"Entre as muitas coisas ensinadas [pela realidade nacional], está esta: de que se,

em todos os tempos, o problema da democracia no Brasil tem sido mal posto, é porque
tem sido posto à maneira inglesa, à maneira francesa, à maneira americana; mas não
à maneira brasileira [...]

Parece até que é somente sobre estes paradigmas forasteiros que a sua [dos
brasileiros] inteligência sabe trabalhar com perfeição".
"O idealismo da constituição" (1939) de Oliveira Viana é uma crítica feroz à
contrução da República carcomida do Brasil.

Viana define os constituintes da República como "excelentes tradutores de males

estranhos, péssimos interpretes dos nossos próprios males." Embora pareça
transpirar uma nostalgia do antigo Império, não é, por motivos óbvios.

Viana deixa isso claro: "[os republicanos] pudiam ter-nos dado um belo edifício,
solido e perfeito, construído com a mais pura alvenaria nacional e deram-nos um
formidável barracão federativo, feito de improviso e a martelo, com sarrafos de
filosofia positiva e vigamentos de pinho americano."

O livro é, na verdade, uma crítica a falta de nacionalismo inclusive do próprio

Império, de homens formados na Universidade de Coimbra, como o autor mesmo fala.
Bom livro pra quem tem interesse nesse periodo de falsa transição.

Francisco José Oliveira Viana nasceu nos últimos suspiros do Império (1883), no Rio
de Janeiro. Foi um dos grandes responsáveis pela elaboração das leis trabalhistas
durante o varguismo, em que foi consultor da Justiça do Trabalho.

Fortemente inspirado por ideais nacionalistas burgueses, sempre foi um ferenho

crítico do liberalismo, o que o levou a criticar duramente grandes ícones da época
como Rui Barbosa, ultra-liberal, chamando-o de "marginal típico".

Faleceu no início do primeiro mandato de Vargas por voto direto, em 1951, no Rio.
Sendo achincalhado por uspianos graças ao seu viés eugenista em diversos escritos,
servindo pra mascarar, também, seu nacionalismo, é persona non grata da Academia
Brasileira.