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30 de pesmi: je Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 Sumério Direitos e Deveres Individuais e Coletivas (Parte 02) ‘Questdes Comentadas.. amigos do Estratégia Concursos, tudo bern? ireitos e deveres individual @ coletives. Hoje, © direito de postular em juizo, ao contrério do direito de petic&o, necessita, para ser exercido, de representacao por advogado, salvo em situagdes excepcionais (como é 0 caso do habeas corpus). Portanto, para 0 STF, no é possivel, com base no direlto de peticSo, garantir a qualquer pessoa ajuizar ago, sem a presenca de advogado. Com efeito, o ajuizamento de acdo esta no campo do “direito de postular em juizo”, © que exige advogado, Quando se exerce o direito de petico ou, ginda, quando se solicita uma certido, hé uma garantia implicita a receber uma resposta (no caso de petic&o) ou a obter a certiddo. Quando ha omissdo do Poder Ptiblico (falta de resposta a petico ou negativa ilegal da certido), o remédio constitucional adequado, a ser utilizado na via judicial, é 0 mandado de seguranca. Sobre o direito de certidao, o STF jd se pronunciou da seguinte forma: ® STF, Peticao n® 762/BA AgR . Rel. Min. Sydney Sanches. Didrio da Justiga 08.04.1994 FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul ‘0 direito & certidao traduz prerrogativa juridica, de extrac&o constitucional, destinada a viabilizar, em favor do individuo ou de uma determinada coletividade (como a dos segurados do sistema de previdéncia social), a defesa (individual ou coletiva) de direitos ou © esclarecimento de situacdes, de tal modo que a injusta recusa estatal em fornecer certiddes, ndo obstante presentes os pressupostos legitimadores dessa pretensio, autorizaré a utilizaco de instrumentos processuais adequados, como o mandado de seguranca ou como a prépria acdo civil publica, esta, nos casos em que se configurar a existéncia de direitos ou interesses de cardter transindividual, como os direitos difusos, os "6 As bancas examinadoras adoram dizer que o remédio constitucional destinado a proteger © direito de certidao € 0 habeas data. Isso esta errado! 0 remédio constitucional que protege o direito de certidao € o mandado de seguranca. © habeas data é utilizado, como estudaremos mais & frente, quando nao se tem acesso a informagBes pessoais do impetrante ou quando se deseja retificé-las. Quando alguém solicita uma certidao, j4 tem acesso as informagSes; o que quer é apenas receber um documento formal do Poder Puiblico que ateste a veracidade das informacdes. Portanto, é incabivel 0 habeas data. PraCAR (TCE-PE — 2017) De acordo com a CF, somente estarao isentas do pagamento de taxa para obtencdo de certiddes em reperticao publica para defesa de direitos as pessoas que comprovarem sua hipossuficiénci Comentérios: RE STF 472.489/RS, Rel. Min. Celso de Mello, 13.11.2007. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 de jurisdicdo, que ¢ o sistema de jurisdicdo una, Nesse modelo, somente rio pode dizer o Direito de forma definitiva, isto 6, somente as decisées do Judicidrio fazem coisa julgada material. Contrapondo-se a esse modelo, esté o sistema francés de jurisdig8o (contencioso administrativo), no qual tanto a Administrag3o quanto o Judiciério podem julgar com caréter definitivo. Oart. 52, XXXV, ao dizer que “a lei ndo excluiré da apreciagtio do Poder Judiciério lesGo ou ameaga a direito”, ilustra muito bem a adocdo do sistema inglés pelo Brasil. Trata-se do principio da inafastabilidade de jurisdicao, segundo o qual somente o Poder Judiciario podera decidir uma lide em definitivo. E claro que isso impede que o particular recorra administrativamente ao ter um direito seu violado: ele poders fazé-lo, inclusive apresentando recursos administrativos, se for o caso. Entretanto, todas as decis6es administrativas esto sujeitas a controle judicial, mesmo aquelas das quais néo calba recurso administrativo. Cabe destacar que quaisquer litigios, estejam eles concluidos ou pendentes de solugdo na esfera administrativa, podem ser levados ao Poder Judiciério. No tiltimo caso (pendéncia de solugo administrativa), a deciso administrativa restard prejudicada. O processo administrativo, consequentemente, serd arquivado sem decisio de mérito. Em raz80 do principio da inafastabilidade de jurisdico, também denominado de principio da universalidade de jurisdicSo, nao existe no Brasil, como regra geral, a “Jurisdi¢go condicionada” ou “instancia administrativa de curso forcado”. Isso quer dizer que 0 acesso ao Poder Judicia administrativo prévio referente 8 mesma questo. O direito de ago nio est con procedimento administrativo anterior; uma vez que seu direito foi violado, o particular pode recorrer diretamente ao Poder Judiciério. Hi, todavia, algumas excecdes, nas quais a jurisdicao é condicionada, ou seja, somente é possivel acionar 0 Poder Judiciério depois de prévio requerimento administrative: a) habeas data: um requisito para que seja ajuizado 0 habeas data é a negativa ou omiss8o da ‘Administrac3o Publica em relag%o a pedido administrativo de acesso a informacSes pessoais ou de retificagSo de dados. bb) controvérsias desportivas: 0 art. 217, § 18, da CF/88, determina que “o Poder Judiciério sé admitird a¢6es relativas & disciplina e as competicBes desportivas apés esgotarem-se as insténcias da justica, desportiva, regulada em lei.” ¢) reclamacéo contra o descumprimento de Sdmula Vinculante pela Administracao Publica: o art. 72, § 12, da Lei n? 11,417/2006, dispde que “contra omissdo ou ato da administragéo publica, o uso da reclamacdo s6 seré admitido apés esgotamento das vias administrativas". A reclamacao é aco. utilizada para levar ao STF caso de descumprimento de enunciado de Stimula Vinculante (art. 103-A, 83), Segundo o STF, a reclamacdo esti situada no ambito do direito de peticao (2 n&o no direito de a¢do); portanto, entende-se que sua natureza juridica nfo é a de um recurso, de uma aco e nem de um incidente processual.” STF, ADI n® 2.212/CE. Rel. Min, Ellen Gracio. DJ. 14.11.2003, FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul d) requerimento judicial de beneficio previdencidrio: antes de recorrer ao Poder Judiciario para que Ihe conceda um beneficio previdenciério, faz-se necessério o prévio requerimento administrative a0 INSS. Sem o prévio requerimento administrativo, nfio haverd interesse de agir do segurado. O art. 52, XXXV, da CF/88, representa verdadeira garantia de acesso ao Poder Judiciério, sendo um fundamento importante do Estado Democritico de Direito. Todavia, por mais relevante que seja, no se trata de uma gerantia absoluta: 0 direito de acesso ao Poder Ju deve ser exercido, pelos jurisdicionados, por meio das normas processuais que regem a matéria, no constituindo-se negativa de prestago jurisdicional e cerceamento de defesa a inadmisséo de recursos quando ndo observados os procedimentos estatuidos nas normas instrumentais.* Com efeito, o art. 52, inciso XXXV no obsta que o legislador estipule regras para o ingresso do pleito na esfera jurisdicional, desde que obedecidos os principios da razoabilidade e da proporcionalidade. Quando este fixa formas, prazos e condigées razodveis, nao ofende a Inafastabilidade da Jurisdicao. Destaque-se que o principio da inafastabilidade de jurisdico nao assegura a gratuidade universal no acesso 0s tribunais, mas sim a garantia de que o Judiciério se prestara a defesa de todo e qualquer direito, ainda que contra os poderes puiblicos, independentemente das capacidades econdmicas das partes. E claro que se o valor da taxa judiciaria for muito elevado, isso poderé representar verdadeiro obstaculo ao, direito de acdo. Nesse sentido, entende o STF que viola a garantia constitucional de acesso & jurisdicao @ taxa judiciéria calculada sem limite sobre o valor da causa (Stimula STF n? 667). Com efeito, hd que uma equivaléncia entre o valor da taxa judicidria e o custo da prestacdo jurisdicional; uma taxa judiciaria calculada sobre o valor da causa pode resultar em valores muito elevados, na hipstese de o valor da causa ser alto. Por isso, é razoavel que a taxa judicidria tenha um limite; assim, causas de valor muito elevado n3o resultar8o em taxas judiciérias desproporcionais ao custo da prestaco jurisdicional. A garantia de acesso ao Poder Judiciério é, como dissemos, um instrumento importante para a efetivaco do Estado democrético de direito. Dessa forma, o direito de acdo nao pode ser obstaculizado de maneira desarrazoada. Seguindo essa linha de raciocinio, o STF considerou que “é inconstitucional a exigéncia de depésito prévio como requisito de admissibilidade de acdo judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributdrio” ? (Simula Vinculante n® 28). Segundo a Corte, a necessidade do depésito prévio limitaria 0 proprio acesso a primeira instancia, podendo, em muitos casos, inviabilizar 0 direito de acéo. Outro ponto importante, relacionado a garantia de acesso 20 Poder Judicidrio, é sobre o duplo grau de jurisdicao, Elucidando 0 conceito, explica-se que o duplo grau de jurisdicdo é um reexame da matéria decidida em juizo, ou seja, trata-se de uma nova apreciacao jurisdicional (reexame) por um érgéo diverso e de hierarquia superior aquele que decidiu em primeira instancia. Segundo o STF, 0 duplo grau de jurisdicSo néo consubstancia principio nem garantia constitucional, uma ver que sZo varias as previsdes, na prépria Lei Fundamental, do julgamento em instancia nica ordinaria.™? STF, A.Rg. n° 152.676/PR. Rel. Min, Mauricio Corréa. DJ 03.11.1985. ® stimula Vinculante n® 28: £ inconstitucional a exigéncia de depdsito prévio como requisito de admissibilidade de agiio judicial na qual se pretend discutir a exigibilidade de crédito tributario. 1 RHC 79785 RU; Aglg em Agl 209.954-1/SP, 04.12.1998. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 Em outras palavras, a Constituicdo Federal de 1988 nao estab jurisdicao. ¢ obrigatoriedade de duplo grau de E de se ressaltar, todavia, que 0 duplo grau de jurisdico é principio previsto na Convenc&o Americana de Direitos Humanos, que ¢ um tratado de direitos humanos com hierarquia supralegal regularmente internalizado no ordenamento juridico brasileiro." Assim, parece-nos que a interpretaco mais adequada & a de que, embora o duplo grau de jurisdicao exista no ordenamento juridico brasileiro (em raz3o da incorporacdo a0 direito doméstico da Convencéo Americane de Direitos Humanos), ndo se trata de um principio absoluto, eis que a Constitui¢do estabelece varias excegées @ ele."? Nesse sentido, no cabe recurso da decislo do Senado que julga o Presidente da Repiiblica por crime de responsabilidade; ou, ainda, é irrecorrivel a deciséo do STF que julga o Presidente ‘0s parlamentares nas infracdes penais comuns. io prejudicaré o direito adquirido, o ato juridico perteito e a coisa juigada, | Odireito adquirido, o ato juridico perfeito e a coisa julgada s8o institutos que surgiram como instrumentos de seguranga juridica, impedindo que as leis retroagissem para prejudicar situagées juridicas consolidadas. Eles representam, portanto, a garantia da irretroatividade das lets, que, todavia, ndo ¢ absolute. 0 Estado nao é impedido de criar lels retroativas; estas sero permitidas, mas apenas se beneficiarem os individuos, impondo-lhes situacdo mais favoravel do que a que existia sob a vigéncia da lei anterior. Segundo © STF, “o principio insculpido no inciso XXXVI do art. 52 da Constituicéo ndo impede a edi¢&o, pelo Estado, de norma retroativa (lei ou decreto), em beneficio do particular”. ASimula STF 54 dispBe o seguinte: “A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 52, XXXVI, da Constituigtio da Republica, nao ¢ invocavel pela entidade estatal que a tenha editado.” ‘Vamos s explicacées... Suponha que a Unio tenha editado uma lei retrostiva concedendo um tratamento mais favordvel aos servidores puiblicos do que 0 estabelecido pela lei anterior. Por ser benigna, a lei retroativa pode, sim, ser aplicada mesmo face ao direito adquirido. 11 Q art. 80, n®2,alinea h, da Convenco Americana de Direitos Humanos dispéie que toda pessoa tem “o direito de recorrer dda sentenca para juiz ou tribunal superior’ 42 STF, 2° Turma, Al 601832 Aga/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Dle 02.04.2009. ® STF, 3° Turma, RExtr, n® 184,099/DF, Rel. Min. Octavio Gallotti, RT} 165/327. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul ‘Agora vem a pergunta: poderé a Unido (que editou a lei retroativa) se arrepender do beneficio que concedeu aos seus servidores e alegar em juizo que a lei no é aplicdvel em razdo do principio da irretroatividade das leis? N&o poderé, pois a garantia da irretroatividade da lei nao é invocavel pela entidade estatal que a tenha editado. Vamos, agora, entender os conceitos de direito adquirido, ato juridico perfeito e coisa julgada. a) Direito adquirido é aquele que j se incorporou ao patriménio do particular, uma vez que jé foram cumpridos todos os requisitos aquisitivos exigidos pela lei ent&o vigente. £ 0 que ocorre se vocé cumprir todos 0s requisitos para se aposentar sob a vigéncia de uma lei X. Depois de cumpridas as condigdes de aposentadoria, mesmo que seja criada lei Y com requisitos mais gravosos, vocé tera direito adquirido a se aposenter. O direito adquirido difere da “expectativa de direito”, que nao ¢ alcancada pela protecio do art. 52, inciso XXXVI. Suponha que a lei atual, ao dispor sobre os requisitos para aposentadoria, Ihe garanta © direito de se aposentar daqui a 5 anos. Hoje, vocé ainda ndo cumpre os requisitos necessérios para se aposentar; no entanto, daqui a 5 anos os terd todos reunidos. Caso amanhé seja editada uma nova lei, que imponha requisitos mais dificeis para a aposentadoria, fazendo com que vocé s6 possa se aposentar daqui a 10 anos, ela nao estaré ferindo seu direito. Veja: vocé ainda néo tinha direito adquirido & aposentadoria (ainda no havia cumprido os requisitos necessérios para tanto), mas mera expectativa de direito. b) Ato juridico perfeito é aquele que retine todos os elementos constitutivos exigidos pela lei; é 0 ato ja consumado pela lel vigente ao tempo em que se efetuou."> Tome-se como exemplo um contrato celebrado hoje, na vigéncia de uma lei X. ¢) Coisa julgada compreende a decisdo judicial da qual no cabe mais recurso. E importante destacar que, no art. 52, inciso XXXV, 0 vocébulo “lei” esté empregado em seus sentidos formal (fruto do Poder Legislativo) e material (qualquer norma juridica). Portanto, inclui emendas constitucionais, leis ordinarias, leis complementares, resolugdes, decretos legislativos e varias outras modalidades normativas. Nesse sentido, tem-se 0 entendimento do STF de que a vedacdo constante do inciso XXXVI se refere ao direito/lei, compreendendo qualquer ato da ordem normativa constante do art. 59 da Constituicéo.