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A medida do tempo

geológico e a idade da Terra


O tempo em Geologia

A noção de tempo é um conceito fundamental em


geologia …

E a idade da Terra,
uma questão central!
O tempo em Geologia

Unidade de tempo para o último século Ano


Unidade de tempo para o estudo da civilização Séculos
romana
Unidade de tempo para o estudo da pré-história Milhar de anos
Unidade de tempo no domínio da Geologia MILHÕES DE ANOS
(M.a.)
O tempo em Geologia
O tempo em geologia tem uma dimensão diferente daquela
habitualmente usada por qualquer ser humano.

Os físicos e químicos Os geólogos


estudam processos estudam processos
que decorrem em que podem durar
frações de segundo! longos períodos…
Reacções químicas,
propagação das ondas
sonoras, etc.
Orogénese
(formação de
Reações
montanhas),
químicas,
expansão dos
propagação
fundos
das ondas
oceânicos,
sonoras, etc.
erosão , etc.
O tempo em Geologia
Mas será que todos os fenómenos geológicos
são lentos à escala humana?
 Sismos
 Erupção vulcânica

 Avalanches

 Impacto de um meteorito

 Inundações
Atualmente
considera-se
que o nosso
planeta tem
4600 M.a.
O tempo em Geologia
Querem ter uma noção? …

Por ano, é arrancado dos Himalaias e


Imagina uma ampulheta gigante cheia de por ação dos agentes erosivos, 1 mm de
grãos de arroz! 1Kg de arroz tem 5000 material…
grãos… A idade da Terra corresponderia Ao fim de 1 M.a. Já 1Km foi arrancado!!!!
a uma ampulheta com 91 000 Kg de
arroz em que, por ano, caía um grão …
O tempo em Geologia
“O movimento das placas tectónicas da Terra
produziu ao longo do tempo maravilhas como o
cume do Evereste e dispôs os continentes na
forma como os conhecemos. Pelo meio
esqueceu-se da Baía de Hudson, no Canadá.
Agora, cientistas do Canadá e dos Estados
Unidos descobriram que na costa oriental da
baía podem estar as rochas mais antigas que
se conhece da crosta terrestre, produzidas há
4,28 mil milhões de anos.

"Existem datas mais antigas para minerais isolados provenientes do Oeste da Austrália, mas estas
são as rochas mais antigas que se conhece até agora”, disse num comunicado Richard Carlson,
investigador do Departamento de Magnetismo Terrestre, do Instituto de Carnegie em Washington.
A descoberta foi publicada hoje na revista Science. Os investigadores estudaram amostras de uma
cintura de rochas metamórficas chamadas Nuvvuagittuq. Ao medirem a composição dos isótopos
de neodímio e de samário, elementos químicos raros que existem nestas rochas, conseguiram
datar as amostras entre os 3,8 e 4,28 mil milhões de anos.
A Terra tem 4,6 mil milhões de anos e é muito raro encontrar-se restos da crosta original, a
maior parte da qual foi esmagada e reciclada no interior do planeta várias vezes. (…)”
in Público, 2008
Os dinossáurios
apareceram há cerca de
230 M.a e extinguiram-se há
cerca de 65 M.a.

Como se conseguiu
reconstituir a história dos
dinossáurios?

Datando os terrenos onde os fósseis


de dinossauros foram encontrados,
através de dois processos:

Datação relativa Datação radiométrica


( datação absoluta )
O tempo em Geologia – datação de
rochas
DATAÇÃO RELATIVA
Como se determina a idade relativa de uma rocha?

Através da posição
relativa das diversas
e Através dos fósseis de idade
ou fósseis característicos
formações rochosas

Qual o estrato mais recente


e qual o mais antigo?

Trilobites

Amonites
Datação relativa de rochas
Princípio da Horizontalidade Inicial
Os sedimentos que estiveram na origem dos estratos são
depositados, em regra, segundo camadas horizontais paralelas à
superfície de deposição.
(Quaisquer fenómenos de deformação que alterem esta
horizontalidade das camadas é posterior à sedimentação!).
Cabo Sardão – costa vicentina
O dinossauro que caminhou neste local não estava
certamente a “andar de lado”…!
Datação relativa de rochas

Princípio da Sobreposição de Estratos


Se não ocorrerem deformações, a deposição ocorre por ordem
cronológica, da base para o topo – uma camada é mais recente que
a que lhe serve de base e mais antiga do que as que lhe estão
acima.
Mais recente
Mais recente

Mais antigo
Mais antigo

Mais recente

Mais recente

Mais antigo

Mais antigo
Datação relativa de rochas

Princípio da Sobreposição de Estratos

As camadas que se encontram no topo de uma sequência estratigrágica original


(sequência vertical de estratos) são mais recentes que as camadas inferiores.

