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Para quem não me conhece, sou Vinícius Rezende, Juiz do TRT da 2ª Região e
professor do preparatório para as fases escritas da Magistratura Trabalhista (provas
discursivas e sentenças).
Farei alguns comentários sobre a prova do MPT de hoje (17/09). Quatro (4) das cinco
(5) questões foram parcial ou integralmente analisadas em nosso curso (80%). A
expectativa é manter esse mesmo percentual de acerto no 1º Concurso Unificado da
Magistratura Trabalhista.
Envio, ao final desse arquivo, todos os espelhos aos quais me referi ao longo do texto.
-E-mail: viniciusmagistratura@gmail.com
Atualmente estamos sem vagas no curso, mas disponibilizarei vagas para novos
alunos em breve, possivelmente já no dia 25/09.
Vinícius Rezende.
CURSO PARA SEGUNDA FASE
(PRIMEIRA PROVA DISSERTATIVA TRABALHISTA)
Comentários MPT
Questão 02: Disserte sobre o significado e a relevância das normas abaixo transcritas, as
relações que entre elas podem ser estabelecidas e as razões de sua introdução no atual
Código de Processo Civil brasileiro:
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade
dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
Analise juridicamente os fatos apurados e indique quais obrigações devem estar contidas
nesse TAC, justificando-as pormenorizadamente.
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(PRIMEIRA PROVA DISSERTATIVA TRABALHISTA)
Comentários MPT
Devo salientar, ainda, que nas hipóteses de decisões tomadas em IRDR, IAC e em
sede de controle concentrado de constitucionalidade tal responsabilidade é majorada, já
que a motivação vinculará as decisões futuras de instâncias inferiores, estando estas sujeitas
à reclamação em caso de descumprimento (art. 988, III e IV, CPC). Daí surgirão as inúmeras
decisões que resolverão os direitos pretendidos, as quais deverão averiguar as circunstâncias
distintas (distinguishing), sem obstar as intenções relativas à revogação de teses jurídicas
ultrapassadas, seja total ou parcialmente (overulling, overriding). Fundamentação 03. PS2.:
Envio, em anexo, mais um texto de apoio (arquivo “Questao 02 - Waki - Dever de
fundamentação”), de indicação do colega Kleiber Almeida.
RODADA 123, QUESTÃO 02) (Direito Processual Civil – Princípios, Processo Colaborativo e
Vedação à Decisão Surpresa) Disserte, em até 30 linhas, sobre o NCPC, abordando as
seguintes temáticas: Novos princípios processuais expressos; Processo Colaborativo; Papel
do Juiz no NCPC; Vedação às decisões surpresas.
(30 linhas) (vide arquivos em anexo) (não se esqueçam que a provável reforma trabalhista
também traz regras sobre esses pontos, sobretudo no tocante à má-fé e à vedação à
decisão surpresa)
Este último pode ser entendido como um dever que é imposto a todos que
participam do processo para a construção da decisão de mérito justa e efetiva, através de
condutas probas, leais e honestas, conforme a boa-fé objetiva (art. 5º, NCPC). A doutrina
identifica e aponta, em dispositivos do NCPC, quatro deveres dele decorrentes: de
esclarecimento, de consulta, de prevenção e de auxílio. Fundamentação 02
RODADA 67, QUESTÃO 01) (Direito Penal e Processual Civil – Provas ilícitas – Informativo
nº 536/STF) Acerca do instituto das provas, responda os itens a seguir:
a) Segundo a Doutrina mais balizada, a prova ilícita é aquela que fere normas de direito
material, sejam constitucionais, legais (art. 157, CPP) ou previstas em tratados, e são
proibidas no ordenamento pátrio. São produzidas fora do processo e a ilicitude reside
justamente momento de sua obtenção; seu “locus” é extraprocessual, portanto.
Por outro lado, provas ilegítimas são aquelas que ferem regras de direito processual
quando da sua produção em juízo. É uma prova intra-processual, devendo ser decretada sua
nulidade e determinada a renovação do ato processual. Sua ilegitimidade reside no
momento de produção da prova.
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(PRIMEIRA PROVA DISSERTATIVA TRABALHISTA)
Comentários MPT
Saliente-se, todavia, que é necessário que haja nexo de causalidade entre a prova
ilícita e a subseqüente, sob pena de não haver ilicitude na produção da prova posterior.
