nota
A substituição aplica-se apenas em relação aos produtos industrializados pela empresa. Para tanto, devem ser conside-
rados os conceitos de industrialização e de industrialização por encomenda previstos na legislação do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI).
A desoneração aplica-se às empresas que produzam no território nacional os itens mencionados no Anexo V, inclusive em
relação aos itens produzidos por um estabelecimento e comercializados por outro da mesma pessoa jurídica.
Guia de Cálculos Trabalhistas 265
Alíquota de 2%
Nota
Enquadra-se na classe:
4912-4/03 - transporte metroviário.
Lembre-se que as empresas de construção civil, enquadradas nos grupos 412, 432, 433 e 439 da
CNAE 2.0, responsáveis pela matrícula da obra, conforme anteriormente informado, observam para as
obras matriculadas no CEI, entre outros, nos períodos a seguir mencionados, as seguintes regras:
a) no período compreendido entre 1º.04 e 31.05.2013, a contribuição previdenciária patronal bási-
ca incide sobre a receita bruta, até o seu término;
b) no período compreendido entre 1º.06 a 31.10.2013, a contribuição previdenciária patronal bási-
ca pode incidir, mediante opção, sobre a receita bruta ou sobre a folha de pagamento; e
c) no período compreendido entre 1º.11.2013 e 30.11.2015, a contribuição previdenciária patronal
básica incide sobre a receita bruta, até o seu término.
Nas situações mencionadas a contribuição previdenciária patronal básica sobre a receita bruta
permanecerá com alíquota de 2% até o final da obra.
Alíquota de 1,5%
Até 31.12.2020, podem contribuir com alíquota de 1,5% empresas que fabricam os produtos classi-
ficados na TIPI nos códigos relacionados com tal alíquota, no Anexo V da Instrução Normativa RFB nº
1.812/2018, reproduzido adiante, bem como as seguintes empresas:
266 Guia de Cálculos Trabalhistas
Nota
As empresas que têm como atividade econômica principal a edição de livros classificada na classe 5811-5/00 da CNAE
2.0, por não serem empresas jornalísticas e de radiodifusão, não estão sujeitas à contribuição previdenciária substitutiva
devendo recolher as contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento.
As empresas que têm como atividade econômica principal, nos termos da legislação, a edição de revistas e periódicos
classificada na classe 5813-1/00 da CNAE 2.0, por serem empresas jornalísticas, estão sujeitas à contribuição previdenciária
substitutiva.
Alíquota de 1%
Até 31.12.2020, podem contribuir com alíquota de 1% as empresas que fabricam os produtos clas-
sificados na TIPI nos códigos relacionados com tal alíquota, no Anexo V da Instrução Normativa RFB nº
1.812/2018, reproduzido adiante.
Reza o art. 19 da Instrução Normativa RFB nº 1.436/2013, na redação da Instrução Normativa RFB
nº 1.642/2016 que a desoneração da folha de pagamento é aplicada à empresa optante pelo Simples
Nacional, desde que sua atividade principal, assim considerada aquela de maior receita auferida ou
esperada, esteja:
a) entre as atividades de prestação de serviços de: construção de imóveis e obras de engenharia
em geral, inclusive sob a forma de subempreitada, execução de projetos e serviços de paisa-
gismo, bem como decoração de interiores; serviço de vigilância, limpeza ou conservação; e
serviços advocatícios; e
Importante
Não obstante as determinações do mencionado art. 19 da Instrução Normativa RFB nº 1.436/2013, observa-se que a Lei
nº 12.546/2011 e alterações posteriores (ato legal hierarquicamente superior, posto que a Instrução Normativa é ato ad-
ministrativo) não incluiu entre os serviços abrangidos pela desoneração da folha de pagamento os relativos a decoração
de interiores, serviço de vigilância, limpeza e conservação e serviços advocatícios. Desta forma, tais serviços, embora
possam integrar o Simples Nacional, não estão previstos na Lei nº 12.546/2011 como abrangidos pela desoneração da
folha de pagamento.
b) enquadrada nos grupos 412 (construção de edifícios), 421 (construção de rodovias, ferrovias,
obras urbanas e obras-de-arte especiais), 422 (obras de infraestrutura para energia elétrica,
telecomunicações, água, esgoto e transporte por dutos), 429 (construção de outras obras de
infraestrutura), 431 (demolição e preparação do terreno), 432 (instalações elétricas, hidráulicas
e outras instalações em construções), 433 (obras de acabamento) ou 439 (outros serviços es-
pecializados para construção) da CNAE 2.0.
Guia de Cálculos Trabalhistas 267
As microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte (EPP) que estiverem de acordo com
as condições anteriormente descritas, observado o “Importante” anterior e exercerem, concomitante-
mente, atividade tributada na forma estabelecida no Anexo IV (veja nota adiante) da Lei Complementar
nº 123/2006 (alíquotas e partilha do Simples Nacional - receitas decorrentes da prestação de serviços
relacionados na letra “a” supracitada), e outra atividade enquadrada em um dos demais anexos dessa lei
complementar contribuirão na forma:
a) de CPRB, com relação à parcela da receita bruta auferida nas atividades tributadas de acordo
com o mencionado Anexo IV (veja nota adiante); e
b) da citada lei complementar, com relação às demais parcelas da receita bruta.
Nota
Desde 1º.01.2018, o Anexo IV da Lei Complementar nº 123/2006 vigora com redação da Lei Complementar nº 155/2016, con-
forme disposto em seus arts. 2º e 11, inciso III.
As cooperativas de produção que fabricam os produtos classificados na TIPI, nos códigos cons-
tantes do art. 8º da Lei nº 12.546/2011, na redação da Lei nº 13.670/2018, reproduzidos adiante, são abran-
gidas pela desoneração da folha de pagamento, situação em que a contribuição previdenciária patronal
de 20%, calculada sobre o total da folha de pagamento de empregados, trabalhadores avulsos e contri-
buintes individuais pode ser substituída pela aplicação da alíquota, em geral, de 2,5% sobre o valor da
receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.
Para efeito da desoneração da folha de pagamento, a receita bruta deve ser considerada sem o
ajuste de que trata o inciso VIII do art. 183 da Lei nº 6.404/1976 (Lei de sociedade por ações).
Nota
A CPRB pode ser apurada utilizando-se os mesmos critérios adotados na legislação da contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins para o reconhecimento no tempo de receitas e para o diferimento do pagamento dessas contribuições.
Nota
A receita bruta proveniente de vendas a empresas comerciais exportadoras compõe a base de cálculo da CPRB.
268 Guia de Cálculos Trabalhistas
Nota
No caso de contrato de concessão de serviços públicos, a receita decorrente da construção, recuperação, reforma, am-
pliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo financeiro representativo de direito contratual
incondicional de receber caixa ou outro ativo financeiro, integrará a base de cálculo da contribuição à medida do efetivo
recebimento.
g) o valor do aporte de recursos realizado nos termos do § 2º do art. 6º da Lei nº 11.079/2004 (que
institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da
administração pública).
Nota
A parcela excluída nos termos da letra “g” deverá ser computada na determinação da base de cálculo da CPRB em cada
período de apuração durante o prazo restante previsto no contrato para construção, recuperação, reforma, ampliação ou
melhoramento da infraestrutura que será utilizada na prestação de serviços públicos.
Informações e recolhimento
A CPRB deverá ser:
a) apurada e paga de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica;
b) informada na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF); e
c) recolhida em Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) até o dia 20 do mês
subsequente ao da competência em que se tornar devida. Se não houver expediente na data
mencionada, o recolhimento deverá ser efetuado até o dia útil imediatamente anterior.
Notas
(1) Após o envio dos eventos de fechamento dos eventos periódicos do eSocial (Sistema de Escrituração Digital das Obri-
gações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas), as contribuições previdenciárias passarão a ser efetuadas por meio do
Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) emitido pelo DCTFWeb, observadas as normas do eSocial.
(2) A GFIP será substituída pelos eventos do eSocial, nos seguintes prazos:
a) 1º grupo (entidades empresariais com faturamento acima de R$ 78.000.000,00 em 2016):
- agosto/2018 - para efeitos previdenciários;
- data a ser definida futuramente - para fins de FGTS (**);
b) 2º grupo (entidades empresariais com faturamento até R$ 78.000.000,00 em 2016, exceto optantes pelo Simples Nacional):
- abril/2019 - para efeitos previdenciários (empresas com faturamento acima de R$ 4.800.000,00 em 2017) (*);
- data a ser definida futuramente - para efeitos previdenciários (empresas não integrantes dos 3º e 4º grupos e as constituí-
das após 2017, independentemente do faturamento) (*);
Guia de Cálculos Trabalhistas 269
No caso de empresas que se dedicam a outras atividades, além das abrangidas pela desoneração,
o cálculo da CPRB obedecerá:
a) à aplicação da alíquota correspondente à desoneração, conforme o caso, quanto à parcela
da receita bruta correspondente às atividades abrangidas pela substituição da base de cál-
culo; e
b) quanto à parcela da receita bruta relativa a atividades não sujeitas à CPRB, a 20%, sobre a
remuneração de empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais, reduzindo-se
o valor da contribuição a recolher ao percentual resultante da razão entre a receita bruta de
atividades não relacionadas aos serviços ou à fabricação dos produtos abrangidos pela subs-
tituição e a receita bruta total.
Nota
O valor da receita bruta decorrente de exportações será computado no cálculo da proporcionalidade a que se refere a letra
“b”, tanto na receita bruta de atividades não relacionadas à desoneração, quanto na receita bruta total.
Nota
As disposições anteriormente mencionadas não se aplicam às empresas para as quais a substituição da contribuição pre-
videnciária sobre a folha de pagamento pela contribuição sobre a receita bruta estiver vinculada ao seu enquadramento
no CNAE.
Nos meses em que não auferirem receita relativa às atividades desoneradas, ou seja, auferirem
apenas receitas relativas as atividades não desoneradas, as empresas deverão recolher as contribui-
ções de 20% sobre a totalidade da folha de pagamentos.
Nos meses em que não auferirem receita relativa a atividades não abrangidas pela desoneração,
ou seja, auferirem apenas receitas relativas às atividades desoneradas, as empresas deverão recolher a
contribuição sobre a receita bruta total, não sendo aplicada a proporcionalidade.
Importante
As empresas que se dedicam exclusivamente às atividades desoneradas, nos meses em que não auferirem receita, não
recolherão as contribuições relativas a 20% sobre a folha de pagamento.
270 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplo
Elaboramos dois exemplos relativos à apuração do valor da contribuição previdenciária básica de empresas que
exercem atividade de TI/TIC, conforme a seguir.
Cálculos
a) empresas que exploram somente a atividade de TI e TIC
Considerando que em agosto/2019 a empresa conte com:
Folha de pagamento = R$ 30.000,00
Receita bruta com as exclusões permitidas = R$ 80.000,00
Contribuição substitutiva sobre a receita - alíquota = 4,5%
Assim, temos:
4,5% de R$ 80.000,00 = R$ 3.600,00
Nesta hipótese, não há a contribuição de 20% sobre a folha de pagamento, posto que a empresa exerce tão
somente atividades de TI/TIC.
Antes da desoneração, esta empresa observava a contribuição previdenciária básica sobre folha de pagamento
equivalente a:
20% de R$ 30.000,00 = R$ 6.000,00
Portanto, neste caso, a desoneração foi positiva pois acarretou significativa diminuição da carga tributária
b) empresas que exploram a atividade de TI/TIC e outras atividades não relacionadas a TI/TIC
Considerando que, em agosto/2019, a empresa conte com:
Folha de pagamento = R$ 30.000,00
Receita bruta total = R$ 150.000,00
Receita bruta de atividades de TI/TIC = R$ 105.000,00
Receita bruta de atividades não relacionadas TI/TIC = R$ 45.000,00
Cálculo:
Contribuição sobre a receita bruta TI/TIC
4,5% de R$ 105.000,00 = R$ 4.725,00
Apuração da contribuição sobre a folha:
Receita bruta de atividades não relacionadas a TI/TIC ÷ Receita bruta total × 100
R$ 45.000,00 ÷ R$ 150.000,00 × 100
0,3 × 100 = 30%
Contribuição previdenciária normal sobre a folha de pagamento
20% de R$ 30.000,00 = R$ 6.000,00
Apuração da contribuição sobre a folha:
Receita bruta de atividades não relacionadas a TI/TIC ÷ Receita bruta total × 100
R$ 45.000,00 ÷ R$ 150.000,00 × 100
0,3 × 100 = 30%
Contribuição previdenciária normal sobre a folha de pagamento
20% de R$ 30.000,00 = R$ 6.000,00
Guia de Cálculos Trabalhistas 271
Contribuição devida
30% de R$ 6.000,00 = R$ 1.800,00
Contribuição previdenciária total
a) sobre a receita bruta = R$ 4.725,00;
b) contribuição sobre a folha de pagamento = R$ 1.800,00.
Antes da desoneração, esta empresa teria sobre a folha de pagamento a contribuição previdenciária básica de
R$ 6.000,00 (20% de R$ 30.000,00).
Após a desoneração, a contribuição previdenciária básica da empresa, considerando a incidente sobre a folha
de pagamento e a incidente sobre a receita, é de R$ 6.525,00 (R$ 4.725,00 + R$ 1.800,00). Portanto, neste caso, a
desoneração acarretou acréscimo da carga tributária.
Lembre-se que as demais contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento (GIIL-RAT, terceiros, etc.)
continuam inalteradas. A substituição atinge tão somente a contribuição previdenciária básica de 20%.
Recolhimento - Prazo
A data de recolhimento das contribuições previdenciárias calculadas sobre a receita bruta é até o
dia 20 do mês subsequente ao da competência, antecipando-se o recolhimento para o dia útil imedia-
tamente anterior quando não houver expediente bancário no dia 20.
Tratando-se de empresas que se dedicam a outras atividades, além das desoneradas, o cálculo da
contribuição para o 13º salário será realizado com observância dos seguintes critérios:
a) para fins de cálculo da razão entre a receita bruta de atividades não relacionadas à desonera-
ção e a receita bruta total aplicada ao 13º salário, será considerada a receita bruta acumulada
nos 12 meses anteriores ao mês de dezembro de cada ano-calendário, portanto, no período de
novembro do ano em curso a dezembro do ano anterior;
b) no caso de empresa em início de atividades ou que ingressar no regime de tributação CPRB,
no decurso do ano, a apuração mencionada na letra “a” será realizada de forma proporcional à
data do início de atividades ou da entrada da empresa no regime de substituição.
O cálculo da contribuição previdenciária referente ao 13º salário pago na rescisão será realizado
utilizando-se a mesma sistemática aplicada às contribuições relativas às demais parcelas do salário-de-
-contribuição pagas no mês.
272 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplo
Considerando que, no ano de 2019, a empresa se encontrava sob o regime da desoneração e contou com:
Receita bruta total = R$ 600.000,00 - (período de dezembro/2018 a novembro/2019)
Receita bruta de atividade desonerada = R$ 450.000,00 - (período de dezembro/2018 a novembro/2019)
Receita bruta de atividades não desoneradas = R$ 150.000,00 - (período de dezembro/2018 a novembro/2019)
Folha de 13º salário = R$ 9.000,00
Cálculo:
R$ 9.000,00 - base de cálculo sobre a qual incidiria a contribuição previdenciária básica de 20%
R$ 1.800,00 (20% de R$ 9.000,00)
Apurado o valor da contribuição, aplicou-se sobre ele o percentual resultante da razão da receita bruta anual
das atividades não relacionadas com a desoneração e a receita bruta total.
Assim, temos:
R$ 150.000,00 ÷ R$ 600.000,00 = 0,25
R$ 1.800,00 × 0,25 = R$ 450,00
R$ 450,00 - valor da contribuição previdenciária sobre a folha de 13º salário correspondente ao período alcan-
çado pela desoneração.
Obs.: Se não tivesse ocorrido a desoneração, esta empresa iria recolher sobre o valor da folha do 13º salário a
importância de R$ 1.800,00 correspondente à contribuição previdenciária básica de 20% (20% de R$ 9.000,00).
No caso de contratação de empresas que estejam sujeitas à CPRB, para a execução dos serviços
desonerados reproduzidos no Anexo IV adiante, mediante cessão de mão de obra, na forma definida
pelo art. 31 da Lei nº 8.212/1991 e para fins de elisão da responsabilidade solidária, a empresa contratante
deverá reter 3,5% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços emitida por empresas:
a) prestadoras de Serviços de Tecnologia da Informação (TI) e de Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC);
b) de teleatendimento;
c) de transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal, intermunicipal,
intermunicipal em região metropolitana, interestadual e internacional enquadradas nas clas-
ses 4921-3 e 4922-1 da CNAE 2.0;
d) de transporte ferroviário de passageiros, enquadradas nas subclasses 4912-4/01 e 4912-4/02 da
CNAE 2.0;
e) de transporte metroferroviário de passageiros, enquadradas na subclasse 4912-4/03 da
CNAE 2.0;
f) de construção civil enquadradas nos grupos 412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.0; e
g) de construção civil de obras de infraestrutura, enquadradas nos grupos 421, 422, 429 e 431 da
CNAE 2.0.
Aplica-se o disposto anteriormente apenas aos serviços listados nos arts. 117 e 118 da Instrução
Normativa RFB nº 971/2009, que estiverem sujeitos à CPRB.
Caso a empresa contratada não tenha optado pela tributação substitutiva, a empresa contratante
fica obrigada à retenção de 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, nos ter-
mos do art. 31 da Lei nº 8.212/1991.
A empresa contratada deverá destacar na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços o valor da
retenção no percentual de 3,5%, responsabilizando-se pela informação prestada à contratante.
EFD-CONTRIBUIÇÕES - OBRIGATORIEDADE
As empresas que optarem pela contribuição substitutiva estarão obrigadas, em relação a esta
contribuição, a adotar e escriturar a Escrituração Fiscal Digital das Contribuições incidentes sobre a
Receita (EFD-Contribuições).
Nota
A Instrução Normativa RFB nº 1.252/2012, art. 4º, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.876/2019, determina que as
empresas que substituíram a contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de pagamento pela CPRB estão obrigadas,
em relação a esta contribuição, a adotar e escriturar a EFD-Contribuições.
Ressalte-se, entretanto, que a referida obrigatoriedade de escrituração da CPRB na EFD-Contribuições não se aplica aos
fatos geradores ocorridos a partir dos prazos de obrigatoriedade (definidos na Instrução Normativa RFB nº 1.701/2017, art. 2º),
para a escrituração desta contribuição na EFD-Reinf.
SETOR ALÍQUOTA
Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal, intermunicipal em região metro-
politana, intermunicipal, interestadual e internacional enquadradas nas classes 4921-3 e 4922-1 da CNAE 2.0
2%
Transporte ferroviário de passageiros, enquadradas nas subclasses 4912-4/01 e 4912-4/02 da CNAE 2.0
Transporte metroferroviário de passageiros, enquadradas na subclasse 4912-4/03 da CNAE 2.0
Transporte rodoviário de cargas, enquadradas na classe 4930-2 da CNAE 2.0
1,5%
4. Construção Civil
Empresas do setor de construção civil, enquadradas nos grupos 412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.01
Empresas de construção civil de obras de infraestrutura, enquadradas nos grupos 421, 422, 429 e 431 da 4,5%
CNAE 2.0
5. Jornalismo
Empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens de que trata a Lei nº 10.610, de 20 de
1,5%
dezembro de 2002, enquadradas nas classes 1811-3, 5811-5, 5812-3, 5813-1, 5822-1, 5823-9, 6010-1, 6021-7 e 6319-
4 da CNAE 2.0.
6. Setor Industrial (Enquadradas na Tabela de Incidência do Imposto sobre Itens Industrializados - TIPI, apro-
vada pelo Decreto nº 7.660, de 23 de dezembro de 2011) Ver Anexo V
Empresas que produzem os itens classificados na TIPI nos códigos referidos no Anexo V
NCM ALÍQUOTA
51.05 2,5%
51.06 2,5%
51.07 2,5%
51.08 2,5%
51.09 2,5%
5110.00.00 2,5%
51.11 2,5%
51.12 2,5%
5113.00 2,5%
5203.00.00 2,5%
52.04 2,5%
52.05 2,5%
52.06 2,5%
52.07 2,5%
52.08 2,5%
52.09 2,5%
52.10 2,5%
52.11 2,5%
52.12 2,5%
53.06 2,5%
53.07 2,5%
53.08 2,5%
53.09 2,5%
53.10 2,5%
5311.00.00 2,5%
Capítulo 54 (exceto 5402.46.00; 5402.47.00; e 5402.33.10) 2,5%
Capítulo 55 2,5%
Capítulo 56 2,5%
Capítulo 57 2,5%
Capítulo 58 2,5%
Capítulo 59 2,5%
Capítulo 60 2,5%
Capítulo 61 2,5%
Capítulo 62 2,5%
Capítulo 63 2,5% (exceto 6309.00,
que contribui com 1,5%)
64.01 1,5%
64.02 1,5%
64.03 1,5%
64.04 1,5%
64.05 1,5%
64.06 1,5%
6505.00 2,5%
6812.91.00 2,5%
7303.00.00 2,5%
7304.11.00 2,5%
7304.19.00 2,5%
7304.22.00 2,5%
7304.23.10 2,5%
7304.23.90 2,5%
7304.24.00 2,5%
7304.29.10 2,5%
276 Guia de Cálculos Trabalhistas
NCM ALÍQUOTA
7304.29.31 2,5%
7304.29.39 2,5%
7304.29.90 2,5%
7305.11.00 2,5%
7305.12.00 2,5%
7305.19.00 2,5%
7305.20.00 2,5%
7306.11.00 2,5%
7306.19.00 2,5%
7306.21.00 2,5%
7306.29.00 2,5%
7308.20.00 2,5%
7308.40.00 2,5%
7309.00.10 2,5%
7309.00.90 2,5%
7311.00.00 2,5%
7315.11.00 2,5%
7315.12.10 2,5%
7315.12.90 2,5%
7315.19.00 2,5%
7315.20.00 2,5%
7315.81.00 2,5%
7315.82.00 2,5%
7315.89.00 2,5%
7315.90.00 2,5%
8307.10.10 2,5%
8308.10.00 2,5%
8308.20.00 2,5%
8401 2,5%
8402 2,5%
8403 2,5%
8404 2,5%
8405 2,5%
8406 2,5%
8407 2,5%
8408 2,5%
8410 2,5%
8412 (exceto 8412.2, 8412.30.00, 8412.40 e 8412.50) 2,5%
8413 2,5%
8414 2,5%
8415 2,5%
8416 2,5%
8417 2,5%
8418(exceto 8418.69.30, 8418.69.40) 2,5%
8419 2,5%
8420 2,5%
8421 2,5%
8422 (exceto 8422.11.90 e 8422.19.00) 2,5%
8423 2,5%
8424 2,5%
8425 2,5%
8426 2,5%
Guia de Cálculos Trabalhistas 277
NCM ALÍQUOTA
8427 2,5%
8428 2,5%
8429 2,5%
8430 2,5%
8431 2,5%
8432 2,5%
8433 2,5%
8434 2,5%
8435 2,5%
8436 2,5%
8437 2,5%
8438 2,5%
8439 2,5%
8440 2,5%
8441 2,5%
8442 2,5%
8443 2,5%
8444 2,5%
8445 2,5%
8446 2,5%
8447 2,5%
8448 2,5%
8449 2,5%
8452 2,5%
8453 2,5%
8454 2,5%
8455 2,5%
8456 2,5%
8457 2,5%
8458 2,5%
8459 2,5%
8460 2,5%
8461 2,5%
8462 2,5%
8463 2,5%
8464 2,5%
8465 2,5%
8466 2,5%
8467 2,5%
8468 2,5%
8470.50.90 2,5%
8470.90.10 2,5%
8470.90.90 2,5%
8472 2,5%
8474 2,5%
8475 2,5%
8476 2,5%
8477 2,5%
8478 2,5%
8479 2,5%
8480 2,5%
8481 2,5%
8482 2,5%
8483 2,5%
8484 2,5%
278 Guia de Cálculos Trabalhistas
NCM ALÍQUOTA
8485 2,5%
8486 2,5%
8487 2,5%
8501 2,5%
8502 2,5%
8503 2,5%
8505 2,5%
8514 2,5%
8515 2,5%
8543 2,5%
8701.10.00 2,5%
8701.30.00 2,5%
8701.94.10 2,5%
8701.95.10 2,5%
87.02 (exceto 8702.90.10) 1,5%
8704.10.10 2,5%
8704.10.90 2,5%
8705.10.10 2,5%
8705.10.90 2,5%
8705.20.00 2,5%
8705.30.00 2,5%
8705.40.00 2,5%
8705.90.10 2,5%
8705.90.90 2,5%
8706.00.20 2,5%
87.07 2,5%
8707.90.10 2,5%
8708.29.11 2,5%
8708.29.12 2,5%
8708.29.13 2,5%
8708.29.14 2,5%
8708.29.19 2,5%
8708.30.11 2,5%
8708.40.11 2,5%
8708.40.19 2,5%
8708.50.11 2,5%
8708.50.12 2,5%
8708.50.19 2,5%
8708.50.91 2,5%
8708.70.10 2,5%
8708.94.11 2,5%
8708.94.12 2,5%
8708.94.13 2,5%
8709.11.00 2,5%
8709.19.00 2,5%
8709.90.00 2,5%
8716.20.00 2,5%
8716.31.00 2,5%
8716.39.00 2,5%
8804.00.00 2,5%
9015 2,5%
9016 2,5%
9017 2,5%
9022 2,5%
9024 2,5%
Guia de Cálculos Trabalhistas 279
NCM ALÍQUOTA
9025 2,5%
9026 2,5%
9027 2,5%
9028 2,5%
9029 2,5%
9031 2,5%
9032 2,5%
9506.91.00 2,5%
96.06 2,5%
96.07 2,5%
9620.00.00 2,5%
A Lei nº 8.212/1991 determina que considera-se preponderante a atividade econômica que ocupa,
na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos.
O Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, determina que
considera-se preponderante a atividade que ocupa, em cada estabelecimento da empresa, o maior nú-
mero de segurados empregados e de trabalhadores avulsos; sendo considerado estabelecimento da
empresa a dependência, matriz ou filial, que tenha número de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
(CNPJ) próprio e a obra de construção civil executada sob sua responsabilidade.
Entretanto, a Receita Federal do Brasil (RFB), por meio da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, de-
termina ser preponderante a atividade que ocupa, em cada estabelecimento da empresa, o maior número
de empregados e trabalhadores avulsos, observado que, na ocorrência de mesmo número de empregados
e avulsos em atividades distintas, será considerada preponderante aquela que corresponder ao maior
grau de risco.
Lembramos que a contribuição denominada “GIILRAT” também é conhecida como Riscos Ambien-
tais do Trabalho (RAT) ou, ainda, como a antiga taxa de Seguro de Acidentes do Trabalho (SAT).
280 Guia de Cálculos Trabalhistas
Nota
A Súmula STJ nº 351 dispõe:
“A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada
empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um
registro.”
d) os órgãos da Administração Pública Direta, tais como Prefeituras, Câmaras, Assembleias Le-
gislativas, Secretarias e Tribunais, identificados com inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica (CNPJ) serão enquadrados na respectiva atividade, observado o disposto na Instrução
Normativa RFB nº 971/2009, art. 72, § 9º;
e) a empresa de trabalho temporário será enquadrada na atividade com a descrição “7820-5/00
Locação de Mão de Obra Temporária”.
Erro no autoenquadramento
Verificado erro no autoenquadramento, a RFB adotará as medidas necessárias à sua correção e,
se for o caso, constituirá o crédito tributário decorrente.
Nota
O inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/1991 determinava que as empresas tomadoras de serviço de cooperados intermedia-
dos por cooperativas de trabalho ficavam obrigadas a recolher a contribuição previdenciária correspondente à aplicação
da alíquota de 15% sobre o valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços. Desde 1º.04.2003, esta
alíquota foi acrescida de 9%, 7% ou 5% se o exercício de atividade na empresa tomadora sujeitasse os cooperados a con-
dições especiais que prejudicassem a sua saúde ou a sua integridade física e permitissem a concessão de aposentadoria
especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente.
Ocorre que, em decisão prolatada, com a repercussão geral reconhecida, nos autos do Recurso Extraordinário (RE) nº 595.838,
o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/1991.
