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CURSO PARA SEGUNDA FASE

(PRIMEIRA PROVA DISSERTATIVA TRABALHISTA)


Comentários MPT

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viniciusmagistratura@gmail.com

Boa tarde, pessoal! Tudo bom?

Para quem não me conhece, sou Vinícius Rezende, Juiz do TRT da 2ª Região e
professor do preparatório para as fases escritas da Magistratura Trabalhista (provas
discursivas e sentenças).

Farei alguns comentários sobre a prova do MPT de hoje (17/09). Quatro (4) das cinco
(5) questões foram parcial ou integralmente analisadas em nosso curso (80%). A
expectativa é manter esse mesmo percentual de acerto no 1º Concurso Unificado da
Magistratura Trabalhista.

Envio, ao final desse arquivo, todos os espelhos aos quais me referi ao longo do texto.

Abordarei, neste arquivo, apenas as questões 2, 3, 4 e 5, pois tratadas no nosso


curso.

Para maiores informações, estamos disponíveis nos seguintes canais:

-E-mail: viniciusmagistratura@gmail.com

-WhatsApp: (11) 94995-5883

Atualmente estamos sem vagas no curso, mas disponibilizarei vagas para novos
alunos em breve, possivelmente já no dia 25/09.

Boa sorte e bons estudos a todos!

Vinícius Rezende.
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Questão 02: Disserte sobre o significado e a relevância das normas abaixo transcritas, as
relações que entre elas podem ser estabelecidas e as razões de sua introdução no atual
Código de Processo Civil brasileiro:

Art. 1º - O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os


valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa
do Brasil, observando-se as disposições deste Código.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade
dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.

Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do


sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento.

Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável,


íntegra e coerente.

A questão objetivava que o candidato comentasse e situasse tais disposições


normativas trazidas com o NCPC. Estruturalmente, seria interessante fazer uma introdução
geral sobre o assunto e, posteriormente, analisar cada artigo em um ou dois parágrafos ao
longo da fundamentação. Como o MPT não trouxe limitação de linhas, o candidato somente
deveria ter cuidado com o tempo gasto nessa resposta.

O art. 1º nitidamente revela o processo de constitucionalização do Processo Civil,


mormente porque o CPC/15 é o nosso primeiro Codex promulgado após a Carta de 88. O
artigo 10º veda a chamada “decisão surpresa”: noutras palavras, o Magistrado deve sempre
dar oportunidade prévia de manifestação à parte, acaso vá fundamentar sua decisão sobre
tal fundamento. O art. 369 consolida a possibilidade de ampla produção probatória às
partes, para que possa influir de forma eficaz na convicção do Juiz (democratização do
processo). De seu turno, o art. 371 reverbera a necessidade de fundamentação das decisões
prevista constitucionalmente, como forma de democratização do processo. Por derradeiro, o
art. 926 do NCPC assenta a aproximação do nosso sistema (Civil Law) com o Common Law,
com vistas a conferir maior segurança jurídica e previsibilidade ao juridicionado.
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Esses temas foram analisados exaustivamente nas rodadas 130 (questão 02 – dever
de fundamentação e sistema de precedentes), 123 (questão 02 – processo colaborativo,
papel do Juiz no NCPC, vedação às decisões surpresas), 67 (questão 01 – provas
ilícitas/ilegítimas), 66 (questão 01 – common Law, segurança jurídica, teoria dos
precedentes), 64 (questão 01 – fundamentação no NCPC e fundamentação exauriente), 57
(questão 01 – dever de uniformização da jurisprudência pelos Tribunais).

Todos esses arquivos estão em anexo. Recomendo a leitura!

Questão 03: Acerca do direito de greve, discorra sobre:

a) Posição da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o direito de greve.

b) Conceito, pressupostos, efeitos e evolução jurisprudencial do Tribunal Superior do


Trabalho (TST) sobre a greve ambiental.

c) Conceito, pressupostos, efeitos e evolução jurisprudencial do TST sobre a greve política,


bem como a posição da OIT sobre o tema.

d) Greve no serviço público e evolução jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal.

e) Legitimidade processual ativa do Ministério Público do Trabalho no dissídio coletivo de


greve e a análise da jurisprudência do TST.

O tema greve está muitíssimo em voga, mormente após as recentes “greves


políticas” que emergiram no país e a recente decisão do STF sobre o desconto dos dias
parados dos servidores públicos (RE 693456). É uma temática que possui grandes chances de
constar na prova do dia 02/12 (primeira prova escrita da magistratura), portanto, estudem-na
com afinco!

No curso, tratamos da greve, do entendimento do STF/TST, da greve política, dos


servidores públicos e dos dissídios coletivos de greve em diversas ocasiões, inclusive nesta
última semana (rodada 140 – quem participou dessa última rodada garantiu alguns
pontos)! Vejam, nesse sentido, as rodadas 140 (primeira questão – espécies de dissídios
coletivos e regimento interno/TST), 137 (segunda questão – meio ambiente), 132 (primeira
questão – meio ambiente do trabalho), 124 (segunda questão – greve política), 105
(segunda questão – greve dos servidores públicos e STF).

Todos esses arquivos seguem em anexo.


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Questão 04: Discorra sobre a proteção da relação de emprego contra a dispensa,


considerando as normas constitucionais, infraconstitucionais e convencionais da
Organização Internacional do Trabalho, bem como a jurisprudência do Tribunal Superior
do Trabalho e do Supremo Tribunal Federal.

Esse também é um tema caríssimo à prova da Magistratura, eis que um dos


membros da banca do concurso nacional, Des. Sérgio Torres, possui um livro que trata
exatamente desse tema. Ademais, diversos diplomas tratam desse tema, inclusive no
cenário internacional, a exemplo da Conv. 158/OIT (ratificada e posteriormente denunciada
no Brasil).

A temática em questão foi analisada nas rodadas 133 (questão 01 – dispensa


arbitrária), 84 (questão 01 – denúncia vazia) e 47 (questão 02 – término “sem justa causa”
da relação de emprego). Novamente, todos os arquivos estão em anexo.

Questão 05: No curso de inquérito civil, o membro do Ministério Público do Trabalho


constatou a existência de código de ética da empresa investigada que orienta os seus
trabalhadores, inclusive terceirizados, a evitar relacionamentos amorosos entre eles.

Em depoimento, o preposto esclareceu que situações de envolvimento amoroso entre


chefes e subordinados geram insatisfação entre os trabalhadores, que se sentem
prejudicados por possíveis favorecimentos, ocasionando nepotismo, tratamento desigual e
prejuízos à produtividade da empresa. O preposto justificou a disposição do código de
ética, citando caso concreto em que determinado trabalhador com deficiência foi
contratado como aprendiz somente em razão de indicação de gerente de recursos
humanos, com quem mantinha relação amorosa.

No desenvolvimento da investigação, verificou-se que os trabalhadores aprendizes, bem


como aqueles com deficiência, eram contratados por empresa interposta. Também se
constatou que os trabalhadores com deficiência eram integralmente liberados da efetiva
prestação de serviços para a investigada. Averiguou-se, finalmente, que aprendizes com
deficiência eram computados simultaneamente para o cumprimento de ambas as cotas
legais da inquirida.

O membro do MPT propôs Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à investigada.

Analise juridicamente os fatos apurados e indique quais obrigações devem estar contidas
nesse TAC, justificando-as pormenorizadamente.
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A questão versava sobre matérias tipicamente naturais ao MPT: inquérito civil e TAC.
Essas particularidades, por óbvio, não foram analisadas em nosso curso, já que nosso foco é
a magistratura. Por outro lado, o cerne da questão (relacionamentos amorosos entre
empregados e aprendizes/PNE) foi analisado em diversas ocasiões de nosso curso.

Citem-se, por exemplo, a rodada 63 (questão 02 – relacionamento amoroso entre


empregados) e a rodada 117 (questão 02 – empregador portador de necessidades especiais).

Vejam, agora, os espelhos supramencionados:

ESPELHOS RELACIONADOS À QUESTÃO 02 DA PROVA DO MPT

RODADA 130, QUESTÃO 02) (Direito Processual Civil/do Trabalho – Dever de


fundamentação no NCPC) Disserte, em até 30 linhas, sobre: Dever de fundamentação no
NCPC. Importância ao sistema de precedentes. Nulidade da sentença em inobservância ao
art. 489, NCPC.