Desta feita, caso a prova-fruto possa ainda se arrimar em outros nexos causais lícitos, a
prova não deve ser excluída (art. Art. 157, §2º, CPP).
Seria o caso, por exemplo, de uma escuta telefônica para instrução processual penal
não autorizada pelo juízo competente, em ofensa ao art. 5º, XII, CF, através da qual é obtida
a informação de que alguns agentes públicos desviaram quantias milionárias.
Posteriormente, após autorização judicial, é quebrado o sigilo bancário desses servidores,
comprovando as quantias incompatíveis com o seu cargo. Esta última prova será
considerada ilícita por derivação.
RODADA 66, QUESTÃO 01) (Direito Processual Civil – Novo CPC e Jurisprudência) Disserte,
em até 50 linhas, sobre os seguintes temas, relacionando-os: o NCPC, a Lei nº 13.015/14, o
princípio da segurança jurídica e a teoria dos precedentes judiciais. (Questão teórica –
lembrem-se de traçar um roteiro para organizar uma boa progressão textual e para não se
perderem) (Já abordei tema similar em rodadas pretéritas – espelho da 14a rodada em
anexo)
Espelho proposto:
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(PRIMEIRA PROVA DISSERTATIVA TRABALHISTA)
Comentários MPT
Com base nessas premissas, tem-se que o sistema jurídico brasileiro é baseado no
sistema romano-germânico da civil law, eis que remonta suas diretrizes na lei abstrata,
sujeitas a interpretações diversas, inclusive dissonantes entre si. Em lado oposto, o sistema
anglo-saxão da common law se organiza baseado em precedentes judiciais, adotando a
teoria stare decisis, a qual atribui força vinculante aos precedentes jurisprudenciais.
RODADA 64, QUESTÃO 01) (Direito do Trabalho e Processual Civil/do Trabalho – Contrato
de aluguel de veículo de empregado; Art. 489, §1º, IV, NCPC) Adalberto Silva, empregado
do Banco XYZ S.A., sociedade de economia mista federal, labora na função de vendedor
externo.
Com a defesa, além dos documentos constitutivos e procuração, juntou o termo de posse
e de ciência do reclamante sobre as condições de trabalho.
a) o art. 489, §1º, IV, NCPC (o qual trata da chamada “fundamentação exauriente”), é
aplicável ao Processo do Trabalho? (15 linhas)
Espelho proposto:
a) O art. 489, §1º, do Novo CPC (Lei 13.105/2015), prevê que não serão consideradas
fundamentadas as sentenças, as decisões interlocutória e os acórdãos (art. 203 e 204,
CPC/2015), nas hipóteses elencadas neste parágrafo, dentre as quais se inclui a que é
chamada de “fundamentação exauriente” (inciso IV). Há dissenso quanto a sua
aplicabilidade ao Processo do Trabalho em razão do disposto no art. 15, CPC/2015.
O art. 15, deste novo Código dispõe que suas disposições serão aplicáveis, de forma
subsidiária e supletiva, ao Processo do Trabalho na ocorrência de lacuna normativa. Tal regra
não derroga as previsões constantes dos artigos 769 e 889, da CLT, pelo que a aplicação das
normas do processo civil ao processo trabalhista demanda não só a existência de uma
omissão – normativa, axiológica ou ontológica –, mas, principalmente, a compatibilidade
desta norma adjetiva comum ao arcabouço principiológico que rege o Processo do Trabalho.
b) A ordem jurídica pátria reconhece a relação de emprego como sendo aquela em que
um empregado, pessoa física, presta serviço a empregador – que pode ser pessoa física,
jurídica ou ente despersonalizado –, de forma não eventual, com subordinação jurídica e
onerosidade (artigos 2º, 3º e 442, da CLT). Nesta relação, por expressa previsão legal, cabe
ao empregador a assunção dos riscos de sua atividade (art. 2º, caput, CLT), pelo que deve ser
considerada nula (art. 9º, CLT) cláusula contratual que venha a transferir ao empregado
qualquer ônus desta atividade, já que o empregado presta serviços por conta alheia
(alteridade).
