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Buenos Aires:
Sudamericana, 2016.
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[Ebook; Kindle]
(I. Introducción: Del fascismo a los campos de concentración)
- “A ditadura interpretava estas ações como parte de uma empresa cristã contra a
“subversão ateia” cuja justificação era eclesiástica e cujas ações eram militares”
- “[...] o Papa Francisco, que como padre Bergoglio era o jesuíta mais importante do
país, nunca falou contra isto. [...] Foi esta combinação de apoio e indiferença
eclesiástica que criou as condições ideológicas para os assassinatos perpetrados pelo
Estado”
- “Tanto a Igreja como os militares consideravam que a Guerra Suja era uma guerra
real, essencial para sua sobrevivência”
- “Este livro regressa a um passado que tem sido reprimido. A maioria dos
argentinos hoje divide com os historiadores profissionais a opinião que a ditadura levou
a cabo um ataque devastador contra uma das sociedades civis mais progressistas e não
seculares da América Latina. Esta opinião negativa acerca da junta militar não sempre
foi predominante na Argentina. Em seu momento chegou a ser muito popular, sobretudo
durante as primeiras etapas do golpe de Estado, no início de 1976, e durante as
celebrações do triunfo da Argentina na Mundial de Futebol de 1978”
- “A Guerra Suja não foi uma verdadeira guerra, mas uma militarização ilegal da
repressão estatal. Esta é uma expressão popularizada que tem que ser explicada em
relação com a genealogia fascista do país. Desde uma perspectiva histórica, a Guerra
Suja não tinha como protagonistas a dois combatentes, mas a vítimas e assassinos. A
verdade é que o Estado fez a “guerra” contra seus cidadãos. Este terror autorizado pelo
Estado tinha suas raízes nos movimentos fascistas dos anos do entreguerra que levaram
até seus campos de concentração”
- “A via da Argentina até o fascismo foi construída nas décadas de 1920 e 1930 e desde
então passou por muitas reformulações e personificações políticas e ideológicas, desde o
peronismo (1943-1955) até as organizações terroristas de direita nas décadas de 1960 e
1970 (especialmente Tacuara y Triple A) e a última ditadura militar (1976-1983)”
- “Esse livro analisa estas perguntas mostrando as maneiras com que o significado de
“fascismo” mudou em diferentes momentos da história”
- “No caso da Argentina, é possível, por suposto, comparar a ditadura militar (1976-
1983) com as de Mussolini e Hitler. Não há nenhuma dúvida de que todos estes
regimes suprimiram a democracia. Todos mataram seus próprios cidadãos. Todos
promoveram a guerra (interior e exterior) como um instrumento político, quer dizer,
como a continuação da política por outros meios. Ademais, todas estas ditaduras
reprimiram os sindicatos de trabalhadores e outras formas de oposição ao regime.
Porém, as diferenças entre as ditaduras italiana e alemã e as da Argentina, e o
mesmo vale para qualquer outra ditadura política recente na América Latina e
outros lugares, são importantes que suas semelhanças. O fascismo alemão e o
italiano eram radicais em seu objeto de transformar o mundo conquistando-o. Itália e
Alemanha queriam forjar um novo Império Romano e um Reich de mil anos. Também
se esforçam por esquecer, de uma vez por todas, o legado da Revolução Francesa,
instaurando uma alternativa ao capitalismo e ao comunismo. Finalmente, os nazis e os
fascistas aspiraram a construir um estado de guerra permanente, quer dizer, uma guerra
total por meio da qual, como dizia Mussolini, aqueles governados pelos fascistas se
converteriam em novos homens. A ditadura argentina compartilhou algumas
dimensões ideológicas com Hitler e Mussolini, mas os argentinos foram mais
modestos. Queriam silenciar e de eliminar de forma seletiva toda oposição, concentrar o
capital econômico e político, e, ao final, ganhar uma guerra convencional no Atlântico
sul”
- “Ao fim das contas, o nazismo e fascismo italianos eram totalitários. Queriam
estabelecer uma forma extrema de governo, uma que busca o controle total da
sociedade. Como ocorre com “fascismo”, o conceito de “totalitarismo” é usado
frequentemente como um termo político mais que como uma categoria conceitual
histórico”
- “Neste sentido, o fascismo tem que ser considerado uma criação do entreguerras que
se caracteriza por uma política revolucionária específica orientada em direção as massas
e uma forma extrema de nacionalismo dotado de uma ideologia própria”
- “Este livro sustenta que esta ideia fascista do sagrado constitui uma dimensão central
da larga história argentina da violência no século XX”
- ““[...] As valas comuns são de pessoas que morreram sem que as autoridades as
conseguissem identificar. Desaparecidos? Não confunda as coisas. Você sabe que hoje
vivem tranquilamente na Europa [fala do cardeal Juan Carlos Aramburu, 1982]”. A
negação adquiriu seu significado por uma ideologia clerical ditatorial de genealogia
fascista”
- “De todos modos, os assassinatos cometidos pelo Estado na década de 1970 também
devem ser entendidos em relação com a genealogia argentina da violência que os
fizeram possíveis. Em último caso da última ditadura militar, o discurso e prática da
morte constituíam uma reformulação das ideologias e práticas já postas em prática pelos
fascistas argentinos nas décadas de 1920, 1930 e 1940”
- “Sem dúvida, intelectuais do século XIX como Domingo Faustino Sarmiento, Juan
Bautista Alberdi y Bartolomé Mitre deram um significado nacional aos sentimentos
coletivos de pertencimento a um território específico. [...] E o que era mais importante:
tinham uma história comum. Esta história modelou o sentimento de pertencimento e,
com o tempo, criou novos mitos e reconstruções históricas”
Nacionalismo y dictadura
- “O fascismo oferecia uma nova forma de soberania, uma que tinha sua base no poder e
na violência. Para Lugones e outros fascistas, a soberania popular era coisa do passado.