(30 linhas) (vide os arquivos de apoio) (busquem citar os dispositivos legais e


constitucionais)

Espelho proposto (contei com a ajuda da colega Daniele Stanislowski):

É dever do Estado-juiz, em tempo razoável, entregar a tutela jurisdicional


“satisfativa”, nela compreendendo-se a “adequada fundamentação”, seja para explicitar com
transparência das suas razões de decidir e da sua imparcialidade, seja para viabilizar a
formação e discussão dos precedentes judiciais. Assim, sentença válida é aquela motivada,
não podendo se descurar da exigência imposta pelos arts. 93, IX, da CF/88 e art. 489 do CPC,
sob pena de decretação de nulidade (art. 11 do CPC). Introdução

Sendo assim, o novo instituto processual civil reclama a dialeticidade processual, em


que o juiz também é sujeito do processo e agente colaborador (art. 6º do CPC), o qual velará
pela observância do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LIV, LV, CF/88 c/c art. 10 do
CPC) e pela observância e formação dos precedentes judiciais, sejam eles obrigatórios ou
apenas persuasivos. Fundamentação 01

Partindo desse pressuposto, como método para viabilizar o confronto de teses


jurídicas adotadas em sentença ou acórdão e, com vistas à uniformização de jurisprudência,
o Juiz não deve julgar o feito às avessas, sem comprometimento com o melhor desfecho.
Assim, lhe é vedado se limitar à mera indicação, reprodução ou paráfrase de ato normativo;
invocação genérica que serve para qualquer decisão; ausência de enfrentamento dos
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argumentos capazes de infirmar a decisão ou mesmo quando se limita a invocar precedente
ou enunciados de súmulas, sem fazer referência à sua aplicabilidade ao caso concreto.
Diante disso, caso inobservados tais preceitos, será declarada nula a decisão por ausência de
fundamentação, seja em instância ordinária (art. 1.013, §3º) ou extraordinária (art. 1.027,
§3º), caso o vício não tenha sido sanado em sede de embargos de declaração (art. 1.022,
parágrafo único, II, CPC). Fundamentação 02

Devo salientar, ainda, que nas hipóteses de decisões tomadas em IRDR, IAC e em
sede de controle concentrado de constitucionalidade tal responsabilidade é majorada, já
que a motivação vinculará as decisões futuras de instâncias inferiores, estando estas sujeitas
à reclamação em caso de descumprimento (art. 988, III e IV, CPC). Daí surgirão as inúmeras
decisões que resolverão os direitos pretendidos, as quais deverão averiguar as circunstâncias
distintas (distinguishing), sem obstar as intenções relativas à revogação de teses jurídicas
ultrapassadas, seja total ou parcialmente (overulling, overriding). Fundamentação 03. PS2.:
Envio, em anexo, mais um texto de apoio (arquivo “Questao 02 - Waki - Dever de
fundamentação”), de indicação do colega Kleiber Almeida.

RODADA 123, QUESTÃO 02) (Direito Processual Civil – Princípios, Processo Colaborativo e
Vedação à Decisão Surpresa) Disserte, em até 30 linhas, sobre o NCPC, abordando as
seguintes temáticas: Novos princípios processuais expressos; Processo Colaborativo; Papel
do Juiz no NCPC; Vedação às decisões surpresas.

(30 linhas) (vide arquivos em anexo) (não se esqueçam que a provável reforma trabalhista
também traz regras sobre esses pontos, sobretudo no tocante à má-fé e à vedação à
decisão surpresa)

Espelho proposto (contei com a ajuda do colega Luis Henrique):

O Novo Código de Processo Civil (NCPC), Lei 13.105/2015, é a segunda grande


codificação aprovada sob a égide da CF/88. Assim como se verifica com o atual Código Civil,
Lei 10.406/2002, as normas deste novo código processual refletem não apenas o
reconhecimento da supremacia das normas constitucionais, mas, também, a vigência dos
valores e fundamentos previstos na CF/88 (art. 1º, NCPC), em especial os princípios da
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88), da solidariedade (art. 3º, I, CF/88) e da boa-
fé. Introdução

Apesar de não ser necessária a edição de normas infraconstitucionais para explicitar


os princípios constitucionais que informam o Direito Processual, a opção legislativa em assim
fazê-lo – Título Único do NCPC – indica que os princípios devem ser reconhecidos como
espécie do gênero norma, ao lado das regras. Dentre os novos princípios processuais
expressos neste título pode-se destacar o princípio da vedação às decisões supresas (art. 10,
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NCPC) e o princípio da cooperação (art. 6º, NCPC), que irradiam seus efeitos a todos os
sujeitos do processo. Fundamentação 01

Este último pode ser entendido como um dever que é imposto a todos que
participam do processo para a construção da decisão de mérito justa e efetiva, através de
condutas probas, leais e honestas, conforme a boa-fé objetiva (art. 5º, NCPC). A doutrina
identifica e aponta, em dispositivos do NCPC, quatro deveres dele decorrentes: de
esclarecimento, de consulta, de prevenção e de auxílio. Fundamentação 02

Haveria dever de esclarecimento na imposição ao juiz de permitir às partes, na


audiência de saneamento, o esclarecimento de suas alegações (art. 357, § 3º, NCPC). O
dever de consulta, por outro lado, além de ser decorrente do princípio da cooperação, pode
ser identificado, também, como o princípio da vedação à decisão supresa. Isto porque o
contraditório não deve ser compreendido pelo binômio “informação e reação”, mas também
pela possibilidade de influenciar o resultado do processo. Desta forma, mesmo nas hipóteses
em que o juiz deva decidir de ofício, deve-se assegurar o contraditório substancial, dando
oportunidade às partes de se manifestar sob a questão que será apreciada. Com isto, tais
princípios contribuiriam para a concretização do fundamento previsto no art. 3º, I, da CF/88,
em especial para a construção de uma sociedade solidária. Fundamentação 03 + conclusão

RODADA 67, QUESTÃO 01) (Direito Penal e Processual Civil – Provas ilícitas – Informativo
nº 536/STF) Acerca do instituto das provas, responda os itens a seguir:

a) Diferencie prova ilícita da prova ilegítima. (10 linhas)

b) Conceitue e exemplifique a teoria dos frutos da árvore envenenada. (15 linhas)

c) É lícita a gravação ambiental promovida por um de seus interlocutores caso ausente


autorização pelos demais? (10 linhas)

Espelho proposto (contei com a ajuda do colega Diogo Matos):

a) Segundo a Doutrina mais balizada, a prova ilícita é aquela que fere normas de direito
material, sejam constitucionais, legais (art. 157, CPP) ou previstas em tratados, e são
proibidas no ordenamento pátrio. São produzidas fora do processo e a ilicitude reside
justamente momento de sua obtenção; seu “locus” é extraprocessual, portanto.

Por outro lado, provas ilegítimas são aquelas que ferem regras de direito processual
quando da sua produção em juízo. É uma prova intra-processual, devendo ser decretada sua
nulidade e determinada a renovação do ato processual. Sua ilegitimidade reside no
momento de produção da prova.
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b) Segundo a Teoria dos frutos da árvore envenenada, a prova que derivar de uma
prova anterior ilícita, ainda que aquela seja lícita quando individualmente considerada, deve
ser considerada igualmente inadmissível. É a chamada ilicitude da prova por derivação, cuja
teoria encontra esteio na doutrina norte-americana.

A ilicitude na origem, portanto, contamina a prova ulteriormente produzida ainda


que dentro dos ditames legais e constitucionais. Sua expressa proibição está prevista no art.
157, §1º, CPP.

Saliente-se, todavia, que é necessário que haja nexo de causalidade entre a prova
ilícita e a subseqüente, sob pena de não haver ilicitude na produção da prova posterior.
Desta feita, caso a prova-fruto possa ainda se arrimar em outros nexos causais lícitos, a
prova não deve ser excluída (art. Art. 157, §2º, CPP).

Seria o caso, por exemplo, de uma escuta telefônica para instrução processual penal
não autorizada pelo juízo competente, em ofensa ao art. 5º, XII, CF, através da qual é obtida
a informação de que alguns agentes públicos desviaram quantias milionárias.
Posteriormente, após autorização judicial, é quebrado o sigilo bancário desses servidores,
comprovando as quantias incompatíveis com o seu cargo. Esta última prova será
considerada ilícita por derivação.

c) A gravação ambiental que é a captação de sons e imagens no ambiente em que se


desenrolam os fatos, por um dos interlocutores, ainda que não haja autorização pelos
demais, é considerada lícita pela atual jurisprudência do STF, bem como pelo TST, quando da
instrução processual trabalhista.

Percebeu-se que a proteção dada às comunicações não é absoluta e em


determinados casos concretos, deve ceder espaço a outros valores constitucionais
igualmente protegidos, como a boa-fé, probidade, igualdade, segurança, dentre outros, em
um juízo permeado pelo princípio da proporcionalidade. É possível, entretanto, apenas nos
casos em que haja interesses jurídicos de quem fez a gravação, sob pena de afronta ao
princípio da privacidade.

RODADA 66, QUESTÃO 01) (Direito Processual Civil – Novo CPC e Jurisprudência) Disserte,
em até 50 linhas, sobre os seguintes temas, relacionando-os: o NCPC, a Lei nº 13.015/14, o
princípio da segurança jurídica e a teoria dos precedentes judiciais. (Questão teórica –
lembrem-se de traçar um roteiro para organizar uma boa progressão textual e para não se
perderem) (Já abordei tema similar em rodadas pretéritas – espelho da 14a rodada em
anexo)

Espelho proposto:
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No sistema jurídico brasileiro foram eleitos como princípios fundamentais o
respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada, a teor do art. 5º,
XXXVI, da CF/88. Tais direitos são reflexos da segurança jurídica, princípio geral do direito e
expresso no art. 2º da lei nº 9.784/99, cuja finalidade é exaltar a previsibilidade e a
definitividade nas relações jurídicas, de modo a promover a pacificação social.

Com base nessas premissas, tem-se que o sistema jurídico brasileiro é baseado no
sistema romano-germânico da civil law, eis que remonta suas diretrizes na lei abstrata,
sujeitas a interpretações diversas, inclusive dissonantes entre si. Em lado oposto, o sistema
anglo-saxão da common law se organiza baseado em precedentes judiciais, adotando a
teoria stare decisis, a qual atribui força vinculante aos precedentes jurisprudenciais.