Por meio do Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 5/2015, o Secretário da Receita Federal do Brasil esclareceu que a RFB
não constituirá crédito tributário decorrente da contribuição adicional de 9%, 7% ou 5%, a cargo da empresa tomadora de
serviços de cooperado filiado a cooperativa de trabalho, incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação
de serviços, conforme a atividade exercida pelo cooperado permita a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou
25 anos de contribuição, respectivamente. O entendimento foi exarado, considerando a mencionada decisão prolatada
pelo STF.
Por meio das Soluções de Consulta Cosit nºs 152 e 99.012/2015, publicadas no DOU de 23.06.2015 e no de 11.11.2015, respec-
tivamente, a RFB esclareceu que, diante da declaração de inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/1991,
deixa de ser devida pela empresa tomadora de serviços a contribuição de 15% sobre o valor da nota fiscal ou fatura de
prestação de serviços por intermédio de cooperativa de trabalho.
Por fim, o Senado Federal, por meio da Resolução SF nº 10/2016, suspendeu a execução do inciso IV do art. 22 da Lei nº
8.212/1991, em observância ao art. 52, X, da Constituição Federal, o qual determina que compete privativamente ao Senado
Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF.
A Resolução CNPS nº 1.327/2015, por sua vez, determina que o FAP da empresa com mais de um
estabelecimento será calculado para cada estabelecimento, identificado pelo seu CNPJ completo.
Cálculo
Para fins da redução ou majoração, o desempenho da empresa, individualizada pelo seu CNPJ
será discriminado em relação à sua atividade econômica, a partir da criação de índice composto pelos
índices de gravidade, de frequência e de custo que pondera os respectivos percentis.
Importante
As orientações a seguir, observam as disposições da Resolução CNPS nº 1.316/2010, com nova redação dada ao seu
anexo pela Resolução CNP nº 1.329/2017, o qual passou a produzir efeitos a partir do cálculo do FAP 2017, com vigência
em 2018.
A matriz para os cálculos da frequência, gravidade e custo, e para o cálculo do FAP, será composta
pelos registros de Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) de óbito e de benefícios de natureza
acidentária, excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de
outro instrumento que vier a substituí-la.
Os benefícios de natureza acidentária serão contabilizados no CNPJ completo (14 dígitos) ao qual
ficou vinculado quando da sua concessão.
A geração do índice de frequência, do índice de gravidade e do índice de custo para cada um dos
estabelecimentos se faz do seguinte modo:
Índice de frequência
Para esse índice são computados os registros de benefícios das espécies B91 - Auxílio-doença por
acidente de trabalho, B92 - Aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho, B93 - Pensão por morte
por acidente de trabalho e B94 - Auxílio-acidente por acidente de trabalho, assim como as CATs de óbito
para as quais não houve a concessão de B93 - Pensão por morte por acidente de trabalho.
Para todos os eventos serão excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio
da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la.
Índice de gravidade
Indica a gravidade das ocorrências acidentárias em cada estabelecimento.
Para esse índice são computados todos os casos de B91 - Auxílio-doença por acidente de traba-
lho, B92 - Aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho, B93 - Pensão por morte por acidente de
trabalho e B94 - Auxílio-acidente por acidente de trabalho, assim como as CATs de óbito para as quais
não houve a concessão de B93 - Pensão por morte por acidente de trabalho, excetuados os decorrentes
de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la.
Guia de Cálculos Trabalhistas 283
Índice de gravidade = ((número de auxílios-doença por acidente de trabalho (B91) × 0,10 + número
de aposentadorias por invalidez (B92) × 0,30 + número de pensões por morte por acidente de trabalho
(B93) + CATs de óbito para as quais não houve a concessão de B93 - Pensão por morte por acidente de
trabalho × 0,50 + o número de auxílios-acidente por acidente de trabalho (B94) × 0,10, excetuados os
decorrentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier
a substituí-la) ÷ número médio de vínculos) × 1.000).
Índice de custo
Representa as despesas da Previdência Social com pagamento de benefícios de natureza aciden-
tária e sua relação com as contribuições das empresas.
Para esse índice são computados os valores pagos pela Previdência em rendas mensais de bene-
fícios, excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro
instrumento que vier a substituí-la.
No caso do auxílio-doença por acidente de trabalho (B91), o custo é calculado pelo tempo de afas-
tamento, em meses e fração de mês, do segurado dentro do Período-Base de cálculo do FAP.
Nos casos da aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho (B92) e do auxílio-acidente por
acidente de trabalho (B94), os custos são calculados fazendo uma projeção da expectativa de sobrevida
do beneficiário a partir da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística - IBGE, para toda a população brasileira, considerando-se a média nacional
única para ambos os sexos.
No caso da pensão por morte por acidente de trabalho (B93) os custos serão calculados conside-
rando as regras vigentes para duração do benefício.
- Índice de custo = ((valor total pago pela Previdência pelos benefícios de auxílio-doença por aci-
dente de trabalho (B91), aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho (B92), pensão por morte
por acidente de trabalho (B93) e auxílio-acidente por acidente de trabalho (B94), excetuados os decor-
rentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a
substituí-la) ÷ valor total de remuneração paga pelo estabelecimento aos segurados) × 1.000).
Nota
Com a reforma da Previdência Social (Emenda Constitucional nº 103) o benefício de auxílio-doença passou a ser deno-
minado “benefício por incapacidade temporária” e o benefício de aposentadoria por invalidez passou a ser denominado
“benefício por incapacidade permanente”.
APLICAÇÃO DO FAP
Ano de 2020
O Fator Acidentário de Prevenção (FAP) calculado em 2019 e vigente para o ano de 2020, junta-
mente com as respectivas ordens de frequência, gravidade, custo e demais elementos que possibilitem
ao estabelecimento (CNPJ completo) verificar o respectivo desempenho dentro da sua Subclasse da
CNAE, foram disponibilizados pelo Ministério da Economia (ME), no dia 30.09.2019, podendo ser acessa-
dos nos sites da Previdência (http://www.previdencia.gov.br) e da Secretaria da Receita Federal do Brasil
- RFB (www.receita.economia.gov.br).
Contestação - Possibilidade
O FAP atribuído aos estabelecimentos (CNPJ completo) pelo Ministério da Economia (ME) pode-
rá ser contestado perante Conselho de Recursos da Previdência Social da Secretaria de Previdência,
exclusivamente por meio eletrônico, por meio de formulário disponibilizado nos sites da Previdência
(http://www.previdencia.gov.br) e da RFB (http://www.receita.fazenda.gov.br). A contestação deverá ver-
sar, exclusivamente, sobre razões relativas a divergências quanto aos elementos previdenciários que
compõem o cálculo do FAP. O prazo para a contestação do FAP 2020, se deu até 13.12.2019.
Da decisão proferida pelo Conselho de Recursos da Previdência Social caberá recurso, exclusiva-
mente por meio eletrônico, no prazo de 30 dias contado da data da publicação do resultado no DOU. O
recurso será examinado em caráter terminativo.
Não será conhecido o recurso sobre matérias que não tenham sido objeto de contestação em 1ª
instância administrativa.
O resultado do julgamento proferido pelo Conselho de Recursos da Previdência Social será publi-
cado no DOU (data em que cessará o efeito suspensivo), e o inteiro teor da decisão será divulgado nos
sites da Previdência e da RFB, com acesso restrito ao estabelecimento (CNPJ completo).
A propositura, pelo contribuinte, de ação judicial que tenha por objeto idêntico pedido sobre o
qual versa o processo administrativo, importa em renúncia ao direito de recorrer à esfera administrativa
e desistência da impugnação interposta.
pelas empresas, determinou que para a operacionalização do FAP no Sistema Empresa de Recolhimen-
to do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (Sefip) - o preenchi-
mento do campo "FAP" deverá ser feito com 2 casas decimais, sem arredondamento (truncamento).
Até a adequação do Sefip, a Guia da Previdência Social (GPS) - gerada pelo sistema deverá ser des-
prezada e preenchida manualmente, observando que o FAP a ser aplicado sobre as alíquotas de 1%, 2%
ou 3% deverá conter 4 casas decimais e, portanto, para o cálculo correto da contribuição, as alíquotas a
serem utilizadas após a aplicação do FAP também deverão conter 4 casas decimais.
Importante
Não obstante as citações de GFIP e GPS, observar que:
(1) GFIP
A partir das datas em que a entrega da declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Ou-
tras Entidades e Fundos (DCTFWeb) se tornar obrigatória, as referências à GFIP devem ser entendidas como:
a) DCTFWeb, quando se tratar de instrumento de confissão de dívida ou de informações sobre os valores devidos de
contribuições previdenciárias; e
b) eventos pertinentes do eSocial (Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Traba-
lhistas) ou da EFD-Reinf (Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais), quando se tratar das
demais informações.
A partir das mencionadas datas, as referências ao manual da GFIP devem ser entendidas como referências ao manual
da DCTFWeb, do eSocial ou da EFD-Reinf, conforme o caso.
(2) GPS
A partir do mês de competência em que a entrega da DCTFWeb se tornar obrigatória as contribuições previdenciárias
e as destinadas a terceiros deverão ser recolhidas, para cada grupo de obrigados, por meio de Darf único (gerado pelo
sistema da DCTFWeb), em substituição à GPS.
(3) DCTFWeb
A entrega da DCTFWeb é obrigatória para tributos com fatos geradores:
a) desde agosto/2018 - para as entidades com faturamento acima de R$ 78.000.000,00 em 2016;
b) desde abril/2019 - para as entidades com faturamento acima de R$ 4.800.00,00 em 2017;
c) em data a ser definida pela RFB - para as empresas com faturamento de até R$ 4.800.000,00, empregadores pessoa
física (exceto doméstico), produtor rural PF e entidades sem fins lucrativos);
d) em data a ser definida pela RFB - para órgãos públicos e organizações internacionais.
Importante
No Anexo da Portaria SEPREVT nº 1.079/2019 constam os índices de frequência, gravidade e custo, por atividade econô-
mica, considerados para o cálculo do FAP do ano de 2019, com vigência para o ano de 2020.
Sobre a metodologia de apuração do FAP, veja ainda:
a) a Portaria MPS/MF nº 329/2009, a qual dispõe sobre o modo de apreciação das divergências apresentadas pelas
empresas na determinação do FAP;
b) a Resolução CNPS nº 1.316/2010, cujo anexo observa a redação da Resolução CNP 1.329/2017.
1º passo: levantamento das informações e dos eventos ocorridos nos meses de janeiro/2017 a
dezembro/2018:
a) CNAE = 2422-9/02 (produção de laminados planos de aços especiais);
b) número de estabelecimentos na CNAE Subclasse, com todos os insumos necessários ao cál-
culo do FAP = 43 (total de estabelecimentos no Brasil enquadradas no CNAE 2422-9/02, o nú-
mero correto consta da página do FAP);
286 Guia de Cálculos Trabalhistas
- valor projetado pelo INSS = [372 (12 meses × 31) + 31 (abonos anuais de benefício)] × R$ 1.590,00 =
R$ 640.770,00.
2º passo: calcular os índices de gravidade, frequência e custo, com base nas informações acima:
a) fórmula da gravidade:
- índice de gravidade = {[(número de auxílios-doença por acidente de trabalho (B91) × 0,10 + núme-
ro de aposentadorias por invalidez por acidente de trabalho (B92) × 0,30] + [(número de pensões por mor-
te por acidente de trabalho (B93) + CATs de óbito para as quais não houve a concessão de B93 - pensão
por morte por acidente de trabalho × 0,50] + [(o número de auxílios-acidente por acidente de trabalho
(B94) × 0,10, excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de
outro instrumento que vier a substituí-la)] ÷ número médio de vínculos} × 1000
- índice de gravidade = {[(27 × 0,1) + (1 × 0,3)] + [(0 + 0) × 0,5] + [(0 × 0,1)] ÷ 1240} × 1000
b) fórmula de frequência:
Índice de frequência = [(número de benefícios acidentários (B91, B92, B93 e B94) + acrescido do
número de CATs de óbito para as quais não houve a concessão de B93 - Pensão por morte por acidente
de trabalho, por estabelecimento, excetuados os decorrentes de trajeto, assim identificados por meio
da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la) ÷ número médio de vínculos] × 1000
c) fórmula de custo:
Índice de custo = [(valor total pago pela previdência pelos benefícios de auxílio-doença por aciden-
te de trabalho (B91), aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho (B92), pensão por morte por
acidente de trabalho (B93) e auxílio-acidente por acidente de trabalho (B94), excetuados os decorrentes
de trajeto, assim identificados por meio da CAT ou por meio de outro instrumento que vier a substituí-la)
÷ valor total de remuneração paga pelo estabelecimento aos segurados] × 1.000.
3º passo: saber a colocação da empresa em relação aos seus pares, ou seja, comparar o seu índice
de gravidade com o índice de gravidade das demais empresas pertencentes ao seu CNAE-Subclasse.
Adotar o mesmo procedimento com os índices de frequência e de custo:
Nota
Esse procedimento talvez seja aquele que causa a maior dúvida, na medida em que a Previdência, por uma questão de
sigilo das informações, não divulga o resultado das demais empresas da subclasse.
Fórmula do percentil:
100 × (Nordem - 1) ÷ (n - 1)
288 Guia de Cálculos Trabalhistas
Onde:
a) gravidade
c) custo
Fórmula do IC:
IC = 65,3571 × 0,02
IC = 1,3071
6º passo: tendo em vista que o FAP ficou acima de 1,00, devemos calcular a redução de 15% sobre
o que excedeu a 1:
Guia de Cálculos Trabalhistas 289
- FAP = 1,2610
- alíquota RAT = 2%
- FAP = 1, 1,2610
Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) as atividades relativas à tributação, fis-
calização, arrecadação e cobrança da contribuição devida por lei a terceiros, ressalvada a hipótese de
recolhimento direto da contribuição à entidade correspondente mediante convênio celebrado entre
esta e a empresa.
A contribuição a terceiros se sujeita aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios das
contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social, inclusive no que diz respeito
à cobrança judicial.
Entretanto, tais regras são aplicadas, exclusivamente, à contribuição cuja base de cálculo seja a
mesma das que incidem sobre a remuneração paga, devida ou creditada a segurados do Regime Geral
da Previdência Social (RGPS) ou instituídas sobre outras bases a título de substituição.
Base de cálculo
A contribuição devida a terceiros é calculada sobre o total da remuneração paga, devida ou credi-
tada a empregados e trabalhadores avulsos.
A contribuição para terceiros não incide sobre a remuneração paga, devida ou creditada ao bra-
sileiro contratado no Brasil para prestar serviços no exterior, ou para lá transferido, nos termos do art. 11
da Lei nº 7.064/1982.
A não incidência terá vigência apenas no período em que o trabalhador permanecer no exterior a
serviço da empresa que o contratou no Brasil, durante o qual a empresa contratante apresentará GFIP
específica para o trabalhador, na qual informará o código FPAS 590 e o código de terceiros 0000.
Para fins de recolhimento da contribuição devida a terceiros a pessoa jurídica deverá classificar a
atividade por ela desenvolvida e atribuir-lhe o código FPAS correspondente.
Determina o art. 109-C da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, na redação da Instrução Norma-
tiva RFB nº 1.071/2010 que a classificação terá por base a principal atividade desenvolvida pela empresa,
assim considerada a que constitui seu objeto social, conforme declarado nos atos constitutivos e no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), observadas as regras a seguir, na ordem em que apresen-
tadas:
a) a classificação será feita de acordo com o Quadro de Atividades e Profissões a que se refere o
art. 577 da CLT, ressalvado o disposto nos quadros a seguir e a relação de atividades industriais
e comerciais adiante e as atividades em relação às quais a lei estabeleça forma diversa de con-
tribuição;
b) a atividade declarada como principal no CNPJ deverá corresponder à classificação feita na
forma da letra “a”, prevalecendo esta em caso de divergência;
Guia de Cálculos Trabalhistas 321
c) na hipótese de a pessoa jurídica desenvolver mais de uma atividade, prevalecerá, para fins de
classificação, a atividade preponderante, assim considerada a que representa o objeto social
da empresa, ou a unidade de produto, para a qual convergem as demais em regime de conexão
funcional (CLT,art. 581, § 2º);
d) se nenhuma das atividades desenvolvidas pela pessoa jurídica se caracterizar como prepon-
derante, aplica-se a cada atividade o respectivo código FPAS.
Considera-se regime de conexão funcional, para fins de definição da atividade preponderante, a
finalidade comum em função da qual duas ou mais atividades se interagem, sem descaracterizar sua
natureza individual, a fim de realizar o objeto social da pessoa jurídica.
Quadro 2
Confederação Nacional do Comércio
Quadro 3
Confederação Nacional dos Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos
Quadro 4
Confederação Nacional dos Transportes Terrestres
As contribuições devidas ao Sest e ao Senat por empresas de distribuição de petróleo serão cal-
culadas sobre o montante da remuneração paga ou creditada aos empregados diretamente envolvidos
com o transporte, nos termos do § 2º do art. 2º do Decreto nº 1.007/1993.
Quadro 5
Confederação Nacional de Comunicações e publicidades
Quadro 6
Confederação Nacional de Educação e Cultura
Nota
Os §§ 5º, 12 e 18 do art. 72 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 dispõem:
“Art. 72 - .............................................................................................................................................................................................................................................
.§ 5º As empresas, inclusive as constituídas sob a forma de cooperativa, exceto as cooperativas de crédito, que desen-
volvam as atividades de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas,
sociedades de crédito, de financiamento ou de investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras,
distribuidoras de títulos ou de valores mobiliários, inclusive bolsa de mercadorias e de valores, empresas de arrendamento
mercantil, empresas de seguros privados ou de capitalização, agentes autônomos de seguros privados ou de crédito e enti-
dades de previdência privada abertas ou fechadas, além das contribuições previstas nos incisos I a IV do caput, sujeitam-se
à contribuição adicional de 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) incidente sobre a base de cálculo definida nos
incisos I e II do caput do art. 57.
.................................................................................................................................................................................................................................................................
§ 12. A partir de 1º de janeiro de 2008, as sociedades cooperativas de crédito devem contribuir para o Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) com alíquota de 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) incidente
apenas sobre o montante da remuneração paga, devida ou creditada a seus empregados, na forma do inciso I do art. 10 da
Medida Provisória nº 2.168- 40, de 24 de agosto de 2001, a que se refere o art. 10 da Lei nº 11.524, de 24 de setembro de 2007.
.................................................................................................................................................................................................................................................................
§ 18. O disposto no § 5º não se aplica às sociedades corretoras de seguro.”
Atividades industriais
XXVII) tinturarias, quando constituir atividade acessória de atividade industrial ou fase de indus-
trialização do produto;
XXVIII) reciclagem, tratamento ou industrialização de resíduos, com ou sem coleta.
Na hipótese de a pessoa jurídica desenvolver mais de uma atividade, prevalecerá, para fins de
classificação, a atividade preponderante, assim considerada a que representa o objeto social da empre-
sa, ou a unidade de produto, para a qual convergem as demais em regime de conexão funcional (CLT,
art. 581, § 2º).
Se nenhuma das atividades desenvolvidas pela pessoa jurídica se caracterizar como preponde-
rante, aplica-se a cada atividade o respectivo código FPAS.
Atividades comerciais
Classificam-se como comerciais ou de serviços, não exclusivamente, as atividades a seguir enu-
meradas, desenvolvidas em conjunto ou individualmente, sobre as quais se aplicam as alíquotas previs-
tas no Anexo II, da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, de acordo com os códigos FPAS 515, 566, 574
ou 647:
a) empresas de call center (FPAS 515);
b) panificação, quando realizada em hipermercado, supermercado, minimercado, mercearia ou
armazém, com a finalidade de ampliar a oferta de produtos (FPAS 515);
c) televisão aberta e por assinatura (FPAS 566);
d) limpeza e conservação de prédios (FPAS 515);
e) comércio (revendedor) de programas de computador (FPAS 515);
f) serviços de tecnologia da informação, inclusive desenvolvimento de programas de computa-
dor sob encomenda (ou customizáveis) e seu licenciamento, instalação, manutenção e atuali-
zação, à distância ou nas dependências do cliente (FPAS 515);
g) serviços de instalação, manutenção, assistência técnica e reparação de máquinas e equipa-
mentos, inclusive de informática, móveis, eletrodomésticos e bicicletas, exceto se prestados
pelo próprio fabricante (FPAS 515);
h) serviços de restaurante e bufete, inclusive os prestados a instituições hospitalares e de atendi-
mento coletivo (FPAS 515);
i) instituições de ensino, exceto as de direito público (FPAS 574);
j) associações desportivas que mantenham equipes de futebol profissional (FPAS 647);
k) tinturarias, quando constituírem atividade acessória de serviços pessoais ou fase de atividade
comercial (FPAS 515);
l) serviços de engenharia consultiva não enquadrados como atividade industrial (FPAS 515, se
pessoa jurídica, e 566, se pessoa física);
m) coleta de resíduos, sem atividade de tratamento, reciclagem ou industrialização (FPAS 515) e;
o) sociedades corretoras de seguro (FPAS 515).
Cooperativas
As atividades, se desenvolvidas por pessoa jurídica constituída sob a forma de cooperativa, sujei-
tam-se à contribuição devida ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), cal-
culada mediante aplicação das alíquotas previstas no Anexo II da Instrução Normativa RFB nº 971/2009,
de acordo com o código FPAS da atividade e o código de terceiros 4163.
326 Guia de Cálculos Trabalhistas
A contribuição devida ao Sescoop não se acumula com as devidas ao Serviço Social da Indústria
(Sesi) e ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ou ao Serviço Social do Comércio (Sesc)
e ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), conforme a atividade.
Atividades rurais
A contribuição de 2,5%, de que trata o art. 2º do Decreto-Lei nº 1.146/1970, devida ao Incra, identi-
ficada pelo código FPAS 531 e código de terceiros 0003, incide sobre a folha de salários das empresas
que atuam nas seguintes atividades:
a) indústria de cana-de-açúcar;
b) indústria de laticínios;
c) indústria de beneficiamento de cereais, café, chá e mate;
d) indústria da uva;
e) indústria de extração e beneficiamento de fibras vegetais e de descaroçamento de algodão;
f) indústria de extração de madeira para serraria, de resina, lenha e carvão vegetal; e
g) matadouros ou abatedouros de animais de quaisquer espécies, inclusive atividades de prepa-
ro de charques.
Salário-educação
São contribuintes do salário-educação as empresas em geral e equiparados, vinculados ao RGPS,
assim considerados o empresário individual, a sociedade empresária, a sociedade de economia mista e
a empresa pública, ressalvadas as entidades não sujeitas à contribuição para terceiros.
Entretanto, o recolhimento pode ser feito diretamente à entidade ou fundo, se houver previsão
legal, mediante convênio celebrado entre um ou outro e a empresa contribuinte.
Guia de Cálculos Trabalhistas 327
O cálculo da contribuição devida a terceiros será feito mediante aplicação das alíquotas previstas
no Anexo II, da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, de acordo com o código FPAS do contratante.
As pessoas jurídicas cujas atividades sejam vinculadas à Confederação Nacional dos Transportes
Marítimos, Fluviais e Aéreos, conforme Quadro 3 anteriormente transcrito, observarão as seguintes
regras:
a) relativamente às atividades compreendidas no 1º, 3º, 4º ou 5º Grupo, contribuirão para o Fundo
de Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo, de acordo com o código FPAS 540, me-
diante aplicação das alíquotas previstas no Anexo II da Instrução Normativa RFB nº 971/2009;
b) para efeito da contribuição ao Fundo Aeroviário, de acordo com o código FPAS 558, estão com-
preendidas no grupo empresas aeroviárias as empresas privadas, públicas, de economia mista
e autárquicas, quer federais, estaduais ou municipais, de transporte aéreo regular, não regular,
de táxi aéreo e de serviços aéreos especializados, de telecomunicações aeronáuticas, de im-
plantação, administração, operação e exploração da infraestrutura aeroportuária, e de serviços
auxiliares, de fabricação, reparos e manutenção, ou de representação, de aeronaves, suas pe-
ças e acessórios, e de equipamentos aeronáuticos, conforme o art. 1º da Lei nº 1.305, de 8 de
janeiro de 1974.
As pessoas jurídicas cujas atividades sejam vinculadas à Confederação Nacional dos Transportes
Terrestres, conforme Quadro 4 anteriormente transcrito, observarão as seguintes regras:
a) relativamente às atividades compreendidas no 1º, 3º ou 4º Grupo (empresas ferroviárias, de
carris urbanos e metroviárias), contribuirão para o Sesi e para o Senai de acordo com o código
FPAS 507, mediante aplicação das alíquotas previstas no Anexo II, da Instrução Normativa RFB
nº 971/2009;
b) relativamente às atividades compreendidas no 2º Grupo (empresas de transporte rodoviário
de cargas ou passageiros), contribuirão para o Serviço Social do Transporte (Sest) e para o
Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), de acordo com o código FPAS 612,
mediante aplicação das alíquotas previstas no mencionado Anexo II.
AGROINDÚSTRIAS
Para fins de recolhimento da contribuição devida a terceiros, a pessoa jurídica que exerça a ativi-
dade agroindustrial observará o disposto a seguir.
CÓDIGO DE TOTAL
BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO CÓDIGO FPAS
TERCEIROS TERCEIROS (%)
CÓDIGO DE TOTAL
BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO POR SETOR CÓDIGO FPAS
TERCEIROS TERCEIROS (%)
sobre as folhas de salários dos setores rural e industrial, as quais devem ser declaradas separadamente,
de acordo com o seguinte quadro:
CÓDIGO DE TOTAL
BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO CÓDIGO FPAS
TERCEIROS TERCEIROS
Aplica-se a substituição ainda que a agroindústria explore, também, outra atividade econômica
autônoma, no mesmo ou em estabelecimento distinto, hipótese em que a contribuição incidirá sobre
o valor da receita bruta decorrente da comercialização em todas as atividades, ressalvado o disposto
no inciso I do art. 180 e observado o disposto nos arts. 170 e 171, todos da Instrução Normativa RFB nº
971/2009.
Tratando-se de agroindústria sujeita à contribuição substitutiva estabelecida pelo art. 22-A da Lei
nº 8.212/1991, com redação dada pela Lei nº 10.256/2001, que desenvolva atividades rurais enumeradas
anteriormente, exercida nas condições estabelecidas, as contribuições serão calculadas de acordo com
o seguinte quadro:
CÓDIGO DE TOTAL
BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO CÓDIGO FPAS
TERCEIROS TERCEIROS
CÓDIGO DE
BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO CÓDIGO FPAS TOTAL (%)
TERCEIROS
A substituição também não será aplicada às operações relativas à prestação de serviços a ter-
ceiros.
Cooperativas de produção
Para fins de recolhimento das contribuições devidas à Previdência Social e a terceiros, a coopera-
tiva de produção, que atua nas atividades de agroindústria de piscicultura, carcinicultura, suinocultura
ou avicultura, de florestamento e reflorestamento, produtor rural pessoa jurídica e produtor rural pessoa
jurídica que explora simultaneamente outra atividade, informará o código de terceiros 4099 e a que atua
nas demais atividades informará o código de terceiros 4163.
Transportador autônomo
aplicação das alíquotas previstas no Anexo II, da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 de acordo com o
código FPAS 612 e o código de terceiros 4163.
Para fins de recolhimento das contribuições devidas à Previdência Social e a terceiros, a empresa
de trabalho temporário observará as seguintes regras:
a) sobre a remuneração dos trabalhadores temporários, contribuirá mediante aplicação das alí-
quotas previstas no Anexo II, da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, de acordo com o código
FPAS 655 e o código de terceiros 0001;
b) sobre a remuneração dos trabalhadores permanentes, contribuirá mediante aplicação das alí-
quotas previstas no mencionado Anexo II, de acordo com o código FPAS 515 e o código de
terceiros 0115.
Aplica-se à empresa tomadora de serviços de trabalhador avulso portuário, e ao OGMO que o con-
tratar diretamente, o disposto nas letras de “c” a “i”, exceto quanto ao código FPAS, que para o OGMO é
o 540.
Tabela de Percentuais das Contribuições Arrecadadas pela RFB de Acordo com o Código FPAS
Importante
A tabela adiante foi reproduzida conforme o Anexo II da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, na redação da Instrução
Normativa RFB nº 1.867/2019, a qual dispõe sobre normas gerais de tributação previdenciária e de arrecadação das
contribuições sociais destinadas à Previdência Social e as destinadas a outras entidades ou fundos, administradas
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Antes da utilização da citada tabela, alertamos para o fato de que a
exatidão do enquadramento, conforme cada caso específico de recolhimento previdenciário, dependerá da respectiva
confirmação, pelo interessado, no órgão competente.