Estava sendo substituída pelo que ele considerava uma forma mais autêntica de
legitimidade política”
- “Para fascistas como Lugones, esta forma de soberania não era mediada nem refletia
os resultados deliberativos e eleitorais. Portanto, a liberdade individual não era um tema
de preocupação global. O mundo buscava a “dominação” política, foi na forma de
“ditadura do capital, do proletariado ou do exército”. Afirmava que a “experiência”
demonstrava que a solução do problema social não se baseava em “concessões” mas no
emprego da força: “Lenin na Rússia e Mussolini na Itália tem suprimido a luta de
classes mediante a imposição da autoridade””
Ejército y movimiento
- “Depois da perda de poder de Uriburu, os nacionalistas radicalizaram seu fascismo.
Criaram novas organizações, entre elas a Acción Nacionalista Argentina (ANA), a
Acción Antijudía Argentina (AAA), Aduna (Afirmación de uma Nueva Argentina),
Guardia Argentina, Partido Fascista Argentina (PFA) e a Alianza de la Juventud
Nacionalista (AJN). O nacionalismo consistia em um universo de grupos que
compartilhavam nomes, ideias e recursos, que girava em torno aos mesmos mitos e
ideologias, e era definido por um profundo militarismo e uma relação simbiótica com o
catolicismo”
- “A ALN se mostrava como uma força nacionalista da classe trabalhadora que liderava
“a batalha da Pátria contra a antipátria encarnada no imperialismo estrangeiro, o
capitalismo internacional e o comunismo judaico”. Em 1943, a ALN apoiou o golpe
militar daquele ano e reclamou seu lugar como farol ideológico do nacionalismo”
- “O fascismo na Argentina foi ao mesmo tempo uma ideologia que vinha do outro lado
do Atlântico e uma experiência religiosa nacional”
- “Era mais especificamente local no sentido que os fascistas da Argentina criam que o
fascismo tinha que ter suas raízes no catolicismo. [...] Ademais, acreditavam que o
fascismo era uma ideologia universal com adaptações locais distintivas. Assim pois,
muitas vezes os nacionalistas davam ênfase no fato de que o fascismo tinha nomes
diferentes em países diferentes. Na Itália, lugar onde pela primeira vez ascenderam ao
poder, se chamava “fascismo italiano”, na Alemanha “nazismo” e na Argentina
“nacionalismo””
- “Se a ideia de Mussolini como um ícone global do fascismo foi penetrante nos círculos
fascistas argentinos, outros lideres também eram apresentados como a encarnação ideal
da vontade do povo. [...] Neste sentido, o nacionalismo, de maneira igual o fascismo em
geral, não propunha uma democracia populista autoritária, mas uma ditadura
popularmente respaldada. [...] Em sua opinião, uma ideia divina de soberania também
tinha um papel para determinar a legitimidade de sua política. Para tanto, a diferença de
seus equivalentes europeus, os nacionalistas punham alguns limites a sacralização
fascista do líder como uma figura endeusada, insistindo no papel subordinado do
fascismo em relação com o divino. Para eles, o fascismo era o instrumento político
de Deus”
- “Ao acreditar que eram guerreiros de Deus, os nacionalistas eram mais que uma
versão usual das chamadas “religiões políticas” modernas. Em suma, não só imitavam
os rituais e a linguagem da religião tradicional como fazem a maioria das religiões
políticas modernas”
- “A metáfora da praga e das pestes como inimigos do país pertence a habitual retórica
do fascismo. A comissão corresponde ao parlamentarismo e ao liberalismo”
- “O jornal liberal La Nación tinha ativos de antissemitismo no fim do século XIX. Tão
pouco o presidente liberal Sarmiento estava livre de antissemitismo, embora sua
intolerância era mínima comparada com o posterior antissemitismo fascista argentino.