Nessa projeção de conferir maior amplitude ao princípio da segurança jurídica e da


previsibilidade obrigacional, o legislador infraconstitucional vem buscando implementar
dispositivos de aproximação do sistema da civil law com o sistema da common law. Sabe-se
que, desde a promulgação da EC 45/04, há contínua progressão de força às decisões judiciais,
mediante os mecanismos de súmula vinculante e repercussão geral das decisões em Recurso
Extraordinários. Posteriormente, foram acrescidos os institutos uniformização da
jurisprudência e pelo incidente de resolução de demandas repetitivas, também previstos no
CPC/15.

Diferente das súmulas, que correspondem em verbetes com condensação de


entendimento majoritário em determinado tribunal, e das orientações jurisprudenciais, as
quais correspondem a resumo do entendimento sobre determinado assunto por órgão
fracionário do Tribunal, os precedentes judiciais têm como foco os ideais da estabilidade do
Direito, evitando decisões distintas para casos iguais, porquanto não se consubstancia em
mero resumo do posicionamento, mas abrange também os fundamentos jurídicos da
decisão (ratio decidendi), correspondendo a um julgamento único. Nessa toada, o CPC/15
previu expressamente tal instituto, no artigo 489, §1o, V e VI, como requisito de debate na
sentença caso haja invocação no processo.

Também com vista a diminuir a amplitude interpretativa pelo sistema de


precedentes, a disposição lei nº 13.015/14 coaduna com a função institucional do TST, o qual
deverá unificar a jurisprudência trabalhista, evitando, desse modo, a insegurança gerada
pela prolação de decisões dissonantes para situações fáticas semelhantes. Dentre as
medidas adotadas estão a utilização de súmulas vinculantes como fundamento ao recurso
de embargos, além de impor a uniformização da jurisprudência regional em sede de recurso
de revista, na forma do art. 896, §4º da CLT, e a afetação pelo Pleno ou Seção de Dissídios
quando houver multiplicidade de recursos de revista fundados em idêntica questão de
direitos (art. 896-C da CLT).
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Não se pode olvidar, outrossim, que muito antes de discussões sobre influências da
Common Law, o Direito do Trabalho já atribuía notória importância à uniformização de
jurisprudência, por meio das Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST, o que pode ser
atribuído a sua natureza inicial de órgão vinculado ao poder executivo.

Refutando os argumentos contrários à adoção do sistema de precedentes, sob a


justificativa de violação ao livre convencimento motivado do juízo, tem-se que a intersecção
dos sistemas da Common law e da Civil law coaduna com maior projeção da segurança
jurídica, sem engessar o direito, a propósito, não estanque e dinâmico. Para tanto, utilizar-
se-ia os institutos da Overruling (que corresponde à revogação total de um precedente pela
sua superação), Overrinding (o qual diz respeito a restringir o âmbito de aplicação de
determinado entendimento em razão da superveniência de nova regra) e do Distinguishing
(quando houver aparente dissonância entre a norma de interpretação e a norma de decisão
que forma o precedente).

À guisa de conclusão, importa referir que o processo de globalização, na sociedade


de informação referida por Chiarelli, possibilita a influência entre diversos sistemas jurídicos,
sendo certo que a aplicação de institutos “importados” deverá ser promovida de forma
ponderada, observada a realizada social, cultural e jurídica da sociedade brasileira,
merecendo um amadurecimento mais acurado dos institutos alhures referidos.

RODADA 64, QUESTÃO 01) (Direito do Trabalho e Processual Civil/do Trabalho – Contrato
de aluguel de veículo de empregado; Art. 489, §1º, IV, NCPC) Adalberto Silva, empregado
do Banco XYZ S.A., sociedade de economia mista federal, labora na função de vendedor
externo.

Sua contratação ocorreu em 14/04/2014, após a respectiva aprovação em concurso público


para o mencionado cargo. No edital do concurso em que foi aprovado, estavam previstos
os pagamentos de salário-base (R$3.500,00) e vale combustível (em cartão magnético
próprio, sem valor limite, utilizável diretamente nas redes conveniadas de postos de
combustível).

Em suas atividades, Adalberto tem a atribuição de realizar visitas pessoalmente a clientes


e ofertar produtos bancários, tais como empréstimos e investimentos, o que fazia em
veículo automotor de sua propriedade. Para tanto, todavia, não percebia nenhum valor
adicional além dos valores supramencionados.

Em 15/05/2015, Adalberto Silva ingressou com RT em face de seu empregador e vindicou o


pagamento de “aluguel de veículo” no montante de R$2.100,00 mensais (R$100,00 por dia
de trabalho), ou, sucessivamente, outro que o MM. Julgador entender cabível, com efeitos
retroativos, desde a data de sua contratação, e prospectivos, enquanto durar a condição
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de vendedor externo. Isso porque o princípio da alteridade impõe ao empregador o dever
de arcar com os custos de sua atividade produtiva.

Devidamente citada, a reclamada apresentou contestação, na qual, em suma, alegou: i.


que, na qualidade de integrante da administração indireta, está vinculada ao princípio da
legalidade administrativa, motivo pelo qual não é possível o pagamento de verbas a seus
empregados sem a respectiva previsão legal; ii. que o edital do concurso era claro ao
prever apenas o pagamento de salário-base e vale combustível, e que o reclamante
declarou-se ciente dessas condições quando de sua posse; iii. que o salário inicial elevado
já abarca, por consequência, eventuais valores de aluguel de veículo.

Com a defesa, além dos documentos constitutivos e procuração, juntou o termo de posse
e de ciência do reclamante sobre as condições de trabalho.

Em impugnação, o obreiro apenas reverberou os termos da inicial e vindicou a


procedência do feito.

Não foi produzida prova oral.

Ante o exposto, questiona-se:

a) o art. 489, §1º, IV, NCPC (o qual trata da chamada “fundamentação exauriente”), é
aplicável ao Processo do Trabalho? (15 linhas)

b) como o candidato julgaria o caso em tela? (40 linhas)

Espelho proposto:

a) O art. 489, §1º, do Novo CPC (Lei 13.105/2015), prevê que não serão consideradas
fundamentadas as sentenças, as decisões interlocutória e os acórdãos (art. 203 e 204,
CPC/2015), nas hipóteses elencadas neste parágrafo, dentre as quais se inclui a que é
chamada de “fundamentação exauriente” (inciso IV). Há dissenso quanto a sua
aplicabilidade ao Processo do Trabalho em razão do disposto no art. 15, CPC/2015.

O art. 15, deste novo Código dispõe que suas disposições serão aplicáveis, de forma
subsidiária e supletiva, ao Processo do Trabalho na ocorrência de lacuna normativa. Tal regra
não derroga as previsões constantes dos artigos 769 e 889, da CLT, pelo que a aplicação das
normas do processo civil ao processo trabalhista demanda não só a existência de uma
omissão – normativa, axiológica ou ontológica –, mas, principalmente, a compatibilidade
desta norma adjetiva comum ao arcabouço principiológico que rege o Processo do Trabalho.

Assim, considerando que, na seara da Justiça Laboral, o processo é regido, dentro


outros, pelos princípios da oralidade, irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias,
celeridade e simplicidade, e, diante do previsto no artigo 832, da CLT, não haveria omissão a
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ser suprida pela norma processual comum. Isto porque já há previsão da obrigatoriedade da
fundamentação da decisão, em conformidade com a norma constitucional (art. 93, IX, da
CF/88). Além disto, a exigência de “fundamentação exauriente” poderia ser vista como uma
exigência que comprometeria os referidos princípios da oralidade, celeridade e simplicidade,
posto que, em regra, nas reclamatórias trabalhistas, são cumulados diversos pedidos.

Todavia, em recente Instrução Normativa de n.º 39/2016, o C. TST expressamente


afirmou que tal dispositivo é compatível com o processo trabalhista, mas com ressalvas. Não
será considerada nula a decisão que não apreciar questão cuja análise tenha ficado
prejudicada em razão da análise de questão que lhe seja subordinante. Também não será
nula a decisão em que o magistrado não venha a enfrentar os fundamentos jurídicos
invocados pelas partes, quando estes fundamentos já tenham sido analisados na formação
dos precedentes obrigatórios ou nos fundamentos determinantes da súmula aplicável ao
caso concreto.

b) A ordem jurídica pátria reconhece a relação de emprego como sendo aquela em que
um empregado, pessoa física, presta serviço a empregador – que pode ser pessoa física,
jurídica ou ente despersonalizado –, de forma não eventual, com subordinação jurídica e
onerosidade (artigos 2º, 3º e 442, da CLT). Nesta relação, por expressa previsão legal, cabe
ao empregador a assunção dos riscos de sua atividade (art. 2º, caput, CLT), pelo que deve ser
considerada nula (art. 9º, CLT) cláusula contratual que venha a transferir ao empregado
qualquer ônus desta atividade, já que o empregado presta serviços por conta alheia
(alteridade).

A onerosidade desta relação jurídica, sob a ótica patronal, significa que o empregado
deve realizar a prestação dos serviços e/ou colocar-se à disposição para tal execução (art. 4º,
CLT), na forma pactuada ou, na ausência de tal pactuação, em modo compatível com sua
condição pessoal (art. 456, CLT). Sob a ótica do trabalhador, a contraprestação que lhe é
devida pelo empregador pode ser feita exclusivamente em pecúnia ou parte em dinheiro e
parte em utilidades (salário ‘in natura’), conforme artigos 457 e 458, da CLT. Isto sem afastar
a possibilidade de recebimento de parcelas remuneratórias de terceiros, como é o caso das
gorjetas (art. 458, caput, CLT).

