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Universidade Estadual de Londrina

Leticia Cavalcante dos Santos

Matheus dos Reis Vicente

Turma: 1000

RESUMO

RIBEIRO, R. J. Hobbes: o medo e a esperança. In: WEFFORT, F. C. (org.) Os Clássicos da


política: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, “O Federalista”. São Paulo:
Editora Ática, 2001. v. 1, p. 51-77.

Os termos “Maquiavelismo” e “Maquiavélico”, originários das personificações do


autor Maquiavel, está presente nos debates eruditos e em conversas do dia-a-dia. Estes termos
pejorativos caracterizam os principais pensamentos de Maquiavel, no qual era consideradas
sujas e traiçoeiras. Porém, quem as utiliza, geralmente nem conhece o personagem Maquiavel,
pois a criação dessas palavras se dará pelos grandes autores que estudaram e leram suas obras:
Shakespeare, Rousseau, Spinoza, Hegel. Por outro lado, Maquiavel também foi conhecido
como defensor dos dominados, por oferecer conselhos para se defender da tirania. O próprio
Rousseau afirma que “Maquiavel fingindo dar lições aos príncipes, deu grandes lições ao
povo” (ROUSSEAU, APUD RIBEIRO, 2001, p.14).

A história de Maquiavel é um pouco turbulenta, pois a situação política da Itália era


totalmente instável, onde eram sujeitos a invasões a todo momento. Além disso, os governantes
daquele período conseguiam ficar pouco tempo no poder, onde eram depostos ou mortos.
Ademais, Maquiavel não era de uma família rica, porém seu pai, que foi um grande estudioso
da humanidade, sempre transmitiu conhecimentos clássicos ao seu filho, tanto que Maquiavel
aos 12 anos já redigia em Latim perfeitamente. Devido a essa bagagem de conhecimento,
Maquiavel aos 29 anos irá entrar na vida política após a morte de Savonarola, ocupando a
segunda Chancelaria, cargo responsável pela administração do Estado. Porém em 1512 os
Médicis irá retomar o poder e irá exonerar Maquiavel de seu cargo e o proibindo de ter acesso
a qualquer prédio público, impedindo-o dessa maneira a execução de sua profissão. Assim,
fora da vida pública, Maquiavel resolve dedicar aos estudos, fazendo com que surgisse suas
famosas obras: O Príncipe (1512/1513), Os Discursos Sobre a Primeira Década de Tito
Lívio (1513/1519), A Arte da Guerra (1519/1520) e História de Florença (1520/1525).

Maquiavel nessas obras tem como assunto principal o Estado, não o Estado Idealista de
Platão, Aristóteles e Santo Tomas de Aquino, e sim o estado real, que entende a realidade como
ela é, evitando a criação de uma utopia de um estado perfeito. Esta busca pela realidade,
Maquiavel irá nominá-la como verdade efetiva das coisas, (verità effetuale). Com essa ideia,
Maquiavel irá se perguntar: Como fazer reinar a ordem? Chegando à conclusão que a ordem
não é algo natural e sim algo que deve ser conquistado, não importando o meio, sendo valido
lembrar que esta ordem nunca será permanente, pois sempre haverá uma ameaça para que ela
seja desfeita.

Para Maquiavel há características humanas imutáveis, onde os consideram “ingratos,


volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro” (MAQUIAVEL, APUD RIBEIRO, 2001,
p.14). Assim, Maquiavel conclui que para o governante evitar a desordem advinda da natureza
humana, é necessário que haja um conhecimento histórico, para ser extraído falhas do
passado a fim de evitar o mesmo erro no futuro.

A desordem imutável da natureza humana, para Maquiavel será proveniente de duas


forças opostas: “uma das quais provém de não desejar o povo ser dominado nem oprimido
pelos grandes, e a outra de quereremos grandes dominar e oprimir o povo" (O príncipe, cap.
IX, APUD RIBEIRO, 2001, p.20). A função então do governante então é procurar uma
estabilidade entre as duas forças. E assim Maquiavel sugere duas possibilidades: A anarquia
decorrente da natureza humana e do confronto entre o principado e a república. A escolha
entre as duas dependerá da atual situação local, se a nação encontra corrompida e está em
decadência é necessário a utilização de um governo forte, o príncipe então nesta situação terá
como função “restaurar” a nação. Assim que for normalizado, a nação estará pronta para uma
república, onde o Maquiavel chama de “Liberdade”, onde o povo é virtuoso e tudo encontra
em um perfeito equilíbrio.

Outro tópico relevante das ideias de Maquiavel, é a Virtù e Fortuna. Acreditava-se


que a Fortuna era uma Deusa que concedia os principais desejos de um homem: Riqueza, honra,
glória e poder, e para poder conseguir conquistar a Fortuna era necessário ser um homem de
virilidade e de alta coragem. Sendo assim, o homem que tivesse Virtù, teria Foturna. Maquiavel
então irá dizer que o Príncipe deve ter essa Virtù, ou seja, a capacidade de administrar qualquer
importuno que possa vir acontecer, assim garantindo a fama e a glória e consequente, a
segurança de seus governados. Nas concepções de Maquiavel os meios para adquirir a Fortuna
nunca deixaram de julgados honrosos, e todos aplaudiram, mostrando uma de suas principais
ideias: Os fins justificam os meios.

Concluindo, Ribeiro afirma que as ideias de Maquiavel não são aceitas por não encaixar
no moralismo piedoso, por isso, suas ideias devem ser analisadas sem preconceito, utilizando
sua verità effetuale. “É o que se deve a Nicolau Maquiavel, o cidadão sem fortuna, o intelectual
de virtù.” (RIBEIRO, 2001, p.24).

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