° Também é importante ressaltar que, segundo o STF, principio do direito adquirido se aplica a todo e qualquer ato normative infraconstitucional, sem qualquer disting3o entre lei de direito puiblico ou de direito privado, ou entre lei de ordem publica e lei dispositiva. 7 ¥ MORAES, Alexandre de. Constituigdo do Brasil Interpretada e Legislagdo Constitucional, 9 edicao. Séo Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 241. Cf art. 68, 61°, da LINDB. STF, ADI 3.105-8/DF, 18.08.2004, “7RE 204967 RS, DJ 14-03-1997. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 Ha, todavia, certas situagdes nas quais nao cabe invocar direito adquirido. Assim, nao existe direito adquirido frente a: a) Normas constitucionais originrias. As normas que “nasceram” com a CF/88 podem revogar qualquer direito anterior, até mesmo o direito adquirido. b) Mudanca do padrdo da moeda. €) Criago ou aumento de tributos. d) Mudanga de regime estatutario. Normas constitucionais originarias, ae Mudanga do padréo da moeda NAO HA DIREITO Criago ou aumento de tributos ADQUIRIDO CONTRA ‘Mudanca de regime estatutério Contrariando um pouco a ordem em que estéo dispostos na Constituicdo, analisaremos esses dois incisos em conjunto. Isso porque ambos traduzem o principio do “juizo natural” oudo “juiz natural’. Esse postulado gerante ao individuo que suas ages no Poder Judiciério sero apreciadas por um juiz imparcial, o que é uma gerantia indispensdvel & administrago da Justica em um Estado democratico de direito. O principio do juiz natural impede a criac3o de juizos de excecao ou “ad hoc”, criados de maneira arbitréria, apés 0 acontecimento de um fato. Na histéria da humanidade, podemos apontar como exemplos de tribunais de excecdo 0 Tribunal de Nuremberg ¢ 0 Tribunal de Téquio, instituidos apés a Segunda Guerra Mundial; esses tribunais foram criados pelos “vencedores” (da guerra) para julgar os “vencidos” e, por isso, sio tdo duramente criticados. © principio do juiz natural deve ser interpretado de forma ampla, Ele no deve ser encarado apenas como. uma vedasio & criacSo de Tribunais ou juizos de excecdo; além disso, decorre desse principio a obrigacdo de respeito absoluto as regras objetivas de determinacao de competéncia, para que néo seja afetada a FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaulas - 2020, independéncia e a imparcialidade do drgao julgador.** Todos os juizes e érgios julgadores, em consequéncia, tém sua competéncia prevista constitucionalmente, de modo a assegurar a seguranca juridica. E importante que vocé saiba que o STF entende que esse principio ndo se limita aos érgaos ¢ juizes do Poder Ju . Segundo o Pretério Excelso, ele alcanca, também, os demais julgadores previstos pela Constituigaio, como 0 Senado Federal, por exemplo. Além disso, por sua natureza, o principio do juiz natural alcanga a todos: brasileiros e estrangeiros, pessoas fisicas e pessoas juridicas. Em um Estado democratico de direito, todos tém, afinal, o direito a um julgamento imparcial, neutro. XXXVI - é reconhecida a instituicao do juri, com a organizacéo que Ihe der a | assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votagdes; ¢) a soberania dos veredictos; £ d) a competéncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Esse inciso deve ser memorizado. Geralmente é cobrado em sua literalidadel Decore cada uma dessas “alineas"! O tribunal do jirié um tribunal popular, composto por um juiz togado, que o preside, e vinte e cinco jurados, escolhidos dentre cidados do Municipio (Lei n° 11.689/08) e entre todas as classes sociais. Segundo a doutrina, é visto como uma prerrogativa do cidad&o, que deverd ser julgado pelos seus semelhantes."? 0 tribunal do juri possui competéncia para julgamento de crimes dolosos contra a vida. Crime doloso aquele em que o agente (quem pratica o crime) prevé o resultado lesivo de sua conduta e, mesmo assim, pratica a ago, produzindo o resultado. Exemplo: o marido descobre que a mulher o est traindo e, intencionalmente, atira nela € no amante, causando a morte dos dois. Trata-se de homicidio doloso, que é, sem duivida, um crime doloso contra a vida; 0 julgamento seré, portanto, da competéncia do tribunal do j Sobre a competéncia do tribunal do juiri, destacamos, a seguir algumas jurisprudéncias que podem ser cobradas em prova: 8 MORAES, Alexandre de. Constituigdo do Brasil Interpretada e Legisla¢o Constitucional, 9* edico. Sao Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 245 ~ 246. % MORAES, Alexandre de. Constituledo do Brasil Interpretada e Legislacdo Constitucional, 9* edic3o. Sao Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 249-254 §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 1) A competéncia constitucional do Tribunal do Juri (art. 58, XXVIII) no pode ser afastada por lei estadual, nem usurpada por vara criminal especializada, sendo vedada, ainda, a alteracdo da forma de sua composi¢o, que deve ser definida em lei nacional. ° No caso, o STF apreciou lei estadual que criava vara especializada para processar e julgar crimes praticados por organizag8es criminosas. Essa vara especializada julgaria, inclusive, 05 crimes dolosos contra a vida. Dessa forma, por invadir a competéncia do tribunal do juri, foi considerada inconstitucional. 2) A competéincia para 0 processo e julgamento de latrocinio é do Juiz singular, e ngo do Tribunal do Juri (Simula STF n2 603). 0 latrocini homicidio. Em outras palavras, 0 latrocinio é um roubo qualificado pela morte da vitima. € considerado pela doutrina como um “crime contra o patriménio” (e no como “crime contra a vida’), ficando, por isso, afastada a competéncia do tribunal do juri. 6 um crime complexo, no qual esto presentes duas condutas: o roubo e 0 ‘A competéncia do tribunal do juiri para julgar os crimes dolosos contra a vida no é absoluta. Isso porque nndo alcanca os detentores de foro especial por prerrogativa de funcao previsto na Constituicao Federal. E ©.caso, por exemplo, do Presidente da Republica e dos membros do Congreso Nacional, que sero julgados pelo STF quando praticarem crimes comuns, ainda que dolosos contra a vida. Em outras palavras, 0 foro por prerrogativa de func3o prevalece sobre a competéncia do tribunal do juri, desde que esse foro especial decorra diretamente da Constituiclo Federal. Apergunta que se faz diante dessa tiltima afirmacdo é a seguinte: e quando 0 foro especial néo decorrer de previsio da Constituico Federal, mas sim da Constituicao Estadual? Para responder a este questionamento, o STF editou @ Siimula Vinculante n® 45, que assim disp8e: “A competéncia constitucional do Tribunal do Jiri prevalece sobre 0 foro por prerrogativa de fungao estabelecido exclusivamente pela Constituigdo estadual”. J8 decidir o STF, com base nesse entendimento, que vereadores que possuam foro por prerrogativa de func derivado de Constituigo Estadual sero julgados pelo tribunal do juri se cometerem crimes dolosos contra a vida. Isso se explica pelo fato de que a competéncia do tribunal do juri prevalecerd sobre 0 foro por prerrogativa de funco estabelecido exclusivamente pela Constituico Estadual. ® STF, ADI n® 4414/AL, Rel. Min. Luiz Fux, Decisio 31.05.2012 21 STF, HC n® 80.477/P1, Rel. Min. Néri da Silveira. Deciso 31.10.2000 2020 FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaul igo Federal estabelece, ainda, trés importantes principios para o tribunal do ii) a soberania dos veredictos; ¢ il) 0 sigilo das votagées. aplenitude de A plenitude de defesa é uma variante do principio da ampla defesa e do contraditério (art. 5, LV), que permite ao acusado apresentar defesa contra aquilo que Ihe é imputado. Sua concretizaco pressupSe que 95 argumentos do réu tenham a mesma importéncia, no julgamento, que os do autor. Em consequéncia, nao devem existir prioridades na relacdo processual e deve o réu ter a possibilidade de usar todos os Instrumentos processuais na sua defesa. Também decorre da plenitude de defesa o fato de que os jurados sio das diferentes classes soci Segundo o STF, “implica prejuizo 4 defesa a manutencao do réu algemado na sesséo de julgamento do Tribunal do Jari, resultando 0 fato na insubsisténcia do veredicto condenatorio” ? No que se refere @ soberania dos veredictos, também assegurada ao tribunal do juiri pela Carta Magna, destaca-se que esta tem a finalidade de evitar que a decisio dos jurados seja modificada ou suprimida por decisio judicial. Entretanto, nao se trata de um principio absoluto, sendo possivel a sua relativizag3o. A soberania dos veredictos no confere ao tribunal do juiri o exercicio de um poder incontrastavel e ilimitado. 2 E possivel, sim, que existam recursos das decisdes do tribunal do jtiri; nesse sentido, é possivel haver a revisio criminal ou mesmo o retorno dos autos ao juiri, para novo julgamento.”* Segundo o STF, a soberania dos veredictos do tribunal do juri nao exclui a recorribilidade de suas decisées, quando manifestamente contrétias & prova dos autos.”° Assim, nesse caso, seré cabivel apelacéo contra decisdes do tribunal do juri. Por fim, cabe destacar que 0 STF entende que a competéncia do Tribunal do Juri, fixada no art. 5°, XXXVIII, "d”, da CF/88, quanto ao julgamento de crimes dolosos contra a vida é passivel de ampliagao pelo legislador ordinério.”* Isso significa que pode a lei determinar o julgamento de outros crimes pelo tribunal do jul. (MPE-RS ~ 2014) Lei ordinaria que amplie a competéncia do Tribunal do Juri nao ofende o art. 52, XXXVI, letra “d”, nem a cldusula pétrea do § 42 do art. 60, ambos da Constituico Federal. Comentérios: Segundo o STF, é possivel que lei ordindria amplie a competéncia do tribunal do juri, ou seja, ndo hd qualquer 2 STF, HCn® 91.952, Rel. Min. Marco Aurélio. Decisio 19.12.2008. 2 STF, HC n® 70.193-1/RS, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 06.11.2006. % STF, HC 70.742-4/ Ri, Rel. Min. Carlos Velloso. DJ 30.06.2000. % StF, HC 70.742-4/ RJ, Rel. Min. Carlos Velloso. DJ 30.06.2000. HC 101542 SP, Dle-096, 28-05-2010. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 XXXIX no ha crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominacdo legal, O art. 52, inciso XXXIX, da CF/88, estabelece um importante principio constitucional do direito penal: 0 principio da legalidade, Segundo 0 Prof. Cezar Roberto Bitencourt, “pelo principio da legalidade, a elaboracéo de normas incriminadoras é funcéo exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma penalidade criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorréncia deste fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-Ihe a sangéo correspondente”. O principio da legalidade se desdobra em dois outros principios: 0 principio da reserva legal e o principio da anterioridade da let penal. O principio da reserva legal determina que somente lei em sentido estrito (lei formal, editada pelo Poder Legislativo) poder definir crime e cominar penas. Nem mesmo medida proviséria poderé definir um crime cominar penas, eis que essa espécie normativa nao pode tratar de direito penal (art.62, § 22, ,"b"). ‘A exigéncia de que lei formal defina o que é crime e comine suas penas traz a garantia de se considerarem ‘crime condutas aceites pela sociedade como tais e de que essas condutas sejam punidas da maneira considerada justa por ela. Com isso, quem define o que é crime e as respecti seus representantes no Poder Legislativo. 1s penas é 0 povo, por meio de Ja pensou se, por exemplo, o Presidente da Reptiblica pudesse definir o que é crime por medida provisoria? (Ou até mesmo dobrar a pena de determinado ilicito por tal ato normativo? Teriamos uma ditadura, no? € or isso que o inciso XXXIX do art. 5° da CF/88 é to importante! ‘As normas penais em branco séo aquelas que tipificam a conduta criminosa, mas que dependem de complementa¢o em outra norma, Um exemplo de norma penal em branco € 0 crime de contrabando, que consiste em “importar ou exportar mercadoria proibida’” (art. 334-A, Cédigo Penal). ‘A definigo do crime de contrabando depende de uma complementacdo, uma vez que 0 Cédigo Penal nao define quais séo as mercadorias proibidas. € a legislaco extrapenal que 0 fard. Assim, 0 crime de contrabando é uma norma penal em branco. Para 0 estudo do Direito Constitucional, interessa-nos saber que a doutrina majoritaria considera que as normas penais em branco nao violam o principio da reserva legal. O principio da anterioridade da lei penal, por sua vez, exige que a lei esteja em vigor no momento da prética da infracdo para que o crime exista. Em outras palavras, exige-se lei anterior para que uma conduta possa ser considerada como crime. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici 2020 ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaul Esse principio confere seguranga juridica as relagées sociais, ao determinar que um fato sé sera considerado crime se for cometido apés a entrada em vigor da lei incriminadora. Quer um exemplo? Se amanhé for editada uma lei que considere crime beijar 0 namorado (ou namorada) no cinema, nenhum de nés sera preso. Sé poderd ser considerado culpado quem o fizer apés a entrada em vigor da lei. Aproveitemos, entéo, a liberdade de namorar, antes que tal lei seja editada! Mas ndo agora, é hora de estudar Direito Constitucional... Do principio da anterioridade da lei penal, deriva a irretroatividade da lei penal, que esta previsto no art. 52, XL, que estudaremos a seguir. Retroagir significa “voltar para tras”, “atingir o pasado”. Portanto, diz-se que retroatividade é a capacidade de atingir atos pretéritos; por sua vez, irretroatividade é a impossibilidade de atingi-los. E comum, também, em textos juridicos, encontrarmos as expresses “ex tunc” e “ex nunc”. “Ex tunc” é aquilo que tem retroatividade; “ex nunc” é 0 que é irretroativo. Lembre-se de que quando vocé diz que “NUNCa” mais fara alguma coisa, esse desejo 6 valera daquele instante para frente, nao é mesmo? Sinal de que fez algo no passado de que se arrepende, mas que no pode mudar. Jé o T de TUNC pode faz8-lo lembrar de uma maquina do TEMPO, atingindo tudo o que ficou para TRAS.. EX TUNC = Maquina do ‘tempo, atinge o que ficou para tras EX NUNC = Nunca mais, a partir de agora Depois dessa “viagem”, voltemos ao inciso XL. Ele traz o principio da irretroatividade da lei penal, que, conforme jé comentamos, deriva do principio da anterioridade da lei penal. Uma conduta somente seré caracterizada como crime se, no momento da sua ocorréncia, jé existia lei em vigor que a definia como tal. Portanto, em regra, a lei penal nao atinge o passado. Imagine que hoje vocé beba uma garrafa de vodka no bar, conduta licita e no tipificada como crime. No entanto, daqui a uma semana, é editada uma nova lei que estabelece que “beber vodka” sera considerado crime. Pergunta-se: vocé podera ser penalizado por essa conduta? E claro que no, uma vez que a lei penal, em regra, ndo atinge fatos pretéritos. Todavia, ¢ importante termos em mente que a lei penal