No caso em apreço, o vínculo de emprego do reclamante com o reclamado observou


o disposto no art. 37, II, da CF/88, pelo que não há nulidade a ser reconhecida quanto a este
aspecto. É incontroversa (art. 374, III, CPC/2015) a previsão remuneratória prevista no edital
do concurso: salário-base de R$3.500,00 e vale combustível, sem limite pré-fixado.

Ante a ausência de impugnação específica, por força do art. 341, CPC/2015, deve ser
tida como verdadeira a necessidade de utilização de automóvel para a prestação laboral. É
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igualmente incontroverso (art. 374, III, CPC/2015) que o labor do reclamante ocorria de
forma externa, com realização de visitas a clientes, mediante o uso do automóvel do próprio
reclamante, sem qualquer ressarcimento e/ou remuneração por tal uso.

Diferentemente do que alega a ré, não há óbice legal ao acolhimento do pedido


obreiro em razão da pactuação do salário dito “elevado”, que abarcaria eventuais valores de
aluguel de veículo. Isto porque veda-se o pagamento de salário complessivo (Súmula 91, do
C. TST) e, além disto, o recibo de pagamento de salário deve especificar as parcelas quitadas
(art. 320, Código Civil).

O fato de ser a reclamada uma sociedade de economia mista não impede sua
condenação ao pagamento de parcelas eventualmente deferidas nesta reclamatória
trabalhista, mesmo quando não haja expressa previsão no contrato de trabalho firmado. Isto
porque estas entidades da Administração Pública indireta submetem-se ao regime jurídico
das empresas privadas (art. 173, § 1º, II, CF/88), não havendo falar em incidência do
princípio da legalidade administrativa, aplicável às entidades da Administração Pública
direta, às autarquias e às fundações públicas.

Assim, em razão da expressa impossibilidade transferência do ônus da atividade do


empregador para o empregado (art. 2º, caput, CLT), com amparo no art. 9º, da CLT,
reconheceria que caberia à reclamada disponibilizar, sem caráter salarial (conforme Súmula
367, do C. TST), veículo a ser utilizado para a prestação laboral. Como a reclamada utilizou-
se, sem qualquer retribuição, deste bem de propriedade do reclamante (necessário para a
prestação laboral), para que não haja enriquecimento sem causa (art. 884, Código Civil),
acolheria o pedido obreiro, e condenaria a reclamada a pagar ao reclamante, por dia de
efetivo labor, a importância de R$100,00, a título de contraprestação pela locação do
veículo. Tal parcela deve ter natureza jurídica salarial, uma vez sua totalização mensal é
superior a 50% do salário-base ajustado, o que supera o limite previsto no §2º do art. 457 da
CLT.

RODADA 57, QUESTÃO 01) (Direito Processual do Trabalho/Humanística – Direitos


Individuais Homogêneos/Heterogêneos) Relacione a edição de Súmulas pelos Tribunais
com o princípio da segurança jurídica, abordando, obrigatoriamente, a possibilidade de
aplicação retroativa de entendimentos Sumulados, bem como eventual modulação de
efeitos destas. (alguns pontos interessantes: Súmula 277, TST; julgado da Des. Monica Sette
Lopes)

Espelho proposto (contei com a ajuda do colega Luís Henrique):

O ordenamento jurídico brasileiro, de origem romano-germânica, adota a lei


abstrata, geral e impessoal, decorrente de regular processo legislativo, como fonte formal
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principal das normas jurídicas que regem a sociedade brasileira. Tal sistema normativo –
conhecido como “civil law” – diferencia-se do sistema adotado em países de origem anglo-
saxônica – “common law” –, pois neste a fonte formal principal é o precedente judicial, ao
qual se atribui força vinculante. Introdução 01

Mesmo diante da adoção de diferentes fontes formais principais, é possível


identificar similitudes entre estes sistemas: a vigência do princípio da segurança jurídica. Isto
porque há necessidade de se assegurar às sociedades, em que tais sistemas vigoram, a
estabilidade das relações jurídicas, a previsibilidade das consequências do descumprimento
de preceitos normativos e a uniformidade de soluções para as lides decorrentes de idênticas
situações fáticas. Fundamentação 01

No atual modelo jurídico brasileiro, identifica-se a incorporação de diversos institutos


originalmente previstos no sistema “common law” – súmula vinculante (art. 103-A, CF/88),
incidente de julgamento de recursos de revista repetitivos e uniformização obrigatória da
jurisprudência no âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho, para fins de admissibilidade
do recurso de revista (Lei 13.015/2014) –, com o objetivo de ampliar a segurança jurídica,
através do incremento da previsibilidade e uniformidade das soluções dos litígios.
Fundamentação 02

Diante deste novo cenário, há dissenso quanto aos efeitos jurídicos decorrentes das
alterações jurisprudenciais, seja quanto à possibilidade de aplicação retroativa da nova
Súmula, seja quanto à possibilidade de se modular os efeitos desta mudança interpretativa.
Fundamentação 03 – Intro ao cerne

Corrente tradicional, que não reconhece a jurisprudência como fonte formal


normativa, defende a imediata aplicação da nova interpretação judicial, inclusive quando
entendimento diverso já se encontrava consolidado em Súmulas dos Tribunais, às demandas
submetidas a julgamento, independentemente da data em que ocorridos os fatos litigiosos.
Fundamentação 04

Tal entendimento propugna que a jurisprudência não cria norma jurídica, apenas
explicita ou interpreta o conteúdo da norma jurídica aplicada ao caso concreto trazido à
análise do Judiciário. Disto resulta a impossibilidade de se afastar a aplicação retroativa da
nova Súmula pela invocação da garantia constitucional que protege o ato jurídico perfeito, a
coisa julgada e o direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF/88). Fundamentação 05

Por outro lado, há viés interpretativo que admite a possibilidade de se afastar a


aplicação retroativa da nova Súmula, reconhecendo, também, a possibilidade de modulação
dos efeitos desta modificação. Isto porque, quando a questão jurídica litigiosa ocorreu muito
tempo antes do momento de julgamento, eventual mudança de posicionamento
jurisprudencial, ocorrida neste intervalo, pode ensejar situação de quebra de segurança
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jurídica, em razão do afastamento da expectativa firmada pela orientação jurisprudencial
superada. Fundamentação 06

Para que isto não ocorra, aqueles que reconhecem a jurisprudência como fonte
formal normativa – tal qual o precedente do “common law” –, defendem a possibilidade de
adoção da modulação de seus efeitos, com aplicação analógica do disposto no art. 27, da Lei
9.868/99, ou do previsto no art. 896-C, §17, da CLT, ou simplesmente pela aplicação do
princípio da segurança jurídica. Este princípio encontra-se previsto, ainda, no art. 2º, p.u.,
XIII, segundo o qual “interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação”. Fundamentação 07

Neste sentido, o C. TST tem modulado os efeitos da alteração jurisprudencial


ocorrida na Súmula 277, quanto à aderência das normas coletivas aos contratos de trabalho,
estabelecendo que esta interpretação deve ser aplicada às normas coletivas oriundas de
negociações coletivas celebradas a partir da data da fixação deste novo paradigma
jurisprudencial. Fundamentação 09

Em reforço à tese defendida pela segunda vertente interpretativa acima exposta, à


qual me filio, o novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015) determina que a
uniformização da jurisprudência, pelos tribunais, deve se dar de maneira estável, coerente e
integra (art. 926, Novo CPC). Determina, também, que a modificação de enunciado de
súmula ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos deverá ser feita com a
observância dos princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia,
com possibilidade de modulação de seus efeitos (art. 927, §§3º e 4º, Novo CPC).
Fundamentação 10

Assim, tal diretriz alinha-se com o princípio da não surpresa consubstanciado no art.
10, deste novo Código, com o princípio geral de direito da segurança jurídica e com os
institutos denominados “prospective overruling” e “antecipatory overruling”, oriundos do
“common law”. Fechamento com cereja

ESPELHOS RELACIONADOS À QUESTÃO 03 DA PROVA DO MPT

RODADA 140, QUESTÃO 01 – rodada desta semana, e por isso o espelho ainda não foi
redigido) (Direito Material e Processual Coletivo do Trabalho – Greve) Disserte, em até 30
linhas, sobre Dissídios Coletivos: Espécies/RITST. Coexistência de duas ou mais espécies
em um mesmo dissídio (dissídio “misto”). Exigência de autorização dos empregados para o
sindicato ajuizar dissídio grevista.
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(30 linhas) (vide textos em anexo. As espécies de dissídios coletivos estão nas fls. 3 e
seguintes do acórdão em anexo) (o art. 220 do Regimento Interno do TST trata da matéria.
Não esqueçam de abordá-lo) (Nesse voto também é possível ver o Des. Georgenor
destacando a inconstitucionalidade do “comum acordo” – fls. 11 e seguintes)

RODADA 137, QUESTÃO 02) (Direito Material do Trabalho – Greve) Disserte, em 30 linhas,
sobre a greve, abordando necessariamente: Conceito de “Fundo sindical de greve”. Greve
em atividades essenciais. Percentual mínimo de atendimento nas atividades essenciais e
decisões judiciais/multa por descumprimento.

