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Carta de recomendação/Referência: como pedir, a quem pedir, e o que ela

deve conter – Para Bolsa de Estudo © ߎӊ


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A carta de recomendação é mais importante para a application do que se
imagina num primeiro momento. Isso porque para se candidatar para uma
universidade estrangeira, você precisa de uma série de documentos e textos.
Desde a carta de motivação até os essays, esses textos são,
essencialmente, exposições suas sobre quem você é, quais são as suas
qualidades e o que você pretende para o seu futuro.
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De forma geral, portanto, são vários textos nos quais você fala sobre você
mesmo. Mas tem também as cartas de recomendação: essas cartas são
escritas por professores, coordenadores pedagógicos ou contatos profissionais
do candidato. Num processo no qual o candidato fala constantemente sobre si
mesmo, é fácil perceber a importância desses documentos.
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Rogério Junior, bolsista do Programa de Líderes Estudar que atualmente faz
um double major no MIT, ressalta esse ponto. “As cartas de recomendação são
as únicas coisas da application em que não é você que está falando. E é muito
positivo ter um terceiro reforçando as qualidades que você diz que tem”,
considera.
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Por isso, é importante prestar bastante atenção às suas cartas de
recomendação. E para ajudar nisso, oferecemos aqui algumas dicas sobre
como garantir que as suas cartas de recomendação sejam mais uma parte
forte da sua candidatura.
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#Como_pedir_uma_carta_de_recomendação?
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Raul Gallo Dagir atualmente estuda Ciência da Computação em Stanford.
Como parte da sua application, ele pediu cartas de recomendação a suas
professoras de física e de geografia, e à sua orientadora do Colégio Santa
Cruz, em São Paulo.
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“Escrevi e-mails ou pedi pessoalmente. Já tinha proximidade com todas, então
foi simples”, relata. Essa proximidade é importante não apenas porque torna
mais simples o processo de pedir a carta, mas também porque os professores
com quem você já tem mais contato terão também mais coisas boas a falar
sobre você.
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Rogério, por sua vez, pediu as cartas a seus professores de inglês e de
informática. “No meu caso foi estranho porque eu tive uma experiência ruim. Eu
pedi uma carta a um professor meu que eu conhecia há bastante tempo, e ele
foi atrasando tudo e depois sumiu”, conta.
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Felizmente, nem tudo se perdeu. Rogério explicou a situação ao seu professor
de inglês, que então escreveu a carta de recomendação que faltava. “Ele já
tinha escrito cartas para outros alunos, e era um cara de quem todo mundo
gostava”, conta.
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Essa experiência, no entanto, lhe rendeu um aprendizado importante. “Você
tem que ser bem sincero com o professor quanto ao que você espera da carta.
Por exemplo, pedir para ele ‘professor, você está disposto a escrever uma
carta de recomendação forte para mim?’. E ele tem que ser sincero com você
também”, recomenda.
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Ele sugere ainda que o aluno, no momento do pedido, ressalte histórias e fatos
relevantes que ele gostaria que o professor colocasse na carta. “Ela tem que
conversar com o resto do seu application, então senta com ele e conversa
sobre o que você vai fazer”, diz.
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Raul conta que também teve esse cuidado. “Tive a oportunidade de conversar
com todas as pessoas que escreveram minhas cartas de recomendação para
explicar um pouco mais do processo de application, qual deveria ser a estrutura
da carta e o que ela deveria, de preferência, conter”, diz.
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A regra de ouro é: antecedência. Pense o quanto antes sobre o que deseja
destacar na carta, se vai pedi-la a antigo chefe ou preferir recorrer a um
professor. Reflita sobre o que cada documento desses vai contar sobre você —
afinal, na application você conta uma história. Se um dos documentos vai
detalhar sua aptidão para a pesquisa, talvez seja interessante que o outro
ressalte suas habilidades em trabalhar em grupo.
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Em outras palavras, o tempo deve ser seu aliado. O ideal é não pedir a carta
de recomendação de última hora e planejar tudo com bastante antecedência.