poderd, em certos casos, retroagir. Eo que se chama de retroatividade da lei penal benigna: a lei penal poderé retroagir, desde que para ben de outra forma, a “novatio legis in mellius” retroagira para beneficiar o réu. Hé um tipo especial de “novatio legis in mellius”, que é a conhecida “abolitio criminis”, assim considerada a lei que deixa de considerar como crime conduta que, antes, era tipificada como tal. Um exemplo seria a edicdo de uma lei que descriminalizasse 0 aborto. A “abolitio criminis", por ser benéfica ao réu, iré retroagir, §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 alcancando fatos pretéritos e evitando a punicéo de pessoas que tenham cometido a conduta antes considerada criminosa. A lei penal favordvel ao réu, portanto, sempre retroagiré para beneficié-lo, mesmo que tenha ocorrido transito em julgado de sua condenacdo. Por outro lado, a lei penal mais gravosa ao individuo (que aumenta a penalidade, ou passa a considerar determinado fato como crime) sé alcancaré fatos praticados apds sua vigéncia. E a irretroatividade da lei penal mais grave: a “novatio legis in pejus” n&o retroage. No que diz respeito & retroatividade da lei penal mais benigna, entende o Supremo que ndo é possivel a combinagao de leis no tempo, pois caso se agisse dessa forma, estaria sendo criada uma terceira lei (“lex tertia”), De acordo.com 0 Pretério Excelso, extrair alguns dispositivos, de forma isolada, de um diploma legal, € outro dispositivo de outro diploma legal implica alterar por completo o seu espirito normativo, criando um contetido diverso do previamente estabelecido pelo legislador””. XLI'-"a"iei‘punird qualquer discriminacdo atentatoria dos direitos e liberdades | fundamentais. i XLII - a pratica do racismo constitui crime inafiangavel e imprescritivel, sujeito @ pena de reclusio, nos termos da XLII a lei consideraré crimes inafiancéveis e insuscetiveis de graca ou anistia a pratica de tortura, 0 tréfico ilicito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definides como crimes hediondes, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evité-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiancdvel e imprescritivel a ago de grupos armados, civis ou | militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democratico;, Em todos esses dispositivos, & possivel perceber que o legislador constituinte néo buscou outorgar direitos individueis, mas sim estabelecer normas que determinem a criminalizacdo de certas condutas. Eo que @ doutrina denomina “mandados de cri 1680", que caracterizam-se por serem normas direcionadas ao legislador, 0 qual se vé limitado em sua liberdade de atuacdo. Segundo 0 Prof. Gilmar Mendes, os mandados de criminalizag3o estabelecidos por esses dispositivos traduzem outra dimenséo dos direitos fundamentais: a de que o Estado ndo deve apenas observar as investidas do Poder Pit mas também garani ‘os fundamentais contra agressio propiciada por terceiros. © inciso XLI estabelece que “a lei puniré qualquer discriminaggo atentatéria dos direitos e liberdades fundamentais”. Como é possivel observar, trata-se de norma de eficdcia limitada, dependente, portanto, de 2"11C 98765 MG, Dle-040, 04-03-2010. 28 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direlto Constitucional. 6# edicio. Editora Saraiva, 2011, pp. 534-538 2% MENDES, Gilmar Ferreit 2011, pp. 534-538 {; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direlto Constitucional. 6# edico. Editora Saraiva, FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaulas - 2020, complementagio legislative. Evidencia um mandeto de crimin direitos fundamentais. izago que busca efetivar a protecdo dos Na ADO 26, 0 STF reconheceu que houve omissdo inconstitucional por parte do Congresso Nacional ao deixar de editar lei criminalizando atos de homofobia e transfobia. Segundo a Corte, até que seja editada lei incriminadora, as condutas homofdbicas e transfobicas deverdo ser tipificadas como crime de racismo. Cabe destacar que a represso penal a prética da homotransfobia nao restringe 0 exercicio da liberdade religiosa, de modo que lideres religiosos (pastores, sacerdotes, clérigos muculmanos, etc) podero externar livremente as convicgdes de suas doutrinas, desde que isso nao configure discurso de édio.? O inciso XLII, por sua vez, estabelece que “a pratica do racismo constitui crime inafiangdvel e imprescritivel, sujeito pena de recluséo, nos termos da lei”. E claro que hé muito a ser falado sobre o racismo; no entanto, ha dois pontos que séo muito cobrados em prova: a) O racismo € crime inafiangavel e imprescritivel. Imprescritivel & aquilo que nao sofre prescric& . A prescrigao é a extingdo de um direito que se dé apés um prazo, devido a inércia do titular do direito em protegé-lo. No caso, ao dizer que o racismo € imprescritivel, o inciso XLII determina que este n&o deixara de ser punido mesmo com o decurso de longo tempo desde sua pratica e com a inércia (omiss0) do titular da aco durante todo esse periodo. Inafiangavel o crime que ) para que 0 preso seja solto. admite o pagamento de fianga (montante em dinhei b) 0 racismo é punivel com a pena de recluso. As bancas examinadoras vao tentar te confundir dizer que 0 racismo é punivel com detenc&o. Nao é! O racismo é punivel com recluséo, que é uma pena mais gravosa do que a detencao. Apenas para que vocé no fique viajando, qual a diferenga entre a pena de reclusio e a pena de detencdo? A diferenca entre elas est4 no regime de cumprimento de pena: na recluséo, ‘cumprimento da pena em regime fechado, semiaberto ou aberto; na detenc&o, o cumprimento da pena inicia-se em regime semiaberto ou aberto. STF jé teve @ oportunidade de apreciar 0 alcance da expresso “‘racismo”. No caso concreto, bastante famoso por sinal, Siegfried Ellwanger, escritor e dono de livraria, havia sido condenado por ter escrito, editado e comercializado livros de conteido antissemita, fazendo apologia de ideias discriminatérias contra 09 judeus, A questdo que se impunha ao STF decidir era a seguinte: a discriminaco contra os judeus seria ou no crime de racismo? O STF decidiu que a discriminacdo contra os judeus é, sim, considerada racismo e, portanto, trata-se de 1e imprescritivel. Dessa forma, “escrever, editar, divulgar e comerciar livros ‘fazendo apologia de ideias preconceituosas e discriminatérias’ contra a comunidade judaica (Lei 7.716/1989, art. 20, na redagao dada 3° ADO 26/DF. Rel. Min. Celso de Mello. Julgamento: 13.06.2019. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 pela Lei 8.081/1990) constitui crime de racismo sujeito ds cléusulas de inafiancabilidade e imprescritibilidade (CF, art. 58, XLII)" Finalizando © comentério desse inciso, vale a pena mencioner o posicionamento do STF nesse mesmo. julgamento, dispondo que “o preceito fundamental de liberdade de expresso no consagra 0 direito a incitacéo ao racismo, dado que um direito individual néo pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilicitas, como sucede com os delitos contra a honra, (...) A auséncia de prescrigéio nos crimes de racismo Justifica-se como alerta grave para as gerag8es de hoje e de amanhé, para que se impeca a reinstauracéio de velhos e ultrapassados conceites que a consciéncia juridica e histérica néio mais admitem.”=2 © inciso XLIIL, @ seu turno, dispe sobre alguns crimes que so inafiancdveis e insuscetiveis de graca ou anistia. Bastante atenco, pois a banca examinadora tentard te confundir dizendo que esses crimes so imprescritiveis. Nao so! Qual o macete para no confundir? Simples, guarde a frase mneménica seguinte: 37? Sim, Tortura, Trafico ilicito de entorpecentes drogas afins e Terrorismo. Esses crimes, hediondos, s4o insuscetiveis de graga ou anistia, Isso significa que nfo podem ser perdoados pelo Presidente da Repiiblica, nem ter suas penas modificadas para outras mais benignas. Além disso, assim como o crime de racismo e a aco de grupos armados contra 0 Estado democratico, s80 inafiancévei: (© inciso XLIV trata ainda de mais um crime: a aco de grupos armades, civis ou militares, contra a ordem constitucional e 0 Estado democritico. Esse crime, assim como o racismo, sera inafiancavel e imprescritivel. Para que vocé ndo erre esses detalhes na prova, fizemos 0 esquema abaixo! Sé uma observago para facilitar: perceba que todos os “3TH ndo tem graca”! imes dos quais falamos slo inafiancaveis; a diferenca mesmo est4 em saber que 0 51 STF, Pleno, HC 82.424-2/RS, Rel. originStio Min. Moreira Alves, rel. p/ acbrd3o Min. Mauricio Cort@a, Didrio da lustica, Segie I, 19.03.2004, p. 17. % STF, Pleno, HC 82.424-2/RS, Rel. originSrio Min. Moreira Alves, rel. p/ acbrd3o Min. Mauricio Corr@a, Didrio da lustica, Soci I, 19.03.2004, p. 17. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul IMPRESCRITIVEIS INAFIANCAVEIS INSUSCETIVEIS DE GRACA OU *RACISMO *RACISMO- ANISTIA acho DE GRUPOS. 3 3T ARMADOS, cIVIS. OU +HEDIONDOS +HEDIONDOS MILITARES, CONTRA A ORDEM CONSTITUCIONAL E O ESTADO DEMOCRATICO *aChO_ DE GRUPOS. ARMADOS, CIVIS_ (OU. MILITARES, CONTRA A. ORDEM CONSTITUCIONAL E O ESTADO DEMOCRATICO. | (TEMG 2015) A tortura e a aco de grupos armados contra ordem constitucional so crimes inafiangave iprescritiveis. ngavel e insuscetivel de graca ou anistia. A CF/88 no determina que a tortura seja imprescritivel. Questo errada. (Polici detengao. a pena de E — 2015) A pratica do racismo constitui crime inafiangavel e imprescritivel, sui Comentarios: Aprati do racismo esté sujeita & pena de reclusdio. Questo errada. XLV - nenhuma pena passara da pessoa do condenado, podendo a obrigacdo de reparar 0 : dano e a decretacio do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos rid Esse dispositive consagra o principio da intranscendéncia das penas, também denominado pela doutrina de principio da intransmissibilidade das penas ou, ainda, personalizacdo da pena.’ A Constituicao garante, por meio dessa norma, que a pena nao passard da pessoa do condenado; em outras palavras, ninguém sofreré 05 efeitos penais da condenacdo de outra pessoa. pio da incontagiabilidade da pena, §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 ‘Suponha que Joo, pai de Licia e Felipe, seja condenado a5 anos de reclusdo em virtude da pratica de um crime. Apés 2 meses na “cadeia’, Joo vem a falecer. Devido & intranscendéncia das penas, ficaré extinta a punibilidade. Lcia ¢ Felipe no sofrer8o quaisquer efeitos penais da condenago de Joo. No que diz respeito a obrigacdo de reparar 0 dano e & decretacdo do perdimento de bens, a logica € um ainda que possamos afirmar que o principio da intranscendéncia das penas se aplica a essas ‘Suponha que Joo morre deixando uma divida de R$ 1.500.000,00 (obrigacdo de reparar dano). Ao mesmo tempo, deixa um patriménio de R$ 900.000,00 para seus sucessores (Lucia e Felipe). A obrigacdo de reparar © dano ird se estender a Lucia e Felipe, mas apenas até o limite do patrimdnio transferido. Em outras palavras, 0 patriménio pessoal de Lucia ¢ Felipe no sera afetado; seré utilizado para o pagamento da divida © patriménio transferido (R$ 900.000,00). 0 restante da divida “morre” junto com Jodo. Assim, a obrigagao de reparar o dano e a decretacao do perdimento de bens podem ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, mas apenas até o limite do valor do patriménio transferido. ‘XLVI a lei regulard a individualizago da pena e adotard, entre outras, as seguintes | a) privacdo ou restricdo da liberdade; b) perda de bens; ) muita; | d) prestaco social alternativa; O inciso XLVI prevé o principio da individualizagao da pena, que determina que a aplicago da pena deve ajustar-se situaco de cada imputado, levndo em consideracdo o grau de reprovabilidade (censurabilidade) de sua conduta e as caracteristicas pessoais do infrator. Trata-se de principio que busca fazer com que @ pena cumpra sua dupla finalidade: prevenclo e represséo.™* A Constituigo Federal prev um rol ndo-exaustivo de penas que podem ser adotadas pelo legislador. Sé0, elas: i) a privagdo ou restrigao de liberdade; ii) a perda de bens; ii) multa; iv) prestac3o social alternativa; & vy) suspensio ou interdi¢ao de direitos. Como se trata de um rol meramente exemplificativo, podera a lei criar novos tipos de penalidade, desde que estas ndo estejam entre aquelas vedadas pelo art. 52, XLVII, da CF/88, que estudaremos na sequéncia. 3 MORAES, Alexandre de. Constitui¢éo do Brasil Interpretada e Legislaco Constitucional, 9® edic3o. So Paulo Editora ‘Atlas: 2010, pp. 274-275. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul Ressaltamos mais uma vez que, ao estabelecer que “a lei regularé a individualizagdo da pena”, o constituinte determinou que a lei penal deveré considerar as caracteristicas pessoais do infrator. Dentre essas, podemos citar os antecedentes criminais, o fato de ser réu primario, etc. Nesse sentido, o STF considerou inconstitucional, por afronta ao principio da individualizacdo da pena, a vedacao absoluta a progresséo de regime trazida pela Lei 8.072/1990, que trata dos crimes hediondos.* A referida lei estabelecia que a pena pelos crimes nela previstos seria integralmente cumprida em regime fechado, sendo vedada, assim, a progressio de regime. Entendeu a Corte que, a0 nao permitir que se considerem as particularidades de cada pessoa, sua capacidade de reintegracio social e esforcos de ressocializacao, o dispositivo torna indcua a garantia constitucional e, portanto, ¢ invalido (inconstitucional). Com base nesse entendimento, o STF editou a Stimula Vinculante n® 26: “Para efeito de progressdo de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o julzo da execuco observara a inconstitucionalidade do art. 22 da Lei 8,072, de 25 de julho de 1990, sem prejuizo da avaliar se o condenado preenche, ou no, 05 requisitos objetivos e subjetivos do beneficio, podendo determinar, para tal fim, de a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de carater perpétuo; ¢) de trabalhos forcados; 4d) de banimento; e) crué Cart. 52, XLVII, estabeleceu um rol exaustivo de penas inaplicdveis no ordenamento juridico brasileiro. Trata- se de verdadeira garantia de humanidade atribuida aos sentenciados, impedindo que Ihes sejam aplicadas penas atentatérias a dignidade da pessoa humana.*® Com efeito, as penas devem ter um caréter preventivo € repressivo; elas nao podem ser: ativas. A pena de morte é, sem dtivida a mais gravosa, sendo admitida téo-somente na hipétese de guerra declarada. Evidencia-se, assim, que nem mesmo o direito a vida é absoluto; com efeito, dependendo do caso concreto, todos os direitos fundamentais podem ser relativizados. Como exemplo de aplicacao da pena de morte (que ocorrerd por fuzilamento), temos a prética do crime de deserc3o em presenca de 2 STF, HC n® 82.959/SP. Rel. Min, Marco Aurélio, Decisio 23.02.2006 > CUNHA JUNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 6 edico. Ed. luspodium, 2012. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 ‘As bancas examinadoras adoram dizer que a pena de morte no ¢ admitida em nenhume situaco no ordenamento juridico brasileiro. A questo, ao dizer isso, esté errada. A pena de morte pode, sim, ser aplicada, desde que na hipdtese de guerra declarada. A pena de banimento, também inadmitida pela Constituicéo Federal, consistia em impor ao condenado a retirada do territério brasileiro por toda sua vida, bem como a perda da cidadania brasileira. Consistia, assim, em verdadeira “expulsio de nacionais”. Cabe destacar que a pena de banimento no se confunde com a expulsdo de estrangeiro do Brasil, plenamente admitida pelo nosso ordenamento juridico. No que conceme a pena de carter perpétuo, vale destacar o entendimento do STF de que o maximo penal legalmente exequivel, no ordenamento positive nacional, é de 30 (trinta) anos, a significar, portanto, que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade nao pode ser superior a esse limite, imposto pelo art. 75, "caput", do Cédigo Penal”. (cNMP — 2015) Em nenhuma circunstancia haverd penas crudis ou de morte, de cardter perpétuo, de trabalhos forgados e de banimento. Comentarios: HC 84766 SP, Dlo-074, 25.04.2008. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul PENAS VEDADAS PENAS ADMITIDAS DE MORTE SALVO EM CASO DE GUERRE privagio ou RESTRIGKD DA UIBERDADE DE CARATER PERPETUO PERDA DE BENS DE TRABALHOS FORCADOS MULTA DE BANIMENTO PRESTACAO SOCIAL ALTERNATIVA cutis ‘SUSPENSAO OU INTERDICAO DE DIREITOS L- as presididrias sero asseguradas condicdes para que possam permanecer com seus filhos durante o periodo de amamentacao; a pena sera cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do jade e 0 sexo do apenado; assegurado aos presos o respeito & integridade fisica e moral; iso XLVIII determina que a execucao penal seja realizada de maneira individualizada, levando-se em consideraco a natureza do delito, a idade e 0 sexo do apenado. € com base nesse comando constitucional que as mulheres e 0s maiores de sessenta anos devem ser recolhidos a estabelecimentos préprios. O inciso XLIX, ao assegurar aos presos o respeito & integridade fisica e moral, busca garantir que os direitos fundamentais dos sentenciados sejam observados. € claro, quando esta na prisdo, o individu nao goza de todos os direitos fundamentais: ha alguns direitos fundamentais, como, por exemplo, a liberdade de locomogio (art. 52, XV) e a liberdade profissional (art. 52, XI) que sto incompativeis com sua condicéo de preso. O inciso L, por sua vez, estabelece uma dupla garantia: ao mesmo tempo em que assegura As mes o direito & amamentaco e ao contato com o filho, permite que a crianca tenha acesso ao leite materno, alimento natural tao importante para o seu desenvolvimento. Segundo a doutrina, retirar do recém-nascido o direito de receber o leite materno poderia ser considerado uma espécie de “contagio” da pena aplicada a mae, violando o principio da intranscendéncia das penas. *® Vamos continuar o estudo do art. 52, da Constituicao Federal. % MORAES, Alexandre de. Constitui¢do do Brasil Interpretada e Legislagdo Constitucional, 9 edic3o. S30 Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 285 §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 LI- nenhum brasileiro sera extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalizago, ou de comprovado envolvimento em trafico ilicito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; UI- no sera concedida extradico de estrangeiro por crime politico ou de opini¥o; A extradic&o é um instituto juridico destinado a promover a cooperacio penal entre Estados. Consiste no ato de entregar uma pessoa para outro Estado onde esta praticou crime, para que lé seja julgada ou punida. De forma mais técnica, a extradicSo é “o ato pelo qual um Estado entrega a outro Estado individuo acusado de haver cometido crime de certa gravidade ou que jé se ache condenado por aquele, apés haver-se certificado de que 0s direitos humanos do extraditando sertio garantidos."*° Ha casos bastante conhecidos, que podem exemplificar muito bem o que é a extradigo. Se vocé é do nosso. tempo, deve se lembrar do “Balo Magico” (banda infantil muito conhecida nos anos 80). Um dos integrantes do “Baldo Magico” era o Mike, que era filho de Ronald Biggs, inglés que realizou um assalto a um trem e, depois, fugiu para o Brasil. A Inglaterra pediu ao Brasil a extradicao, sem obter sucesso. Um caso mais recente é 0 do italiano Cesare Battisti, acusado pela prética de varios crimes na tlie, Cesare i, apés viver um tempo na Franca, fugiu para o Brasil. A Itli itou a extradicao ao Brasil, também sem sucesso. Dados esses exemplos, voltemos ao tema... Ha 2 (dois) tipos de extradicao: i) a extradic&o ativa; e il) a extradic&o passiva. A extradicao ativa acontecerd quando 0 Brasil requerer a um outro Estado estrangeiro a entrega de um individuo para que aqui seja julgado ou punido; por sua vez, a extradi¢do passiva ocorreré quando um Estado estrangeiro requerer a0, Brasil que Ihe entregue um individuo. Iremos focar o nosso estudo, a partir de agora, na extradi¢So passiva: quando um Estado solicita que o Brasil Ihe entregue um individuo. De inicio, vale destacar que a Constituicao Federal tr extradi¢ao. No art. 52, LI Lil, algumas limitagées importantes & © brasileiro nato (que é o brasileiro “de berco”, que recebeu sua nacionalidade ao nascer) ndo poderd ser extraditado; trata-se de hipdtese de vedacao absoluta & extradiglo. Baseia-se na ldgica de que o Estado deve proteger (acolher) os seus nacionai ® ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Publico, 172 Ed. $0 Paulo: Saraiva, 2009, pp. 499-502. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici 2020 ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaul Caso 0 brasileiro nato perca a sua nacion: nacionalidade, ele estaré sujeito extradigao. Perceba que, nesse caso, ele no se enquadra mais na condigao de brasileiro nato. Por sua vez, 0 brasileiro naturalizado (que é aquele que nasceu estrangeiro e se tornou brasileiro), podera ser extraditado. No entanto, isso somente seré possivel em duas situacdes: a) no caso de crime comum, praticado antes da naturalizacao, Perceba que existe, aqui, uma limitago temporal. Se 0 crime comum tiver sido cometido apés a naturalizacéo, o individuo no poderd ser extraditado; a extradi¢io somente serd possivel caso o crime seja anterior & aquisi¢ao da nacionalidade brasileira pelo individuo. b) em caso de comprovado envolvimento em trafico ilicito de entorpecentes e drogas afins. Nessa situagdo, nao ha qualquer limite temporal. O envolvimento com tréfico ilicito de entorpecentes drogas afins dard ensejo & extradic&o quer ele tenha ocorrido antes ou apés a naturalizaco. Vale ressaltar que as regras de extradicdo do brasileiro naturalizado também se aplicam ao portugués equiparado.” JAMAIS! Hipsteses de extradigao do brasileiro Cometimento de crime comum antes da naturalizagao NATURALIZADO Comprovado envolvimento em trafico ilicito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei Os estrangeiros podem ser extraditados com maior liberdade pelo Estado brasileiro, desde que cumpridos 05 requisitos legals para a extradicdo. Cabe destacar, todavia, que nao se admite a extradicao de estrangeiro por crime politico ou de opinido. Essa é uma pratica usual nos ordenamentos constitucionais de outros paises e tem por objetivo proteger os individuos que forem vitimas de perseguicao politica. *° Portugués equiparado ¢ o portugues que, por ter residéncia permanente no Brasil, tera um tratamento diferenciado, possuindo os mesmos direitos dos brasileiros naturalizados. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 A definigao de um crime como sendo um delito politico é tarefa dificil e que compete ao Supremo Tribunal Federal. £ no caso concreto que a Corte Suprema iré dizer se o crime pelo qual se pede a extradi¢ao ¢ ou nao politico.*" Esse entendimento do STF é bastante importante porque permite resolver alguns problemas de asilado politico? Pode um refugiado ser extraditado? solugdo. E possivel que o Brasil extradi ‘Vamos aos pouces... © asilo politico, que é um dos principios do Brasil nas relagdes internacionais (art. 48, X), consi acolhimento de estrangelro por um Estado que no seja o seu, em virtude de perseguicso politica por seu préprio pais ou por terceiro. Segundo o STF, ndo ha incompatibilidade absoluta entre o instituto do asilo e © da extradico passiva, Isso porque a Corte ndo esta vinculada ao juizo formulado pelo Poder Executivo na concessao do asilo politico.” Em outras palavras, mesmo que o Poder Executivo conceda asilo politico a um. estrangeiro, o STF poderé, a posteriori, autorizar a extradicao. Quanto a0 refiigio, trata-se de instituto mais geral do que o asilo politico, que sera reconhecide a individuo em razdo de fundados temores de perseguigo (por motivos de raca, religio, nacionalidade, grupo social ou opinives politicas). Apesar de a lei dispor que “o reconhecimento da condigéo de refugiado obstard o sequimento de qualquer pedido de extradigéio baseado nos fatos que fundamentaram a concesséo de refiigio”®, entende o STF que a decisio administrativa que concede o refugio nao pode obstar, de modo absoluto e genético, todo qualquer pedido de extradicao apresentado Corte Suprema." No caso concreto, apreciave-se a extradic80 de Cesare Battisti, a quem 0 Ministro da Justica havia concedido o status de refugiado, O STF, ao analisar 0 caso, concluiu pele ilegalidade do ato de concessio do refugi Agora que jé falamos sobre as limitagdes, vamos entender como funciona o processo de extradicio. A.Lei da Migracdo (Lei n® 13.445/2017) prevé trés etapas para a extradicdo passiva. A primeira & uma etapa administrativa, de responsabilidad do Poder Executivo. Nessa fase, o Estado requerente solicita a extradico ao Presidente da Republica por via diplomética. Destaque-se que o pleito extradicional deverd ter como fundamento a existéncia de um tratado bilateral entre os dois Estados ou, caso este nao exista, uma promessa de reciprocidade (compromisso de acatar futuros pleitos). Sem um tratado ou promessa de reciprocidade, a extradicdo nao seré efetivada. ‘Ao receber o pleito extradicional, ha duas situagdes possiveis: a) 0 Presidente poderd indeferir a extradigio sem apreciagao do STF, o que se denomina recusa primar b) 0 Presidente poderé deferir a extradicao, encaminhando a solicitagéo 2o STF, a qual caberé analisar a legalidade e a procedancia do pedido (art. 102, |, “g", CF). Nesse caso, passaremo: 41 6x1 615, Rel. Min, Paulo Brossard. DJ. 05.12.1994. © Ext 524, Rel.: Min. Celso de Mello, Julgamento: 31/10/1990, Orgio Julgador: Tribunal Pleno, Lei 9.474/97 —art. 33. Ext 1085, Rel. Min, Cazar Peluso, Dle 16.04.2010 FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici 2020 ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaul judiciaria. Segundo o STF, nem mesmo a concordancia do extraditando em retornar ao seu pais impede que a Corte analise 0 caso, uma vez tendo recebido comunicacao por parte do Poder Executivo®, Na etapa judiciéria, o STF iré anelisar a legalidade e a procedéncia do pedido de extradicéo. Um dos pressupostos da extradi¢io é a existéncia de um processo penal ou, pelo menos, de uma investigacdo criminal. Cabe destacar, todavia, que a extradico seré possivel tanto apés a condenagdo quanto durante o proceso. Ha necessidade, ainda, que exista o que a doutrina chama “dupla tipicidade”: a conduta que a pessoa praticou deve ser crime tanto no Brasil quanto no Estado requerente. Quando o fato que motivar o pedido de extradi¢ao no for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente, nao seré concedidaa extradi¢lo. Ao analisar a extradic&o, o STF verifica se os direitos humanos do extraditando serao respeitados. Nesse sentido: a) Nao sera concedida a extradigio se o extraditando houver de responder, no Estado requerente, perante juizo ou tribunal de excecao. € o jé conhecido principio do “juiz natural”. b) Caso a pena para o crime seja a de morte, o Estado requerente deverd se comprometer a substitui- la por outra, restritiva de liberdade (comutacao da pena), exceto, claro, naquele unico caso em que ‘a pena de morte é admitida no Brasil: guerra declarada. €) Caso a pena para o crime seja de cardter perpétuo, o Estado requerente devera se comprometer & comutacao dessa pena em prisdo de até 30 anos, que é 0 limite tolerdvel pela lei brasileira.** Por fim, hd outra etapa administrativa, em que o Presidente da Republica, na condigio de Chefe de Estado, entrega ou no o extraditando ao pais requerente. Novamente, hd duas situagdes possiveis: a) O STF nega a extradicao. Nesse caso, a decisdo ira vincular o Presidente da Reptblica, que ficaré impedido de entregar o extraditando. b) O STF autoriza a extradic&o. Essa deciséo nao vincula o Presidente da Reptiblica, que é a autoridade que detém a competéncia para decidir sobre a efetivacio da extradicao. Esse entendimento (o de que a autorizaco do STF no vincula o Presidente) ficou materializado no caso da extradigZo do italiano Cesare Battisti. Segundo a Corte, a tiltima palavra sobre a entrega ou ndo do extraditando cabe ao Presidente da Reptiblica, que tem liberdade para decidir sobre a efetivacio da extradigao, obedecidos os termos do tratado bilateral porventura existente entre o Brasil e o Estado requerente. A deciséo de efetivar a extradicao é, assim, um ato politico, de manifestacao da soberania, © bt. 043, STF, Pleno, Rel. Min. Francisco Rezek,j, 19.12.1994, “Ext 855, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-8-2004, Plenstio, DI de 12-7-2005. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 (Tis ~ 2015) 0 brasileiro naturalizado serd extraditado por envolvimento comprovado em trafico tlic de entorpecentes e drogas afins,independente de ter sido praticado antes da naturalizacdo. ! i i No caso de envolvimento comprovado em tréfico ilicito de entorpecentes e drogas afins, ndo hé qualquer { | limitagao temporal &extradigSo de brasileiro naturalizado. Assim, nfo interessa se 0 envolvimento acorreu | antes ou apés a naturalizaco. Questo correta. relevantes‘’, trata-se de um conjunto de praticas jur infraconstitucional cuja finalidade é garantir a concretizagao da justica, 0 devido processual legal é garantia que concede dupla protecao ao indi formal (processual) quanto no ambito material. luo: ele incide tanto no ambito No ambito formal (processual), traduz-se na garantia de que as partes poder se valer de todos os mei juridicos disponiveis para a defesa de seus interesses, Assim, derivam do “devido proceso legal” o direito 20 contraditério e a ampla defesa, o direito de acesso a justica, 0 direito ao juiz natural, o direito a nao ser reso sendo por ordem judicial e 0 direito a nao ser processado e julgado com base em provas ilicitas. No ambito material (substantivo), por sua vez, 0 devido proceso legal diz respeito a aplicago do principio da proporcionalidade (também chamado de principio da razoabilidade ou da proibicdo de excesso). O respeito aos direitos fundamentais no exige apenas que o processo seja regularmente instaurado; além disso, as decisdes adotadas devem primar pela justica, equilibrio e pela proporcionalidade.”