(30 linhas) (vide os arquivos de apoio)

Espelho proposto (contei com a ajuda do colega Luis Henrique):

A greve – entendida como a suspensão coletiva, temporária e pacífica, da prestação


de serviços em favor de empregador, de forma total ou parcial – é reconhecida, no plano
constitucional, como um direito fundamental coletivo (art. 9º) e, no plano internacional,
como um direito humano de segunda dimensão (art. 8º, 1, d, do Pacto Internacional sobre
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966). No plano infraconstitucional, quanto aos
empregados da iniciativa privada, é regulado pela Lei 7.783/89, cuja aplicação analógica aos
que laboram no setor público foi determinada, em mandado de injunção, pelo STF, em 2007.
Introdução com conceito, normas e STF – lembrem-se que o STF decidiu recentemente sobre
o desconto dos dias parados no caso dos servidores públicos (RE 693456) –
“http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=328294”

Seu exercício deverá observar não apenas o atendimento das necessidades inadiáveis
da comunidade (art. 9º, § 1º, CF/88; art. 11, Lei 7.783/89), como também os requisitos
fixados na referida lei. Deve haver prévia tentativa de negociação (art. 3º), aprovação da
deflagração do movimento pelos trabalhadores (art. 4º) e comunicação aos empregadores e
usuários dos serviços que serão atingidos (art. 3º, p. único; art. 13). Requisitos/exercício

Na hipótese de movimento paredista realizado em atividade essencial (rol taxativo


previsto no art. 10, Lei 7.783/89), os sindicatos, empregadores e empregados devem
assegurar (art. 11, Lei de Greve), de comum acordo, a prestação dos serviços indispensáveis
ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Todavia, como não há previsão
legal do percentual mínimo deste atendimento, coube ao Judiciário fixá-lo, o que é feito em
cada caso concreto em percentuais que variam entre 30 e 50% (vejam que o Des. Georgenor
critica decisões que obriguem o cumprimento de 100% dos trabalhadores). Havendo
descumprimento, pode o Judiciário determinar, havendo requerimento, a imposição de
astreintes (art. 536, § 1º, CPC/2015), como forma de compelir os trabalhadores ao
cumprimento desta obrigação de fazer. Atividades essenciais
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Por fim, como a paralisação configura suspensão do contrato de trabalho (art. 7º, Lei
7.783/89), acarretando o não pagamento de salários, neste período, é possível identificar,
nos movimentos paredistas de maior duração, a criação de fundos sindicais de greve. Estes
fundos, que têm amparo legal (art. 6º, II, Lei 7.783/89), são criados, por meio de
contribuições voluntárias de outros trabalhadores, com o objetivo de prover recursos
mínimos aos grevistas, criando-se condições financeiras para sustentação da duração da
greve. Fechamento pelo fundo sindical de greve

RODADA 132, QUESTÃO 01) (Direito Material e Internacional do Trabalho – Convenção


155, OIT, meio-ambiente de trabalho) Disserte, em até 30 linhas, sobre: Empregos Verdes.
Convenção nº 155, OIT. Meio Ambiente de Trabalho. Programa Trabalho Seguro/TST.

(30 linhas) (vide textos em anexo) (infelizmente não posso enviar o material completo por
respeito aos direitos autorais. No entanto, como destaquei acima, recomendo a compra do
livro do Prof. Georgenor, que é uma ótima obra)

Espelho proposto (contei com a ajuda da colega Luciana Santini):

O meio ambiente de trabalho equilibrado e livre de doenças é um direito


fundamental trabalhista de 3ª dimensão que recebe, no âmbito interno e externo, especial
atenção de diversos diplomas protetivos (art. 170, VI, art. 225 c/c art. 200, VIII, CF, Lei
6938/81, Convenções 115, 119, 136, 148 e 155, OIT). Isso ocorre em razão da proteção ao
meio ambiente laboral refletir de forma direta na saúde e segurança dos trabalhadores,
patamar mínimo de direitos ínsitos à dignidade humana (arts. 1º, III e IV c/c art. 7º, XXII, CF e
art. 157, I, CLT). Introdução com duas frases e diversas menções legais/constitucionais e
internacionais

A preocupação com o meio ambiente (natural, artificial, cultural, arqueológico,


espiritual e do trabalho) é tema de debate entre as nações que, periodicamente, firmam
compromissos para sua salvaguarda (Declaração de Estocolmo, do Rio, Diretivas de Seveso e
Declaração do Milênio). Como corolário, desponta a tendência crescente de criação de
postos de trabalho que aliam o progresso econômico ao desenvolvimento sustentável,
utilizando tecnologias com menores impactos ambientais (redução de CO2, utilização de
energias renováveis), denominados empregos verdes. Fundamentação 01

No âmbito laboral, a Convenção 155 da OIT ganha destaque em razão de sua


amplitude (art. 1º) e forma de atuação em nível governamental (arts. 4º a 7º) e empresarial
(arts. 16 a 20). Ademais, destaca o papel do empregado como colaborador e observador das
condições ambientais (arts. 16 e 19, “a”, “b”, “c” e “e”), assegurando-lhe para tanto proteção
contra represálias (art. 13), bom como o direito a recusa de labor em condições inseguras
(art. 19, “f”). Fundamentação 02
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As disposições da Convenção 155 da OIT se complementam, no ordenamento pátrio,
com as obrigações patronais de monitoramento e melhoria contínua do meio ambiente de
trabalho por meio de planos de ação como o PCMSO (NR7), PPRA(NR9) e a análise
ergonômica (NR17). Há também a obrigação de respeito às diretrizes de segurança relativas
às máquinas e equipamentos (NR12), cujo desrespeito acentua o risco de acidentes fatais e
mutilações. Fundamentação 03

Em que pese a extensa proteção legal ao meio ambiente laboral, o desrespeito e a


falta de informação ensejam a atuação positiva de órgãos públicos. Como exemplo, o
projeto “Trabalho Seguro” desenvolvido pelo C. TST, que tem por fim implementar ações
voltadas à promoção da saúde do trabalhador, à prevenção de acidentes do trabalho e ao
fortalecimento da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. Fundamentação 04/
fechamento

RODADA 124, QUESTÃO 02) (Direito Material do Trabalho – Greve Política) Vimos,
recentemente, que diversas categorias profissionais realizaram paralisações e protestos no
último dia 28/04, sexta-feira, em razão da denominada Greve Geral. A título de exemplo, as
categorias dos metroviários e dos motoristas de ônibus urbanos paralisaram parcialmente
no Município de São Paulo, sem que tal greve guardasse relação direta com pretensões da
categoria para com seus empregadores.

Ante o exposto, questiona-se: qual o conceito de greve política? Como é seu tratamento
pela jurisprudência pátria?

(30 linhas) (vide arquivos em anexo)

A greve política é reconhecida como ilegal pela jurisprudência majoritária, de forma que
resta configurada hipótese de suspensão do contrato de trabalho. Vide o acórdão do TST
em anexo.

Espelho proposto (contei com a ajuda da colega Luciana Santini):

A greve, assegurada em nosso ordenamento como um direito apenas na CF 46,


atualmente foi eleita como um direito fundamental (art. 9º, CF). Seu exercício decorre das
liberdades públicas relacionadas à liberdade sindical e negociação coletiva (Declaração da
OIT, 98 e Convenções 87 e 98), preceitos que vinculam a atuação dos Estados Democráticos
membros da OIT. Introdução

O conceito de greve pode ser entendido como a suspensão coletiva, total ou parcial,
temporária e pacífica da prestação pessoal de serviços ao empregador (art. 2º, Lei 7.783/89),
tendo por fim o alcance de melhorias sociais e econômicas para a categoria profissional.
Nesse contexto, a greve política também abarca o conceito exposto, tendo por
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particularidade o fato de que o movimento coletivo é movido em face de um ato estatal de
governo, na forma de protesto, nem sempre relacionado às condições de trabalho dos
empregados grevistas. Fundamentação 01

Dessa forma, há argumentos que sustentam a legitimidade da greve política quando


ela se conecta, ao menos de forma indireta, às pretensões laborais dos que se ativam no
movimento. Isso porque a Carta Magna, ao assegurar tal direito fundamental, atribuiu aos
empregados a decisão sobre os interesses a serem defendidos (art. 9º, § 1º, CF). Logo,
alguns requisitos legais que legitimam a manifestação coletiva, tal qual a necessidade de
tentativa de negociação prévia (art. 114, § 1º, CF e art. 3º, Lei 7.783/89), devem ser
abrandados, sem a caracterização do abuso de direito (art. 187, CC). Fundamentação 02

Por outro lado, há quem defenda a abusividade da greve política com fulcro no fato
de o motivo ensejador do movimento fugir à esfera de liberalidade do empregador, não
sendo possível a ele solucionar o impasse, com o que se concorda. Nesse aspecto, os
interesses possíveis de serem defendidos pela suspensão coletiva do trabalho devem ser os
que podem ser objeto de negociação coletiva ou sentença normativa (art. 7º, XXVI, art. 8º,
III e VI e art. 114, § 2º, CF). Esse é o entendimento que prevalece na jurisprudência
(Informativo nº 157, TST), segundo a qual a greve, embora não seja falta grave (STF), é meio
de pressão para o alcance de melhorias sociais e econômicas diretamente relacionadas ao
contrato de trabalho (ex: remuneração, saúde e segurança). Reforça esse posicionamento o
fato de a Convenção 87 prever que a greve política não está abrangida pelos princípios da
liberdade sindical. Fundamentação 03 com posicionamento

Destarte, a greve política é movimento social contra atos de governo, a exemplo das
atuais reformas trabalhista e previdenciária. Prevalece, na jurisprudência, tratar-se de ato
abusivo, eis que seus anseios são estranhos à relação de trabalho e que é inviável ao
empregador evitar tal paralisação, motivo pelo qual o movimento paredista torna-se passível
de repreensões legais (art. 15, Lei 7.783/89). Conclusão

RODADA 105, QUESTÃO 02) (Direito Constitucional – Greve dos servidores públicos)
Disserte, em até 30 linhas, sobre o direito de greve dos servidores públicos, analisando,
ainda, a recente decisão do STF em sede de repercussão geral (RE 693456). (30 linhas)

Espelho proposto (observada a limitação manuscrita de 30 linhas – contei com a ajuda do


colega Luis Henrique):

A greve, entendida como suspensão coletiva, temporária, pacífica, total ou parcial, da


prestação pessoal de serviços a empregador (art. 2º, Lei 7.783/89), somente foi reconhecida
como um direito dos trabalhadores no Brasil a partir da segunda metade do século XX. Foi a
Constituição de 1946 a primeira a promover tal reconhecimento. No plano internacional, o
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direito de greve foi assegurado pelo Pacto dos Direitos Econômicos, sociais e Culturais das
Nações Unidas, em 1966 (art. 8º, 1, d).