Isto permite analisar um perfil vertical de camadas como uma linha vertical
de tempo!
Datação relativa de rochas

Exceções ao princípio da
Sobreposição de Estratos
1 - Dobras deitadas

Este princípio nem sempre


pode ser usado para datar os
estratos de forma relativa! Se
ocorrerem determinadas
deformações nas rochas a
posição dos estratos será
alterada e, às vezes, até Inglaterra, Crackington
invertida (como no caso das Haven
dobras deitadas)!!!
Datação relativa de rochas

Exceções ao princípio da
Sobreposição de Estratos
Mais antigo
Mais 2 – Terraços fluviais
recente
O rio, por erosão, escava um novo leito,
provocando a formação de degraus onde
deposita sedimentos – terraços fluviais. Os
últimos a serem depositados foram os da zona
3 (mais recentes).

3 - Grutas
Mais antigo
Os sedimentos depositados em grutas são
mais modernos do que as camadas que
Mais lhe servem de teto.
recente
Depósitos subterrâneos
Datação relativa de rochas

Exceções ao princípio da
Sobreposição de Estratos

4 - Falhas

Estes estratos apresentam a mesma idade Blocos rochosos que


apesar de não estarem “nivelados” fraturam (“partem”) e que se
movimentam um em relação
ao outro.
Datação relativa de rochas

Exceções ao princípio da
Sobreposição de Estratos
O Princípio da Sobreposição
deve ser aplicado com
precaução, uma vez que em
terrenos que experimentaram
fenómenos de deformação,
como dobras e falhas, o
geólogo deve apoiar-se em
métodos de interpretação
complementares.

A sua aplicação poderá no entanto ser válida para estratos que se


encontrem em posição inclinada, desde que a deformação de origem
tectónica, posterior à deposição dos estratos, não tenha provocado a
sua inversão.
Datação relativa de rochas

Princípio da Continuidade Lateral


Um estrato delimitado pelo
mesmo teto e muro e com
semelhantes propriedades
litológicas possuí a mesma idade
em toda a sua extensão lateral!

Os estratos podem estender-se lateralmente


por longas distâncias. Aplicando este
princípio podemos correlacionar litologias
que se encontrem muito afastadas.
Datação relativa de rochas

Princípio da Continuidade Lateral


Em vários pontos da Terra pode existir a mesma sequência estratigráfica,
isto é, há correlação entre estratos distanciados lateralmente!
Datação relativa de rochas

Princípio da Continuidade Lateral

Isto foi usado para provar a


existência da Pangea –
margens da África e da
América do Sul contêm rochas
do mesmo tipo (idênticas
sequências estratigráfias)
Datação relativa de rochas

Princípio da Inclusão
Este princípio aplica-se, por exemplo a rochas compostas por
fragmentos de outras (como o conglomerado)

Fragmentos ou
porções de uma rocha
que se encontram
incorporados (inclusão) Mais antigo
noutra são mais
antigos que as rochas
que os contêm. Mais recente
Datação relativa de rochas

Princípio da Inclusão

Mais antigo

Antes desta rocha se formar (por


sedimentogénese e diagénese), os
detritos já existiam e pertenciam a
uma outra, logo são mais antigos!
OU ….
Mais recente
A proximidade do
magma faz com que
as rochas encaixantes
se fundam
Magma
invade
pequenas
fracturas

O magma destaca fragmentos das rochas


que estão próximas – a maioria funde mas
algumas ficam preservadas (as de ponto de
fusão mais alto)
Datação relativa de rochas

Princípio da Interseção
Este princípio aplica-se a estratos afetados por estruturas (falhas,
intrusões magmáticas, etc …)

Mais antigo

A estrutura que
interseta é mais
recente do que aquela
Mais recente
que é intersetada.
Datação relativa de rochas
Princípio da Interseção

Magma invade as
fraturas existentes
nas rochas
encaixantes (mais
antigas),
preenchendo-as e,
mais tarde,
solidificando
Filões (filões).
“Não se pode cortar
algo sem esse algo já
lá estar!” …
Sequência cronológica: A–B-C
Datação relativa de rochas