A onerosidade desta relação jurídica, sob a ótica patronal, significa que o empregado
deve realizar a prestação dos serviços e/ou colocar-se à disposição para tal execução (art. 4º,
CLT), na forma pactuada ou, na ausência de tal pactuação, em modo compatível com sua
condição pessoal (art. 456, CLT). Sob a ótica do trabalhador, a contraprestação que lhe é
devida pelo empregador pode ser feita exclusivamente em pecúnia ou parte em dinheiro e
parte em utilidades (salário ‘in natura’), conforme artigos 457 e 458, da CLT. Isto sem afastar
a possibilidade de recebimento de parcelas remuneratórias de terceiros, como é o caso das
gorjetas (art. 458, caput, CLT).
Ante a ausência de impugnação específica, por força do art. 341, CPC/2015, deve ser
tida como verdadeira a necessidade de utilização de automóvel para a prestação laboral. É
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Comentários MPT
O fato de ser a reclamada uma sociedade de economia mista não impede sua
condenação ao pagamento de parcelas eventualmente deferidas nesta reclamatória
trabalhista, mesmo quando não haja expressa previsão no contrato de trabalho firmado. Isto
porque estas entidades da Administração Pública indireta submetem-se ao regime jurídico
das empresas privadas (art. 173, § 1º, II, CF/88), não havendo falar em incidência do
princípio da legalidade administrativa, aplicável às entidades da Administração Pública
direta, às autarquias e às fundações públicas.
Diante deste novo cenário, há dissenso quanto aos efeitos jurídicos decorrentes das
alterações jurisprudenciais, seja quanto à possibilidade de aplicação retroativa da nova
Súmula, seja quanto à possibilidade de se modular os efeitos desta mudança interpretativa.
Fundamentação 03 – Intro ao cerne
Tal entendimento propugna que a jurisprudência não cria norma jurídica, apenas
explicita ou interpreta o conteúdo da norma jurídica aplicada ao caso concreto trazido à
análise do Judiciário. Disto resulta a impossibilidade de se afastar a aplicação retroativa da
nova Súmula pela invocação da garantia constitucional que protege o ato jurídico perfeito, a
coisa julgada e o direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF/88). Fundamentação 05
Para que isto não ocorra, aqueles que reconhecem a jurisprudência como fonte
formal normativa – tal qual o precedente do “common law” –, defendem a possibilidade de
adoção da modulação de seus efeitos, com aplicação analógica do disposto no art. 27, da Lei
9.868/99, ou do previsto no art. 896-C, §17, da CLT, ou simplesmente pela aplicação do
princípio da segurança jurídica. Este princípio encontra-se previsto, ainda, no art. 2º, p.u.,
XIII, segundo o qual “interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação”. Fundamentação 07
Assim, tal diretriz alinha-se com o princípio da não surpresa consubstanciado no art.
10, deste novo Código, com o princípio geral de direito da segurança jurídica e com os
institutos denominados “prospective overruling” e “antecipatory overruling”, oriundos do
“common law”. Fechamento com cereja
RODADA 140, QUESTÃO 01 – rodada desta semana, e por isso o espelho ainda não foi
redigido) (Direito Material e Processual Coletivo do Trabalho – Greve) Disserte, em até 30
linhas, sobre Dissídios Coletivos: Espécies/RITST. Coexistência de duas ou mais espécies
em um mesmo dissídio (dissídio “misto”). Exigência de autorização dos empregados para o
sindicato ajuizar dissídio grevista.
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Comentários MPT
RODADA 137, QUESTÃO 02) (Direito Material do Trabalho – Greve) Disserte, em 30 linhas,
sobre a greve, abordando necessariamente: Conceito de “Fundo sindical de greve”. Greve
em atividades essenciais. Percentual mínimo de atendimento nas atividades essenciais e
decisões judiciais/multa por descumprimento.