Quanto aos servidores públicos, tal direito somente veio a ser assegurado com a
Carta de 1988, sem que fosse estendido os militares (art. 142, § 3º, IV, CF/88). Contudo, uma
vez que o art. 37, VII, da CF/88, previa a possibilidade deste exercício nos termos e limites
definidos em lei – inicialmente complementar, atualmente específica (EC 19/1998) –, tal
norma era tida como de eficácia limitada ou reduzida, pois dependia de posterior
regulamentação para sua plena eficácia.

Diante da omissão legislativa em regulamentar tal exercício, com amparo no art. 8º,
III, da CF/88, sindicatos de várias categorias de servidores públicos propuseram, perante o
STF, mandados de injunção (art. 5º, LXXI, CF/88) com o objetivo viabilizar o exercício deste
direito constitucional. Até a primeira metade da primeira década do século XXI, o Supremo
Tribunal Federal, ao julgar tais mandados de injunção, apenas reconhecia a mora do
Legislativo. Em 2007, contudo, ao julgar o MI-712-8, o STF, por maioria, determinou a
aplicação por analogia, com ressalvas e alterações, de dispositivos da Lei 7.783/89 (aplicável
aos trabalhadores da iniciativa privada) aos servidores públicos civis.

Recentemente, quanto a este tema, ao julgar em sede de repercussão geral o RE


693456, o STF firmou a tese de que a administração pública tem o poder-dever de promover
o desconto dos dias de paralisação, desde que a greve não tenha sido motivada por conduta
ilícita do Poder Público, admitindo-se a compensação em caso de acordo.

ESPELHOS RELACIONADOS À QUESTÃO 04 DA PROVA DO MPT

RODADA 133, QUESTÃO 01) (Direito Material do Trabalho – Dispensa) Disserte, em até 30
linhas, sobre: Dispensa arbitrária, obstativa e abusiva. Conceitos/Exemplos. Efeitos
Jurídicos.

(30 linhas) (vide textos em anexo) (infelizmente não posso enviar o material completo por
respeito aos direitos autorais. No entanto, como destaquei acima, recomendo a compra do
livro do Prof. Sérgio Torres, que é uma ótima obra)

Espelho proposto (contei com a ajuda do colega Luis Henrique):

O rompimento da relação de emprego por ato unilateral lícito, do empregado ou do


empregador, é denominado resilição. Por não haver ainda regulamentação do art. 7º, I, da
CF/88, e ante a denúncia da Convenção 158, OIT – ora sub judice no STF (ADI 1625) –,
reconhece-se ao empregador – quando não há hipótese de estabilidade provisória – o
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direito potestativo de resilir tal contrato, mediante o pagamento das verbas resilitórias e da
indenização fixada no art. 18, § 1º, da Lei 8.036/90. Introdução – menções à C. 158, OIT, ADI
1625, art. 7º, CF.

Neste cenário, doutrina e jurisprudência identificam espécies distintas de resilição,


com denominações, caraterísticas e efeitos diversos. Dentre estas, a dispensa arbitrária (art.
165, CLT) é aquela que não se funda em motivo disciplinar, técnico, financeiro ou
econômico. Tal conceito tem aplicação prática para aferição da validade das resilições dos
representantes dos empregados na CIPA, reconhecendo-se o direito à reintegração quando o
empregador não comprovar que a resilição se deu por um destes motivos (art. 165, p. único,
CLT). Fundamentação 01 – Dispensa arbitrária (em regra admitida pelo nosso ordenamento
– exemplo da CIPA

Por outro lado, o desrespeito aos limites impostos pela boa-fé objetiva, por obstar a
aquisição de um direito esperado pelo trabalhador – dispensa obstativa – ou a prática de
alguma conduta discriminatória (Lei 9.029/95) – dispensa discriminatória –, qualificam-se
como hipóteses de dispensa abusiva, com prática de um ilícito (art. 187, do Codigo Civil). Em
ambas as hipóteses, o empregador poderá ser condenado não apenas a reparar o dano
moral sofrido, mas também, a reintegrar-lhe ao emprego ou pagar-lhe, como indenização, o
período de afastamento (art. 4º, Lei 9.029/95). A título de exemplo de uma resilição
discriminatória, pode-se citar a motivação desta por estar o empregado acometido de
doença grave que suscite estigma ou preconceito (SUM-443, TST). Fundamentação 02 –
exemplo de dispensa discriminatória/abusiva

Quanto à resilição que tenha como objetivo impedir ou evitar a aquisição de algum
direito pelo empregado – dispensa obstativa –, esta era identificada, na vigência do regime
da estabilidade decenal, como aquela promovida quando o vínculo empregatício já tinha 9
anos de duração (antiga Súmula 26, do TST). Atualmente, tem sido praticada para afastar a
estabilidade pré-aposentadoria, prevista em CCT ou ACT. Ao empregado assim dispensado,
reconhecido o abuso do direito e/ou o desrespeito à boa-fé objetiva, assegura-se a
readmissão e/ou a indenização do perído estabilitário, como forma de permitir a fruição do
direito que teria sido obstado (art. 129, CC/02). Fundamentação 04 – dispensa obstativa

RODADA 84, QUESTÃO 01) (Direito Individual do Trabalho – Denúncia vazia) Disserte, em
até 50 linhas, sobre a denúncia vazia no término do contrato de trabalho, abordando,
necessariamente, seu conceito, a Convenção nº 158/OIT, os empregados acometidos por
doenças que causem estigma e os empregados de Sociedades de Economia Mista e
Empresas Públicas. (Vide textos anexos)

Espelho proposto (contei com a ajuda do colega Luis Henrique):


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A partir de uma leitura isolada do disposto no art. 7º, I, da CF/88, poder-se-ia
imaginar tratar-se de norma constitucional de eficácia limitada, posto haver expressa
previsão de que sua regulamentação depende de lei complementar. De sua literalidade seria
possível inferir-se que, na ausência de regulamentação, o empregador teria a prerrogativa
de promover a denúncia vazia do contrato de emprego, isto é, poderia, a partir de sua
iniciativa, resilir a relação empregatícia sem ter a obrigação de explicitar os motivos de tal
conduta. Introdução

Todavia, diante da expressa determinação de que os direitos e garantias


fundamentais devem ter aplicação imediata (art. 5º, § 1º, da CF88), o legislador constituinte
estabeleceu a obrigatoriedade do pagamento de uma importância em favor do trabalhador
que tenha sua relação de emprego resilida por iniciativa patronal (art. 10, I, ADCT da CF/88,
atualmente disciplinado pelo art. 18, § 1º, da Lei 8.036/90), até que a referida norma venha a
ser regulamentada por lei complementar. Este direito trabalhista contra despedida arbitrária
ou sem justa causa não pode se limitar aos aspectos financeiros, pois isto equivaleria a
monetizar tal garantia, sem que o empregador tivesse que cumprir a função social da
propriedade (art. 5º, XXIII, da CF/88) ou a função social do contrato (art. 421, do Código
Civil). Fundamentação 01 – Conceito e art. 7º, I, CF/88

Neste contexto, cumpre registrar que, ao final da década de 1990, o Brasil ratificou a
Convenção de n.º 158, da OIT, que trata da terminação do contrato de trabalho por iniciativa
patronal. Estabeleceu-se (artigo 4º) a obrigatoriedade de explicitação da causa justificadora
da ruptura contratual, relacionando-a com a capacidade do trabalhador ou com alguma
necessidade empresarial. Por regulamentar o disposto no art. 7º, I, da CF/88, sem que
houvesse edição de lei complementar, esta norma internacional foi objeto de ação direta de
inconstitucionalidade, não obstante haver, atualmente, o reconhecimento de que as
Convenções da OIT possuem status de supralegalidade. Fundamentação 02 – Convenção 158

Pouco tempo depois, o Presidente da República denunciou tal convenção, sem


submeter seu ato ao crivo do Congresso Nacional. Com isto, houve, por um lado, a perda do
objeto da ADI supra citada, e, por outro, fundamento para a propositura de outra ação
direta de inconstitucionalidade, em razão da ausência de paralelismo/simetria no ato
presidencial (não se observou o art. 49, I, da CF/88, no procedimento de denúncia da
convenção). Esta última ADI está pendente de julgamento, o que causa dúvidas quanto à
ainda vigência, ou não, desta Convenção da OIT. Fundamentação 03 – Convenção 158