PRINCÍPIO DA SOBREPOSIÇÃO DE PRINCÍPIO DA INTERSECÇÃO


ESTRATOS

PRINCÍPIO DA HORIZONTALIDADE
INICIAL
Datação relativa de rochas

Uma discordância
corresponde a um
período de tempo
durante o qual não
ocorreu
sedimentação (e a
erosão actuou),
iniciando-se depois
uma nova
sedimentação.
Discordância
Datação relativa de rochas

Praia do Telheiro,
V. do Bispo
Datação relativa de rochas

Princípio da Identidade Paleontológica

Estratos com os
mesmos fósseis
possuem…

Os fósseis são
contemporâneos das
rochas onde se
encontram!
Datação relativa de rochas

Princípio da Identidade Paleontológica

D O processo de
fossilização
I acompanha o
A processo de
formação da
G rocha, logo fóssil
É e rocha possuem
a mesma idade
N (datação relativa)!
E Rocha e fóssil
são
S contemporâneos!
E
Datação relativa de rochas

Princípio da Identidade Paleontológica


Mas nem todos os fósseis
podem ajudar a datar litologias

apenas os …
Datação relativa de rochas
Princípio da Identidade Paleontológica

 São fósseis de seres que fossilizam facilmente (têm


partes duras) e, por isso, ficam muitas vezes registados
nas rochas!  OCORRÊNCIA EM ABUNDÂNCIA

 São fósseis de seres que existiram em grande


quantidade e que se expandiram numa grande área
geográfica (assim, permitem correlacionar estratos em diferentes
pontos do globo)  AMPLA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

 São fósseis de seres que não viveram durante muito tempo


(à escala geológica).  CURTA DISTRIBUÇÃO TEMPORAL
O tempo em Geologia – datação relativa de rochas

As trilobites eram artrópodes (como


as aranhas, lagostas, insetos, etc)
exclusivos do meio marinho!
Possuíam um exoesqueleto de
quitina endurecido com carbonato de
cálcio (por isso os seus fósseis são
tão abundantes!). A maioria das
espécies de trilobites tinha sistema de
visão muito apurado e olhos
complexos. O seu tórax tinha muitos
segmentos e, por isso, podiam
enrolar-se e defender-se dos
predadores (como os bichos da
conta!). Surgiram há cerca de540
M.a. e extinguiram-se há cerca de
250 M.a..
Datação relativa de rochas

Princípio da Identidade Paleontológica

Os graptólitos surgiram há cerca


de 523 M.a.e extinguiram-se há
330 M.a. Eram pequenos animais
marinhos que viviam em colónias
(apenas de alguns cm) e que se
expandiram por várias regiões do
globo.
Datação relativa de rochas

Princípio da Identidade Paleontológica

As amonites eram animais


marinhos e tinham corpo mole…
no entanto uma carapaça
encarregava-se de os proteger (e
facilmente fossilizava)! Os maiores
podiam atingir 1 m de diâmetro!
Estes seres eram carnívoros e
surgiram há cerca de 225 M.a. e
extinguiram-se há 65 M.a.
Mais informações sobre FÓSSEIS
Mas nem todos os fósseis apresentam características que lhes
permitem ajudar na datação de rochas…
Os corais são formados por pequeninos
animais de corpo mole (pólipos) que
vivem juntos num grande grupo (colónia).
Ao longo do tempo vão construindo uma
estrutura calcária onde se alojam e vive
em conjunto com uma alga que se
chama zooxanthelae. É esta alga
minuscula responsável pelas cores que
Corais observamos nos corais como verde,
amarelo, azul, lilás, castanho e muitas
outras. Quando morrem, novos pólipos
crescem por cima dos esqueletos de
calcário que ficam (um kg de coral pode
ter nais de 80.000 pólipos). Assim,
quando vemos um recife de coral,
apenas a fina camada superficial é que é
constituida por pólipos vivos na verdade!
Mais informações sobre FÓSSEIS

Os corais estão entre as comunidades


marinhas mais antigas que se
conhecem - a sua história remonta
desde há 500 milhões de anos atrás!!!!