Durante a chamada “Semana Trágica” de 1919, o antissemitismo fascista argentino foi
mais além dos textos racistas para converter-se uma prática vitimizadora. Com os
fascistas das décadas da 1930 e 1940 o nacionalismo antissemita começou a ocupar um
lugar destacado na sociedade argentina”
Una fe racista
- “O padre Francheschi não excluía soluções mais radicais. Sugeriu que a ideia da
expulsão de judeus e sua vitimização seria possível em um futuro próximo. Segundo o
sacerdote católico, a Argentina estava abarrotada pela “implacável penetração semita”
que abarrotava a indústria empobrecendo o “não hebreu”, que intervinha nos
“movimentos extremistas”, e que distribuía impunemente “propaganda pornográfica””
- “Em seu livro de 1936, El Judío, Meinville tentava provar a dominação judia da
política, da econômica, educação e da imprensa, e advertia sobre o pernicioso da
“mistura de judeus e cristãos”. Um dos aspectos mais preocupantes para Meinville se
relacionava com a mais grave das características judias: a ênfase extrema na
corporalidade e na sexualidade”
- “No Clarinada se mostrava esta ideia de que os judeus representavam e eram artífices
de todo o que não era desejável desde o ponto de vista nacionalista. “Os inimigos do
nacionalismo” se dividiam em duas ramas: “judaísmo” e “conservadorismo”. A rama do
judaísmo estava composto pelo marxismo (socialismo, comunismo, anarquismo), a
maçonaria (liberalismo, democracia, esquerdismo, ateísmo) e o capitalismo (trusts,
mercadores e industriais, imperialismo inglês e americano). A rama do conservadorismo
abarcava o liberalismo (políticos, jornalistas e escritores e conferencistas profissionais),
a democracia (políticos conservadores, radicais, democratas), a maçonaria (partidos
políticos, funcionários públicos, magistrados), o capitalismo (trusts estrangeiros e do
país, donos de terra e latifundiários, exportadores comerciais e industriais,
imperialismo)”
- “O inimigo interno, dado que era pensado como inimigo de Deus, era inimigo da
pátria. Para os fascistas argentinos, a presença de um inimigo racial, que era também um
inimigo religioso, justificava a relevância sagrada do nacionalismo”
- “As reformas estruturais da base social realizadas por Perón e pela ditadura de 1943-
1946 não foram acompanhadas por avanços democráticos. Isto não poderia ser feito sem
deslegitimar sua liderança, até então baseada na ditadura. O resultado foi uma
democracia que combinava a expansão dos direitos sociais com a limitação dos
direitos políticos”
- “Esta nova forma de política mais tarde se converteu na forma clássica do populismo
latinoamericano. Uma versão autoritária da democracia eleitoral, o populismo invoca o
nome do povo para sublinhar uma forma de liderança vertical, para minimizar o diálogo
político e para resolver uma percebida crise de representação mediante a supressão dos
controles e equilíbrios democráticos. E o faz com o fim de fazer valer uma relação
direta entre “o povo” e o líder”
- “O golpe de 1943 anunciou o poder dos militares inspirados por uma ideologia que era
nacionalista, neutra (quer dizer, pronazi e proalemanha em um contexto hemisférico
antinazi), autoritária, antiimperalista e cléricofascista. A Igreja apoiou o golpe como
uma causa sagrada”
- “Os historiadores do fascismo estão de acordo que o fascismo foi três coisas em
momentos e países distintos: uma ideologia, um movimento e um regime”
- “Em termos autoritários, as ditaduras e incluídos alguns governos civis depois de 1955
o superaram em violência política e proscrições antidemocráticas”
- “Um novo uso da cultura popular da cultura popular foi uma característica chave
da estratégia populista de Perón”
- “Por certo, o complexo legado de Eva e Juan Perón incluiu a crença da massa feminina
do partido peronista e o direito ao voto feminino. Mas especialmente no pensamento e
na prática de Eva Perón, o discurso antiburguês se mesclava com o antiimperialismo da
direita, uma visão patriarcal das relações de gênero, um machismo exacerbado, e uma
nova compreensão da identidade nacional que vinha do período do entreguerras. A
domesticação da religião oficial teve um papel central nisto”
- “O surgimento do peronismo era uma espécie de mal menor para a Igreja, que apoiou
em seus primeiros anos, mas nunca lhe perdoou por a ter relegado a um lugar subalterno
na tutela ideológica”
- “O condutor era o líder político na Terra, não Deus. Estas diferenças de intepretação,
em suma, a vocação totalitária de Perón, explicam em grande medida o golpe de Estado
eclesiástico e militar contra o regime peronista em 1955”
- “O historiador José Luis Romero tem insistido de maneira convincente nas conexões