Vale destacar, também, que o tema relativo à denúncia vazia da relação de trabalho,
no âmbito das Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista – não obstante a ausência
de previsão da garantia do art. 7º, I, da CF/88, no art. 39, § 3º, da CF/88 –, ganha contornos
próprios decorrentes dos princípios aplicáveis à Administração Pública. Isto porque os
princípios da impessoalidade e da moralidade impõem que a contratação dos empregados
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públicos se faça através de concurso público (art. 37, II e § 2º, da CF/88). Por simetria e/ou
paralelismo, a ruptura contratual deve ser motivada, para que se evidencie a observância
dos já citados princípios, conforme entendimento do E. STF (RE 589998). Todavia, após tal
decisão, ainda não houve a alteração do entendimento consubstanciado na OJ-SDI1-247, do
TST. Fundamentação 04 – Empresas públicas

No âmbito das relações privadas – sem desconsiderar o questionamento quanto à


vigência da Convenção de n.º 158, da OIT, e a ausência de promulgação da Lei
Complementar referida no art. 7º, I, da CF/88 –, o exercício da resilição do contrato de
emprego por iniciativa patronal encontra limites em outras normas constitucionais e
infraconstitucionais. Neste sentido, o princípio da não discriminação que está previsto em
normas constitucionais (art. 3º, IV; art. 5º, caput, XLI, XLII; art. 7º, XXX, XXXI e XXXII), na
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (art. 7º), na Convenção Americana de
Direitos Humanos de 1969 – Pacto de San José da Costa Rica -, em seu art. 24, nas
Convenções de n.º 100 e 111, da OIT, dentre outras. Fundamentação 05 – Doenças que
causem estigma

Em razão da vigência de tais normas no plano do direito interno brasileiro, o exercício


da denúncia vazia é limitado nas hipóteses em que a resilição é promovida como forma de
discriminar os trabalhadores que sejam portadores de doença grave que suscite estigma ou
preconceito, como é o caso dos portadores do vírus HIV. Neste sentido, o entendimento
consolidado na Súmula 443, do C. TST. Fundamentação 06 – Doenças que causem estigma

Esse entendimento ganha ainda maior relevância com o NCPC, que adotou a
possibilidade da releitura do ônus probatório estático ao positivar, em seu texto, a teoria da
carga dinâmica (art. 373, §1º). Isso porque a empresa, em regra, guarda melhores condições
de arcar com esse ônus probatório, cabendo a ela, portanto, demonstrar a existência de
causas diversas para a dispensa. Fundamentação 07 – Doenças que causem estigma

Assim, não obstante a mora do legislador em regulamentar o art. 7º, I, da CF/88 e a


celeuma quanto à vigência ou não da Convenção 158, da OIT, pode-se concluir que, no plano
das relações individuais de trabalho, o exercício da denúncia vazia encontra limites
decorrentes dos princípios da não discriminação, nos âmbitos privado e público, e nos
princípios da moralidade e impessoalidade, no âmbito das relações de trabalho no setor
público. Fechamento

RODADA 47, QUESTÃO 02) (Direito Material/Internacional do Trabalho – Convenção nº


158/OIT) Disserte sobre o término “sem justa causa” do contrato de trabalho por iniciativa
do empregador, abordando necessariamente i. o art. 7º, I, CF, ii. as dispensas coletivas, iii.
a Súmula nº 443/TST e a iv. Convenção nº 158/OIT. (vide texto da LTr em anexo)
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Espelho proposto (contei com a ajuda do colega Luis Henrique):

O término do contrato de trabalho, que é, em regra, firmado por prazo


indeterminado – em conformidade com o princípio da continuidade da relação de emprego
–, pode se dar em razão do exercício lícito da vontade, por qualquer das partes contratantes
– resilição contratual –, em razão de conduta faltosa de uma ou de ambas as partes –
resolução contratual –, por força de nulidade – rescisão contratual. Há quem aponte a
existência de uma quarta classificação das modalidades de término da relação de emprego
para englobar hipóteses que não se enquadrariam nos tipos anteriores, como é o caso, por
exemplo, de ruptura contratual causada pela morte do obreiro, extinção da empresa ou
aposentadoria compulsória (art. 40, §1º, II, Constituição Federal). Introdução

Nas resilições contratuais promovidas pelo empregador, em razão da ausência de


edição da Lei complementar referida no art. 7º, I, da CF/88, prevalece o entendimento de
que tal ruptura contratual é um direito potestativo atribuído ao empregador, que apenas
deverá observar a inexistência de estabilidades provisórias e assegurar o cumprimento do
disposto no art. 10, I, do ADCT, da CF/88. Fundamentação – art. 7o, I

O exercício dessa prerrogativa pelo empregador – assegurada pela CF/88 (art.7º, I,


CF/88 e art. 10, I, ADCT) –, contudo, revela dissonância com os princípios e valores
constitucionais, especialmente aqueles que pregam o respeito à dignidade humana, ao valor
social do trabalho, a busca do pleno emprego e a observância da função social da
propriedade, consubstanciados no preâmbulo, no art. 1º, III e IV, art. 5º, XXIII, art. 170, III e
VIII, todos da CF/88. Fundamentação – art. 7o, I

Diversa seria a situação se estivesse em vigor, no ordenamento jurídico interno, a


Convenção de n.º 158, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Essa norma
internacional, que, no final da década de 1990 (observem a precisão temporal) foi ratificada
pelo Brasil, teve breve vigência e foi denunciada pelo Exmo. Sr. Presidente da República,
disciplina o exercício lícito da vontade patronal em promover a ruptura do vínculo de
emprego. Fundamentação – Convenção 158

Tal norma internacional prevê a possibilidade de ruptura do liame desde que o


empregador explicite o motivo, que não pode ser discriminatório, nem atentatório a
garantias constitucionais e ao exercício de direitos coletivos, como previsto no art. 5º, da
referida Convenção. Assegura ao trabalhador o recebimento de aviso-prévio e de
indenizações pela ruptura contratual (artigos 11 e 12, Convenção n.º 158, da OIT).
Fundamentação – Convenção 158

Mesmo na ausência da vigência interna desta Convenção e de norma


infraconstitucional expressa que venha a disciplinar o art. 7º, I, da CF/88, os Tribunais
Trabalhistas, por meio da constatação de que os princípios e valores constitucionais têm
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tríplice função – integrativa, informativa e interpretativa –, reconhecem a nulidade de
dispensas discriminatórias, em razão da incidência do princípio da isonomia e de seu
corolário, princípio da não discriminação, consubstanciado no art. 3º, IV, art. 5º, XLI e XLII,
art.7º, XXX e XXXI CF/88. Fundamentação – Convenção 158/Súmula 443

Neste sentido, o entendimento jurisprudencial consolidado na Súmula 443, do C. TST,


que presume ser discriminatória a resilição contratual de empregado portador do vírus HIV
ou de outra doença grave, que venha a suscitar estigma ou preconceito. Fundamentação –
Súmula 443

No âmbito das dispensas coletivas, isto é, das dispensas relacionadas a uma causa
objetiva da empresa, de ordem técnica-estrutural ou econômica-conjuntural, que afetem um
número significativo de trabalhadores, há, igualmente, um vazio normativo, que foi
igualmente solucionado, por meio desta visão pós-positivista. Nessa situação, a
jurisprudência reconheceu que, diversamente do que se dá nas resilições contratuais
individuais, em que se reconhece ao empregador o exercício do direito potestativo de
rompimento do vínculo, as dispensas coletivas configuram ato/fato coletivo, em que se deve
observar o disposto no art. 8º, III e VI, da CF/88 (SDC/TST – decisão proferida ao final do ano
de 2012). Fundamentação – Dispensa coletiva

Com isto, as dispensas coletivas não podem ser promovidas, pelo empregador, de
modo potestativo e unilateral, dependem de prévia etapa negocial coletiva, com efetiva
participação do sindicato profissional, posto que “é obrigatória a participação dos sindicatos
nas negociações coletivas de trabalho” (art. 8º, III, CF/88). Somente depois de superada esta
etapa, caso não seja possível evitar e/ou postergar as resilições contratuais, é que poderá o
empregador, de forma constitucionalmente válida, exercer seu direito de romper os vínculos
contratuais. Fundamentação – Dispensa coletiva

Diante de tal quadro, pode-se concluir que a proteção assegurada aos trabalhadores,
quanto ao término do contrato de trabalho, em razão do exercício unilateral da vontade
patronal, não se limita ao que está literalmente previsto no art. 7º, I, da CF/88 e art. 10, I, do
ADCT. Sua ampliação, portanto, poderá ocorrer através de diversas formas: por meio da
força normativa dos princípios (pós-positivismo); pela edição da lei complementar referida
pelo art. 7º, I, da CF/88; em razão de nova ratificação da Convenção de n.º 158, da OIT, ou
pela declaração da inconstitucionalidade da denúncia da citada Convenção, promovida pelo
Exmo. Sr. Presidente da República, pela não observância do princípio da simetria das formas
descritas no art. 49, I, da CF/88. Conclusão
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ESPELHOS RELACIONADOS À QUESTÃO 05 DA PROVA DO MPT