° possivel afirmar, portanto, que o principio da proporcionalidade tem sua sede material no principio do devido processo legal, considerado em sua acepedo substantiva, nfo simplesmente formal.®° Em outras palavras, o principio da proporcionalidade, que nao est expressamente previsto na Constituicdo, tem como fundamento o devido processo legal substantivo (material). ‘© MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direlto Constitucional. 6* edico. Editora Saraiva, 2011, pp. 592-594 © MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6* edico. Editora Saraiva, 2011, pp. 592-594, © CUNHA JUNIOR, Dirley da, Curso de Direito Constitucional. 6* edicio. Ed. Juspodium, 2012, pp. 740-742. 59 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direite Constitucional Descomplicado, S* edico. Ed. Método, 2010. pp. 172- 175, FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaulas - 2020, indo-se em 3 (trés) © principio da proporcionalidade esté implicito no texto constitucional, subprincipios: a) Adequagao: a medida adotada pelo Poder Piiblico deverd estar apta para alcancar os objetivos almejados. b) Necessidade: a medida adotada pelo Poder Publico deveré ser indispensavel para alcancar 0 objetivo pretendido. Nenhuma outra medida menos gravosa seria eficaz para o atingimento dos objetivos. ©) Proporcionalidade em sentido estrito: a medida seré considerada legitima se os beneficios dela resultantes superarem os prejuizos. io da proporcionalidade como fundamento de varias de suas decisdes, especialmente no que diz respeito ao controle de constitucionalidade de leis. Com efeito, leis de carater restritivo deverdo observar 0 principio da proporcionalidade. Segundo a Cort @ a neutralizar 0 abuso do Poder Publico no exercicio das funcdes que Ihe sdo inerentes, notadamente no desempenho de atividade 7 de cardter legislativo e regulamentar. Dentro dessa perspectiva, o postulado em questo, enquanto categoria fundamental de limitacdo dos excessos emanados do Estado, atua como verdadeiro parametro de afericio da prépria constitucionalidade material dos atos estatais’” 0 principio da proporcionalidade tem uma dupla face: a proibicio de excesso e a proibicao de protecao deficiente. Assim, na tutela dos direitos fundamentais, nao se busca apenas coibir os excessos do Estado (proibigéo de excesso), mas também impor ao Estado um dever de protecio (proibicdo de protecdo deficiente). LV - aos litigantes, em proceso judicial ou administrativo, e aos acusados em geral sio assegurados 0 contraditério e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; As garantias do contraditério e da ampla defesa so corolérios do principio do devido proceso legal, isto é, dele decorrem diretamente. A ampla defesa compreende o direito que o individuo tem de trazer ao proceso todos os elementos licitos de que dispuser para provar a verdade, ou, até mesmo, de se calar ou se omitir caso isso Ihe seja benéfico (direito 4 ndo-autoincriminago). J4 0 contraditério é 0 direito dado ao individuo de contradizer tudo que for levado ao processo pela parte contraria. Assegura, também, a igualdade das partes do processo, a0 equiparar o direito da acusaco com o da defesa.°? A ampla defesa e 0 contraditério so principios que se aplicam tanto aos processos judiciais quanto aos processos administrativos, sejam estes ultimos referentes @ aplicacdo de punicdes disciplinares ou & ° STF, MS 1.320-9/0E, Rel, Min. Celso de Mello, D} 14.04.1999, ® ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado, 5# ediao. Ed. Método, 2010. pp. 176. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 restrigo de direitos em geral. © termo “litigantes” deve, portanto, ser compreendido na acepcao mais ampla possivel, no se referindo somente aqueles que estejam envolvidos em um proceso do qual resulte ou possa resultar algum tipo de penalidade. Todavia, entende o STF que a ampla defesa e o contraditério ndo se aplicam na fase do inquérito policial ou civil Por esse motivo, é nula a sentenca condenatéria proferida exclusivamente com base em fatos narrados no inquérito policial. O juiz pode usar as provas colhidas no inquérito para fundamentar sua decisio; entretanto, por nio ter sido garantida a ampla defesa e 0 contraditério na fase do inquérito, as provas nele obtidas ndo poderdo ser os tnicos elementos para motivar a decisdo judicial. O inquérito é fase pré-processual, de natureza administrativa, consistindo em um conjunto de diligéncias realizadas para @ apuracdo de uma infraco penal e sua autoria, a fim de que o titular da acdo penal (Ministério Publico ou o ofendido) possa ingressar em juizo. Somente ai é que tera inicio a fase processual, ‘com as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditério devendo ser respeitadas. Cabe destacar que, apeser de a ampla defesa e o contraditdrio ndo serem garantias na fase do inquérito, 0 indiciado possui, mesmo nessa fase, certos direitos fundamentais que Ihe deve ser garantidos. Dentre eles, podemos citar 0 direito a ser assistido por um advogado, o de no se autoincriminar e o de manter-se em siléncio.* \Vejam bem: na fase do inquérito, o individuo pode ser assistido por advogado; todavia, no é obrigatéria a assisténcia advocaticia nessa fase. E com base nessa légica que o STF entende que nao hé ofensa ao contraditério e & ampla defesa quando do interrogatério realizado pela autoridade policial sem a presenca de advogado. Sobre os direitos do indiciado na fase do inquérito, 0 STF editou a Stimula Vinculante n® 14, muito cobrada em concursos piiblicos: "E direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, jd documentados em procedimento investigatorio realizado por érggo com Por meio dessa stimula, © STF garantiu a advogados 0 acesso a provas Ja documentadas em autos de inquéritos policiais que envolvam seus clientes, inclusive os que tramitam em sigilo. Observe, entretanto, que a simula somente se aplica a provas j documentadas, nio atingindo demais diligéncias do inquérito, as quais 0 advogedo néo tem direito a ter acesso prévio. Com isso, caso sinta necessidade, a autoridade policial esté autorizada a separar partes do inquérito. Também existe uma fase pré-processual que antecede os processos administrativos disciplinar sindicancia, Segundo 0 STF, na sindicéncia preparatéria para a abertura do proceso administrative disciplinar (PAD) nao 6 obrigatéria a obediéncia aos principios do contraditério e da ampla defesa. Esses principios somente so exigidos no curso do processo administrative disciplinar (PAD). 5 STF, RE 481.955 ~ AgR. Rel. Min Carmem Lucia. Dle: 26.05.2011 “STF, HC 82.354, Rel. Min, Septlveda Pertence, DJ 24.09.2004. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici 2020 ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaul Ressalta-se que a razdo disso é que a sindicdncia que precede @ abertura do PAD, assim como o inquérito policial, caracteriza-se pela coleta de informagdes, que seréo apuradas em fases futuras dentro de um proceso. Caso a sindicancia, entretanto, ndo resulte em abertura do PAD, mas se traduza em aplicacéo de penalidade (adverténcia, por exemplo)®, hé sim, necessidade de obediéncia ao contraditério e & ampla defesa como requisito de validade da pena aplicada. STF entende que, nos processos administrativos disciplinares, a ampla defesa e o contraditério podem ser validamente exercidos independentemente de advogado. Dessa forma, em um PAD instaurado para apurar infraco disciplinar praticada por servidor, nao é obrigatéria a presenga de advogado. Com base nesse entendimento, o STF editou @ Simula Vinculante n? 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar nao ofende Como forma de garantir 2 ampla defesa, é bastante comum que a legislaco preveja a existéncia de recursos administrativos. No entanto, em muitos casos, a apresentacdo de recursos exigia o depésito ou arrolamento prévio de dinheiros ou bens. Em outras palavras, para entrar com recurso administrativo, o interessado precisava ofertar certas garantias, o que, em n3o raras vezes, inviabilizava, indiretamente, 0 exercicio do direito de recorrer. Para resolver esse problema, o STF editou a Stimula Vinculante n2 21: € inconstitucional a exigéncia de depésito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens ; para admissibilidade de recurso administrativo.” Dessa forma, seré inconstitucional qualquer lei ou ato normativo que estabelega a necessidade de depésito ou arrolamento prévio de dinheiro ou bens como requisite de admissibilidade de recurso administrativo. Nessa mesma linha, 0 STF entende que nio se pode exigir depésito prévio como condiglo para se ajuizer, junto ao Poder Judicidrio, ado para se discutir a exigibilidade de crédito tributdrio.®* Foi editada, ent3o, a SGmula Vinculante n° 28: inconstitucional a exigéncia de depésito prévio como requisito de admissibilidade de } lade de crédito tributério.” 5 Segundo o art. 145, da Lei n® 8112/90, da sindicancia poderd resultar: i) arquivamento do processo; i) aplicagdo de penalidade de adverténcia ou suspensdo de até 30 (trinta) dias; i) instauraedo de processo disciplinar.. % Na ADIN 1.0743, 0 STF considerou inconstitucional o art. 19, da Lei 8.870/94 que estabelecia que “as agdes judiciais, Inclusive cautelares, que tenham por objeto a discussto de débito para com o INSS serdio, obrigatoriamente, precedidas do depésito preparatorio do valor do mesmo, monetariamente corrigido até a data de efetivacto, acrescido dos juros, mutta de mora e demais encargos” §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 F(PC-DF — 2015) 0 advogado tem direito, no interesse de seu cliente, a ter acesso aos elementos de prova } que, j documentados em procedimento investigatorio realizado pela policia, direito de defesa, | Comentari | ssa questio esté baseada na SV nf 14, Questo correta, ELVI- s80 inadmissiveis, no processo, as provas obtidas por meios ilicitos; © devido processo legal tem como uma de suas consequéncias a inadmissi ndo poderdo ser usadas nos processos administrativos e judicials. Segundo o STF: indul ; Juridica como meio de formago do convencimento do julgador, razio pela qual deve ser desprezada, ainda que em prejuizo da apuragio da verdade, em prol de ideal maior de um processo justo, condizente com o respeito devido a direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, valor que se sobreleva, em muito, ao que é representado pelo interesse edad efi do aos delitos.”"” L As provas ilicitas, assim consideradas aquelas obtidas com violagio ao direito material, deverio ser, portanto, expurgadas do processo; serdo elas imprestaveis & formaco do convencimento do magistrado.** Ha que se destacar, todavia, que a presenca de provas ilicitas nao é suficiente para invalidar todo o proceso, se nele existirem outras provas, licitas e auténomas (obtidas sem a necessidade dos elementos informativos revelados pela prova ilicita).°® Uma vez que seja reconhecida a ilicitude de prova constante dos autos, esta ‘57 STF, Ago Penal, 307-3-DF. Rel. Min. llmar Galv3o, DIU 13.10.1995, ™ MORAES, Alexandre de. Constitulgdo do Brasil Interpretada e Legisla¢do Constitucional, 9° edicio. So Paulo Editora ‘Atlas: 2010, pp. 324-332 ‘STF, HC 76.231/R, Rel. Min, Nolson Jobim, DJ: 29.09.1995. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul deverd ser imediatamente desentranhada (retirada) do proceso. As outras provas, licitas e independentes da obtida ilicitamente, so mantidas, tendo continuidade o proceso. ictal 8 vw Vejamos, a seguir, importantes entendimentos do STF sobre a licitude/ilicitude de provas: 1) Eilicita a prova obtida por meio de interceptacao telefdnica sem autorizacao judicial. 2) Sao ilicitas as provas obtidas por meio de interceptacdo telefénica determinada a partir apenas de dentincia anénima, sem investigago preliminar. 3) Sao illcitas as provas obtidas mediante gravac3o de conversa informal do indiciado com Policiais, por constituir-se tal pratica em “interrogatério sub-repticio”, realizado sem as formalidades legais do interrogatério no inquérito policial e sem que 0 indiciado seja advertido do seu direito ao silencio." 4) Sao ilicitas as provas obtidas mediante confissdo durante prisdo ilegal. Ora, se a priséo foi ilegal, todas as provas obtidas a partir dela também o serao. 5) E licita a prova obtida mediante gravacdo telefénica feita por um dos interlocutores sem a autorizago judicial, caso haja investida criminosa daquele que desconhece que a gravacdo estd sendo feita. Nessa situacdo, tem-se a legitima defesa. 6) E Iicita a prova obtida por gravacao de conversa telefénica feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversacao.? 7) E licita a prova consistente em gravacao ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro. Muito conhecida na doutrina é a Teoria dos Frutos da Arvore Envenenada (“Fruits of the Poisonous Tree”), que se baseia na ideia de que uma érvore envenenada ird produzir frutos contaminados! Seguindo essa logica, uma prova ilicita contamina todas as outras que dela derivam. E 0 que a doutrina denomina ilicitude por derivacio; pode-se dizer também que, nesse caso, haveré comunicabilidade da ilicitude das provas icitas a todas aquelas que dela derivarem. © STF, Embargos de Declaraco em Inquérito. Rel. Min, Néri da Silveira, 07.06.1996 © STF, HC 80.949, Rel. Min, Sepiilveda Pertence. DJ 30.10.2001, © STE, RE 630.944 — AgR, Rel. Min, Ayres Brito, DJ 25.10.2011 © STF, RE 583.937-00-RG. Rel. Min. Cezar Peluso. DJ 19.11.2009, §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 E importante destacar, porém, que a tio s6 existéncia de prova reconhecidamente ilicita no processo nfo basta para que a condenagio seja considerada nula, ou seja, a prova ilicita nao contamina todo o proceso. Nesse sentido, segundo 0 ST!, “ndio se aplica a Teoria da Arvore des Frutos Envenenados quando a prova considerada como ilicita é independente dos demais elementos de conviceéo coligides nos autos, bastantes para fundamentar a condenagéo."