Você está na página 1de 3

Tópicos Avançados em Políticas de Segurança Pública e Efetividade Constitucional

Professora: Dra. Soraia da Rosa Mendes


Aluno: Wesley Carlos da Rocha Ribeiro
Agosto de 2018

Análise Político Criminal – bases metodológicas para uma política criminal minimalista
e democrática.
Discussão: Definição e alcance da política criminal (Capítulo III)

No capítulo em comento o autor ressalta a importância de se definir o que venha a ser


Política Criminal a partir de um marco referencial. Reforça a ideia de que não se trata apenas
de definir, que é o objetivo maior de sua obra, mas suscitar um debate público e político de
questão tão complexa.
O processo político é elemento crucial para a compreensão do que seja de fato Política
Criminal, tendo em vista a existência de discordâncias acerca do conceito, principalmente
pela falta de um marco de referência para os atores diretamente envolvidos no debate.
Para o autor, em outras áreas como a política econômica ou a política educacional,
parece ser menos traumático delinear um marco de referência para a construção de tais
políticas. Entretanto, também ressalta que a ideia de um marco geral de referência não implica
necessariamente se tratar de uma visão fechada, pelo contrário, se trata de algo salutar ao
debate democrático.
O campo econômico tem muita força neste contexto, influenciando fortemente para se
chegar a um consenso a respeito das Políticas Criminais e consequentemente das Políticas
Públicas.
O estabelecimento de um marco de referência é importante para a compreensão do
passado, entender o presente e, ainda, o futuro das políticas públicas sob o ponto de vista
científico.
O autor argumenta que identificar política criminal como sendo uma administração
estatal da violência, entendendo tal premissa até como uma definição bastante modesta.
Tal argumento encontra respaldo em que a sociedade utiliza de eufemismos para não
enfrentar de maneira clara, objetiva a árdua tarefa de administrar a violência (estatal). Tem-se
também a existência de um aparato(aparelho) repressivo que está a serviço de uma classe
especificamente.
Binder faz um paralelo no que tange às estratégias de uma redução do Direito Penal
face aos abolicionistas observando a distinção feita por Ferrajoli. Isso é evidenciado quando
da apresentação de sua percepção em que sustenta que o mal que advém da natureza humana
pede uma porção de violência. E que em determinados contextos tais violência surge como o
melhor dos programas.
E, neste sentido, preceitua que os abolicionistas são as doutrinas que asseveram que a
substituição do direito penal por meios pedagógicos ou mesmo instrumentos de controle de
tipo informal e consequentemente social.
Assim, Binder entende que a política criminal deve ser percebida de forma mais ampla
que a assinalada por Ferrajoli.
Uma Política de Gestão de Conflitos surge como alternativa plausível dentro da
Política criminal em um contexto onde as instituições devem exercer um papel preponderante.
Há discursos confusos em sem muito rigor, tanto por parte da esfera política quanto dos
setores técnicos e acadêmicos.
O autor faz crítica bastante pertinente em relação às instituições que, foram elevadas a
outros patamares. Entretanto, nenhuma tem sido capaz de formular com claridade um
programa político criminal que consiga nortear o sistema penal.
No Brasil podemos citar o caso do Ministério Público que com o advento da
Constituição Federal de 1988, teve sua condição elevada a outro patamar, mas, ainda assim,
não tem conseguido formular efetivamente qualquer programa político criminal (ativismo
judicial?).
Binder, ressalta a necessidade de uma proposta minimalista em que, no primeiro
momento é necessário optar por um sistema no qual prevaleça a ordem a partir de um sistema
penal pragmático ou de um sistema voltado para a gestão de conflitos (Política de
gerenciamento de conflitos).
Reforça ainda que, o fato de optar por um sistema geral de gestão de conflitos não
quer dizer que o estado não intervirá nos conflitos, mas deverá intervir em outros níveis.
Por fim, o autor reforça a necessidade de disciplina Análise Político Criminal como
marco importante na busca de uma Política Criminal inserida em um contexto de política
pública, com método de trabalho, que não pode ser considerada um fim em si mesma.
A necessidade de um marco de referência

O processo social como um processo de conflito

Paradigma de ordem versus Paradigma de gestão de conflitos

Políticas de gerenciamento de conflitos como políticas básicas

Modalidades e níveis de intervenção. Prevenção. Dissuasão. Reação

Formas de coordenação entre sociedade e Estado

A autogestão orientada. Modelos de referência. Valor da lei e das sentenças

Criação de áreas (ambientes) de conciliação

A criação de instituições de resolução (conciliação). A justiça reparadora. O último nível. A


intervenção violenta. O âmbito específico da Política Criminal.

Sentido e alcance de uma fenomenologia da violência estatal

Violência estatal direta. Casos

Violência simbólica. As formas de medo

Retórica da violência. A “mão dura”

Outras formas de violência indireta

A violência dos grupos privados. Os “esquadrões da morte” e a violência paraestatal

O uso da violência estatal está organizado?

O campo da violência estatal

Uma definição de política criminal. Outras definições e perspectivas

O debate entre uma definição ampla ou restrita

Funções da definição restrita

O princípio de ultima ratio em um sentido amplo

A administração estatal da violência

As estratégias de redução constante. O abolicionismo como uma tarefa (dever)

Política criminal e organização do sistema penal

Uma proposta minimalista. Análise e valores

Você também pode gostar