Seu exercício deverá observar não apenas o atendimento das necessidades inadiáveis
da comunidade (art. 9º, § 1º, CF/88; art. 11, Lei 7.783/89), como também os requisitos
fixados na referida lei. Deve haver prévia tentativa de negociação (art. 3º), aprovação da
deflagração do movimento pelos trabalhadores (art. 4º) e comunicação aos empregadores e
usuários dos serviços que serão atingidos (art. 3º, p. único; art. 13). Requisitos/exercício
(30 linhas) (vide textos em anexo) (infelizmente não posso enviar o material completo por
respeito aos direitos autorais. No entanto, como destaquei acima, recomendo a compra do
livro do Prof. Georgenor, que é uma ótima obra)
RODADA 124, QUESTÃO 02) (Direito Material do Trabalho – Greve Política) Vimos,
recentemente, que diversas categorias profissionais realizaram paralisações e protestos no
último dia 28/04, sexta-feira, em razão da denominada Greve Geral. A título de exemplo, as
categorias dos metroviários e dos motoristas de ônibus urbanos paralisaram parcialmente
no Município de São Paulo, sem que tal greve guardasse relação direta com pretensões da
categoria para com seus empregadores.
Ante o exposto, questiona-se: qual o conceito de greve política? Como é seu tratamento
pela jurisprudência pátria?
A greve política é reconhecida como ilegal pela jurisprudência majoritária, de forma que
resta configurada hipótese de suspensão do contrato de trabalho. Vide o acórdão do TST
em anexo.
O conceito de greve pode ser entendido como a suspensão coletiva, total ou parcial,
temporária e pacífica da prestação pessoal de serviços ao empregador (art. 2º, Lei 7.783/89),
tendo por fim o alcance de melhorias sociais e econômicas para a categoria profissional.
Nesse contexto, a greve política também abarca o conceito exposto, tendo por
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Comentários MPT
Por outro lado, há quem defenda a abusividade da greve política com fulcro no fato
de o motivo ensejador do movimento fugir à esfera de liberalidade do empregador, não
sendo possível a ele solucionar o impasse, com o que se concorda. Nesse aspecto, os
interesses possíveis de serem defendidos pela suspensão coletiva do trabalho devem ser os
que podem ser objeto de negociação coletiva ou sentença normativa (art. 7º, XXVI, art. 8º,
III e VI e art. 114, § 2º, CF). Esse é o entendimento que prevalece na jurisprudência
(Informativo nº 157, TST), segundo a qual a greve, embora não seja falta grave (STF), é meio
de pressão para o alcance de melhorias sociais e econômicas diretamente relacionadas ao
contrato de trabalho (ex: remuneração, saúde e segurança). Reforça esse posicionamento o
fato de a Convenção 87 prever que a greve política não está abrangida pelos princípios da
liberdade sindical. Fundamentação 03 com posicionamento
Destarte, a greve política é movimento social contra atos de governo, a exemplo das
atuais reformas trabalhista e previdenciária. Prevalece, na jurisprudência, tratar-se de ato
abusivo, eis que seus anseios são estranhos à relação de trabalho e que é inviável ao
empregador evitar tal paralisação, motivo pelo qual o movimento paredista torna-se passível
de repreensões legais (art. 15, Lei 7.783/89). Conclusão
RODADA 105, QUESTÃO 02) (Direito Constitucional – Greve dos servidores públicos)
Disserte, em até 30 linhas, sobre o direito de greve dos servidores públicos, analisando,
ainda, a recente decisão do STF em sede de repercussão geral (RE 693456). (30 linhas)
Quanto aos servidores públicos, tal direito somente veio a ser assegurado com a
Carta de 1988, sem que fosse estendido os militares (art. 142, § 3º, IV, CF/88). Contudo, uma
vez que o art. 37, VII, da CF/88, previa a possibilidade deste exercício nos termos e limites
definidos em lei – inicialmente complementar, atualmente específica (EC 19/1998) –, tal
norma era tida como de eficácia limitada ou reduzida, pois dependia de posterior
regulamentação para sua plena eficácia.
Diante da omissão legislativa em regulamentar tal exercício, com amparo no art. 8º,
III, da CF/88, sindicatos de várias categorias de servidores públicos propuseram, perante o
STF, mandados de injunção (art. 5º, LXXI, CF/88) com o objetivo viabilizar o exercício deste
direito constitucional. Até a primeira metade da primeira década do século XXI, o Supremo
Tribunal Federal, ao julgar tais mandados de injunção, apenas reconhecia a mora do
Legislativo. Em 2007, contudo, ao julgar o MI-712-8, o STF, por maioria, determinou a
aplicação por analogia, com ressalvas e alterações, de dispositivos da Lei 7.783/89 (aplicável
aos trabalhadores da iniciativa privada) aos servidores públicos civis.