* de responsabilizagao administrativa e civel, mas néo criminal. Comentari ‘As provas ilicitas no podem ser usadas, também, nos processos penais (criminais). Elas sero nulas. Questa errada, LVII - ninguém ser considerado culpado até o transito em julgado de sentenca penal | condenatsri i Trata-se do principio da presunc&o de inocéncia, que tem por objetivo proteger a liberdade do individuo frente 20 poder de império do Estado. Somente a partir do transito em julgado (deciso da qual nfo caiba mais nenhum recurso) de sentenca penal condenatéria é que alguém poderd ser considerado culpado. €, afinal, o transito em julgado da sentenga que faz coisa julgada material. Da presuncdo de inocéncia, deriva a obrigatoriedade de que o énus da prova da pratica de um crime seja sempre do acusador. Assim, no se pode exigir que 0 acusado produza provas em seu favor; caberd & acusaco provar, inequivocamente, a culpabilidade do acusado. Ajurisprudéncia do STF considera que as prises cautelares (prisdo preventiva, priso em flagrante e prisdo temporéria) s80 compativels com o principio da presuncdo de inocéncia. Assim, é plenamente possivel, no ordenamento juridico brasileiro, que alguém seja preso antes de sentenca penal condenatéria transitada em julgado. Em novembro de 2019, 0 STF adotou importantissima decisdo relacionada ao principio da presuncao de Inocéncia, mudando sua jurisprudéncia sobre o tema, Nos tiltimos anos, 0 STF vinha admitindo que, apés uma decisio condenatéria em segunda instncia, jé seria possivel a execuco proviséria da pena. Em outras Palavras, apés deciso de segunda inst&ncia (acérdo penal condenatério), jd poderia ser determinada pris’ do condenado, ainda que cabiveis recurso especial (para 0 STJ) ¢ recurso extraordinario (para o STF). Mas qual o novo entendimento do STF? APR 2050810047450 DF, Rel. Vaz de Moll, j. 07.02.2008. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul Agora, o STF entende que a decisdo condenatéria em segunda instancia jé ndo mais permitiré a execucdo proviséria da pena. Se um individuo foi condenado em primeira insténcia e, em seguida, teve a condenacdo confirmada por um Tribunal (érgao de natureza colegiada), ainda assim ele no poderd ser preso, pois so possiveis 0 recurso especial (para o ST!) o recurso extraordindrio (para o STF). Em outras palavras, ainda no houve o transito em julgado da condenacao criminal e, portanto, o individuo deve ser presumido inocente. Dessa forma, o STF adotou o seguinte entendimento: "A execucdo provisdria da sentenca penal condenatoria revela-se frontalmente jincompativel com o direito fundamental do réu de ser presumido inocente até que Sobrevenha o trénsito em julgado de sua condenacéo criminal” (ADC 43, 44 € 45) A presungao de inocéncia também ja serviu de fundamento para outra importante jurisprudéncia, agora 0s. relacionada a concursos pul Segundo 0 STF, “viola 0 principio constitucional da presuncao de inocéncia, previsto no art. 52, LXVII, da CF, gexclusdo de candidato de concurso puiblico que responde a inquérito ou ago penal sem trénsito em julgado da sentenca condenatéria”.® Ora, se ainda no houve o transito em julgado da sentenca penal, o individuo no pode ser considerado culpado. Ao exclui-lo do concurso, a Administracéo Publica agiu como se ele assim devesse ser considerado, o que viola a presunco de inocéncia. (Policia Civil-CE - 2015) Ninguém sera considerado culpado até o transito em julgado de sentenca penal condenatéria, salvo o preso em flagrante delito. Comentérios: Pegadinhal Mesmo aquele que for preso em flagrante delito somente poderé ser considerado culpado apés 0 transito em julgado de sentenca penal condenatéria. Questao errad: LVI - 0 civilmente identificado nao sera submetido a identificagao criminal, salvo nas hipéteses previstas em | Tem-se, aqui, norma constitucional de eficécia contida: na falta de lei dispondo sobre os casos de identificago criminal excepcional, esta jamais seria exigivel. 6 STF, RE550.135-AgR. Rel. Min, Ricardo Lewandowski, 20.05.2008, §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 0 que é identificacio civil? E a regra: carteira de identidade, de motorista, de trabalho... E a criminal? € a impressio digital (processo datiloscépico) ¢ a fotografica. Aposto que vocé se lembrou daquelas cenas de filmes, em que o preso ¢ fotografado de frente e de perfil pela policia, né? Assim, lei pode prever, excepcionalmente, hipsteses de identificacdo criminal mesmo quando o individuo {4 fol identificado civilmente. A Lei n® 12.037/2009 dispée sobre os casos de identificacao criminal do civilmente identificado. sera F intentada no { prazo legal, acdo publica, se esta nao Como vocé sabe, em regra, é 0 Ministério Publico que provoca o Poder Judiciério nas ages penais publicas, de cujo exercicio ¢ titular, com o fim de obter do Estado o julgamento de uma pretens&o punitiva. Entretanto, em alguns casos, o particular poderd exercer essa prerrogativa, de maneira excepcional, Trata- se dos casos de aco penal privada subsidiaria da piiblica, quando esta no é intentada no prazo legal. Nesse tipo de ago, a titularidade da persecucao criminal era, inicialmente, do Ministério Publico. Entretanto, ante da omissio deste, ela passou para o particular. Destaca-se, todavia, que ndo é possivel aco penal privada subsidiaria da publica quando o Ministério Publico solicitou ao juiz 0 arquivamento do inquérito policial por falta de provas. Isso porque, nesse caso, ndo se caracteriza inércia do Ministério Publico. LX a lei sé poderd restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da ida de ad L Acompreenséo desse inciso é bastante simples. A regra a publicidade dos atos processuais. A excecdo é a restricdo a essa publicidade, que s6 poderd ser feita por lei e em 2 (duas hipdteses): defesa da intimidade ou interesse social. de autoridade judicidria competente, salvo nos casos de transgresséo militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; i LXVI - ninguém serd levado & prisdo ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade O direito a liberdade é uma regra prevista na ConstituicSo, que somente em situagées excepcionais & taxativas poderd ser violada. O inciso LX! do art. 52 da Constituicdo traz as hipdteses em que é possivel a prisdo: a) em flagrante delito. Nesse caso, no haverd necessidade de ordem judicial. Nos termos do Cédigo. de Processo Penal, qualquer do povo poderd e as autoridades policiais e seus agentes deverio prender quem quer que seja encontrado em fiagrante delito. b) em caso de transgressao militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, Nesse caso, também é dispensada ordem judicial. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici 2020 ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaul ©) por ordem de juiz, escrita e fundamentada. A deciséo judici prisdo cautelar ou para a denegagao de liberdade provisoria. | & necessari para a decretaglo de A priso, por tudo 0 que ja comentamos, tem natureza excepcional. Nesse sentido, o inciso LXVI dispSe que se a lei admitir a liberdade proviséria, com ou sem fianca, ninguém seré levado a prisdo ou nela mantido. Isso porque o direito a liberdade é um dos direitos humanos mais basicos e importantes. Flagrante delito Casos em que ¢ possivel E (CNMP — 2015) Ninguém sera levado a priséo ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisoria, | desde que mediante pagamento de fianca. i Comentérios: O art. 52, LXVI estabelece que “ninguém serd levado 4 prisio ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade proviséria, com ou sem fianca”. Questo errada. LXII- @ prisdo de qualquer pessoa e 0 local onde se encontre seréo comunicados imediatamente ao juiz competente e & familia do preso ou a pessoa por ele indicada; LUIII - 0 preso sera informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-Ihe assegurada a assisténcia da familia e de advogado; LXIV - 0 preso tem direito a identificag3o dos responsdveis por sua prisio ou por seu stamente relaxada pela autoridade ju Esses dispositivos enunciam os direitos do preso, que Ihe devem ser garantidos imediatamente quando de sua prisdo. Nos termos do inciso LXIl, a prisdéo de qualquer pessoa e 0 local onde se encontre seréo comunicados imediatamente ao juiz competente e & familia do preso ou a pessoa por ele indicada. O objetivo é §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 assegurar-Ihe a assisténcia familiar e permitir que o juiz analise a legalidade da prisio, relaxando-a se tiver, sido ilegal. Destaque-se que no ocorrerd descumprimento do art. 52, LXl, seo preso, voluntariamente, no indica pessoa a ser comunicada de sua pris8o. 0 inciso LX, por sua vez, consagra o direito ao siléncio (direito & nSo-autoincriminago), que se baseia na légica de que ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo (“nemo tenetur se detegere”). O preso deverd ser informado sobre seu direito de permanecer em siléncio, assim como do fato de que o exercicio desse direito no iré trazer-Ihe nenhum prejuizo. Em outras palavras, o siléncio do réu no iterrogatério ndo pode ser interpretado como se fosse uma confissdo da pratica do crime. O direito ao siléncio esta presente quando o indiciado ou acusado presta depoimento ao Poder Judiciério, a0 Poder Executivo ou ao Poder Legislativo (no ambito de CPI, por exemplo). Segundo o STF, 0 preso deve ser informado de seu direito 2o siléncio, sob pena de nulidade absoluta de seu interrogatério. Importa destacar ainda que, para o Supremo Tribunal Federal, o direito de permanecer em siléncio insere- se no alcance concreto da cldusula constitucional do devido processo legal. Nesse direito ao silncio, esté incluida, implicitamente, a prerrogativa processual de o acusado negar, ainda que falsamente, perante a autoridade policial ou judiciéria, a prética da infracdo penal. Essa garantia conferida ao acusado, entretanto, ndo Ihe permite mentir indiscriminadamente. N&o pode ele, com base nesse direito, criar situagBes que comprometam terceiros ou gerem obstaculos @ apuracdo dos fatos, impedindo que a Justica apure a verdade. O inciso LXIV, por sua vez, garante ao preso o direito de conhecer a identidade dos responsaveis por sua prisdo ou por seu interrogatério policial. O objetivo ¢ evitar arbitrariedades da autoridade policial e de seus agentes que, uma ver tendo sido identificadas pelo preso, poderao ser responsabilizadas, @ posteriori, no caso de ilegalidades ou abuso de poder. 44 0 inciso LXV determina que a priséo ilegal ser imediatamente relaxada pela autoridade judiciéria. O relaxamento da prisio é, portanto, um ato por meio do qual o juiz torna sem efeito a restri¢ao de liberdade. Trata-se, como se pode verificar, de uma prote¢o aos individuos contra prisées ilegais ou arbitrérias. Um entendimento importante do STF, relacionado ao respeito dos direitos do preso, é a Sumula Vinculante n® 11, que trata do uso de algemas. "$6 6 licito o uso de algemas em caso de resisténcia e de fundado receio de fuga ou de | perigo a integridade fisica prépria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada { a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisdo ou do ato processual a que se refere sem prejuizo da responsabilidade civil do Estado.” i Com a edicdo da Simula Vinculante n2 11, a utilizaglo de algemas somente pode ocorrer em casos ‘excepcionais (resisténcia, fundado receio de fuga ou perigo & integridade fisica), justificados por escrito. A © STF, HC 69.630. Rel, Min. Paulo Brossard. DJ: 04.12.1992. STE, Primeira Turma, HC 68929 SP, Rel. Min. Colso de Molla, j 22.10.1991, D! 2808-1992, FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul desobediéncie a essa regra implicara em responsal nulidade da prisao. ilidade do agente ou da autoridade, bem como na (PRE — 2019) Sao constitucionalmente assegurados ao preso 0 direito a identificacdo dos agentes estatais responsaveis por sua prisao e direito de permanecer em siléncio. Comentarios: O preso deverd ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado (art. 52, LXIll, CF/88). Além disso, 0 preso também tem o direito a identificago dos responsdveis por sua prisdo ou por seu interrogatério policial (art. 52, LXIV, CF/88). Questo correta, (Policia Civil-SE — 2018) Em caso de perigo a integridade fisica do preso, admite-se 0 uso de algemas, desde que essa medida, de cardter excepcional, seja justificada por escrito. Comentarios: 0 uso de algemas € admitido nas seguintes situacdes: resist€ncia, fundado receio de fuga ou perigo & integridade fisica propria ou alheia. Trata-se de medida de caréter excepcional, que precisa ser justificada por escrito, conforme previsto na SV n? 11. Questo correta. {Policia Civil-SE ~ 2018) Conforme texto constitucional vigente, a prisdo de qualquer pessoa e o local onde se encontra tero de ser comunicados em até vinte e quatro horas ao juiz competente e & familia do preso oua pessoa por ele indicada. Comentérios: Segundo o art. 52, LxIl, CF/88, “a pristio de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados § jediatamente ao juiz competente e & familia do preso ou & pessoa por ele indicada”. Questo errada. (Policia Civil-CE - 2015) A priséo de qualquer pessoa e o local onde se encontre seréo comunicados, imediatamente, ao juiz competente e a familia do preso ou & pessoa por ele indicada. Comentérios: E a literalidade do art. 52, LXIl, CF/88. Questo correta. (Pol Comentarios: Gi CE 2015) A priséo ilegal seré imediatamente relaxada pela autoridade pol Pegadinha! € a autoridade judicial (e ndo a autoridade policial!) que relaxaré a prisdo ilegal. Questo errada. (Policia Federal 2014) Um agente da Policia Federal foi escalado para atuar em operaco para cumprimento de mandado judicial de prisdo e de busca e apreensio, durante o dia, de documentos no escritério profissional do investigado. Mesmo que o investigado ofereca resisténcia 4 ordem de prisdo, nao seré possivel 0 uso de algemas para conduzi-lo, uma vez que a CF garante que nenhum cidadéo sera submetido a tratamento desumano ou degradante. Comentarios: §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 | AStmula Vinculante n? 11 autoriza a utilizago de algemas em caso de resisténcia a prisio. Logo, na situagio j doscrita, so LXVII - no haverd prisio civil por divida, salvo a do responsdvel pelo inadimplemento voluntario ¢ inescusavel de obrigacdo alimenticia e a do depositario infiel Apartir deste artigo, de “memorizag4o” obrigatéria para sua prova, pode-se concluir que: a) Em regra, no ha pristo civil por di b) Aquele que no paga pensio alimenticia sé pode ser preso se deixar de pagar porque quer {inadimplemento voluntario) e sem justificativa plausivel (inadimplemento inescusavel). ¢) Se levarmos em conta apenas o texto da Constituicao, iremos concluir que 0 depositario infiel também pode ser preso. No entanto, o entendimento atual do STF é o de que a tinica priso civil por divida admitida no ordenamento juridico brasileiro é a resultante do inadimplemento voluntério ¢ inescusavel de obrigacao alimenticia. ‘Vamos explicar 0 porqué disso, comecando com 0 conceito de “depositario infie!”. © conceito néo é cobrado em prova, mas fica bem mais facil entender o espirito da norma quando este ¢ explicado. 