ALÍQUOTAS (%)
507 20 Variável 2,5 0,2 1,0 1,5 --- --- 0,6 --- --- --- --- --- --- 5,8
507 Cooperativa 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- 0,6 --- --- --- --- --- 2,5 5,8
515 20 Variável 2,5 0,2 --- --- 1,0 1,5 0,6 --- --- --- --- --- --- 5,8
515 Cooperativa 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- 0,6 --- --- --- --- --- 2,5 5,8
523 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 2,7
531 20 Variável 2,5 2,7 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 5,2
540 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- --- 2,5 --- --- --- --- --- 5,2
558 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- --- --- 2,5 --- --- --- --- 5,2
566 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- 1,5 0,3 --- --- --- --- --- --- 4,5
566 Cooperativa 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- 0,3 --- --- --- --- --- 2,5 5,5
Guia de Cálculos Trabalhistas 333
ALÍQUOTAS (%)
574 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- 1,5 0,3 --- --- --- --- --- --- 4,5
574 Cooperativa 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- 0,3 --- --- --- --- --- 2,5 5,5
582 20 Variável --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---
590 20 Variável 2,5 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 2,5
604 --- --- 2,5 0,2 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 2,7
612 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- 0,6 --- --- --- 1,5 1,0 --- 5,8
612 Cooperativa 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- 0,6 --- --- --- --- --- 2,5 5,8
620 20 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 1,5 1,0 --- 2,5
639 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---
647 --- --- 2,5 0,2 --- --- --- 1,5 0,3 --- --- --- --- --- --- 4,5
655 20 Variável 2,5 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 2,5
680 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- --- 2,5 --- --- --- --- --- 5,2
736 22,5 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 2,7
736 Cooperativa (1) 22,5 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 2,7
744 Seg. Especial (2) 1,2 0,1 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,2 --- --- --- 0,2
744 Pessoa Física (2) 1,2 0,1 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,2 --- --- --- 0,2
744 Pes. Jurídica (3) 1,7 0,1 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,25 --- --- --- 0,25
744 Agroindústria 2,5 0,1 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,25 --- --- --- 0,25
779 5,0 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---
787 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- --- --- --- 2,5 --- --- --- 5,2
787Cooperativa (1) 20 Variável 2,5 0,2 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 2,5 5,2
795 Cooperativa 20 Variável 2,5 2,7 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 2,5 7,7
825 --- --- 2,5 2,7 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 5,2
833 --- --- 2,5 0,2 1,0 1,5 --- --- 0,6 --- --- --- --- --- --- 5,8
876 20 Variável --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---
Notas
(1) Até 24.09.2007 as cooperativas de crédito enquadravam-se no código FPAS 736. (§ 11 do art. 72 da Instrução Normativa
RFB nº 971 de 13 de novembro de 2009) e, a partir de 01.01.2008, por força do disposto no art. 10 da Lei nº 11.524, de 24 de
setembro de 2007, e do princípio da anualidade, passaram a contribuir para o SESCOOP, em substituição à contribuição pa-
tronal adicional de 2,5%, com enquadramento no código FPAS 787 (§ 12 do art. 72 e § 2º do art. 109-F da Instrução Normativa
RFB nº 971, de 2009). As demais cooperativas que desenvolvam atividades do código FPAS 736, sujeitam-se à contribuição
patronal adicional devida à Seguridade Social de 2,5%, sem contribuição para o SESCOOP, por não estarem abrangidas
pelo inciso I do caput e pelo § 2º do art. 10 da Medida Provisória nº 2.168-40, de 24 de agosto de 2001.
(2) Até 31 de dezembro de 2017, a alíquota da contribuição previdenciária do produtor rural pessoa física e do segurado
especial incidente sobre a receita bruta do produtor rural pessoa física e do segurado especial é de 2%.
(3) Até 17 de abril de 2018, a alíquota da contribuição previdenciária do produtor rural pessoa jurídica incidente sobre a
receita bruta é de 2,5%.
334 Guia de Cálculos Trabalhistas
ALÍQUOTAS FPAS
CONTRIBUINTE FUNDAMENTAÇÃO PERÍODO
PREVIDÊNCIA GILRAT SENAR TOTAL
01.08.1994 a
Art. 25 da Lei nº 8.870, de 1994 (1) (2) 2,5% 0,1% 0,1% 2,7% 744
31.12.2001
Produtor Rural Pessoa Art. 25 Lei nº 8.870, de 1994 com a reda- 01.01.2002 a
2,5% 0,1% 0,25% 2,85% 744
Jurídica (5) ção dada pela Lei nº 10.256, de 2001 17.04.2018
01.04.1993 a
Art. 1º da Lei nº 8.540, de 1992 (3) 2,0% 0,1% 0,1% 2,2% 744
11.01.1997
01.11.1991 a
Art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991 3,0% 3,0% 744
31.03.1993
01.04.1993 a
Art. 1º da Lei nº 8.540, de 1992 2,0% 0,1% 2,1% 744
30.06.1994
01.07.1994 a
Art. 2º da Lei nº 8.861, de 1994 2,2% 0,1% 2,3% 744
11.01.1997
ALÍQUOTAS FPAS
CONTRIBUINTE FUNDAMENTAÇÃO PERÍODO
PREVIDÊNCIA GILRAT SENAR TOTAL
01.11.2001 a
2,5% 0,1% - 2,6% 744
Art. 22 A da Lei nº 8.212, de 1991 acres- 31.12.2001
centado pela Lei nº 10.256, de 2001 (6) 01.01.2002 a
2,5% 0,1% 0,25% 2,85% 744
Agroindústria (5) 31.08.2003
Notas
(1) Excluídas as agroindústrias (Decisão do STF na ADIN 1.103-1/6000).
(2) De 01.11.1991 a 31.07.1994, a contribuição do produtor rural pessoa jurídica era apenas sobre a folha de pagamento.
(3) De 01.11.1991 a 31.03.1993, a contribuição do produtor rural pessoa física - equiparado a autônomo era apenas sobre a
folha de pagamento.
(4) Art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991 com a redação dada pelo art. 1º da Medida Provisória nº 1.523, de 1996, publicada no DOU
de 14.10.1996, c/c art. 4º da Medida Provisória nº 1.596-14, de 10 de novembro de 1997, convertida na Lei nº 9.528, de 1997, com
alteração para 2,0% (dois por cento) da alíquota do produtor rural pessoa física e do segurado especial.
(5) A prestação de serviços a terceiros pelas agroindústrias e pelos produtores rurais pessoas jurídicas está sujeita às con-
tribuições sociais calculadas sobre a remuneração dos segurados, sendo que a receita bruta correspondente aos serviços
prestados a terceiros é excluída da base de cálculo da contribuição sobre a comercialização da produção. Fica excluído
da substituição, devendo contribuir sobre a remuneração dos segurados, o produtor rural pessoa jurídica que tem outra
atividade econômica.
(6) O fato gerador das contribuições ocorre na comercialização da produção própria e da adquirida de terceiros, indus-
trializada ou não, pela agroindústria, a partir de 1º de novembro de 2001; a contribuição para o Senar, todavia, em face do
princípio da anualidade, é devida a partir de 1º de janeiro de 2002. Excluídas as agroindústrias, inclusive sob a forma de
cooperativa, de piscicultura, carcinicultura, suinocultura e avicultura, que permanecem com a obrigação do recolhimen-
to sobre a folha de pagamento, setor agrário e industrial (§ 4º, do art. 22-A, da Lei nº 8.212, de 1991, acrescentado pela Lei
nº 10.256, de 2001).
(7) A Lei nº 10.684, de 2003, alterou o art. 22-A da Lei nº 8.212, de 1991, na redação da Lei nº 10.256, de 2001, para excluir, a
partir de 1º de setembro de 2003, as pessoas jurídicas que se dediquem apenas ao florestamento e reflorestamento como
fonte de matéria-prima para industrialização própria mediante a utilização de processo industrial que modifique a natureza
química da madeira ou a transforme em pasta celulósica, ainda que comercialize resíduos vegetais ou sobras ou partes da
produção rural (exceto se a receita bruta decorrente desta comercialização represente 1% (um por cento) ou mais de sua
receita bruta proveniente da comercialização da produção).
(8) A Lei nº 13.606, de 2018, reduziu a alíquota da contribuição do produtor rural pessoa jurídica, prevista no art. 25 da Lei nº
8.870, de 1994, de 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para 1,7% (um inteiro e sete décimos por cento), no entanto,
essa alteração decorreu da rejeição do veto pelo Congresso Nacional ao inciso I do art. 25 da Lei nº 8.870, de 1994, de forma
que o dispositivo originalmente vetado foi promulgado, juntamente com as demais partes vetadas, em 17 de abril de 2018
e publicado no DOU, em 18 de abril de 2018, data a partir da qual os dispositivos passaram a viger.
(9) A Lei nº 13.606, de 2018, reduziu a alíquota da contribuição do produtor rural pessoa física e do segurado especial, previs-
ta no art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991, de 2,0% (dois por cento) para 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), com vigência
a partir de 1º de janeiro de 2018.
Contribuições devidas pela Agroindústria, Produtores Rurais (Pessoa Jurídica e Física), Consórcio de
Produtores, Garimpeiros, Empresas de Captura de Pescado
O Anexo adiante foi reproduzido conforme o Anexo IV da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, na
redação da Instrução Normativa RFB nº 1.867/2019, a qual dispõe sobre normas gerais de tributação pre-
videnciária e de arrecadação das contribuições sociais destinadas à Previdência Social e as destinadas
a outras entidades ou fundos, administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Antes da
utilização do citado anexo, alertamos para o fato de que a exatidão do enquadramento, conforme cada
caso específico de recolhimento previdenciário, dependerá da respectiva confirmação, pelo interessa-
do, no órgão competente.
PREVIDÊNCIA SOCIAL TERCEIROS
336
DISPOSITIVO
CONTRIBUINTE BASE FPAS FNDE INCRA SENAI SESI SEBRAE DPC SENAR SESCOOP
IN 971 TOTAL
SEGURADO EMPRESA GILRAT
TERCEIROS
0001 0002 0004 0008 0064 0128 0512 4096
Mão de obra setor criação 787 8% a 11% 20% 1% a 3% 2,5% 0,2% - - - - 2,5% - 5,2%
Agroindústria de piscicultura, carcinicultura, suino-
174
cultura ou avicultura. Mão de obra setor abate e
507 8% a 11% 20% 1% a 3% 2,5% 0,2% 1,0% 1,5% 0,6% - - - 5,8%
industrialização
Mão de obra setor rural 787 8% a 11% 20% 1% a 3% 2,5% 0,2% - - - - 2,5% - 5,2%
Agroindústria de florestamento e reflorestamento
175 § 5º II
não sujeita à contribuição substitutiva
Mão de obra setor industrial 507 8% a 11% 20% 1% a 3% 2,5% 0,2% 1,0% 1,5% 0,6% - - - 5,8%
165, XIX Consórcio simplificado de produtores rurais. Remuneração de segurados 604 8% a 11% - - 2,5% 0,2% - - - - - - 2,7%
186 Garimpeiro - empregador. Remuneração de segurados 507 8% a 11% 20% 3% 2,5% 0,2% 1,0% 1,5% 0,6% - - - 5,8%
9º Empresa de captura de pescado. Remuneração de segurados 540 8% a 11% 20% 3% 2,5% 0,2% - - - 2,5% - - 5,2%
Guia de Cálculos Trabalhistas
Guia de Cálculos Trabalhistas 337
Notas
(1) AGROINDÚSTRIAS. As agroindústrias, exceto as de que tratam os incisos I e II do art. 111-F desta Instrução Normativa,
sujeitam-se à contribuição substitutiva instituída pela Lei nº 10.256, de 9 de julho de 2001.
(1.1) Ressalvada a hipótese contida no item 1.2, a contribuição da agroindústria sujeita à contribuição substitutiva instituída
pela Lei nº 10.256, de 2001, para a Previdência Social, Gilrat e Senar incide sobre a receita bruta proveniente da comercia-
lização da produção (FPAS 744) e, para as demais entidades e fundos incide sobre as folhas de salários dos setores rural
(FPAS 604) e industrial (FPAS 833), que devem ser declaradas separadamente.
(1.2) Tratando-se de agroindústria sujeita à contribuição substitutiva instituída pela Lei nº 10.256, de 2001, que desenvolva
atividade enumerada no art. 2º do Decreto-Lei nº 1.146, de 31 de dezembro de 1970, conforme IV do art. 111-F, da Instrução
Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2003, as contribuições serão calculadas de acordo com os códigos FPAS 744
e 825.
(2) COOPERATIVAS
(2.1) Para fins de recolhimento das contribuições devidas à Previdência Social e a terceiros, a cooperativa de produção que
atua nas atividades de que tratam os incisos I e II do art. 111-F e o art. 111-G informará o código de terceiros 4099, e a que
atua nas demais atividades informará o código de terceiros 4163.
(2.2) Sobre a remuneração de trabalhadores contratados exclusivamente para a colheita da produção dos cooperados, a
cooperativa fica obrigada ao pagamento das contribuições devidas ao FNDE e ao Incra, calculadas mediante aplicação das
alíquotas previstas no Anexo II a esta Instrução Normativa, de acordo com o código FPAS 604 e código terceiros 0003, bem
como à retenção e ao recolhimento das contribuições devidas pelo segurado.
(3) PRODUTOR RURAL PESSOA JURÍDICA
(3.1) As contribuições devidas pela pessoa jurídica que tenha como fim apenas a atividade de produção rural incidem sobre
a receita bruta da comercialização da produção rural, em substituição às instituídas pelos incisos I e II do art. 22 da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991, e são calculadas de acordo com o código FPAS 744 (1,7% para Previdência Social; 0,1% para
GILRAT e 0,25% para o Senar).
(3.2) A substituição não se aplica às contribuições devidas ao FNDE e ao Incra, que continuam a incidir sobre a folha, de
acordo com o código FPAS 604 e código de terceiros 0003 (2,5% salário-educação e 0,2% Incra).
(3.3) Se a pessoa jurídica, exceto a agroindústria, explorar, além da atividade de produção rural, outra atividade econômica
autônoma comercial, industrial ou de serviços, no mesmo estabelecimento ou em estabelecimento distinto, ou optar por
contribuir sobre a folha de pagamento, fica obrigada às seguintes contribuições, em relação a todas as atividades:
I - 20% (vinte por cento) sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a empregados e trabalhadores avulsos a
seu serviço;
II - 20% (vinte por cento) sobre a remuneração de contribuintes individuais (trabalhadores autônomos) a seu serviço;
III - contribuição destinada ao financiamento da aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão do grau
de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidente sobre a remuneração de
empregados e trabalhadores avulsos (Decreto nº 3.048, de 1999, art. 202);
(3.4) Aplica-se a substituição prevista no item 3.1 ainda que a pessoa jurídica tenha como atividade complementar a pres-
tação de serviços a terceiros, sem constituir atividade econômica autônoma. Sobre essa atividade (serviços a terceiros)
contribuirá para a Previdência Social e terceiros de acordo com o código FPAS 787 e o código de terceiros 0515.
(3.5) A agroindústria de que tratam os incisos III e IV do art. 111-F estará sujeita à contribuição substitutiva instituída pela Lei
nº 10.256, de 2001 ainda que explorar, além da atividade agroindustrial, outra atividade econômica, independentemente de
ser autônoma ou não. Nessa hipótese a contribuição incidirá sobre a receita total (parágrafo único do art. 173).
(3.6) Na hipótese de a agroindústria de que tratam os incisos I a IV do art. 111-F prestar serviços a terceiros, sobre essa ativi-
dade deverá contribuir na forma do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, de acordo com o código FPAS 787 e código de terceiros
0515.
(3.7) O código FPAS 787 não deve ser utilizado se houver preponderância da outra atividade econômica autônoma, na forma
do inciso III do art. 109-C.
(4) PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. Aplica-se ao produtor rural pessoa física as seguintes regras:
a) se qualificado como segurado especial (inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 1991), contribuirá sobre a comercialização
da produção rural (1,2% para Previdência; 0,1% para GILRAT e 0,2% para Senar); não contribui sobre a remuneração dos
trabalhadores que contratar (empregado ou contribuinte individual), mas é responsável pela retenção e recolhimento da
contribuição destes (8%, 9% ou 11% do empregado, observar a alteração das alíquotas a partir de 1º.03.2020).
b) se contribuinte individual, empregador rural (inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212, de 1991), contribuirá sobre a comercializa-
ção da produção (1,2% para Previdência; 0,1% para GILRAT e 0,2% para Senar) em relação a empregados e trabalhadores avul-
sos; sobre a remuneração de outros contribuintes individuais ou cooperados (por intermédio de cooperativa de trabalho)
que contratar, conforme os incisos III e IV do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, e ainda sobre seu salário-de-contribuição (20%).
338 Guia de Cálculos Trabalhistas
c) se contribuinte individual, empregador rural pessoa física (inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212, de 1991), que optar por con-
tribuir sobre a folha de pagamento, fica obrigado às seguintes contribuições:
I - 20% (vinte por cento) sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a empregados e trabalhadores avulsos a
seu serviço;
II - 20% (vinte por cento) sobre a remuneração de contribuintes individuais (trabalhadores autônomos) a seu serviço;
III - contribuição destinada ao financiamento da aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão do grau
de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidente sobre a remuneração de
empregados e trabalhadores avulsos (Decreto nº 3.048, de 1999, art. 202);
IV - 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o FNDE sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a
empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço;
V - 0,2% (dois décimos por cento) para o Incra sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a empregados e
trabalhadores avulsos a seu serviço;
VI - 0,2% (dois décimos por cento) para o Senar sobre a comercialização da produção rural.
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL
A contribuição social previdenciária do segurado contribuinte individual (autônomo ou empresá-
rio), corresponde à importância resultante da aplicação da alíquota de 20% sobre a remuneração auferi-
da, durante o mês, observados os limites mínimo e máximo do salário de contribuição.
As empresas, inclusive as optantes pelo Simples Nacional, que utilizarem os serviços de contri-
buinte individual, seja ele autônomo ou empresário, ficam obrigadas a arrecadar a contribuição pre-
videnciária desse segurado, mediante desconto a ser efetuado na remuneração correspondente aos
serviços prestados, recolher o valor arrecadado juntamente com as contribuições a seu cargo e informar
na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) a respectiva remuneração.
Importante
A partir das datas em que a entrega da declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de
Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb) se tornar obrigatória para os contribuintes, as referências à GFIP devem ser
entendidas como:
a) DCTFWeb, quando se tratar de instrumento de confissão de dívida ou de informações sobre os valores devidos de
contribuições previdenciárias; e
b) eventos pertinentes do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSo-
cial) ou da Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais (EFD-Reinf), quando se tratar das
demais informações.
A partir das mencionadas datas as referências ao manual da GFIP devem ser entendidas como referências ao manual
da DCTFWeb, do eSocial ou da EFD-Reinf, conforme o caso.
A Instrução Normativa RFB nº 1.867/2019 acresceu o § 1º-A ao art. 47 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, para
entre outras disposições, determinar que a obrigação de inscrição do contribuinte individual será cumprida na forma
anteriormente mencionada e mediante o envio com sucesso dos eventos S-2200 e S-2300 do eSocial, quando o envio
destes se tornar obrigatório.
Guia de Cálculos Trabalhistas 339
Considerando que o contribuinte individual que presta serviço a uma ou mais empresas pode de-
duzir, da sua contribuição mensal, 45% da contribuição da empresa efetivamente recolhida ou declara-
da, incidente sobre a remuneração que esta lhe tenha pago ou creditado limitada essa dedução a 9% do
seu salário de contribuição, foi fixada em 11% a alíquota a ser aplicada pela empresa contratante sobre
o valor dos serviços prestados para efeito de desconto da contribuição previdenciária do contribuinte
individual, ou seja, aplicou-se sobre a alíquota de 20% a dedução máxima permitida (9%), restando uma
alíquota de 11%.
Nota
A Instrução Normativa RFB nº 1.867/2019, alterou a redação do art. 65 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, para deter-
minar, entre outros, que a alíquota da contribuição previdenciária devida pelo contribuinte individual cooperado que presta
serviço a empresa ou a pessoa física por intermédio de cooperativa de trabalho é de 20%.
Assim, por ocasião do pagamento a ser efetuado ao contribuinte individual, a empresa tomadora
do serviço deverá descontar do valor a ser pago, a título de contribuição social previdenciária, a quantia
equivalente à aplicação da alíquota de 11%, observado o limite máximo do salário de contribuição.
Exemplos
a) contribuinte individual (trabalhador autônomo) no mês de janeiro/2020 prestou serviços no valor de R$ 2.000,00
à empresa contratante.
O contribuinte individual que no mês teve contribuição descontada sobre o limite máximo do
salário de contribuição, em uma ou mais empresas, deverá comprovar o fato às demais para as quais
prestar serviços, mediante apresentação de um dos documentos previstos nas letras “a” e “b”.
340 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplos
a) contribuinte individual (trabalhador autônomo) prestou serviços a 3 empresas no curso do mês de janeiro/2020,
auferindo as seguintes remunerações:
Remuneração Empresa A R$ 5.000,00
Empresa B R$ 2.500,00
Empresa C R$ 1.900,00
Total auferido no mês R$ 9,400,00
Nesse exemplo:
- a empresa A efetuou o desconto sobre o total da remuneração paga, uma vez que este foi inferior ao teto máximo
de contribuição;
- a empresa B descontou a contribuição previdenciária tendo como base de cálculo a diferença entre a remune-
ração paga pela empresa A e o teto máximo de contribuição em janeiro/2020, observando, assim, o limite fixado
(R$ 6.101,06 - Portaria SEPRT nº 914/2020);
- a empresa C não efetuou qualquer desconto, uma vez que o limite máximo já havia sido atingido nas empresas
anteriores.
b) contribuinte individual (trabalhador autônomo) prestou serviços a 3 empresas no mês de janeiro/2020, aufe-
rindo as seguintes remunerações:
Remuneração Empresa A R$ 7.000,00
Empresa B R$ 4.000,00
Empresa C R$ 2.000,00
Total auferido no mês R$ 13.000,00
A alíquota a ser aplicada sobre o valor dos serviços prestados, observado o teto máximo do salário
de contribuição, é de 20%, posto que nesta hipótese não há a possibilidade de redução da alíquota.
Exemplo
Contribuinte individual prestou serviços, no mês de janeiro/2020, à entidade beneficente de assistência social
em gozo de isenção da contribuição previdenciária patronal, auferindo a remuneração de R$ 2.500,00.
Remuneração R$ 2.500,00
Teto máximo do salário-de-contribuição - Portarias
Desde Janeiro/2020 R$ 6.101,06
SEPRT nºs 914/2020 e 3.659/2020
Desconto - Contribuição previdenciária (R$ 2.500,00 × 0,20) R$ 500,00
Exemplo
Contribuinte individual no exercício da sua atividade por conta própria auferiu no mês de janeiro/2020 a remu-
neração de R$ 3.800,00 e, no mesmo mês, prestou serviços a uma empresa, na condição de trabalhador autôno-
mo cuja remuneração correspondeu a R$ 4.000,00. Assim temos:
Na hipótese de ter sido efetuado primeiro o desconto da contribuição como segurado contribuin-
te individual, para fins de observância do limite máximo do salário de contribuição, o fato deverá ser
Guia de Cálculos Trabalhistas 343
comunicado à empresa em que estiver prestando serviços como segurado empregado ou trabalhador
avulso, ou ao empregador doméstico.
A empresa deverá manter arquivadas, cópias dos comprovantes de pagamento para fins de apre-
sentação ao INSS ou à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), quando solicitado.
Cada fonte pagadora de segurado empregado, trabalhador avulso, contribuinte individual e em-
pregado doméstico, quando for o caso, deverá informar na GFIP a existência de múltiplos vínculos ou
múltiplas fontes pagadoras, adotando os procedimentos previstos no Manual da GFIP.
A remuneração recebida pelo segurado na atividade de contribuinte individual não será somada à
remuneração recebida como segurado empregado, empregado doméstico ou trabalhador avulso, para
fins de enquadramento na tabela de faixas salariais visando a aplicação das alíquotas de empregado,
doméstico ou avulso, sendo, porém, somada para fins de observância do limite máximo do salário de
contribuição.
Importante
Nos exemplos a seguir que envolvam remunerações pagas a empregados, serão utilizadas, conforme o mês de compe-
tência, as tabelas reproduzidas a seguir.
(alíquotas aplicadas de FORMA PROGRESSIVA - Emenda Constitucional nº 103/2019, art. 28, § 1º)
Lembre-se que a Emenda Constitucional nº 103/2019 estabeleceu em seu art. 28 que as alíquotas
de contribuição previdenciária (7,5%, 9%, 12% e 14%) serão aplicadas de forma progressiva sobre o salário
de contribuição, incidindo cada alíquota sobre a faixa de valores compreendida nos respectivos limites.
SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO (R$) ALÍQUOTA
até 1.045,00 7,5%
de 1.045,01 até 2.089,60 9%
de 2.089,61 até 3.134,40 12%
de 3.134,41 até 6.101,06 14%
Exemplos
a) empregado da empresa A percebeu no mês de janeiro/2020 o salário de R$ 3.600,00; contudo, no mesmo
mês (janeiro/2020), prestou serviço na condição de autônomo para a empresa B, auferindo a remuneração de
R$ 3.000,00. Assim temos:
344 Guia de Cálculos Trabalhistas
Observe-se que nas empresas A e B a alíquota de desconto da contribuição aplicada (9%) observou a soma dos
dois salários pagos (R$ 1.100,00 + R$ 1.200,00) e a empresa C descontou a contribuição à razão de 11% sobre a
remuneração paga ao contribuinte individual. As alíquotas de desconto incidiram sobre o total das respectivas
remunerações, uma vez que a soma geral não ultrapassou o limite máximo do salário-de-contribuição em ja-
neiro/2020.
c) empregado da empresa A recebeu, no mês de janeiro/2020, remuneração equivalente a R$ 6.500,00. No mes-
mo mês prestou serviços na condição de contribuinte individual à empresa B auferindo a remuneração de R$
6.000,00. Assim temos:
Teto máximo do salário-de-contribuição - Portaria SEPRT Janeiro/2020 R$ 6.101,06
nº 914/2020
Remuneração Empresa A R$ 6.500,00
Empresa B R$ 6.000,00
Desconto - Contribuição previdenciária Empresa A (R$ 6.101,06 × 0,11) R$ 671,12
Empresa B -0- 0,00
Total dos descontos R$ 671,12
A empresa B não efetua qualquer desconto do contribuinte individual, uma vez que o desconto efetuado pela
empregadora já atingiu o teto máximo do salário-de-contribuição.
d) empregado da empresa A auferiu, em janeiro/2020, a remuneração de R$ 2.000,00 e, no mesmo mês, prestou
serviços à empresa B, na condição de contribuinte individual, auferindo a remuneração de R$ 5.000,00. Assim
temos:
Guia de Cálculos Trabalhistas 345
Nesse exemplo, a empregadora efetuou o desconto da contribuição previdenciária sobre o total do salário do
empregado (R$ 2.000,00), observando a aplicação da alíquota correspondente (9%). Isto porque, para efeito de
apuração da alíquota a ser aplicada à remuneração do empregado, não é somada a remuneração de contribuin-
te individual.
A empresa B, por sua vez, descontou a contribuição previdenciária de 11% tendo por base de cálculo a quantia
de R$ 4.101,06, o que equivale à diferença entre o teto máximo do salário-de-contribuição em janeiro/2020 e o
valor auferido na condição de empregado (R$ 6.101,06 - R$ 2.000,00), observando, assim, no somatório das duas
remunerações (empregado e contribuinte individual), o teto máximo de contribuição. Portanto, para fins de ob-
servância do teto máximo de contribuição, somam-se as remunerações de empregado e contribuinte individual.
Exemplos
a) empregado da empresa A percebeu no mês de março/2020 o salário de R$ 3.600,00; contudo, no mesmo mês
(março/2020), prestou serviço na condição de autônomo para a empresa B, auferindo a remuneração de R$ 3.000,00.
