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Bruno Mastrandrea
Miqueias da Costa Oliveira
Thiago Leister Sá
RESUMO
Este trabalho propõe comparar as frequências naturais e os modos de vibração torcional de uma barra bi-engastada nos
modelos de análise contínuo e discreto – com uso de ferramentas numéricas – aumentando-se o número de discretizações.
Propõe analisar os efeitos dos acréscimos de massa a meio vão nas frequências naturais.
1. INTRODUÇÃO
Os problemas de vibrações torcionais em barras de
seção circular têm grande aplicação no estudo e projeto de
máquinas rotativas, no entanto a análise por modelo
contínuo possui solução analítica apenas para condições
de contorno específicas, levando a necessidade de adotar
modelos discretos para estas análises.
2. OBJETIVO
O objetivo desse trabalho é comparar as frequências
naturais e modos de vibração torcional de uma barra
simples bi-engastada, calculados através dos modelos
contínuo e discreto. Analisar os modos e frequências
naturais no modelo discreto quando uma massa é b) Modelo discreto
acrescentada concentrada a meio vão. Para o processo de obtenção das frequências naturais
e modos de vibração para o modelo discreto, a barra é
3. METODOLOGIA discretizada em um sistema de N discos iguais (momento
A análise modal do modelo contínuo foi realizada de inércia de massa Jd) e N+1 molas rotacionais de massas
através da solução analítica, enquanto a resposta do desprezíveis e rigidez 𝑘𝑡 = 𝐺 𝐼𝑝 /𝐿𝑑 . Para uma
modelo discreto foi obtida pela solução do problema dos
discretização de 3 elementos o sistema de equações de
autovalores do sistema utilizando o software MATLAB.
movimento é dado por:
𝐽𝑑 𝜃̈1 + 𝑘𝑡 𝜃1 − 𝑘𝑡 (𝜃2 − 𝜃1 ) = 0
4. RESULTADOS
a) Modelo contínuo {𝐽𝑑 𝜃̈2 + 𝑘𝑡 (𝜃2 − 𝜃1 ) − 𝑘𝑡 (𝜃3 − 𝜃2 ) = 0
Pela Teoria de Saint-Venant a relação entre o 𝐽𝑑 𝜃̈3 + 𝑘𝑡 (𝜃3 − 𝜃2 ) + 𝑘𝑡 𝜃3 = 0
momento torçor e a rotação de uma seção circular é dada
𝜕𝜃 Ou na forma matricial:
por 𝑀𝑡 (𝑥, 𝑡) = 𝐺𝐼𝑝 (𝑥, 𝑡), sendo Ip o momento polar de
𝜕𝑥
inércia da seção transversal e G o módulo de rigidez 𝑴𝜽̈ + 𝑲𝜽 = 𝟎
1 0 0 𝜃1 ̈ 2 −1 0 𝜃1 0
transversal do material. Para uma barra de seção
transversal constante, massa específica 𝜌 e momento de 𝐽𝑑 [0 1 0] {𝜃̈2 } + 𝑘𝑡 [−1 2 −1] {𝜃2 } = {0}
inércia de massa por unidade de comprimento J0, o 0 0 1 𝜃̈3 0 −1 2 𝜃3 0
equilíbrio da barra, no caso de vibração torcional livre, é:
𝜕2𝜃 𝜕2𝜃
𝐺𝐼𝑝 2 (𝑥, 𝑡) = 𝐽0 2 (𝑥, 𝑡)
𝜕𝑥 𝜕𝑡
Dividindo a expressão pelo momento de inércia,
obtemos:
𝜕2𝜃 𝜕2𝜃 𝐺𝐼
𝑐 2 2 (𝑥, 𝑡) = 2 (𝑥, 𝑡) ; 𝑐 = √ 𝑝⁄𝐽 = √𝐺⁄𝜌
𝜕𝑥 𝜕𝑡 0
Cuja solução pode ser obtida pelo método de
separação de variáveis:
𝜃(𝑥, 𝑡) = [𝐴 cos(𝜔𝑥⁄𝑐 ) + 𝐵 sin(𝜔𝑥⁄𝑐 )] ∙ Φ(𝑡) Para este modelo também propomos uma solução
Para o problema analisado com extremidades fixas, geral 𝜽 = 𝑨 sin(𝜔𝑡) e 𝜽̈ = −𝜔2 𝑨 sin(𝜔𝑡) onde A é o
temos as condições de contorno: 𝜃(0, 𝑡) = 0, 𝜃(𝑙, 𝑡) = 0. vetor amplitude e 𝜔, a frequência. Substituindo no sistema
Implicando assim na solução analítica do problema: de equações obtemos [𝑲 − 𝜔2 𝑴]𝑨 = 𝟎, cuja solução
𝑛𝜋𝑥
Modos de vibração: 𝜃(𝑥) = 𝐶 𝑛 sin ( ), para n=1, 2, ... não-trivial existe se 𝑑𝑒𝑡(𝑲 − 𝜔2 𝑴) = 0. A solução deste
𝑙
Frequências naturais: 𝜔𝑛 =
𝑛𝜋𝑐
, para n = 1, 2, ... sistema é um problema de autovetores e autovalores.