entre a doutrina nacionalista de “fascismo moderado” e a doutrina peronista”
La doctrina
- “A importância do Congresso de Mendoza não pode ser exagerada. Significou a
vontade peronista de estabelecer um terceiro caminho ideológico que superava a
dicotomia capitalismo-comunismo da Guerra Fria. Entre os assistentes internacionais
haviam bem conhecido os antifascistas Rodolfo Mondolfo da Universidade de Tucuman
e Karl Lowith da New School for Social Research de Nova York. Também estavam
presentes fascistas como o italiano Ugo Spirito e o membro francês das SS Jaime María
Mahieu (“exilado” na Argentina). Embora não estivesse presentes, Martin Heidegger,
Jacques Maritain, Benedetto Croce, Karl Jaspers e Bertrand Russell, entre outros,
enviaram apresentações”
- “A ruptura populista com o idealismo fascista era evidente. Os fascistas queriam matar
os “insetos”; Perón queria que eles deixassem de serem “insetos”. Hitler era mais
idealista que Perón”
- “A ideia do inimigo era tão extrema que Perón participava de batalhas verbais com
inimigos absolutos (internos e externos) aos que nunca nomeou nem identificou com
clareza: “[os inimigos] devem saber, porque caro lhes vai custar, se esquecem que neste
terra quando foi necessário impor o que o povo quis não importou o número de
argentinos que deveram morrer para impor-la”. [...] A guerra estava relacionada com
esses inimigos imaginários do peronismo e da nação. Perón delineava cuidadosamente a
ideia de um inimigo absoluto, mas nunca a atualizou. Advertia que em um momento
dado, os adversários políticos se convertiam em “inimigos da nação””
- “Por mais que o personalismo seja central na história argentina, Perón era um
narcisista revolucionário no sentido de que ele erigiu sua personagem como articulador
mítico de sua ideologia. O ritual peronista fortalecia a imagem de Perón como líder
carismático e enfatizava seu monopólio do poder”
- “No populismo peronista, o líder não era democrático no sentido mais amplo,
embora o era no sentido técnico: era eleito para confirma ritualmente seu papel
messiânico e não para fazer realidade os desejos particulares de seus eleitores. Ele tinha
uma visão militarista dos seguidores. Eram “os soldados do peronismo” em “luta
permanente contra a traição” e os traidores da nação”
- “O discurso de Eva Perón era um sintoma da falta de respeito populista pelas normal
e instituições democráticas. Evita defendeu que antes das eleições o líder havia sido
eleito por sua aclamação pessoal”
- “Em seu primeiro regime, Perón rompeu com esta tradição violenta, que seria seguida
pelos nacionalistas de Tacuara, por a peronista Triple A de seu último regime e pela
última ditadura militar (1976-1983)”
- “Para Perón, a queda do fascismo não se deveu a sua falta de liderança, mas a seu
esgotamento ideológico. O fascismo foi “um fenómeno irrepetível, um estilo clássico
para definir uma época precisa e determinada”. O fascismo não era um modelo a seguir
ou imitar [...]”
Tacuara
- “Este legado fascista não se limitou a gênese do líder montonero [...] O núcleo do
itinerário assassinato da ideia fascista da história argentina é a continua reformulação da
direita da aliança de longa data entre nacionalismo, o exército e a Igreja. Estas alianças
finalmente conduziram a formulação da Triple A e ao terrorismo de Estado da última
ditadura militar (1976-1983)”
- “O tipo de violência política radical da ditadura não era tanto um resultado das
preocupações francesas e norteamericanas pela seguridade nacional [...] mas, a bem
dizer, um produto da genealogia histórica do nacionalismo fascista argentino”
- “[...] não se considerava que o nacionalismo fora uma forma de fascismo, mas que
viam o fascismo e o nazismo como formas de nacionalismo”
- “Tacuara se caracterizou por seu antissemitismo extremo (responsável por sequestrar,
ferir gravemente e assassinar jovens ativistas de esquerda e judeus), pela defesa da
herança fascista (incluindo o Holocausto) e pela visão exclusiva de uma Argentina
católica e militarizada que seu supunha que viria a ser o país líder da América Latina”
- “Quando o Estado de Israel capturou a Eichmann em 1960 e o levou a Israel para ser
julgado por seus crimes, os membros da Tacuara picharam as paredes do país com
grafites que diziam “Viva Eichmann! Morram os judeus”, e Ezcurra defendeu que
Tacuara só estava defendendo “valores católicos” contra “o imperialismo capitalista
marxista-judeu-liberal-masoquista””
- “Houve pelo menos três grupos claros de tacuaras que tiveram uma influência de
grande alcance, pois entre eles se encontravam os futuros líderes do movimento
guerrilheiro, de a Triple A e aos paramilitares “grupos de tarefa” da última ditadura.