Assim temos:
Total R$ 362,93
Empresa B (R$ 2.501,06 × 0,11) R$ 275,12
Total dos descontos R$ 638,05
- a empregadora descontou a contribuição previdenciária aplicando as alíquotas sobre as faixas salariais cor-
respondentes, tributando todo o salário pago, posto que esse foi inferior ao teto máximo do salário-de-contri-
buição; e
- a empresa B efetuou o desconto da contribuição tendo por base de cálculo a diferença entre o teto máximo
do salário-de-contribuição e o valor do salário pago pela empresa A, observando, assim, no somatório, o teto
máximo previdenciário.
346 Guia de Cálculos Trabalhistas
b) empregado das empresas A e B recebeu, no mês de março/2020, a título de remuneração, as quantias equi-
valentes a R$ 1.100,00 e R$ 1.200,00, respectivamente. No mesmo mês, prestou serviços na condição de contri-
buinte individual à empresa C, auferindo a título de pagamento o valor de R$ 1.700,00. Assim temos:
Teto máximo do salário-de-contribuição -
Desde Janeiro/2020 R$ 6.101,06
Portarias SEPRT nºs 914/2020 e 3.659/2020
Empresa A R$ 1.100,00
Remuneração Empresa B R$ 1.200,00
Empresa C R$ 1.700,00
Empresa A (R$ 1.045,00 × 7,5%) R$ 78,37
Total R$ 83,32
Empresa B Remuneração acumulada = R$ 2.300,00 (R$
1.100,00 + R$ 1.200,00)
Total R$ 114,31
Total (A + B) R$ 197,63
Empresa C (R$ 1.700,00 × 0,11) R$ 187,00
Total dos descontos R$ 384,63
Observe-se que, nesse exemplo, as empresas A e B efetuaram o desconto da contribuição previdenciária, apli-
cando as alíquotas sobre as faixas salariais correspondentes, tributando todo o salário pago (remuneração acu-
mulada), posto que esse foi inferior ao teto máximo do salário-de-contribuição e, a empresa C descontou a
contribuição à razão de 11% sobre a remuneração paga ao contribuinte individual, uma vez que a soma geral não
ultrapassou o limite máximo do salário-de-contribuição em março/2020.
c) empregado da empresa A recebeu, no mês de março/2020, remuneração equivalente a R$ 6.500,00. No mes-
mo mês prestou serviços na condição de contribuinte individual à empresa B auferindo a remuneração de R$
6.000,00. Assim temos:
Teto máximo do salário-de-contribuição -
Desde Janeiro/2020 R$ 6.101,06
Portarias SEPRT nºs 914/2020 e 3.659/2020
Empresa A R$ 6.500,00
Remuneração
Empresa B R$ 6.000,00
Empresa A (R$ 1.045,00 × 7,5%) R$ 78,37
Total R$ 713,08
Empresa B -0- 0,00
Total dos descontos R$ 713,08
Guia de Cálculos Trabalhistas 347
A empresa B não efetua qualquer desconto do contribuinte individual, uma vez que o desconto efetuado pela
empregadora já atingiu o teto máximo do salário-de-contribuição.
d) empregado da empresa A auferiu, em março/2020, a remuneração de R$ 2.000,00 e, no mesmo mês, prestou
serviços à empresa B, na condição de contribuinte individual, auferindo a remuneração de R$ 5.000,00. Assim
temos:
Exemplo
Total da remuneração auferida no mês de março/2020 por contribuinte individual que prestou serviço a uma só
empresa:
Remuneração R$ 300,00
Desconto - Contribuição previdenciária (R$ 300,00 × 0,11) R$ 33,00
Diferença para o limite mínimo (R$ 1.045,00 - R$300,00) R$ 745,00
Contribuição previdenciária complementar (R$ 745,00 × 0,20) R$ 149,00
Contribuição previdenciária total R$ 182,00
O segurado contribuinte individual, quando exercer atividade econômica por conta própria ou
prestar serviço à pessoa física, ficará obrigado a recolher a sua contribuição previdenciária individual,
348 Guia de Cálculos Trabalhistas
por iniciativa própria, correspondente à aplicação da alíquota de 20% sobre o total da remuneração au-
ferida, observado o limite máximo do salário de contribuição. O recolhimento deve ser efetuado no dia
15 do mês seguinte àquele a que as contribuições se referirem, prorrogando o vencimento para o dia útil
subsequente quando não houver expediente bancário no dia 15.
Quando houver contratação de contribuinte individual por outro contribuinte individual equipa-
rado à empresa, ou por produtor rural pessoa física ou por missão diplomática e repartição consular de
carreira estrangeira, bem como, quando houver contratação de brasileiro civil que trabalhe para a União
no exterior, em organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo, o desconto da
contribuição previdenciária devida não será efetuado sobre o valor da remuneração paga ou creditada,
ficando o próprio prestador dos serviços responsável pelo recolhimento de sua contribuição, por inicia-
tiva própria, até o dia 15 do mês seguinte àquele a que as contribuições se referirem, prorrogando-se o
vencimento para o dia útil subsequente quando não houver expediente bancário no dia 15.
Nessas hipóteses, pode o contribuinte individual prestador dos serviços deduzir da sua contri-
buição mensal 45% da contribuição patronal do contratante, efetivamente recolhida ou declarada, inci-
dente sobre a remuneração que lhe tenha sido paga ou creditada, no respectivo mês, limitada a 9% do
respectivo salário de contribuição.
Para efeito dessa dedução, considera-se contribuição declarada a informação prestada na GFIP,
ou a declaração fornecida pela empresa ao segurado, na qual conste além de sua identificação comple-
ta, inclusive com o número no CNPJ, o nome e o número de inscrição do contribuinte individual, o valor
da remuneração paga e o compromisso de que a remuneração paga será incluída na GFIP e a contribui-
ção correspondente será recolhida.
Caso o contribuinte individual não comprove a regularidade da referida dedução, ficará sujeito
à glosa do valor indevidamente deduzido, devendo complementar as contribuições com os devidos
acréscimos legais.
Importante
A Lei nº 13.467/2017 que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alterou o art. 457 da CLT
para determinar que as verbas elencadas a seguir, mesmo quando pagas com habitualidade, não integram a remu-
neração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo
trabalhista e previdenciário:
a) ajuda de custo;
b) auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro);
c) diárias para viagem (independentemente do valor);
d) prêmios;
e) abonos.
Guia de Cálculos Trabalhistas 349
Desde 1º.03.2020, por força da Emenda Constitucional nº 103/2019, as alíquotas são de 7,5%, 9%,
12% e 14% e são aplicadas de forma progressiva sobre o salário de contribuição, incidindo cada alíquota
sobre a faixa de valores compreendida nos respectivos limites, conforme a tabela a seguir (Portaria SE-
PRT nº 3.659/2020).
FAIXAS SALARIAIS (R$) ALÍQUOTAS (%)
até 1.045,00 7,5%
de 1.045,01 até 2.089,60 9%
de 2.089,61 até 3.134,40 12%
de 3.134,41 até 6.101,06 14%
Antes da reforma previdenciária (Emenda Constitucional nº 103), este empregado contribuía com
R$ 352,00, ou seja, 11% sobre o salário de contribuição, de R$ 3.200,00, de forma NÃO CUMULATIVA. Por-
tanto, com a reforma, neste exemplo, a contribuição teve uma redução de R$ 45,07.
b) empregado com salário mensal de R$ 6.500,00 (acima do teto máximo de contribuição), temos:
FAIXAS SALARIAIS (R$) ALÍQUOTAS (%) VALOR DA CONTRIBUIÇÃO (R$)
até 1.045,00 7,5% 78,37 (7,5% de R$ 1.045,00)
de 1.045,01 até 2.089,60 9% 94,01 (9% de R$ 1.044,60, ou seja R$ 2.089,60 menos R$ 1.045,00)
de 2.089,61 até 3.134,40 12% 125,37 (12% de R$ 1.044,80, ou seja R$ 3.134,40 menos R$ 2.089,60)
de 3.134,41 até 6.101,06 14% 415,33 (14% de R$ 2.966,66, ou seja R$ 6.101,06 menos R$ 3.134,40)
Antes da reforma, este empregado contribuiria com R$ 671,11, ou seja, 11% sobre o limite máximo
do salário de contribuição, de R$ 6.101,06, de forma NÃO CUMULATIVA. Portanto, com a reforma, neste
exemplo, a contribuição teve um aumento de R$ 41,97.
Exemplos
Remunerações que na somatória ultrapassam o teto de contribuição de R$ 6.101,06
Assim temos:
Assim temos:
EMPRESAS REMUNERAÇÃO
A R$ 6.500,00
B R$ 1.400,00
EMPRESAS REMUNERAÇÃO
A R$ 2.500,00
B R$ 3.200,00
C R$ 1.500,00
Nota
Como as empresas não estão sujeitas ao teto previdenciário, deverão efetuar o recolhimento patronal sobre o total das
remunerações pagas em conformidade com a legislação vigente.
Serão incluídas na remuneração as parcelas de que tratam a CLT, arts. 457 e 458 (salário devido e
pago diretamente pelo empregador, as gorjetas, as comissões pagas pelo empregador, as gratificações
legais, a habitação, o vestuário ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou
do costume, fornecer habitualmente ao empregado) e a Gratificação de Natal.
Importante
A Lei nº 13.467/2017, que instituiu a Reforma Trabalhista, cujos efeitos vigoram desde 11.11.2017, alterou o art. 457 da CLT
para determinar que as verbas elencadas a seguir, mesmo quando pagas com habitualidade, não integram a remu-
neração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de encargo
trabalhista e previdenciário:
a) ajuda de custo;
b) auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro);
c) diárias para viagem (independentemente do valor);
d) prêmios;
e) abonos.
Nos contratos de aprendizagem, a alíquota do FGTS, devida pelo empregador, é reduzida para 2%.
A lei faculta ao empregador, equiparar o diretor não empregado aos demais trabalhadores sujeitos
ao regime do FGTS. Trata-se, portanto, de uma escolha da empresa. Neste caso cabe retratação, o que
vale dizer que, se em determinado momento a empresa decidir não mais depositar os valores para tais
trabalhadores, poderá fazê-lo, entretanto, não poderá reaver os valores já depositados.
Ocorrendo afastamento do empregado das suas atividades por força de lei ou de acordo, que
acarrete a interrupção do contrato de trabalho, ainda que a empresa não esteja obrigada, conforme o
caso, ao pagamento de salários, é obrigatório o depósito do FGTS sobre o valor da remuneração que
o empregado estaria recebendo caso não houvesse ocorrido o afastamento, nas seguintes situações:
a) licença remunerada;
e) licença-maternidade;
f) licença-paternidade;
g) gozo de férias;
354 Guia de Cálculos Trabalhistas
Exemplos
a) empregado vendedor com salário fixo de R$ 1.500,00 mais comissões sobre vendas, recebeu no mês de janei-
ro/2020, a título de comissões o valor de R$ 3.500,00. Apuração do valor do FGTS depositado até o dia 07.02.2020.
- remuneração total = R$ 5.000,00 (R$ 1.500,00 + R$ 3.500,00)
- valor do FGTS da competência janeiro = R$ 400,00 (8% de R$ 5.000,00)
b) empregado com salário de R$ 2.800,00, gozou no mês de janeiro/2020 férias no período de 02 a 31.01. Cálculo
para apuração do valor do FGTS depositado até 07.02.2020.
Salário mensal = R$ 2.800,00
Férias = R$ 2.709,68 (R$ 2.800,00 ÷ 31 × 30)
Terço constitucional sobre férias = R$ 903,23
- saldo de salário = R$ 90,32 (relativo ao dia 1º.01.2020)
Total da remuneração = R$ 3.703,23
FGTS a ser depositado relativo à competência janeiro = R$ 296,26 (8% de R$ 3.703,23)
O depósito dos valores relativos ao FGTS deve ser efetuado até o dia 07 do mês subsequente ao
da competência da remuneração. Se não houver expediente bancário no dia 07, o depósito deve ser
antecipado para o dia útil imediatamente anterior.
Quando ocorre a rescisão contratual, sem justa causa, por iniciativa do empregador ou, ainda, a
rescisão indireta (justa causa do empregador), a empresa fica obrigada a depositar na conta vinculada
do trabalhador dispensado os valores referentes ao FGTS relativos ao mês da rescisão e ao mês imedia-
tamente anterior que ainda não tiverem sido recolhidos, bem como os valores correspondentes à multa
rescisória, equivalente à importância igual a 40% de todos os depósitos realizados na conta vinculada
durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos
juros, não sendo permitida, para este fim, a dedução dos saques ocorridos.
Se a despedida do trabalhador ocorrer por culpa recíproca ou força maior, reconhecidas por sen-
tença da Justiça do Trabalho, transitada em julgado, o percentual da multa rescisória será de 20%.
No caso de contrato de trabalho extinto por acordo entre empregado e empregador, a multa res-
cisória é devida por metade.
Os referidos depósitos devem ser efetuados por meio do Sistema Guia de Recolhimento Rescisó-
rio do FGTS (GRRF).
O prazo de vencimento da multa rescisória, do aviso prévio indenizado e do mês da rescisão é até
o 10º dia corrido a contar do dia imediatamente posterior ao desligamento. Caso o 10º dia corrido seja
Guia de Cálculos Trabalhistas 355
posterior ao dia 07 do mês subsequente, o vencimento do mês da rescisão e do aviso prévio indenizado
ocorre no dia 07.
Para realização dos recolhimentos mensais nas contas tituladas pelos trabalhadores, vinculadas
ao FGTS e das Contribuições Sociais o empregador utiliza-se, obrigatoriamente, das seguintes guias,
conforme o caso:
a) GRF - emitida pelo Sefip;
b) Guia de Recolhimento do FGTS para Empresas Filantrópicas - emitida pelo Sefip;
c) DAE - documento de arrecadação unificada para o empregador doméstico;
d) GRFGTS - gerada para conversão do Depósito Judicial em Reclamatória Trabalhista.
A remuneração paga ao trabalhador (salário, férias, 13º salário, etc.) sofre a retenção do imposto de
renda, cabendo à fonte pagadora (pessoa fica ou jurídica), efetuar o respectivo desconto e recolhimento.
e) o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais até 21 ou 24 anos de idade se estiver cursan-
do o ensino superior ou escola técnica de 2º grau, desde que o contribuinte detenha a guarda
judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho;
f) os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, supe-
riores ao limite de isenção mensal (atualmente R$ 1.903,98 a partir de abril de 2015);
g) o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador.
Os dependentes comuns podem, opcionalmente, ser considerados por qualquer um dos côn-
juges.
Até 1.903,98 - -
Exemplos
a) empregado com salário de R$ 1.800,00, pago em 31.01.2020:
(1 dependente) - R$ 189,59
R$ 1.466,41
(isento de IRRF)
(3 dependentes) - R$ 568,77
(INSS) - R$ 362,93
R$ 2.668,30
IRRF
(alíquotas aplicadas de FORMA PROGRESSIVA - Emenda Constitucional nº 103/2019, art. 28, § 1º)
O recolhimento unificado é efetuado por meio do Documento de Arrecadação eSocial (DAE), ge-
rado exclusivamente pelo aplicativo disponibilizado no Portal do eSocial, em instituições financeiras
integrantes da rede arrecadadora de receitas federais, até o dia 7 do mês seguinte ao da competência,
ou dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário no dia 7.
25 – Prêmios
Notas
1ª) Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma
de bens, serviços ou valor em dinheiro, a empregado ou grupo de empregados, em
razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas
atividades (CLT, art. 457, §§ 2º e 4º; Lei nº 8.212/1991, art. 28, § 9º, alínea “z).
2ª) Quanto ao IRRF, observar que:
I - os prêmios em bens dados a funcionários ou a representantes comerciais
autônomos, como estímulo à produtividade, sem sorteio, concurso ou vale-brinde,
são considerados rendimentos do trabalho e submetem-se ao desconto do imposto
não não sim
mediante aplicação da tabela progressiva, juntamente com os demais rendimentos
pagos ao beneficiário no mês (RIR/2018, arts. 36, IV e 681 e Parecer Normativo CST nº
93/1974);
II - os prêmios distribuídos em bens ou serviços por meio de concursos ou sorteios
de qualquer espécie sujeitam-se à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à
alíquota de 20%, aplicada sobre o valor de mercado dos bens na data da distribuição
(RIR/2018, art. 733);
III - os prêmios em dinheiro obtidos em loterias, concursos desportivos ou sorteios de
qualquer espécie submetem-se à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à
alíquota de 30% (RIR/2018, art. 732).
Guia de Cálculos Trabalhistas 363
Importante
A Lei nº 8.212/1991, que trata da organização da Seguridade Social e institui o Plano de Custeio da Previdência Social,
determina que, para o empregado e trabalhador avulso, salário-de-contribuição é a remuneração auferida em uma ou
mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante
o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob
a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados,
quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de
convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.
A mesma disposição anterior se encontra prevista no inciso I do art. 214 do RPS e no inciso I do art. 55 da Instrução Nor-
mativa RFB nº 971/2009, que dispõe sobre as normas gerais de tributação e de arrecadação das contribuições sociais
destinadas à Previdência Social e as destinadas a outras entidades ou fundos, administradas pela RFB.
Constata-se, portanto, que em geral a contribuição previdenciária incide sobre a contraprestação auferida decorrente
do exercício do trabalho no curso de uma relação empregatícia ou de trabalho avulso.
Desta forma, levando em consideração a conceituação legal de salário-de-contribuição anteriormente tratada, conclui-
-se que o encargo previdenciário incide sobre a contraprestação auferida pelo trabalhador decorrente do exercício
regular de seu trabalho ou do tempo que esteja à disposição do empregador, no curso de uma relação empregatícia ou
de trabalho.
O aviso-prévio, na sua forma meramente indenizatória, não representa contraprestação por trabalho executado, tam-
pouco tempo à disposição do empregador, visto que, durante o período de sua projeção, considerada para fins de pa-
gamento das demais verbas rescisórias, inexiste qualquer obrigação por parte do trabalhador em manter a prestação
de serviço que existia antes do rompimento do contrato laboral. Portanto, o empregador, ao indenizar o empregado,
libera-o totalmente de qualquer vínculo com a empresa.
Originariamente, a Lei nº 8.212/1991 (art. 28, § 9º, alínea “e”) e o Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo
Decreto nº 3.048/1999 (art. 214, § 9º, V, “f”), continham previsão expressa sobre a não incidência do encargo previdenciá-
rio sobre o aviso-prévio indenizado. Tais previsões foram suprimidas por legislações posteriores.
Vale lembrar, porém, que a alínea “l” do inciso V do § 9º do art. 214 do RPS, a qual permanece em vigor, dispõe que não
integra o salário-de-contribuição as importâncias recebidas a título de “outras indenizações, desde que expressamente
previstas em lei”. Nesse aspecto, considerando que o aviso-prévio indenizado é verba de natureza indenizatória e tal
parcela é prevista em lei, estaria enquadrado na mencionada alínea “l”.
No que concerne ao encargo do FGTS sobre o aviso-prévio indenizado, há que se lembrar da sua incidência, conforme
expressa previsão contida na Instrução Normativa SIT nº 144/2018, art. 9º, XXI, bem como na Súmula TST nº 305.
Ressalte-se, ainda, que, apesar da expressa revogação dos dispositivos legais que previam expressamente a não inte-
gração do aviso-prévio indenizado no salário-de-contribuição, em nenhum momento a Lei nº 8.212/1991 ou o RPS previu
a sua integração.
Pela análise dos dispositivos legais anteriormente mencionados e considerando ser o aviso-prévio indenizado, tipica-
mente, verba de natureza indenizatória, o entendimento doutrinário e jurisprudencial predominante é no sentido da não
incidência do encargo previdenciário sobre os valores pagos a tal título.
No que concerne ao encargo previdenciário sobre a parcela (avo) correspondente do 13º salário proporcional decorren-
te da projeção do período do aviso-prévio indenizado, informamos que, atualmente, não há na Lei nº 8.212/1991, no seu
regulamento (Decreto nº 3.048/1999) e nem na Instrução Normativa RFB nº 971/2009 qualquer previsão expressa sobre
a não incidência previdenciária, conduzindo ao raciocínio de que, sobre a referida parcela acessória, haverá de se seguir
a mesma sorte da parcela principal, que é o aviso-prévio indenizado, observados todos os comentários anteriores.
Tanto em relação ao aviso-prévio indenizado quanto ao avo correspondente à projeção do aviso no 13º salário propor-
cional, vale lembrar que, por meio da Solução de Consulta Cosit nº 362/2017 - DOU 1 de 18.08.2017, ficou esclarecido que,
nos termos da Nota PGFN/CRJ nº 485/2016, e com esteio no art. 19, inciso V, §§ 4º, 5º e 7º, da Lei nº 10.522/2002 e no
art. 3º, § 3º, da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1/2014, o aviso-prévio indenizado, exceto seu reflexo no 13º salário, não
integra a base de cálculo para fins de incidência das contribuições sociais previdenciárias incidentes sobre a folha de
salários.
Por meio da Instrução Normativa RFB nº 925/2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.730/2017, a qual dispõe,
entre outras providências, sobre as informações a serem declaradas na GFIP, a RFB determinou que as pessoas jurídicas
ou os contribuintes equiparados que efetuarem rescisão de contrato de trabalho de seus empregados e pagarem aviso-
-prévio indenizado deverão preencher o Sefip da seguinte forma:
a) o valor do aviso prévio indenizado não deverá ser informado; e
b) o valor do 13º salário correspondente ao aviso prévio indenizado deverá ser informado no campo “Base de Cálculo
13º salário da Previdência Social”, exceto no caso de empregado que tenha trabalhado por um período inferior a 15 dias
durante o ano, cuja informação não poderá ser prestada até que o Sefip seja adaptado;
Guia de Cálculos Trabalhistas 367
PREVIDENCIÁRIO
b) os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a
prática desses atos; e
c) os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Para os menores que completarem 16 anos de idade, a data do início da prescrição será o dia se-
guinte àquele em que tenha completado esta idade.
Acidente do trabalho
As ações referentes à prestação por acidente do trabalho prescrevem em 5 anos contados da data:
a) do acidente, quando dele resultar a morte ou incapacidade temporária, verificada esta em pe-
rícia médica a cargo da Previdência Social; ou
b) em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade permanente ou o agravamen-
to das sequelas do acidente.
Nos termos do art. 443 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, a extinção do direito de a Receita
Federal do Brasil (RFB) apurar e constituir os créditos tributários, bem como o prazo de prescrição da
ação para cobrança desses créditos obedecerão ao disposto no Código Tributário Nacional (CTN).
Assim, no que concerne ao prazo prescricional a ser adotado para fins de contribuições previden-
ciárias, a RFB determinou que a extinção do seu direito de apurar e constituir os créditos tributários,
bem como o prazo de prescrição da ação para cobrança desses créditos obedecerão ao disposto no art.
174 do CTN a seguir transcrito.
Art. 174 - A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo
devedor.
TRABALHISTA
Para reclamar na Justiça do Trabalho o pagamento de valores devidos e que não foram pagos na
vigência do contrato de trabalho, bem como o cumprimento de qualquer obrigação trabalhista que o
empregador descumpriu, o trabalhador, seja ele urbano ou rural, tem o prazo prescricional de 5 anos, até
o limite de 2 anos após a extinção do contrato.
Guia de Cálculos Trabalhistas 371
Dessa forma, o empregado pode pleitear judicialmente, o cumprimento das obrigações trabalhis-
tas por parte do empregador no prazo de 5 anos no curso do contrato de trabalho. A partir da rescisão
contratual o prazo para impetrar a ação visando ao cumprimento das comentadas obrigações é de 2
anos, retroagindo 5 anos a partir da data da reclamação.
Exemplos
a) empregado contratado em 12/1988 e contrato ainda vigente em janeiro/2020, pode pleitear o cumprimento de
obrigações trabalhistas retroagindo até janeiro 2015;
b) empregado contratado em 2000 foi dispensado em janeiro de 2020. Neste caso poderá ingressar com recla-
mação trabalhista até janeiro de 2022 (2 anos após a extinção do contrato).
Quanto ao período não abrangido pela prescrição, este retroagirá até 5 anos contados da data da entrada da
reclamação.
Prescrição do direito de reclamar o não pagamento de uma gratificação relativa ao mês de julho
de 2010 durante a vigência do contrato de trabalho.
Período em que o empregado pode pleitear o pagamento de direitos 14.01.2015 a 15.01.2020 (5 anos retroativos a partir
não satisfeitos da entrada da ação)
A CLT determina que contra os empregados menores de 18 anos não corre prazo prescricional,
que somente se inicia com a maioridade do empregado.
A política nacional do cooperativismo e o regime jurídico que rege as sociedades cooperativas são
definidos pela Lei nº 5.764/1971, observadas as alterações posteriores, as quais definem as cooperativas
como sendo as sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não
sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados, a qual será constituída por deli-
beração da assembleia geral dos fundadores, podendo adotar como objeto qualquer gênero de serviço,
operação ou atividade. Na denominação da sociedade o uso da expressão “cooperativa” é obrigatório.
COOPERADOS
Os cooperados são pessoas físicas (embora possa haver cooperado pessoa jurídica) que exercem
a mesma atividade e que se unem com o propósito de buscar, por meio da cooperação e da ajuda mú-
tua, melhores condições de trabalho e de desenvolvimento da atividade.
COOPERATIVAS - CARACTERÍSTICAS
Cabe à cooperativa gerenciar as atividades executadas pelos cooperados, buscando atender aos
interesses destes, embora o lucro não seja proibido.
COOPERATIVAS DE TRABALHO
Considera-se cooperativa de trabalho a sociedade constituída por trabalhadores para o exercício
de suas atividades laborativas ou profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão para ob-
terem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e condições gerais de trabalho.
A autonomia deve ser exercida de forma coletiva e coordenada, mediante a fixação, em assem-
bleia geral, das regras de funcionamento da cooperativa e da forma de execução dos trabalhos.
Na prestação dos serviços não devem estar presentes os pressupostos caracterizadores da re-
lação de emprego (pessoalidade, habitualidade e subordinação). Caso se verifique a presença de tais
pressupostos poderá vir a ser caracterizado o vínculo empregatício entre a empresa contratante e o
cooperado que prestou os serviços.
Dicas do eSocial
Os dados relativos aos serviços executados por meio de cooperados serão lançados entre outros, nos eventos:
S-1200 - Remuneração do Trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previdência Social
S-1210 - Pagamentos de Rendimentos do Trabalho
S-2300 - Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Estatutário - Início
S-2306 - Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Estatutário- Alteração Contratual
S-2399 - Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Estatutário - Término
S-2240 - Condições Ambientais do Trabalho - Fatores de Risco
CAPÍTULO XIV
TRABALHO TEMPORÁRIO
CONCEITO
Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho
temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços para atender à necessida-
de de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços.
Empresa tomadora de serviços é a pessoa jurídica ou entidade a ela equiparada que, em decorrên-
cia de necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou de demanda complementar
de serviços, celebra contrato de prestação de serviços de colocação de trabalhadores temporários com
empresa de trabalho temporário.
Trabalhador temporário é a pessoa física contratada por empresa de trabalho temporário, coloca-
da à disposição de uma empresa tomadora de serviços ou cliente, destinada a atender à necessidade
transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços.
A empresa de trabalho temporário deve ser registrada no Ministério da Economia. São requisitos
a serem observados para o seu funcionamento e registro:
a) prova de constituição da pessoa jurídica e registro na Junta Comercial da localidade em que a
empresa tenha sede;
b) prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica; e
c) capital social compatível com o quantitativo de empregados, observados os seguintes parâ-
metros:
378 Guia de Cálculos Trabalhistas
O trabalhador temporário que cumprir o período de 270 dias (180 + 90) somente poderá ser colo-
cado à disposição da mesma tomadora de serviços ou cliente em novo contrato temporário, após 90
dias do término do contrato anterior. A contratação anterior ao prazo mencionado caracteriza vínculo
empregatício entre o trabalhador e a empresa tomadora de serviços ou cliente.
CONTRATOS - INFORMAÇÕES AO ME
A empresa de trabalho temporário deverá informar ao Ministério da Economia (ME), quando soli-
citada, os dados necessários ao estudo do mercado de trabalho.
O fornecimento destas informações poderá ser substituído pelo uso do Sistema de Escrituração
Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), observado o regulamento edita-
do pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia (SEPRT).
A Lei nº 13.429/2017, determinou que não se aplica ao trabalhador temporário, contratado pela
empresa tomadora de serviços, o contrato de experiência. Dessa forma, se após a prestação do serviço
temporário, a empresa tomadora dos serviços desejar contratar o trabalhador temporário como seu
empregado, deverá fazê-lo mediante contrato a prazo indeterminado.