𝑙 Sendo os autovalores 𝜔𝑖 as frequências naturais e os
Os três primeiros modos e frequências são
autovetores 𝐴𝑖 os modos principais de vibração
apresentados para L=10 m, diam=10 cm e material aço.
associados.
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c) Comparação contínuo e discreto Na figura a seguir mostram-se as três primeiras
A partir da solução obtida para o modelo discreto de frequências e modos de vibrar para o sistema com a
3 elementos, é fácil observar que as matrizes de inércia e inclusão de inércia concentrada de 50% da inércia total da
rigidez para uma discretização de N elementos seguem o barra. Verifica-se que a segunda frequência e seu modo de
padrão apresentado abaixo. As frequências naturais de vibração não são alterados pela inclusão da inércia
vibração e seus modos associados podem então ser concentrada, enquanto a primeira e a terceira frequências
obtidos pela solução do problema de autovalor conforme são reduzidas, assim como o modo associado a estas perde
descrito. a forma senoidal apresentando uma estabilização do ponto
1 0 0 central com menores amplitudes de vibração comparado
det(𝑲 − 𝜔𝑛2 𝑴) = 0 ; 𝑴 = 𝐽𝑑 [0 ⋱ 0] ao sistema sem a inércia concentrada.
0 0 1 𝑛×𝑛
2 −1 0 ⋯ 0
−1 2 −1 ⋯ 0
𝑲 = 𝑘𝑡 0 −1 2 ⋯ 0
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ −1
[0 0 0 −1 2 ]𝑛×𝑛
Aplicando esta metodologia para uma discretização
de 19 elementos observa-se na figura a seguir frequências
e modos de vibrar muito próximos daqueles obtidos para
o sistema contínuo.
5. CONCLUSÕES
Com as análises realizadas verificou-se que uma
modelagem discreta é capaz de representar o
comportamento de vibração torcional de uma barra
contínua, sendo melhores os resultados conforme o
d) Sistema barra contínua e disco número de elementos discretizados aumenta. Utilizando
Após a análise modal da vibração torcional de uma esta abordagem foi observado que a inclusão de uma
barra, fez-se a inclusão de uma inércia rotacional inércia concentrada neste problema de vibração cria um
concentrada, um disco, no meio do vão da barra utilizando polo fixo de menor vibração na barra e forçando os modos
para análise o modelo discreto de 19 elementos. de vibrar ímpares para modos de vibrar pares.
A análise deste sistema no modelo discreto foi
realizada aumentando o termo central da matriz de inércia, 6. REFERÊNCIAS
que representa o elemento central, e encontrando novos [1] A. A. Shabana “Vibration of Discrete and
autovalores e autovetores, para a mesma matriz de rigidez. Continuous Systems”, Springer, New York, 1997
O parâmetro de referência adotado para esta inércia [2] S. S. Rao “Mechanical Vibrations”, Prentice Hall,
adicional foi a própria inércia total da barra. New Jersey, 2011
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