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Rede de dormir

Maria do Carmo Andrade

Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco

pesquisaescolar@fundaj.gov.br

A rede de dormir é um tipo de leito constituído de um retângulo de tecido ou malha e suspenso


pelas duas extremidades, terminadas em punhos ou argolas, que são presas a armadores ou
ganchos, pregados em geral nos portais ou sob árvores frondosas e em que as pessoas se
deitam para dormir ou descansar.

O uso da rede para dormir é bastante antigo, é um costume herdado dos indígenas brasileiros.
Eles chamavam a rede de ini.Foi em 27 de abril de 1500 que Pero Vaz de Caminha, navegante
português, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, que sem procurar saber o nome já usado
pelos indígenas, chamou pela primeira vez, este tipo de leito, de  r
ede de dormir,
pela semelhança com a 
rede de pescar.

As redes primitivas feitas pelas mulheres indígenas eram resistentes, de fiação simples e
malhas grandes, por este motivo faziam lembrar a rede de pescar.

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Rede de dormir

Meio século depois do descobrimento a rede já era usada por colono agricultor e pela maior
parte dos jesuítas. No Brasil Colonial a rede foi muito usada também como meio de transporte
para longas viagens. Eram colocadas nos ombros dos escravos que a sustentavam, por meio
de uma vara. Este tipo de rede era chamada de serpentina.

Nas áreas mais pobres da região  Nordeste , era costume o morto ser transportado em redes,
então chamadas de  rede de defunto.

A técnica de tecer a rede, foi aperfeiçoada pelas mulheres portuguesas. A rede foi então cada
vez mais usada nas vilas, povoados e engenhos de açúcar, principalmente pela facilidade de
transporte. Bastava enrolá-las e colocá-la às costas, visto que as camas de madeiras eram
mais pesadas e até então não eram fabricadas no Brasil.

A vinda dos teares (aparelhos para tecer) possibilitou a confecção de tecidos mais compactos,
de redes com franjas, varandas, tornando-as mais confortáveis e ornamentais.

A rede foi por mais de quatro séculos um elemento presente e indispensável na vida dos
brasileiros. Usava-se a rede desde o nascimento até a morte.  Gilberto Freyre  em seu livro
Casa Grande & Senzala diz que muitos brasileiros, quando pequenos, adormeceram ouvindo o
ranger tristonho dos punhos da rede.

Hoje apenas em algumas regiões, principalmente do Norte e Nordeste, a rede é usada para
dormir.

Nos grandes centros urbanos a rede é mais um objeto de decoração de residências e serve
como ponto de referência aos costumes regionais. São armadas em terraços, alpendres e
varandas de casas e apartamentos, casas de praia e de campo, geralmente para descansar ou
sesta, mas quase nunca para dormir à noite.

A produção brasileira de redes de dormir está estimada em um milhão de unidades. Os


maiores produtores são os Estados do Ceará, Pernambuco, Alagoas e Piauí.

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Rede de dormir

O Brasil exporta as redes de dormir para vários países.

Há também um grande número de fabricas clandestinas, constituídas por pequenos grupos de


artesanato. Todo estado nordestino tem dezenas destes núcleos fiéis ao trabalho antigo, feito
em casa.

É na indústria particular que se tecem as redes de encomenda de feitura bem cuidada e lenta,
bordadas em relevo, franjadas de seda. São obras primas de paciência e acabamento
primoroso. O artesanato é o produtor e mantenedor destas redes, chamadas redes de
presente.

Recife, 25 de março de 2004.

(Atualizado em 14 de setembro de 2009).

FONTES CONSULTADAS:

CASCUDO, Luís da Câmara. Rede de dormir: uma pesquisa etnográfica. 2. ed. Rio de

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Rede de dormir

Janeiro: FUNARTE/INF:Achimé; Natal: UFRN, 1983. 244p.

REDE de dormir. In: ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo: Rio de Janeiro:
Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 1995. v.17, p.9654-9655.

COMO CITAR ESTE TEXTO:

Fonte: ANDRADE, Maria do Carmo. Rede de dormir. Pesquisa Escolar Online, Fundação


Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: . Acesso em: 
dia
 
mês ano
. Ex: 6 ago. 2009.

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