O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada um dos assalaria-
dos colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente deve ser obrigatoriamente escrito e
dele devem constar, expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores decorrentes de sua condi-
ção, e a indicação da empresa tomadora de serviços ou cliente.
A condição de temporário deve também ser registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social
(CTPS) do trabalhador ou em meio eletrônico que a substitua, conforme regulamentado em ato do ME.
Importante
A Portaria SEPRT nº 1.195/2019 disciplinou o registro de empregados, bem como as anotações da CTPS em meio eletrô-
nico, estabelecendo, entre outras providências, que as referidas anotações bem como o registro eletrônico de empre-
gados serão realizados por meio das informações prestadas ao Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais,
Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial).
O empregador que optar por não realizar o registro dos empregados por meio eletrônico deverá efetuar as anotações
em livro ou ficha de registro, que deverá permanecer no estabelecimento ao qual o trabalhador estiver vinculado. Po-
rém, até 30.10.2020 deverão adequar seus processos de trabalho ao disposto na mencionada Portaria.
Além disto, a empregador deverá fornecer cartão de identificação contendo nome completo, número do CPF, cargo e
matrícula aos empregados registrados em livro ou ficha e que trabalhem em local diverso do estabelecimento ao qual
estão vinculados.
Vale ressaltar que é nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo contratação do
trabalhador pela empresa tomadora de serviço ou cliente ao fim do prazo em que tenha sido colocado
à sua disposição.
DIREITOS DO TRABALHADOR
Importante (*)
Embora o parágrafo único do art. 20 do Decreto nº 10.060/2019 que regulamenta a Lei nº 6.019/1974, estabeleça que para
fins do pagamento das férias proporcionais seja considerada como mês completo a fração igual ou superior a 15 dias
úteis, o parágrafo único do art. 146 da CLT determina que, para efeito de pagamento de férias proporcionais é conside-
rado como mês completo a fração superior a 14 dias (portanto, dias corridos). Além disto, a Lei nº 6.019/1974, que rege
o trabalho temporário, ao estabelecer o direito às férias proporcionais o fez nos termos da CLT, não estabelecendo a
contagem em dias úteis e sim corridos. Desta forma, observa-se que o Decreto foi além da lei, ou seja, estabeleceu um
critério de contagem do tempo trabalhado para efeito da garantia do avo de férias proporcionais não previsto na lei, o
que não é legalmente permitido.
Lembre-se que cabe ao Decreto apenas regulamentar a lei, facilitando a sua aplicação, não podendo criar ou modificar
direitos nela contido.
Assim sendo, esta contagem em dias úteis poderá ser judicialmente contestada. Outro argumento contra o Decreto em
comento é que ele acabou por criar um tratamento diferenciado e prejudicial ao trabalhador temporário, pois, enquanto
que para os empregados em geral é observada a fração superior a 14 dias corridos, para os trabalhadores temporários
só será considerada como mês integral a fração igual ou superior a 15 dias úteis, o que configuraria tratamento discri-
minatório.
Por tais razões, entendemos não ser legalmente possível esta contagem em dia úteis, e sim corridos, devendo ser obser-
vado o disposto na legislação trabalhista, ou seja, na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa,
exceto na demissão por justa causa, o empregado terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias
(férias proporcionais), na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração superior a 14 dias.
Lembre-se, porém, que a decisão final acerca da questão caberá ao Poder Judiciário.
Apesar dos direitos assegurados na CF/1988, art. 7º, tais como adicional de 50% por trabalho pres-
tado em horário extraordinário, adicional de 1/3 sobre férias e 13º salário aos trabalhadores urbanos e
rurais, há quem entenda que tais direitos não são extensíveis aos trabalhadores temporários, em função
de não haver menção expressa dessa categoria no dispositivo constitucional, a exemplo do ocorrido
com os trabalhadores domésticos, avulsos e rurais.
Importante
A contar do ano-base 2019, a obrigação de envio da RAIS passa a ser cumprida por meio do eSocial, pelas empresas obri-
gadas à transmissão das informações, nos termos da Portaria SEPRT nº 1.127/2019, a qual vigora a contar de 1º.01.2020.
Ressalte-se, entretanto, que apenas as empresas dos grupos 1 e 2 do eSocial estão abrangidas pela medida, uma vez
que somente estas enviaram os eventos de folha de pagamento durante todo o ano de 2019 (janeiro a dezembro).
Guia de Cálculos Trabalhistas 381
Tal dúvida se deu em virtude de a CF determinar ser direito dos trabalhadores urbanos, entre ou-
tros, o aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo, no mínimo, de 30 dias, nos termos da lei.
Conclui-se, assim, que o aviso-prévio constitucional é o mesmo previsto na CLT tão somente com
o seu prazo estendido, não se tratando de criação de nova verba.
to a prazo determinado com cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antecipada quando
este direito for exercido por qualquer das partes.
Não se aplica ao trabalhador temporário a indenização prevista no art. 479 da CLT o qual estabe-
lece que nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o
empregado, será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria
direito até o termo do contrato.
Ressalte-se que o contrato individual de trabalho temporário não se confunde com o contrato por
prazo determinado previsto no art. 443 da CLT, e na Lei nº 9.601/1998, que dispõe sobre o contrato de
trabalho por prazo determinado com redução de encargos.
Constituem justa causa para rescisão do contrato do trabalhador temporário os atos e circunstân-
cias mencionados na CLT, arts. 482 e 483, ocorrentes entre trabalhador e empresa de trabalho temporá-
rio ou entre aquele e a empresa cliente onde estiver prestando serviço.
São as seguintes razões que constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho tem-
porário pela empresa:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia, sem permissão da empresa de trabalho tem-
porário ou da empresa tomadora de serviço ou cliente e quando constituir ato de concorrência
a qualquer delas, ou prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do trabalhador, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão
da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa de serviço temporário ou da empresa tomadora de serviço ou
cliente;
h) ato de indisciplina ou insubordinação;
i) abandono do trabalho;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa ou ofensas
físicas nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas físicas praticadas contra superiores hierárquicos,
salvo em caso de legítima defesa própria ou de outrem;
l) prática constante de jogo de azar;
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em
decorrência de conduta dolosa do trabalhador.
Guia de Cálculos Trabalhistas 383
Nas hipóteses das alíneas “d” e “g”, supratranscritas, poderá o trabalhador pleitear a rescisão do
seu contrato de trabalho, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.
Por força da Lei nº 6.815/1980 e alterações posteriores, bem como da legislação que rege o traba-
lho temporário, não é permitida a contratação de estrangeiros com visto provisório de permanência no
País.
É vedado à empresa de trabalho temporário ter ou utilizar, em seus serviços, trabalhador temporá-
rio, salvo quando o trabalhador seja contratado com outra empresa de trabalho temporário; e seja com-
provada a necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou demanda complementar
de serviços.
Encargos legais
FGTS
Até o dia 7 de cada mês, ou dia útil imediatamente anterior, os empregadores depositam, em
conta vinculada do FGTS, importância correspondente a 8% da remuneração paga ou devida, no mês
anterior, a cada trabalhador.
384 Guia de Cálculos Trabalhistas
Contribuições previdenciárias
Na ocorrência de dúvidas sobre os critérios para recolhimento dos encargos previdenciários rela-
tivos ao trabalho temporário, a Receita Federal do Brasil (RFB) deverá ser antecipadamente consultada.
Nos termos da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, art. 112 e seguintes, a empresa contratante
de serviços prestados mediante cessão de mão de obra ou empreitada, inclusive em regime de trabalho
temporário, deverá reter, em geral, 11% do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de ser-
viços e recolher à Previdência Social a importância retida em documento de arrecadação identificado
com a denominação social e o CNPJ da empresa contratada.
O valor retido deve ser compensado pela empresa contratada quando do recolhimento das con-
tribuições devidas à Previdência Social.
Salário-educação
O encaminhamento do acidentado ao INSS, se for o caso, pode ser feito diretamente pela empre-
sa tomadora de serviço, ou cliente, de conformidade com normas expedidas por aquele Instituto.
A empresa tomadora de serviço ou cliente, por sua vez, se obriga a apresentar à fiscalização, quan-
do solicitado, o contrato firmado com a empresa de trabalho temporário.
A fiscalização, a autuação e o processo de imposição das multas serão regidos pelo Título VII da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A empresa de trabalho temporário tem por obrigação discriminar, separadamente, em nota fiscal
os valores pagos a título de obrigações trabalhistas e fiscais e a taxa de agenciamento de colocação à
disposição dos trabalhadores temporários.
A empresa tomadora de serviços ou cliente exercerá o poder técnico, disciplinar e diretivo sobre
os trabalhadores temporários colocados à sua disposição.
Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços não existe vínculo de emprego entre
ela e os trabalhadores contratados pela empresa de trabalho temporário.
RESCISÃO CONTRATUAL
Atividades excluídas
Dicas do eSocial
Os dados relativos aos serviços temporários serão lançados, entre outros, nos eventos:
S-2200 - Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão/Ingresso de Trabalhador
S-1200 - Remuneração do Trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previdência Social
CAPÍTULO XV
ESTAGIÁRIO
Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa
à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em
instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e
dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.
O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do
educando.
FINALIDADE DO ESTÁGIO
O estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório, conforme determinação das diretrizes curri-
culares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso.
O estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito
para aprovação e obtenção de diploma.
O estágio não obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga ho-
rária regular e obrigatória.
Nota
As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica na educação superior, desenvolvidas pelo estudante,
somente poderão ser equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico do curso.
Nota
O termo de compromisso deverá ser firmado pelo estagiário ou com seu representante ou assistente legal e pelos re-
presentantes legais da parte concedente e da instituição de ensino, vedada a atuação dos agentes de integração como
representante de qualquer das partes.
388 Guia de Cálculos Trabalhistas
Quando o cálculo do percentual disposto na letra “d” resultar em fração, poderá ser arredondado
para o número inteiro imediatamente superior.
As limitações mencionadas nas letras “a” a “d” não se aplicam aos estágios de nível superior e de
nível médio profissional.
Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência o percentual de 10% das vagas oferecidas
pela parte concedente do estágio.
AGENTES DE INTEGRAÇÃO
As instituições de ensino e as partes cedentes de estágio podem, a seu critério, recorrer a serviços
de agentes de integração públicos e privados, mediante condições acordadas em instrumento jurídico
apropriado, devendo ser observada, no caso de contratação com recursos públicos, a legislação que
estabelece as normas gerais de licitação.
Guia de Cálculos Trabalhistas 389
É vedada a cobrança de qualquer valor dos estudantes, a título de remuneração pelos serviços.
O estágio, seja ele obrigatório ou não obrigatório, não cria vínculo empregatício de qualquer natu-
reza, desde que observados os seguintes requisitos:
a) matrícula e frequência regular do educando em curso de educação superior, de educação pro-
fissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na
modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino;
b) celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a
instituição de ensino;
c) compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de
compromisso.
O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo
professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por
vistos nos relatórios de atividades do educando apresentados periodicamente e por menção de apro-
vação final.
O descumprimento de qualquer dos requisitos mencionados nas letras “a” a “c” ou de qualquer
obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte
concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária.
São obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educandos:
a) celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou assistente
legal, quando ele for absoluta ou relativamente incapaz, e com a parte concedente, indicando
as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade
da formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar;
390 Guia de Cálculos Trabalhistas
Nota
O termo de compromisso deverá ser firmado pelo estagiário ou com seu representante ou assistente legal e pelos re-
presentantes legais da parte concedente e da instituição de ensino, vedada a atuação dos agentes de integração como
representante de qualquer das partes.
JORNADA DE ATIVIDADE
A jornada de atividade em estágio será definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a
parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal, devendo constar do termo de com-
promisso ser compatível com as atividades escolares e não ultrapassar:
a) 4 horas diárias e 20 horas semanais, no caso de estudantes de educação especial e dos anos
finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos;
b) 6 horas diárias e 30 horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação
profissional de nível médio e do ensino médio regular.
O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão progra-
madas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 horas semanais, desde que isso esteja previsto
no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino.
DURAÇÃO DO ESTÁGIO
A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 anos, exceto quando se
tratar de estagiário portador de deficiência.
BOLSA EM DINHEIRO
O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada.
Trata-se, portanto, de uma faculdade.
INCIDÊNCIAS
Contribuição previdenciária
O estagiário não é segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), podendo,
entretanto, inscrever-se no mencionado regime e contribuir como segurado facultativo.
FGTS
Imposto de Renda
CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS
O estagiário não tem direito aos benefícios assegurados aos empregados da empresa: (vale-trans-
porte, vale-alimentação, assistência médica etc.), no entanto, por liberalidade, a empresa pode conceder
esses benefícios aos estagiários, sendo aconselhável que não sejam descontados na bolsa paga ao
estudante.
PERÍODO DE RECESSO
É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a 1 ano, período
de recesso de 30 dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares.
O recesso em questão deverá ser remunerado quando o estagiário receber bolsa ou outra forma
de contraprestação.
392 Guia de Cálculos Trabalhistas
Os dias de recesso serão concedidos de maneira proporcional, nos casos de o estágio ter duração
inferior a 1 ano.
Exemplo
Cálculo dos dias de recesso de estagiário cujo estágio teve duração de 8 meses.
12 30
8 x
= 8 × 30 ÷ 12 = 20
Dessa forma, o estagiário tem direito a 20 dias de recesso.
Observa-se que no cálculo para apuração dos dias de recesso devidos foi utilizada a equação matemática de-
nominada “regra de três”.
Aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho, sendo sua imple-
mentação de responsabilidade da parte concedente do estágio.
Dessa forma, a parte concedente do estágio deve observar, em relação aos seus estagiários, o Pro-
grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), Equipamento de Proteção Individual (EPI),
Ergonomia e demais Normas Regulamentadoras relativas à Segurança e Saúde no Trabalho.
O estagiário não tem direito a aviso-prévio, férias, 13º salário e demais verbas trabalhistas devidas
aos empregados qualquer que seja a duração do estágio.
Notas
(1) As empresas dos grupos 1, 2 e 3 do eSocial, que enviaram corretamente e no prazo estabelecido, por meio dos eventos
correspondentes, as informações de admissões, transferência, desligamentos e reintegrações, estão dispensadas do envio
do Caged, uma vez que este passou a ser substituído pelo eSocial.
As empresas dos demais grupos e as que não cumpriram as condições estabelecidas na Portaria SEPRT nº 1.127/2019 de-
verão prestar as informações por meio do sistema Caged.
(2) Desde o ano-base 2019, a obrigação de envio da RAIS passou a ser cumprida por meio do eSocial, pelas empresas obri-
gadas à transmissão das informações, nos termos da Portaria SEPRT nº 1.127/2019, a qual vigora desde 1º.01.2020.
Ressalte-se, entretanto, que apenas as empresas dos grupos 1 e 2 do eSocial estão abrangidas pela medida, uma vez que
somente estas enviaram os eventos de folha de pagamento durante todo o ano de 2019 (janeiro a dezembro).
Guia de Cálculos Trabalhistas 393
ESTUDANTES ESTRANGEIROS
TRAINEE
Costumeiramente as empresas contratam trainees, jovens recém-formados ou que estão cursan-
do o ensino superior, para participar de programas de desenvolvimento com regras previamente defini-
das pela empresa.
Dicas do eSocial
Os dados relativos aos estagiários serão lançados, entre outros, nos eventos:
S-1200 - Remuneração do Trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previdência Social
S-1210 - Pagamentos de Rendimentos do Trabalho
S-2220 - Monitoramento da Saúde do Trabalhador
S-2300 - Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Estatutário - Início
S-2306 - Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Estatutário - Alteração Contratual
S-2399 - Trabalhador Sem Vínculo de Emprego/Estatutário - Término
CAPÍTULO XVI
EMPREGADO DOMÉSTICO
CONCEITO
Empregado doméstico é aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e
pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2
dias por semana.
Nota
Lembra-se que a atividade desempenhada pelo doméstico no âmbito residencial de seu empregador (pessoa ou família
que contrata), não possui para este (empregador) caráter econômico, ou seja, a prestação de serviços no âmbito residen-
cial não pode e não deve se confundir com uma atividade lucrativa para o contratante. Se houver a finalidade lucrativa na
execução dos serviços domésticos, a contratação se dará normalmente como empregado celetista e não como emprega-
do doméstico.
ADMISSÃO
Nota
É vedada a contratação de menor de 18 anos de idade para desempenho de trabalho doméstico.
Importante
Não obstante a Lei Complementar nº 150/2015 que rege o trabalho doméstico estabelecer que o empregado domés-
tico deve apresentar a sua CTPS ao empregador ao ser admitido, lembramos que a Lei nº 13.874/2019 (Lei da liberdade
econômica) alterou/revogou diversos artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), determinando, entre outras
providências que:
a) a CTPS será emitida preferencialmente em meio eletrônico (digital), inclusive para empregados domésticos, sendo
que a CTPS em meio físico será emitida apenas em situações excepcionais;
b) o empregador terá o prazo de 5 dias úteis para anotar na CTPS do trabalhador: a data de admissão, a remuneração
e as condições especiais, se houver;
c) a comunicação do número do CPF pelo trabalhador ao empregador equivale à apresentação da CTPS em meio digital;
d) o trabalhador deverá ter acesso às informações da sua CTPS no prazo de até 48 horas a partir de sua anotação;
396 Guia de Cálculos Trabalhistas
e) para os empregadores que têm a obrigação de uso do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previ-
denciárias e Trabalhistas (eSocial):
- a comunicação pelo trabalhador do número de inscrição no CPF ao empregador equivale à apresentação da CTPS em
meio digital dispensado o empregador da emissão de recibo;
- os registros eletrônicos gerados pelo empregador nos sistemas informatizados da Carteira de Trabalho em meio digital
equivalem às anotações determinadas pela lei.
Lembramos, porém, que a Lei Complementar nº 150/2015 que rege o trabalho doméstico ainda não foi alterada. A ques-
tão relativa à possibilidade de uma lei complementar vir a ser alterada por uma lei ordinária comporta entendimentos
divergentes no meio jurídico. Parte dos doutos defende o entendimento de que a Lei Complementar é hierarquicamen-
te superior à lei ordinária e, portanto, esta última não pode alterá-la ou revogá-la. Outros se posicionam no sentido de
que não existe hierarquia entre as duas leis. Desta forma, a lei ordinária pode alterar a Lei Complementar, exceto nas
matérias constitucionalmente a ela reservada.
Assim, aguarda-se a adequação da LC nº 150/2015 às novas determinações da Lei nº 13.874/2019.
Determina a Lei Complementar nº 150/2015 que a CTPS será obrigatoriamente apresentada, con-
trarrecibo, pelo empregado ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de 48 horas (veja a letra
“b” do importante) para nela anotar os itens a seguir mencionados e, quando for o caso, os contratos a
prazo determinado:
b) CPF;
c) endereço: o da residência;
h) data de admissão;
j) remuneração especificada;
m) data da dispensa.
Guia de Cálculos Trabalhistas 397
Os salários e os aumentos correspondentes também devem ser anotados na CTPS. (*)
Alterações de Salário
Aumentado em 1º.01.2019 para R$ 1.200,00
Na função de: a mesma
CBO: 5121-05 por motivo de: espontâneo
.........................................................................
Assinatura do empregador
O empregador poderá contratar seu empregado doméstico mediante contrato a prazo, nas se-
guintes situações:
a) contrato de experiência;
398 Guia de Cálculos Trabalhistas
Contrato de experiência
O contrato de experiência não poderá exceder 90 dias, podendo ser prorrogado 1 vez, desde que
a soma dos 2 períodos não ultrapasse 90 dias.
Caso haja contratação por período inferior a 90 dias e, sem que haja prorrogação, o empregado
continuar prestando serviços, o contrato passará a vigorar por prazo indeterminado. Da mesma forma
ocorrerá quando após os 90 dias o trabalhador continuar em serviço.
O empregado, por sua vez, também não poderá se desligar do contrato sem justa causa, sob pena
de ser obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos que desse fato lhe resultarem, sendo que a in-
denização não poderá exceder aquela a que teria direito em idênticas condições.
Nota
Nos contratos a prazo não há pagamento de aviso-prévio.
DIREITOS
A categoria dos trabalhadores domésticos tem assegurados os seguintes direitos:
a) salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e Previdência Social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
Observar que o atual salário-mínimo é fixado para a jornada mensal de 220h ou 30 dias.
Nota
Lembramos que a Lei Complementar nº 103/2000 autorizou os Estados e o Distrito Federal a instituir, mediante lei de ini-
ciativa do Poder Executivo, o piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho para os empregados que
não tenham piso salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho.
Fundamentados nesse diploma legal, alguns governadores instituíram, no âmbito dos respectivos Estados, os pisos sala-
riais a serem observados, entre outros, pelos empregadores domésticos. Desta forma, havendo no respectivo Estado piso
mínimo estabelecido por lei, este deve ser observado, caso contrário, aplica-se o salário-mínimo nacionalmente unificado.
b) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime a sua retenção dolosa. Dessa forma, o
empregador doméstico não pode:
b.1) deixar de efetuar o pagamento do seu empregado no prazo determinado;
b.2) reduzir o valor do salário, unilateralmente;
b.3) efetuar descontos não previstos em lei na remuneração do empregado;
b.4) modificar o modo de apuração e pagamento do salário de forma prejudicial ao empre-
gado.
Guia de Cálculos Trabalhistas 399
Caso haja mais de um empregado doméstico que exerça as mesmas atividades, as regras da equi-
paração salarial deverão ser observadas.
c) irredutibilidade salarial;
d) 13º salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
e) repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
f) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário normal;
g) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e salário, com duração de 120 dias, paga direta-
mente pelo INSS;
h) licença-paternidade, fixada transitoriamente em 5 dias;
i) aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo, no mínimo, de 30 dias, nos termos da lei;
j) aposentadoria;
k) integração à Previdência Social;
l) salário-família;
m) estabilidade da empregada gestante desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o
parto;
n) reconhecimento das convenções e dos acordos coletivos de trabalho. Isso significa que os
documentos coletivos de trabalho (acordo ou convenção), decorrentes da negociação entre
os sindicatos dos empregadores e os sindicatos dos empregados domésticos, passam a valer
como lei entre as partes, devendo, portanto, serem observados;
o) proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão por mo-
tivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
p) proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
dor portador de deficiência;
q) aplicação das normas relativas à segurança e saúde no trabalho.
Notas
(1) O empregado doméstico é segurado obrigatório da Previdência Social, sendo-lhe devidas as prestações arroladas na lei
previdenciária, observadas as características especiais do trabalho doméstico. Dessa forma, o empregado doméstico faz
jus a vários benefícios previdenciários, entre eles: aposentadorias, benefício por incapacidade temporária, salário-materni-
dade e auxílio-acidente.
(2) A inscrição do empregado doméstico na Previdência Social deve ser feita:
a) no INSS, pelo Número de Inscrição do Trabalhador (NIT) ou pelo número de identificação do trabalhador no PIS ou no Pasep;
b) com a utilização da Internet na página www.previdenciasocial.gov.br ou do serviço telefônico (Central 135).
(3) O segurado empregado doméstico, em gozo de auxílio-doença, será considerado pelo empregador doméstico como
licenciado.
(4) A Lei Complementar nº 146/2014 estendeu a estabilidade provisória (desde a confirmação da gravidez até 5 meses após
o parto), prevista na alínea “b” do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, à trabalhadora
gestante, nos casos de morte desta, a quem detiver a guarda de seu filho.
A remuneração da hora extraordinária será, no mínimo, 50% superior ao valor da hora normal.
O salário/hora normal, em caso de empregado mensalista, será obtido dividindo-se o salário men-
sal por 220 horas, salvo se o contrato estipular jornada mensal inferior que resulte em divisor diverso.
400 Guia de Cálculos Trabalhistas
O salário/dia normal, em caso de empregado mensalista, será obtido dividindo-se o salário mensal
por 30 e servirá de base para pagamento do repouso remunerado e dos feriados trabalhados.
Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, mediante acordo escrito entre empregador e
empregado, o excesso de horas de um dia for compensado em outro dia. No caso do citado regime de
compensação:
a) será devido o pagamento, como horas extraordinárias, com o acréscimo de 50% superior ao va-
lor da hora normal, das primeiras 40 horas mensais excedentes ao horário normal de trabalho;
b) das 40 horas referidas na letra “a”, poderão ser deduzidas, sem o correspondente pagamento,
as horas não trabalhadas, em função de redução do horário normal de trabalho ou de dia útil
não trabalhado, durante o mês;
c) o saldo de horas que excederem as 40 primeiras horas mensais de que trata a letra “a”, com a
dedução prevista na letra “b”, quando for o caso, será compensado no período máximo de 1 ano.
Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral
da jornada extraordinária, o empregado fará jus ao pagamento das horas extras não compensadas, cal-
culadas sobre o valor da remuneração na data de rescisão.
Os intervalos, o tempo de repouso, as horas não trabalhadas, os feriados e os domingos livres em
que o empregado que mora no local de trabalho nele permaneça não serão computados como horário
de trabalho.
O trabalho não compensado prestado em domingos e feriados deve ser pago em dobro, sem pre-
juízo da remuneração relativa ao repouso semanal.
A remuneração mensal pactuada pelo horário em comento abrange os pagamentos devidos pelo
descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os
feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver.
Acompanhamento em viagem
Mediante acordo escrito entre as partes, o empregado doméstico poderá acompanhar o empre-
gador em viagem, prestando-lhe serviços. Neste caso, serão consideradas apenas as horas efetivamen-
te trabalhadas no período, podendo ser compensadas as horas extraordinárias em outro dia.
A remuneração da hora do serviço em viagem será, no mínimo, 25% superior ao valor do salário/hora
normal. Entretanto, determina a Lei Complementar nº 150/2015, que as partes poderão, mediante acordo,
converter o acréscimo da remuneração em banco de horas, a ser utilizado a critério do empregado.
Não obstante o determinado pela Lei, acreditamos, salvo melhor juízo, que o que deveria ser conver-
tido em banco de horas seriam as horas trabalhadas em viagem e não o acréscimo da remuneração destas.
Reproduzimos a seguir um modelo de folha de ponto que pode ser adquirido nas papelarias.
FOLHA DE PONTO
Nº ORDEM EMPREGADOR OU RAZÃO SOCIAL
ENDEREÇO
EMPREGADO
LOCAL DO TRABALHO
MÊS ANO
1ª QUINZENA
EMPREGADO data/visto
INÍCIO INTERVALO TÉRMINO
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
402 Guia de Cálculos Trabalhistas
FOLHA DE PONTO - VERSO
EMPREGADO data/visto
INÍCIO INTERVALO TÉRMINO
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
RESUMO GERAL
HS. NORMAIS HS. EXTRAS HS. RSR HS. NOT. VISTO
OBSERVAÇÕES
Nesta hipótese, o salário a ser pago ao empregado será proporcional à sua jornada, em relação ao
empregado que cumpre, nas mesmas funções, tempo integral.
Mediante acordo escrito entre as partes, a duração normal do trabalho neste regime poderá ser
acrescida de 1 hora diária com o limite máximo de 6 horas diárias.
Guia de Cálculos Trabalhistas 403
Entende-se que o intervalo deverá ser concedido, preferencialmente, no meio da jornada de tra-
balho. Dessa forma, para uma jornada de 8 horas diárias, após ser cumprido um período de 4 horas de
trabalho deverá ser concedido o intervalo para repouso ou alimentação.
Caso o empregado resida no local de trabalho, o período de intervalo poderá ser desmembrado
em 2 períodos, desde que cada um deles tenha, no mínimo, 1 hora.
Trabalho noturno
Considera-se noturno o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguin-
te, sendo que a hora noturna terá duração de 52 minutos e 30 segundos.
A hora noturna será remunerada com o acréscimo de, no mínimo, 20% sobre o valor da hora diurna.
Caso o empregado trabalhe somente no período noturno (das 22 horas às 5 horas) o acréscimo
será calculado sobre o salário mensal.
Nos horários mistos (diurnos e noturnos) apura-se o valor do adicional noturno sobre as horas
respectivas.
Entretanto, as despesas com moradia poderão ser descontadas, quando essa se referir a local
diverso da residência em que ocorrer a prestação de serviço, desde que essa possibilidade tenha sido
expressamente acordada entre as partes.
Nota
O fornecimento de moradia ao empregado doméstico na própria residência ou em morada anexa, de qualquer natureza,
não gera ao empregado qualquer direito de posse ou de propriedade sobre a referida moradia.
