Grupo I
Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.
PARTE A
Lê o poema de Pero de Berdia e as notas.
Lopes, Graça Videira; Ferreira, Manuel Pedro et al. (2011-), Cantigas Medievais Galego
Portuguesas [base de dados online]. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA.
[Consulta em 18 de setembro de 2020] Disponível em: <http://cantigas.fcsh.unl.pt>.
Notas:
1 5
alhur: algures; noutro lugar. u: onde.
2 6
Foi: fui. ant’o: antes do.
3 7
Santa Marta: Ermida de Santiago, Galiza. verria: viria.
4 8
maer: pernoitar; passar a noite. ca: porque.
Na folha de respostas, registe apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas, o número que
corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.
Ao longo do poema, seguimos o raciocínio do sujeito poético e somos testemunhas do seu estado de
espírito.
Assim, nas primeiras duas coblas, a donzela _______a)________ da situação em que se encontra. Na
terceira cobla, a donzela conclui que o amigo _______b)________. Já na quarta cobla, a donzela
_______c)________ sobre o futuro da relação de ambos.
a) b) c)
Na cidade nom havia triigo pera vender, e se o havia, era mui pouco e tam caro que as pobres gentes
nom podiam chegar a ele; […] e começarom de comer pam de bagaço d’azeitona, e dos queijos das malvas e
raizes d’ervas, e doutras desacostumadas cousas, pouco amigas da natureza; e taes i havia que se mantiinham
em alféloa1. No logar u costumavom vender o triigo, andavom homeẽs e moços esgravatando a terra; e se
5 achavom alguῦs grãos de triigo, metiam-nos na boca sem teendo outro mantiimento; outros que se fartavom
d’ervas, e beviam tanta agua, que achavom mortos homeẽs e cachopos jazer inchados nas praças e em outros
logares. […]
Toda a cidade era dada a nojo 2, chea de mezquinhas querelas3, sem nenuῦ prazer que i houvesse: uῦs
com gram mingua do que padeciam; outros havendo doo 4 dos tribulados; e isto nom sem razom, ca se é triste e
10 mezquinho o coraçom cuidoso nas cousas contrairas que lhe aviinr podem, veede que fariam aqueles que as
continuadamente tam presentes tiinham? Pero com todo esto, quando repicavom, nenuῦ nom mostrava que
era faminto, mas forte e rijo contra seus ẽmigos 5. Esforçavom-se uῦs por consolar os outros, por dar remedio a
seu grande nojo, mas nom prestava conforto de palavras, nem podia tal door seer amansada com ne ῦas doces
razões; e assi como é natural cousa a mão ir ameúde onde see 6 a door, assi uῦs homeẽs falando com outros,
15 nom podiam em al departir7 senom em na mingua que cada uῦ padecia.[…]
Sabia porem isto o Meestre e os do seu Conselho, e eram-lhe doorosas d’ouvir taes novas; e veendo
estes males a que acorrer nom podiam, çarravom suas orelhas do rumor do poboo.
Como nom querees que maldissessem sa vida e desejassem morrer alguῦs homeẽs e molheres, que
tanta deferença há d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom 8, como há da vida aa morte? Os
20 padres e madres viiam estalar de fame os filhos que muito amavom, rompiam as faces e peitos sobr’eles, nom
teendo com que lhe acorrer, senom planto e espargimento de lagrimas 9; e sobre todo isto, medo grande da
cruel vingança que entendiam que el-Rei de Castela deles havia de tomar; assi que eles padeciam duas grandes
guerras, ῦa dos ẽmigos que os cercados tiinham, e outras dos mantiimentos que lhe minguavom, de guisa 10 que
eram postos em cuidado de se defender da morte per duas guisas.
Crónica de D. João I de Fernão Lopes, cap. 148 (1980) ed. de Teresa Amado, Lisboa, Comunicação (texto com supressões)
Notas
1
alféloa: melaço.
2
nojo: tristeza.
3
mezquinhas querelas: discussões banais.
4
doo: dó.
5
ẽmigos: inimigos.
6
see: esteja.
7
departir: conversar.
8
d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom: entre ouvir estas coisas e passá-las.
9
planto e espargimento de lagrimas: pranto e derramamento de lágrimas.
10
guisa: forma, maneira.
5. Explicita os motivos pelos quais os lisboetas tinham «de se defender da morte per duas guisas», linha 24.
a) b) c)
1. «tam caro que as pobres gentes
1. «No logar u costumavom nom podiam chegar a ele», ll. 1-2
vender o triigo», l. 4 1. ironia 2. «veede que fariam aqueles que as
2. «andavom homeẽs e moços continuadamente tam presentes
esgravatando a terra», l. 4 2. gradação tiinham?», ll. 10-11
3. «cachopos jazer inchados nas 3. «e veendo estes males a que
praças», l. 6 3. metáfora acorrer nom podiam, çarravom
suas orelhas», ll. 16-17
PARTE C
7. Escreve uma breve exposição em que expliques o modo como a ideia de amor cortês está presente nas
cantigas de amor e ilustra o teu texto com referências a poemas deste género da lírica trovadoresca.
• um desenvolvimento em que expliques o modo como os aspetos essenciais da ideia de amor cortês estão
presentes nas cantigas de amor e em que faças referências significativas a poemas deste género da lírica
trovadoresca.
Com emoção recordo aquela tarde do dia dois de Julho de 1990, quando no Arquivo Nacional
da Torre do Tombo, ainda no Palácio de São Bento, descobri os fragmentos de sete cantigas de amor
de D. Dinis, musicadas, na capa de um livro do Cartório Notarial de Lisboa.