RODADA 63, QUESTÃO 02) (Direito Material do Trabalho – Limites do poder patronal –
Relacionamento amoroso entre empregados) Disserte acerca dos limites do poder diretivo
com foco nas relações amorosas entre empregados. (limite de 50 linhas) (abordem,
também, as relações amorosas entre chefe e subordinado/a) (tema do jornal edição das
16h do dia 07/03 da GloboNews, cuja comentarista era, justamente, a Dra. Juliana Bracks)

Espelho proposto (contei com a ajuda do colega Luís Henrique):

O princípio fundamental da não discriminação encontra-se previsto em diversos


dispositivos constitucionais (art. 3º, IV; art. 5º, caput, XLI e XLII; art. 7º, XXX, XXXI e XXXII) e
em diplomas internacionais ratificados pelo Brasil, como é o caso, por exemplo, da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 (art. 7º), da Convenção Americana de
Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica, art. 24) e da Convenção de n.º 111, da
OIT. Concretizam essas garantias as previsões do art. 373-A, da CLT e a Lei 9.029/95.
Introdução com cerejas

No âmbito das relações de trabalho, sob o manto destas normas-princípio e normas-


regra, o empregador tem a prerrogativa de exercer seu poder diretivo, isto é, tem o direito
de determinar a forma como se dará a prestação dos serviços. Para tanto poderá estabelecer
normas e regulamentos internos – poder regulamentar –, acampanhar e controlar a
prestação dos serviços – poder fiscalizatório –, impor sanções aos empregados em razão do
não cumprimento das diretrizes fixadas – poder disciplinar –, tudo em conformidade com
essa prerrogativa de dirigir a prestação pessoal dos serviços (art. 2º, caput, CLT) com o
objetivo de promover a organização de sua atividade. Fundamentação 01

Este direito patronal, contudo, deve ser exercido de forma a se assegurar a eficácia
dos direitos fundamentais do trabalhador, seja pela sua possibilidade de se exigir sua
observância na esfera privada – eficácia horizontal –, seja pela constatação de que o
trabalhador está em posição de hipossuficiência, configurando-se a denominada eficácia
diagonal dos direitos fundamentais. Fundamentação 02

Neste contexto, há dissenso doutrinário e jurisprudencial quanto ao exercício do


poder diretivo patronal para disciplinar e/ou limitar os projetos de vida e a vida de relações
entre seus empregados, especialmente no tocante aos vínculos amorosos e conjugais.
Fundamentação 03

Diante do reconhecimento da livre iniciativa como fundamento da República (art. 3,


IV, CF/88) e da inviolabilidade do direito à propriedade (art. 5º, caput; art. 170, II, CF/88), há
quem defenda a possibilidade de haver previsão, em regulamento interno da empresa, de
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vedação ao estabelecimento de vínculos amorosos e/ou conjugais entre empregados. Tal
previsão teria como objetivo proteger a propriedade patronal, em razão da possibilidade de
conflitos de interesses entre estes empregados que viessem a estabelecer relações
amorosas, seja como namorados, companheiros e/ou cônjuges. Fundamentação 04

Tal situação ganharia especial importância quando houvesse relação direta de


hierarquia neste relacionamento amoroso, posto que o exercício desta chefia imediata
ficaria comprometido quanto à exigência do cumprimento da prestação dos serviços – poder
fiscalizatório –, quanto ao tratamento dispensado em favor dos colegas de trabalho deste
subordinado e quanto à aplicação de penalidades – poder disciplinar. Assim, para não haver
fragilização destas prerrogativas, o empregador poderia vedar tais relacionamentos.
Fundamentação 05

Ainda, teria por condão impedir eventuais condutas relacionadas ao assédio sexual,
já que tal vedação inibiria qualquer relacionamento amoroso entre empregados, mormente
a conduta continuada e não consensual. Fundamentação 06

Outro viés interpretativo propugna pela impossibilidade de exercício do poder


regulamentar nesta seara. Isto porque a ordem jurídica assegura a inviolabilidade da
intimidade e da vida privada (art. 5º, X, CF/88), que deve ser respeitada, também, no âmbito
da relação de emprego, pelo empregador. Além disso, não há, no ordenamento jurídico
pátrio, qualquer norma que vede tais relacionamentos ou que permita a edição de
regulamento empresarial neste sentido. Fundamentação 06

Contudo, diante da possibilidade de colisão dos direitos fundamentais relativos à


propriedade do empregador e dos direitos à intimidade e vida privada dos empregados, com
fulcro nos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, deve-se analisar o caso
concreto, pois poderão ser impostas certas limitações a estes ou aqueles direitos.
Fundamentação 07

Exemplificadamente, entende-se que devem ser considerados válidos os


regulamentos empresariais que estabeleçam algumas restrições quanto à manutenção de
vínculos amorosos entre seus empregados, nas hipóteses em que haja um vínculo de
hierarquia direto entre estes. Seriam admitidas como lícitas, por exemplo, normas que
determinem a transferência interna de um empregado que venha a ter algum tipo de
relacionamento íntimo com sua chefia imediata. Deve-se assegurar a qualquer um destes
empregados, e não apenas ao subordinado, o direito de requerer esta transferência.
Fundamentação 08

Por outro lado, devem ser consideradas discriminatórias e repelidas pela ordem
jurídica as normas empresariais que impeçam pura e simplesmente a manutenção da
relação de trabalho por empregados que mantenham estes relacionamentos íntimos fora do
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ambiente patronal, posto que tais condutas colidem frontalmente com o art. 5º, X, CF/88.
Fundamentação 09

Destarte, embora o poder diretivo do empregador lhe permita dirigir a prestação


pessoal de serviços dos seus empregados, ele não poderá extrapolar o limite da
razoabilidade e deverá zelar para que o ambiente de trabalho seja o melhor possível. O
radicalismo de uma demissão em função de um relacionamento é ato atentatório e
discriminatório contra o trabalhador, o qual, por estar inserido no processo produtivo, não
tem retirados os direitos à intimidade e à privacidade, direitos de personalidade
constitucionalmente previstos, que devem ser respeitados pelo empregador no exercício de
suas prerrogativas de direção da atividade empresarial. Conclusão

RODADA 117, QUESTÃO 01) (Direito Material do Trabalho – Cotas para pessoas portadoras
de deficiência) Disserte, em 30 linhas, sobre as cotas para pessoas portadoras de
deficiências, abordando, necessariamente, os seguintes pontos: ações afirmativas,
previsão legal, dispensa de empregado deficiente e dano moral coletivo pelo
descumprimento dos percentuais legalmente definidos. (30 linhas) (Vide textos de apoio)

Espelho proposto (contei com a ajuda da colega Cíntia de Paula):

A promoção da igualdade e da dignidade da pessoa humana tem sido o grande


objetivo global, especialmente considerando-se o Pós 2ª Guerra Mundial. Nesse sentido,
destaca-se a presença do princípio da não discriminação na Declaração Universal dos
Direitos Humanos (art. 2º), no preâmbulo da Declaração de Filadéfia e, especialmente
aplicadas à seara laboral, nas Declarações nº 100 e 111 da OIT e Recomendação nº 159. Em
âmbito doméstico, insculpido na Constituição Federal (art. 3º, IV, e caput do art. 5º), na CLT
(art. 461) e em diversas leis infraconstitucionais. Introdução com cerejas

Além de se garantir a igualdade formal, imperiosa a observância à igualdade


material, na medida em que se trata distintamente os desiguais. Nesse norte, destaca-se a
lei nº 13.146/2015, que prevê um leque de medidas para inserção social da pessoa com
deficiência, e a lei nº 8.213/1991, art. 93, que estabelece a obrigatoriedade da contratação
de empregados deficientes, fixando percentuais mínimos. Trata-se de ações afirmativas, que
materializam a função social da empresa, constitucionalmente prevista (art. 1º, IV, 5º, XXIII,
e 170, III, CF/1988). Fundamentação 01

Referida lei estabelece, ainda, a necessidade de manutenção do número de


empregados portadores de deficiência na empresa, de modo que, antes de havida a ruptura
contratual com um, outro deverá ser admitido, se ainda não observada a cota em questão
na empresa (art. 93, §1º, Lei 8.213/1991). Pontua-se a existência de entendimento diverso,
no sentido de, mesmo atingida a cota pelo empregador, necessária a contratação de outro
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empregado por ocasião da dispensa de empregado deficiente, a fim de que não seja
reduzido o percentual voluntariamente resguardado na empresa. Com respeito aos que
defendem a segunda corrente, perfilho da primeira, por considerar devida a observância
apenas ao mínimo legal. Trata-se, portanto, de garantia indireta de emprego, vinculada à
observância da cota pela empresa. Fundamentação 02

No tocante à penalização da empresa em razão do descumprimento do percentual


reservado, fixado entendimento no C. TST de ser indevida a condenação em danos morais,
se demonstradas tentativas de contratação de deficientes, obstadas por fatores alheios à
empresa, como a falta de interessados na vaga ou a baixa qualificação dos pretendentes.
Ressalta-se, contudo, fazer-se necessária a comprovação de efetiva busca por candidatos,
com condições de trabalho condizentes as suas limitações, sob pena de tornar inócua a
previsão do art. 93, Lei nº 8.213/1991. Fundamentação 03 – Não houve espaço para redigir
um parágrafo conclusivo apartado, e isso provavelmente também poderá ocorrer na prova
de vocês. Nesses casos, é preferível realizar uma análise completa do cerne, ao invés de
dedicar um parágrafo exclusivo ao fechamento.

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