404 Guia de Cálculos Trabalhistas
Os mencionados benefícios não têm natureza salarial nem se incorporam à remuneração para
quaisquer efeitos.
FGTS
Desde a competência outubro/2015 o empregado doméstico passou a ser obrigatoriamente in-
cluído no regime do FGTS, tendo sido disciplinado o regime unificado de pagamento de tributos e con-
tribuições e dos demais encargos do empregador doméstico, denominado Simples Doméstico.
Esse recolhimento unificado passou a ser obrigatório desde a competência outubro/2015, portan-
to, com recolhimento a partir de novembro/2015.
O empregado doméstico tem duas contas vinculadas no sistema do FGTS. Em uma conta são efe-
tuados os depósitos mensais relativos aos 8% incidentes sobre a remuneração paga ou devida no mês
anterior. Em outra conta (distinta) são efetuados os depósitos mensais correspondentes à aplicação da
alíquota de 3,2% sobre a mesma base de cálculo, destinados ao pagamento da indenização devida em
caso de ruptura do contrato sem justo motivo ou por culpa recíproca.
O acompanhamento dos depósitos do FGTS é realizado pelo empregador e pelo empregado do-
méstico mediante consulta ao extrato da conta vinculada do FGTS. Entretanto, o extrato da conta vin-
culada que abriga o depósito do valor correspondente a 3,2% destinado ao pagamento da indenização
compensatória é fornecido exclusivamente ao empregador doméstico.
O empregador doméstico depositará, por meio do Simples Doméstico, a importância de 3,2% so-
bre a remuneração devida, no mês anterior, a cada empregado, destinada ao pagamento da indenização
compensatória da perda do emprego, sem justa causa ou por culpa do empregador, não se aplicando
ao empregado doméstico a multa de 40% ou 20%, conforme o caso, previstas nos §§ 1º e 2º do art. 18 da
Lei nº 8.036/1990.
Nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, de término do contrato de trabalho por
prazo determinado, de aposentadoria e de falecimento do empregado doméstico, os valores previstos
acima serão movimentados pelo empregador.
Na hipótese de culpa recíproca, metade dos valores previstos anteriormente será movimentada
pelo empregado, enquanto a outra metade será movimentada pelo empregador.
Guia de Cálculos Trabalhistas 405
13º salário
O 13º salário devido ao empregado doméstico, da mesma forma que o 13º salário dos empregados
em geral, é pago em duas parcelas. A primeira entre fevereiro e novembro de cada ano e a segunda até
20 de dezembro.
Calcula-se o 13º salário com base em 1/12 da remuneração devida em dezembro, por mês de ser-
viço do ano correspondente, sendo considerado mês integral a fração igual ou superior a 15 dias de
trabalho.
Assim, por exemplo, no ano de 2019, caso o empregado doméstico tenha sido admitido em
20.06.2019 e não tenha faltas injustificadas ao serviço, será contado:
13º salário:
R$ 1.260,00 ÷ 12 = R$ 105,00
R$ 105,00 × 4 = R$ 420,00
R$ 420,00 ÷ 2 = R$ 210,00
R$ 1.260,00 ÷ 12 = R$ 105,00
R$ 105,00 × 6 = R$ 630,00
O desconto previdenciário relativo ao 13º salário deve ser efetuado, por ocasião do pagamento
da parcela final, em separado do salário do mês, sem abatimento da antecipação. Lembramos que, nos
afastamentos da empregada doméstica por motivo de licença-maternidade, o abono anual pago pelo
INSS (13º salário proporcional ao período de salário-maternidade) estará sujeito ao encargo previden-
ciário por ocasião do pagamento da parcela final do 13º salário ou da rescisão do contrato de trabalho.
Importante
Desde 1º.03.2020, por força da Emenda Constitucional nº 103/2019, as alíquotas de contribuição previdenciária do em-
pregado doméstico, são de 7,5%, 9%, 12% e 14% e são aplicadas de forma progressiva sobre o salário de contribuição,
incidindo cada alíquota sobre a faixa de valores compreendida nos respectivos limites, conforme a tabela a seguir (Por-
taria SEPRT nº 3.659/2020).
Licença-maternidade
Nota
Não obstante a Lei Complementar nº 150/2015 determinar que a licença-maternidade deve ser concedida sem prejuízo do
salário, a legislação previdenciária ainda não foi adequada à nova legislação, posto que a Lei nº 8.213/1991, art. 73, e Instru-
ção Normativa INSS nº 77/2015, art. 206, III, ainda determinam que a renda mensal do salário-maternidade da doméstica
corresponde ao seu último salário-de-contribuição, portanto, observando o teto máximo de contribuição previdenciária.
Em casos excepcionais, o período de repouso antes e depois do parto pode ser aumentado em
mais 2 semanas, mediante atestado médico específico.
O segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de
adoção de criança, também tem direito ao salário-maternidade pelo período de 120 dias.
Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico, a segurada faz jus ao salário-
-maternidade correspondente a 2 semanas (14 dias).
É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada doméstica gestante desde a
confirmação da gravidez até 5 meses após o parto.
Abono anual
Exemplos
Empregado doméstico admitido em 21.01.2015 ficou afastado do trabalho no ano de 2019, de 03.05 a 27.06, por
motivo de doença, percebendo o benefício previdenciário. Nesse caso, o empregador calculou e quitou o 13º sa-
lário desse empregado proporcionalmente aos períodos tidos como efetivamente trabalhados, antes e depois
do lapso de tempo em que esteve afastado percebendo benefício previdenciário.
Assim, nesse caso, o empregador computou 10/12 relativos ao 13º proporcional em 2019, dos quais:
a) 4/12 correspondem ao período de 1º.01 a 02.05.2019 (anterior ao início do benefício previdenciário); e
b) 6/12 relativos ao período de 28.06 a 31.12.2019 (posterior ao afastamento).
2) Empregada doméstica ficou afastada do trabalho por motivo de licença-maternidade durante 120 dias, no
período de 25.03 a 22.07.2019. Nessa hipótese, a Previdência Social arcou com o pagamento do abono anual de
4/12 correspondente ao período de afastamento por licença-maternidade e o empregador doméstico calculou
e pagou o 13º salário/2019 dessa empregada proporcionalmente aos períodos tidos como efetivamente traba-
lhados, antes e depois do lapso de tempo em que esteve afastada, bem como quitou eventual diferença entre o
efetivo valor do 13º salário no período de afastamento e o valor do abono anual pago pelo INSS, ou seja:
a) 3/12 correspondente ao período de 1º.01 a 24.03.2019 (anterior ao afastamento);
408 Guia de Cálculos Trabalhistas
Licença-paternidade
Acidente do trabalho
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empregador domés-
tico provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
O empregador doméstico deverá comunicar o acidente à Previdência Social até o 1º dia útil se-
guinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa
variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada
nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.
Salário-família
O doméstico tem direito ao repouso/descanso semanal remunerado de, no mínimo, 24 horas con-
secutivas, preferencialmente aos domingos, além de descanso remunerado em feriados.
Para fazer jus à remuneração do repouso semanal, o doméstico deve cumprir integralmente o seu
horário de trabalho semanal.
Contudo, se o empregado faltar ao serviço e o empregador não descontar essa falta, é porque a
considerou justificada, não podendo fazê-lo mais adiante.
Férias
Após cada período de 12 meses de trabalho prestado à mesma pessoa ou família (chamado de pe-
ríodo aquisitivo), o empregado doméstico terá direito a férias anuais de 30 dias corridos, remuneradas,
com acréscimo de, pelo menos, 1/3 do salário normal. As férias deverão ser concedidas nos 12 meses
subsequentes à aquisição do direito (chamado período concessivo).
Guia de Cálculos Trabalhistas 409
Exemplo
Exemplo de período aquisitivo e concessivo de férias
Considerando um empregado doméstico admitido em 02.01.2018, temos:
a) período aquisitivo do direito às férias: 02.01.2018 a 1º.01.2019;
b) concessivo (período de gozo): 02.01.2019 a 1º.01.2020.
Na cessação do contrato de trabalho, o empregado, desde que não tenha sido demitido por justa
causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, na proporção de 1/12 por mês
de serviço ou fração superior a 14 dias.
O período de férias poderá, a critério do empregador, ser fracionado em até 2 períodos, sendo 1
deles de, no mínimo, 14 dias corridos.
Poderá o empregado converter 1/3 do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no
valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. Essa conversão deverá ser reque-
rida até 30 dias antes do término do período aquisitivo.
Caso o empregado resida no local de trabalho poderá nele permanecer durante as férias.
Nota
Cabe ao empregador a fixação do período do gozo de férias. Entretanto, o art. 10 da Convenção nº 132, da Organização In-
ternacional do Trabalho (OIT), a qual vigora no Brasil, determina que a ocasião em que as férias serão gozadas será determi-
nada pelo empregador, após consulta ao empregado, a menos que seja fixada por regulamento, acordo coletivo, sentença
arbitral ou qualquer outra maneira conforme a prática nacional.
Para fixar a ocasião do período de gozo das férias serão levadas em conta as necessidades do trabalho e as possibilidades
de repouso e diversão ao alcance da pessoa empregada.
Exemplo
Empregada doméstica com salário mensal de R$ 1.350,00 gozará 30 dias de férias, a contar de 1º.11.2020.
1 - salário/dia mês 11/2020: R$ 1.350,00 ÷ 30 = R$ 45,00
2 - férias de 1º a 30.11.2020 (retorno ao serviço: dia 1º.12.2020).
3 - remuneração das férias R$ 45,00 × 30 dias = R$ 1.350,00
4 - 1/3 de R$ 1.350,00 = R$ 450,00
8 - Total de férias + 1/3 = R$ 1.800,00
410 Guia de Cálculos Trabalhistas
Os valores pagos ou creditados a título de férias, terço constitucional (1/3 das férias) e saldo de
salário, se for o caso, relativo ao mês do respectivo gozo:
a) sofrerão incidência da contribuição previdenciária (parte empregado e empregador);
b) sofrerão incidência da contribuição patronal para financiamento do seguro contra acidente do
trabalho;
c) servirão de base para os depósitos relativos ao FGTS;
d) servirão de base para os depósitos destinados ao pagamento da indenização compensatória
relativa à ruptura do contrato por dispensa sem justo motivo ou por culpa recíproca.
Recibo de férias
Anotação na CTPS
ANOTAÇÕES DE FÉRIAS
..................................................................................
Assinatura do empregador
Vale-transporte
A obrigação de concessão dos vales poderá ser substituída, a critério do empregador, pela con-
cessão, mediante recibo, dos valores para a aquisição das passagens necessárias ao custeio das despe-
sas decorrentes do deslocamento residência-trabalho e vice-versa.
O VT é custeado:
a) pelo beneficiário, na parcela equivalente a 6% do seu salário básico ou vencimento;
b) pelo empregador, no que exceder à parcela mencionada anteriormente.
Beneficiário/empregador = custeio
Fornecimento VT = março/2020 = 26 dias trabalhados (considerando o trabalho aos sábados)
Deslocamento diário = 4 coletivos a R$ 4,20 cada = R$ 16,80 × 26 dias = R$ 436,80
Salário/beneficiário = R$ 1.200,00
Custeio:
1 - Beneficiário = 6% de R$ 1.200,00 = R$ 72,00
2 - Empregador = R$ 436,80 - R$ 72,00 = R$ 364,80
3 - Total = R$ 436,80
O valor da parcela a ser custeada pelo beneficiário será descontado proporcionalmente à quanti-
dade de VT concedida no período a que se refere o salário ou vencimento e por ocasião do pagamento.
Considerando ser a redução dos riscos inerentes ao trabalho um direito do trabalhador, tem-se
como contrapartida a obrigação precípua de o empregador adotar estruturas operacionais capazes de
neutralizar ou até eliminar a ação dos agentes nocivos à saúde, bem como dos riscos existentes no
ambiente de trabalho.
Essa garantia impõe ao empregador doméstico o dever de cumprir as normas de higiene, segu-
rança e saúde no trabalho, com o objetivo de manter a residência (local de trabalho) livre de riscos de
acidentes e elementos que possam causar prejuízos à saúde do empregado.
c) observância dos requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envol-
vendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde
dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade. É considerado tra-
balho em altura toda atividade executada acima de dois metros do nível inferior, em que haja
risco de queda.
Aviso-prévio
Nos contratos a prazo indeterminado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindi-lo deverá avi-
sar a outra de sua intenção com antecedência mínima de 30 dias.
O empregado que contar com até 1 ano de serviço ao mesmo empregador terá direito ao aviso-
-prévio de 30 dias. A este aviso serão acrescidos 3 dias por ano de serviço prestado para o mesmo em-
pregador, até o máximo de 60 dias, perfazendo um total de até 90 dias.
A falta de aviso-prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspon-
dentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período ao seu tempo de serviço.
O horário normal de trabalho do empregado durante o aviso-prévio, quando a rescisão tiver sido
promovida pelo empregador, será reduzido de 2 horas diárias, sem prejuízo do salário integral, sendo
facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2 horas diárias, caso em que poderá faltar ao ser-
viço, sem prejuízo do salário integral, por 7 dias corridos.
Seguro-desemprego
O empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará jus ao benefício do seguro-
-desemprego, no valor de 1 salário-mínimo, por período máximo de 3 meses, de forma contínua ou al-
ternada.
Nota
Considera-se um mês de atividade a fração igual ou superior a 15 dias.
Para requerer o benefício o empregado doméstico deverá comparecer a uma das unidades da rede
de atendimento vinculadas ou autorizadas pela Secretaria Especial de Trabalho (SEPRT) do Ministério
da Economia, no prazo de 7 a 90 dias contados da data da dispensa, munido dos seguintes documentos:
a) CTPS;
b) Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) atestando a dispensa sem justa causa;
Guia de Cálculos Trabalhistas 413
As declarações de que tratam as letras “c” e “d” serão firmadas pelo trabalhador no documento
de Requerimento do Seguro-Desemprego do Empregado Doméstico (RSDED) fornecido pela SEPRT na
unidade de atendimento.
O benefício será concedido a cada período aquisitivo de 16 meses, contados da data da dispensa
que originou habilitação anterior. A contagem do prazo do período aquisitivo não se interrompe, nem se
suspende.
Parcelas - Pagamento
O pagamento da 1ª parcela será agendado para 30 dias após a data do protocolo do RSDED e as
demais a cada intervalo de 30 dias, contados da emissão da parcela anterior.
O trabalhador fará jus ao pagamento integral das parcelas subsequentes para cada mês, quando
contar com fração igual ou superior a 15 dias de desemprego, de forma que o segurado terá direito a:
a) 1 parcela, se ficar desempregado até 44 dias após a demissão;
b) 2 parcelas, se ficar desempregado até 60 dias após a demissão; e
c) 3 parcelas, se ficar desempregado por 75 dias ou mais após a demissão.
O segurado deverá receber cada parcela no prazo de 67 dias a contar de sua disponibilização para
saque, findo o qual as parcelas não sacadas serão devolvidas para o Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT).
I - contribuição previdenciária, a cargo do segurado empregado doméstico (veja tabelas adiante), de:
até 1.830,29 8%
(alíquotas aplicadas de FORMA PROGRESSIVA - Emenda Constitucional nº 103/2019, art. 28, § 1º)
O recolhimento unificado é efetuado por meio do Documento de Arrecadação eSocial (DAE), ge-
rado exclusivamente pelo aplicativo disponibilizado no Portal do eSocial, em instituições financeiras
integrantes da rede arrecadadora de receitas federais, até o dia 7 do mês seguinte ao da competência
ou dia útil imediatamente anterior, se não houver expediente bancário.
O contrato de trabalho poderá ser rescindido por culpa do empregador doméstico quando:
a) o empregador exigir serviços superiores às forças do empregado doméstico, defesos por lei,
contrários aos bons costumes ou alheios ao contrato;
b) o empregado doméstico for tratado pelo empregador ou por sua família com rigor excessivo
ou de forma degradante;
c) o empregado doméstico correr perigo manifesto de mal considerável;
416 Guia de Cálculos Trabalhistas
FISCALIZAÇÃO TRABALHISTA
O Auditor-Fiscal do Trabalho poderá verificar o cumprimento das normas que regem o trabalho do
empregado doméstico, no âmbito do domicílio do empregador, mas, para tanto, dependerá de agenda-
mento e de entendimento prévios entre a fiscalização e o empregador, observadas as seguintes condi-
ções:
a) a fiscalização deverá ter natureza prioritariamente orientadora;
b) será observado o critério de dupla visita para lavratura de auto de infração, salvo quando for
constatada infração por falta de anotação na CTPS ou, ainda, na ocorrência de reincidência,
fraude, resistência ou embaraço à fiscalização;
c) durante a inspeção do trabalho referida anteriormente, o Auditor-Fiscal do Trabalho far-se-á
acompanhar pelo empregador ou por alguém de sua família por este designado.
RESCISÃO CONTRATUAL
Para eventual comprovação de pagamento ao rescindir o contrato de trabalho, o empregador do-
méstico deve exigir do empregado a quitação dos valores que estão sendo pagos.
CTPS - Baixa
Na parte inferior da página em que foi registrado o contrato de trabalho inicial, anotar a data da
saída e assinar:
O segurado empregado doméstico que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for conside-
rado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta
a subsistência, desde que cumprida a carência exigida, quando for o caso, faz jus ao benefício da apo-
sentadoria por invalidez.
Guia de Cálculos Trabalhistas 417
A CLT, a qual é aplicada subsidiariamente à categoria dos domésticos, determina que o emprega-
do que for aposentado por invalidez terá o seu contrato de trabalho suspenso. Observa-se, assim, que
durante a suspensão do contrato de trabalho não pode ocorrer a rescisão contratual por iniciativa do
empregador.
Dicas do eSocial
O sistema eSocial, módulo empregador doméstico é de uso obrigatório, e atende apenas ao empregador doméstico.
Neste portal o empregador prestará as informações relativas aos seus empregados domésticos.
Mediante o uso do sistema o empregador doméstico poderá, entre outros:
a) registrar seus empregados;
b) elaborar sua folha de pagamento;
c) gerar recibo de pagamento de salários, recibos de férias, recibo de 13º salário;
d) controlar as horas extras prestadas;
e) gerar o Documento de Arrecadação do eSocial (DAE).
CAPÍTULO XVII
CORONAVÍRUS (COVID-19) -
CONSEQUÊNCIAS TRABALHISTAS
E PREVIDENCIÁRIAS
Ante a atual pandemia decorrente da propagação do Coronavírus, já reconhecida pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) e que já atingiu os 5 continentes, verificam-se justificadas e grandes preocupa-
ções no mundo do trabalho, no sentido de evitar a contaminação dos colaboradores das empresas, não
só nos próprios ambientes de trabalho, mas também no deslocamento residência/trabalho e vice-versa.
Por meio de várias normas, entre elas, a Lei nº 13.979/2020, regulamentada pela Portaria MS nº
356/2020, do Ministério da Saúde, Lei nº 13.982/2020, Lei nº 14.020/2020; do Decreto nº 10.316/2020;
Decreto nº 10.470/2020 e da Portaria MS nº 454/2020, foram determinadas as medidas para enfrenta-
mento da emergência de saúde pública de importância nacional e internacional, em decorrência da
Infecção Humana pelo Coronavírus (COVID-19), inclusive no âmbito do trabalho. Tratam-se, portanto,
de medidas temporárias que irão vigorar enquanto perdurar o estado de emergência internacional pelo
Coronavírus responsável pelo surto de 2019.
Importante
A Medida Provisória (MP nº 927/2020) também estabelecia várias medidas a serem adotadas pelas empresas para o
enfrentamento da pandemia. Entretanto, a mencionada MP perdeu a eficácia no dia 19.07.2020, tendo em vista sua não
conversão em lei (Ato Declaratório CN nº 92/2020). Contudo, a mesma vigorou no período de 22.03 a 19.07.2020 e, os atos
que foram praticados durante a sua vigência continuam válidos.
Determina o art. 62 da Constituição Federal, que cabe ao Congresso Nacional, disciplinar, por meio de decreto legisla-
tivo, as relações jurídicas decorrentes da MP nº 927/2020. Não editado o decreto legislativo em até 60 dias, as relações
jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da MP continuarão por ela regidos.
Desta forma, as informações constantes neste capítulo, baseadas na mencionada MP nº 927/2020 e constantes deste
texto, foram mantidos posto que geraram efeitos no período de vigência da mesma (22.03 a 19.07.2020), ou seja, as
medidas já tomadas continuam válidas, porém, novas medidas não poderão ser determinadas a partir de 19.07 em
virtude da perda da eficácia da MP que lhes dava sustentação.
Medida de isolamento
A Portaria MS nº 454/2020, considerando a comprovação da ocorrência da transmissão comu-
nitária do Coronavírus, determina que a medida de isolamento somente poderá ser determinada por
prescrição médica e por um prazo máximo de 14 dias, podendo se estender por mais 14 dias, conforme
resultado laboratorial que comprove o risco de transmissão.
Tem por objetivo a separação de pessoas sintomáticas (que já apresentam os efeitos da doença,
como dor, febre etc.) ou assintomáticas (apesar de não apresentarem efeitos, já estão contaminadas
e podem propagar o vírus), em investigação clínica e laboratorial, de maneira a evitar a propagação da
infecção e transmissão local.
A medida deverá ser efetuada, preferencialmente, em domicílio, podendo também ser feito em hos-
pitais públicos ou privados, conforme recomendação médica, a depender do estado clínico do paciente.
Transmissão comunitária se dá quando uma pessoa infectada que não esteve em nenhum país
atingido pela doença, transmite o vírus para outra pessoa que também não saiu do Brasil, ou seja, o vírus
já está circulando na comunidade sem que seja possível detectar a origem.
420 Guia de Cálculos Trabalhistas
Além do isolamento domiciliar da pessoa com sintomas respiratórios, será determinado também
o isolamento das pessoas que residam no mesmo endereço, ainda que estejam assintomáticos deven-
do também permanecer em isolamento pelo período máximo de 14 dias.
Para tanto, é considerada pessoa com sintomas respiratórios a apresentação de tosse seca, dor
de garganta ou dificuldade respiratória, acompanhada ou não de febre, desde que seja confirmado por
atestado médico.
TERMO DE DECLARAÇÃO
MEDIDA DE QUARENTENA
Quarentena é a restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação das
pessoas que não estejam doentes, de maneira a evitar a possível contaminação ou a propagação do
Coronavírus.
Tem por objetivo garantir a manutenção dos serviços de saúde em local certo e determinado e
será determinada mediante ato administrativo formal e devidamente motivado, editado por Secretário
de Saúde do Estado, do Município, do Distrito Federal ou Ministro da Saúde ou superiores em cada nível
de gestão, publicada no Diário Oficial e amplamente divulgada pelos meios de comunicação.
A medida será adotada pelo prazo de até 40 dias, podendo se estender pelo tempo necessário
para reduzir a transmissão comunitária e garantir a manutenção dos serviços de saúde no território.
Transmissão comunitária se dá quando uma pessoa infectada que não esteve em nenhum país
atingido pela doença, transmite o vírus para outra pessoa que também não saiu do Brasil, ou seja, o vírus
já está circulando na comunidade sem que seja possível detectar a origem.
Entretanto, a quarentena não poderá ser determinada ou mantida após o encerramento da Decla-
ração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.
Para a aplicação das medidas de isolamento e quarentena, deverão ser observados os protocolos
clínicos do Coronavírus (COVID-19) e as diretrizes estabelecidas no Plano Nacional de Contingência Na-
cional para Infecção Humana novo Coronavírus (COVID-19), disponíveis no site do Ministério da Saúde,
com a finalidade de garantir a execução das medidas profiláticas e o tratamento necessário.
As medidas mencionadas nas letras “a” a “a.5” serão indicadas mediante ato médico ou por profis-
sional de saúde.
O Ministério da Saúde manterá dados públicos e atualizados sobre os casos confirmados, suspei-
tos e em investigação, relativos à situação de emergência pública sanitária, resguardando o direito ao
sigilo das informações pessoais.
Ações que devem ser tomadas pelo empregador para a preservação da segurança e da saúde
do trabalhador
Considerando que uma das obrigações do empregador é manter o ambiente de trabalho salubre,
protegendo a saúde e o bem-estar dos seus colaboradores, a Secretaria Especial de Previdência e Traba-
lho (SEPRT) e o Ministério da Saúde (MS), por meio da Portaria SEPRT/MS nº 20/2020, estabeleceram as
medidas a serem observadas com o objetivo de evitar o contágio e a propagação do Coronavírus no âm-
bito do estabelecimento, preservando a segurança e a saúde dos trabalhadores, conforme os subitens
a seguir, os quais são de observância obrigatória pelos órgãos integrantes da estrutura organizacional
da SEPRT e do Ministério da Saúde, pelas entidades da administração pública federal indireta a este
vinculadas e por seus respectivos agentes públicos, durante o enfrentamento do estado de calamida-
de pública e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do Coronavírus
(COVID-19).
Nota
(1) As medidas em comento não determinam ou autorizam a abertura de estabelecimentos, apenas apresenta conjunto
de disposições a serem observadas por aqueles que se encontrarem em funcionamento. Da mesma forma, não autoriza o
descumprimento, pelas organizações das seguintes normas:
a) regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho;
b) demais regulamentações sanitárias aplicáveis;
c) de outras disposições que, no âmbito de suas competências, sejam incluídas em regulamentos sanitários dos Estados,
Distrito Federal ou Municípios; e
d) medidas de saúde, higiene e segurança do trabalho oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho.
Orientações setoriais complementares poderão ser emitidas pela SEPRT ou pelo Ministério da Saúde, no âmbito de suas
competências.
(2) As medidas a serem observadas na preservação da saúde e da vida de todos os profis-sionais considerados essenciais
ao controle de doenças e à manutenção da ordem pública (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, policiais, fiscais etc), du-
rante a pandemia decorrente do Coronavírus, foram disciplinadas por meio da Lei nº 14.023/2020, a qual para tanto, alterou
a Lei nº 13.979/2020. Esta lei determina, entre outros, a obrigatoriedade do fornecimento gratuito de EPI recomendados
pela Anvisa e também a prioridade para que estes profissionais façam os testes de diagnóstico da COVID-19.
424 Guia de Cálculos Trabalhistas
Estas instruções podem ser transmitidas durante treinamentos ou por meio de diálogos de segu-
rança, documento físico ou eletrônico (cartazes, normativos internos, entre outros), evitando o uso de
panfletos.
Nota
O período de afastamento dos contatantes de caso confirmado da COVID-19 deve ser contado a partir do último dia de
contato entre os contatantes e o caso confirmado.
Os contatantes que residem com caso confirmado da COVID-19 devem ser afastados de suas atividades presenciais por
14 dias, devendo ser apresentado documento comprobatório.
A empresa deve orientar seus empregados afastados do trabalho a permanecer em sua residên-
cia, assegurando-se a manutenção da remuneração durante o afastamento.
Deve também ser levantadas informações sobre os contatantes, as atividades, o local de trabalho
e as áreas comuns frequentadas pelo trabalhador suspeito ou confirmado da COVID-19.
Os contatantes de caso suspeito devem ser informados sobre o caso e orientados a relatar ime-
diatamente à empresa o surgimento de qualquer sinal ou sintoma relacionado à doença.
Nota
São consideradas condições clínicas de risco para desenvolvimento de complicações da COVID-19: cardiopatias graves
ou descompensadas (insuficiência cardíaca, infartados, revascularizados, portadores de arritmias, hipertensão arterial
sistêmica descompensada); pneumopatias graves ou descompensadas (dependentes de oxigênio, portadores de asma
moderada/grave, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC); imunodeprimidos; doentes renais crônicos em estágio
avançado (graus 3, 4 e 5); diabéticos, conforme juízo clínico, e gestantes de alto risco.
Devem ser adotados procedimentos para que, na medida do possível, os trabalhadores evitem
tocar superfícies com alta frequência de contato, como botões de elevador, maçanetas, corrimãos etc.
Distanciamento social
O empregador deve adotar medidas para aumentar o distanciamento e diminuir o contato pessoal
entre trabalhadores e entre esses e o público externo, orientando para que se evitem abraços, beijos,
apertos de mão e conversações desnecessárias.