0 depositério é a pessoa a quem uma autoridade entrega um bem em depésito. Essa pessoa assume a obrigacio de conservar aquele bem com diligencia ede restitui-lo assim que a autoridade o exigir. ‘Quando assim nao procede, é chamada depositrio infiel. A infidelidade, portanto, é um delito. E 0 caso de uma pessoa que teve mercadoria apreendida pela Receita Federal, mas que recebe do Auditor-Fiscal autorizagdo para guardé-la, por falta de espaco no depésito da unidade aduaneira, por exemplo. Caso o bem ndo seja entregue assim que requerido, o depositério torna-se infiel. Pela literalidade da Constituigo, o depositario infiel pode ser preso. No entanto, trata-se de autorizacao (e ‘no imposic&o) constitucional. Hé necessidade de uma norma infraconstitucional que ordene a priséo. Com efeito, a Constituicso apenas autoriza a prisdo; quem deve determinar a prisdo do depositério infiel é uma lei (norma infraconstitucional). Essa lei que determina a prisdo do depositario infiel até existe, mas como explicarei a seguir, esté com a eficécia suspensa. © Brasil é signatério da Convencdo Americane de Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica), que somente permite a prisdo civil por ndo pagamento de obrigacdo alimenticia. Segundo o STF, esse tratado, Por ser de direitos humanos, tem “status” supralegal, ou seja, esté abaixo da Constituicdo e acima de todas as leis na hierarquia das normas. Assim, ele ndo se sobrepde & Constitui¢o, ou seja, permanece valida a autorizacao constitucional para que o depositério infiel seja preso. No entanto, a Convengo Americana de Direitos Humanos, por ter status supralegal, suspendeu toda a eficacla da legislagao infraconstitucional que regia a priséo do depositario infiel. Segundo o STF, o Pacto de FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul San José da Costa Rica produziu um “efeito paralisante” sobre toda a legislago infraconstitucional que determinava a prisdo do depositario infiel. © Dessa forma, nao houve revogagio do texto constitucional. A Constituigao continua autorizando a priso do depositério infiel; no entanto, a legislacdo infraconstitucional esté impedida de ordenar essa modalidade de priséo, em razio da Convencao Americana de Direitos Humanos, cuja hierarquia é de norma supralegal. Para sanar qualquer duivida sobre o tema, o STF editou a Sumula Vinculante n? 25: Rie Aoe ita a prisdo civil do deposi Para finalizar, quero que vocés se lembrem, ainda, de que os tratados sobre direitos humanos também podem ter “status” de emenda constitucional, desde que aprovados obedecendo ao ito préprio dessa espécie normativa. Assim, necessitam ser aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trés quintos dos votos dos respectivos membros. Essa previsio esté no art. 52, § 3° da CF/88, incluido & Constituigio pela EC 45/04, Continuemos no estudo do art. 52, da Constituicao Federal! XV é livre a locomocao no territério nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, {os termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus ben: Por meio desse dispositivo, a CF/88 garante a liberdade de locomorao, no territério nacional, nos tempos de paz e nos termos da lei. Observe que se trata de norma constitucional de eficdcia contida, que poderé sofrer restricBes referentes ao ingresso, saida e circulagao interna de pessoas e patriménio. € 0 caso, por exemplo, das restricSes impostas por normas referentes ao ingresso de estrangeiros no pais. Outro tépico bastante interessante sobre esse dispositivo € que a liberdade de locomogao sé € assegurada a qualquer pessoa (brasileira ou nao) em tempos de paz. Isso significa que, em tempos de guerra, a liberdade de entrada, saida e permanéncia no pais poder sofrer duras restrigdes, principalmente no que se refere a estrangeiros. Por fim, cabem algumas consideragdes sobre o direito de locomogéo. Locomover significa andar, correr, passear, parar, ir, vir, ficar, estacionar, transitar... Em sentido amplo, o mesmo que circular. Nesse sent no pode o Poder Puiblico cercear o livre transito de pessoas, salvo em situacdes excepcionais. © RE 466.343-1/SP, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 03.12.2008 §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 O remédio constitucional adequado para proteger a liberdade de locomogic 6 0 “habeos corpus": Lxvlil“ conceder-se-é "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameacado | de sofrer violéncia ou coacio em sua liberdade de locomoco, por ilegalidade ou abuso de © “habeas corpus” é uma garantia fundamental. Trata-se de uma forma especifica de garantia, a que a doutrina chama “remédio constitucional”. “th...Agora complicou! O que é remédio constitucional, Nadia?” Calma, aluno (a)... © remédio constitucional é um meio que a Constituigo dé ao individuo de proteger seus direitos contra a ilegalidade ou abuso de poder cometido pelo Estado. Ao contrério da maioria das garantias, no é uma proibicdo ao Estado, mas um instrumento 2 favor do individuo. Bem, voitando ao “habeas corpus”, temos que ele é remédio constitucional que protege o direito de locomogao. Sua finalidade , por meio de ordem judicial, fazer cessar a ameaga ou coagao a liberdade de locomogie do individuo. © “habeas corpus” tem natureza penal, procedimento especial (é de decisfo mais répida: rito sumério), é isento de custas (gratuito) e pode ser repressivo (|iberatério) ou preventivo (salvo-conduto). Se repressivo, busca devolver ao individuo a liberdade de locomogo que ja perdeu (sendo preso, por exemplo); quando preventivo, resguarda o individuo quando a perda dessa liberdade & apenas uma ameaca. Ha, ainda, 0 “habeas corpus” suspensivo, utilizado quando a pristo jé foi decretada, mas o mandado de prisio ainda est pendente de cumprimento, Pode o “habeas corpus” ser impetrado por qualquer pessoa fisica ou Juridica, nacional ou estrangeira, ou, ainda, pelo Ministério Publico e pela Defensoria Publica. Todos esses s8o, portanto, sujeitos ativos do “habeas corpus”. Trata-se de uma aco com legitimidade universal, que pode, inclusive, ser concedida de oficio pelo préprio juiz. Tamanho é seu carater universal que o “habeas corpus” prescinde, até mesmo, da outorga de mandado judicial que autorize o impetrante @ agir em favor de quem estaria sujeito, alegadamente, a constrangimento em sua liberdade de locomocdo. Nao pode 0 “habeas corpus’, contudo, ser impetrado em favor de pessoa juridica. Somente as pessoas fisicas (os seres humanos) podem ser pacientes de “habeas corpus”. Ja viu pessoa juridica (“empresa”) se locomovendo? Ou, ainda, é possivel que pessoa juridica seja condenada & pristio? Nao, né? Por isso mesmo, © “habeas corpus” s6 pode ser Impetrado a favor de pessoa natural, jamais de pessoa juridica. Guarde bem issol as Pessoa juridica pode impetrar habeas corpus, mas sempre a favor de pessoa fisica. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul Nao ha necessidade de advogado para impetracao de “habeas corpus”, bem como para interposi recurso ordindrio contra deciséo proferida em “habeas corpus”. A doutrina considera, por isso, que 0 “habeas corpus” é uma verdadeira aco penal popular. No que se refere a legitimidade passiva no “habeas corpus”, tem-se que este se dirige contra a autoridade coatora, seja ela de cardter ptiblico ou um particular. Por autoridade coatora entende-se aquela que determinou a priséo ou a restric&o da locomogo do paciente, ou seja, da pessoa que sofreu a lesdo ou ameaga de lesio. Um exemplo tipico de “habeas corpus” contra particular é aquele impetrado contra hospitais, que negam a liberaco de seus pacientes, caso estes ndio paguem suas despesas. Pela importancia do direito que busca proteger (liberdade de locomocao), 0 habeas corpus é ago de procedimento especial (rito sumario), sendo decidida de maneira bem célere. Mesmo assim, pode haver medida liminar em “habeas corpus”, desde que presentes seus pressupostos (fumus boni juris e periculum in mora). “Nadia, o que é liminar?” A liminar é uma ordem judicial proferida pronta, suméria (rito breve) e precariamente (no é definitiva). Visa proteger direito que esteja sendo discutido em outra aco, e que, sem a liminar, poderia sofrer danos de dificeis reparagées, devido & demora na prestagao jurisdicional. A liminar, portanto, tem dois pressupostos: a) © “fumus boni juris", ou “fumaca do bom direito”, que significa que o pedido deve ter plausibilidade juridica; b) 0 “periculum in mora” (risco da demora), que significa que deve haver possibilidade de dano irreparavel ou de dificil reparacdo se houver demora na prestago jurisdicional. Outra coisa importante: é cabivel “habeas corpus” mesmo quando a ofensa ao direito de locomocao é indireta, ou seja, quando do ato impugnado possa resultar procedimento que, ao final, termine em detenc3o ou reclus&o da pessoa. E 0 caso do uso desse instrumento para proteger 0 individuo contra quebra de sigilo bancério que possa levar & sua priséo em um proceso criminal, por exemplo™. Esse é 0 entendimento do STF. Entretanto, caso a quebra do sigilo fiscal se desse em um processo administrativo, nao caberia “habeas corpus”. Isso porque esse tipo de proceso jamais leva & restricao de liberdade. O remédio constitucional adequado, nesse caso, seria o mandado de seguranca. habeas corpus também podera ser concedido para impugnar medidas cautelares diversas da priséo, as quais esto relacionadas no art. 319, do Cédigo de Proceso Penal.” Isso se deve ao fato de que, caso essas medidas cautelares sejam descumpridas, poderdo ser convertidas em prisdo processual, havendo, portanto, risco a liberdade de locomogo do individu. Além disso, cabe habeas corpus para questionar medidas de protecao & mulher previstas na Lei Maria da Penha. Segundo o STI, “se o paciente ndo pode aproximar-se a menos de 500 metros da vitima ou de seus ©0 habeas corpus & medida idénea para impugnar decisio judicial que autoriza a quebra de sigilos fiscal e bancério em procedimento criminal, haja vista a possibilidade destes resultarem em constrangimento 2 liberdade do investigado” (Al 573623 QO/RI, rel. Min. Gilmar Mendes, 31.10.2006), THC 147426/AP e HC 147303/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento: 18.12.2017. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 fomiliares, se néo pode aproximar-se da residéncia da vitima, tampouco pode frequentar o local de trabalho dela, decerto que se encontra limitada a sua liberdade de ir e vir. Posto isso, afigura-se cabivel a impetragio do habeas corpus”. Resta, ainda, destacar que o “habeas corpus” pode ser concedido de oficio pelo juiz”, ou seja, por sua iniciativa, sem provocacSo de terceiros. Isso ocorreré quando, no curso do processo, a autoridade judiciéria verificar que alguém sofre ou esté na iminéncia de sofrer coacdo ilegal. ‘Além disso, entende o STF que o érgdo competente para julgamento do habeas corpus est desvinculado & causa de pedir (fundamento do pedido) ¢ aos pedidos formulados. Assim, havendo convicc&o sobre a existéncia de ato ilegal nfo mencionado pelo impetrante, cabe ao Judiciério afasté-lo, ainda que isso implique concesséo de ordem em sentido diverso do pleiteado”. (0 “habeas corpus” também no serve como meio de dilago probatéria”, para reparar erro do Judiciario, devido a sua indole sumarissima’®. A coacio ilegal deverd ser demonstrada de plano pelo impetrante: exige- +e, no “habeas corpus”, prova pré-constituida. Como a fase de dilaco probatéria é demorada, relativamente longa, entende o STF que é incabivel na via de “habeas corpus”, devido a seu rito sumarissimo. O bem juridico tutelado (a liberdade de locomosao) requer o afastamento da ilegalidade o mais répido possivel, o que ndo se daria caso houvesse uma fase probatéria. ‘Apesar de no existir previsio expressa em nosso ordenamento juridico, o STF admite que seja impetrado 0 “habeas corpus coletivo”. Permite-se, desse modo, que os juizes Tribunais estendam ordem de habeas corpus para todos aqueles que esto na mesma situacdo, Foi esse 0 entendimento do STF ao analisar habeas corpus coletive impetrado pela Defensoria Publica em favor de mulheres grévidas e mes de criangas que esto cumprindo prisio preventiva.”” Uma pergunta importante que se deve fazer é a seguinte: quando é incabivel 0 “habeas corpus”? a) Nao cabe “habeas corpus” para impugnar decisées do STF (Plenario ou Turmas). N&o € cabivel habeas corpus, inclusive, contra decisdo monocrética proferida por Ministro do STF.”” ‘1Ncneze8420/M, Rel, Min, Reynaldo Soares da Fonseca, 5# Turma, D1 09.12.2015. ‘7ST, HC 69.172-2/RI, DI, 1, de 28.08.1992. STF, HC 69.421/SP, Di, 1, de 28.08.1992. 7 Por dilacdo probatéria entende-se 0 prazo concedido as partes para a producto de provas no processo, STF, HC 68,397-5/0F, DJ 1, 26.06.1992. THC 143,641/sP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. lulgamento: 20.02.2018, "HC 105959/DE. Rel. Min. Luiz Edson Fachin. 17.02.2016. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaulas - 2020, A impossibilidade de impetracao do “habeas corpus” contra decisées do STF decorre do principio da “superioridade de grau”, em virtude do qual somente a autoridade imediatamente superior & autoridade coatora 6 que teria competéncia para conhecer e decidir sobre essa aco. Nesse sentido, nenhum juiz pode conceder “habeas corpus” contra ato do préprio juizo; 0 habeas corpus é sempre impetrado junto autoridade superior daquela que tomou decisio que viola a liberdade de locomocao. b) Nao cabe “habeas corpus” para impugnar determinaco de suspensao dos di ¢) N3o cabe “habeas corpus” para impugnar pena em processo admi adverténcia, suspensdo, demissao etc. d) No cabe “habeas corpus” para impugnar pena de multa ou relativa a proceso em curso por infrago penal a que a pena pecuniaria seja a tinica cominada. (Siimula STF n2 643) Perceba que as penas de multa, de suspensio de direitos politicos, bem como disciplinares nao resultam em cerceamento da liberdade de locomogao. Logicamente, no cabe “habeas corpus” para impugné-las. ) Nao cabe “habeas corpus” para impugnar quebra de sigilo bancério, fiscal ou telefénico, se dela no puder resultar condenacio a pena privativa de liberdade. Se a quebra de sigilo bancério, fiscal ou telefénico puder resultar em condenacdo & pena privativa de liberdade, entende-se que ha violacdo indireta a liberdade de locomoco. Nesse caso, sera cabivel o “habeas corpus”. ) Nao cabe “habeas corpus” quando ja extinta a pena privativa de liberdade. (Simula STF n? 695) Desconstituide © objeto do “habeas corpus”, por julgada extinta a pena em face do seu integral cumprimento, resta prejudicado 0 pedido”. Isso significa que a extin¢do da pena torna incabivel a utilizagao do “habeas corpus”. & légica ¢ simples: 0 “habeas corpus” visa & tutela do direito & locomocao, nao se justificando quando esse direito n3o mais se encontra limitado ou ameagado. 8) Nao cabe “habeas corpus” para discutir o mérito de punigdes di CF). Segundo o STF, é cabivel “habeas corpus” para discutir a legalidade de punicées disciplinares militares (por exemplo, a competéncia do agente e concessSo de ampla defesa e contraditério). h) N&o cabe “habeas corpus” contra a imposigSo de pena de exclusdo de militar ou de perda de patente ou de funcao publica. i) Nao cabe “habeas corpus” para se pleitear o direito a visitas intimas.”