NÃO SÃO BONS FÓSSEIS


DE IDADE! Pólipos de corais
Mas… estes seres só conseguem
sobreviver em ambientes aquáticos de
águas quentes, calmas e pouco
profundas!!!!
Por viverem em ambientes tão
característicos e altamente específicos
eles são considerados …
Mais informações sobre FÓSSEIS

 Permitem caracterizar
paleoambientes
São fósseis de seres que apresentam uma
reduzida distribuição geográfica pois
habitam apenas locais com condições
específicas.
 São fósseis de seres que viveram durante
muito tempo (à escala geológica).
Mais informações sobre FÓSSEIS

Seres que habitam a Terra desde há milhões de anos e que,


para além de existirem actualmente, são encontrado também
sob a forma de fóssil!
Existem diversos motivos pelos quais um organismo sobrevive milhões de
anos sem sofrer mudanças. Uma das explicações é o simples facto desse
organismo se encontrar muito bem adaptado à diversidade de
condições do meio que habita. Já outros organismos não evoluem
devido à continuidade mais ou menos estável das características do
seu habitat. A sobrevivência de alguns fósseis “vivos” também pode
dever-se ao facto destes habitarem ambientes isolados, onde não
enfrentam a competição com outros organismos potencialmente melhor
adaptados a esses ambientes.
Adaptado de
geo-ineti.pt
Permitem compreender a evolução dos seres vivos, as
adaptações e extinções ao longo da história da Terra;

 Permitem reconstituir os organismos numa dada época, o


seu modo de vida, como é que interagiam entre si e como se
relacionavam com o meio ambiente onde viviam;

 Permitem reconstituir os ambientes do passado e assim


reconstituir a geografia da Terra;

 Permitem reconstituir os climas do passado;

 Permitem efectuar a datação relativa dos estratos


rochosos.
Quais os
melhores
É frequente os geólogos recorrerem fósseis
ao estudode
de associações de diferentes fósseis de idade,
idade?
evitando datações baseadas apenas num
(seriam menos precisas!). Ceratites,
goniatites,
belemnites e
amonites
(existiram em
grande número -
barra larga - e
tiveram uma curta
duração na história
da Terra!
Quais dos estratos apresentados
possuem a mesma idade?

AeK ; B, E e L ; C, F e M ; D, G e N

(pois posuem os mesmos fósseis – Princípio da Identidade Paleontológica)


Princípio da
Horizontalidade
As camadas 1 e 5 sofreram deformações, inclinando, Inicial
após a sua formação (estas camadas experimentaram
a mesma história geológica pois a sua inclinação é
semelhante).
A intrusão 6 atravessa as camadas 1, 2 e 3 logo é
mais recente que estas. Princípio da
As camadas 9 e 10 são “cortadas” pelo vale logo podemos Intersecção
afirmar que este foi a última estrutura a formar-se.
Inclusões de
granito Princípio
mais antigas que a rocha da Inclusão
que as contém

Inclusões no
granito
mais antigas que ele

Princípio
da Inclusão Metamorfismo de contacto
(devido às elevadas Podem-se formar novas
temperaturas) rochas por alteração das
anteriores
As camadas de 1 a 10 depositaram-se horizontalmente umas sobre as outras.
Sofreram deformação, inclinando-se. Posteriormente ocorreu a formação de
uma intrusão magmática que deu origem ao granito (contém inclusões de
outras rochas mais antigas). Deu-se a erosão de todo este conjunto e,
posteriormente depositaram-se as camadas 11 (com inclusões do granito,
mais antigo) a 14.
Os sedimentos acumulam-se
horizontalmente
Princípio da
Horizontalidade
Inicial
Forças tectónicas provocam o
seu levantamento e deformação

Surge uma intrusão magmática


com um “ramo” – dique – que
“corta” as camadas
deformadas
Princípio da
Intersecção
Surge uma falha (que corta o
dique e as estruturas
deformadas)
1 - Deposição de A, B, C, D, E, F
e G e posterior inclinação;

2 – Ocorrência da falha H;

3 – Erosão e formação de uma


descontinuidade (I) – superfície
irregular;

4 – Deposição de J, K e L;

5 – Aparecimento da Intrusão M;

6 – Novo episódio de erosão com


formação de uma segunda
descontinuidade (N);

7 – Deposição de P (com inclusões de


rochas mais antigas) e Q;

8 – O filão R e as camadas de lava S e T surgiram depois da deposição de Q mas não é possível


concluir se R surgiu antes ou depois de S e T pois não o intersecta; Com certeza sabemos apenas
que a camada mais recente de todas é a T.
Como ordenar
cronologicamente as
estruturas de A a F?

Conglomerado
Calcário

Aiii …

Mais antigo Mais recente

C D A B F E

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