Se o distanciamento físico de ao menos 1m não puder ser implementado para reduzir o risco de
transmissão entre trabalhadores, clientes, usuários, contratados e visitantes, além das demais medidas,
deve-se:
a) para as atividades desenvolvidas em postos fixos de trabalho, manter o uso de máscara cirúr-
gica ou de tecido e adotar divisórias impermeáveis ou fornecer proteção facial do tipo viseira
plástica (face shield) ou fornecer óculos de proteção.
b) para as demais atividades, manter o uso de máscara cirúrgica ou de tecido.
Medidas alternativas podem ser adotadas com base em análise de risco, realizada pela empresa.
Não sendo possível a permanência na residência ou trabalho remoto, deve ser priorizado trabalho
em local arejado e higienizado ao fim de cada turno de trabalho, observadas as demais medidas comen-
tadas neste texto.
Os trabalhadores devem ser orientados sobre o uso, higienização, descarte e substituição das
máscaras, higienização das mãos antes e após o seu uso, e, inclusive, limitações de sua proteção contra
a COVID-19, seguindo as orientações do fabricante, quando houver, e as recomendações pertinentes
dos Ministérios da Economia e da Saúde.
As máscaras cirúrgicas e de tecido não são consideradas EPI e não substituem os EPI para pro-
teção respiratória, quando indicado seu uso. Devem ser fornecidas para todos os trabalhadores e seu
uso exigido em ambientes compartilhados ou naqueles em que haja contato com outros trabalhadores
ou público. Devem ser substituídas, no mínimo, a cada 3 horas de uso ou quando estiverem sujas ou
úmidas. Esta determinação será exigida a partir de 04.07.2020.
Os EPI e outros equipamentos de proteção que permitam higienização somente poderão ser reu-
tilizados após a higienização.
Não pode haver compartilhamento de EPI e outros equipamentos de proteção entre trabalhado-
res durante as atividades.
Somente deve ser permitida a entrada de pessoas no estabelecimento com a utilização de más-
cara de proteção.
Refeitórios
Em relação aos refeitórios devem ser observadas as seguintes determinações:
a) é vedado o compartilhamento de copos, pratos e talheres, sem higienização;
b) evitar o autosserviço ou, quando este não puder ser evitado, devem ser implementadas medi-
das de controle, tais como:
Guia de Cálculos Trabalhistas 429
Vestiários
Em relação ao transporte de trabalhadores fornecido pela empresa, devem ser observadas as se-
guintes determinações:
a) implantar procedimentos para comunicação, identificação e afastamento de trabalhadores
com sintomas da COVID-19 antes do embarque no transporte para o trabalho, de maneira a
impedir o embarque de pessoas sintomáticas, incluindo eventuais terceirizados da empresa
de fretamento;
b) condicionar o embarque ao uso de máscara de proteção;
c) orientar os trabalhadores no sentido de evitar aglomeração no embarque e no desembarque,
devendo ser implantadas medidas que garantam distanciamento mínimo de 1m entre traba-
lhadores.
d) priorizar medidas para manter uma distância segura entre trabalhadores, realizando o espaça-
mento dos trabalhadores dentro do veículo de transporte;
e) manter preferencialmente a ventilação natural dentro dos veículos e, quando for necessária a
utilização do sistema de ar condicionado, deve-se evitar a recirculação do ar;
430 Guia de Cálculos Trabalhistas
O SESMT e a Cipa, quando existentes, devem participar das ações de prevenção implementadas
pela organização.
Não deve ser exigida testagem laboratorial para a COVID-19 de todos os trabalhadores como
condição para retomada das atividades do setor ou do estabelecimento por não haver, até o momento,
recomendação técnica para esse procedimento.
Quando adotada a testagem de trabalhadores, esta deve ser realizada de acordo com as reco-
mendações do Ministério da Saúde em relação à indicação, metodologia e interpretação dos resultados.
Nota
A Portaria MS nº 1.565/2020 também divulga orientações gerais a serem observadas na retomada das atividades e ao con-
vívio social de forma segura.
A Portaria Conjunta SEPRT/MS/MAPA nº 19/2020, estabelece as medidas a serem observadas visando à prevenção, contro-
le e mitigação dos riscos de transmissão da COVID-19 nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamen-
to de carnes e derivados destinados ao consumo humano e laticínios, as quais são muito semelhantes às medidas tratadas
neste item e respectivos subitens.
Medidas trabalhistas que poderão ser adotadas para preservação do emprego e da renda e
para enfrentamento do estado de calamidade pública
A Medida Provisória (MP nº 927/2020), a qual gerou efeitos no período de 22.03 a 19.07.2020, esta-
belecia que o empregado e o empregador poderiam celebrar acordo individual escrito, a fim de garantir
a permanência do vínculo empregatício, que teria preponderância sobre a lei e sobre o documento co-
letivo de trabalho (acordo ou convenção), respeitados os limites estabelecidos na Constituição Federal.
Guia de Cálculos Trabalhistas 431
Esclarecia ainda, que para o enfrentamento dos efeitos econômicos decorrentes do estado de
calamidade pública e para preservação do emprego e da renda, poderiam ser adotadas, dentre outras,
as medidas mencionadas a seguir.
A mencionada MP perdeu eficácia em 19.07.2020 por não ter sido convertida em lei no prazo legal,
porém, os atos que foram praticados durante a sua vigência continuam válidos. Veja, se necessário, a
informação “Importante” constante do item 17.
Entre as medidas temporárias de proteção, a mais eficiente é a adoção, quando possível, do sis-
tema de home office. Essa medida traz significativas vantagens, uma vez que evita a exposição dos
empregados ao agente nocivo, diminuindo a propagação do Coronavírus, à medida em que estes traba-
lharão protegidos no ambiente de suas residências, evitando, portanto, aglomerações no deslocamento
residência-trabalho e vice-versa, o que é feito normalmente em horário de rush (pico) e também o con-
tágio no próprio local de trabalho.
Hoje, o home office já é adotado por muitas empresas. As pesquisas acerca do assunto informam
que atualmente, cerca de 30% das empresas já adotam a prática, permitindo que parte dos seus empre-
gados executem suas tarefas em casa, seja em tempo integral ou apenas em alguns dias da semana.
Essa prática tem apresentado várias vantagens para ambas as partes (empregado e empresa) e,
ainda, para a coletividade, pois implica na melhora da mobilidade urbana e, ante esta pandemia, na sig-
nificativa diminuição do contágio das pessoas, colaborando, portanto, com a saúde pública.
Para o sucesso do home office é necessário que a empresa analise o tipo do trabalho e o perfil do
empregado que será submetido à medida, pois algumas atividades exigem a presença do trabalhador
na empresa e, nem todo empregado irá se adaptar ao trabalho em casa.
A implantação do home office seria notificada ao empregado, por escrito ou por meio eletrônico,
com antecedência de, no mínimo, 48 horas.
Embora a implantação do home office, nesta situação de emergência, não exijisse a assinatura
de um termo aditivo ao contrato de trabalho, orientamos ser conveniente que a empresa firmasse um
documento a ser assinado também pelo empregado, no qual esclareça que o home office era tempo-
rário, se possível estabelecendo o prazo. O colaborador em gozo da medida deveria se comprometer a
estabelecer e cumprir uma rotina de trabalho, estar online, possibilitando a interação com a equipe e
a chefia sempre que necessário, manter-se atualizado e cumprir prazos de entrega. Além disso, devia
atender às convocações para comparecimento à empresa sempre que imprescindível, manter telefone
e contato atualizado, consultar os canais de comunicação estabelecidos (e-mail, Whatsapp etc.), preser-
var o sigilo dos dados acessados de forma remota.
Lembramos, por oportuno, que as medidas neste sentido, tomadas durante a vigência da MP nº
927/2020 continuam válidas. Veja, se necessário, o “Importante” constante do item 17.
Com base na mencionada MP, o empregador poderá optar pela antecipação da concessão das
férias individuais, mesmo para aqueles empregados que não completaram o período aquisitivo respec-
tivo. Para tanto, o empregador informou ao empregado, por escrito ou por meio eletrônico, sobre a an-
tecipação de suas férias, com antecedência de, no mínimo, 48 horas, com a indicação do período a ser
gozado pelo empregado, observando que as férias não puderam ser gozadas em períodos inferiores a 5
dias corridos.
Além disto, puderam também, mediante acordo individual escrito entre o empregado e o empre-
gador, ser antecipados períodos futuros de férias.
O pagamento da remuneração das férias concedidas nesta situação puderam ser efetuado até o
5º dia útil do mês subsequente ao início do gozo das férias e o empregador poderá optar por efetuar o
pagamento do terço constitucional até o dia 20 de dezembro.
O eventual requerimento por parte do empregado de conversão de 1/3 do direito às férias em abo-
no pecuniário estava sujeito à concordância do empregador. Neste caso, o pagamento do abono pode
ser efetuado até o dia 20 de dezembro, juntamente com o terço constitucional.
Guia de Cálculos Trabalhistas 433
Caso tenha ocorrido a rescisão contratual do empregado, o empregador pagou, juntamente com
o pagamento dos haveres rescisórios, os valores ainda não adimplidos relativos às férias.
Embora a MP nº 927/2020 que, entre as medidas, autorizava a concessão de férias coletivas com
observação de requisitos especiais, tenha perdido a eficácia por não ter sido convertida em lei no prazo
legal, lembramos que, os atos praticados durante a sua vigência continuam válidos. Veja, se necessário,
a informação “Importante” constante do item 17.
A concessão de férias coletivas é outra medida de emergência que pode ser adotada é a conces-
são de férias coletivas, ou seja, conceder férias simultaneamente a todos os empregados da empresa ou
de um ou mais estabelecimentos ou setores da empresa. Por certo que esta medida acarretará também
a proteção da saúde dos trabalhadores mediante a diminuição da exposição destes aos fatores de risco
(contato com pessoas infectadas).
A MP nº 927/2020 determinou que as férias deveriam ser notificadas aos empregados com antece-
dência de, no mínimo, 48 horas, e não estariam limitadas a serem gozadas em apenas 2 períodos a cada
ano, ficando dispensada também de observar a determinação de que um dos períodos não poderia ser
inferior a 10 dias corridos. Portanto, coube ao empregador, durante a vigência da mencionada MP, esta-
belecer em quantos períodos as férias coletivas seriam concedidas, bem como estabelecer o número
de dias de cada período.
Por analogia ao disposto em relação às férias individuais, entendemos que o pagamento da remu-
neração das férias coletivas, concedidas nestes termos, também pode ser efetuado até o 5º dia útil do
mês subsequente ao início do gozo das férias e o empregador pode optar por efetuar o pagamento do
terço constitucional até o dia 20 de dezembro.
Com base na mencionada MP o empregador, pode antecipar o gozo de feriados não religiosos
federais, estaduais, distritais e municipais, notificando, por escrito ou por meio eletrônico, o conjunto
de empregados beneficiados com antecedência de, no mínimo, 48 horas, mediante indicação expressa
dos feriados aproveitados. Os feriados puderam, também, ser utilizados para compensação do saldo em
banco de horas.
Banco de horas
Embora a MP nº 927/2020 que, entre as medidas, autorizava a realização de banco de horas com
regras específicas, tenha perdido a eficácia por não ter sido convertida em lei no prazo legal, lembramos
que, os atos praticados durante a sua vigência continuam válidos. Veja, se necessário, a informação
“Importante” constante do item 17.
A MP em comento, determinou que, por meio de acordo coletivo ou acordo individual escrito
(formal) pode ser estabelecido o banco de horas, a favor da empresa ou do empregado, para a posterior
compensação nos 18 meses após a cessação do estado de calamidade pública.
Assim sendo, o empregador pode determinar que os empregados ficassem em suas residências
neste período de emergência, pagando os salários correspondentes e, assim que encerrar o período
emergencial, eles poderão trabalhar mais 2 horas por dia (observado o limite de 10 horas diárias) para
compensar as horas não trabalhadas neste período. Esta compensação deverá ser feita em até 18 meses
após a cessação do período de calamidade pública.
Exames médicos/Treinamentos
Embora a MP nº 927/2020 que, entre as medidas, autorizava a suspensão de exames médicos e
treinamento, tenha perdido a eficácia por não ter sido convertida em lei no prazo legal, lembramos que,
os atos praticados durante a sua vigência continuam válidos. Veja, se necessário, a informação “Impor-
tante” constante do item 17.
Assim sendo, se a empresa deixou de realizar algum exame médico ou treinamento de emprega-
dos com base na MP nº 927/2020 e durante a sua vigência, este ato é considerado válido.
A Lei nº 13.989/2020 determinou que durante a pandemia decorrente do Coronavírus, fica auto-
rizado, em caráter emergencial, o uso da telemedicina, assim entendida, entre outros, o exercício da
medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e
promoção de saúde.
O médico deverá informar ao paciente todas as limitações inerentes ao uso da telemedicina, ten-
do em vista a impossibilidade de realização de exame físico durante a consulta.
FGTS
Por meio da Circular Caixa nº 921/2020, que aprovou o Manual de Orientação de Recolhimentos
Mensais e Rescisórios do FGTS, Capítulo I, item 3, foram divulgadas as orientações a serem observadas
pelos empregadores, sendo determinado, entre outros, que:
a) puderam fazer usos desta prerrogativa todos os empregadores, inclusive o empregador do-
méstico, independentemente de adesão prévia;
b) para o uso da prerrogativa de suspensão da exigibilidade do recolhimento do FGTS, o empre-
gador e o empregador doméstico permaneceram obrigados a declarar as informações, até o
dia 07 de cada mês, na forma seguinte, por meio do Conectividade Social e eSocial, conforme
o caso:
b.1) os empregadores usuários do Sefip adotaram as orientações contidas no Manual da
GFIP/SEFIP para Usuários do SEFIP 8.4, em seu Capítulo I, item 7, obrigatoriamente com o
uso da modalidade 1 (Declaração ao FGTS e à Previdência);
436 Guia de Cálculos Trabalhistas
Parcelas - Pagamento
Por meio da Resolução CC/FGTS nº 961/2020, foi estabelecida, entre outras, regra excepcional e
transitória aplicável aos empregadores com parcelamentos de débitos para com o FGTS vigentes em
22.03.2020, sendo determinado que:
a) as parcelas com vencimento entre os meses de março e agosto de 2020, que inadimplidas não
implicarão na rescisão automática do parcelamento;
b) no caso de não quitação das mencionadas parcelas, fica autorizada a reprogramação de ven-
cimentos do fluxo de pagamentos remanescente, de modo a acomodar sequencialmente as
parcelas que permaneceram em aberto a partir do mês de setembro de 2020, independente de
formalização de aditamento contratual;
c) as parcelas não pagas integralmente que tiverem vencido ou vencerem, originalmente, nos
meses de março, abril, maio, junho, julho e agosto de 2020, somente poderão ser consideradas
inadimplidas, para fins de rescisão do parcelamento, a partir dos meses de setembro, outubro,
novembro, dezembro, todos de 2020, e janeiro e fevereiro de 2021, respectivamente.
Tais determinações não afastam a incidência da atualização e de todas as multas e demais encar-
gos previstos na legislação.
O anteriormente mencionado não se aplica a débitos de FGTS de caráter rescisório, que deverão
ser pagos na forma da Resolução CC/FGTS nº 940/2019.
Foi também suspensa a contagem do prazo prescricional dos débitos relativos a contribuições do
FGTS pelo prazo de 120 dias, contado de 22.03.2020.
Art. 61 - Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite legal
ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclu-
são de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.
§ 1º - O excesso, nos casos deste artigo, pode ser exigido independentemente de convenção cole-
tiva ou acordo coletivo de trabalho.
§ 2º - Nos casos de excesso de horário por motivo de força maior, a remuneração da hora exceden-
te não será inferior à da hora normal. Nos demais casos de excesso previstos neste artigo, a remunera-
ção será, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) superior à da hora normal, e o trabalho não poderá
exceder de 12 (doze) horas, desde que a lei não fixe expressamente outro limite.
Vasos sob pressão (NR 13) - Postergação do prazo para inspeção periódica
Durante a vigência do estado de emergência decorrente do Coronavírus, pode ocorrer a poster-
gação de até 6 meses (improrrogável) do prazo previsto para a inspeção de segurança periódica de vaso
sob pressão, tubulação e tanque metálico de armazenamento, estipulada na Norma Regulamentadora
nº 13 (NR 13), atualmente com redação da Portaria MTb nº 1.082/2018.
Referida postergação, nos termos da Portaria SEPRT nº 15.797/2020, deve ocorrer mediante justifi-
cativa formal do empregador, acompanhada por análise técnica e respectivas medidas de contingência
para mitigação dos riscos, elaborada por profissional habilitado ou por grupo multidisciplinar por ele
coordenado, com emissão da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).
Autorização de saque de até um salário-mínimo do saldo das contas vinculadas, por trabalhador
Como mais uma medida de enfrentamento da pandemia decorrente do Coronavírus, o gover-
no federal, por meio da Medida Provisória nº 946/2020, havia determinado que, a partir de 15.06 e até
31.12.2020, cada trabalhador poderia sacar de sua conta vinculada do FGTS, o valor máximo de R$ 1.045,00
(um salário-mínimo).
Se o trabalhador possuísse mais de uma conta vinculada, o mencionado saque seria feito na se-
guinte ordem:
a) contas vinculadas relativas a contratos de trabalho extintos, com início pela conta que tiver o
menor saldo; e
b) demais contas vinculadas, com início pela conta que tiver o menor saldo.
Os saques seriam efetuados conforme cronograma de atendimento, critérios e forma estabeleci-
dos pela Caixa, sendo permitido o crédito automático para conta de depósitos de poupança de titula-
ridade do trabalhador previamente aberta na Caixa, desde que o trabalhador não se manifeste negati-
Guia de Cálculos Trabalhistas 439
vamente, ou o crédito em conta bancária de qualquer instituição financeira, indicada pelo trabalhador,
desde que seja de sua titularidade.
A transferência para outra instituição financeira não acarretaria cobrança de tarifa pela instituição
financeira.
Ocorre que a Medida Provisória em comento (MP nº 946/2020) teve seu prazo de vigência encer-
rado no dia 04.08.2020 (Ato Declaratório CN nº 101/2020), por não ter sido convertida em lei. Contudo, a
mesma vigorou até 03.08.2020 e, os atos que foram praticados durante a sua vigência continuam válidos.
Determina o art. 62 da Constituição Federal, que cabe ao Congresso Nacional, disciplinar, por
meio de decreto legislativo, as relações jurídicas decorrentes da MP nº 946/2020. Não editado o decreto
legislativo em até 60 dias, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a
vigência da MP continuarão por ela regidos.
Para que a recontratação possa ser efetuada em termos diversos do contrato anterior é necessá-
rio negociação coletiva com o sindicato da categoria profissional respectiva.
Licença remunerada
Poderá o empregador, também, optar pela concessão de licença remunerada aos empregados,
como forma de proteção, evitando a exposição dos mesmos ao Coronavírus. Nesse caso, o período de
licença constitui uma interrupção do contrato de trabalho, com percepção normal dos salários.
O programa não será aplicado no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios, aos órgãos da administração pública direta e indireta, às empresas públicas e sociedades de
economia mista, inclusive às suas subsidiárias, e aos organismos internacionais.
440 Guia de Cálculos Trabalhistas
Nota
A concessão e o pagamento do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda fica condicionado às dispo-
nibilidades orçamentárias e à duração do estado de calamidade pública.
O benefício também não será devido no caso de ser verificada a exigência de manutenção da
mesma produtividade ou do mesmo desempenho do trabalho existentes antes da redução proporcional
Guia de Cálculos Trabalhistas 441
de jornada e salário para os empregados não sujeitos a controle da jornada de trabalho (art. 62 da CLT)
e também no caso de empregados que recebam remuneração variável.
Concessão - Requisitos
Nota
A Medida Provisória nº 982/2020, disciplina a criação da conta tipo poupança social digital para o recebimento do BEm.
Para tanto, o empregador poderá enviar arquivos contendo as informações solicitadas, conforme
leiaute padronizado disponível no endereço eletrônico “http://servicos.mte.gov.br/bem/”.
A informação do acordo para recebimento do benefício deverá ser realizada pelo empregador
exclusivamente por meio eletrônico, no endereço https://servicos.mte.gov.br/bem.
O empregador doméstico e empregador pessoa física serão direcionados para o portal “gov.br” para:
a) providenciar sua senha de acesso, conforme os procedimentos do portal;
b) informar individualmente cada acordo; e
c) após a informação do acordo, acompanhar o resultado do processamento das informações
remetidas e o resultado do pedido de concessão do BEm.
O empregador pessoa jurídica será direcionado para o portal “empregador web”, atendendo aos
requisitos de habilitação do ambiente, para:
a) informar individualmente, ou por meio de arquivos no formato “csv”, os acordos celebrados; e
b) após a informação do acordo, acompanhar o resultado do processamento das informações
remetidas e o resultado do pedido de concessão do BEm.
Para os acordos realizados antes de 24.04.2020, o BEm terá como data de início a data da celebra-
ção do acordo, desde que informados no prazo de 10 dias a partir de 24.04.2020.
O acordo firmado poderá ser alterado pelo empregador e pelo empregado, a qualquer tempo,
devendo o empregador informar ao ME os dados do acordo alterado em até 5 dias corridos contados
da alteração.
c) no terceiro pagamento mensal, caso realizada após o 50º até o 80º dia de vigência da redução
ou suspensão; ou
d) no pagamento final para ajuste, caso realizado após o 80º dia.
A primeira parcela será liberada 30 dias após a data do início da redução ou suspensão, na hipó-
tese da informação ser prestada no prazo de 10 dias da celebração do acordo, ou a partir da informação
do empregador, se a comunicação for efetivada após o prazo de 10 dias da celebração do acordo, e as
demais parcelas serão creditadas a cada intervalo de 30 dias, contados da emissão da parcela anterior.
Deferido o benefício, será mantida como data de início do BEm aquela constante da informação
do acordo, incluindo-se a parcela correspondente no próximo lote de pagamento disponível.
444 Guia de Cálculos Trabalhistas
Se o BEm for indeferido ou arquivado por não atendimento de exigências de regularização das
informações ou de indeferimento de recurso, o empregador ficará responsável pelo pagamento da
remuneração no valor anterior à redução proporcional da jornada de trabalho e de salário ou à sus-
pensão temporária do contrato de trabalho do empregado, inclusive dos respectivos tributos, contri-
buições e encargos devidos. O mesmo será aplicável para os casos de cessação de BEm motivados
por ato atribuível ao empregador e para os períodos cujos pagamentos tenham sido considerados
indevidos.
Valor do benefício
O valor do benefício terá como base de cálculo o valor mensal do seguro-desemprego (*) a que o
empregado teria direito, observadas as seguintes disposições:
a) na hipótese de redução de jornada de trabalho e de salário, será calculado aplicando-se sobre
a base de cálculo o percentual da redução; e
b) na hipótese de suspensão temporária do contrato de trabalho, terá valor mensal:
b.1) equivalente a 100% do valor do seguro-desemprego a que o empregado teria direito, no
caso de empregado de empresa com faturamento de até R$ 4.800.000,00 no ano de 2019; ou
b.2) equivalente a 70% do seguro-desemprego a que o empregado teria direito, no caso de
empresa que auferiu, no ano-calendário de 2019, receita bruta superior a R$ 4.800.000,00,
posto que nesta situação a empresa fica obrigada a conceder ajuda compensatória men-
sal no valor de 30% do valor do salário do empregado, durante o período da suspensão
temporária de trabalho pactuado.
Nos casos em que o cálculo do benefício emergencial resultar em valores decimais, o valor a ser
pago deverá ser arredondado para a unidade inteira imediatamente superior.
(*) Para cálculo do valor do benefício do seguro-desemprego, segundo as faixas salariais a que se refere
a Lei nº 7.998/1990, art. 5º, serão aplicados os seguintes critérios:
O salário será calculado com base no mês completo de trabalho, mesmo que o trabalhador não
tenha trabalhado integralmente em qualquer dos 3 últimos meses.
Não será computada na média de salários a competência em que houver redução proporcional
de jornada e de salários.
Caso o trabalhador não tenha percebido os 3 últimos salários, o valor base será apurado com a
média dos 2 últimos ou, ainda, no valor do último salário e, na ausência de informações no CNIS sobre
os últimos 3 meses do salário, o valor base será o valor do salário-mínimo nacional.
Guia de Cálculos Trabalhistas 445
O empregador é responsável pelo pagamento de eventual diferença entre o valor pago pela União
e o efetivamente devido ao empregado, quando a diferença decorrer de ausência ou erro nas informa-
ções prestadas pelo empregador que constituem as bases do CNIS.
Recurso administrativo
As notificações referentes ao BEm quanto à necessidade de cumprimento de exigências, arquiva-
mento, deferimento e indeferimento serão realizadas exclusivamente por meio digital, mediante cadas-
tramento em sistema próprio e utilização de certificado digital ou uso de login e senha, no portal "gov.br"
para notificações endereçadas ao empregador doméstico e ao empregador pessoa física ou no portal
"empregador web" para notificações endereçadas ao empregador pessoa jurídica.
Após o registro das informações sobre o acordo, a notificação em relação à decisão proferida so-
bre o BEm ocorrerá em até 15 dias corridos.
O recurso deverá ser julgado em até 30 dias corridos contados da data da interposição.
As defesas e recursos do empregador pessoa jurídica serão interpostos pelo portal "empregador
web" e as do empregador doméstico e do empregador pessoa física serão interpostos pelo portal "gov.br".
O empregado poderá, nas mesmas hipóteses previstas para o empregador, apresentar as defesas
e interpor os recursos em relação ao seu BEm. Neste caso, o recurso e a defesa serão interpostos por
meio do portal "gov.br" ou pelo aplicativo Carteira de Trabalho Digital.
446 Guia de Cálculos Trabalhistas
Na hipótese de omissão do empregado quanto a obrigação mencionada nas letras “d”, “e” e “f”
ficará obrigado a recolher a diferença recebida ao Ministério da Economia por meio de Guia de Recolhi-
mento da União (GRU).
Nas hipóteses de cessação do benefício ou sua alteração, o empregador ficará responsável pelo
pagamento da remuneração no valor anterior à redução proporcional da jornada de trabalho e de salário
ou à suspensão temporária do contrato de trabalho do empregado ou de eventuais diferenças decorren-
tes, inclusive dos respectivos tributos, contribuições e encargos devidos.
Serão inscritos em dívida ativa da União os créditos constituídos em decorrência de BEm pago
indevidamente ou além do devido, hipótese em que se aplica o disposto na Lei nº 6.830/1980, para a
execução judicial.
Exemplo
1) Considerando um empregado que em virtude do valor da remuneração auferida, teria direito ao seguro-de-
semprego no valor máximo, ou seja, R$ 1.813,03, temos:
Cálculo
SALÁRIO
REDUÇÃO DE 25% REDUÇÃO DE 50% REDUÇÃO DE 70%
ANTES DA REDUÇÃO
Visualizando:
Lembrando, porém, que o período máximo permitido fica limitado à duração do estado de calami-
dade pública, ou seja, até 31.12.2020.
A suspensão pode ser feita de forma fracionada, em períodos sucessivos ou intercalados, desde
que esses períodos sejam iguais ou superiores a 10 dias e que a contagem de todos os períodos de
suspensão efetuadas não ultrapasse o prazo máximo permitido de 180 dias.
Para tanto, a suspensão será pactuada, conforme o caso, por convenção coletiva, acordo coletivo
de trabalho ou acordo individual escrito entre empregador e empregado, nesta última hipótese (acordo
individual), a proposta do acordo deverá ser encaminhada ao empregado com antecedência de, no mí-
nimo, 2 dias corridos.
b) considerando que a empresa já tenha efetuado 2 acordos de suspensão temporária do contrato de trabalho,
sendo o primeiro, de 30 dias, o segundo de 60 dias, poderá, agora, acordar com o empregado nova suspensão
por 90 dias, totalizando 180 dias (prazo máximo permitido), ou seja, 30 dias do 1º acordo + 60 dias do 2º acordo
+ 90 dias do novo acordo);
c) caso a empresa ainda não tenha estabelecido nenhum acordo de suspensão de contrato, poderá, agora, ne-
gociar a suspensão por até 180 dias.
Nos casos em que o cálculo do benefício resultar em valores decimais, o valor a ser pago deverá
ser arredondado para a unidade inteira imediatamente superior.
Para os empregados que não se enquadram em uma das situações mencionadas anteriormente,
a pactuação deverá ocorrer mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho, exceto nas situações
a seguir as quais permitem a pactuação por acordo individual escrito:
a) redução proporcional de jornada de trabalho/salário de 25%;
Guia de Cálculos Trabalhistas 455
Os atos necessários à pactuação dos acordos individuais escritos poderão ser realizados por
quaisquer meios físicos ou eletrônicos eficazes.