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#Modelo_de_e-mail
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Se você pretende pedir a carta de motivação a um professor por e-mail, é
importante ter um texto bem redigido. Por isso, oferecemos a seguir um modelo
de e-mail que você pode usar para pedir uma carta de recomendação aos seus
professores. Basta substituir os campos entre [colchetes] pelas informações
específicas do seu caso:
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Caro professor [nome do professor],
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Meu nome é [seu nome]. Sou seu aluno da turma [sua turma] do colégio [seu
colégio]. Tudo bem?
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Como você talvez saiba, pretendo me candidatar para estudar [seu curso] na
Universidade [nome da universidade]. Pretendo fazer isso porque [fale um
pouco aqui sobre suas motivações].
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O processo de application para a [nome da universidade] envolve o envio de
cartas de recomendação. E, por isso, gostaria de saber se você estaria
disposto/a a escrever uma carta de recomendação para mim.
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Acredito que você seria capaz de produzir um ótimo texto, que aumentaria
minhas chances de ingressar na universidade. Isso porque [fale aqui por que
você escolheu esse professor].
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Por favor, me informe assim que possível da sua disponibilidade para produzir
esse texto. Caso você esteja disposto/a, me informe também um horário para
conversarmos sobre o conteúdo da carta. [sinta-se à vontade para propor um
horário também, se quiser].
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Agradeço desde já pela atenção! Se tiver qualquer dúvida, estou à disposição.
[seu nome]
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#A_quem_pedir_uma_carta_de_recomendação?
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Em alguns casos, como na candidatura do MIT, é necessário que uma das
cartas venha de um professor da área de humanas, e outra do professor da
área de exatas. Mas mesmo que isso não seja uma exigência, é uma boa
prática — assim, o conteúdo de uma carta complementa o da outra.
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“Por exemplo: a Beth, que me ensinou física, escreveu muito sobre raciocínio
lógico-matemático e sobre meu envolvimento com [atividades] extracurriculares
de eletrônica. Já a Fabi, de Geografia, escreveu mais sobre minha escrita,
minha capacidade analítica e de argumentação em debates que tínhamos em
sala”, compartilha Raul.
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É importante, também, que o professor tenha algo a dizer sobre o aluno, na
carta de recomendação, que vá além da sala de aula. Assim, a instituição de
ensino à qual ele se candidata consegue ter uma perspectiva melhor de quem
ele é em diversas áreas de sua vida.
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“É essencial você tenha proximidade com quem vai escrever sua carta de
recomendação para que a pessoa tenha conhecimento sobre seus interesses,
ética de trabalho, dedicação, personalidade. Se não, a carta fica muito
generalizada e impessoal”, comenta Raul.
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Na application de Rogério, foi o seu professor de informática que acabou
desempenhando esse papel. “Eu via ele todo dia, e a aula de informática era só
para 4 pessoas, e todo mundo ia almoçar junto logo depois, então foi só pedir”,
conta.
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Raul enviou, ao todo, 4 cartas de recomendação. Além das suas professoras e
da orientadora do colégio, mandou também uma carta de uma professora de
um summer camp que ele fez em Stanford em 2015. E embora ela não
conhecesse Raul tão bem, ele sentiu que a carta fazia sentido: “Honestamente,
o intuito daquela carta era mais mostrar envolvimento com Stanford e com os
professores da faculdade do que qualquer outra coisa sobre mim”.
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#Preciso_chamar_alguém_famoso?
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A resposta mais direta é simples: não, não precisa. Para sua carta de
recomendação, siga a regra do “quem for mais próximo”, de quem conhece
melhor quem você é e quais são seus projetos. O professor mega famoso da
universidade, porém inacessível, não garante necessariamente uma vaga. Pelo
contrário, pode soar genérico e artificial.
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Só escolha alguém “famoso” caso essa pessoa tenha mesmo o que falar, e não
esteja lá apenas para assinar o papel. Lembre-se: é importante que o
documento ajude a contar a sua história.
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#O que_uma_carta_de_recomendação_deve_conter?
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Obviamente, uma carta de recomendação precisa citar os pontos fortes —
tanto acadêmicos quanto pessoais — do candidato. No entanto, a maneira
como esses pontos são citados pode fazer toda a diferença, e nesse caso é
interessante buscar referências para ter uma boa ideia.