Nesse mesmo dia, por sugestão do meu colega, o Prof. Arthur L. Askins, tinha iniciado a minha
5 pesquisa orientada para o estudo dos pergaminhos 1 que servem de capa de livros, já nos anos 40
localizados pelo Padre Avelino de Jesus da Costa. Pretendia mais informação para a Bibliografia de
Textos Antigos Portugueses, um catálogo de fontes primárias para o estudo da cultura e língua
vernácula em Portugal e na Galiza durante a Idade Média, que estamos a compilar. Acabara de
consultar um daqueles pergaminhos, um fragmento do século XV «Vida e Paixão dos Quarenta
10 Cavalheiros» de Bernardo de Brihuega. Depois de remover a cobertura solta de papel moderno do
livro seguinte, da mesma caixa, deparei com uma capa de pergaminho bastante mutilado. Nos dois
lados do mesmo era visível a presença de texto e de notação musical. Iniciada a leitura possível,
concluí estar na presença de poesia de amor trovadoresca.
Uma das poesias, a última do lado interior da capa, parecia-me familiar. Como tinha à mão um
15 computador pessoal com todos os dados recolhidos até àquela altura da Bibliografia de Textos
Antigas Portugueses, incluindo os incipits2 de todas as poesias dos cancioneiros galego-portugueses,
rapidamente determinei que os textos eram cantigas de amor de D. Dinis. Analisei a notação
musical3, cujas características se mostravam comuns às das Cantigas de Santa Maria 4 de Afonso X, de
Castela, e à do chamado Pergaminho Vindel5 das cantigas de amigo de Martin Codax. A letra gótica
20 dos textos não musicados parecia-me do século XIV.
Reflecti sobre o que acabara de averiguar. O significado do achado era mais que evidente: o
pergaminho, apesar do seu mau estado de conservação, seria a mais antiga versão manuscrita
conhecida de poesia de D. Dinis e o único exemplo conhecido de música de cantigas de amor. Além
disso, seria a primeira manifestação documentada de música profana portuguesa; Martin Codax,
25 afinal, era galego. Comovido pela importância da descoberta, não podia conter as lágrimas.
Passei as horas seguintes atarefado em transcrever o texto e também a música. No dia seguinte,
na Biblioteca Nacional, comparei a minha transcrição preliminar dos textos com as poesias
correspondentes das edições em fac-símile 6 do Cancioneiro da Vaticana e do Cancioneiro da
Biblioteca Nacional. O confronto revelou que a ordem das sete cantigas do pergaminho era a mesma
30 em ambos os cancioneiro e que, em geral, a leitura do Cancioneiro da Vaticana se aproximava mais
da versão dos textos conservados no pergaminho.
Notas
1
pergaminho: tipo de documento, muito comum na Idade Média, escrito em pele de cabra, carneiro, cordeiro ou ovelha.
2
incipits: conjunto formado pelas primeiras palavras de um texto sem título.
3
notação musical: sistema de escrita que representa as notas de uma peça musical, normalmente numa pauta.
4
Cantigas de Santa Maria: conjunto de composições de tema religioso, escritas no século XIII, em galego-português, e
reunidas pelo rei Afonso X, de Castela e Leão.
5
Pergaminho Vindel: documento que contém as sete cantigas de amigo de Martim Codax, com notação musical.
6
fac-símile: reprodução exata de uma escrita, cópia.
Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 11.o ano 5
6 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 11.o ano
1. Uma das razões por que o pergaminho descoberto por Harvey Sharrer se revelou muito importante
residia no facto de
(A) conter cantigas de D. Dinis que até então eram desconhecidas.
(B) ser o primeiro documento que contém notação musical para poesia trovadorescas.
(C) ser um dos poucos documentos com notação musical para poesias trovadorescas.
(D) ser o primeiro documento escrito em galego-português que contém notação musical.
3. De acordo com o segundo parágrafo, o estado em que se encontrava o pergaminho, quando foi
descoberto,
(A) tornava impossível a leitura do texto e das notas musicais.
(B) permitia a leitura do texto, mas não das notas musicais.
(C) permitia a leitura das notas musicais, mas não do texto.
(D) levantava dificuldades à leitura do texto e das notas musicais.
4. Harvey Sharrer ficou a saber que os poemas do pergaminho eram da autoria de D. Dinis
(A) imediatamente, porque os conhecia de memória.
(B) pouco depois de ter descoberto o texto.
(C) quando foi à Biblioteca Nacional.
(D) quando leu as edições do Cancioneiro da Vaticana e do Cancioneiro da Biblioteca Nacional.
Quanto à sua formação, «Bibliografia» (l. 6) é uma _____a)_____. É formada por duas partes,
que significam _____b)_____. A primeira das duas partes que integram «Bibliografia» é
_____c)_____.
a) b) c)
1. palavra formada por composição 1. vida e escrita 1. um prefixo
2. palavras formada por derivação 2. livro e escrita 2. um radical
3. amálgama 3. vida e caminho 3. uma palavra
Se algumas pessoas consideram que a distância pode ter um impacto negativo no relacionamento
amoroso, outras defendem que este afastamento pode ser um fator positivo e até romântico.
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre o namoro à distância.
No teu texto:
– explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma
única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (ex.: /2019/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas e cinquenta palavras ‒,
há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
– um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I
16 16 12 16 16 12 16 104
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II
8 8 8 8 8 8 8 56