RODADA 133, QUESTÃO 01) (Direito Material do Trabalho – Dispensa) Disserte, em até 30
linhas, sobre: Dispensa arbitrária, obstativa e abusiva. Conceitos/Exemplos. Efeitos
Jurídicos.
(30 linhas) (vide textos em anexo) (infelizmente não posso enviar o material completo por
respeito aos direitos autorais. No entanto, como destaquei acima, recomendo a compra do
livro do Prof. Sérgio Torres, que é uma ótima obra)
Por outro lado, o desrespeito aos limites impostos pela boa-fé objetiva, por obstar a
aquisição de um direito esperado pelo trabalhador – dispensa obstativa – ou a prática de
alguma conduta discriminatória (Lei 9.029/95) – dispensa discriminatória –, qualificam-se
como hipóteses de dispensa abusiva, com prática de um ilícito (art. 187, do Codigo Civil). Em
ambas as hipóteses, o empregador poderá ser condenado não apenas a reparar o dano
moral sofrido, mas também, a reintegrar-lhe ao emprego ou pagar-lhe, como indenização, o
período de afastamento (art. 4º, Lei 9.029/95). A título de exemplo de uma resilição
discriminatória, pode-se citar a motivação desta por estar o empregado acometido de
doença grave que suscite estigma ou preconceito (SUM-443, TST). Fundamentação 02 –
exemplo de dispensa discriminatória/abusiva
Quanto à resilição que tenha como objetivo impedir ou evitar a aquisição de algum
direito pelo empregado – dispensa obstativa –, esta era identificada, na vigência do regime
da estabilidade decenal, como aquela promovida quando o vínculo empregatício já tinha 9
anos de duração (antiga Súmula 26, do TST). Atualmente, tem sido praticada para afastar a
estabilidade pré-aposentadoria, prevista em CCT ou ACT. Ao empregado assim dispensado,
reconhecido o abuso do direito e/ou o desrespeito à boa-fé objetiva, assegura-se a
readmissão e/ou a indenização do perído estabilitário, como forma de permitir a fruição do
direito que teria sido obstado (art. 129, CC/02). Fundamentação 04 – dispensa obstativa
RODADA 84, QUESTÃO 01) (Direito Individual do Trabalho – Denúncia vazia) Disserte, em
até 50 linhas, sobre a denúncia vazia no término do contrato de trabalho, abordando,
necessariamente, seu conceito, a Convenção nº 158/OIT, os empregados acometidos por
doenças que causem estigma e os empregados de Sociedades de Economia Mista e
Empresas Públicas. (Vide textos anexos)
Neste contexto, cumpre registrar que, ao final da década de 1990, o Brasil ratificou a
Convenção de n.º 158, da OIT, que trata da terminação do contrato de trabalho por iniciativa
patronal. Estabeleceu-se (artigo 4º) a obrigatoriedade de explicitação da causa justificadora
da ruptura contratual, relacionando-a com a capacidade do trabalhador ou com alguma
necessidade empresarial. Por regulamentar o disposto no art. 7º, I, da CF/88, sem que
houvesse edição de lei complementar, esta norma internacional foi objeto de ação direta de
inconstitucionalidade, não obstante haver, atualmente, o reconhecimento de que as
Convenções da OIT possuem status de supralegalidade. Fundamentação 02 – Convenção 158
Vale destacar, também, que o tema relativo à denúncia vazia da relação de trabalho,
no âmbito das Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista – não obstante a ausência
de previsão da garantia do art. 7º, I, da CF/88, no art. 39, § 3º, da CF/88 –, ganha contornos
próprios decorrentes dos princípios aplicáveis à Administração Pública. Isto porque os
princípios da impessoalidade e da moralidade impõem que a contratação dos empregados
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(PRIMEIRA PROVA DISSERTATIVA TRABALHISTA)
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Esse entendimento ganha ainda maior relevância com o NCPC, que adotou a
possibilidade da releitura do ônus probatório estático ao positivar, em seu texto, a teoria da
carga dinâmica (art. 373, §1º). Isso porque a empresa, em regra, guarda melhores condições
de arcar com esse ônus probatório, cabendo a ela, portanto, demonstrar a existência de
causas diversas para a dispensa. Fundamentação 07 – Doenças que causem estigma