Alguns antigos tacuaras inclusive ocuparam cargos no governo peronista de Carlos
Menem (1989-1999) e um Tacuara se converteu em juiz da Corte Suprema na década de
1990”
A Triple A
- “A Triple A e a Tacuara compartilharam muitos membros. Os dois grupos também
compartilhavam uma estreita relação com as forças de segurança e o exército, assim
como conexões com setores “duros” do sindicalismo peronista”
- “A última ditadura militar da Argentina (1976-1983) foi muitas coisas. Fora de seus
campos de concentração, mostrava a fachada de um típico Estado autoritário. Dentro
deles, porém, era fascista. O legado do nacionalismo reinava nesses campos. Dentro
deles, a longa tradição argentina da ideologia fascista de violência foi plenamente posta
em prática. [...] Os campos definem o legal da junta ditatorial. Eles não só eram uma
metáfora da ditadura em seu conjunto, mas também uma representação de seu mundo
ideal, um lugar onde não havia nenhuma transação com a realidade”
- “Os regimes fascistas apoiam primeira uma guerra interna e logo depois uma guerra
externa. Na ideologia fascista, a guerra é entendida como um bem coletivo, uma fonte
compartilhada de regeneração nacional”
(Enemigos de Dios)
- “Como seus antecessores nacionalistas, o ditador Jorge Rafael Videla entendia este
inimigo como um desafio a ideia mesma de nação: “Porque subversão, não é nem mais
nem menos que isso: subversão dos valores essenciais do ser nacional” (25 de maio de
1976). Videla prometia que a luta contra a subversão finalmente ia “extirpá-la”. Já
em 1976, a guerrilha havia sido derrotada militarmente graças à repressão ilegal iniciada
durante o governo peronista anterior”
- “De acordo com este ponto de vista, as vitimas queriam provocar uma “modificação
total das estruturas políticas, sociais e económicas da nação de acordo com sua
concepção materialista, ateia e totalitária”, como defendia o general Roberto Viola, o
segundo líder da ditadura, em 1977”
- “Era uma luta de tudo ou nada contra a subversão que trabalhava contra o “destino
nacional... nossa fé e estilo de vida””
- “A ideia de um inimigo cujo único destino possível era a morte estava justificada pela
impossibilidade de restaurar a humanidade deste [...]”
- “Em uma típica projeção totalitária, o ataque contra o inimigo era apresentado como
um ato letal de autodefesa”
- “Não havia limites para a Guerra Suja dos militares. Para o tenente Hugo Ildebrando
Pascarelli, “a história de nossa terra não havia contemplado jamais uma luta
semelhante a que hoje enfrentamos, que não reconhece limites morais nem naturais,
que se realiza além do bem e do mal””
- “A morte abria o caminho para uma nova Argentina da paz, uma em que, como
manifestou Videla, os “direitos humanos” eram defendidos pelo sangue argentino. O
sangue dos soldados argentinos que eram sacrificados por Deus”
- “A ideia do exército como instrumento político da vontade de Deus foi repetida pelo
diretor da Escola Superior de Guerra, general Juan Manuel Bayón [...]”
- “A igreja na Argentina teve uma relação quase orgânica com as desaparições. De fato,
em muitos casos a hierarquia católica sabia destas desaparições e poderia ter impedido
que ocorressem, coisa que em geral não fez, sobretudo quando os sequestrados eram
sacerdotes”
- “A base deste “perigo”, que ao que parece foi aceito por Bergoglio, que iria se
converter no principal cardeal da Argentina e mais tarde no papa Francisco I, se apoiava
em uma ideia aceita pela maioria dos bispos: qualquer condenação às violações dos
direitos humanos era uma ameaça para a pátria e para Deus”
(Muerte e ideología)
- “Se os nazistas, por exemplo, destruíram todo rastro de suas vitimas mediante a
destruição da memória da unidade familiar, a ditadura argentina se conformou com o
sacrifício dos pais e a apropriação da identidade de seus filhos”
- “Em geral, os novos “pais” eram escolhidos entre os grupos que apoiavam a ditadura.
Eram pessoas com vínculos ideológicos, religiosos e financeiros com os militares, como
se narra tão efetivamente nos filmes La historia oficial (1985) e Cautiva (2003)”
- “O sacrifício das vitimas era a recompensa ideológica para aqueles pais que estavam
dispostos a receber os filhos do desastre e dar-lhes uma versão deformada de amor
familiar. [...] A conexão entre o mito nacionalista e a realidade era, todavia, tênue. O
caso dos filhos sequestrados pela ditadura, a marca ideológica secreta deveu ser imposta
por gerações”
- “O que para os assassinos é uma vitória sobre a morte que deve se repetir uma e outra
vez, é para os parentes uma ferida aberta que os assassinos não querem que sare”
- “O ex-secretário de Estado Henry Kissinger cria que “não existem dúvidas que
existem muitas tendências antissemitas na Argentina, mas não no sentido nazista””
- “Fernández continua: “Aos judeus se castigavam apenas por ser judeus [...] Contra os
judeus se aplicava toda classe de torturas, mas especialmente uma que era
extremamente sádica e cruel: o “rectoscopio”, que consistia na inserção de um tubo no
ânus da vitima ou da vagina de uma mulher, e dentro do tubo se colocava um rato. O
roedor buscava a saída e tratava de morder os órgãos internos da vítima”. [...] Esta
tortura reforçava a suposta animalidade das vítimas judias. Não é de se estranhar que a
maioria dos testemunhos destas práticas provenham de testemunhos de não judeus que
sobreviveram aos campos. A maioria dos prisioneiros judeus não saíram com vida”. [...]