Exemplo
Se o empregado teve a redução da jornada e salário pelo prazo de 90 dias, terá a garantia de emprego por 180
dias, ou seja, os 90 dias relativos à redução e mais 90 após o restabelecimento da jornada.
Estas condições não se aplicam às hipóteses de dispensa a pedido ou por justa causa do empregado.
Nota
O Decreto nº 10.282/2020, alterado pelo Decreto nº 10.342/2020 e pelo Decreto nº 10.344/2020 em seu art. 3º, elenca os servi-
ços públicos e as atividades essenciais indispen-sáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, assim
considerados aqueles que, se não atendidos, colocam em perigo a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
Guia de Cálculos Trabalhistas 457
Fiscalização
As irregularidades constatadas pela Auditoria Fiscal do Trabalho (AFT) quanto aos acordos de re-
dução de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão temporária do contrato de trabalho sujeitam
os infratores à multa prevista no art. 25 da Lei nº 7.998/1990.
O benefício será custeado com recursos da União e será operacionalizado e pago pelo Ministério
da Economia. A concessão e o pagamento do benefício emergencial mensal, observada a prorrogação,
ficam condicionados às disponibilidades orçamentárias e à duração do estado de calamidade pública.
b.1) de benefício de prestação continuada do RGPS ou do RPPS, exceto a pensão por morte e
o auxílio-acidente;
b.2) do seguro-desemprego, em qualquer de suas modalidades; e
b.3) da bolsa de qualificação profissional de que trata o art. 2º-A da Lei nº 7.998/1990.
Será considerado apto a receber o benefício o empregado com contrato de trabalho intermitente
celebrado até 1º.04.2020, independentemente de:
a) se encontrar em período de inatividade ou possuir remunerações no CNIS, no período anterior
a 1º.04.2020; ou
b) ter o contrato de trabalho intermitente rescindido após 1º.04.2020.
Para tanto, será considerado empregado com contrato de trabalho intermitente aquele cujo con-
trato de trabalho tenha sido informado pelo empregador até 02.04.2020 e esteja identificado na base de
dados do CNIS.
ASPECTOS PREVIDENCIÁRIOS
O Ato Declaratório Executivo Codac nº 14/2020 determinou que para fins de aplicação da prorro-
gação em comento, a empresa/contribuinte deverá rejeitar a GPS gerada pelo Sefip e calcular, de forma
manual, as contribuições cujos vencimentos não foram prorrogados pela Portaria ME nº 139/2020.
Não obstante o referido veto, observa-se que a redução prevista originalmente na Medida Provi-
sória nº 932/2020 produziu efeitos no período de abril a junho/2020, ou seja, o fato gerador das contri-
buições observa o princípio da competência e, nas competências abril, maio e junho estava em plena
vigência a Medida Provisória nº 932/2020, a qual determinava a redução pela metade das mencionadas
alíquotas de contribuição para o Sistema S.
Lembramos que as contribuições para terceiros se sujeitam às mesmas condições das contribui-
ções para a Previdência Social e, conforme determinam os arts. 52 e 109 da Instrução Normativa RFB nº
971/2009, em relação à empresa, considera-se ocorrido o fato gerador da obrigação previdenciária prin-
cipal e existentes seus efeitos, no mês em que for paga, devida ou creditada a remuneração, o que ocor-
rer primeiro, a segurado empregado ou a trabalhador avulso em decorrência da prestação de serviço,
sendo que a contribuição para terceiros (Sistema S), observa a mesma base de cálculo da contribuição
previdenciária.
Portanto, no nosso entendimento, a redução pela metade das alíquotas de contribuições a tercei-
ros mencionadas neste subitem são aplicadas às competências, abril, maio e junho, posto que o fato
gerador das mesmas ocorreram durante a vigência da Medida Provisória nº 932/2020.
O Ato Declaratório Executivo Codac nº 14/2020 determinou que para fins da mencionada redução
de alíquotas relativas às competências abril, maio e junho de 2020, cujos recolhimentos devem ser fei-
tos nos meses de maio, junho e julho de 2020, respectivamente, a empresa/contribuinte deverá:
Guia de Cálculos Trabalhistas 461
Vale ressaltar, no entanto, que a prorrogação dos prazos na forma mencionada não afasta a inci-
dência de juros, na forma prevista na respectiva lei de regência do parcelamento.
A prorrogação dos prazos de vencimento de parcelas não implica direito à restituição ou compen-
sação de quantias eventualmente já recolhidas.
Esta prorrogação não se aplica aos parcelamentos de tributos apurados na forma do Regime Es-
pecial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte (Simples Nacional).
Por meio da Resolução CGSN nº 155/2020, em caráter excepcional, foram prorrogadas as datas
de vencimento das parcelas mensais relativas aos parcelamentos administrados pela RFB e pela PGFN,
dos tributos apurados no âmbito do Simples Nacional e do Sistema de Recolhimento em Valores Fixos
Mensais dos Tributos abrangidos pelo Simples Nacional (Simei), conforme demonstrado no quadro a
seguir:
Abono anual
Embora a MP nº 927/2020 que, entre as medidas, autorizou o pagamento do abono anual no ano
de 2020 em duas parcelas conforme a seguir, tenha perdido a eficácia por não ter sido convertida em
lei no prazo legal, lembramos que, os atos praticados durante a sua vigência continuam válidos. Veja, se
necessário, a informação “Importante” constante do item 17.
462 Guia de Cálculos Trabalhistas
Na hipótese de cessação programada do benefício prevista antes de 31.12.2020, será pago o valor
proporcional do abono anual ao beneficiário.
Sempre que ocorrer a cessação do benefício antes da data programada, para os benefícios tem-
porários, ou antes de 31.12.2020, para os benefícios permanentes, deverá ser providenciado o encontro
de contas entre o valor pago ao beneficiário e o efetivamente devido.
A legislação previdenciária determina que o segurado empregado que ficar incapacitado para o
seu trabalho por mais de 15 dias, desde que atenda aos demais requisitos exigidos por lei, terá direito ao
benefício por incapacidade temporária (auxílio-doença).
Observa-se, portanto, que, para que o segurado tenha direito ao benefício previdenciário, é neces-
sária a constatação da incapacidade para o trabalho comprovada mediante atestado médico.
Assim, o simples fato de o empregado estar isolado ou em quarentena, mas sem apresentar sinto-
mas que o incapacite para o trabalho, não lhe confere o direito ao benefício. Para tanto, se faz necessária
a existência da incapacidade comprovada por atestado médico.
Por outro lado, se a contaminação pelo Coronavírus acarretou agravos à saúde do empregado,
tendo afetado a sua capacidade laboral por mais de 15 dias, atestada por médico, este fará jus ao bene-
fício previdenciário a partir do 16º dia de afastamento do trabalho, cabendo à empresa o pagamento dos
15 primeiros dias.
O art. 5º da Lei nº 13.982/2020 determina que nesta hipótese (concessão de benefício por inca-
pacidade temporária decorrente da contaminação pelo Coronavírus), a empresa poderá deduzir das
contribuições previdenciárias devidas, o valor correspondente aos 15 primeiros dias de afastamento,
limitado a R$ 6.101,06 (limite máximo do salário de contribuição).
O Ato Declaratório Executivo Codac nº 14/2020, alterado pelo Ato Declaratório Executivo Codac nº
15/2020, determinou que para fins desta dedução a empresa/contribuinte deverá:
Guia de Cálculos Trabalhistas 463
A Lei nº 13.982/2020 autorizou o INSS a antecipar 1 salário-mínimo mensal (R$ 1.045,00) para os
requerentes do benefício por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença), a contar de 02.04.2020
ou até a realização de perícia pela Perícia Médica Federal, o que ocorrer primeiro.
Nota
É facultado ao segurado requerer a concessão do benefício de auxílio por incapacidade temporária em qualquer APS cuja
unidade de atendimento da perícia médica esteja com o serviço de agendamento disponível, mesmo que resida em muni-
cípio que se enquadre no disposto na letra “b”, situação na qual não terá direito à antecipação.
Nota
O beneficiário poderá requerer a prorrogação da antecipação com base no período de repouso informado no atestado
médico anterior ou solicitar novo requerimento mediante apresentação de novo atestado médico, limitada a prorrogação
da antecipação ao prazo de 60 dias.
d) deverá ser anexado ao requerimento da antecipação, por meio do site ou aplicativo "Meu INSS"
e mediante declaração de responsabilidade pelos documentos apresentados, o atestado mé-
dico, que deverá observar, cumulativamente, os seguintes requisitos:
d.1) estar legível e sem rasuras;
d.2) conter a assinatura do profissional emitente e carimbo de identificação, com registro do
respectivo Conselho de Classe ou Registro Único do Ministério da Saúde (RMS);
d.3) conter as informações sobre a doença ou Código Internacional de Doenças (CID); e
d.4) conter o período estimado de repouso necessário;
464 Guia de Cálculos Trabalhistas
Os efeitos financeiros das antecipações não poderão exceder o dia 31.12.2020, ficando ressalvada
a possibilidade de o segurado apresentar pedido de revisão para fins de obtenção integral e definitiva
do auxílio por incapacidade temporária, na forma estabelecida pelo INSS.
pactuada ou, no caso do empregado com contrato de trabalho intermitente, será considerado que não
houve remuneração.
Recebida a informação de remuneração na GFIP, após recolhimento de contribuição facultativa na
forma do parágrafo anterior, a contribuição incidente sobre o valor declarado será recalculada e eventual
excedente deverá ser devolvido ao segurado atualizado pela variação do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC) ou, em caso de insuficiência do valor recolhido para o salário de contribuição reco-
nhecido, o segurado deve ser notificado para complementação facultativa, na forma a ser ainda regula-
mentada.
Será devolvido ao segurado, no prazo de até 60 dias contado de 1º.07.2020, o valor correspondente
à diferença entre as contribuições eventualmente já recolhidas com base no art. 8º, § 2º, II da Medida
Provisória nº 936/2020, e no art. 21, caput ou inciso I do § 2º da Lei nº 8.212/1991, e as contribuições devidas
conforme mencionado neste subitem, atualizado pela variação do INPC.
Considera-se salário de contribuição, além das parcelas de que tratam os incisos I, II e IV do caput
do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, o valor declarado e objeto de recolhimento pelo segurado na forma deste
subitem, observado o limite máximo do salário de contribuição.
As mesmas regras serão aplicadas ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou
obtiver guarda judicial para fins de adoção, devendo o salário-maternidade ser pago diretamente pela
Previdência Social.
A Lei nº 13.982/2020, em seu art. 2º, e o Decreto nº 10.316/2020, que o regulamentou, determina-
ram que a partir de 02.04.2020, será concedido auxílio emergencial mensal, no valor de R$ 600,00 e pelo
prazo de 3 meses (veja nota 1 adiante), aos trabalhadores a seguir:
a) microempreendedor individual (MEI);
b) contribuinte individual do RGPS;
c) trabalhador informal (veja nota 2 adiante) de qualquer natureza (empregado em situação irre-
gular, autônomo, desempregado, inclusive o trabalhador sob contrato de trabalho intermitente
não formalizado ), desde que inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal (CadÚnico), até 20.03.2020, ou que, nos termos de autodeclaração, alegue que a renda
familiar mensal per capita é de até R$ 522,50 (meio salário-mínimo) ou que a renda familiar
mensal total é de até R$ 3.135,00 (3 salários-mínimos).
Notas
(1) O auxílio emergencial de R$ 600,00 foi prorrogado pelo período complementar de 2 meses, na hipótese de requerimento
realizado até 02.07.2020, desde que o requerente atenda aos requisitos legais (Decreto nº 10.412/2020).
(2) É considerado trabalhador informal a pessoa com idade igual ou superior a 18 anos que não seja beneficiário do seguro
desemprego e que:
a) preste serviços na condição de empregado sem a formalização do contrato de trabalho;
b) preste serviços na condição de empregado intermitente sem a formalização do contrato de trabalho;
c) exerça atividade profissional na condição de trabalhador autônomo; ou
d) esteja desempregado.
O trabalhador intermitente ativo é o empregado com contrato de trabalho intermitente formalizado até 1º.04.2020, ainda
que não perceba remuneração.
Requisitos exigidos
Para ter direito ao auxílio emergencial o trabalhador deverá comprovar, cumulativamente, os se-
guintes requisitos:
a) ser maior 18 anos de idade, salvo no caso de mães adolescentes;
b) não ter emprego formal ativo, entendendo-se como tal os contratados nos termos da CLT, to-
dos os agentes públicos e titulares de mandato eletivo;
c) não ser titular de benefício previdenciário ou assistencial ou beneficiário do seguro-desempre-
go ou de programa de transferência de renda federal, ressalvado o bolsa família. No caso do
bolsa família, o benefício emergencial o substituirá, temporariamente e de ofício, nas situações
em que for mais vantajoso, ainda que haja um único beneficiário no grupo familiar;
d) ter renda familiar mensal per capita de até R$ 522,50 (meio salário-mínimo) ou tenha renda fa-
miliar mensal total de até R$ 3.135,00 (3 salários mínimos). Estas condições serão verificadas no
CadÚnico para os inscritos e mediante autodeclaração para os demais por meio de plataforma
digital;
e) não ter auferido, no ano de 2018, rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70;
f) ser inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), devendo a inscrição estar regular.
A renda familiar é a soma dos rendimentos brutos auferidos por todos os membros da unidade
nuclear (pai, mãe e filhos), eventualmente ampliada por outros indivíduos que contribuam para o rendi-
Guia de Cálculos Trabalhistas 467
mento ou que tenham suas despesas atendidas por aquela unidade familiar, todos moradores em um
mesmo domicílio. Não serão incluídos na renda familiar os rendimentos percebidos de programas do
bolsa família.
A renda familiar per capita é a razão entre a renda familiar mensal e o total de indivíduos na família.
Para fins de pagamento do auxílio emergencial para pessoas incluídas no Cadastro Único,
será utilizada a base de dados do Cadastro Único em 02.04.2020, inclusive para as famílias bene-
ficiárias do Programa Bolsa Família, desconsideradas eventuais atualizações cadastrais realizadas
após esta data.
Operacionalização
O auxílio emergencial será operacionalizado e pago, em 3 prestações mensais (veja nota 1 adian-
te), por instituições financeiras públicas federais, preferencialmente por meio de conta depósito ou con-
ta poupança de titularidade do trabalhador ou por meio de conta poupança social digital, de abertura
automática em nome dos beneficiários, a qual possuirá as seguintes características:
a) dispensa da apresentação de documentos;
b) isenção de cobrança de tarifas de manutenção, observada a regulamentação específica esta-
belecida pelo Conselho Monetário Nacional;
c) ao menos 1 transferência eletrônica de valores ao mês, sem custos, para conta bancária man-
tida em qualquer instituição financeira habilitada a operar pelo Banco Central do Brasil;
d) não passível de emissão de cartão eletrônico, cheques ou ordens de pagamento para sua mo-
vimentação.
Notas
(1) O auxílio emergencial de R$ 600,00 foi prorrogado pelo período complementar de 2 meses, na hipótese de requerimento
realizado até 02.07.2020, desde que o requerente atenda aos requisitos legais (Decreto nº 10.412/2020).
(2) A Portaria MC nº 386/2020 dispõe sobre o calendário de pagamentos e saques do auxílio emergencial.
(3) A Medida Provisória nº 982/2020 disciplina a criação da conta tipo poupança social digital para o recebimento do be-
nefício.
A plataforma digital poderá ser utilizada para o acompanhamento da elegibilidade ao auxílio emer-
gencial por todos os trabalhadores.
Os dados extraídos pelo Ministério da Cidadania do Cadastro Único e os dados inseridos na pla-
taforma digital, poderão ser submetidos a cruzamentos com as bases de dados do Governo federal,
468 Guia de Cálculos Trabalhistas
incluídas as bases de dados referentes à renda auferida pelos integrantes do grupo familiar e, após a
verificação do cumprimento dos critérios estabelecidos na Lei nº 13.982/2020, os beneficiários serão
incluídos na folha de pagamento do auxílio emergencial.
Preferência de pagamento
O pagamento do auxílio emergencial está limitado a 2 membros da mesma família, sendo que
terão preferência os trabalhadores:
a) do sexo feminino;
b) com data de nascimento mais antiga;
c) com menor renda individual; e
d) pela ordem alfabética do primeiro nome, se necessário, para fins de desempate.
A mulher provedora de família monoparental (grupo familiar chefiado por mulher sem cônjuge ou
companheiro, com pelo menos uma pessoa menor de 18 anos de idade), receberá duas cotas do auxílio,
mesmo que haja outro trabalhador elegível na família.
A Portaria MCID nº 351/2020 determina que no caso de família monoparental com mulher prove-
dora, a família fará jus a:
a) 2 cotas do auxílio emergencial, quando a família for composta por mulher sem cônjuge ou
companheiro, com pelo menos 1 pessoa menor de 18 anos de idade e sem a existência de ou-
tros componentes na família; e
b) a 3 cotas do auxílio, quando a família for composta por mulher sem cônjuge ou companheiro,
com pelo menos 1 pessoa menor de 18 anos e com a existência de componente na família que
atenda aos critérios de elegibilidade do benefício.
O auxílio emergencial poderá ser prorrogado, por ato do Poder Executivo, durante o período de
enfretamento da pandemia decorrente do Coronavírus.
É vedado às instituições financeiras efetuar descontos ou compensações que impliquem a re-
dução do valor do auxílio emergencial, a pretexto de recompor saldos negativos ou de saldar dívidas
preexistentes do beneficiário, sendo válido o mesmo critério para qualquer tipo de conta bancária em
que houver opção de transferência pelo beneficiário.
O beneficiário do auxílio emergencial que receba, no ano-calendário de 2020, outros rendimentos
tributáveis em valor superior ao valor da primeira faixa da tabela progressiva anual do Imposto de Renda
Pessoa Física fica obrigado a apresentar a Declaração de Ajuste Anual relativa ao exercício de 2021 e de-
verá acrescentar ao imposto devido o valor do referido auxílio recebido por ele ou por seus dependentes.
Entretanto, o Poder Executivo federal ainda irá regulamentar o mencionado auxílio emergencial
residual.
O auxílio emergencial residual será, preferencialmente, operacionalizado e pago pelos mesmos
meios e mecanismos utilizados para o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600,00.
Os pagamentos do auxílio emergencial residual poderão ser realizados por meio de conta do tipo
poupança social digital, cuja abertura poderá se dar de forma automática em nome do titular do
benefício, conforme definido em instrumento contratual entre o Poder Executivo federal e a instituição
responsável pela operacionalização do pagamento.
A renda familiar é a soma dos rendimentos brutos auferidos por todos os membros da unidade
nuclear composta por um ou mais indivíduos, eventualmente ampliada por outros indivíduos que con-
tribuam para o rendimento ou que tenham suas despesas atendidas por aquela unidade familiar, todos
moradores em um mesmo domicílio.
Não serão incluídos no cálculo da renda familiar mensal, os rendimentos percebidos no bolsa
família e o auxílio de R$ 600,00.
A renda familiar per capita é a razão entre a renda familiar mensal e o total de indivíduos na família.
470 Guia de Cálculos Trabalhistas
O valor do auxílio emergencial residual devido à família beneficiária do bolsa família será calculado
pela diferença entre o valor total previsto para a família a título do auxílio emergencial residual e o valor
previsto para a família na soma dos benefícios financeiros do bolsa família. Na hipótese de o valor da
soma dos benefícios financeiros percebidos pela família beneficiária do bolsa família ser igual ou maior
do que o valor do auxílio emergencial residual a ser pago, serão pagos apenas os benefícios do bolsa
família. Esta regra, contudo, não será aplicada na hipótese de um dos membros da família beneficiária do
bolsa família ainda receber parcela do auxílio emergencial de R$ 600,00, hipótese em que os benefícios
do bolsa família permanecerão suspensos e o valor do auxílio emergencial residual será de R$ 300,00
para o titular que lhe fizer jus ou de R$ 600,00 para a mulher provedora de família monoparental.
Dentre as referidas ações, será assegurada a concessão de renda emergencial aos trabalhadores
e trabalhadoras da cultura, no valor de R$ 600,00, a ser paga mensalmente desde 30.06.2020 e, também,
retroativamente desde 1º.06.2020, em 3 parcelas mensais sucessivas.
Nota
Compete aos Estados e ao Distrito Federal distribuir a renda emergencial mensal aos trabalhadores da cultura.
Requisitos exigidos
Farão jus à mencionada renda emergencial os trabalhadores e trabalhadoras da cultura com ativi-
dades interrompidas e que comprovem:
a) terem atuado social ou profissionalmente nas áreas artística e cultural nos 24 meses imediata-
mente anteriores à 30.06.2020, comprovada a atuação de forma documental ou autodeclaratória;
b) não terem emprego formal ativo;
c) não serem titulares de benefício previdenciário ou assistencial ou beneficiários do seguro-de-
semprego ou de programa de transferência de renda federal, ressalvado o Programa Bolsa
Família;
d) terem renda familiar mensal per capita de até 1/2 salário-mínimo ou renda familiar mensal total
de até 3 salários-mínimos, o que for maior;
e) não terem recebido, no ano de 2018, rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70;
f) estarem inscritos, com a respectiva homologação da inscrição, em, pelo menos, um dos cadas-
tros a seguir:
- Cadastros Estaduais de Cultura;
- Cadastros Municipais de Cultura;
- Cadastro Distrital de Cultura;
- Cadastro Nacional de Pontos e Pontões de Cultura;
- Cadastros Estaduais de Pontos e Pontões de Cultura;
- Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (Sniic);
- Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab);
- outros cadastros referentes a atividades culturais existentes na unidade da Federação, BEm
como projetos culturais apoiados nos termos da Lei nº 8.313/1991, nos 24 meses imediata-
mente anteriores à 30.06.2020; e
g) não serem beneficiários do auxílio emergencial previsto na Lei nº 13.982/2020.
Atividades abrangidas
Compreendem-se como trabalhador e trabalhadora da cultura as pessoas que participam de ca-
deia produtiva dos segmentos artísticos e culturais descritos a seguir (incluídos artistas, contadores de
histórias, produtores, técnicos, curadores, oficineiros e professores de escolas de arte e capoeira):
a) pontos e pontões de cultura;
b) teatros independentes;
c) escolas de música, de capoeira e de artes e estúdios, companhias e escolas de dança;
d) circos;
e) cineclubes;
f) centros culturais, casas de cultura e centros de tradição regionais;
g) museus comunitários, centros de memória e patrimônio;
h) bibliotecas comunitárias;
i) espaços culturais em comunidades indígenas;
j) centros artísticos e culturais afro-brasileiros;
k) comunidades quilombolas;
l) espaços de povos e comunidades tradicionais;
m) festas populares, inclusive o carnaval e o São João, e outras de caráter regional;
n) teatro de rua e demais expressões artísticas e culturais realizadas em espaços públicos;
o) livrarias, editoras e sebos;
p) empresas de diversão e produção de espetáculos;
q) estúdios de fotografia;
r) produtoras de cinema e audiovisual;
s) ateliês de pintura, moda, design e artesanato;
t) galerias de arte e de fotografias;
u) feiras de arte e de artesanato;
v) espaços de apresentação musical;
w) espaços de literatura, poesia e literatura de cordel;
x) espaços e centros de cultura alimentar de base comunitária, agroecológica e de culturas origi-
nárias, tradicionais e populares;
y) outros espaços e atividades artísticos e culturais validados nos cadastros aos quais se refere o
art. 7º da citada Lei nº 14.017/2020.
12) O colaborador se compromete a manter o contato com a equipe. Embora o seu contato com a
equipe não seja físico, ele não poderá ser diminuído, e deverá estar disponível, full time, durante a jorna-
da, para atender seus colegas e superiores. Lembre-se que o seu trabalho será monitorado, sua eficiên-
cia aferida e o seu comprometimento testado o tempo todo. Portanto, é imprescindível manter contato
permanente com a equipe (telefone, e-mail etc.). É fundamental, também, manter seu gestor ciente dos
seus progressos no exercício da função.
14) Para o bom desempenho da atividade, o colaborador deve se manter sempre atualizado, acom-
panhando e interpretando diariamente as alterações ocorridas na legislação e, sempre que necessário,
buscar o fechamento de entendimentos com a equipe, evitando informações divergentes.
15) Conforme já BEm informado, o sistema de trabalho em home office não gera direito adquirido,
o que vale dizer que o empregador pode, a qualquer momento, determinar a volta da prestação dos
serviços no modo presencial nas dependências da empresa, seja por interesse do empregador, seja por
constatar a desnecessidade da continuidade da medida, seja pelo desempenho insuficiente do colabo-
rador ou, ainda, que este não possui as condições necessárias e condizentes com o bom desempenho
das atividades, tais como: ausência de local adequado na residência; mobiliários que não atendam aos
requisitos na NR 17 (ergonomia) e equipamentos com capacidade insuficiente ao bom desempenho das
funções (por exemplo: Internet com pouca capacidade, wi-fi incompatível com a necessidade, ausência
de meios de comunicação (telefone, fixo, celular etc.).
Por estarem de acordo com os termos do presente aditivo, assinam as partes o presente termo em
duas vias, na presença de duas testemunhas.
_______________________________________________________
Colaborador
_______________________________________________________
Empresa
_______________________________________________________
Testemunha
_______________________________________________________
Testemunha
Guia de Cálculos Trabalhistas 475
Entre as determinações, foi estabelecido que o Órgão Gestor de Mão de Obra não poderá escalar
trabalhador portuário avulso nas seguintes hipóteses:
a) quando o trabalhador apresentar os seguintes sintomas, acompanhados ou não de febre, ou
outros estabelecidos em ato do Poder Executivo federal, compatíveis com a COVID-19: tosse
seca; perda do olfato; dor de garganta ou dificuldade respiratória, comprovado por meio de
atestado médico ou por outra forma estabelecida em ato do Poder Executivo federal;
b) quando o trabalhador for diagnosticado com a COVID-19 ou submetido a medidas de isola-
mento domiciliar por coabitação com pessoa diagnosticada com a COVID-19;
c) quando a trabalhadora estiver gestante ou lactante;
d) quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a 65 anos e não comprovar estar apto ao
exercício de suas atividades;
e) quando o trabalhador tiver sido diagnosticado com: imunodeficiência, doença respiratória ou
doença preexistente crônica ou grave, como doença cardiovascular, respiratória ou metabólica.
Nas hipóteses mencionadas nas letras “a”, “b” e “c”, os trabalhadores ficarão obrigados a informar
imediatamente ao OGMO qualquer alteração em sua situação
O valor pago por cada operador portuário ou tomador de serviço, para fins de repasse aos bene-
ficiários da indenização, será proporcional à quantidade de serviço demandado ao OGMO, cabendo a
este último, calcular, arrecadar e repassar aos beneficiários o valor de suas indenizações.
O mencionado valor terá natureza indenizatória e não integrará remuneração para efeitos de:
a) imposto sobre a renda retido na fonte (IRRF) ou da declaração de ajuste anual do imposto
sobre a renda da pessoa física do empregado;
b) contribuição previdenciária e dos demais tributos incidentes sobre a folha de salários;
c) Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), inclusive para o doméstico; e
Não terão direito à indenização, ainda que estejam impedidos de concorrer à escala, os trabalha-
dores portuários avulsos que:
476 Guia de Cálculos Trabalhistas
Por meio da Portaria MINFRA nº 46/2020, o Ministério da Infraestrutura, entre outras providências,
disciplinou o pagamento da indenização aos trabalhadores portuários avulsos enquanto persistir o im-
pedimento de escalação com fundamento em qualquer das hipóteses previstas no art. 2º da Medida
Provisória nº 945/2020.
Na hipótese de repactuação, será garantido o direito à redução das prestações na mesma propor-
ção de sua redução salarial, para os mutuários de que trata a letra “a”.
Os empregados que forem dispensados até 31.12.2020 e que tenham contratado operações de
empréstimos, de financiamentos, de cartões de crédito e de arrendamento mercantil concedidas por
instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil e contraídas com o desconto em folha
de pagamento ou na remuneração disponível terão direito à novação dessas operações para um con-
trato de empréstimo pessoal, com o mesmo saldo devedor anterior e as mesmas condições de taxa de
juros, encargos remuneratórios e garantias originalmente pactuadas, acrescida de carência de até 120
dias.
CAPÍTULO XVIII
LEGISLAÇÃO