No âmbito das dispensas coletivas, isto é, das dispensas relacionadas a uma causa
objetiva da empresa, de ordem técnica-estrutural ou econômica-conjuntural, que afetem um
número significativo de trabalhadores, há, igualmente, um vazio normativo, que foi
igualmente solucionado, por meio desta visão pós-positivista. Nessa situação, a
jurisprudência reconheceu que, diversamente do que se dá nas resilições contratuais
individuais, em que se reconhece ao empregador o exercício do direito potestativo de
rompimento do vínculo, as dispensas coletivas configuram ato/fato coletivo, em que se deve
observar o disposto no art. 8º, III e VI, da CF/88 (SDC/TST – decisão proferida ao final do ano
de 2012). Fundamentação – Dispensa coletiva
Com isto, as dispensas coletivas não podem ser promovidas, pelo empregador, de
modo potestativo e unilateral, dependem de prévia etapa negocial coletiva, com efetiva
participação do sindicato profissional, posto que “é obrigatória a participação dos sindicatos
nas negociações coletivas de trabalho” (art. 8º, III, CF/88). Somente depois de superada esta
etapa, caso não seja possível evitar e/ou postergar as resilições contratuais, é que poderá o
empregador, de forma constitucionalmente válida, exercer seu direito de romper os vínculos
contratuais. Fundamentação – Dispensa coletiva
Diante de tal quadro, pode-se concluir que a proteção assegurada aos trabalhadores,
quanto ao término do contrato de trabalho, em razão do exercício unilateral da vontade
patronal, não se limita ao que está literalmente previsto no art. 7º, I, da CF/88 e art. 10, I, do
ADCT. Sua ampliação, portanto, poderá ocorrer através de diversas formas: por meio da
força normativa dos princípios (pós-positivismo); pela edição da lei complementar referida
pelo art. 7º, I, da CF/88; em razão de nova ratificação da Convenção de n.º 158, da OIT, ou
pela declaração da inconstitucionalidade da denúncia da citada Convenção, promovida pelo
Exmo. Sr. Presidente da República, pela não observância do princípio da simetria das formas
descritas no art. 49, I, da CF/88. Conclusão
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Comentários MPT
RODADA 63, QUESTÃO 02) (Direito Material do Trabalho – Limites do poder patronal –
Relacionamento amoroso entre empregados) Disserte acerca dos limites do poder diretivo
com foco nas relações amorosas entre empregados. (limite de 50 linhas) (abordem,
também, as relações amorosas entre chefe e subordinado/a) (tema do jornal edição das
16h do dia 07/03 da GloboNews, cuja comentarista era, justamente, a Dra. Juliana Bracks)
Este direito patronal, contudo, deve ser exercido de forma a se assegurar a eficácia
dos direitos fundamentais do trabalhador, seja pela sua possibilidade de se exigir sua
observância na esfera privada – eficácia horizontal –, seja pela constatação de que o
trabalhador está em posição de hipossuficiência, configurando-se a denominada eficácia
diagonal dos direitos fundamentais. Fundamentação 02
Ainda, teria por condão impedir eventuais condutas relacionadas ao assédio sexual,
já que tal vedação inibiria qualquer relacionamento amoroso entre empregados, mormente
a conduta continuada e não consensual. Fundamentação 06
Por outro lado, devem ser consideradas discriminatórias e repelidas pela ordem
jurídica as normas empresariais que impeçam pura e simplesmente a manutenção da
relação de trabalho por empregados que mantenham estes relacionamentos íntimos fora do
CURSO PARA SEGUNDA FASE
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Comentários MPT
RODADA 117, QUESTÃO 01) (Direito Material do Trabalho – Cotas para pessoas portadoras
de deficiência) Disserte, em 30 linhas, sobre as cotas para pessoas portadoras de
deficiências, abordando, necessariamente, os seguintes pontos: ações afirmativas,
previsão legal, dispensa de empregado deficiente e dano moral coletivo pelo
descumprimento dos percentuais legalmente definidos. (30 linhas) (Vide textos de apoio)