O exemplo nazista foi uma fonte de inspiração para os perpetradores”
- “Timerman afirma que, entre outras “piadas”, diziam que estavam enviando os
prisioneiros judeus a câmaras de gás. Os perpetradores argentinos estabeleceram uma
espécie de diálogo fascista transhistórico. Normalmente diziam a suas vítimas judias,
“vamos mostrar aos nazistas como se fazem as coisas”. [...] Este tipo de humor se
conectava com temas favoritos nacionalistas”
- “Na Argentina, a certeza sobre a magnitude do desastre gerado pelo inimigo foi
sentida em toda a cadeia de mando. Os assassinos compartilhavam a ideia de que seu
sacrifício era um rito na história da pátria. [...] o brigadeiro Agostí relaciona a versão
militar da história com a necessidade de recuperação constante: “os povos sem memória
estão condenados a sofrer constantemente os mesmos erros”. Para Nicolaides e Agosti,
e para muitos outros, seu próprio significado histórico como atores dos acontecimentos
recentes parecia ser evidente”
- “As referências ao Holocausto (por parte das vítimas e dos perpetradores) eram os
sintomas do que poderia se definir como uma presença transgeracional do trauma”
1
SEOANE, Maria; MULEIRO, Vicente. El dictador, p.231.
- “Sua disposição ideológica de se apresentar como “continuação” do Holocausto
demonstra um tipo único de situação transhistórica em que o trauma e a ideologia se
completam mutuamente. As vítimas não podem distinguir se estão em campos de
concentração nazista ou dos argentinos. Não podem definir a diferença entre o passado e
o presente. [...] Nisto radica um dos aspectos mais singulares dos campos argentinos:
pensavam que os campos deviam produzir o contexto do Holocausto em um
mundo pós-holocausto. Ainda que vários genocídios repitam certos elementos do
Holocausto, só na Argentina os perpetradores afirmavam suas ações de sequestro e
extermínio como uma recreação do Holocausto”
- “Foi sua lembrança de Auschwitz (que eles viam como algo totalmente positivo) o que
os levou a justificar seus assassinatos antissemitas. Um dos seus sequestradores disse a
Timerman: “Hitler perdeu a guerra. Nós vamos ganhar”. De sua cela, uma vítima da
ditadura, Adolfo Pérez Esquivel, recordava as conexões transhistóricas com o genocídio
nazista como uma particularidade ideológica dos campos argentinos: “Uma das coisas
que realmente me impactou foi [o pensamento] ‘Estou na Argentina ou na Alemanha
nazista’. Havia uma enorme parede que estava quase completamente coberta por uma
suástica pintada nela, e debaixo dela se lia a palavra “nacionalismo” escrita com Z””
- “Esta tradição argentina mesclava o catolicismo com uma particular ideia antissemita
do inimigo. Esta fusão foi extrema na medida em que deu forma a uma velho tipo de
fascismo argentino. Mas sem ser fascista, a sociedade argentina em geral ainda
comparte um padrão significativo desta cultura política, a saber, a ideia de que a
Argentina é essencialmente cristã e os inimigos não o são”
- “Embora por razões diferentes, a ditadura militar foi, igualmente o governo de
Uriburu, não de todo fascista. De todo modo, herdou do fascismo, e pois em prática, o
imaginário ideológico do nacionalismo fascista definido como uma aliança entre a Cruz
e Espada. [...] Como ocorreu durante o regime de Uriburu, a ditadura reprimiu os
trabalhadores embora sua repressão fosse muito mais dura do que qualquer outra coisa
no passado”
- “Fora dos campos de detenção, a ideologia da ditadura teve bastante êxito, embora não
pudesse impor o universo vertical total como fez dentro deles”
- “Em concordância com uma ideologia nacionalista que imaginava como inimigo
Freud, cuja estratégia implicava conquistar aos argentinos durante a noite, enquanto
estavam sonhando, o próprio almirante Massera disse uma conferência em uma
universidade em 1977: “O século XIX, Marx publicou três volumes de O Capital e com
ele pôs em dúvida a sanidade da propriedade privada; no início do século XX, a sagrada
esfera intima do seu humano foi atacada por Freud em Interpretação dos sonhos. E
como se isso não fosse suficiente para questionar os valores positivos da sociedade,
Einstein, em 1905, publicou sua teoria da relatividade, que põe em crise a natureza
estática da matéria”. Massera pronunciou o discurso em um ato acadêmico depois de
receber um doutorado honorário da jesuíta Universidade del Salvador em Buenos
Aires”
- “Do mesmo modo, monsenhor Guillermo Bolatti, bispo de Rosário, afirmou que a
entrega ao “prazer sexual desenfreado” favorecia a subversão “consciente ou
inconsciente” [...] Pediu a Virgem Maria que “livrasse” os argentinos desta “penetração
ideológica”, das “armas homicidas” do inimigo. Então a Argentina alcançaria um futuro
com a “Paz que o Senhor nos tem dado””
- “As forças armadas e seus aliados estavam lutando uma cruzada ideológica contra as
forças desenfreadas do sexo, as drogas e os desejos políticos radicais”
- “A paz só era possível quando o inimigo tiver sido exterminado. A paz significava a