® HC 34826 RS 2004/0051531-1, DJe 06/10/2008. 7 HC 138286, Rel. Min. Marco Aurélio.Julgamento: 05.12.2017 §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 Destaca-se, ainda, que em caso de estado de defesa (art. 136, CF) ou estado de sitio (art. 139, CF), 0 ambito do “habeas corpus” poder ser suprimido. er restringido. Contudo, jamais poder (PGM-Fortaleza ~ 2017) Pessoa juridica pode impetrar habeas corpus. Comentarios: © “habeas corpus” pode, sim, ser impetrado por qualquer pessoa juridica, nacional ou estrangeira. A pesso: juridica, entretanto, ndo pode ser paciente dessa aco, uma vez que no possui direito de locomocio a ser protegido. Questo correta. i (11-SP ~ 2015) Nao é possivel a concesso de habeas corpus quando alguém se ache ameacado de sofrer | violéncia ou coacdo em sua liberdade de locomocéo, por ilegalidade ou abuso de poder, devendo a violancia ou coagio estarem concretizadas. Comentarios: i A violncia ou coacao & liberdade de locomoso no precisam estar concretizadas para que se conceda habeas corpus. \sso porque existe a figura do habeas corpus preventivo, utilizado quando @ perda da /liberdade ainda & uma ameaga, Questio errada, | (FUB ~ 2015) A legitimidade para impetrago de habeas corpus é universal, abrangendo a pessoa juridica ¢ | também aqueles que no possuem capacidade civil plena. Comentéri Qualquer pessoa fisica ou juridica, nacional ou estrangeira, poder impetrar mandado de seguranca, Portanto, a legitimidade para impetracdo de habeas corpus é universal. Questo correta. j (TCM-GO ~ 2015) Conceder-se-é habeas corpus sempre que alguém estiver submetido as decisdes ilegais i ue impliquem condenacdo em pena privativa de direitos, privativa de liberdade ou de multa. ! comentérios: ‘Nao cabe habeas corpus para impugnar pena privativa de direitos ou pena de muita. O bem juridico tutelado pelo habeas corpus é a liberdade de locomocéo. Portanto, ele é cabivel para impugnar decisdes ilegeis que i .pliquem condenago em pena privativa de liberdade. Questo errada. i HABEAS CORPUS Caréter preventive wim ou repressivo Finalidade Proteger a liberdade de locomogao. ‘Qualquer pessoa fisica ou juridica, nacional ou estrangeira, Sd pode ser Lesltimados atives impetrado a favor de petcoa natural, jamais de pessoa juridica. 2020 FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br + Atea Judiciaria) Com Videoaul Legitimados Autoridade publica e pessoa privada passivos Natureza Penal Isengao de custas ‘Sim Medida liminar Possivel, com pressupostos “fumus boni juris” e “periculum in mora” Penas de multa, de suspensao de direitos politicos, bem como Observacdes disciplinares nao resultam em cerceamento da liberdade de locomocao. Por isso, ndo cabe “habeas corpus” para impugné-las LXIX = conceder-se-4 mandado de seguranca para proteger direito liquido e certo, nao amparado por “habeas corpus” ou habeas data, quando o responsdvel pela ilegalidade ou 7 abuso de poder for autoridade ptiblica ou agente de pessoa juridica no exercicio de atribuigdes do Poder Pablico; © mandado de seguranca é aco judicial, de rito sumario especial, propria para proteger direito liquido e certo de pessoa fisica ou juridica, ndo protegido por “habeas corpus” ou “habeas data”, que tenha sido violado por ato de autoridade ou de agente de pessoa privada no exercicio de atribuic3o do Poder Puiblico. Quando se fala que o mandado de seguranca protege direito liquido e certo “no amparado por “habeas corpus” ou habeas data”, determina-se que este tem cardter residual. Assim, essa aco judicial sé € cabivel na falta de outro remédio constitucional para proteger o direito violado. Como exemplo, o mandado de seguranca é 0 remédio constitucional apto a proteger o direito de reuniéio caso haja lesio ou ameaca de lesdo a esse direito por alguma ilegalidade ou arbitrariedade por parte do Poder Piblico. Outra caracteristica importante é que o mandado de seguranca tem natureza civil, e € cabivel contra o chamado “ato de autoridade”, ou seja, contra agdes ou omissdes do Poder Puiblico e de particulares no exercicio de fungdo puiblica (como o diretor de uma universidade, por exemplo). Destaque-se que, mesmo sendo ago de natureza civil, o mandado de seguranca podera ser usado em processos penais. Assim, a violacdo de direito liquido e certo nao protegido por “habeas corpus” ou “habeas data” daré ensejo 8 utilizago do mandado de seguranca. Direito liquido e certo, segundo a doutrina, é aquele evidente de imediato, que nfo precisa de comprovago futura para ser reconhecido. A existéncia desse direito é impossivel de ser negada. Por esse motivo, no hé dilacdo probatéria (prazo para producao de provas) no mandado de seguranca. As provas, geralmente documentals, s8o levadas ao proceso no momento da impetragdo da ao, ou seja, quando se requer a tutela jurisdicional. So provas pré-constituidas. De acordo com a jurisprudéncia do STF, 0 conceito de direito liquido e certo esté mesmo relacionado a prova pré-constituida, a fatos comprovados documentalmente na exordial (peticdo inicial do processo). N&o importa se a questao juridica é dificil, complexa ou controvertida. Nesse sentido, dispde a Sumula 625 do STF que “controvérsia sobre matéria de direito no impede concessdo de mandado de seguranca”. O que se exige é que o fato esteja claro, pois o direito sera certo se 0 fato a ele correspondente também o for. E importante frisar que 0 mandado de seguranga é cabivel contra atos discricionérios ou contra atos vinculados. Reza a ConstituicS0 que os individuos utilizam 0 mandado de seguranca para se defenderem tanto da ilegalidade quanto do abuso de poder. Por ilegalidade, entende-se a situacdo em que a autoridade coatora no age em conformidade com a lei. Trata-se de vicio préprio dos atos vinculados. Por abuso de poder, por outro lado, entende-se a situacdo em que a autoridade age fora dos limites de sua competéncia. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 Trata-se de vicio préprio dos atos discricionérios. Assim, a Constituigo, de acordo com a doutrina, ao se referir 3 ilegalidade como hipstese de cabimento de mandado de seguranga, reporta-se aos atos vinculados, € a0 se referir a0 abuso de poder, reporta-se aos discricionérios. No que diz respeito a legitimidade ativa, podem impetrar mandado de seguranca: a) Todas as pessoas fisicas ou juridicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou no no Brasil; 'b) As universalidades (que nfo chegam a ser pessoas juridicas) reconhecidas por lei como detentoras de capacidade processual para a defesa de seus direitos, como a massa falida e 0 espélio, por exemplo; €) Alguns 6reaos publicos (6rgos de grau superior), na defesa de suas prerrogativas e atribuicBes; 4d) 0 Ministério Publico. Ha um prazo para a impstrago do mandado de seguranga: 120 (cento e vinte) dias a partir da data em que © interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser impugnado (publicacao desse ato na imprensa oficial, por exemnplo). Segundo 0 STF, esse prazo é decadencial (perde-se o direito ao mandado de seguranca depois desse tempo), nao passivel de suspensdo ou interrupcS0, Também segundo a Corte Suprema, & constitucional lei que fixe o prazo de decadéncia para a impetracio de mandado de seguranca (Stimula 632 do STF). E se eu perder o prazo, Nadia? Bem, nesse caso, vocé até poderd proteger seu direito, mas com outre aco, de rito ordinério, normal. Jamais por mandado de seguranca! Uma vez concedi seguranga (deferido, “aceito” o pedido), a sentenca estaré sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdigo (reexame necessério). Signifiea dizer que, uma vez tendo sido concedida a seguranga pelo juiz de primeira instancia, ela necessariamente deveré ser reexaminada pela insténcia superior. Destaque-se, todavia, que a sentenca de primeiro grau (primeira instncia) pode ser executada provisoriamente, no havendo necessidade de se aguardar o reexame necessario. Pode haver liminar em mandado de seguranca? Presentes 0s requisitos (fumus boni iuris e periculum in mora), & possivel liminar em mandado de seguranca. Entretanto, ha excegdes, para as quais mesmo existindo esses requisitos, a lei no admite liminar em mandado de seguranga: a) A compensacdo de créditos tributarios; b) A entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior; ¢) A reclassificago ou equiparago de servidores puiblicos e a concessio de aumento ou a extensio de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. “Por que a lei faz isso, Nadia”? FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul Ora, trata-se de matérias muito importantes, que nao podem ser decididas precariamente por medida liminar. Na compensagéo de créditos tributarios, por exemplo, a Unido (ou outro ente federado) “perdoa” um débito do contribuinte utilizando um crédito que ele tenha com ela. Exemplo: um contribuinte deve imposto de renda, mas tem um crédito de COFINS. Ele usa, ent&o, esse crédito para “quitar” a divida, o famoso “elas por elas”. Pense bem, caro (a) aluno (a). Vocé acha que perdao de débito tributario é matéria a ser discutida precariamente? € claro que nao! Por isso a lei protege essa matéria ao impedir que seja tratada por medida liminar em mandado de segurang (O mesmo ocorre com a entrega de mercadorias ou bens provenientes do exterior. Eles so a maior garantia que @ Receita Federal tem de que o contribuinte pagara seus tributos aduaneiros. Por isso, no podem ser entregues precariamente, por medida liminar. Além do mais, 0 risco de se entregar uma mercadoria que cause prejuizo a sociedade € muito maior que o de se prejudicar alguma empresa pela retencao indevida de seus bens importados. Essas so as razdes pelas quais a lei resguarda decisao tao importante contra medida liminar em mandado de seguranca: ha interesses muito grandes envolvidos. “"Nadia, € possivel que o impetrante desista do mandado de seguranga?” De acordo com o STF, a resposta é sim. O impetrante do mandado de seguranca pode desistir dessa agdo constitucional a qualquer tempo, ainda que proferida decisdo de mérito a ele favordvel, e sem anuéncia da parte contraria. Entende a Corte que o mandado de seguranca, enquanto aco constitucional, com base em alegado direito liquido certo frente a ato ilegal ou abusivo de autoridade, néo se revestiria de lide, em sentido material. Eventual mé-fé do impetrante que desistisse seria coibida com instrumental préprio™. Vejamos, agora, as situages em que ¢ incabivel o mandado de seguranga. a) Nao cabe mandado de seguranga contra decisao judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; b) N3o cabe mandado de seguranga contra ato adi suspensivo. rativo do qual caiba recurso com efeito Nessas duas hipéteses, havendo possibilidade de recurso suspensivo (ou seja, recurso que garante que nenhuma situacdo juridica poderé ser modificada até a decisiio) descabe 0 uso de mandado de seguranca, uma vez que 0 direito ja estd protegido pela propria suspensao. Cabe destacar, porém, que a Stimula n® 429/STF dispSe que “a existéncia de recurso administrativo com efeito suspensivo néo impede o uso do mandado de seguranca contra omissdo de autoridade”. Dessa forma, mesmo existindo recurso administrativo com efeito suspensivo, se houver omissdo ilegal ou abusiva da administracdo, seré cabivel mandado de seguranca. €) Nao cabe mandado de seguranca contra decisao judicial transitada em julgado; © RE 669367, Rel. Min. Luiz Fux, p. 13.05.2013. §F-7Q_Direito Constitucional p/ TJDFT (Analista Judiciério - Area Judiciéria) Com Videoaulas - 2020 Equipe Ricardo e Nadia 01, Equipe Ricardo e Nadia 02, Nadia Carolina, Ricardo Vale ‘Aula 02 Contra esse tipo de decisdo ndo cabe mais recurso, por isso ¢ descabido 0 uso de mandado de seguranca. 4d) Nao cabe mandado de seguranga contra lei em tese, exceto se produtora de efeitos concretos; Oque é leiem tese? € aquela de efeitos gerais e abstratos, ou seja, que apresenta generalidade e abstracdo. A generalidade esté presente quando lei possui destinatérios indeterminados e indeterminaveis (uma lei ‘que proteja 0 meio ambiente, por exemplo). 44 a abstrago ocorre quando a lei disciplina abstratamente (e no concretamente) as situacdes que esto sujeitas ao seu comando normativo. ‘Somente leis de efeitos concretos (semelhantes a atos administrativos, como uma lei que modifica o nome de uma rua, por exemplo) podem ser atacadas por mandado de seguranca. Isso porque as demais leis em tese no resultariam numa situaco de fato, com violacdo ao direito liquide e certo do impetrante. ) Nao cabe mandado de seguranga contra ato de natureza jurisdicional, salvo situagdo de absoluta ‘excepcionalidade, quando a decisio for equivocada, seja por manifesta ilegalidade, seja por abuso de poder™; Caso haja essa excepcionalidade, deve oimpetrante demonstrar, além da violacdo de direito liquido e certo, 4 inexisténcia de recurso com efeito suspensivo e que 0 provimento do recurso cabivel nao seria suficiente 8 reparagio do dano. Isso porque no pode o mandado de seguranga, de acordo com o STF, ser utilizado como sucedaneo recursal, sob pena de se desnaturar a sua esséncia constitucional. ‘O que é um sucedéneo recursal? € todo meio de impugnaco™ de decisdo judicial que n&o seja recurso nem aco, como é 0 caso, por exemplo, do pedido de reconsideracio. No pedido de reconsideracSo, que nio deriva de lei, mas apenas do bom senso, diante de uma decisdo visivelmente equivocada do juiz, a parte pede para que este reconsidere a decisio. Voltando & anélise da jurisprudéncia do STF, vimos que o mandado de seguranca nfo pode ser usado como sucedaneo recursal. Iss0 porque, havendo possibilidade de recurso ou correicdo, a aco no pode ser cabivel, por ter carater residual. #) No cabe mandado de seguranca contra decisdes jurisdicionais do STF, inclusive as proferidas por qualquer de seus Ministros, salvo situagdes excepcions Esses decisées, entende a Corte, tam a possibilidade de ser reformadas por via dos recursos ad: ‘ou, em se tratando de julgamento de mérito com transito em julgado, por meio de aco resciséria™ (MS 30836 RJ, 06/10/2011). Novamente, a impossibilidade de emprego do mandado de seguranca se dé pelo fato de que ele no tém caréter recursal. "aghg no MS 14561 DF 2009/0155213-1, 29/06/2010. © Impugnago 6 quando, no Direito, no se concorda com algum ato. © Aco resciséria é aquela que visa a desconstituir, com base em vicias que as tornem anuléveis, efeitos de sentencas transitadas em julgado, contra as qua ndo caba mais recursos. Em outras palavas, aquelas sentencas que seriarn “a ctima palavra” do Judicisrio. FF} Direito Constitucional p/TJDFT (Analista Judici ESB www ostratogiaconcursos.com.br 2020 + Atea Judiciaria) Com Videoaul

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