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A agenda da mídia

O conceito Agenda-setting foi estudada pela primeira vez em 1972 por Maxwell
McCombs e Donald Shaw. A teoria é muito simples: dentre a grande variedade
de eventos, ideias e pessoas que fazem a sociedade funcionar, a grande mídia
seleciona quais são as mensagens a serem enviadas, que fatos e personagens
serão objeto de reportagens. Os meios de comunicação social são um grande
filtro da realidade que nos cerca. Eles apontam o que consideram importante, o
que é de “interesse público” e “censuram” o que consideram pouco importante.

Isso não significa que somos uns bonecos. A mídia não controle o que pensamos
e dizemos. O que ela consegue fazer é apresentar um certo mundo para nós e
tudo o que pensamos e conhecemos é em cima desse mundo. Nem a internet
permite escapar desse enquadramento. Sites, blogs, redes sociais comentam o que
a mídia decide oferecer. No Brasil ninguém comenta no facebook ou no twitter
sobre a política húngara, um acidente terrível no Vietnã ou sobre o cinema
mexicano. Apurar notícia custa caro.

Essa seleção de notícias acontece em dois planos: agências internacionais e


redações nacionais. E reparamos que há muita coisa em comum nas diversas
empresas de comunicação social.

Não é difícil identificar uma agenda comum a quase todas as redes de televisão,
rádio e jornal. Na medida em que os fatos ocorrem estes são selecionados de
acordo com essa agenda. Se um fato não serve para reforçar a agenda, ele
tende a ser ignorado. Se serve, ele será noticiado em todos os lugares e
interpretado de forma a vender a agenda.

Vejamos exemplos:

Agenda A. Defesa de Minorias: minoria Lgbt, feminismo, negros, índios,


presos, drogados, etc. Se um homem branco bate em uma mulher negra, isso será
noticia de 1ª página e servirá para expor uma cultura machista e racista que deve
ser abolida por meio de leis e ensino na escola. Se uma mulher negra bater em
um homem branco, provavelmente não será notícia nem em jornal de colégio.

Agenda B. Ecologia. Aqui se venda a ideia de que o homem é um ser que


essencialmente danifica o meio ambiente (quando o homem naturalmente
beneficia a natureza não vira notícia e por isso as pessoas se espantam de que
isso seja possível); caminhamos para transformar os animais em portadores de
direito e “seres humanos”.

Agenda C. Derrubar o conceito de autoridade e poder. As notícias são


escolhidas para ilustrar como a polícia é violenta e corrupta, como instituições
religiosas fazem lavagem cerebral (repare no detalhe: só teólogos dissidentes tem
espaço nos jornais, porque eles são contra Roma), como as armas são as
responsáveis pela violência, como a família é um lugar de opressão patriarcal,
como escolas de ensino tradicional deixam traumas nos alunos, etc.

Agenda D. Deve-se abolir todos os tabus sexuais. Qualquer história que aponte
para “novas famílias” felizes e saudáveis serão expostas ad nauseam. O tabu
atual é a poligamia, que ganhou um nome mais simpático: poliamor. Em breve
aparecerão histórias para ilustrar como se pode ser feliz casando e levando para
cama seu animal de estimação. Dentro dessa agenda há um capítulo especial para
a defesa ampla do aborto. Não é notícia o trauma psicológico das mulheres que
fizeram aborto. Só é notícia a moça que morreu na clínica clandestina, porque
isso serve para a agenda da mídia.

Agenda E. Ciência sem limites. Deve-se apoiar qualquer tipo de técnica nova no
mercado e qualquer discussão ética será encarada como obscurantismo religioso.
Um colega que trabalhou em uma grande redação de um jornal brasileiro contou
como foi proibido pela sua editora de fazer uma entrevista com cientistas que são
contrários ao uso de células-tronco embrionárias. A editora disse não se tratava
de informar o leitor dos dois lados da questão, mas de ensiná-lo.
Agenda F. Politica. Deve-se apoiar qualquer partido ou político que concorde
com a agenda da mídia. Não se trata mais de esquerda ou direita política, mas de
esquerda ou direita de valores. Isso explica porque a imprensa escolhe alguns
políticos para malhá-los com especial ênfase, escolhendo fotos que os deixam
com cara de mau, usando adjetivos como radical, ultra-conservador, etc. E como
todas as falhadas são poupadas para os políticos que abraçam a agenda da mídia.
Isso fica muito claro ao ver a cobertura das eleições norte-americanas desde 1968
quando Nixon venceu.

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