morte do Outro. Este ia ser um momento de purificação argentina. Sinalizaria o
ressurgimento de uma autenticidade nacional absoluta, em que a cultura seria restaurada
como um elemento central do espirito “ocidental e cristão”. [...] Para a ideologia da
ditadura este espirito não estava morto, mas simplesmente estava desativado e
manipulado pelo plano inimigo de Freud, Marx e Einstein. A maioria dos ideólogos
militares acreditavam que a psicanálise, como assegurava o Cabildo, buscava “destruir
o conceito cristão de família”. O ataque era parte de uma projeção conspiratória maior
contra os judeus argentinos”
- “A luta contra o inimigo não tinha limites. Em 1976, o general Videla destacou a
natureza global do desafio: “A luta contra a subversão não se esgota em uma dimensão
puramente militar. É um fenômeno mundial. Tem dimensões políticas, economicas,
sociais, culturais e psicológicas”. Fora dos campos, a família era um cenário central
desta luta”
- “No mundo da alta cultura, como em todas as esferas sociais, a ditadura contou com o
apoio de importantes figuras. Por exemplo, em 1976, Videla desfrutou de um almoço
com os escritores Ernesto Sábato e Jorge Luis Borges e o sacerdote Leonardo
Castellani. Mais tarde, Borges disse a imprensa: “Lhe agradeci pessoalmente pelo golpe
de 24 de março, que salvou o país da ignominia e manifestei minha simpatia por ter
enfrentado as responsabilidades do governo”. Sábato, que mais tarde seria um dos
arquitetos do Nunca Más, declarou: “O general Videla me deu uma excelente
impressão. Trata-se de um homem culto, modesto e inteligente. Me chamou a atenção a
amplitude de critério e cultura do presidente”. Castellani recorda que Borges, Sábato e
Videla haviam falado de “a guerra” como uma atividade purificadora”
- “[...] esta ideologia nacionalistas que via o inimigo como oposto a pátria foi levada ao
campo de futebol. Durante a Copa do Mundo de Futebol, o técnico da equipe argentina,
César Luis Menotti, agradeceu ao almirante Massera pelo “apoio moral inestimável”
que deu a equipe. A ideia de que o futebol estava conectado de alguma maneira ao tipo
de nacionalismo promovido pela ditadura foi amplamente compartilhava durante o
evento”
- “A Copa do Mundo foi uma das ocasiões em que a ditadura e seu “processo de paz”
tiveram um apoio massivo. Quando a Argentina ganhou, o povo saiu às ruas, ocupando-
as com uma mensagem de alegria pela vitória. Esta mensagem foi rapidamente
apropriada pela propaganda, que o vinculou a ditadura”
- “A relação entre a religião e a verdade, por uma parte, e a situação de estar “sempre
só” – uma clara referência aos desaparecidos –, por outro, são um sintoma do que a
ditadura entendia como uma guerra entre aqueles que, ao “esquecer” sua religião,
também esqueceram sua inata argentinidade, e os verdadeiros argentinos, aos que a
ditadura defendeu”
- “Como aponta García, os filmes de Ortega fazem referência implícita aos atos mais
extremos da ditadura. Em Que linda és mi familia! (1980) Ortega “faz o papel de um
filho adotivo cujo pai adotivo... negava o pai biológico quando este vem buscá-lo”. No
cinema da ditadura não há negociações com a realidade e a realidade ideológica
dos campos de concentração se reproduz na narrativa cinematográfica”
- “Segundo o argumento nacionalista, a Guerra das Malvinas era uma luta anticolonial
por Deus e pela Pátria. Morrer por algumas ilhas que formam parte do Império
Britânico se tornou algo significativo para maioria da população, que com grande
entusiasmo apoiou a ditadura nesta nova aventura. Mas desta vez o inimigo eram
soldados armados que se opunham e se negavam a desaparecer apesar da insistência
ideológica do “estamos vencendo”, dita vez ou outra nos meios de comunicação
argentinos”
- “A ineficiência militar da ditadura foi demonstrada em sua derrota no que seria sua
única zona verdadeira de competência. Mas, em termos da ideologia nacionalista, a
Guerra das Malvinas de 1982 foi claramente uma batalha ideológica”
- “Se nos campos de concentração a ideologia nacionalista se apoiava nos perseguidos,
ou mais precisamente em seus corpos torturados, na Guerra das Malvinas essa ideologia
foi insuficiente na hora de afirmar a ideia nacionalista de uma Grande Argentina frente a
um exército britânica que derrotou com facilidade suas tropas. A justificação da guerra
não era original; os nacionalistas já a haviam usado na década de 1930. A originalidade
estava na prática de uma guerra que não se podia ganhar, diferentemente da Guerra Suja
contra cidadãos indefesos e um movimento guerrilheiro que havia sido derrotado antes
do golpe”
- “Portanto, seguiu-se o impasse infame com a aprovação de leis de perdão aos militares
em 1986 e 1987 durante o governo Alfonsín e as anistias presidências dadas pelo
presidente Carlos Menem em 1989 e 1990, o ressurgimento das investigações e
processos dos perpetradores na década de 2000 [...]”