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O MIT, por exemplo, tem uma página inteira dedicada a explicar o que faz uma
carta de recomendação ser boa. E se você já tiver escolhido um professor para
escrever sua carta, é interessante que você envie essa página para ele; assim,
ele consegue ter uma ideia do que escrever.
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#Entre_os_pontos_que_o_MIT_coloca, estão os 
seguintes:
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• Qual é o contexto da sua relação com o aluno? Se você não o conhece bem e
só se sente capaz de escrever sobre ele em linhas gerais, por favor deixe isso
claro.
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• O aluno demonstrou vontade de correr riscos intelectuais e de ir além da sua
experiência em sala de aula?
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• O aluno tem talentos, competências ou habilidades de liderança além do
ordinário?
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• O que motiva essa pessoa? O que a deixa empolgada?
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• Como o aluno interage com professores? E com seus colegas? Descreva sua
personalidade e suas habilidades sociais.
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• De que você mais vai se lembrar dessa pessoa?
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• O aluno já passou por alguma derrota ou falha? Se sim, como ele reagiu?
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• O aluno tem circunstâncias incomuns de família ou de comunidade das quais
a universidade deveria saber?
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Esse último ponto pode soar um pouco estranho, mas é importante. Afinal, na
candidatura a universidades estrangeiras, não conta apenas o desempenho
acadêmico do estudante, mas todo o seu contexto. Assim, se o aluno
demonstrar excelência nas notas ao mesmo tempo em que lida com uma
situação familiar desfavorável, seu mérito aos olhos dos examinadores será
ainda maior.
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É importante também que o professor escolha realizações concretas do aluno
para destacar na carta. Dizer que ele ajudou o jornal da escola a dobrar de
circulação ou que ele ministrou uma aula de programação para alunos mais
novos é uma maneira de destacar os pontos positivos dele sem soar genérico.
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Por outro lado, frases como “Fulano é um dos melhores alunos que eu já tive”
ou “Beltrano tem excelentes notas” soam vazias e pouco específicas. “O leitor
fica se sentindo como se o autor estivesse se esforçando para achar algo de
bom a dizer”, diz a página do MIT, ressaltando também que “nós recebemos
milhares de cartas de recomendação assim todo ano”.
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#Resumindo:
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O que é uma carta de recomendação?
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A carta de recomendação é um texto que um mentor do candidato (pode ser
um professor, coordenador pedagógico ou contato profissional de nível
hierárquico mais elevado) escreve sobre o próprio candidato. Em geral, é
solicitada como parte de candidaturas a programas de graduação e pós-
graduação em universidades estrangeiras.
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Por que as universidades estrangeiras pedem cartas de recomendação?
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As cartas de recomendação são oportunidades para que pessoas que
conhecem bem aquele candidato digam o que ele tem a oferecer. São,
portanto, uma maneira de permitir que outras pessoas atestem a competência
e a adequação dele para a oportunidade em questão. Também permitem que a
instituição conheça aquele candidato por uma visão diferente da dele próprio.
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Como pedir uma carta de recomendação?
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É importante pedir com antecedência a alguém que conheça bem o seu
trabalho ou o seu histórico acadêmico. Se você puder fazer o pedido ao vivo, é
interessante aproveitar a oportunidade. Mas se for pedir a alguém muito
ocupado, um e-mail pode ser melhor.
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A quem devo pedir uma carta de recomendação?
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Você deve conferir junto à universidade à qual quer se candidatar para saber
se as cartas de recomendação devem vir de pessoas específicas. Em geral,
pede-se que elas sejam de um professor ou contato profissional. Em todos os
casos, é importante escolher alguém em que você confie, que te conheça bem
e com quem você possa discutir o conteúdo da carta, já que ela precisa estar
adequada ao resto da sua candidatura.
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O que uma carta de recomendação deve conter?
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Uma carta de recomendação precisa citar os pontos fortes — tanto acadêmicos
quanto pessoais — do candidato. O recomendador deve contar qual é sua
relação com o candidato, e por que se dispôs a recomendá-lo. É importante
também destacar realizações concretas da pessoa, mais do que qualidades
abstratas. Dizer que ele ajudou o jornal da escola a dobrar de circulação ou
que ele ministrou uma aula de programação para alunos mais novos é uma
maneira de destacar os pontos positivos dele sem soar genérico.

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