- “Mas isto “significa que a ideia fascista na Argentina se foi para sempre? [...] Por
certo, os grupos nacionalistas entre os militares intentaram derrubar a democracia e
fracassaram na década de 1980”
- “A origem dessa cultura política radica parcialmente no nacionalismo de extrema
direita, quer dizer, no fascismo ao estilo argentino. Neste sentido específico, o legal
nacionalista encarnado na ditadura segue vivo”
- “A ditadura era parte integrante de uma sociedade da qual surgiu e que lhe aceitou. [...]
A sociedade argentina prefere não lembrar seu papel na Guerra Suja, seja passivo ou de
uma justificação ativa. Assim, pois, segundo a ideologia nacionalista, a historiografia
profissional se converte em uma parte da conspiração contra a eterna Argentina cristã e
a única postura defensável é uma combinação entre negação e “reconciliação”, um
encerramento do passado”
- “No começo do século XXI, esta ideia era ainda mantida por políticos que, sobre a
base da religião, tratavam de articular projetos neoclássicos ou neopopulistas para o
país. Isto não deveria surpreender já que na cíclica histórica argentina em outros
momento decisivos se operou da mesma maneira, com ou contra Perón, as coalisões
políticas foram até a Igreja para construir frentes de oposição. Por exemplo, se a última
ditadura argentina legitimou seus crimes aproveitando o apoio da Igreja e dos ideais
nacionalistas, a democracia argentina as vezes poderia seguir um caminho similtar”
- “Em outra entrevista, o ditador [Videla] concluía: “Minha relação com a Igreja foi
excelente. Tínhamos uma relação cordial, sincera e aberta”. O apoio se combinava com
o silêncio. Na maioria dos casos, o silêncio da Igreja sobre os delitos militares se
conectava com a ideia da Guerra Fria de que as vítimas eram “inimigos internos” da
Cruz e da Espada”
- “Desde então, muitas coisas se alteraram na Argentina, mas a Argentina segue sendo
antes de tudo uma nação católica. Constantes referências a política do sagrado e a
exaltação da fusão argentina de anti-imperialismo, caudilhismo, nacionalismo e as
disputas territoriais atravessaram o espectro político”
2
VEZZETTI, H. Pasado y Presente, p.15.
imagens do passado. Os crimes de Estado só teriam sentido para os autores. Da
perspectiva das vítimas, sua vitimização não tinha sentido em absoluto. Nenhuma
vítima iria encontrar nos campos de concentração a conotação política que muitos
intérpretes políticos populistas, mais tarde, atribuíram a suas experiências [...] A história
da vitimização radical (especialmente o Holocausto e o comparativo genocídio e
assassinato massivo de cidadãos por parte do Estado) evita analisar as vítimas como
principal fonte de motivação do perpetrador. As subjetividades étnicas e/ou políticas das
vítimas (serem judias, maias ou comunistas) não eram a principal razão de seus autores.
Na realidade, a principal força impulsionadora por detrás de seus assassinatos era a
ideologia absoluta dos assassinos. Neste sentido, na Argentina não houve uma
verdadeira guerra, mas assassinatos em massa de cidadãos que foram sancionados pelo
Estado, como no Camboja, Chile, na Espanha fascista e na Guatemala”
- “Ademais, esforços recentes para ver as identidades políticas das vítimas como raiz de
seu assassinato, põem anacronicamente os crimes de Estado dentro da esfera política.
[...] Em contraste com esta história oficial, neste livro defendemos que a fusão da
ideologia e a violência na tradição do nacionalismo segue sendo a causa principal
da Guerra Suja e dos campos de concentração”